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Programas de Saúde Corporativos:
    Proposta de um modelo orientado para a redução de custos




                                                                           Noé Alvarenga1
                                                                         drnoe@ymail.com



          Programas de Saúde Corporativos reduzem custos para as Operadoras de
          Saúde e para as Empresas? A resposta é sim, desde que tenham sido
          planejados para isto.


Apresentação e Escopo

       O presente trabalho é o resultado de uma busca para se estabelecer
uma abordagem racional para a construção de um Programa de Saúde
orientado para a redução de custos. O modelo aqui discutido foi
originalmente idealizado para clientes PJ, mas não vejo qualquer
dificuldade de adaptá-lo para clientes pessoa física ou mesmo para
Programas Corporativos intra-organizacionais – Programas de Saúde
Ocupacional ou de Qualidade de Vida, que podem ser conduzidos pelo RH,
pelo Médico do Trabalho, ou pelo Gestor de Benefícios da empresa – bem
como por Corretoras/ Administradoras de Benefícios.

      Como ficará evidente ao longo da leitura do texto, este não um
trabalho com pretensão acadêmica, mas sim o fruto da observação prática
do dia-a-dia.


Programas de Saúde na Empresa – Tipos

      Para efeitos do presente estudo, os Programas de Saúde
Corporativos podem ser divididos em dois grandes grupos, quanto aos
objetivos propostos: (1) Programas orientados para metas clínicas
(redução de níveis de Pressão Arterial, redução de IMC, etc.) e (2)
Programas orientados para a redução de custos (o tema deste trabalho).

      Na nossa experiência e observação do mercado, os Programas
orientados para metas clínicas são – geralmente – muito bons para
atingirem as metas que estes se propõem, mas eles só reduzirão custos
se tiverem sido efetivamente planejados para tal.



1
    Noé Alvarenga é Médico especializado em Medicina do Trabalho e Gestor de Saúde Corporativa.
No ambiente corporativo, as perguntas dirigidas as Programas de
Saúde/Medicina Preventiva são quase sempre as mesmas: (1) "Qual a
vantagem disso?", (2) "Isso reduz custo?" e (3) "Como se mede o ROI2
disso?". O modelo aqui proposto estabelece parâmetros para se responder
com segurança a estas três questões – e que nem sempre são tão
facilmente respondidas nos Programas orientados para metas puramente
clínicas.


Metodologia

      Dentro da abordagem proposta, a primeira pergunta que devemos
nos fazer é se existe utilização de alto custo identificada que
justifique a criação de um Programa. Neste passo estaremos
estabelecendo a dimensão do problema a ser trabalhado, bem como a
escala de ganho a ser potencialmente obtido pela implementação do
Programa. Neste primeiro momento, portanto, teremos como resposta
algo muito semelhante ao exemplo abaixo:

           “n beneficiários realizam X cirurgias/ano ao custo médio de
           Y com o custo total de Z por ano.”

      A pergunta seguinte – dentro desta abordagem – é se existe uma
alternativa conservadora de baixo custo à utilização de alto custo
identificada. Oferecendo uma alternativa ao beneficiário, aumentamos o
seu poder de escolha, agregando, portanto, valor ao negócio – e
diminuindo a possibilidade de intercorrências futuras devido a um
procedimento    menos     conservador/mais   agressivo    (complicações,
infecções, seqüelas/limitações, etc.) e, por conseqüência, potenciais
custos decorrentes.

       A próxima pergunta é se existe a possibilidade de inserção da
alternativa de baixo custo em momento anterior à utilização de
alto custo já identificada. Esta pergunta – se corretamente trabalhada
e desenvolvida – nos dará, inclusive, a melhor forma de captação de
pessoas para o Programa (captação aberta, mailing, banco de dados,
etc.). Por ora, nos interessa apenas saber se a resposta a esta pergunta é
positiva ou negativa.

      Em caso positivo, o passo seguinte é definir os critérios de
entrada e de permanência no Programa. Deixei aqui propositalmente
de fora o critério de saída, pois nem sempre este é aplicável dentro de um
Programa de Saúde, dependendo da natureza do público-alvo a ser
trabalhado, bem como dos objetivos estabelecidos pelo Programa (por
exemplo, um beneficiário portador de condição crônica de natureza
progressiva possivelmente necessitará de atenção ao longo de toda a sua
vida: neste caso, a saída do Programa coincidirá muito provavelmente
com o óbito do beneficiário).

2
    ROI = Return over Investment (Retorno sobre o Investimento).
O estabelecimento de critérios escritos e bem definidos de entrada e
permanência no Programa já na etapa de planejamento é de suma
importância a fim de, mais adiante, possamos derivar os indicadores de
captação e aderência. No entanto, dentro da abordagem orientada para a
redução de custos, o indicador de sucesso será dado sempre, em última
instância, pela redução efetiva de custos obtida graças à implantação do
Programa.

      Um último aspecto a ser considerado dentro da abordagem proposta
é definir o mecanismo de entrega do Programa em relação ao
cliente, que pode variar desde um chat online até o atendimento
presencial ou mesmo uma combinação de vários mecanismos distintos.
Respondida esta questão final, consideramos que o escopo do Programa já
se encontra desenhado – uma vez que já definimos o quê, quando, como,
onde e porquê do problema a ser abordado. Fazendo desta forma,
tenderemos a evitar uma boa parte dos tropeços que poderiam ocorrer
durante a fase de operacionalização do Programa.


Ganhos

      No cálculo final do valor agregado pelo Programa à carteira
trabalhada, existem, é claro, outros fatores a serem considerados além da
redução de custos como, por exemplo, o valor agregado à marca – no
caso de uma Operadora de Saúde ou de uma Corretora/ Administradora
de Benefícios. Esta modalidade de ganho não será objeto de discussão
aqui, por se situar fora dos limites de nosso escopo.

      No caso de o Programa conduzido de forma intra-organizacional –
pelo RH, Médico do Trabalho, ou Gestor de Benefícios da empresa –
existem outras possibilidades de ganho, seja em retenção de talentos,
aumento da produtividade, e melhoria do clima organizacional – e que
também não serão discutidos aqui.

      No caso específico das Operadoras de Saúde existe ainda a
possibilidade de conversão dos recursos investidos no Programa para o
ativo intangível, caso o Programa esteja devidamente inscrito na Agência
Nacional de Saúde (ANS). O número de Operadoras de Saúde que se
beneficiam deste incentivo oferecido pela ANS ainda é muito pequeno –
mas acredita-se que deverá aumentar significativamente nos próximos
anos.


Conclusão

       A experiência nos tem repetidamente ensinado que a abordagem
centrada redução de custos é quase sempre a melhor abordagem para se
iniciar o planejamento de um Programa de Saúde Corporativo –
independentemente do fato de este ser uma iniciativa da Operadora de
Saúde, do Médico do Trabalho, do Gestor de Recursos Humanos, etc. Isto
acontece porquê, ao elegermos a redução dos custos como ponto de
partida na elaboração de um Programa, têm-se, desde o início, uma clara
visão dos ganhos a serem obtidos com a implantação do mesmo
garantindo, desta forma, a sua sustentabilidade/ equilíbrio financeiro.

      Outro aspecto importante a ser considerado é que, ao passo que as
outras possibilidades de ganho acima listadas podem ser facilmente
adicionadas em uma etapa posterior do desenvolvimento do Programa, se
a preocupação com a redução de custos não estiver presente desde a
elaboração do mesmo, dificilmente esta poderá ser introduzida quando
este já estiver sendo operacionalizado.
Exemplo de Aplicação Prática do Modelo Proposto

Passo 1: Existe utilização de alto custo identificada que justifique a
criação de um Programa?

Neste nosso exemplo vamos imaginar uma carteira com alta recorrência de
cirurgias bariátricas (modalidade de tratamento cirúrgico da obesidade). Todos os
     o valor agregado à marca
dados e valores são inteiramente arbitrários, e são aqui mencionados a cunho
meramente ilustrativo. Na fase de levantamento de dados do problema, muito
provavelmente teremos alguma coisa do tipo: “200 beneficiários realizam 200
cirurgias bariátricas/ano ao custo médio de R$ 5.000,00 com o custo total de R$
1.000.000,00/ano.” Não foram incluídos aqui, evidentemente, os custos indiretos
do procedimento (complicações, internações prolongadas, cirurgias plásticas para
remoção de excesso de pele, etc.).

Passo 2: Existe uma alternativa conservadora de baixo custo à utilização
de alto custo identificada?

Sim. Neste caso poderíamos sugerir (por exemplo) a criação de um grupo de
reeducação alimentar dirigido às necessidades deste público (obesidade severa e
mórbida).

Passo 3: Existe a possibilidade de inserção da alternativa de baixo custo
em momento anterior à utilização de alto custo já identificada?

Sim. O mecanismo de captação pode incluir: campanhas na empresa, identificação
via medicina do trabalho/sistema, encaminhamento via endocrinologistas da rede,
captação aberta, etc.

Passo 4: Definir os critérios de entrada e de permanência no Programa.

Nesta etapa entram critérios médicos e critérios de gestão. Neste nosso exemplo
(hipotético) podem ser elencados critérios do tipo: Índice de massa Corporal (IMC)
> X, ausência de determinadas patologias, porcentagem de adesão ao Programa,
etc.

Passo 5: Definir o mecanismo de entrega do Programa

Grupos em tal e qual endereço, de reunião semanal, mensal, ou outra
periodicidade; hotsite de apoio; tira-dúvidas via fone com nutricionistas; oficinas
de culinária saudável; etc.

                                       ***

A abordagem aqui proposta, orientada para a redução de custos, traz como
diferencial o conceito de se partir do custo (a ser minimizado ou evitado) para a
construção da Ação/Programa de Saúde.

O mesmo problema, dentro de uma abordagem orientada para metas clínicas,
partiria da condição clínica (obesidade) para a elaboração do Programa. Uma vez
que a obesidade hoje em dia exibe as proporções de uma verdadeira epidemia,
esta abordagem, neste nosso exemplo, possivelmente acabaria por envolver boa
parte da população da empresa ou da carteira a ser trabalhada, numa tentativa de
se buscar a "melhora" da condição. Isto tornaria quase que impossível de se medir
o ROI bem como os resultados objetivos do Programa (cirurgias evitadas, etc.).
Figura 1 - Programa de Saúde orientado para a redução de custos


                   Existe
            utilização de alto
           custo identificada?




       NÂO                           SIM

Finaliza                     Existe uma
                             alternativa
                          conservadora de
                            baixo custo?




                      NÂO                         SIM

               Finaliza             Existe a possibilidade de
                                   inserção da alternativa de
                                    baixo custo em momento
                                  anterior à utilização de alto
                                       custo identificada?



                                        NÂO                         SIM

                                 Finaliza           Definir critérios de
                                                        inclusão e
                                                     permanência no
                                                        Programa




                                                    Definir mecanismo
                                                      de entrega do
                                                        Programa




                                                         Finaliza

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  • 1. Programas de Saúde Corporativos: Proposta de um modelo orientado para a redução de custos Noé Alvarenga1 drnoe@ymail.com Programas de Saúde Corporativos reduzem custos para as Operadoras de Saúde e para as Empresas? A resposta é sim, desde que tenham sido planejados para isto. Apresentação e Escopo O presente trabalho é o resultado de uma busca para se estabelecer uma abordagem racional para a construção de um Programa de Saúde orientado para a redução de custos. O modelo aqui discutido foi originalmente idealizado para clientes PJ, mas não vejo qualquer dificuldade de adaptá-lo para clientes pessoa física ou mesmo para Programas Corporativos intra-organizacionais – Programas de Saúde Ocupacional ou de Qualidade de Vida, que podem ser conduzidos pelo RH, pelo Médico do Trabalho, ou pelo Gestor de Benefícios da empresa – bem como por Corretoras/ Administradoras de Benefícios. Como ficará evidente ao longo da leitura do texto, este não um trabalho com pretensão acadêmica, mas sim o fruto da observação prática do dia-a-dia. Programas de Saúde na Empresa – Tipos Para efeitos do presente estudo, os Programas de Saúde Corporativos podem ser divididos em dois grandes grupos, quanto aos objetivos propostos: (1) Programas orientados para metas clínicas (redução de níveis de Pressão Arterial, redução de IMC, etc.) e (2) Programas orientados para a redução de custos (o tema deste trabalho). Na nossa experiência e observação do mercado, os Programas orientados para metas clínicas são – geralmente – muito bons para atingirem as metas que estes se propõem, mas eles só reduzirão custos se tiverem sido efetivamente planejados para tal. 1 Noé Alvarenga é Médico especializado em Medicina do Trabalho e Gestor de Saúde Corporativa.
  • 2. No ambiente corporativo, as perguntas dirigidas as Programas de Saúde/Medicina Preventiva são quase sempre as mesmas: (1) "Qual a vantagem disso?", (2) "Isso reduz custo?" e (3) "Como se mede o ROI2 disso?". O modelo aqui proposto estabelece parâmetros para se responder com segurança a estas três questões – e que nem sempre são tão facilmente respondidas nos Programas orientados para metas puramente clínicas. Metodologia Dentro da abordagem proposta, a primeira pergunta que devemos nos fazer é se existe utilização de alto custo identificada que justifique a criação de um Programa. Neste passo estaremos estabelecendo a dimensão do problema a ser trabalhado, bem como a escala de ganho a ser potencialmente obtido pela implementação do Programa. Neste primeiro momento, portanto, teremos como resposta algo muito semelhante ao exemplo abaixo: “n beneficiários realizam X cirurgias/ano ao custo médio de Y com o custo total de Z por ano.” A pergunta seguinte – dentro desta abordagem – é se existe uma alternativa conservadora de baixo custo à utilização de alto custo identificada. Oferecendo uma alternativa ao beneficiário, aumentamos o seu poder de escolha, agregando, portanto, valor ao negócio – e diminuindo a possibilidade de intercorrências futuras devido a um procedimento menos conservador/mais agressivo (complicações, infecções, seqüelas/limitações, etc.) e, por conseqüência, potenciais custos decorrentes. A próxima pergunta é se existe a possibilidade de inserção da alternativa de baixo custo em momento anterior à utilização de alto custo já identificada. Esta pergunta – se corretamente trabalhada e desenvolvida – nos dará, inclusive, a melhor forma de captação de pessoas para o Programa (captação aberta, mailing, banco de dados, etc.). Por ora, nos interessa apenas saber se a resposta a esta pergunta é positiva ou negativa. Em caso positivo, o passo seguinte é definir os critérios de entrada e de permanência no Programa. Deixei aqui propositalmente de fora o critério de saída, pois nem sempre este é aplicável dentro de um Programa de Saúde, dependendo da natureza do público-alvo a ser trabalhado, bem como dos objetivos estabelecidos pelo Programa (por exemplo, um beneficiário portador de condição crônica de natureza progressiva possivelmente necessitará de atenção ao longo de toda a sua vida: neste caso, a saída do Programa coincidirá muito provavelmente com o óbito do beneficiário). 2 ROI = Return over Investment (Retorno sobre o Investimento).
  • 3. O estabelecimento de critérios escritos e bem definidos de entrada e permanência no Programa já na etapa de planejamento é de suma importância a fim de, mais adiante, possamos derivar os indicadores de captação e aderência. No entanto, dentro da abordagem orientada para a redução de custos, o indicador de sucesso será dado sempre, em última instância, pela redução efetiva de custos obtida graças à implantação do Programa. Um último aspecto a ser considerado dentro da abordagem proposta é definir o mecanismo de entrega do Programa em relação ao cliente, que pode variar desde um chat online até o atendimento presencial ou mesmo uma combinação de vários mecanismos distintos. Respondida esta questão final, consideramos que o escopo do Programa já se encontra desenhado – uma vez que já definimos o quê, quando, como, onde e porquê do problema a ser abordado. Fazendo desta forma, tenderemos a evitar uma boa parte dos tropeços que poderiam ocorrer durante a fase de operacionalização do Programa. Ganhos No cálculo final do valor agregado pelo Programa à carteira trabalhada, existem, é claro, outros fatores a serem considerados além da redução de custos como, por exemplo, o valor agregado à marca – no caso de uma Operadora de Saúde ou de uma Corretora/ Administradora de Benefícios. Esta modalidade de ganho não será objeto de discussão aqui, por se situar fora dos limites de nosso escopo. No caso de o Programa conduzido de forma intra-organizacional – pelo RH, Médico do Trabalho, ou Gestor de Benefícios da empresa – existem outras possibilidades de ganho, seja em retenção de talentos, aumento da produtividade, e melhoria do clima organizacional – e que também não serão discutidos aqui. No caso específico das Operadoras de Saúde existe ainda a possibilidade de conversão dos recursos investidos no Programa para o ativo intangível, caso o Programa esteja devidamente inscrito na Agência Nacional de Saúde (ANS). O número de Operadoras de Saúde que se beneficiam deste incentivo oferecido pela ANS ainda é muito pequeno – mas acredita-se que deverá aumentar significativamente nos próximos anos. Conclusão A experiência nos tem repetidamente ensinado que a abordagem centrada redução de custos é quase sempre a melhor abordagem para se iniciar o planejamento de um Programa de Saúde Corporativo – independentemente do fato de este ser uma iniciativa da Operadora de Saúde, do Médico do Trabalho, do Gestor de Recursos Humanos, etc. Isto
  • 4. acontece porquê, ao elegermos a redução dos custos como ponto de partida na elaboração de um Programa, têm-se, desde o início, uma clara visão dos ganhos a serem obtidos com a implantação do mesmo garantindo, desta forma, a sua sustentabilidade/ equilíbrio financeiro. Outro aspecto importante a ser considerado é que, ao passo que as outras possibilidades de ganho acima listadas podem ser facilmente adicionadas em uma etapa posterior do desenvolvimento do Programa, se a preocupação com a redução de custos não estiver presente desde a elaboração do mesmo, dificilmente esta poderá ser introduzida quando este já estiver sendo operacionalizado.
  • 5. Exemplo de Aplicação Prática do Modelo Proposto Passo 1: Existe utilização de alto custo identificada que justifique a criação de um Programa? Neste nosso exemplo vamos imaginar uma carteira com alta recorrência de cirurgias bariátricas (modalidade de tratamento cirúrgico da obesidade). Todos os o valor agregado à marca dados e valores são inteiramente arbitrários, e são aqui mencionados a cunho meramente ilustrativo. Na fase de levantamento de dados do problema, muito provavelmente teremos alguma coisa do tipo: “200 beneficiários realizam 200 cirurgias bariátricas/ano ao custo médio de R$ 5.000,00 com o custo total de R$ 1.000.000,00/ano.” Não foram incluídos aqui, evidentemente, os custos indiretos do procedimento (complicações, internações prolongadas, cirurgias plásticas para remoção de excesso de pele, etc.). Passo 2: Existe uma alternativa conservadora de baixo custo à utilização de alto custo identificada? Sim. Neste caso poderíamos sugerir (por exemplo) a criação de um grupo de reeducação alimentar dirigido às necessidades deste público (obesidade severa e mórbida). Passo 3: Existe a possibilidade de inserção da alternativa de baixo custo em momento anterior à utilização de alto custo já identificada? Sim. O mecanismo de captação pode incluir: campanhas na empresa, identificação via medicina do trabalho/sistema, encaminhamento via endocrinologistas da rede, captação aberta, etc. Passo 4: Definir os critérios de entrada e de permanência no Programa. Nesta etapa entram critérios médicos e critérios de gestão. Neste nosso exemplo (hipotético) podem ser elencados critérios do tipo: Índice de massa Corporal (IMC) > X, ausência de determinadas patologias, porcentagem de adesão ao Programa, etc. Passo 5: Definir o mecanismo de entrega do Programa Grupos em tal e qual endereço, de reunião semanal, mensal, ou outra periodicidade; hotsite de apoio; tira-dúvidas via fone com nutricionistas; oficinas de culinária saudável; etc. *** A abordagem aqui proposta, orientada para a redução de custos, traz como diferencial o conceito de se partir do custo (a ser minimizado ou evitado) para a construção da Ação/Programa de Saúde. O mesmo problema, dentro de uma abordagem orientada para metas clínicas, partiria da condição clínica (obesidade) para a elaboração do Programa. Uma vez que a obesidade hoje em dia exibe as proporções de uma verdadeira epidemia, esta abordagem, neste nosso exemplo, possivelmente acabaria por envolver boa parte da população da empresa ou da carteira a ser trabalhada, numa tentativa de se buscar a "melhora" da condição. Isto tornaria quase que impossível de se medir o ROI bem como os resultados objetivos do Programa (cirurgias evitadas, etc.).
  • 6. Figura 1 - Programa de Saúde orientado para a redução de custos Existe utilização de alto custo identificada? NÂO SIM Finaliza Existe uma alternativa conservadora de baixo custo? NÂO SIM Finaliza Existe a possibilidade de inserção da alternativa de baixo custo em momento anterior à utilização de alto custo identificada? NÂO SIM Finaliza Definir critérios de inclusão e permanência no Programa Definir mecanismo de entrega do Programa Finaliza