1. ENOARQUITETURA
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O Poderoso Château
por Fernando Roveri
A vinícola do cineasta Francis Ford Coppola parece o cenário de
uma superprodução cinematográfica
O Château Inglenook, fundado no século XIX, foi restaurado pelo cineasta
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O
vinho sempre esteve associa-
do a grandes personalidades
da alta sociedade. Basta per-
ceber que diversos rótulos remetem
a personagens históricos como reis,
rainhas, duques e até castelos onde
eles viveram. Hoje, a arte do terroir se
associa também ao cinema, a arte que
diz ser a sétima. Um exemplo atual
é o do célebre diretor Francis Ford
Coppola, autor de obras máximas do
cinema americano, como a trilogia de
O Poderoso Chefão, Apocalypse Now
e Drácula de Bram Stoker. Ele resolveu
seguir os passos de seu avô, que fazia
vinho no porão de casa, na Itália. Com
mais dinheiro que seus antecedentes,
ele comprou, em 1975, um pedaço da
Inglenook Estate, histórica propriedade
vinícola em Napa Valley, fundada no
final do século XIX, e a rebatizou de
Niebaum-Coppola Estate Winery.
Em 1995, o cineasta adquiriu a parte
que faltava da Inglenook e passou a
restaurar os 235 acres de vinhedos.
Coppola também fez questão de refor-
mar e preservar todas as característi-
cas da imponente construção que faz
parte da paisagem do local, o Château
Inglenook. A vinícola foi fundada em
1879 por Gustav Niebaum, rico nego-
ciante finlandês de peles de focas do
Alaska. Toda a estrutura da bodega,
além dos enólogos e das videiras, foi
trazida diretamente de Bordeaux. Por
isso, a construção tem ares de aristocra-
cia francesa. A intenção de Coppola é
preservar o legado de Niebaum para as
futuras gerações.
Acessórios pertencentes ao Château foram preservados e estão expostos ao público
Loja de vinhos e variedades culinárias
fotos:Niebaum-CoppolaEstateWinery/divulgação
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3. 44 O Poderoso Château
ENOARQUITETURA
Ao se aproximar da propriedade, o
visitante depara com a grande cons-
trução de pedra. A entrada é exu-
berante. Antes de chegar ao castelo,
passa-se por um longo jardim e uma
piscina com chafarizes dá as boas-vin-
das. Nas laterais, bancos de madeira
para que os visitantes possam sentar-
se por alguns instantes e recuperar o
fôlego antes de prosseguir o passeio.
Lustres antigos, oriundos do século
19, adornam o jardim.
A entrada do château é esplendo-
rosa, coberta por plantas minuciosa-
mente cuidadas pelos funcionários da
bodega. Da porta principal, o visitante
observa uma grande escada de madei-
ra que conduz aos pisos superiores,
coberta por um tapete que pertenceu
ao primeiro proprietário. Nas laterais,
dois lustres lúgubres ornamentam a
decoração. Ao final dos degraus, o
visitante contempla um belo vitral. Os
pisos superiores possuem diversos e
largos cômodos. Todos os pisos são
adornados por carpete, e os móveis,
todos preservados, são revestidos
de madeira escura, típicos da época
foram confeccionados.
Porém, as grandes atrações da viní-
cola se encontram no piso térreo. Ali, é
possível visitar um estonteante museu
onde estão preservados diversos mate-
riais históricos e de relevância para
a vinícola, como um carro antigo,
objetos de decoração e artefatos no
mínimo excêntricos, como um longo
Espelho d’água com chafariz na entrada
Sala de degustação: prazer com requinte
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vestido, uma estranha armadura de
ferro e um par de botas revestido de
bordados brilhantes, uma prancha de
surfe (!), além de tapeçarias e fotos
que contam a história do local.
Próximo ao museu, está a acon-
chegante sala de degustação, na qual
é possível comprar vinhos da pro-
priedade e molhos para massas pro-
duzidos organicamente a partir de
receitas de Francis Ford Coppola,
além de produtos alimentícios típicos
da culinária italiana, já que o diretor
é descendente de ítalo-americanos.
Todos os produtos estão distribuídos
em prateleiras antigas, revestidas de
madeira e ferro. Além de encher os
olhos, o local aguça o paladar.
A cave onde o vinho é armazenado
também foi preservada. Ali ficam as
barricas onde a bebida passa pelo
processo de envelhecimento. Com
pouca luz, o ambiente é mais frio,
pois o verão, na Califórnia, sempre
muito quente, poderia prejudicar esse
processo. No entanto, o local não
deixa de ser aconchegante, já que o
aroma das barricas proporciona um
momento muito prazeroso.
Recomenda-se ficar até o anoitecer,
se possível, para apreciar a constru-
ção iluminada. O visual é no mínimo
cinematográfico. Esperamos que, um
dia, o diretor Francis Ford Coppola
brinde os enófilos com um filme
sobre a bebida de Baco. Inspiração
não lhe falta.
Museu da vinícola exibe carro, armadura, tapeçaria e fotos
Detalhe da entrada ornamentada por plantas selecionadas
fotos:Niebaum-CoppolaEstateWinery/divulgação
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