O documento discute o controle biológico de pragas e doenças em agricultura, abordando organismos usados nesse controle, como Trichoderma e Pseudomonas. Também apresenta mecanismos de ação desses organismos, como micoparasitismo, antibiose e competição, e estratégias de controle biológico de doenças em sementes, plântulas, raízes e pós-colheita.
Trabalho escrito problemática do uso de biocidas e de métodos alternativos no...
Controle biológico de pragas e doenças, organismos de controle e especificações
1. Controle Biológico de Pragas e
Doenças,organismos de controle e
especificações
Leonardo Minaré Braúna
Biólogo
Mestre em Fitopatologia - UnB
2. Introdução
O desenvolvimento de uma agricultura mais
amigável com o ambiente, a resistência dos
patógenos aos pesticidas químicos e o alto
custo desses produtos tem promovido a busca
de agentes microbianos para o controle de
enfermidades em cultivos comerciais.
3. •Universidades;
•Orgãos de pesquisa governamentais;
•Companhias privadas;
•Pequenas companhias e agricultores
privados
Trabalhando no desenvolvimento de
produtos microbianos para o controle
de fitopatógenos, pragas e plantas
daninhas.
7. Controle de doenças
Grigolleti, 2000
Químico:
Preocupação com o meio ambiente;
Danos a saúde humana;
Atua na seleção dos patógenos resistentes;
Surto de doenças secundárias;
Diminuição dos micro-organismos benéficos;
Efeito sobre plantas não alvo e contaminação da
produção
8. • Biológico:
Controle biológico de doenças de plantas
pode ser definido como sendo a redução da
soma de inóculo ou das atividades
determinantes da doença provocada por um
patógeno realizada por um ou mais
organismos que não o homem.
Cook & Baker 1983
9. Existem duas formas de Controle
Biológico
1. Manejo para favorecer os organismos
antagônicos nativos;
2. Introdução maciça de micro-organismos
selecionados
10. Considerações Básicas para um
Programa de CB
• Definição da espécie alvo (geografia, biologia, perdas
econômicas)
• Levantamento de agentes de controle biológico
(centro de origem)
• Seleção de agentes efetivos (Eficiência, patente, produção,
financeiro)
• Risco/Biosegurança
• Efeitos adversos potenciais (Alergenicidade, toxidade,
patogenicidade, competição)
11. Seleção de Micro-organismos para
Controle Biológico
• Eficiência;
• Segurança;
• Produção em quantidade suficiente e baixo custo;
• Organismo geneticamente estável;
• Tolerância a tratamentos químicos.
12. Sucesso no biocontrole
1.Escolha do agente antagonista;
2.Conhecimento do sistema onde encontra o
patógeno;
3.Observar o complexo solo – ambiente.
13. Limitações impostas aos produtos
biológicos:
a) Sensibilidade ao ambiente;
b) Extrema especificidade;
c) Problemas de formulação;
d) Tempo de aplicação;
e) Persistência do efeito.
14. Estratégias para efetuar o controle
biológico no campo
• Inundar completamente a comunidade
microbiana com antagonistas.
• Alterar o ecossistema para favorecer o
antagonista indígeno em relação à do
patógeno.
15. Sobrevivência dos hiperparasitas:
depende da sobrevivência do
patógeno.
• A destruição total dos estromas do patógeno
reduz a incidência da doença na folhagem
renovada subseqüentemente. Mas, reduz
também a população do micoparasita, que
progride mais lentamente que os
fitopatógenos.
16. Mecanismos de ação no
controle de fitopatógenos
• Micoparasitismo;
• Antibiose;
• Competição;
• Indução de mecanismos de defesa da
planta.
Van Driesche e Bellows, 1996
17. Micoparasitismo
• Ação direta contra um fungo que
compreende um complexo processo que
envolve eventos sequenciais, incluindo
reconhecimento, ataque e a subsequente
penetração, seguida de morte do
hospedeiro (patógeno).
Benítez et al., 2004
18. 1. Quimiotropismo – reconhecimento;
2. Contato físico;
3. Liberação de enzimas contra o patógeno;
4. Micélio cresce, enrola-se na hifa hospedeira,
podendo ou não penetrá-la.
19. - Hifa suscetível (do patógeno): apresentas-se
com inúmeros vacúolos, colapsa e desintegra.
- Micoparasita cresce no conteúdo da hifa
hospedeira.
- Parasita micélio e também estruturas de
resistência de diversos fungos.
24. Antibiose
• Envolvimento de compostos de baixo
peso molecular na inibição de outros
fungos como os causadores de doenças
de plantas.
• Compostos tóxicos voláteis e não voláteis
que atuam na supressão da colonização
do organismo atingido.
Benítez et al., 2004
25. - Papel de antibiótico no controle da doença
permanece obscuro.
- Vários antibióticos foram identificados em
Trichoderma, sendo alguns voláteis (etileno,
aldeído, acetona etc).
- Alguns antibióticos: Trichodermin, Viridina,
Ciclosporina, Penicilina e outros.
27. Inibição do crescimento de
Sclerotinia sclerotiorum por
filtrado de cultura de
Trichoderma sp.
Inibição do crescimento de
colônias de Sclerotium rolfsii
por filtrado de cultura
Trichoderma sp.
28. Competição
• Capacidade de mobilizar e absorver
prontamente os nutrientes à sua volta e de
utilizar diferentes fontes nutricionais;
• Rápida multiplicação e colonização da
rizosfera;
• Resistência a vários compostos tóxicos
Chet et al., 1997; Benítez et al., 2004
30. Indução de mecanismos de
defesa da planta
• A planta, pré-induzida aos mecanismos de
defesa pelo agente de controle biológico,
responde à agressão por patógenos por
meio da produção de fitoalexinas, lignina
adicional das células e compostos
fenólicos.
Horsfall e Cowling, 1980; Barley, 1985; Van Driesche e Bellows, 1996
31. Ação indireta
Promoção do crescimento (solubilização de
nutrientes, produção de hormônios vegetais e
vitaminas)
32. Figura 02 – Produção de AIA pelos os isolados de Trichoderma spp. a 535 nm de absorbância.
37. • A elevada taxa de mortalidade dos patógenos e a
baixa incidência de doença, em condições gerais,
é decorrente de muitas formas de estresses
biológicos dos propágulos, através do
parasitismo, predação ou estímulo à germinação,
seguido de exaustão e lise.
• Fatores importantes: textura, aeração, teor de
matéria orgânica, cobertura, inundação, práticas
culturais, modo de sobrevivência e tipo de
propágulo.
• O estabelecimento de antagonistas no campo de
ação do patógeno tem papel importante e pode
levar à supressividade do solo.
38. Principais doenças em sementes
• Podridões de sementes
• Tombamento: típicos os de plantio cedo e
germinação muito vagarosa, solos úmidos e
baixa temperatura.
39. • Queima de plântulas
• Patógenos: não especializados que usam
exsudatos das sementes para crescimento
saprofítico antes de atacarem plantas jovens
que não tem ainda uma barreira efetiva para a
infecção.
Rhizoctonia (ataca semente, caule e hipocótilo),
Pythium (ataca ápice das raízes), Fusarium,
Phytoptora, Sclerotinia, Sclerotium.
40. • Agentes para controle de doenças na
espermosfera: Em geral são saprófitas que
podem competir com sucesso contra os
patógenos pelo exsudatos das sementes:
Trichoderma, Gliocladium, aspergillus,
Penicillium, Chaetomium, Pythium
olignadrum.
• Trichoderma harzianum e T. hamatum são as
espécies mais usadas para damping-off
causado por Rhizoctonia e Pythium.
41. CONTROLE BIOLÓGICO DE PÓS-COLHEITA
• Aplicação de controle em doenças de pós-colheita:
A) No campo, para controle de patógenos que penetram
no fruto em determinadas épocas e se desenvolvem
depois.
Pulverizações de suspensões do antagonista nas plantas
na época de maior sensibilidade à entrada do patógeno.
Ex: Monilia fructicola em pêssego na época da floração.
B) Após colheita:
Pulverização de suspensão do antagonista nos frutos
antes de armazenar ou imersão do fruto na suspensão
do antagonista.
42. • Aspectos importantes do controle biológico em pós -
colheita:
• Melhores resultados com organismos produtores de
antibióticos, mas é problema porque estes serão
introduzidos na cadeia alimentar.
• Deve-se usar em geral organismos residentes e com
vida curta.
• Direcionar o controle para o campo assim evitando
problemas possíveis com controle do fruto próximo
ao ponto de consumo.
43. Perdas na pós – colheita:
Influenciada por diversos fatores: manejo inadequado
dos produtos, condições desfavoráveis de colheita,
armazenamento e comercialização, modificações
físicas e bioquímicas do processo de senescência e
atividade microbiana causadora de podridões.
44. • Na Espanha as perda em maçãs e pêras submetidas à
frigoconservação devem-se à:
Podridões – 2 a 3%.
Alterações fisiológicas - 2 a 3%.
Diminuição de peso – 3 a 7%.
• No Chile:
Podridões de frutas: 35 %.
• Estados Unidos:
Perdas de pós-colheita e frutas, nozes e vegetais: 23 %.
• Em países tropicais, as perdas por doenças de pós-colheita
são estimadas em 25 a 50%.
45. • Causas: principalmente fungos (Penicillium spp., Alternaria spp., Physalospora
malorum, Monilinia fructicola, Botrytis cinérea, Phomopsis mali, Phoma sp.,
Fusarium sp., Pestalotia spp., Botryodiplodia sp.e Botryosphaeria dothidea).
•
• Segundo Moline (1984):
• Pezicola malicorticis em maçãs e pêras; Alternaria citri, Geotrichum candidum,
phomopsis citri e Diplodia natalinsis em citrus; B. cinérea, Rhizopus stolonifer e
Cladosporum herbarum em uva; Phytophtora infestans, Fusarium spp. e Pythium sp
em batata; M. fruticola, R. stolonifer, B. cenerea, Penicillium sp., Geotrichum
candidum e Alternaria sp.
• Em frutos de caroço (pêssegos e ameixas); Alternaria sp. B. cenerea, R. stolonifer, G.
candidum em tomates e pimentões; B. cinérea, Rhizopus sp., Sclerotinia
sclerotiorum, Rhizoctonia carotae, Fusarium sp. e Pythium sp.em folhosas, cebolas,
melões, feijões, raízes e vegetais.
•
• No Rio Grande do Sul e Santa Catarina:
• Penicillium expansum (podridões de maçãs, pêras, marmelos, citrus, uvas e
ameixas).
• Alternaria alternata (podridões de pós-colheita em maçãs no Brasil e Europa).
46. • Tratamentos: calor, filmes plásticos, práticas
culturais e irradiação.
• Tratamento químico: em pré e pós-colheita.
• Em câmaras frias: imersão em tanques com
solução fungicida e tratamentos com fumigantes
dentro das câmaras.
47. Problemas no Brasil:
• Faltam fungicidas registrados para uso ou uso sem registro.
•
• Fungicidas do grupo dos Benzimidazóis (indução de
resistência, como por exemplo: B. cinerea, B. squamosa, P.
expansum e G. cingulata).
•
•
• Produtos para exportação (aceitação de determinados
fungicidas; dose mínima de resíduos toleradas.
•
• acúmulo na cadeia alimentar.
•
48. Facilidades para o emprego do
controle biológico em pós-colheita
• Controle das condições ambientais.
• Limitação das áreas de aplicação.
• Economicamente praticável sob condições de
armazenamento
49. • Exemplos:
• Maçã: B. cinerea x Trichoderma pseudokoningii
(crescimento limitado abaixo de 9 C).
B. cinerea x Trichoderma harzianum (eficiência igual
a tratamento químico).
B. cinerea x T acremonium
Penicillium expansum x Pseudomonas sp.
• Abacaxi: Penicillium funiculosum (estirpe não
pigmentada) x P. fuiculosum (estirpe pigmentada).
50. • Morango: B. cinérea x Trichoderma spp.
Monilinia fruticola x Bacillus subtilis.
• Batata: Erwinia sp x Pseudomonas putida
• Citrus: Geotrichum candidum x B. subtilis
Pen. digitatum e Pen. italicum x leveduras Delbaromyces
hansenii e Aureobasidium pululans
• P. digitatum e P. italicum x Pseudomonas cepacea e
Pseudomonas syrungae.
51. Controle de doenças pós-colheita
Controle do
frutos de
citrus (Pen.
chrysogenum)
controle com
Pichia
guillermondii
(U.S.-7)
52. Controle de doença pós-colheira
Controle da
podridão
parda
(Monilinia
fruticola)
comparado
Bacillus
subtilus e
Benomyl.
53. Controle do mofo azul
em peras “Red
Bartlett” usando
Pseudomonas syringae
strain L-59-66
(renomeado ESC11).
Após a inoculação os
frutos foram estocados
por 30 dias a 1°C e
então por 7 dias a 24°C.
54. Biocontrole em pós-colheita
de mofo
azul e mofo cinza da
maçã ‘Golden
Delicious’
Esquerda: maçãs feridas foram aspergidas com conídios de
P. expansum e B. cinerea apenas (controles);
Direita: maçãs feridas aspergidas com conídios dos
patógenos e BioSaveTM 110 (Coniothyrium minitans) .
Os frutos foram estocados por três meses a 1°C antes da
avaliação.
56. Trichoderma Person
• Fase assexuada do gênero Hypocrea
(Ascomycota);
• Organismo abundante no solo, material
vegetal e madeira em decomposição;
• Gêneros de organismos mais estudados
no controle biológico;
Bettiol e Ghini, 1995; Fortes et al., 2007
57. • Muitos são produtores de antibióticos com
aplicação no controle biológico por
diferentes mecanismos;
• “Biofungicidas” para diversos fungos
fitopatogênicos;
• Promotores de crescimento;
• Produção de ácido Indolacético (AIA);
• Solubilização de fosfato;
• Endofíticos;
Adams, 1990; Harman, 2000; Gravel et al., 2007
58. • Aplicação do fungo – aumento da área foliar, de
raízes e altura da planta;
• Redução do tempo para germinação das
sementes e no florescimento;
• Planta mais desenvolvidas, melhor desempenho
na obtenção de água e nutrientes pelas raízes;
Mello, 2008
60. Principais espécies de Trichoderma.
*T. hamatum,
*T. viride,
T. auroviride,
*T. harzianum,
*T. koningii,
T. pseudokoningii,
T. longibrachiatum,
* T. polysporum,
T. glaucum,
* T. stromaticum,
* T. asperellum
(*) São espécies utilizadas nos programas de controle
biológico de fitopatógenos.
73. - Papel de antibiótico no controle da doença
permanece obscuro.
- Vários antibióticos foram identificados em
Trichoderma, sendo alguns voláteis (etileno,
aldeído, acetona etc).
- Alguns antibióticos: Trichodermin, Viridina,
Ciclosporina, Penicilina e outros.
75. Inibição do crescimento de
Sclerotinia sclerotiorum por
filtrado de cultura de
Trichoderma sp.
Inibição do crescimento de
colônias de Sclerotium rolfsii
por filtrado de cultura
Trichoderma sp.
76. Competição
• Capacidade de mobilizar e absorver
prontamente os nutrientes à sua volta e de
utilizar diferentes fontes nutricionais;
• Rápida multiplicação e colonização da
rizosfera;
• Resistência a vários compostos tóxicos
Chet et al., 1997; Benítez et al., 2004
79. Indução de mecanismos de
defesa da planta
• A planta, pré-induzida aos mecanismos de
defesa pelo agente de controle biológico,
responde à agressão por patógenos por
meio da produção de fitoalexinas, lignina
adicional das células e compostos
fenólicos.
Horsfall e Cowling, 1980; Barley, 1985; Van Driesche e Bellows, 1996
80. Ação indireta
Promoção do crescimento (solubilização de
nutrientes, produção de hormônios vegetais e
vitaminas)
81. Largo espectro de ação do
Trichoderma contra diversos
patógenos de plantas
85. Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) De Bary
• Importância econômica, perdas de 100%
• Ampla gama de hospedeiros (cerca de 75 famílias)]
• Plantio intensivo de culturas hospedeiras >
densidade > severidade.
• Doenças:
-Mofo branco,
-Podridão da haste de canola,
-Murcha de girassol,
-Murcha de alcachofra
109. Protocolo de reprodução do antagonista utilizando o
método de fermentação em susbstrato sólido
Cultivo puro, matriz e saco
plástico
110.
111.
112.
113. Valor predito máximo da densidade de esporos
para cada isolado e tempo e umidade onde
ocorre a maximização
Isolado Tratamento Valor Predito Máximo Tempo e Umidade
CEN162 Arroz 3.63 12h e 84%
CEN162 Milheto 0.49 18h e 85%
CEN223 Arroz 4.14 8h e 85%
CEN223 Milheto 13.83 18h e 83%
CEN238 Arroz 10.91 15h e 85%
CEN238 Milheto 9.29 18h e 85%
CEN241 Arroz 4.90 16h e 85%
CEN241 Milheto 8.10 19h e 90%