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Seminário de Literaturas Modernas,
Contemporâneas e outras Artes e Mídias:
Sobrevivências da imagem na escrita
1º semestre de 2016
Profa. Márcia Arbex
Francisca Luciana Sousa da Silva
Introdução
 As perspectivas historiográficas abertas pelo estudo
sistemático das relações entre literatura e técnicas
comunicativas, entre a imaginação literária e a
materialidade dos meios em que ela se configura são
matéria-prima dos 48 ensaios do livro, escritos por 41
renomados especialistas no tema, nacionais e
estrangeiros. Trata ainda dos modos de comunicação
escrita e das diversas formas de impresso.
 O livro é ordenado em sete blocos temáticos:
Materialidade da Comunicação: Tópico em perspectiva,
O Oral e o Escrito, Do Manuscrito ao Hipertexto,
Autoria, A Escrita, O Livro, A Leitura e a Imprensa. Os
artigos privilegiam os três modos de comunicação
escrita: manuscrito, impresso, eletrônico, assim como as
formas diversas de impresso: livro, revista, jornal,
folheto, responsáveis por transformações e modalidades
diversas de produção e de transmissão.
A expressão “não-livros” à luz do método
artístico e do trabalho de Zuca Sardana,
Valêncio Xavier e Sebastião Nunes:
oráculos, páginas de jornal, antologias;
diálogos ao avesso com a forma-livro.
 ensaio de Haroldo de Campos sobre o romance
Serafim Ponte Grande, de Oswald de Andrade,
definido por ele, em 1971, como um “grande não-
livro”;
 reflexão de Thomas A. Vogler, em “Ceci n’est pas un
livre”, de 1993, sobre os livros-objetos e instalações
textuais;
 livros The Visible Word (1984) e The Century of
Artists’ Books (1995), de Johanna Drucker, obras-
síntese voltadas respectivamente para a
experimentação tipográfica na literatura moderna e
para a caracterização dos “livros de artistas” como
forma peculiar de manifestação cultural.
 Com base sobretudo nesses estudos, e nas tensões
contemporâneas entre suportes digitais e impressos,
 procura-se delimitar os campos possíveis de compreensão
dessa negatividade,
 tríplice consideração do livro como objeto físico, texto e
técnica editorial,
 relação entre o efeito de contraste de algumas dessas
versões em negativo da produção livresca e as condições
históricas específicas do sistema literário brasileiro com
as quais parecem dialogar.
 exame de experiências intermidiáticas recentes, que
tomam o livro e as técnicas de escrita como referência,
 procuram-se delinear, então, algumas das instabilidades,
interações e especificidades próprias aos meios impressos
num contexto de expansão do recurso à mídia eletrônica.
 ensaio de conceituação e historização dos “não-livros” na tradição
cultural brasileira, objetivando alguns dos aspectos fundamentais
dessa forma em negativo, e de suas tensões com relação a
elementos constitutivos (nela subvertidos) do suporte
convencional, e a condicionamentos materiais, literários e
contextuais distintos.
 reconstrução das condições da cultura letrada, e da experiência
literária, sob as quais se forjam essas versões singulares do livro
ou das técnicas dominantes de escrita.
 funções e figurações dessa negatividade (...), tendo em vista
trabalhos como os de Zuca Sardana, Valêncio Xavier e Sebastião
Nunes, marcados por uma autoconsciência intensificada da base
física da escrita, das interações entre aspectos verbais, não
verbais, materialidades e estratégias literárias na dinâmica
configuracional e narrativa dos seus folhetos, ensaios, repentes e
novelas.
“E o livro desaparece, como se nunca tivesse
existido”?
Modos de não ser livro
Desler, tresler, contraler
Escrever pelo não
O modelo antológico de Sebastião Nunes
A página-jornal de Valêncio Xavier
Zuca Sardana e o Emblema Cômico
Ximerix / poemas de Zuca
Sardan. São Paulo: Cosac Naif,
2013. 80 p.
Osso do coração. Campinas, SP:
Editora da UNICAMP, 1994.
210 p
 contextualização mesma da preocupação, neste ensaio,
com versões livrescas em negativo e com obras
hiperconscientes da própria materialidade e do livro
como objeto e técnica editorial.
 o que está em jogo, fundamentalmente, é, de um lado,
uma perspectiva crítica pautada numa interferência
mútua entre literatura e técnica, aspectos verbais e
visuais, matéria literária e propriedades materiais da
escrita, e, de outro, a consciência das transformações e
desdobramentos de suporte que se acham em curso na
produção literária contemporânea, intensificados pela
expansão do emprego de novos meios digitais.
 contexto marcado pelas mudanças de formato impostas
ao trabalho literário por textos e suportes eletrônicos,
circunstâncias materiais com as quais dialogam, no
presente, a produção textual e a reflexão crítica.
 Por vezes essas interações entre experiência narrativa e
transformações no suporte não se dão a ver, no entanto, em
desdobramentos materiais explícitos de formato, mantendo-se
no âmbito estrito da produção livresca, e tensionando - de
dentro - a forma-livro.
 Viagem ao México (1995), de Silviano Santiago, e Não há nada
lá, publicado por Joca Reiners Terron em 2001.
 Primeiro: ficcionalização em meio a uma autoconsciência
exacerbada de se estar escrevendo num ambiente fluido, no
qual um trânsito constante parece minar as possibilidades de
representação e localização.
 Segundo: reflexão sobre o livro, em especial sobre livros que se
apresentam à beira da extinção. Reflexão sobre o livro
enquanto “não-lugar”, “lugar utópico”, em perpetuum mobile,
cuja impermanência se manifestaria não apenas visualmente
(...), mas se transformaria em matéria narrativa dominante das
diferentes séries e segmentos ficcionais que a compõem.
“O Mar”, Maíra Ortins “O Pão”, Padaria Espiritual

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Sobrevivências da imagem na escrita e não-livros

  • 1. Seminário de Literaturas Modernas, Contemporâneas e outras Artes e Mídias: Sobrevivências da imagem na escrita 1º semestre de 2016 Profa. Márcia Arbex
  • 4.  As perspectivas historiográficas abertas pelo estudo sistemático das relações entre literatura e técnicas comunicativas, entre a imaginação literária e a materialidade dos meios em que ela se configura são matéria-prima dos 48 ensaios do livro, escritos por 41 renomados especialistas no tema, nacionais e estrangeiros. Trata ainda dos modos de comunicação escrita e das diversas formas de impresso.  O livro é ordenado em sete blocos temáticos: Materialidade da Comunicação: Tópico em perspectiva, O Oral e o Escrito, Do Manuscrito ao Hipertexto, Autoria, A Escrita, O Livro, A Leitura e a Imprensa. Os artigos privilegiam os três modos de comunicação escrita: manuscrito, impresso, eletrônico, assim como as formas diversas de impresso: livro, revista, jornal, folheto, responsáveis por transformações e modalidades diversas de produção e de transmissão.
  • 5.
  • 6. A expressão “não-livros” à luz do método artístico e do trabalho de Zuca Sardana, Valêncio Xavier e Sebastião Nunes: oráculos, páginas de jornal, antologias; diálogos ao avesso com a forma-livro.
  • 7.  ensaio de Haroldo de Campos sobre o romance Serafim Ponte Grande, de Oswald de Andrade, definido por ele, em 1971, como um “grande não- livro”;  reflexão de Thomas A. Vogler, em “Ceci n’est pas un livre”, de 1993, sobre os livros-objetos e instalações textuais;  livros The Visible Word (1984) e The Century of Artists’ Books (1995), de Johanna Drucker, obras- síntese voltadas respectivamente para a experimentação tipográfica na literatura moderna e para a caracterização dos “livros de artistas” como forma peculiar de manifestação cultural.
  • 8.
  • 9.
  • 10.  Com base sobretudo nesses estudos, e nas tensões contemporâneas entre suportes digitais e impressos,  procura-se delimitar os campos possíveis de compreensão dessa negatividade,  tríplice consideração do livro como objeto físico, texto e técnica editorial,  relação entre o efeito de contraste de algumas dessas versões em negativo da produção livresca e as condições históricas específicas do sistema literário brasileiro com as quais parecem dialogar.  exame de experiências intermidiáticas recentes, que tomam o livro e as técnicas de escrita como referência,  procuram-se delinear, então, algumas das instabilidades, interações e especificidades próprias aos meios impressos num contexto de expansão do recurso à mídia eletrônica.
  • 11.
  • 12.  ensaio de conceituação e historização dos “não-livros” na tradição cultural brasileira, objetivando alguns dos aspectos fundamentais dessa forma em negativo, e de suas tensões com relação a elementos constitutivos (nela subvertidos) do suporte convencional, e a condicionamentos materiais, literários e contextuais distintos.  reconstrução das condições da cultura letrada, e da experiência literária, sob as quais se forjam essas versões singulares do livro ou das técnicas dominantes de escrita.  funções e figurações dessa negatividade (...), tendo em vista trabalhos como os de Zuca Sardana, Valêncio Xavier e Sebastião Nunes, marcados por uma autoconsciência intensificada da base física da escrita, das interações entre aspectos verbais, não verbais, materialidades e estratégias literárias na dinâmica configuracional e narrativa dos seus folhetos, ensaios, repentes e novelas.
  • 13. “E o livro desaparece, como se nunca tivesse existido”? Modos de não ser livro Desler, tresler, contraler Escrever pelo não O modelo antológico de Sebastião Nunes A página-jornal de Valêncio Xavier Zuca Sardana e o Emblema Cômico
  • 14.
  • 15. Ximerix / poemas de Zuca Sardan. São Paulo: Cosac Naif, 2013. 80 p. Osso do coração. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1994. 210 p
  • 16.  contextualização mesma da preocupação, neste ensaio, com versões livrescas em negativo e com obras hiperconscientes da própria materialidade e do livro como objeto e técnica editorial.  o que está em jogo, fundamentalmente, é, de um lado, uma perspectiva crítica pautada numa interferência mútua entre literatura e técnica, aspectos verbais e visuais, matéria literária e propriedades materiais da escrita, e, de outro, a consciência das transformações e desdobramentos de suporte que se acham em curso na produção literária contemporânea, intensificados pela expansão do emprego de novos meios digitais.  contexto marcado pelas mudanças de formato impostas ao trabalho literário por textos e suportes eletrônicos, circunstâncias materiais com as quais dialogam, no presente, a produção textual e a reflexão crítica.
  • 17.
  • 18.
  • 19.  Por vezes essas interações entre experiência narrativa e transformações no suporte não se dão a ver, no entanto, em desdobramentos materiais explícitos de formato, mantendo-se no âmbito estrito da produção livresca, e tensionando - de dentro - a forma-livro.  Viagem ao México (1995), de Silviano Santiago, e Não há nada lá, publicado por Joca Reiners Terron em 2001.  Primeiro: ficcionalização em meio a uma autoconsciência exacerbada de se estar escrevendo num ambiente fluido, no qual um trânsito constante parece minar as possibilidades de representação e localização.  Segundo: reflexão sobre o livro, em especial sobre livros que se apresentam à beira da extinção. Reflexão sobre o livro enquanto “não-lugar”, “lugar utópico”, em perpetuum mobile, cuja impermanência se manifestaria não apenas visualmente (...), mas se transformaria em matéria narrativa dominante das diferentes séries e segmentos ficcionais que a compõem.
  • 20. “O Mar”, Maíra Ortins “O Pão”, Padaria Espiritual