Perspectivas favoráveis para cana-de-açúcar em Goiás
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Eventos
como parceiro e principal incentivador,
tendo em vista que uma parte do Produ-
to Interno Bruto (PIB) do estado está con-
centrada na cana-de-açúcar, responsá-
vel por movimentar cerca de 150 milhões
por ano, perdendo apenas para a pecuá-
ria como fonte de receita.
Mesmo com a atual tensão que
ronda as usinas, trabalhadores e acio-
nistas, as perspectivas para os goianos
são boas. Se comparada a das demais
regiões, a safra deste ano sofrerá peque-
nas perdas. De acordo com Rocha, Goi-
Expansão x Crise
O presidente do Sindicato da Indústria de Açúcar de Goiás analisa situação
da cana-de-açúcar em seu estado, durante fórum em Ribeirão Preto, SP
Marcela Servano
“A
crise de 2008 pode ter sido
uma marolinha para alguns
setores da economia brasilei-
ra, mas, para a área sucroalcooleira, foi
um desastre, afetando um campo que ti-
nha cerca de 25% de crescimento anu-
al”. Esta foi a frase dita pelo presidente
do Sindicato da Indústria de Fabricação
de Açúcar do Estado de Goiás (Sifaeg),
André Rocha, em entrevista à CanaMix,
para resumir a situação do setor sucroe-
nergético brasileiro. A análise foi feita du-
rante o I Fórum Brasileiro de Economia
e Finanças no Agronegócio, que discutiu
“As ameaças ao mercado sucroenergéti-
co” nos dias 13 e 14 de agosto, em Ri-
beirão Preto, SP.
O presidente da Sifaeg destacou,
porém, que, apesar do setor viver sob
intensas instabilidades, Goiás tem con-
tado com o apoio do Governo Estadual
para superá-la e, por isso, não tem sen-
tido tanto os efeitos. Segundo ele, o po-
der público precisa estar atento, atuando
Fotos:ArquivoCanaMix
Fórum, realizado no Centro de Convenções em Ribeirão Preto, SP, reuniu profissionais para debater o setor sucroenergético
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ás produziu 66 milhões de toneladas de
cana em 2013. Para este ano, a previsão
é que ultrapasse novamente os 60 mi-
lhões, mas em número menor que o an-
terior. Apesar disso, o cenário é conside-
rado satisfatório pelo Sifaeg, já que, em
outras regiões do país, a redução deve
chegar a 14%.
Os fatores que reforçam as pers-
pectivas favoráveis são o clima e o con-
sumo de etanol no estado. “Enquanto os
estados do Sudeste sofreram com a es-
tiagem, o Centro-Oeste não teve este pro-
blema, fato que ajudou na colheita e au-
mentou a produtividade em relação aos
demais. Além disso, nosso estado é o
segundo maior consumidor de etanol do
Brasil, perdendo apenas para São Paulo”,
disse Rocha.
Desde o final dos anos 90, Goi-
ás experimentou forte expansão no setor
sucroenergético, passando de 11 usinas
para 36. Nos próximos anos, outras três,
já em obras, deverão ser inauguradas e
já existe projeto para construção de mais
uma. Segundo o presidente do sindicato,
trata-se de um diferencial, considerando
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Empresários, representantes de usinas e associações,
advogados, economistas e jornalistas participaram do evento
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Eventos
que nenhuma outra unidade da federação
tem tantas unidades novas e equipadas
com tecnologias avançadas, como as
que entrarão em funcionamento.
Rocha evita fazer mais previsões
para o ano que vem, em função de 2014
ser ano eleitoral. “O humor do empresá-
rio muda de acordo com as eleições”. Ele
acredita, no entanto, que houve avanços
no diálogo com o Governo Federal, que
prometer adotar medidas em prol do se-
tor, principalmente em relação à conces-
são de crédito.
Fórum – O crescimento do setor
sucroenergético na região Centro-Oeste
não se restringe a Goiás. Dados da Fede-
ração de Agricultura e Pecuária do Mato
Grosso do Sul (Famasul), por exemplo,
apontam que, nos últimos oito anos, o
setor sucroenergético evoluiu 185% nes-
te estado, enquanto a média do país foi
de 50%.
Para Rocha, para que haja uma re-
tomada dos negócios envolvendo a ca-
na-de-açúcar, fóruns, encontros e ou-
tros eventos do gênero são fundamentais
para que sejam apontadas soluções e
compartilhadas experiências que agre-
guem valor às práticas do setor.
Um exemplo foi o I Fórum Brasilei-
ro de Economia e Finanças no Agrone-
gócio, em Ribeirão Preto, SP, que con-
tou com a participação de empresários,
representantes de usinas e associações,
advogados, economistas e jornalistas.
O objetivo foi debater, nos dias 13 e 14
de agosto, no Centro de Convenções, as
instabilidades atravessadas nas usinas.
No primeiro dia, foram discutidos
os temas: Políticas e estrutura organi-
zacional do setor com enfoque macro
econômico; Eleições 2014 – perfil dos
candidatos em relação ao setor agroin-
dustrial; Disponibilidade de crédito x Cre-
dibilidade do setor; e Reestruturação de
empresas x recuperação Judicial”. Além
de André Rocha, o jornalista Luis Nassif,
o empresário Maurilio Biagi (Maubisa)
e o especialista em agronegócio Ricar-
do Aragones (Banco Brasil Plural) foram
debatedores.
O segundo dia foi focado nas po-
líticas financeiras que os produtores de
cana-de-açúcar podem implantar. Os as-
suntos foram: Alternativas para reestrutu-
ração financeira – uma visão abrangente
para a cadeia produtiva sucroenergética;
Financiamentos especiais para implanta-
ção de termelétricas e etanol 2G”; e Li-
nhas de crédito para o produtor rural. Os
convidados foram o advogado Antônio
Aires (Demarest Advogados), o consultor
José Américo Rubiano (FINBIO) e o dire-
tor de negócios Vinicius Grassi Pongitor
(Sicoob/Cocred).
A consultora financeira Fernanda
Lima aprovou a iniciativa de organizar um
fórum para debater o setor. Segundo ela,
propostas como essas podem modificar
a forma como se trabalha na área, levan-
do a uma maior profissionalização.
O próximo encontro será nos dias
13 e 14 de agosto de 2015, em Ribeirão
Preto, com tema ainda não definido.
André Rocha, presidente do Sifaeg, diz que, apesar dos desastres
provocados pela crise de 2008, Goiás não está sentindo tanto os efeitos
Consultores e outros especialistas em cana-de-açúcar apontaram rumos
e perspectivas para superar instabilidades do setor sucroenergético