1. Práticas e Modelos de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares Metodologias de Operacionalização (Conclusão) Tarefa 2 da sessão 7 – Análise e comentário crítico à presença de referências a respeito das BEs, em relatórios da IGE Após uma leitura atenta de vários relatórios da IGE, detive-me, particularmente, em dois relatórios de dois agrupamentos de concelhos diferentes, a saber: do Agrupamento de Escolas de Mafra, de Março de 2009, inserido num município rural disperso e formado por 17 freguesias, e do Agrupamento de Escolas de D. Fernando, localizado na vila de Sintra, igualmente, de Março de 2009. É de salientar que os relatórios da IGE dos agrupamentos acima mencionados foram por mim objecto de uma análise mais aturada e leitura mais atenta e o que se depreende deles é que a importância atribuída ao papel da BE, enquanto recurso fundamental no processo de ensino-aprendizagem e contributo essencial para o sucesso educativo dos alunos, é, deveras e, surpreendentemente, pouco significativo, no caso do Agrupamento de Escolas de Mafra, e nada significativo, no caso do Agrupamento de Escolas de D. Fernando em Sintra. E sendo a BE parte integrante das escolas e fazendo, igualmente, parte do novo paradigma da aprendizagem e do sucesso educativo, como estrutura didáctico-pedagógica, será de estranhar que o próprio quadro de referência para a avaliação externa das escolas, desenhado pelo IGE, não contemple este recurso básico do sistema educativo. Tal como a IGE afirma, o processo de avaliação externa das escolas fomenta a auto-avaliação e constitui uma oportunidade para a melhoria, sendo o relatório de avaliação externa um instrumento de reflexão, proporcionando o debate, identificando pontos fortes e fracos, oportunidades e constrangimentos, com vista à construção/ aperfeiçoamento de planos de melhoria e de desenvolvimento de cada escola, articulada com a estrutura administrativa e com a comunidade em que se insere. Ora, em relação ao Agrupamento de Escolas de Mafra, nomeadamente, relativamente ao domínio 2: Prestação do Serviço educativo, o agrupamento valoriza a dimensão cultural, artística e científica bem como a formação integral dos alunos, promovendo hábitos de vida saudáveis e solidários, sem, contudo, fazer qualquer referência ao contributo da BE, quanto a esse item, o que é também de estranhar, pois o papel da BE é fundamental para optimizar esse domínio. E, igualmente, no item 1.4 Valorização e Impacto das Aprendizagens nada se diz, em relação à BE, quando sabemos que a BE, enquanto parceira fundamental, se assume como uma área nuclear essencial na promoção do sucesso educativo. No factor 2.4, Abrangência do currículo e valorização dos saberes e da aprendizagem, há uma referência, a meu ver bastante vaga, às actividades organizadas pela BECRE, na componente da valorização das dimensões culturais e artísticas. Ainda, no domínio da Organização e Gestão escolar, há uma referência à assistente operacional a exercer funções na BECRE com formação em arquivo e documentação, mas nada mais se adianta no relatório. No factor 3.3 Gestão dos Recursos Materiais e Financeiros, refere-se que a EB1 Hélia Correia tem a sua BE inserida na RBE e que os recursos, espaços e equipamentos estão bem organizados e acessíveis na BECRE, contudo não existe um reconhecimento da verdadeira identidade da BE e da sua importância na escola, numa perspectiva de desenvolvimento de competências dos alunos e de construção das suas aprendizagens. Quanto ao domínio da Liderança, no ponto 4.3, Abertura à Inovação, é, finalmente, reconhecido o papel que a BECRE do Agrupamento de Escolas de Mafra tem desenvolvido em actividades de consolidação da Identidade do Agrupamento, entre as quais um Projecto de Escrita Criativa que envolve todos os níveis de educação e ensino, promovendo-se, deste modo hábitos de escrita, na óptica do desenvolvimento das aprendizagens dos alunos. Também no item 4.4, Parcerias, protocolos e projectos, do Domínio da Liderança, se diz que o Agrupamento participa em vários projectos de âmbito nacional, referindo-se, de forma superficial, à contribuição da RBE, com resultados conducentes ao aumento do sucesso dos alunos. Nas Considerações Finais do relatório, em que a equipa do IGE identifica os aspectos estratégicos que caracterizam o Agrupamento, não é vista a BE como área de intervenção onde o Agrupamento deve incidir os seus esforços de melhoria. No que respeita ao Agrupamento de escolas D. Fernando, em Sintra, não há qualquer referência à verdadeira missão da BE como uma mais-valia para o agrupamento, no entanto, há interesse em procurar envolver os diversos actores educativos na definição de estratégias concertadas, com vista à melhoria do serviço prestado e do sucesso dos alunos, mas com essa lacuna da não referência da BECRE nos diversos campos de análise de avaliação tratados. Portanto, pelo que aqui foi explanado, muito há a fazer no que respeita ao trabalho da BE representada pela figura do PB, agora com exclusividade no cargo e a tempo inteiro, e coadjuvado por uma equipa experiente e dinâmica. Terá também que haver o necessário reconhecimento pela Direcção e Gestão de topo dos Agrupamentos, uma vez que os objectivos da escola não estão dissociados dos objectivos da BE e as BEs são espaços dinâmicos onde decorrem muitas actividades articuladas com o desenvolvimento dos currículos e com a comunidade educativa. Helena Caroça