Apresentação para décimo ano de 2017 8, aula 35-36
O autoquestionamento do eu lírico e a angústia da vida sem sentido
1.
2. 1.
Os momentos temporais
representados na primeira estrofe do
poema são a noite (passado recente),
caracterizada como um tempo longo de
vigília, de insónia — «Em toda a noite o
sono não veio» (v. 1) — e a madrugada
(instante presente), que «Raia do fundo /
Do horizonte, encoberta e fria» (vv. 2-3).
3. 2.
A interrogação «Que faço eu no
mundo?» (v. 4) exprime o
autoquestionamento desesperado do «eu»
sobre o seu papel no mundo, sobre o valor
da sua existência, que nenhum
condicionalismo (a noite ou a aurora, a
treva ou a luz) consegue alterar. A longa
insónia fragiliza-o, acentua a consciência
da solidão e a angústia do «eu» em
relação a uma vida sem perspetivas.
4. 3.
Os três primeiros versos da terceira
estrofe representam a noite como o lugar
onde emerge a «manhã», que, se o
«símbolo» valesse («Nem o símbolo ao
menos vale» — v. 3), poderia trazer ao «eu»
alguma esperança. Porém, dada essa
impossibilidade, o sujeito «já nada espera»
(v. 18). O desespero da insónia noturna
não encontra na «manhã» que se levanta a
esperança que o símbolo promete, «por
tantas vezes ter esperado em vão» (v. 17).
5. 4.
O sentimento de «horror» referido no
verso 8 resulta do facto de o sujeito poético,
«Por tantas vezes ter esperado em vão», ter
concluído que cada novo dia lhe traz
sempre a mesma desilusão de verificar que,
depois da «febre vã da vigília», depois de
uma noite de insónia e desespero angustiante, nada se altera, por mais radiosa que
seja a manhã: «o novo dia» traz-lhe,
sempre, «o mesmo dia do fim/ Do mundo e
da dor — / Um dia igual aos outros», como
se, na sua alma, fosse sempre noite.
6.
7. deste infinito bocejo (v. 20)
a caminho não sei de onde, (21)
à espera não sei de quê. (22)
e afinal ninguém me lê (25)
8.
9.
10.
11. Tudo que faço ou medito
Fica sempre na metade.
Querendo, quero o infinito.
Fazendo, nada é verdade.
12. Tudo que faço ou medito
Fica sempre na metade.
Querendo, quero o infinito.
Fazendo, nada é verdade.
Que nojo de mim me fica
Ao olhar para o que faço!
Minha alma é lúcida e rica,
E eu sou um mar de sargaço —
13. Que nojo de mim me fica
Ao olhar para o que faço!
Minha alma é lúcida e rica,
E eu sou um mar de sargaço —
Um mar onde bóiam lentos
Fragmentos de um mar de além...
Vontades ou pensamentos?
Não o sei e sei-o bem.
14. Tudo que faço ou medito
Fica sempre na metade.
Querendo, quero o infinito.
Fazendo, nada é verdade.
Que nojo de mim me fica
Ao olhar para o que faço!
Minha alma é lúcida e rica,
E eu sou um mar de sargaço —
Um mar onde bóiam lentos
Fragmentos de um mar de além...
Vontades ou pensamentos?
Não o sei e sei-o bem.
15. a. O poema desenvolve as tensões querer/fazer e
alma/corpo humanos.
b. Ao longo da composição, o poeta reconhece a
incompletude dos seus atos.
c. Os sonhos do sujeito poético têm uma natureza ilimitada.
d. O resultado das suas ações provoca no poeta
um sentimento de grande satisfação.
e. O texto termina com um paradoxo que destaca
a complexidade psicológica do eu lírico.
16.
17. Mantendo a métrica (redondilha
menor — ou seja, pentassílabos),
esquema estrófico (quadras) e rimático
(rima cruzada), escreve um poema em
que o eu lírico revele um estado de
espírito diferente do do sujeito do poema
de Pessoa, ao mesmo tempo que aluda a
um cenário exterior que, como em
Pessoa, pareça influenciar esse bom
ânimo.
18.
19. TPC — Faz a dissertação
correspondente ao ponto 1.1 no fim da p.
54.