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Loulé
Deixam-me sempre confuso as tuas palavras boas, por não te ver fazer uso dessa moral que apregoas.   		Que importa perder a vida 		em luta contra a traição, 		Se a Razão, mesmo vencida, 		não deixa de ser Razão? Os que bons conselhos dão às vezes fazem-me rir,  - por ver que eles próprios são - incapazes de os seguir. Vila Real de Santo António
Vila Real de Santo António Os meus versos o que são? Devem ser, se os não confundo, pedaços do coração que deixo cá neste mundo. 			Eu não tenho vistas largas, 			nem grande sabedoria, 			mas dão-me as horas amargas 			lições de filosofia. 						O meu mais puro sorriso 						eu não o mostro a ninguém; 						mas sei rir, quando preciso, 						a quem me sorri também
Julgando um dever cumprir, sem descer no meu critério, - digo verdades a rir - aos que me mentem a sério!  		Sei que pareço um ladrão... 		mas há muitos que eu conheço 		que, sem parecer o que são, 		são aquilo que eu pareço. Nas quadras que a gente vê, quase sempre o mais bonito está guardado p'ra quem lê o que lá não 'stá escrito. Loulé
Loulé Embora os meus olhos sejam Os mais pequenos do mundo, O que importa é que eles vejam O que os homens são no fundo. 				Um homem quando tem notas, 				Pode ser perverso e falso:  				Todos lhe engraxam as botas 				Se as não tem, anda descalço. 							Negociante viveste 							Tens dinheiro e excelência; 							São coisas que recebeste 							A troco da consciência.  
GLOSAS DE ANTÓNO ALEIXO MOTE Não queiras que se convençam Que és da regra uma excepção: Pensas como todos pensam,  Tu és como todas são… GLOSAS Se desejas desfrutar  Prazeres que te pertençam, Que o fizeste sem pensar Não queiras que se convençam. Eu é que não te confundo Pela tua condição – Embora mostres ao mundo  Que és da regra uma excepção Quando tu te ris daquelas Que lutas de amor não vençam, Não te limpas da dor delas. Pensas como todas pensam. Sejam grandes ou pequenos, Ninguém foge à tentação; E tu não és mais nem menos, Tu és como todas são!
António Aleixo Poeta popular português. Nasceu em Vila Real de Santo António (1899-1949). Referências: Quadras e Glosas: Este Livro Que Vos Deixo, Editorial Notícias, Lisboa, 1990.  Fotos: internet Organização em PowerPoint:Maria Natal Guerreiro

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  • 2. Deixam-me sempre confuso as tuas palavras boas, por não te ver fazer uso dessa moral que apregoas.   Que importa perder a vida em luta contra a traição, Se a Razão, mesmo vencida, não deixa de ser Razão? Os que bons conselhos dão às vezes fazem-me rir, - por ver que eles próprios são - incapazes de os seguir. Vila Real de Santo António
  • 3. Vila Real de Santo António Os meus versos o que são? Devem ser, se os não confundo, pedaços do coração que deixo cá neste mundo. Eu não tenho vistas largas, nem grande sabedoria, mas dão-me as horas amargas lições de filosofia. O meu mais puro sorriso eu não o mostro a ninguém; mas sei rir, quando preciso, a quem me sorri também
  • 4. Julgando um dever cumprir, sem descer no meu critério, - digo verdades a rir - aos que me mentem a sério! Sei que pareço um ladrão... mas há muitos que eu conheço que, sem parecer o que são, são aquilo que eu pareço. Nas quadras que a gente vê, quase sempre o mais bonito está guardado p'ra quem lê o que lá não 'stá escrito. Loulé
  • 5. Loulé Embora os meus olhos sejam Os mais pequenos do mundo, O que importa é que eles vejam O que os homens são no fundo. Um homem quando tem notas, Pode ser perverso e falso: Todos lhe engraxam as botas Se as não tem, anda descalço. Negociante viveste Tens dinheiro e excelência; São coisas que recebeste A troco da consciência.  
  • 6. GLOSAS DE ANTÓNO ALEIXO MOTE Não queiras que se convençam Que és da regra uma excepção: Pensas como todos pensam, Tu és como todas são… GLOSAS Se desejas desfrutar Prazeres que te pertençam, Que o fizeste sem pensar Não queiras que se convençam. Eu é que não te confundo Pela tua condição – Embora mostres ao mundo Que és da regra uma excepção Quando tu te ris daquelas Que lutas de amor não vençam, Não te limpas da dor delas. Pensas como todas pensam. Sejam grandes ou pequenos, Ninguém foge à tentação; E tu não és mais nem menos, Tu és como todas são!
  • 7. António Aleixo Poeta popular português. Nasceu em Vila Real de Santo António (1899-1949). Referências: Quadras e Glosas: Este Livro Que Vos Deixo, Editorial Notícias, Lisboa, 1990. Fotos: internet Organização em PowerPoint:Maria Natal Guerreiro