Este documento descreve um jogo de tabuleiro chamado "O Troféu de S. Jorge" que foi criado para ensinar crianças sobre a história do Castelo de São Jorge e de Lisboa de uma forma lúdica e divertida. O jogo permite que os jogadores assumam o papel de figuras históricas e percorram locais do castelo enquanto competem para obter troféus. Tem sido bem recebido por professores e famílias e ajuda as crianças a aprenderem sobre a história de Portugal de uma forma prazerosa.
1. miúdos
Brincar aos reis
no castelo de Lisboa
Um jogo de tabuleiro para brincar com a história de Lisboa e do Castelo de
S. Jorge. Mesmo que os jogadores nunca tenham ouvido falar de D. Afonso
Henriques ou do general romano Decimus Junius Brutus, podem transformar-se
nessas personagens. E divertir-se. Porque o castelo não é só um miradouro.
Rita Pimenta
dr
2. A
cada mil anos, nossa ideia foi logo acolhida
PAULO rICCA
as personagens com grande entusiasmo pela
históricas que EGEAC [Empresa de Gestão
passaram pelo de Equipamentos e Animação
Castelo de S. Cultural]”, dirá mais tarde Gil
Jorge encontram- d’Orey, da Mesa Board Games.
se para um torneio. Quem Estava-se em 2010 e era o ano
conquistar o troféu será senhor do centenário da classificação
do castelo durante o milénio do castelo como Monumento
seguinte. Esta foi a lenda criada Nacional. Bom momento para
“como ponto de partida” para avançar.
o jogo O Troféu de S. Jorge, “O que queremos dizer sobre
“um veículo privilegiado para o Castelo de S. Jorge?”, era
divulgar a história do castelo e então a pergunta a precisar de
de Lisboa”, diz Teresa Oliveira, resposta. À partida, Gil d’Orey
directora daquele monumento tinha pensado que “seria
nacional. interessante recriar a conquista
Sem dados para lançar, mas do castelo por d. Afonso
com estratégia, os participantes
neste jogo de tabuleiro bilingue
Henriques”. Mas depois do
primeiro encontro com a equipa
dos “heróis” que podem calhar
em sorte aos jogadores. A sua Na Semana da
(Português e Inglês) têm como
objectivo central recolher três
do castelo percebeu o contrário:
“Isso não lhes interessava.
principal vantagem táctica é
a de poder “dar meia volta”
Criança (em
troféus “válidos” enquanto Além de considerarem o e mudar de rumo. Uma das Junho), o Castelo
percorrem os lugares principais personagens mais curiosas que
do castelo. Mas antes terão de
episódio historicamente
pouco verdadeiro, digamos tanto a directora como o criativo de S. Jorge
saber quais as figuras históricas
em que irão transformar-se. São
assim, queriam que o jogo
mostrasse que é um castelo
referem é o sacerdote secular
Bartolomeu Gusmão (sécs.
abrirá as portas
12. A mais antiga data do séc. IV por onde, em mais de mil anos, XVII-XVIII), que era também gratuitamente
a.C. (Chefe da Idade do Ferro) e muitas personagens históricas inventor. “Ficou conhecido
a mais recente dos sécs. XIX-XX importantes passaram.” pelas suas experiências com às escolas
(d. Manuel II, o último rei de
Portugal). Todas masculinas. É Mentiras do Estado Novo
aeróstatos. Em 1709, lançou,
da Praça d’Armas, A Passarola,
públicas
assim a História… diz a directora à Pública: “Falar uma máquina aerostática que se
No entanto, os jogadores do castelo não é só falar de d. despenhou no Terreiro do Paço
podem nada saber do passado Afonso Henriques.” Teresa ao fim de alguns minutos.”
de Portugal, não desconfiarem Oliveira reforça também que O jogo destina-se a crianças
de quem foi d. dinis ou nem o monumento “não é apenas a partir dos sete anos e deve
sequer conhecerem Lisboa, um miradouro” e lembra “as ser jogado com dois a seis
“mas, à medida que vão jogando, mentiras do Estado Novo sobre elementos. “Como no 3.º e 4.º
vão aprendendo e percebendo o passado para não ter de ano do 1.º ciclo, a História de
a história do castelo, nas suas reconhecer a História”. Portugal faz parte do programa
diferentes facetas”, diz Gil Mas é claro que o “primeiro escolar, tem havido boa aceitação
d’Orey, autor do jogo e da ideia. rei de Portugal” entra no jogo, por parte dos professores que
“Tudo começou com sendo apenas conhecem o jogo”, diz Susana
uma proposta que nos mais um repolho Correia, responsável
apresentaram para fazermos pela comunicação e imagem
um jogo sobre o castelo. do castelo. Assim, “de uma
Gostámos imediatamente”, forma lúdica, os miúdos vão
conta Teresa Oliveira. “A aprendendo História”. Com
as descrições das cartas que
dinamizam o jogo, fica a saber-se
mais. E desperta-se também a
curiosidade para visitar o castelo
“ao vivo”.
São as cartas que se vão
retirando do baralho que ditam
o destino das personagens
históricas que se movem
no espaço do castelo — o
tabuleiro reproduz a planta do c
3. miúdos
monumento. A finalidade é obter e outros pontos históricos Teresa Oliveira, que recebeu a
três troféus e as personagens importantes. Porque o jogo Pública no cenário histórico de
têm poderes diferentes, algumas inclui também a Alcáçova (área que aqui se fala, encerra assim
podem trocar de lugar com de habitação que se encontra na a conversa sobre o Troféu de S.
outras e há quem tenha a zona de influência do castelo). Jorge: “As crianças aprendem a
vantagem de poder retirar um história do castelo e de Lisboa
troféu ao adversário. Mas mesmo Tabuleiro gigante com prazer. É uma forma de
o roubo tem regras. Não se pode Na programação do serviço apelar ao convívio em família
escolher o troféu a surripiar, educativo do castelo, os últimos e à divulgação do património
terá de ser o mais recentemente domingos do mês são chamados nacional. Neste caso, do
adquirido pela “vítima” em “domingos em família” e serão monumento nacional.”
causa. dedicados ao Troféu de S. Já Gil d’Orey, que gere a
“Pensámos num jogo para se Jorge. Há o projecto de criar editora Mesa Board Games em
brincar em família, para crianças um tabuleiro gigante, onde os conjunto com Tiago Teixeira
e adultos, simples, acessível, que participantes se possam mover de Abreu, termina o contacto
tivesse algumas componentes sobre o mapa. Nesta altura da assim: “Queremos fazer jogos
de divertimento e estratégia. conversa com a Pública, as duas competitivos, no sentido de
Não queríamos fazer um jogo responsáveis (Teresa Oliveira concorrerem com as dezenas
de perguntas e respostas, tipo e Susana repolho Correia) de brinquedos que enchem
Trivial Pursuit. Não temos nada atropelam-se na explicação, não as prateleiras dos miúdos. Os
contra esses jogos, mas têm um por falta de cortesia mas por jogos têm de ser divertidos
grande handicap, quem não entusiasmo genuíno. por si só, para que eles vão
conhece a história fica de fora Participantes nas discussões recorrentemente jogar. É isso
do jogo. Se não souber, não e escolhas desde que a ideia que eu quero. Não quero fazer
O Troféu de S. Jorge (bilingue: fica a saber”, diz Gil d’Orey. E surgiu, ambas se identificam um jogo educativo aborrecido,
Português e Inglês) explica: “Fizemos um jogo ao muito com o jogo. E jogam. ‘uma seca’. Nem dizer à partida:
Para 2 a 6 jogadores, a partir contrário. divertido, apelativo, Está previsto um ensaio ‘Vais ficar a conhecer o castelo’.”
dos 7 anos. Mesa Board interessante, mas em que não se prévio para esta experiência do depois do sucesso do
Games, €29,90. À venda no fazem perguntas. Por isso é que Troféu de S. Jorge “humano”: jogo Caravelas, sobre os
Castelo de S. Jorge, Fnac e cada jogador assume o papel “Se o nosso stand da próxima descobrimentos, preparam
www.mesaboardgames.pt de uma personagem histórica da Bolsa de Turismo de Lisboa agora o Vintage, um jogo de
e na carta que lhe corresponde (BTL) tiver espaço suficiente, tabuleiro sobre o vinho do Porto,
terá de ler um textinho. Não experimentamos. Caso a apresentar na convenção
são regras. Ninguém precisa de contrário, só acontecerá na LeiriaCon 2011. Tal como não é
decorar aquilo, mas as pessoas, Semana da Criança, em Junho”, preciso conhecer o Castelo de
ao jogar, vão interiorizando.” prossegue a directora. No S. Jorge antes de jogar, também
O mesmo para os locais entanto, na BTL, será sempre não é preciso beber. Nem antes
por onde os jogadores têm possível conhecer o Troféu nem depois (nem durante).
de passear para encontrar porque haverá mesas para quem Por isso, mesmo os miúdos
os troféus. Certamente irão quiser jogar. Susana repolho poderão divertir-se com a mais
ficar a conhecer o Palácio do Correia informa ainda que, “na prestigiada bebida nacional.
Governador, a Praça de Armas, Semana da Criança, o castelo Vai uma partidinha?
os Jardins românticos, a Porta abrirá as portas gratuitamente
de S. Jorge, o Bairro Islâmico às escolas públicas”. rpimenta@publico.pt