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Capítulo 8 - Séculos XIV e XV
1. CAPÍTULO 8
OS SÉCULOS XIV E XV
Pelo fim do XIII Século, muitas das traduções do Árabe tinham sido
completadas.
Eruditos europeus podiam agora realizar seu trabalho
independentemente.
Essa nova independência, entretanto, não levou imediatamente a um
rápido desenvolvimento da ciência.
Ao invés disso, pareceu que os estudiosos tinham que trabalhar sobre
esse material e ponderar sobre ele por um período prolongado antes
que eles pudessem usá-lo criativamente.
Os escritores dos Séculos XIV e XV eram, entretanto, menos originais
do que se esperava em vista dos impressionantes avanços dos Séculos
XII e XIII.
Na verdade, as grandes conquistas desse período posterior estão na
fundação das novas universidades e a organização daquelas já em
existência, a descoberta da impressão, e a tremenda expansão do
conhecimento no mundo proporcionada pelas atividades dos
exploradores.
Os resultados dessas conquistas para a ciência se tornam mais
aparentes entre os estudiosos do Século XVI.
Esse período de progresso relativamente lento aconteceu na Química
assim como em outras ciências.
Não existia falta de atividade, mas ela não conduzia em direção à
química científica como conhecemos hoje.
Ao invés disso, atividade centrada na produção de mais manuscritos
alquímicos.
2. Desde que as teorias alquímicas eram bem estabelecidas e os
procedimentos práticos não variavam grandemente, muitos dos
manuscritos meramente repetiam o que tinha sido dito anteriormente.
Uma crescente tendência à alegoria e misticismo caracterizaram o
período, e os charlatães eram frequentes. Mais uma vez a Alquimia caiu
em descrédito em círculos oficiais.
O Papa João XXII lançou um decreto contra ela, e várias autoridades
civis e eclesiásticas a denunciaram. Existia uma considerável descrença
popular sobre os alquimistas, refletida no satírico Cannon Yeoman’s
Tale de Chaucer e o fato de que Dante colocou os alquimistas no fundo
do Inferno.
Nenhuma dessas desaprovações parece ter prejudicado a popularidade
ou a propagação da própria Alquimia, ou a produção de novos
manuscritos sobre o assunto.
Um dos livros mais influentes desse período e um que foi citado e
copiado muito frequentemente, foi escrito por volta de 1310
aparentemente por um alquimista praticante Espanhol que atribuiu seu
trabalho ao grande alquimista Árabe Geber. Essa era a forma latina do
nome Jabir, mas por outro lado quase não existe conexão com os
trabalhos verdadeiros do Corpus de Jabir.
Quatro livros são comumente atribuídos a Geber: A Investigação da
Perfeição, A Soma da Perfeição ou o Magistralmente Perfeito, A
Invenção da Verdade, e o Livro dos Fornos.
Esses discutem em alguma extensão as razões para a verdade da
Alquimia. Eles então oferecem as teorias aceitas para a composição dos
metais, nos quais as exalações fumacentas e úmidas de Aristóteles são
identificadas com o enxofre (e sulfeto de arsênio também, nesse caso) e
mercúrio.
Os metais que não sejam ouro são considerados imperfeitos, ou
doentes, e devem ser curados pela pedra filosofal, que converte-as em
ouro.
3. A parte mais significante dos livros de Geber está nas instruções
práticas. Elas mostram claramente que o autor era familiarizado com os
aparatos e operações de laboratório. Ele descreve fornos e outros
equipamentos em detalhes, e dá instruções ainda mais claras que as de
seus antecessores e sucessores para a purificação ou preparação de
substâncias.
Sua descrição da purificação do sal, por exemplo, pode ser seguida por
qualquer um: “Sal comum é limpo assim: primeiro queime-o, e verta-o
em combustão em água quente a fim de dissolvê-lo; filtre a solução, que
congela em um fogo gentil. Calcine o congelado por um dia e uma noite
em fogo moderado, e guarde-o para uso.”
De mais importância é a sua receita para uma “água dissolutiva.”
Primeiro R do Vitriol do Chipre, lib. I do Salitre, lib. II e de Jamenous
Allom uma quarta parte; extraia a Água com o Vermelho de Alembeck
(porque este é muito Solutivo) e use-o nos anteriormente alegados
capítulos.
O termo “magistério.” Que é amplamente usado na literatura alquímica,
originalmente significava um método. Ela reteve esse significado, mas
gradualmente veio também a significar o agente usado no processo no
qual esse método era usado.
Ela é também produzida muito mais aguda, se nela você dissolver uma
quarta parte de Sal Amoníaco; porque aquele dissolve Ouro, Enxofre e
Prata.
Esta é uma das melhores descrições de preparação de misturas de
ácidos sulfúrico, nítrico e clorídrico a ser dada até então.
4. Os livros deixam claro que Geber era também um metalurgista prático,
pois as propriedades dos metais são bem descritas, e o método de
cupelação para separar ouro e prata é dado em detalhes.
Este é um processo no qual amostras de ouro ou prata são aquecidos
com chumbo em um vaso feito de cinzas de ossos.
O chumbo forma litargírio que se separa com as impurezas, enquanto
que o ouro mais pesado ou a prata afundam como um glóbulo metálico.
O processo é muito antigo, e pressupõe alguma familiaridade com o uso
de uma balança, mas não tinha sido tão claramente descrito antes.
Os trabalhos de Geber mostram que por trás das especulações dos
alquimistas existiam uma grande quantidade de trabalho químico
prático, especialmente em relação aos metais. Esse conhecimento não
foi abertamente publicado novamente por outro par de séculos.
Como Geber explicou os detalhes práticos da Química mais claramente
que o que tinha sido feito previamente, então o médico Petrus Bonus de
Ferrara deu uma exposição especialmente clara da teoria alquímica em
sua Pretiosa Margarita Novella, a “Preciosa Nova Perola,” publicada em
1530.
Assim, na geração dos metais, nós distinguimos dois tipos de umidade,
um dos quais é viscoso e externo, e não totalmente grudado às partes
terrosas da substância: e o mesmo é inflamável e sulfuroso; enquanto o
outro é uma viscosidade interna úmida, e é idêntica em sua composição
às porções terrosas; ela não é nem combustível nem inflamável, porque
todas as suas menores partes estão tão intimamente ligadas a fim de
formar um todo inseparável de pratafluente (mercúrio): as partículas de
seco e de úmido estão tão intimamente unidas para serem separadas
pelo calor do fogo, e existe um balanço perfeito entre elas. A primeira
materia de todos os metais, então, é a umidade, o viscoso,
incombustível, súbito, incorporado nas cavernas minerais com terra
5. sutil, a qual é igualmente e indissoluvelmente misturada nas suas
menores partículas. A matéria aproximada dos metais é a pratafluente
(mercúrio), gerada pela sua indissolúvel comixturação. A esta natureza,
em sua sabedoria, agregou-se um agente próprio, viz., sulphur, que
digere e o molda em uma forma metálica. Sulphur (enxofre) é uma certa
gordura terrosa, espessada e endurecida por uma bem temperada
decocção, e está relacionada à pratafluente como o macho está para a
fêmea, e é o agente próprio para a própria matéria. Alguns enxofres são
fusíveis, outros não, de acordo com os metais aos quais pertencem
serem fusíveis ou não. Pratafluente é coagulada nas tigelas de terra por
seu próprio sulphur. Portanto nós devemos dizer que esses dois,
pratafluente e sulphur (mercúrio e enxofre), em sua operação adjunta
mútua, são os primeiros princípios dos metais. A possibilidade de mutar
sais comuns em ouro repousa no fato de que em metais ordinários o
sulphur ainda não cumpriu todo o seu trabalho; porque se fossem
perfeitos como eles são, poderia ser necessário transformá-los em sua
substância metálica primeira antes de transmutá-los em ouro; e isso foi
admitido ser impossível.
A definição de enxofre como uma “gordura terrosa” deve ser
particularmente notada, porque essa ideia tornou-se a base para as
teorias posteriores sobre combustão.
Sobre essas técnicas e ideias, os alquimistas dos Séculos XIV e XV
basearam seus escritos.
Em geral, eles meramente repetiam-nas indefinidamente, sem introduzir
quaisquer novas ideias.
Muitos dos manuscritos foram atribuídos a algum famoso escritor do
passado, provavelmente na esperança de que os nomes bem
conhecidos pudessem atrair mais leitores.
Assim um considerável corpo de manuscritos foi atribuído a Arnold de
Villanova.
Esses escritos eram similares uns aos outros e tendiam a ressaltar o
mercúrio como a fonte principal da Pedra Filosofal às custas do
enxofre, cuja importância era minimizada.
6. Substâncias animais eram consideradas de pouco valor.
Apesar de que essa escola de pensamento alquímico fosse
preeminente no Século XV, ela era vigorosamente combatida por muitos
escritores, e eventualmente, como será visto, o enxofre vaio e garantir o
lugar principal na teoria química.
Suporte para importância do enxofre veio do largo corpo de escritos
atribuídos a Raymond Lull. Aqueles trabalhos foram escritos após a
morte de Lull, quem, em seus genuínos escritos, declarou sua
descrença na Alquimia. No Corpus de Lull, enxofre, criado
artificialmente, é o calor natural, e mercúrio é a substância material e
umidade radical de todas as substâncias liquefazíveis.
De maneira similar, trabalhos dos alquimistas posteriores foram
atribuídos a Vincent de Beauvais, Roger Bacon, e Albertus Magnus,
apesar de que alguns autores publicaram sob seus próprios nomes.
Nenhum faz mais que repetir as teorias gerais e receitas típicas que
vinham sendo descritas. É portanto óbvio que, nos próprios manuscritos
alquímicos, a Química tinha atingido alguma forma de beco sem saída.
Esse tipo de literatura continuou firme no Século XVIII, e não
desapareceu completamente até os dias de hoje. Ela se tornou
crescentemente mística e alegórica.
Eventualmente, seus devotos tentam tratar a química prática de
laboratório como uma espécie inferior, na qual os verdadeiros adeptos
estavam preocupados apenas com a perfeição da alma humana.
É portanto necessário olhar para outros lugares se desejarmos traçar o
desenvolvimento da química como uma ciência.
Durante os Séculos XIV e XV, tal desenvolvimento pode ser seguido
principalmente através de referências incidentais em trabalhos médicos
e científicos.
7. Médicos e Cientistas naturais estavam preocupados com substâncias
químicas, e embora eles pudessem aceitar as teorias dos alquimistas
(que eram, naturalmente, essencialmente ideias Aristotélicas dos
homens educados daquele tempo), eles não usavam essas teorias
somente para justificar ou explicar transmutações alquímicas.
Tais homens eram muito mais práticos, e eles usavam compostos
químicos para propósitos práticos. Em adição, os Físicos estavam
estudando princípios que mais tarde tornaram-se de grande importância
na Química.
Por exemplo, a teoria e construção das balanças estava sob estudo
ativo. Jordanus Nemorarius no Século XIII escreveu sobre esse
assunto, e seu trabalho foi comentado e ampliado por Blasius de Parma
(falecido em 1416).
Nicolas de Cusa (1401-1464), um humanista importante, advogava o
uso contínuo da balança, e mesmo sugeriu um experimento de pesar
terra e sementes, e então as plantas daí resultantes, e as cinzas das
plantas queimadas.
Isso poderia mostrar quanta terra entrou na composição das plantas.
Ele não realizou o experimento, mas sua ideia mostra que uma
abordagem quantitativa estava em desenvolvimento. O experimento
obviamente contém o germe da ideia testada por Van Helmont em 1648,
apesar de que este último estava mais interessado na água do que na
terra como um componente das plantas.
Giovanni da Fontana, um engenheiro militar e médico, usou foguetes e
pólvora para construir figuras diabólicas que voavam pelo ar ou eram
propelidas sob a água, alarmando enormemente os espectadores. De
forma que ele podia usar seguramente seus conhecimentos sobre
substâncias químicas para realizar esses truques sem sofrer como um
mágico, indica a atitude mais cética em relação aos assuntos
sobrenaturais que começaram a aparecer.
8. Era natural que os médicos deviam estar bem familiarizados com
compostos químicos. Embora mesmo que muitos de seus
medicamentos fossem compostos de elaboradas misturas de produtos
animais, algumas vezes de uma natureza excepcionalmente
repugnante, eles utilizavam muitas substâncias que tinham sido
preparadas primeiro pelos alquimistas e foram preparadas pelos
apotecários tão logo a demanda cresceu.
Posteriormente, a noção de que elixires não apenas curavam metais,
mas também podiam prolongar a vida e curar males humanos, tornou
imperativo para os médicos progressistas manterem-se a par das
teorias alquímicas.
Muitos médicos eram também alquimistas. Portanto o uso de
substâncias químicas como medicamentos era difundido. Iatroquímica,
o uso de substâncias químicas para a cura de doenças humanas,
estava estabelecida antes dos dias de Paracelsus, apesar de que ele foi
o primeiro a popularizar o tema.
As visões de John de Rupescissa sobre o álcool como a quintessência
do vinho já haviam sido mencionadas.
Ele veio a desenvolver a teoria de que as quintessências podiam ser
extraídas de praticamente tudo.
Assim ele era um entusiasta da quintessência do antimônio, preparada
como um líquido vermelho e doce pela extração do “antimônio mineral”
(o sulfeto) com vinagre.
Rupescissa tinha já mostrado em um trabalho alquímico, o Liber Lucis,
que ele era familiarizado com Alquimia e poderia descrever seus
métodos com clareza incomum.
Nas suas núpcias do álcool como quintessência, ele aplicou suas ideias
alquímicas à medicina, e assim pode ser considerado o fundador da
química médica.
Michel Savonarola, avô do monge reformador de Florença, era
familiarizado com remédios químicos. Ele usou métodos químicos em
seus estudos sobre a evaporação de águas minerais, as quais ele
9. descreveu em um livro sobre banhos publicado por volta de 1450. Ele
fez testes qualitativos para distinguir sal de soda.
Pode ser visto dessas referências incidentais que métodos químicos
foram gradualmente sendo aplicadas em vários campos, e que uma
apreciação da possibilidade de usar aqueles métodos estava se
desenvolvendo entre os eruditos em campos outros além da Alquimia.
Mesmo assim, não é possível julgá-los a partir dessas referências o
quão longe a tecnologia química e a abordagem química tinha
atualmente progredido.
Com a vinda do Século XVI, essa situação mudou completamente. Pela
primeira vez, métodos químicos eram descritos em detalhes completos.
A Química ainda não conseguia parar sob seus pés; ela era ainda uma
serva da medicina, mineração e outras especialidades, mas os escritos
dos cientistas do Século XVI finalmente mostraram que o quanto a
Química havia progredido, e como ela podia ser usada para avanços
científicos adicionais. O caminho estava aberto para os homens que, no
Século XVII, seriam chamados de Químicos.
QUESTIONÁRIO
1) Quem foi e o que produziu de útil para a Química o autor
conhecido como o pseudo-Geber?
2) O que são elixires?
3) Quem foi John de Rupescissa?
4) Qual era o estado da química prática ao final do século XIV?
LINKS INTERESSANTES:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_medieval
https://seuhistory.com/noticias/o-misterioso-texto-de-alquimia-da-tabua-
de-esmeralda
https://en.wikipedia.org/wiki/Emerald_Tablet
http://www.alchemywebsite.com/texts.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Divina_Com%C3%A9dia