Os selos com a sobrecarga de Santo António de Inhambane e de Lourenço Marques. Este tem sido um tema bastante discutido ao longo dos tempos, e tem merecido várias reflexões. Irei assim, também dar a minha opinião sobre estes selos em especial. No. 1. decreto 229/1900 10-10-1900, foi referido que houve ilegalidades nos selos do Centenário de Moçambique como se observa na fig. 1. A portaria nº 164 (fig. 2) refere que as sobrecargas já se encontravam feitas em Lourenço Marques, sem referir como seriam essas sobrecargas com a legenda de Lourenço Marques, sobre selos de Moçambique. Há data desta portaria, o Secretário Geral Joaquim Lança não se encontrava na Ilha de Moçambique. Encontrava-se em Lourenço Marques a preparar as expedições levadas a cabo por Mouzinho de Albuquerque contra o Rei Gonhumhana para libertar a província de Moçambique de um possível reino indígena. Eram tempos bastante conturbados aqueles que se viviam na província… Assim a penas se conhece por esta portaria as sobrecargas para os selos de Moçambique (fig. 3 e 4). Em relação aos selos com a sobrecarga do centenário do Caminho Marítimo para a Índia da Cª de Moçambique, também não há qualquer ilegalidade, pois de acordo com a Ordem da Cª de Moçambique nº 1179 de 16 de Maio de 1898, publicado no boletim oficial da Cª de Moçambique nº 114 de 16 de Maio de 1898 (fig. 5). Que ilegalidades sobre os selos do centenário de Moçambique poderão ter havido? Sobra-nos a penas os selos com a sobrecarga de Inhambane sobre selos de Moçambique (fig. 6). Isto reforça em minha opinião de que os selos do Centenário de Inhambane e por não haver provas que tenham sido oficialmente emitidos, e ainda reforçado pelo facto deste distrito ainda não ter selos próprios, o que só viria a acontecer em 24 de Abril de 1902, dois anos após a publicação do decreto 229/1900. E de a portaria 164 referir que os selos com a sobrecarga apresentada poderiam circular no distrito de Inhambane (fig. 7). O Secretário Geral no decreto 229/1900 manifesta total desconhecimento que pudesse ter havido uma portaria que tenha servido de suporte legal as sobrecargas Antoninas de Lourenço Marques e de Inhambane. Este desconhecimento aliado ao descontentamento de comerciantes filatélicos serviram de exemplo ao manifesto, em “ ...têem chegado ao mercado alguns sêllos ultramarinos com sobrecarga, destinados a vigorar provisoriamente em um curto praso e para uma só província ou districto…” (fig. 8). Uma alusão clara ao que ocorreu com os selos do Centenário de Santo António para a província de Moçambique. Depreende-se igualmente que nessa altura já existia a vontade que Inhambane também tivesse selos próprios... No entanto conhecem-se algumas cartas que dão conta que estes selos foram vendidos aos balcões ou junto de funcionários dos Correios, e isso também é um facto. Conforme vem descrito no mesmo decreto de 1900 (fig. 9), pelo então Secretário.