Alterações na estrutura social e nos comportamentos.
Ciberativismo 1ª parte
1. “Entende-se por ciberativismo a utilização da Internet por movimentos
politicamente motivados (VEGH, 2003, p.71), com o intuito de alcançar suas
tradicionais metas ou lutar contra injustiças que ocorrem na própria rede
(GURAK, LOGIE, 2003; MCCAUGHEY, AYERS, 2003).”
Luíza Giovana, Suelen de Paula,
Débora Maria e Mariane Moreira
2.
Ciberativismo é o uso dos meios de comunicação digital
como principal veículo dos cidadãos para reclamar seus
direitos, convocar passeatas, registrar protestos e divulgar
notícias sobre as causas geradoras de suas insatisfações.
O ciberativismo tem sido uma alternativa aos mass media,
meios de comunicação de massa tradicionais, para
organizar reuniões políticas e sociais, e disseminar
determinada mensagem a um maior número de pessoas
sem depender do rádio, da TV e dos jornais impressos. O
objetivo é também obter maior liberdade de expressão, de
troca de informações, expressar e compartilhar opiniões e
realizar atos de impacto público.
3.
O Ciberativismo chega ao Brasil em meados de
1990, com a chegada da internet e a entrada de
ativistas políticos, sociais e ambientalistas na
rede. Para os ciberativistas o uso da internet é
um meio de “driblar” os meios de comunicação
tradicionais, que na maioria das vezes não
oferecem espaço para que a opinião pública se
manifeste. Com isso a rede se torna um espaço
“público” em que os ativistas podem se
manifestar, otimizando o impacto de suas ideias.
4.
Na década de 90, a internet chegou mostrando a
facilidade de conectar pessoas diferentes em diversas
partes do mundo e logo se tornou popular. A
velocidade que as informações levam para ir de um
extremo ao outro chamou atenção e despertou o
interesse, incluindo a de ativistas que divulgavam suas
ideias através de outros meios de comunicação. Foi
então que surgiram os primeiros vestígios do
Ciberativismo. Em 1995-1998, a
revista estadounidense Z magazine ofereceu cursos
online através da Left Online University, aceitando
inscrições no curso de "Utilizar a internet e sistemas
eletrônicos para o ciberativismo."
5.
As noticias da primeira aparição ativista social
que se tem noticia, são do Exército Zapatista
de Libertação Nacional, do México, 1994, em
listas de discussão, e-mails e site FTP, mas só
em 1996 criaram sua própria homepage onde
podiam reivindicar os direitos indígenas ao
mesmo tempo em que aproximavam seu
discurso ao de novos movimentos sociais
esquerdistas e ampliavam o seu campo de
batalha.
6.
O Exército Zapatista de Libertação Nacional EZLN, é um ótimo exemplo de como as
inovações tecnológicas remixam a cultura de
quaisquer povos. Este grupo revolucionário
da região montanhosa de Chiapas no México
e que combate a exploração de seu povo
pelos Estados Unidos, há cerca de 13 anos
não dispara uma única bala. Sua arma: A
mídia, principalmente a internet.
7.
O Greepeace tem seu site e pratica o
Ciberativismo desde 1998, sendo que mais da
metade dos seus atuais colaboradores podem
ajudar e participar através da Internet. Uma das
causas defendidas por ele é moratória da soja,
que impede a comercialização da soja cultivada
em áreas de desflorestamento da Amazônia.
Causas como a proteção do oceano, diminuição
da poluição, energias renováveis, animais em
extinção, entre outras, também são defendidas.
8.
Outro exemplo de grande amplitude política e que
tem a internet com sua principal ferramenta de
articulação e movimentação política é a Associação
Revolucionária de Mulheres do Afeganistão (RAWA Revolutionary Association of the Women of
Afghanistan). A associação defende a liberdade,
democracia e principalmente os direitos das
mulheres. No site também estão disponíveis
documentos, pesquisas e artigos sobre a violência
contra as mulheres e são exibidos vídeos que retratam
o comportamento de fundamentalistas islâmicos
contra as mulheres.
9.
Foram várias manifestações populares por pelo menos 438
cidades do país, que inicialmente surgiram para reivindicar contra
os aumentos nas tarifas de transporte público, principalmente em
Manaus, Fortaleza, Salvador, Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre,
São Paulo e Rio de Janeiro. Essas manifestações ganharam grande
apoio popular após a forte repressão policial contra as passeatas,
levando a maioria da população a apoiar as mobilizações. Atos
semelhantes começaram a se multiplicar em diversas cidades do
país e até mesmo do exterior em apoio aos protestos, passando a
abranger uma grande variedade de temas, como os gastos
públicos na Copa de 2014, a má qualidade dos serviços públicos e a
indignação com a corrupção política em geral. Foram
organizadas online, através da rede social Facebook, mas
principalmente via Twitter , principalmente pelo Movimento Passe
Livre (MPL).
10.
Estopim
O Movimento Verde nasceu no Irã em 2009, depois de
acusações de que as eleições presidenciais que
reelegeram o presidente Mahmoud Ahmadinejad
foram fraudulentas.
Papel das mídias sociais
As mídias sociais foram vitais para o movimento. Na
época, o twitter adiou seu programa de manutenção
para que os iranianos pudessem se comunicar. As
manifestações foram organizadas via twitter e
Facebook, que também serviram de canal de
divulgação para fotos e vídeos sobre as mobilizações.
11. Estopim
O movimento no Egito começou inspirado na revolta na Tunísia,
que semanas antes tinha conseguido derrubar o governo do expresidente Zine El Abidine Ben Ali. O governo do então presidente
egípcio Hosni Mubarak estava com a imagem desgastada, a
economia ia mal, o desemprego era grande e o custo de vida era
muito alto.
Qual foi o papel das mídias sociais?
As redes sociais foram a essência do movimento que acabou
derrubando Mubarak. O movimento Nós somos todos Khalid
Saeed deu início à mobilização por meio de uma página no
Facebook, que ganhou esse nome em homenagem a Khalid
Saeed, que foi torturado e morto pela polícia em junho de 2010.
Os protestos foram organizados pela internet, que também serviu
de canal de transmissão de vídeos e fotos sobre os protestos.
12. Estopim
O movimento 15M ou "os indignados" ganhou esse nome por
causa do primeiro dia em que os manifestantes saíram às ruas, 15
de maio de 2011. Nenhum incidente concreto desencadeou os
protestos, mas as manifestações ocorreram em um contexto de
crescente descontentamento popular. Na época, a Espanha
enfrentava uma taxa de mais de 20% de desemprego (hoje
ultrapassa os 25%) e políticas de austeridade. Além disso, o uso de
recursos públicos para resgatar bancos também causava
insatisfação.
Papel das mídias sociais
Foi essencial. A iniciativa de organização dos protestos surgiu na
internet, que também serviu para propagar o movimento. Depois
o movimento montou escritórios, mas nasceu e se desenvolveu na
internet.
13.
Estopim: O movimento começou pequeno, contra a demolição do
Parque Gezi, uma das poucas áreas verdes de Istambul, localizado na
praça Taksim, no centro da cidade. Começou pacífico, mas rapidamente
se espalhou pelo país e se tornou um movimento contra o governo
quando a polícia respondeu com violência, usando canhões d'água e
bombas de gás lacrimogêneo. Os manifestantes se revoltaram contra o
uso da força e acusaram o governo de autoritarismo.
Qual foi o papel das mídias sociais?
O uso extensivo das mídias sociais foi sem precedentes e desempenhou
um papel crucial, servindo de canal para divulgar as manifestações.
Como os principais meios de comunicação não cobriram os protestos, a
internet foi a forma encontrada para divulgar informações e fotos das
mobilizações. O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, criticou
o uso das mídias sociais e descreveu o Twitter como "encrenqueiro" por
causa de seu uso durante os protestos. Alguns usuários de twitter foram
detidos.