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PSPPrimavera

Mar. 10, 2009
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  1. tantos “quanto mais a sua Letra Pequena Rita Pimenta Aprender formação é plural”, define. a dizer “amigo” Eduardo Sá defende que a O despertar O pediatra norte-americano participação dos pais deve ir T. Berry Brazelton, na obra mais longe do que uma mera com o título “O Grande catalogação de nomes e rostos. da Primavera Livro da Criança”, define Dizer de sua justiça sobre as alguns comportamentos amizades faz também parte do que considera úteis para desempenho parental. “Dar U os pais que assistem à opinião não significa que sejam m rapaz de seis anos tem o dom de ani- aprendizagem do filho os pais a formatar as amizades. mar a natureza e despertar a Primavera. acerca das regras do Independentemente da idade Com um assobio, reúne toda a espécie de convívio com outras dos filhos, mesmo quando já são pássaros e faz misturar os seus cantos, crianças e que enriquecem adultos, os pais têm a obrigação num enorme coro. As flores começam a o vocabulário e a de não ser isentos”, acredita. libertar perfumes e as árvores enfeitam- experiência de vida com a Para o pedopsiquiatra, a opinião se. “Nem para pastor de ovelhas vais servir... Só se for palavra “amigo”. Ser um “daqueles que nos amam” é para pastorear andorinhas”, ralhava o pai. espectador atento mas sempre uma mais-valia. Ângela “O Rapaz Que Sabia Acordar a Primavera” é um texto de resistir à tentação de uma Cerveira põe em prática esta Luísa Dacosta que Cristina Valadas ilustrou. Por ele ven- interferência permanente máxima e diz aos filhos o que ceu o Prémio Nacional de Ilustração 2007, atribuído pela é a principal mensagem. acha das suas companhias. Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas e anunciado Para abrir um espaço para Fazendo também algum a 8 de Maio. O trabalho desta artista plástica e ilustra- a criança aprender. Com os exercício de contenção. Porque dora combina colagens com desenho, criando imagens outros. “às vezes tenho medo que não os de grande leveza e dinamismo, bastante adequadas ao Para os dois primeiros tragam mais cá a casa”, revela. universo da natureza e dos campos. As composições que anos de vida, o pediatra Receios à parte, assegura que aqui concebe remetem para obras defende que os adultos os filhos “não reagem mal” aos anteriores em que a cuidadores devem seus comentários. Uma aceitação narrativa se socorre oferecer oportunidades que se revela também quando de ambientes para a criança brincar é a vez de serem eles a contar à idênticos, casos com meninos da mesma mãe desentendimentos com um de “Herbário”, idade. “Prepare-o companheiro. com poemas de antecipadamente. Não o Ângela Cerveira nunca teve Jorge Sousa Braga deixe só com eles enquanto necessidade de proibir qualquer (Grande Prémio não vir que ele está das amizades dos filhos. Gulbenkian preparado para isso, mas Considera que as diferenças 1998/1999), ou encoraje-o eventualmente a que já sentiu pelas crianças que “Contos da Mata dos ficar num grupo sem a sua passaram pela vida dos miúdos Medos”, com texto de presença. Não interfira nas nunca foram suficientemente Álvaro Magalhães, ambos brincadeiras deles. Mesmo fortes para uma medida tão da Assírio & Alvim. Flores, que mordam, se arranhem drástica. Eduardo Sá considera bichos, campos surgem como lugares confortáveis e ins- e puxem os cabelos uns que esta acção não deve ser piradores para a pintora. aos outros, isso poderão posta de parte à partida e pode Numa apresentação da obra “O Rapaz Que Sabia Acordar ser oportunidades para haver situações extremas que a Primavera”, num encontro do Instituto Cultural da aprender, se as mães (ou exijam respostas extremas. O Maia, realizado em Março, a autora Luísa Dacosta disse os pais) se mantiverem pedopsiquiatra julga a medida tratar-se de um livro sem história e que o seu objectivo à parte. (…) Não o force condenável se tiver por base o seria tão-só o de estimular a imaginação: “As crianças a compartilhar os seus preconceito, mas legítima se são sonhadoras e é preciso alimentar o sonho. Há sonhos brinquedos. Deixe que sejam for fundamentada. “Os pais são que duraram mais de vinte séculos, como o do voo. Neste as outras crianças a ensiná- simultaneamente uma espécie livro abdico da história a favor de uma introdução na lo”, recomenda. de provedoria e de procuradoria. capacidade de sonho, na capacidade que as pessoas têm Quando chegam a um limite tão em se ultrapassar” (in “Maia Hoje online”). exorbitante para eles, é porque O texto poético da autora traz à memória dos mais velhos têm consciência de que com isso dá para conhecer “faço por palavras que caíram em desuso, mas que podem ser estão a proteger o filho”, diz. conhecê-los”, revela. dadas a conhecer aos mais novos. Encontros de gerações Se os pais podem e devem criar O pedopsiquiatra Eduardo Sá à volta dos livros são proveitosos para todos. Aqui, esse oportunidades de convívio, considera este saber quem é encontro faz-se logo entre as autoras: a ilustradora tem 43 anos e a escritora 80. Pelo sonho é que vamos. a importa que mantenham quem no mundo dos filhos um algumas distâncias e respeitem processo salutar na família. letra.pequena@publico.pt a privacidade das amizades dos “Não é só uma espécie de filhos. Não forçar nem tomar vigilância” que mobiliza os pais, a iniciativa por eles. “Quando assegura. “É conhecer quem O Rapaz Que Sabia os pais se substituem aos filhos gosta dos nossos filhos e ter Acordar a Primavera não estão a contribuir para a gosto de comparticipar” nesta Autor: Luísa Dacosta sua autonomia mas a atrofiá- troca de afectos, adianta. Para Ilustrador: Cristina Valadas los”, alerta. Só assim o valor o pedopsiquiatra, a noção de Editor: Edições Asa da amizade, enquanto parte comparticipar tem a ver com a 36 págs., €8 indispensável da aprendizagem, consciência dos ganhos que as tem espaço para crescer. a crianças retiram das amizades, Pública • 18 Maio 2008 • 69
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