1) O documento discute a importância do diagnóstico e tratamento da dor torácica no pronto-socorro.
2) Fatores de risco cardiovasculares, exames complementares como ECG e marcadores séricos e características da dor são importantes para o diagnóstico diferencial.
3) Uma avaliação clínica sistemática é essencial para direcionar os pacientes para o tratamento adequado e evitar internamentos desnecessários.
1. Manuseio da Dor Torácica no PS
Dr. Miguel A. Moretti FACC FAHA
InCor – HC – FMUSP
Coord. Médico PS e UCO Hosp. Bandeirantes
2. Dça Cardiovascular
EUA
40,6% mortes
12 milhões pcts portadores Dça Coronária
Brasil
> 32% mortes
São Paulo
> 13 mil mortes em 2000
28% das causas de morte
Neoplasia/SIDA/Morte Violenta: 18%
3. Importância
6000 unidades de emergência
95 milhões consultas/ano no PS
8 milhões por dor torácica
3 milhões por 5 milhões por
outras causas Ico ou suspeita
40% s/ MS em
Angina
5-12% evidência 300 mil
ou
16% IAM de Ico IAM
Morrem
Int.desnec.
16-40% Emereson et al, QJM 1989;30:213-20
Newboy and Mark, NEJM 1998;339:1930-2
CCardiol 1999;22:IV3-9
4. Dor Torácica - Importância
PROBLEMA
Excesso de pacientes
Emergência vs Urgência vs Eletivo
DIFICULDADE
triagem e identificação de pac. de risco
• 21% do “malpractice”das E.U.A.
• Custo - $ 6 bilhões / ano
Indicadores de qualidade
5. Indicadores de Qualidade no
Atendimento da SCA no PS
Diagnóstico
Instituição de Tratamento
Tempo
Morte
Disfunção de VE
ICC - Arritmia - Qualidade de Vida
6. Dor Torácica - Importância
• Internações Desnecessárias
– 16% (Emerson et al) 1
– 40% (Newby & Mark) 2
• Pacientes Dispensados com IAM
– 11.8% (Emerson et al) 1
– 12.0% (Newby & Mark) 2
– 5.0% (Ornato) 3
• Mortalidade dos Pacientes Dispensados
– 16.0% (Ornato) 3
1 QJM 1989;30:213-20 2 NEJM 1998;339:1930-2 3 CCardiol 1999;22:IV3-9
7. Avaliação da Dor Torácica -
Objetivos
• Reduzir perdas diagnósticas
• Agilizar diagnóstico e início do tratamento
• Evitar internações desnecessárias
• Registro de dados
8. Dor Torácica - Avaliação
• Objetivo
– Diagnóstico
– Otimização do uso de Recursos
• Triagem adequada
Características
– Segura
– Eficaz
– Sistematizada
9. Dor Torácica
Diagnóstico Diferencial
• Abordagem Inicial
• História
• Exame Físico
• Avaliação de Risco
• Métodos de Apoio
• Exames
• Estratégias
• Terapêutica
– Inicial
– Definitiva
10. Mecanismos da Dor
Neocórtex
Substâncias
Envolvidas
Tálamo
Medula Serotonina
Bradicinina
Histamina
Gânglio Adenosina
Simpático
Outros mecanismos
12. Diagnóstico Diferencial de Dor torácica
Cardiovascular
Gastrointestinal
Esophageal (esofagite, espasmo esofágico, hérnia de hiato)
Úlcera péptica
Gastrite
Colecistite
Neuromusculoesquelética
Costocondrite (Síndorme de Tietze)
Dor de parede de tórax
Radiculite torácica ou cervical
Artropatia de ombro
Torácica - Respiratória
Pneumotorax
Mediastinite
Pleurite
Cancer em tórax
Psicogênica
13. Causas Cardiovasculares de
Dor Torácica
Doença Coronária (com ou sem aterosclerose)
Doença Valvar Aórtica (estenose e insuficiência)
Cardiomiopatia
hipertrófica (obstrutiva ou não)
dilatada
Pericardite
Dissecção e aneurisma
Prolapso da valva mitral
Tromboembolismo pulmonar
Hipertensão Pulmonar
15. Caracterização da Dor torácica
• Irradiação
• Intensidade
• Fatores de melhora e de piora
• Fatores relacionados ao tempo
– Duração
– Frequência
– Recorrência
– Relação circadiana
• Sinais/Sintomas e Gestos associados
16. Diagnóstico Diferencial
Tipo Localização Duração Desenca- Fatores de Outros
deantes Melhora Aspectos
Síndromes Opressiva Precordial 5-15 min. Esforço Repouso Circadiano
Isquêmicas Angústia Retroesternal Estresse Nitratos Resposta
Constrição Repouso Tratamento
Pericardite Opressiva Precordial Contínua Infecção Sentar
Constrição Retroesternal IAM AINH
Ardência AIH
Dissecção Pontada Face Anterior Contínua HAS
de Aorta Facada do Tórax Espontânea
Lascinante
TEP Pontada Tórax > 30 min. Espontânea Repouso Dispneia
Pleurítica Trat/to
Infecção Pleurítica Base de Tórax > 30 min. Infecção Deitar de Dispneia
Pulmonar Retroesternal Lado
Esôfago Aperto Retroesternal 5-60 min. Esforço Nitrato
Espasmo Epigástrica Alimentação Antiácidos
Queimação Espontânea Alimentação
Úlcera Peso Epigástrica Horas Jejum Antiácidos Cólica
Queimação Alimentação Alimentação
Vesícula Espasmo Epigástrica Horas Espontânea Analgésicos Cólica
Aperto Alimentação
Osteomio- Superficial Tórax Contínua Movimento Repouso
facial Fisgadas Variável Trauma Analgésicos
Da Costa Angústia Hemitórax Variável Espontânea Resp. Dif.
Opressiva Precórdial Estresse ao trat/to
17. Classificação “Cass” Tipo de Dor
• Definitivamente Anginosa: suas características dão a certeza do
diagnóstico de ICO.
• Provavelmente Anginosa: características fazem ICo a 1a
hipotése, mas necessitam de exames para confirmação.
• Provavelmente Não Anginosa: as características não fazem ICo
a 1a hipótese, mas necessitam de exames para sua exclusão.
• Definitivamente Não Anginosa: as características dão a certeza
do não diagnóstico de ICo
* NEJM 1979;301:230-35
19. Fatores de Risco
Fatores de • Dislipidemias
risco • Tabagismo
tradicionais • Hipertensão Arterial
• Diabetes e Resistência à Insulina
Poder de
• História Familiar
previsão de
40-50% • Distúrbios de hemostase e trombose
• Obesidade
Fatores pouco • Sedentarismo
caracterizados • Estado hormonal
• Estress mental, alimentação, apnéia de sono, ronco, calvície
Novos fatores
• Homocisteína
de risco • Lipoproteína-(a)
Poder de • Função Fibrinolítica (t-PA, PAI-1)
previsão de • Marcadores Inflamatórios (sistêmicos, endoteliais, de parede
arterial, de leucócitos e de plaquetas)
50-60%
22. ECG Inicial vs Evolutivo
Artéria DA CD CX
Pacientes 31 16 21
Inicial
< 12hs (%) 100 94 71
Evolutivo
o
5 dia (%) 100 100 90
23. Marcadores de lesão
• Presente precocemente após IAM
• Altas concentrações no miocárdio
• Ausência em outros tecidos e no soro
• Rapidamente liberado no sangue
• Relação linear entre o nível plasmático e a
extensão de lesão miocárdica.
• Persistência no sangue por tempo suficiente
para prover uma boa janela diagnóstica.
25. Creatinoquinase MB
• Clássico, disponível.
• Isoforma da creatinoquinase 1-3% da CK
• Predomina no miocárdio, sendo encontrada
no músculo esquelético e cérebro.
• Detectada no sangue 4-8 h após o infarto.
• Pico em 24 horas, não havendo reperfusão.
• Detectada no soro até 2-3dias do IAM.
26. Complexo troponina
• Presente em outros tecidos.
• Alta especificidade conferida pela
determinação genética 90-100%.
• Liberação após poucas horas do início do
IAM. Pico de 24h. Permanece 7 a 14 dias.
• Maior sensibilidade. Até 30% das anginas
instáveis apresentam elevação de Tn.
27. Complexo troponina
• Diagnóstico mais precoce de IAM 50%
de aumento em 3-4 horas.
• Maior tempo de permanência no sangue.
• Informação prognóstica a curto e longo
prazo: mortalidade, choque cardiogênico
e desenvolvimento de ICC.
28. DIAGNÓSTICO
Quadro Clínico
Probabilidade de Doença Coronária
(fatores de risco)
ECG
29. UDT
Finalidade
Assistir o paciente com dor torácica de
forma global, promovendo qualidade
e presteza no diagnóstico e
tratamento da doença coronária
Educação continuada de pacientes e
comunidade
30. Unidade de Dor Torácica
Impacto UDT (Botsford Hospital)
1993 1996
Pac. Admitidos 591 470 (< 51.1%)
Média Dias Internação 3.4 2.1 (< 39.1%)
Pac. com Intern Curta 019 347(> 1726%)
Third National Congress of Chest Pain Centers in Emergency Departaments
31. Systematic review and modelling of the
investigation of acute and chronic chest pain
presenting in primary care.
J Mant, RJ McManus, RAL Oakes et als
Oxford e Birmingham
Publicações de 1966 – 1999
Foram 10.862 elegíveis para inclusão – Excluídos pelo título = 5344
pelo resumo = 4758
pelo texto = 590
Analisados - 170
Health Technology Assessment 2004;vol8:N0.2
32. Conclusões e achados para SCA
• Na dor torácica aguda, nenhum achado clínico isolado é
útil na exclusão ou confirmação da SCA. Os únicos
específicos são a dor pleurítica e a dor a palpação.
• A elevação do ST é o achado ECG mais efetivo na
confirmação de IAM e o ECG totalmente normal não pode
afastar essa hipótese.
• Na decisão do manuseio estratégico, a utilização da
troponina tem elevado custo-efetividade.
• O acesso rápido a unidades de dor não tem a mesma
vantagem nos casos de angina de esforço como tem nos
casos de SCA.
J Mant - Health Technology Assessment 2004
33. DOR TORÁCICA
Dor torácica
Unidade de SALA DE
Emergência EMERGÊNCIA
AVALIAÇÃO CLÍNICA + ECG
ICO AGUDA DOR NÃO ISQUÊMICA
SUSPEITA DE ICO
ECG ISQUÊMICO
C/ SUPRA ST S/ SUPRA ST ECG INESPECÍFICO ECG NÃO ISQUÊMICO
AÓRTICA
TROMBÓLISE ASPIRINA
DESCARTAR PULMONAR
OU HEPARINA
DISSECÇÀO DE DIGESTIVA
ATC 1ária NITROGLICERINA
AORTA(RX TÓRAX ÓSTEO-MUSCULAR
b-BLOQUEADORES
E CT S/N)
INIBIDORES IIB,IIIA
CONDUTA CONFORME
UNIDADE
DOR JULGAMENTO CLÍNICO
CORONÁRIA
ISQUÊMICA