A introdução apresenta a contabilidade como uma área que surgiu da necessidade de controlar patrimônios desde a antiguidade. Explica que a contabilidade moderna teve início com o frei italiano Lucas Pacciolli no século 15, que descreveu os métodos de contabilização com partidas dobradas. Por fim, destaca que a contabilidade de custos surgiu com o desenvolvimento industrial para auxiliar na gestão das empresas.
3. Custos e gestão financeira fácil
Adryadson Flabio Nappi
Custos
e
Administração Financeira fácil
3
4. Adryadson Flabio Nappi
“Custos e Administração financeira fácil” de Adryadson Flabio Nappi
* julho de 2010
* Todos os direitos reservados para o Autor.
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sem a autorização do autor
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Nappi, Adryadson Flabio
Custos e Gestão Financeira fácil, 2010
Edição do Autor, Piracicaba/SP, 2010 – 136p
Lançamento do Clube dos Escritores Piracicaba
I - Literatura Brasileira - Didáticos
CDD - 869.91
4
5. Custos e gestão financeira fácil
SUMÁRIO
Apresentação
Introdução
PARTE I – CONTABILIDADE DE CUSTOS
Introdução
I – Breve história da contabilidade
1.1 - Necessidade de um controle para as novas indústrias.
II – Contabilidade de custos e sua aplicação
2.1 - Importância da contabilidade de custos para gestão.
2.2 - Contabilidade de custos em empresas não industriais.
III – Conceitos básicos de contabilidade de custos
3.1 – Gastos
3.3 - Custos e despesas
3.2 - Investimento
3.4 – Custos Diretos
3.5 – Custos indiretos
3.6 – Custos fixos
3.7 – Custos variáveis
3.8 – Custos semi-variáveis
IV – Métodos de custos utilizados
4.1 – Custeio direto ou variável.
4.2 – Custeio por absorção.
4.3 – Custeio Integral
4.3.1 - Custeio ABC
4.3.2 - Custeio RKW
4.4 – Diferença entre os métodos
4.5 – Custeio variável versus Custeio por absorção
V – Formas de custeamento
5.1 - Custo Real
5.2 – Custo padrão
5
6. Adryadson Flabio Nappi
5.2.1 - Tipos de Custo padrão.
5.2.2 - Construção do Custo padrão.
5.3 - Custo orçado ou estimado
VI – Sistemas de acumulação de custos
6.1 – Custeamento por ordem.
6.2 - Custeamento por processo
6.3 - Diferenças básicas entre custeio por ordem e processo.
6.4 – Custeamento por operações – sistema híbrido
VII – Análise de Custo/Volume/Lucro
7.1 – Margem de contribuição
7.2 – Ponto de equilíbrio
7.3 – Alavancagem operacional
VIII – Formação de preço de venda
8.1 - Preço de venda a partir do mercado.
8.2 - Preço de venda a partir do custeio direto/variável.
8.3 - Preço de venda a partir do custeio por absorção.
8.4 - Mark -up
IX – Alguns conceitos de contabilidade gerencial
9.1 – Departamentalização.
9.2 – Ativo intangível
9.3 – Relatórios gerenciais.
X – Avaliação e controle de estoques
10.1 – Sistema de Inventário Periódico
10.1.1 – Empresas industriais
10.1.2 – Empresas comerciais
10.1.3 – Empresas prestadoras de serviços
10.2 – Sistema de Inventário Permanente
Conclusão
6
7. Custos e gestão financeira fácil
PARTE II – ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
I – Administração Financeira
1.1 – O qué finanças?
1.2 – O administrador financeiro
1.3 – Oportunidades de carreira
1.4 – Atividades-chaves do administrador financeiro
II – Demonstrações financeiras básicas
2.1 – Principais demonstrações financeiras
2.2 – Balanço Patrimonial
2.2.1 – Divisão do Balanço Patrimonial
2.3 – Demonstração do Resultado do Exercício
2.4 – Fluxo de Caixa
2.4.1 – Análise de algumas fontes de recursos
III – Análise das demonstrações financeiras
3.1 – Análise de Liquidez
3.1.1 – Liquidez Geral
3.1.2 – Liquidez Corrente
3.1.3 – Liquidez Seca
3.1.4 – Liquidez Imediata
3.2 – Índices de atividade
3.2.1 – Prazo médio de recebimento (PMR)
3.2.2 – Prazo médio de pagamento (PMP)
3.2.3 – Giro de estoque
e Prazo médio de estocagem (PME)
3.3 – Ciclo Operacional e Ciclo financeiro
3.3.1 – Ciclo operacional
3.3.2 – Ciclo financeiro
3.4 – Índices de Rentabilidade
3.4.1 – Giro do Ativo
3.4.2 – Margem líquida
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8. Adryadson Flabio Nappi
3.4.3 – Rentabilidade do Ativo (ROI)
3.4.4 – Rentabilidade do Patrimônio Líquido (ROE)
IV – Análise vertical e horizontal
4.1 – Análise vertical
4.2 – Análise horizontal
Conclusão
Bibliografia
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9. Custos e gestão financeira fácil
APRESENTAÇÃO
Este trabalho tem como objetivo, levar o aluno ou o
empresário ao aprendizado da ciência administrativa
financeira. Com fundamentos básicos e avançados, o
estudante deverá obter uma compreensão teórica e prática
no que se diz respeito à parte financeira de uma empresa.
Dentro de nosso estudo, passaremos por noções básicas
de contabilidade de custos e suas aplicações.
Passaremos também por fundamentos básicos da área
financeira, envolvendo atividades práticas, como fluxo de
caixa, contas a pagar e receber. Usando fundamentos da
ciência contábil, avançaremos para uma análise avançada
de relatórios financeiros através de índices, análise
vertical e horizontal.
Com linguagem acessível e fácil, esse manual visa
atender alunos, empresários em geral, e pessoas
interessadas na área, levando-os a conhecer pontos
importantes para uma boa gestão financeira.
Mãos à obra!
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11. Custos e gestão financeira fácil
INTRODUÇÃO
Em um mundo totalmente competitivo e globalizado, a “seleção
natural” do mercado forçou as empresas a buscarem uma compreensão
mais elaborada sobre a administração dos negócios.
Segundo Padoveze (2003, p.30), essa necessidade “está
associada com o advento do capitalismo industrial e apresentou um
desafio para o desenvolvimento da contabilidade e da ciência
administrativa como ferramenta de gerenciamento industrial”.
O crescimento industrial com a Revolução Industrial na
Inglaterra foi o início de uma nova fase para o capitalismo mundial.
Padoveze afirma que no século XIX e início do século XX, o mundo
presenciou uma expansão enorme da indústria, particularmente dos
Estados Unidos e Inglaterra.
Assim, a preocupação com uma administração mais intensa e
eficaz, deu início a um processo chamado Administração Científica.
Desta forma, muitos foram os teóricos que se debruçaram nos livros,
para fazer da administração empresarial uma ciência que produz
resultados.
Baseados na doutrina de Adam Smith, no livro “Riqueza das
Nações”, o comércio torna-se mais livre e, conseqüentemente, se
expandiu rapidamente, fazendo surgir assim as “escolas” da
administração.
Podemos citar rapidamente uma delas, a chamada Escola
Clássica da Administração, composta por Max Weber, Frederick Taylor
e Henri Fayol.
11
12. Adryadson Flabio Nappi
Escola Clássica
da
Administração
Max Weber Frederick Henri Fayol
(1864-1920) Taylor (1841-1925)
(1856-1915)
Tipo ideal de Escola Clássica Processo adm. e
Burocracia da Papéis dos
Administração gerentes
Max Weber
Demonstrou o lado impessoal da burocracia (não considerando
as pessoas). Weber dizia que a administração moderna depende de uma
série de Organização de normas empresariais. Fundamentou-se no
princípio da Autoridade e Obediência para o bom andamento das
organizações.
Frederick Taylor
Preocupou-se basicamente com problemas relacionados à
administração das organizações. Para Taylor, a organização,
estruturação empresarial, divisão clara de responsabilidades, delegação
de tarefas, integração entre os departamentos e aptidão necessária dos
trabalhadores para com o serviço executado, eram características
fundamentais para uma boa administração.
12
13. Custos e gestão financeira fácil
Henri Fayol
Este teórico dizia que a administração não é uma atividade
reservada apenas para as empresas, mas sim, para todos os
empreendimentos humanos, seja família, negócios ou governo. Foi o
primeiro a dividir a empresa em seis atividades distintas: Técnica
(produção), Comercial (compra, venda e troca), Financeira (procura e
utilização de capital), Segurança (proteção da propriedade e das
pessoas), Contabilidade (registro de estoques, balanços, custos e
estatísticas) e Administração (planejamento, organização, comando,
coordenação e controle).
Percebemos então que, nesse contexto, começa a surgir a área
financeira nas empresas com a finalidade de procura e utilização de
capital. É importante dizer nesse momento que a Contabilidade é
parte integrante e, por que não dizer, fundamental para a área
financeira.
Com o crescimento mercadológico e comercial, cresce também
as funções da área financeira, e a contabilidade começa a ser
instrumento de gerenciamento e controle. Por essa razão, o bom
administrador precisa conhecer minimamente a contabilidade, pois é
através dos seus relatórios que alcançamos informações fundamentais
para a saúde financeira da empresa.
As quatro grandes áreas da empresa
É possível afirmar sem sombra de dúvidas que, para o bom
andamento de uma organização, é preciso ter claramente definido,
minimamente, quatro grandes áreas na empresa. São elas:
13
14. Adryadson Flabio Nappi
Fluxo das áreas da empresa:
RECURSOS PRODUÇÃO
HUMANOS
MARKETING FINANCEIRO
E VENDAS
É certo dizer que este grande “Z” da empresa é um requisito
mínimo para o bom andamento dos negócios. É preciso obter boas
contratações e um departamento de pessoal responsável e competente
para que a produção seja feita com qualidade. Assim produzido, um
bom setor de marketing e vendas do produto elaborado com certeza irá
gerar lucros e resultados positivos para o setor financeiro da empresa.
Nosso objetivo, nesse trabalho, será estudar minuciosamente o
departamento financeiro de uma empresa, tentando colocar em pauta as
principais rotinas de um administrador financeiro, seus relatórios e suas
análises, visando assim, um bom andamento e uma organização
lucrativa e rentável.
Assim, começaremos estudando a contabilidade de custos para
terminarmos na análise de índices financeiros.
Questões para aprofundamento:
1 – Quais são os principais pensadores da Escola Clássica e quais foram
suas principais doutrinas?
2 – Explique o “Z” da empresa?
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15. Custos e gestão financeira fácil
PARTE I
CONTABILIDADE DE CUSTOS
15
17. Custos e gestão financeira fácil
INTRODUÇÃO
A preocupação com a Contabilidade nasceu desde que o
homem passou a possuir bens, surgindo a necessidade de controlá-los e
administrá-los adequadamente. Assim, "a contabilidade nasceu com o
objetivo básico de controle de patrimônio das pessoas". (SILVA, 1992,
p.8).
"O ato de contar o rebanho nas mais antigas épocas,
por exemplo, quando os pastores da antigüidade
levavam seu rebanho para o pastoreio, logo pela
manhã, ao retirar o rebanho do cercado, a cada ovelha
que saia para o campo, se colocava uma pedrinha em
um embornal, e depois de todas as ovelhas saíssem,
tinha-se o total das mesmas em pedrinhas dentro do
embornal. Ao voltar a tarde, cada ovelha que entrasse
novamente ao cercado, retirava-se uma pedrinha do
embornal. Isso é contabilidade, ou seja, qualquer forma
de controle de patrimônio". (SILVA, 1992, p.8)
Por essa razão, não se tem uma data certa do aparecimento da
contabilidade, mas sabe-se que por volta de 1494, segundo Silva (1992,
p.9), um frei italiano chamado Lucas Pacciolli, escreveu um livro
chamado "Summa", que descreveria todos os métodos de
contabilização com a conhecida "partidas dobradas", e acabou sendo
considerado o pai da contabilidade moderna.
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18. Adryadson Flabio Nappi
Passarelli et al (2003, p.9), diz que, desde os primeiros séculos
da idade média até o fim do século XVI, faz parte da chamado primeira
etapa da evolução do sistema de produção na civilização oriental. Esta
etapa compreende com os sistemas de produção conhecidos como
familiar, de corporações e doméstico.
Com a evolução do mercado e o crescimento populacional e
urbano, surge o cenário para o sistema de produção atual, denominado,
sistema de produção fabril.
“Esse sistema começou a nascer quando o antigo
intermediário do sistema doméstico começou a
perceber que o sistema doméstico não era bastante ágil
e produtivo para atender o crescimento acelerado de
centros urbanos e a demanda produtiva, e passou a
introduzir mudanças radicais na estrutura da
organização produtiva. Levantando vultuosos capitais,
inventou a fábrica: tirou o artesão e seus ajudantes de
casa, transformou-os em simples assalariados, pondo-
os a trabalhar nas instalações e com equipamentos de
sua propriedade. Agora, o mestre artesão, bem
conceituado e independente, transformou-se em feitor
ou supervisor de fábrica”. (PASSARRELLI et al, 2003,
p.10)
Com esse sistema, nasce a contabilidade de custos, que segundo
Padoveze (2003, p.30), "está associada com o advento do capitalismo
industrial e apresentou um desafio para o desenvolvimento da
contabilidade como ferramenta de gerenciamento".
18
19. Custos e gestão financeira fácil
Neste contexto, pode-se perceber a necessidade do dono de
fábrica de controlar sua produção e as operações que estão contidas na
mesma. Essa preocupação foi o passo inicial para um modelo contábil
gerencial, onde se pudesse tomar decisões e controlar o patrimônio, ao
mesmo tempo.
O modelo produtivo já não era tão simples como contar as
ovelhas que saíam do cercado, e, por essa razão, segundo Padoveze
(2003, p.30) "para atender a demanda crescente, fazendas e fábricas
maiores (originalmente denominadas manufaturas), exigindo mais
equipamento, tornaram-se comuns. Mais capital era necessário e os
bancos foram surgindo para fornecê-los".
Assim, a arte das "partidas dobradas" inventadas pelo Frei
veneziano Lucas Pacciolli, citado acima, deu um impulso notável no
ato de registrar dados e transações econômicas e financeiras neste
período. (PASSARELLI et al, 2003, p.11)
Enfim, com a insuficiência de informações na que chamamos
de contabilidade geral, a contabilidade de custos veio tomar forma para
que os administradores e proprietários de empresas pudessem obter
informações relevantes e confiáveis para a tomada de decisão.
Nasce então a contabilidade gerencial propriamente dita, e a
contabilidade de custos com os modelos de análise de custos e diversos
métodos, como o custeio variável, custeio por absorção, custeio ABC e
RKW. (MOREIRA et al, 2003)
Em resumo, o trabalho teve o objetivo principal de analisar os
modelos e métodos de custos existentes.
Muitos são os estudos feitos na área de custo, que, sem dúvida,
é um dos mais discutidos assuntos na atual realidade de mercado. A
concorrência global faz com que o controle de custos seja uma
preocupação constante das empresas como instrumento de
gerenciamento e tomada de decisão.
19
20. Adryadson Flabio Nappi
Por essa razão, o crescimento da necessidade da contabilidade
de custos e da contabilidade gerencial é constante no cenário atual.
Da mesma forma que o crescimento de mercado atinge as
empresas, os antigos escritórios de contabilidade também estão sendo
afetados, tendo eles que se preocuparem com a maneira mais adequada
de gerir seus negócios, transformando-se em empresas contábeis.
20
21. Custos e gestão financeira fácil
I – BREVE HISTÓRIA DA CONTABILIDADE
A contabilidade surgiu em uma época muito antiga, onde não
podemos dizer com precisão a data de seu nascimento. Porém, basta
saber que ela nasceu em uma época em que já se exigia uma maneira
mais organizada e científica de se controlar o patrimônio.
Padoveze (1996, p.29) diz com muita simplicidade que
“patrimônio é o conjunto de riquezas de propriedade de alguém ou de
uma empresa”.
Afirma a sociologia que existiu uma época primitiva em que
tudo era de todos e, portanto, não existia patrimônio. Com a evolução
do homem e dos sistemas de produção, iniciou-se um processo de
acumulação de patrimônio e assim, a contabilidade começou a surgir.
O ato de contar, já é uma contabilidade. Por essa razão, Silva
(1992, p.8) afirma que desde quando os pastores da antigüidade
contavam seu rebanho através das pedrinhas que jogavam em
embornais, já existia a contabilidade.
Com o crescimento e desenvolvimento da humanidade, evolui-
se também a contabilidade. Segundo historiadores, é dito que os
mercadores venezianos da antigüidade possuíam formas de registrar as
suas operações e controlar seu patrimônio.
Estas formas estavam escritas em livretos que eram de
conhecimento da época e em 1494, foi publicado na Itália, segundo
Padoveze (1996, p.40), o Tratatus de Computis et Scripturis, dentro
da obra Summa de Arithmética, Geometria, Proportioni et
Proporcionalitá do Frei Luca Pacciolli, matemático, teólogo e
contabilista. Com isso, Luca Pacciolli ficou sendo considerado o pai da
Ciência Contábil moderna.
21
22. Adryadson Flabio Nappi
Nesta obra, a grande novidade foi a introdução do método de
escrituração contábil denominado “Método das partidas dobradas”,
onde Pacciolli reconhece esse método como o ideal para a escrituração
contábil.
As partidas dobradas fizeram surgir então o chamado
Patrimônio Líquido, onde não existia no método da partida simples.
Ainda Padoveze (1996, p.40) diz que “a partida simples buscava
contabilizar os bens e direitos, mas não dava a dimensão do
fundamento causa-efeito, o que fundamenta as partidas dobradas”.
Assim, evoluiu a chamada hoje ciência contábil, juntamente
com a necessidade de contabilizar e controlar transações.
Com a revolução industrial e a grande virada do mercado, se
transformava também a contabilidade como um instrumento de controle
de patrimônio, que a cada dia se concentrava na mão de poucos.
Os sistemas de produção iam se modificando e com ela, a
necessidade de um controle maior.
Segundo Passarelli et al (2003, p.10), os sistemas que no
começo do capitalismo se caracterizava familiar, agora estava sendo um
sistema de produção denominado fabril. Neste instante, nasce uma nova
expectativa da contabilidade, e uma nova visão dos então chamados
administradores e proprietários das primeiras fábricas que nasciam.
1.1 - Necessidade de um controle para as novas indústrias.
Com o crescimento do mercado e a transformação do antigo
sistema doméstico para o sistema fabril, a contabilidade abriu espaço
para uma nova etapa, onde se começa a surgir a contabilidade de
custos.
Tudo isso se deu, segundo Passarelli et al (2003, p.11), pela
transformação do sistema fabril, sendo que o proprietário da fábrica,
22
23. Custos e gestão financeira fácil
não era mais aquele antigo artesão mestre, mas sim, o intermediário que
se tornou administrador.
Pode-se chegar a conclusão que, a contabilidade de custos
surgiu quando se separou a administração da produção. Ou seja, no
momento em que um terceiro contrata pessoas para produzir, exige-se
um maior controle para se tomar decisões.
Assim, com a necessidade de um instrumento de gestão para os
novos empreendedores, nasce a contabilidade de custos.
23
25. Custos e gestão financeira fácil
II - CONTABILIDADE DE CUSTOS E SUA APLICAÇÃO.
Para Martins (2001, p.19), até a Revolução Industrial (séc.
XVIII) quase só existia a Contabilidade financeira ou geral, que era
suficiente para servir as empresas comerciais da Era Mercantilista.
Porém, com o advento das indústrias, ficou difícil para os contadores
identificarem facilmente os valores dos estoques para fechamento de
seus balanços, surgindo então a contabilidade de custos.
Tal afirmação de Martins vem afirmar aquilo que já foi
discutido anteriormente, dizendo que a Revolução Industrial veio trazer
a contabilidade de custos. Porém, Eliseu Martins expressa algo a mais,
dizendo que a necessidade de atribuir valores para os estoques das
empresas, no momento do fechamento de balanço e apuração do
resultado, fez com que surgisse a contabilidade de custos propriamente
dita.
Percebe-se então num primeiro momento que a contabilidade
de custos primitiva veio do estoque das empresas.
Martins (2001, p.19) explica que “no balanço final,
permaneciam como estoques no Ativo apenas os valores sacrificados
pelas compras dos bens. Nenhum outro valor era ativado, como juros e
encargos financeiros, honorários dos proprietários e administradores,
salários e comissões e outros. Todos estes gastos eram automaticamente
apropriados como despesas do período, independentemente da venda ou
não da mercadoria”.
Assim começou-se a avaliação de estoques dentro do âmbito
industrial, nas empresas modernas.
25
26. Adryadson Flabio Nappi
2.1 - Importância da contabilidade de custos para gestão
Sem dúvida a contabilidade de custos é um dos instrumentos
mais poderosos de gestão para uma empresa moderna. Devido a toda
sua importância, dela nasceu um método de gerenciamento que é
denominado Contabilidade Gerencial.
“A contabilidade gerencial pode ser caracterizada,
superficialmente, como um enfoque conferido a várias
técnicas e procedimentos contábeis já conhecidos e
tratados na contabilidade financeira, na contabilidade
de custos, na análise financeira de balanços etc.,
colocados numa perspectiva diferente, num grau de
detalhe analítico ou numa forma de apresentação e
classificação diferenciada, de maneira a auxiliar os
gerentes das entidades em seu processo decisório”.
(IUDÍCIBUS, 1987, p.15)
Assim, pode-se afirmar que a contabilidade de custos foi um
grande instrumento para que surgisse a contabilidade gerencial.
2.2 - Contabilidade de custos em empresas não industriais.
Tamanha a sua aplicação no cenário atual das empresas e tão
grande a sua importância no mercado globalizado e competitivo, que a
contabilidade de custos passou a ser um instrumento essencial e
indispensável para os administradores, passando então a ser implantada
não somente em empresas industriais para controle de estoques como
26
27. Custos e gestão financeira fácil
do princípio, mas para as empresas prestadoras de serviços, que, diga-se
de passagem, é o tema do trabalho em questão.
Para essa questão, Martins (2001, p.23) diz que para as
empresas prestadoras de serviços que eventualmente faziam uso dos
custos para avaliação dos serviços em andamento, o campo para essas
empresas alargou-se muito.
É extremamente comum nos dias de hoje, ver empresas como
Bancos, Financeiras, escritórios de planejamento, de auditoria e outros,
utilizarem da contabilidade de custos. Para esses casos, passou-se a
utilizar e explorar o potencial para controle e para a tomada de
decisões, com as informações levantadas por um bom controle de
custos.
27
29. Custos e gestão financeira fácil
III - CONCEITOS BÁSICOS DE CONTABILIDADE DE
CUSTOS.
Para se ter uma implantação correta de uma contabilidade de
custos, é preciso perceber e entender algumas terminologias específicas
que a contabilidade de custos tem, para verificar corretamente os
métodos e técnicas de análise de custos.
Sendo assim, inicia-se com o conceito de gastos, custos e
despesas e outros.
3.1 – Gastos
Segundo Passarelli et al (2003, p.31), os gastos são valores
monetários de todos os desembolsos e compromissos assumidos pela
empresa no desempenho de suas operações de produção de bens e
serviços.
São ocorrências genéricas e abrangentes, por essa razão,
diferenciam-se com outras terminologias, como investimentos, custos e
despesas.
3.2 - Investimento
Padoveze (2000, p.221) diz que “são gastos efetuados em ativo
ou despesas e custos que serão imobilizados ou diferidos. São gastos
ativados devido sua vida útil ou benefícios futuros”.
3.3 - Custos e despesas
29
30. Adryadson Flabio Nappi
Martins (2001, p. 25) cita como “todo gasto relativo a bem e
serviço utilizado na produção de outros bens e serviços”. Já para a
despesa, é o bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a
obtenção de receitas.
A contabilidade de custos apareceu na idéia de controle de
indústria, porém, nos dias de hoje, muitas empresas de serviços
passaram a utilizar a contabilidade de custos para gerenciamento, que é
o caso do trabalho em questão. Pensando nessas terminologias, como
poderíamos fazer uma contabilidade de custos em uma empresa de
serviço que só tem despesa?
Para isso, Martins (2001, p. 27) alerta que devem-se usar da
idéia que tais entidades são produtoras de utilidades, e assim possuem
custos que imediatamente se transformam em despesas, sem que haja a
fase de estocagem, como no caso de uma indústria. Por essa razão, a
terminologia está correta.
3.4 – Custos Diretos
Em linhas gerais, custos e despesas diretas são aqueles
facilmente identificados a um determinado produto, segundo Padoveze
(2000, p.236).
Passarelli et al (2003, p.33), define custo direto como aquele
que podemos mensurar quanto pertence a cada um, de forma objetiva e
direta.
Esses tipos de custos não são necessários elaborar formas de
rateio, pois conseguem ser identificados no produto facilmente, como o
caso da matéria prima, componentes e outros.
30
31. Custos e gestão financeira fácil
3.5 – Custos indiretos
Todos os gastos que não são considerados diretos são indiretos.
Segundo Martins (2001, p.53), os custos indiretos são aqueles que não
oferecem uma medida objetiva e qualquer tentativa de alocação, tem
que ser feita estimada, por rateio.
Os custos indiretos são identificados geralmente no produto
final, e são de caráter genérico e não específico. (PADOVEZE, 2003)
3.6 – Custos fixos
São aqueles que independem do volume da produção. Segundo
Moreira et al (2004), os custos fixos são aqueles que independem do
volume de produção, ou seja, se a fábrica produz ou não, o custo fixo
total é o mesmo.
Vale ressalta neste item que, conforme Padoveze (2000, p.237),
embora classifiquemos alguns custos como fixo, todos os custos estão
sujeitos a mudança.
A representação gráfica de custos fixos pode ser feita da
seguinte forma:
Custos Fixos
Custos
Unidades produzidas
31
32. Adryadson Flabio Nappi
3.7 – Custos variáveis
São aqueles que dependem do volume da produção ou no nível
de atividade. Neste conceito, estão compreendidos todos aqueles custos
que conforme a empresa produz, o custo aumenta.
Da mesma forma, os custos variáveis podem ser representados
pelo seguinte gráfico, de uma maneira bem simplificada.
Custos variáveis
Custos
Unidades produzidas
3.8 – Custos semi-variáveis
Segundo Padoveze (2000, p.239), “são os custos em que existe
variação em relação a quantidade produzida, mas não tem relação
direta. Variam mas não na proporção exata 1:1.
32
33. Custos e gestão financeira fácil
A representação gráfica deste caso seria:
Parte variável
Custos
Unidades produzidas
33
35. Custos e gestão financeira fácil
IV – MÉTODOS DE CUSTOS UTILIZADOS
Estarão sendo abordados neste trabalho alguns métodos de
custeamento que são utilizados nas empresas e organizações em geral.
É importante dizer que o processo de custeamento de produtos
ou serviços nas empresas depende do sistema e do método de custo
podendo-se alcançar valores e estruturas diferentes para cada sistema e
método utilizado.
Moreira et al (2004) define simplesmente que método é o
mecanismo que define os custos que farão parte do custeamento do
produto ou serviço, e sistema é a maneira de mensuração de cada
componente do custo.
Para Padoveze (2000, p.241), método de custo é o “processo
utilizado para identificar o custo unitário de um produto, partindo dos
custos diretos e indiretos”.
4.1 – Custeio direto ou variável.
Neste método, resumidamente, consiste em apropriar aos
produtos ou serviço apenas os gastos variáveis da empresa. Como já
vimos anteriormente, gastos variáveis são aqueles que variam em
proporção direta com a produção.
Esse método é considerado o melhor para decisões gerenciais
segundo Padoveze (2000, p.242), pois os custos fixos indiretos não são
alocados aos produtos e são tratados como despesas do período.
Moreira et al (2004) acrescenta ainda que o custeio variável é
melhor para tomada de decisão, pois “considera que os custos fixos
estão relacionados diretamente a capacidade de instalação da empresa e
não ao nível de produção”.
35
36. Adryadson Flabio Nappi
Este método não é aceito pela legislação, desta forma, é
necessário, para efeito de fiscalização, que as empresas se utilizem o
custeio por absorção, próximo método a discutir.
Segundo Martins (2001, p.220), este método fere os princípios
contábeis, principalmente o da Competência e a Confrontação. Segundo
estes, devemos apropriar as receitas e delas deduzir todos os sacrifícios
envolvidos em sua obtenção. Por essa razão, não seria correto jogar
todos os custos fixos nas vendas de hoje, se parte dos produtos feitos só
venderá amanhã.
4.2 – Custeio por absorção.
“É o método que quando ao custear os produtos fabricados,
pela empresa, são atribuídos a esses produtos, além dos gastos
variáveis, os gastos fixos” diz Passarelli et al (2003, p.40), onde estes
gastos fixos são atribuídos por critérios de distribuição.
Este método é o tradicional, utilizado pelas empresas no mundo
todo.
4.3 – Custeio Integral
Conforme Padoveze (2000,p.242), é um prolongamento do
custeio por absorção. Neste caso, as despesas com vendas e
administração também são alocados aos produtos.
4.3.1 - Custeio ABC
Neste conceito se encaixa o conhecido Custeio ABC, onde
através de técnicas de rateio, se distribui as despesas comerciais e
administrativas da empresa, jogando-a no custo dos produtos.
36
37. Custos e gestão financeira fácil
Em busca da definição de Custeio ABC, Ching (1995,p.41)
apresenta como “um método de rastear os custos de um negócio ou
departamento para as atividades realizadas e de verificar como estas
atividades estão relacionadas para a geração de receitas e consumos de
recursos”.
Capasso et al (1997, p.74) diz que “o ABC estabelece uma
relação concreta entre os custos indiretos dos produtos, de maneira que
possa representar, por exemplo, qual a percentagem da superfície da
planta industrial é empregada num produto, em conseqüência alocar
esta porção dos custos derivados da dita planta a seu custo unitário”.
O ABC, portanto, é direcionado para as atividades, que
segundo Brito et al (2004), “é um método de custeio que busca
identificar com mais precisão os custos identificados a um determinado
produto.
Não deixa de ser um método de custeamento por absorção que
procura identificar com determinadas técnicas, o máximo possível de
identificação dos custos, apropriando aos produtos diretamente.
Sem dúvida é um método muito discutido por estudiosos, pela
sua dificuldade de implantação em uma realidade empresarial, devido a
sua complexidade, e também, por ainda ser um método de rateio,
sujeito a distorções.
4.3.2 - Custeio RKW
Aplica-se o mesmo entendimento ao método de custeio RKW,
porém, este também rateia para o produto as despesas financeiras do
período.
4.4 – Diferença entre os métodos
37
38. Adryadson Flabio Nappi
Padoveze (2000, p.248) demonstra de uma maneira muito feliz
todos esses conceitos através de um simples quadro, contendo:
Figura 1 – Gastos Totais – direto e indireto
Tipos de Gastos Métodos de Custeio
Materia prima, materiais
diretos e embalagens Teoria das Custeio
Restrições direto ou
Despesas variáveis
variável Custeio
(exemplo: comissões)
Mão de obra direta por Custeio
absorção integral
Mão de obra indireta R
Despesas gerais industriais Custeio
K
ABC
W
Depreciação
Mão de obra
administrativa/comercial
Despesas
administrativas/comerciais
Despesas Financeiras
Gastos Totais + Método de Custeio
Fonte: Padoveze (2000, p. 248)
Com o gráfico colocado acima, pode-se verificar de uma
maneira geral e clara, a diferença entre os vários métodos de custeio.
Porém, basta saber que existem vantagens e desvantagens nos
métodos e, por essa razão, é preciso identificar a realidade de cada
38
39. Custos e gestão financeira fácil
empresa a ser estudada, encontrando e definindo objetivos para o
estudo.
4.5 – Custeio variável versus Custeio por absorção
Em muitos anos os teóricos tentam descobrir qual dos dois
métodos realmente é o melhor.
Martins (2001, p.220) afirma que no “ponto de vista gerencial,
o custeio variável tem condições de propiciar mais rapidamente
informações vitais à empresa”.
Padoveze (2000, p.259) concorda com essa posição, dizendo
que “as informações aparecem mais claras e evidentes, pois tendem a
não enviesar a apropriação dos custos dos produtos com rateios dos
custos indiretos sem bases científicas”, porém, ele ainda afirma que o
custeio por absorção tende a tranqüilizar os empresários, pois rateia
todos os custos e, com isso, os parâmetros para a formação de preço de
venda estariam mais bem embasados.
Moreira et al (2004) considera o custeamento variável mais
próprio para os relatórios internos de gerenciamento, pois é de fácil
leitura aos usuários e é o que tem mais facilidade de análise
custo/volume/lucro, evidenciando aos gestores melhor projeção de
produção, vendas e resultado.
Enfim, ainda não se tem uma posição definitiva para qual
método utilizar, pois as vantagens e desvantagens de cada método,
fazem com que a dúvida permaneça na mente até dos mais estudiosos e
entendidos da área.
Porém, chega-se a conclusão que para o gerenciamento da
empresa em tomada de decisões, prioriza-se o variável, porém, a
legislação fiscal não o aceita como controle de estoques, pois fere os
39
40. Adryadson Flabio Nappi
princípios contábeis geralmente aceitos, ou seja, a impressão que se tem
é que todos dizem: “na dúvida, faz-se os dois!”.
Para expressar essa diferença, Leone (2000, p.406) define um
quadro apresenta um quadro de comparação que será colocado neste
trabalho, resumindo as diferenças básicas de cada método de custeio.
40
41. Custos e gestão financeira fácil
Quadro Comparativo das diferenças fundamentais em custeio
variável X absorção.
Figura 2 – Quadro comparativo.
Custeamento Variável Custeamento por absorção
1. Classifica os custos em 1. Não há essa preocupação
fixos e variáveis. por essa classificação.
2. Classifica os custos em 2. Também classifica os
diretos e indiretos. custos em diretos e
indiretos.
3. Debita ao segmento, cujo 3. Debita ao segmento, cujo
custo está sendo apurado, custo está sendo apurado,
apenas os custos que são os seus custos diretos e
diretos ao segmento e também os custos indiretos
variáveis em relação ao através de taxa de absorção.
parâmetro escolhido como
base.
4. Os resultados apresentados 4. Os resultados apresentados
sofrem influência direta do sofrem influência direta do
volume de vendas. volume de produção.
5. É um critério 5. É um critério legal, fiscal,
administrativo, gerencial, externo.
interno.
6. Aparentemente sua 6. Aparentemente, sua
filosofia básica contraria os filosofia básica, alia-se aos
preceitos geralmente preceitos contábeis
aceitos de Contabilidade, geralmente aceitos,
principalmente os principalmente aos
fundamentos do “regime de fundamentos do “regime de
competência”. competência”.
41
42. Adryadson Flabio Nappi
7. Apresenta a contribuição 7. Apresenta a margem
marginal – diferença entre operacional – diferença
as receitas e os custos entre as receitas e os custos
diretos e variáveis do diretos e indiretos do
segmento estudado. segmento estudado.
8. O custeamento variável 8. O custeamento por
destina-se a auxiliar, absorção destina-se a
sobretudo, a gerência no auxiliar a gerência no
processo de planejamento e processo de determinação
tomada de decisões. da rentabilidade e de
avaliação patrimonial.
9. Como o custeamento 9. Como o custeamento por
variável trata dos custos absorção trata dos custos
diretos e variáveis de diretos e indiretos de
determinado segmento, o determinado segmento, sem
controle da absorção dos cogitar de perquirir se os
custos da capacidade ociosa custos são variáveis ou
não é bem explorado. fixos, apresenta uma visão
para o controle da absorção
dos custos da capacidade
ociosa.
Fonte: Leone (2000, p.406)
42
43. Custos e gestão financeira fácil
V – FORMAS DE CUSTEAMENTO
5.1 - Custo Real
Para Padoveze (2000, p.242), o “fundamento da contabilidade
de custos é a apuração do custo real”. Esse custo é calculado com base
nos gastos já incorridos na produção.
Desta forma, essa forma de custo já representa o custo
acontecido, um custo baseado em dados passados.
Gerencialmente, este dado não tem um valor significativo, pois
o empresário não quer saber dados passados, mas sim, determinar
valores futuros para a tomada de decisões. Esta é uma premissa básica
da contabilidade gerencial, que trabalha com valores que irão acontecer,
com orçamentos e análises futuras.
Padoveze (2000, p.293) afirma que o “custo real tem validade
apenas nos sentidos, após a análise de suas variações, em cima de um
custo padrão, se identificam as causas do por que das variações,
podendo-se corrigir rumos atuais”.
O custo real, portanto, serve para servir as necessidades legais e
fiscais da contabilidade, em avaliação de inventário.
5.2 – Custo padrão
O custo padrão é uma técnica para avaliar e substituir o custo
real. Ele é um custo normativo, objetivo, proposto ou um custo que se
deseja alcançar.
Para Padoveze (2000, p.293), o custo padrão “está ligado aos
conceitos de controlabilidade empresarial”. Assim, ainda Padoveze
(2000, p.293) expressa os objetivos mais importantes do custo padrão
43
44. Adryadson Flabio Nappi
como: “determinar o custo que deve ser, ou seja, o custo correto;
“definição de responsabilidades e comprometimento dos responsáveis
de cada departamento” ou área da empresa, “avaliação do desempenho
e eficácia operacional”.
Este forma de custeamento representa muito mais utilidade para
o gerenciamento da empresa no seu dia-a-dia, tendo a vantagem de não
ser preciso seu cálculo mensalmente, podendo ser feito em períodos
maiores. (PADOVEZE, 2000, p.293).
Em caso específico deste trabalho, o custo padrão será muito
melhor utilizado, pois tem como principal utilização, a formação do
preço de venda.
Visto que essa pesquisa visa esta formação do preço de venda
de serviços em um caso particular, esta forma com certeza deverá ser
usada.
Padoveze (2000, p.293) ressalta que, “apesar de ser o mercado
que dá o preço de venda dos produtos, ele deve ser inicialmente
calculado em cima das condições de custo das empresas”.
Por essa razão, deve-se utilizar como forma inicial o custo-
padrão, pois este consegue demonstrar os elementos para a formação do
preço de venda.
5.2.1 - Tipos de Custo padrão.
O conceito de custos padrão tem diversas acepções, quais são:
padrão estimado, padrão ideal e padrão corrente.
Para Passarelli et al (2003, p.162) “quando a expectativa
gerencial é modesta e conservadora, onde a empresa toma por base
apenas a experiência histórica, se incluir qualquer desempenho futuro,
temos o custo padrão estimado”.
44
45. Custos e gestão financeira fácil
Em contrariedade, quando as expectativas gerenciais são
desenvolvidas em bases estritamente teóricas, Padoveze (2000, p.292)
conceitua que “é o custo calculado de forma cientifica, em condições
máximas de recursos produtivos e processo de fabricação pudessem ser
alcançados”. Ainda Padoveze (2000, p.292) diz que é utilizado como
custo meta, onde tentaria levar os setores da empresa a atingi-lo, porém,
por ser improvável de ser alcançado devido a imperfeições da realidade
empresarial, pode ser desmotivador para os colaboradores da empresa.
Finalmente, o custo padrão corrente é o que mais reflete a
realidade para padrões gerenciais, pois, conforme Passarelli et al (2003,
p.292), “inclui expectativas de melhoria sobre o nível de eficiência
atual na empresa”. Neste método, toma-se o custo histórico como base,
e sendo ajustados, refletem melhorias de desempenho possíveis e
desejáveis e não melhorias teoricamente possíveis como assume o custo
padrão ideal.
5.2.2 - Construção do Custo padrão.
Deve-se analisar para se construir o custo padrão, os materiais
diretos, mão de obra direta, custos indiretos variáveis e custos indiretos
fixos.
Passarelli (2003, p.165) assume que o custo padrão é
considerado uma “função da engenharia, pelo menos no que se diz
respeito as informações quantitativas”.
a) Materiais Diretos
Basicamente, o custo padrão dos materiais direto é calculado
por dois fatores: quantidade e preço.
45
46. Adryadson Flabio Nappi
O fator quantidade vem da estrutura do produto. Padoveze
(2000, p.294) diz que, geralmente, este dado vem da engenharia do
produto, e que alguns produtos que obtem perdas normais de materiais,
devem ser também acumulado no custo padrão.
O preço padrão deve ser calculado em condições normais de
boa negociação, e como Padoveze (2000, p.294) ressalta, é importante
calcular o preço das compras à vista, devido à questão inflacionária.
Desta maneira, Padoveze (2000, p.294) exemplifica:
Padrão de quantidade
Toneladas de material A por unidade de produto 1,10
Perda normal no processo estimada 0,04
Estimativa de refugos 0,01
Quantidade padrão por unidade de produto 1,15
Padrão de preço
Preço de compra sem impostos recuperáveis 20,70
(-) Custo financeiro de pagamento a prazo (2,70)
Preço da compra à vista 18,00
Frete e despesas de recebimento 2,00
Preço padrão do material A 20,00
Com o exemplo de Padoveze (2000, p.294), percebe-se, de uma
maneira geral, como se calcula o custo padrão de materiais diretos. Será
assim para todos os outros itens que iremos, de uma maneira resumida,
explicar teoricamente, pois será utilizado este conceito na parte prática
deste trabalho.
Para finalizar este item, Martins (2001, p.341), em um quadro
comparativo numérico, exemplifica bem essa variação entre o custo
real e o custo padrão de materiais, conforme segue:
46
47. Custos e gestão financeira fácil
Variação de materiais diretos
Formas Qtde Preço Total Total geral
de Custeio
Custo padrão:
Matéria prima X: 16 kg $ 40,00/kg $ 640,00
Matéria prima Y: 5m $ 100,00/m $ 500,00
Embalagem: 80 fl $ 7,00/fl $ 560,00 $ 1.700,00/u
Custo Real:
Matéria prima X: 19 kg $ 42,00/kg $ 798,00
Matéria prima Y: 4m $ 135,50/m $ 542,00
Embalagem: 75 fl $ 6,80/fl $ 510,00 $1850,00/u
Variação Total:
Matéria prima X: $ 158,00 D
Matéria prima Y: $ 42,00 D
Embalagem: $ 50,00 F $ 150,00/u D
Em uma análise deste quadro, percebe-se que o custo padrão
total do material direto neste caso era de $ 1.700,00 por unidade
produzida de produto. Porém, o custo real ultrapassou e foi de $
1.850,00 por unidade produzida, ou seja, houve uma variação
desfavorável (a letra “D” do quadro) de $ 150,00.
47
48. Adryadson Flabio Nappi
Percebe-se também que a matéria prima X, ultrapassou $
158,00 do que foi planejado, e a matéria prima ultrapassou $ 42,00 por
unidade produzida. Na embalagem, houve uma variação favorável (a
letra “F” do quadro) de $ 50,00 por unidade.
Com esse exemplo ilustrativo já se entende a importância do
custo padrão para uma análise gerencial de custos, pois se consegue ter
o chamado custo-meta, onde a empresa em questão tentará identificar e
melhorar o desempenho de suas operações.
b) Mão de obra direta.
Segue-se neste item o mesmo conceito dos materiais diretos,
onde se assume um padrão de quantidade e de valor.
Padoveze (2000, p.295) ressalta que normalmente o padrão de
mão de obra direta é “determinado pela quantidade de horas necessárias
do pessoal, ou da quantidade de funcionários diretos, em todas as fases
de fabricação do produto”.
Passarelli et al (2003, p.170) define que o “custo padrão de mão
de obra direta é igual ao tempo padrão vezes o salário padrão”.
Percebe-se que são maneiras diferentes de dizer a mesma coisa.
Deve-se achar o custo padrão de mão-de-obra direta através do número
de horas trabalhadas padrão vezes o custo da hora de mão de obra
direta.
Padoveze (2000, p.295) exemplifica:
Padrão de quantidade
Horas necessárias de mão de obra para o produto 50,00
Paradas para necessidades pessoais 7,00
Horas estimadas de retrabalhos de qualidade 3,00
Horas padrão por unidade de produto 60,00
48
49. Custos e gestão financeira fácil
Padrão de valor
Salário horário médio do setor de montagem $ 2,20
Encargos sociais legais $ 1,32
Benefícios espontâneos $ 0,29
Custo horário de mão de obra direta $ 3,81
Achado estes valores, fazemos o cálculo acima especificado
que é horas padrão vezes o custo da mão de obra, que, numericamente
no exemplo, ficaria 60 X $ 3,81 = $ 228,60.
Seu critério de variação entre o real e o padrão, segundo
Martins (2001, p.348), é analisada da mesma forma que dos materiais
diretos, tendo apenas uma diferença costumeira de terminologia.
Martins (2001, p.348) termina dizendo que, “nos materiais, o que é
chamado de variação de preço, tem nome de variação de taxa, e a
variação de quantidade é cognominada de variação de eficiência”.
c) Custos indiretos variáveis
Os custos indiretos variáveis são alocados ao custo padrão igual
qualquer sistema que se empreguem taxas predeterminadas de
absorção.
Passarelli et al (2003, p.172), diz que “as taxas predeterminadas
devem ser, preferencialmente, baseadas em orçamentos bastantes
detalhados para permitirem uma análise minuciosa das variações
causadas pela não absorção ou absorção em excesso”.
Padoveze (2000, p.296) exemplifica dizendo que as “principais
bases de atividades para elaboração das taxas de custos indiretos
variáveis são horas máquinas trabalhadas, quantidade de produto final,
horas de mão de obra direta”. Novamente, Padoveze (2000, p.296)
49
50. Adryadson Flabio Nappi
exemplifica de uma forma muito simples auxiliando a compreensão do
caso.
Padrão de custos indiretos variáveis
Custos indiretos variáveis estimados do período $ 275.000,00
Horas diretas previstas 453.600 h
Custo variável por hora direta $ 0,60
Horas necessárias para uma unidade de produto 60 horas
Custos indiretos variáveis por unidade $ 36,00
Interpretando o exemplo, vemos que Padoveze (2000, p.296)
dividiu o valor total de custos indiretos do período pelas horas diretas
previstas no período. Assim, ele encontrou um custo variável por hora
direta e multiplicou pelas horas necessárias para uma unidade completa
do produto final, chegando ao valor dos custos indiretos variáveis por
unidade de produto.
d) Custos indiretos fixos
Padoveze (2000, p.296), em seu livro “Contabilidade
Gerencial” faz essa divisão a divisão dos custos indiretos em fixos e
variáveis. Desta forma, Padoveze (2000, p.296) afirma que ao fazer o
custo padrão, a diferença básica que se encontra em custos indiretos
fixos e custos indiretos variáveis, é que os custos fixos estão ligados
com denominadores de capacidade de produção e não necessariamente
com os volumes de produção atuais produzidos.
Por essa razão podemos utilizar como denominador o volume
de produção estimado ou orçado.
50
51. Custos e gestão financeira fácil
Padrão de custos indiretos fixos
Custos indiretos fixos estimados para o período $ 484.680,00
Volume de produção previsto 11.540 unid.
Custos fixos indiretos por unidade $ 42,00
Interpretando o exemplo de Padoveze (2000, p. 297) percebe-se
que foram divididos os custos indiretos fixos do período pelo volume
de produção previsto, chegando enfim, no custo indireto fixo unitário.
Critérios de análise de variação do Custo padrão X Custo real.
Padoveze (2000, p.299) demonstra essa análise de uma maneira
genérica da seguinte forma:
Figura 3 – Custo padrão X Custo real
VARIAÇÃO TOTAL
Variação de preço Variação de quantidade
(A – B) (B – C)
> de materiais > de materiais
> de taxa horária > eficiência de mão de obra
> custos indiretos variáveis > eficiência de custos
indiretos variáveis
A B C
Qtde real Qtde Real Qtde padrão
X X X
Preço Real Preço padrão Preço padrão
51
52. Adryadson Flabio Nappi
5.3 - Custo orçado ou estimado
A fundamentação teórica é a mesma do custo padrão, porém, a
grande diferença é que os custos orçados e estimados, como o próprio
nome já diz, procuram identificar os custos que deverão acontecer no
futuro, enquanto o custo padrão, pode incorporar metas de realização de
custos.
52
53. Custos e gestão financeira fácil
VI – SISTEMAS DE ACUMULAÇÃO DE CUSTOS
Com o processo produtivo da empresa, pode-se escolher o
sistema de acumulação de custos que se encaixa neste processo de
produção.
Segundo Leone (2000, p.233) existem dois tipos básicos de
produção nos quais são a produção por encomenda e a produção de
produtos padronizados.
Por essa razão, a contabilidade de custos teve que desenvolver
dois sistemas básicos de acumulação de custos, que são: sistema de
custeamento por ordem e sistema de custeamento por processo, ou seja,
uma para produção por encomenda e outro para produção em série de
produtos padronizados, respectivamente.
Existem casos de empresas que se utilizam os dois sistemas de
acumulação, que para esse caso, Padoveze (2000, p.233) conceitua ser
o sistema de custeamento por operações ou sistema híbrido de
acumulação.
A seguir, de uma forma generalizada, os três sistemas de
custeamento.
6.1 – Custeamento por ordem.
Passarelli et al (2003, p.42) define o custeamento por ordem
como o “sistema de custeamento no qual cada elemento de custo é
acumulado separadamente, segundo ordens específicas emitidas”.
Leone (2000, p.235) ainda diz que é o sistema que “acumula e
registra os dados e operações das empresas que trabalham sob regime
de fabricação ou prestação de serviços por encomenda”.
53
54. Adryadson Flabio Nappi
Para a empresa que tem esse sistema, o processo produtivo só
começa com o pedido do cliente, onde se elabora um orçamento para
discussão com o mesmo. Leone (2000, p.236) ressalta que nessa ordem
de produção ou orçamento, devem estar contido todos os dados da
produção, e assim, a setor de produção terá responsabilidade da
realização do planejamento da produção e do controle dessa produção.
Padoveze (2000, p.228) diz que os dados de custos por ordem
de produção são registrados numa folha de custos aberta para aquele
produto onde, conforme a elaboração do produto foi sendo concluída,
deve-se anotar nesta folha todos os custos eminentes ao produto
encomendado. Assim, ao final da produção, terá o custo de cada ordem
na folha de produção.
Neste sistema, a mão de obra direta é acumulada através das
horas trabalhadas para cada produto e o material direto, através de
requisições de materiais e serviços exclusivos da ordem. A dificuldade
está nos custos indiretos de fabricação, que são geralmente acumulados
em rateio com as horas trabalhadas em cada ordem. (PADOVEZE,
2000, p.229).
Este sistema, segundo Passarelli et al (2003, p.53) atende ao
importante objetivo da obtenção de custos unitários para cada pedido de
produção, porém, é um método trabalhoso e requer um elevado custo
administrativo, mesmo para a pequena empresa, pois requer uma
administração eficiente e qualificada.
Por essa razão, quando o processo produtivo é contínuo e com
etapas distintas, usa-se o sistema por processo, que veremos abaixo.
Vale ressaltar que no presente trabalho, estará sendo usado esse
sistema, pois o caso aplicado na realidade prática, a produção dos
serviços é contínua.
54
55. Custos e gestão financeira fácil
6.2 - Custeamento por processo
O sistema de custos por processo é geralmente utilizado no
processo de uma produção em massa.
Padoveze (2000, p.229) conceitua que na medida em que o
produto segue para o processo seguinte, leva-se consigo como custo
inicial o custo unitário até o processo anterior, acumulando-se no
processo atual e obtendo o custo unitário acumulado até o processo
final do produto.
O sistema geralmente usado em empresas de produção
padronizada. A ênfase no sistema de contabilidade por processo é
colocada na produção para certo período de tempo e no número de
unidades completadas e em processo. (PASSARELLI et al, 2003, p.53).
6.3 - Diferenças básicas entre custeio por ordem e processo.
Padoveze (2000, p.232) expressa em uma figura, as diferenças
básicas dos sistemas de acumulação de custos por ordem e por
processo, conforme seguem:
Figura 4 – Custeio por ordem X Custeio por processo
Sistema
Quanto ao: Por ordem Por processo
Produtos Produtos
Produto fabricado
heterogêneos homogêneos
Processo de
Intermitente Contínuo
produção
Tempo de Produção mais Produção mais rápida
produção demorada por por unidade de
55
56. Adryadson Flabio Nappi
unidade produto
Volume da
Pequenos volumes Grandes volumes
produção
Clientes específicos
Destino da
ou estoques Estoque
produção
específicos
Forma de controlar Através do processo
Através das ordens
a produção (departamentos, etc)
Momento da No final do período
No encerramento da
apuração do custo definido como de
ordem
da produção apuração de custo
Custo do processo
Custo total da ordem dividido pelas
Cálculo do custo dividido pelas unidades produzidas
unitário unidades produzidas e equivalentes em
nas mesmas processo no final do
período.
Fonte: (PADOVEZE, 2000, p.233)
6.4 – Custeamento por operações – sistema híbrido
Este sistema é aplicado para as empresas que produzem
diversos artigos na mesma operação ou em operações diferentes durante
um período grande de tempo, ou quando todos construídos de partes
fundamentais mais acabamento diferente. (PADOVEZE, 2000, p.233).
É muito utilizado pelas empresas que produzem calçados,
equipamentos eletrônicos e outros. Consiste nas duas teorias descritas
56
57. Custos e gestão financeira fácil
acima, usando os dois métodos, por ordem e por processo ao mesmo
tempo, denominado sistema de acumulação híbrido.
57
59. Custos e gestão financeira fácil
VII – ANÁLISE DE CUSTO/VOLUME/LUCRO
Para Padoveze (2000, p.269) “a análise de custo/volume/lucro,
conduz a três importantes conceitos: margem de contribuição, ponto de
equilíbrio e alavancagem operacional”.
Desta maneira, para fins de gerenciamento da empresa através
da contabilidade de custos, esta análise é muito útil e muito usada pelos
gestores atuais.
7.1 – Margem de contribuição
A margem de contribuição, para Passareli et al (2003, p.210) a
margem de contribuição ou lucro marginal, é o resultado da dedução
das vendas de um determinado período com os custos diretos e
variáveis do mesmo.
Padoveze (2000, p. 269) diz ainda que a margem de
contribuição é “a diferença entre o preço de venda unitário do produto e
os custos e despesas variáveis por unidade de produto. Significa que
cada unidade vendida a empresa lucrará determinado valor”.
Basicamente, a margem de contribuição seria Receita menos os
Custos Variáveis.
Martins (2001, p. 195) diz que essa é a forma onde se encontra
o preço unitário, e assim, gerencialmente falando, é onde o
administrador pode se apoiar para investir ou não em um produto, ou
seja, pode-se saber o lucro marginal de cada produto e assim, produzir
mais ou menos aquele produto.
Por essa razão, a margem de contribuição é uma ferramenta
importante de gestão em curto prazo, pois possibilita análises de
redução de custo e aumento de produção para cada produto.
59
60. Adryadson Flabio Nappi
7.2 – Ponto de equilíbrio
Leone (2000, p. 425) define o ponto de equilíbrio como sendo
“o ponto da atividade onde os custos totais se igualam às receitas”.
Já Padoveze (2000, p. 269) acrescenta que “é o ponto que
evidencia, em termos quantitativos, qual o volume que a empresa deve
produzir ou vender para que consiga pagar todos os custos e despesas”.
Neste ponto, não existe lucro ou prejuízo.
Basicamente, existem duas formas de cálculo matemático do
Ponto de equilíbrio, uma baseada na receita e outra na quantidade
produzida, conforme veremos a seguir:
Ponto de equilíbrio operacional (PEO) – Receitas
Ponto de equilíbrio = Custos fixos x Receitas
Margem de contribuição
Ponto de equilíbrio operacional (PEO) – Quantidade
Ponto de equilíbrio = Custos fixos
Margem de contribuição unitária
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61. Custos e gestão financeira fácil
A representação gráfica deste ponto seria:
$
Vendas
Custo variável
Ponto de equilíbrio
Custo fixo
Volume
Na interpretação do gráfico, percebe-se que o custo fixo
começa em um ponto “x” e não do ponto zero como as vendas, por que
o custo fixo, já discutido, independe do volume de produção, ou seja, a
empresa terá que gastar esse montante mesmo se não produzir nada
durante o período, por esta razão, é uma reta constante.
Depois, partimos para a reta do custo variável, que ao contrário
do custo fixo, depende diretamente da produção. É importante dizer que
os custos variáveis neste gráfico estão todos os custos variáveis, direto
e indireto. Neste caso, a reta dos custos variáveis cresce conforme o
volume produzido.
Por fim, a reta que faz referência com as vendas, que também
tem ligação direta com o volume, também cresce conforme o a
quantidade produzida.
Assim, no cruzamento dessas duas retas, encontra-se o Ponto de
equilíbrio, onde o montante das vendas é suficiente para saldar todos os
custos, sejam fixos e variáveis, e não obtendo nem lucro, nem prejuízo
no período. Resumidamente, é o ponto da produção onde o lucro é zero.
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62. Adryadson Flabio Nappi
Gerencialmente, é um conceito importante, pois, segundo
Padoveze (2000, p.269) “identifica o nível mínimo de atividade em que
a empresa ou cada divisão deve operar”.
7.3 – Alavancagem operacional
“É a possibilidade de acréscimo ao lucro total pelo incremento
das quantidades produzidas e vendidas, buscando a maximização do
uso dos custos e despesas fixas”, diz Padoveze (2000, p.270).
Passarelli et al (2003, p. 236) acrescenta que o efeito
alavancagem é relacionado aos custos fixos da empresa, custos que
podem trazer um certo risco para a mesma. Assim, “a alavancagem
operacional mede esse risco operacional”.
A alavancagem assim pode mostrar ao gestor, a saber, o quanto
de custos fixo está sendo usado na empresa, e, conforme Padoveze
(2000, p. 273), possibilita um “levantamento de lucros líquidos maiores
que o esperado, através da alteração correta da proporção de custos
fixos na estrutura de custos da empresa”.
Ainda Padoveze (2000, p.273) diz que o grau de alavancagem
pode ser medido através da forma:
Margem de Contribuição / Lucro líquido operacional =
Grau de alavancagem operacional
Este conceito permite ao gestor saber quanto uma mudança
percentual no nível de vendas pode afetar os lucros.
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63. Custos e gestão financeira fácil
VIII – FORMAÇÃO DE PREÇO DE VENDA
A formação do preço de venda é utilizada por todas as
empresas do mercado, pois, desde que nasceu a economia monetária,
tudo o que se vende ou negocia, necessita de um preço, ou seja, de um
valor monetário para o produto ou serviço em questão.
Para as empresas que contêm uma contabilidade de custos, será
apenas mais um passo facilmente encontrado, pois com todos os custos
computados e calculados no controle de custos, esse método será mais
um subproduto decorrente do controle de custos.
Martins (2001, p.237) diz que os preços, na economia de
mercado atual, "são decorrência dos mecanismos da oferta e procura",
ou seja, "o mercado é o grande responsável pela fixação do preço, e não
os custos de obtenção dos produtos".
Com essa visão de Martins (2001, p.237) tem-se o conceito de
formação de preço de venda a partir do mercado.
8.1 - Preço de venda a partir do mercado.
Para esse conceito, Padoveze (2000, p.311) ressalta que esse
conceito teoricamente dispensaria o cálculo dos custos e a formação do
preço de venda a partir dele. Seria necessária apenas uma pesquisa de
mercado para atualizar o preço de venda. Porém, Padoveze (2000,
p.311) diz que essa forma é importante pois possibilita a empresa a
encontrar a realidade inversa da formação do preço de venda, tornando
o elemento fundamental para a formação dos custos e despesas, pois se
o preço de mercado é o máximo que a empresa pode atribuir ao seu
produto, encontra-se a adaptação dos custos e despesas a essa realidade.
63
64. Adryadson Flabio Nappi
Porém, através da contabilidade de custos, existem outras
maneiras de encontrar o preço de venda do produto, como a partir do
custo e sua validade.
8.2 - Preço de venda a partir do custeio direto/variável.
Neste caso, utilizam-se os valores de custos diretos e variáveis
e as despesas variáveis do produto que possam ser identificadas. Após
isso, deve-se calcular uma margem de contribuição que cubra, além da
rentabilidade desejada do produto, os custos e despesas fixas que não
foram alocados ao produto. (PADOVEZE, 2000, p.310).
8.3 - Preço de venda a partir do custeio por absorção.
Padoveze (2000, p.310) diz que a técnica mais utilizada para é
pelo custeio por absorção, que é "onde se toma por base os custos
industriais por produto e somam-se as taxas gerais das despesas
administrativas e comerciais, financeiras e a margem desejada".
8.4 - Mark -up
Na formação do preço de venda pelo custo, é preciso identificar
um multiplicador sobre os custos, que facilite e agilize o cálculo do
preço do produto. Este multiplicador, segundo Padoveze (2000, p.312)
é aplicado sobre os custos dos produtos e sua construção está ligada a
determinados percentuais sobre o preço de venda, através de relações
percentuais médias sobre o mesmo, e assim, aplicados a seguir sobre o
custo dos produtos.
Para encontrar o mark-up, segundo Padoveze (2000, p.312),
utiliza-se a seguinte formula (dados percentuais exemplificativos):
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65. Custos e gestão financeira fácil
Preço de venda bruto 100%
(-) Tributos e lucro desejado 15%
(=) Preço de venda líquido 85%
Preço de venda bruto 100%
(/) Preço de venda líquido 85%
Mark-up 1,1764
65
67. Custos e gestão financeira fácil
IX – ALGUNS CONCEITOS DE CONTABILIDADE
GERENCIAL.
Como o trabalho visa implantar uma contabilidade de custos na
empresa, é preciso ter em mente, conceitos de contabilidade gerencial,
para que, com o controle de custos pronto, possa-se usá-lo de uma
maneira adequada e benéfica para a empresa.
Como a contabilidade gerencial é voltada para o gerenciamento
interno da empresa sendo um instrumento eficaz de tomada de decisão,
ela não está sujeita a normatização do fisco. Por essa razão, as empresas
realizam em sua gestão, duas formas de contabilização, a chamada
contabilidade societária, para atender as exigências do fisco e a
contabilidade gerencial, para atender as exigências da administração.
9.1 – Departamentalização.
A divisão de uma empresa em departamentos é muito comum
na gestão atual. A facilidade de delegar tarefas e responsabilidades é
um dos maiores motivos para tal divisão.
Martins (2001, p.70) diz que o “departamento é a unidade
mínima para a contabilidade de custos, representada por homens e
máquinas (na maioria dos casos), que desenvolve atividade
homogênea”. Isto por que, sempre há um responsável para cada
departamento, delegando as responsabilidades e aumentando o controle.
9.2 – Ativo intangível
Outro conceito muito importante na contabilidade moderna e
principalmente na contabilidade gerencial é o chamado ativo intangível.
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68. Adryadson Flabio Nappi
Por ser um patrimônio não material da empresa, é um item
muito difícil de se mensurar. Porém, sem dúvida alguma, é um
patrimônio muito importante para a empresa.
Segundo Sá (2000, p.47) o “ativo intangível das empresas é
resultado do aumento de funções do próprio capital material e dos
agentes que sobre ele atuam para dinamizá-lo e aumentar-lhe a
capacidade de utilidade ou eficácia. Segundo a visão
neopatrimonialista, não se trata essencialmente de um maior valor do
capital, mas sim, de uma maior função da riqueza sob a ação de
relações basicamente ambientais e que se pode mensurar quando se
procura traduzir tais elementos em valores”.
Assim, são exemplos de ativo intangível para uma
empresa, a sua marca, seu ponto comercial, sua clientela, recursos de
capacidade intelectual, tradição de mercado e outros.
Tudo isso pode afetar na análise gerencial da empresa e
principalmente, na formação do preço de venda, e, por essa razão, é
importante ressaltar no estudo.
9.3 – Relatórios gerenciais.
São informações que devem ajudar o investidor ou empresário
a tomar decisões para sua empresa. Estes relatórios são basicamente os
mesmos que os da contabilidade societária, porém, com alguns acertos
em lançamentos ou projeções contábeis.
Como o trabalho tem o objetivo de elaborar uma metodologia
de custos e, à partir disso, uma análise gerencial de suas conseqüências,
o mesmo estará tentando demonstrar os dois tipos de relatórios sempre
que possível, tanto os da contabilidade societária quanto os da
gerencial.
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69. Custos e gestão financeira fácil
X – AVALIAÇÃO E CONTROLE DE ESTOQUES
Dentro da contabilidade de custos, o estoque é extremamente
importante. A princípio, entendia-se que contabilidade de Custos
resumia-se em controlar de maneira eficaz o estoque da empresa.
Porém, com a evolução das organizações empresariais, evolui
também o conceito de contabilidade de custos, transformando em uma
contabilidade gerencial, como já vimos nos capítulos acima.
Nesse capítulo, vamos conhecer e entender quais são os
métodos contábeis de controle de estoque.
Primeiramente, precisamos perceber quais os tipos de estoque
que podemos ter em uma empresa, como veremos:
Estoques para empresas industriais:
• Estoque de matérias primas – são produtos que serão utilizados
na produção;
• Estoque de produtos em elaboração – são produtos inacabados
na fabrica;
• Estoque de produtos acabados – são os produtos que já podem
ser vendidos, ou seja, já passou por todo o processo produtivo e
está pronto para ser vendido.
Estoques para empresas do comércio:
• Estoque de mercadorias – são os produtos que a empresa
adquiriu para revender, o que caracteriza a comercialização do
mesmo.
As empresas que são prestadoras de serviços também podem ter
estoques de materiais de consumo, que também devem ser controlados,
evitando assim, gastos errados no estoque.
69
70. Adryadson Flabio Nappi
A boa administração de estoque é importante para o bom
andamento do processo produtivo comercial da organização.
Na contabilidade, existem duas formas de se avaliar os estoques
que são elas: Sistema de inventário periódico e sistema de inventário
permanente.
No Inventário Periódico, o Custo do produto ou da mercadoria
é feito, conforme percebemos no próprio nome, periodicamente,
geralmente, ao longo do ano para a elaboração do Balanço e da DRE. Já
no Inventário Permanente, o custo é avaliado permanentemente por
meio de controles que iremos ver daqui a pouco.
É importante entender que, ao avaliar o estoque, nós
encontramos o custo contábil da mercadoria que irá compor a
Demonstração de Resultados da empresa, logo abaixo do Lucro Bruto.
Para uma empresa industrial, nós chamamos de CPV (Custo
dos produtos vendidos), CMV (Custo da mercadoria vendida) para as
comerciais e CSV (Custo dos serviços vendidos) para as empresas
prestadoras de serviço.
Conhecendo essas informações básicas, já podemos estudar os
dois sistemas de inventário, como veremos a seguir.
10.1 – Sistema de Inventário Periódico
10.1.1 – Empresas industriais
Para se encontrar o custo do produto vendido (CPV) para a
indústria nesse sistema, utilizamos, basicamente, a seguinte fórmula:
CPV = EI + CV - EF
70
71. Custos e gestão financeira fácil
Ou seja, o Estoque inicial que tínhamos no início do período,
geralmente do ano, somado com os Custos variáveis (gastos relativos a
produção) deduzido do Estoque final do mesmo período.
O cálculo é simples quando se tem todos os dados controlados
pela contabilidade geral.
É importante dizer nesse momento que, contabilmente, esse
processo é feito em todas as empresas industriais para se apurar o custo
do produto, porém, nem todas as empresas fazem o Inventário
permanente.
Portanto, o mais correto seria que as empresas fizessem os dois
sistemas, para haver um maior controle, porém, em alguns casos, o
inventário permanente passa a não ser tão necessário devido ao
tamanho da empresa.
10.1.2 – Empresas comerciais
Para as empresas comerciais, usamos a seguinte fórmula:
CMV = EI + Compras - EF
Ou seja, para alcançar o Custo da Mercadoria Vendida (CMV),
fazemos o Estoque inicial do período somado com as compras do
mesmo período e deduzimos o Estoque final.
Nesse caso, a empresa deve realizar a contagem do estoque
periodicamente, para que se possa ter o Estoque final exato no fim do
período. Geralmente, quando as empresas vão realizar essa contagem, é
deixado um aviso na porta com os dizeres: “Fechado para balanço”.
10.1.3 – Empresas prestadoras de serviços
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72. Adryadson Flabio Nappi
Para as empresas prestadoras de serviços, usamos a seguinte
fórmula:
CSV = Mat. Consumo + Mão de obra + Outros custos
Nesse caso, como não existe um estoque de produtos ou
mercadorias, somamos os materiais de consumo utilizados na prestação
de serviço, bem como os salários e outros custos relacionados
diretamente com os serviços prestados.
10.2 – Sistema de Inventário Permanente
Nesse sistema, temos três formas para fazer, sendo que somente
duas delas são aceitas pelo fisco. São elas: PEPS (Primeiro que entra,
primeiro que sai), UEPS (Último que entra, último que sai) e Custo
médio.
O fisco só aceita o PEPS ou Custo médio para a contabilidade,
porém, em certos casos, o UEPS pode ser útil gerencialmente e, por
isso, citamos nesse trabalho.
Abaixo, colocamos um modelo de planilha que pode ser usada
nas três formas de avaliação de estoque.
Planilha modelo para avaliação de estoque.
Entradas Saídas Saldo
Data Qtde $ unit Total Qtde $ unit Total Qtde $ unit Total
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73. Custos e gestão financeira fácil
No sistema PEPS, conforme já diz o nome, é dada baixa
sempre no primeiro estoque que entrou, conforme veremos em
um exemplo abaixo. No UEPS é dada baixa primeiro no último
estoque que entrou e no CUSTO MÉDIO, calcula-se um “preço”
médio de estoque.
É importante dizer que nesse sistema de inventário, ao
terminar o período, o administrador já tem o valor em mãos do
Custo do produto ou da mercadoria e do Estoque final.
O valor do custo é o total da coluna de saídas da planilha
enquanto o estoque final é o total da coluna de saldo, como
vemos:
Entradas Saídas Saldo
Data Qtde $ unit Total Qtde $ unit Total Qtde $ unit Total
Total CMV Total EF
Veremos agora, um exemplo numérico para aprendermos a
realizar as três formas.
Data Qtde Preço/kg Produção
04/01 500 kg 10,50
12/01 800 kg 12,30
21/01 950 kg
Dentro desse exemplo, vamos fazer o método:
73
74. Adryadson Flabio Nappi
PEPS Entradas Saídas Saldo
Data Qtde $ unit Total Qtde $ unit Total Qtde $ unit Total
04/01 500 10,50 5.250 500 10,50 5.250
12/01 800 12,30 9.840 500 10,50 5.250
800 12,30 9.840
21/01 500 10,50 5.250 350 12,30 4.305
450 12,30 5.535
Total 15.090 CMV 10.785 EF 4.305
Percebemos que ao sair o estoque para a produção, a baixa foi
dada ao primeiro da listagem do saldo, no caso, ao estoque que tinha o
preço de $ 10,50 para, somente depois, dar baixa no outro.
UEPS Entradas Saídas Saldo
Data Qtde $ unit Total Qtde $ unit Total Qtde $ unit Total
04/01 500 10,50 5.250 500 10,50 5.250
12/01 800 12,30 9.840 500 10,50 5.250
800 12,30 9.840
21/01 800 12,30 9.840 350 10,50 3.675
150 10,50 1.575
Total 15.090 CMV 11.415 EF 3.675
Neste exemplo, percebemos que o último da listagem do
estoque foi o que saiu primeiro. É importante dizer que, geralmente, o
UEPS tende a dar um estoque menor e um Custo maior, pois a variação
do preço de um produto tende a ser para cima, e o valor menor vai
ficando no estoque.
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75. Custos e gestão financeira fácil
CM Entradas Saídas Saldo
Data Qtde $ un. Total Qtde $ un. Total Qtde $ un. Total
04/01 500 10,50 5.250 500 10,50 5.250
12/01 800 12,30 9.840 1.300 11,61 15.090
21/01 950 11,61 11.029 350 11,61 4.063
Total 15.090 CMV 11.029 EF 4.063
Nota: os centavos foram ignorados na coluna total
Essa forma é a mais utilizada pelas empresas, por ser a mais
fácil e intuitiva. Perceba que, no momento em que entrou a segunda
compra, é somado as quantidades e os totais e divide-se um pelo outro,
para encontrar um preço médio de estoque.
Explicando o cálculo, seria assim:
Primeiro passo: Qtde = 500 + 800 = 1.300
Segundo passo: Total = 5.250 + 9.840 = 15.090
Terceiro passo: Preço médio = Total / Qtde
Preço médio = 15.090 / 1.300 = 11,61
75
77. Custos e gestão financeira fácil
CONCLUSÃO.
Sem dúvida, um tema fascinante na área contábil, a
contabilidade de custos mostra a beleza da ciência contábil e
principalmente sua grande utilidade como gerenciamento e organização
de uma empresa.
Na pequena viagem em algumas bibliografias das muitas sobre
o assunto, percebeu-se a imensidão e a riqueza de opiniões e conceitos
relacionados ao tema. Desta forma, uma passagem rápida por alguns
conceitos básicos e relacionados diretamente com o objetivo principal
da pesquisa, tentou-se demonstrar, de uma forma resumida, a teoria de
uma contabilidade de custos.
Muitos são os estudiosos que se especializam neste tema, e
várias metodologias são utilizadas com o objetivo de se aproximar ao
máximo um custo unitário com a realidade empresarial e de mercado.
Porém, em um mercado concorrente e globalizado, a qualidade
e preço baixo, são essencial para vencer e permanecer no mesmo.
Padoveze (2000, p. 219) diz que a vantagem de uma
contabilidade gerencial de custo “está na aproximação da administração
da empresa com as unidades produzidas”, ou seja, “é impossível se
fazer um gerenciamento de custos sem conhecer o produto e seu
processo de produção”, e assim, “as possibilidades para gerenciamento
contábil se alargam de modo marcante”.
Sendo assim, o presente estudo visa incentivar os profissionais
da área para um crescimento contínuo da ciência e a valorização do
contador no mundo globalizado.
O antigo “guarda livros” se torna o controller da empresa e uma
peça fundamental para tomada de decisões e estratégias de crescimento,
no tabuleiro da organização.
77
78. Adryadson Flabio Nappi
Afirma-se assim que a proposta de analisar os modelos e
métodos de custos existentes e, a partir desta análise, desenvolver uma
contabilidade de custos para uma empresa já pode ser realizada, a partir
do que aprendemos nesse trabalho.
78
79. Custos e gestão financeira fácil
PARTE II
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
79
81. Custos e gestão financeira fácil
I – ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
A Administração Financeira está ligada com as
responsabilidades de um administrador financeiro em uma organização
empresarial. Análise de créditos, capitação e recursos, fluxo de caixa,
contas a pagar e receber, orçamentos, previsões financeiras, análise de
investimentos e fundos e análise de relatórios financeiros são atividades
fundamentais para um bom administrador financeiro.
É importante dizer que, com o crescimento da concorrência e a
complexidade do mercado financeiro, todas as empresas precisam ter
esse departamento em sua estrutura, seja com ou sem fins lucrativos,
empresas privadas ou públicas.
1.1 – O que é finanças?
Gitman (2002, p.4) define finanças como “a arte e a ciência de
administrar fundos. Praticamente todos os indivíduos e organizações
obtêm receitas ou levantam fundos, gastam ou investem. Finanças
ocupa-se do processo, instituições, mercados e instrumentos envolvidos
na transferência de fundos entre pessoas, empresas e governos”.
1.2 – O administrador financeiro
Devido a complexidade do mercado financeiro e suas variações
constantes, cabe ao administrador financeiro a responsabilidade de
captar e administrar da melhor maneira possível os recursos que a
empresa possui num determinado momento.
Para isso, esse profissional precisa estar constantemente
atualizado com a situação macro e microeconômica do país em que
trabalha, e por que não dizer, do mundo todo. A globalização fez nascer
multinacionais, ou seja, empresas que existem no mundo todo e,
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82. Adryadson Flabio Nappi
consequentemente, precisa saber enfrentar realidades de mercado e de
investimentos totalmente diferentes.
Não seria exagero dizer que para ser um administrador
financeiro competente, é preciso conhecer economia, administração e
contabilidade. Porém, o mercado financeiro proporciona algumas
oportunidades para quem deseja seguir carreira nessa área fascinante do
mercado, e em cada uma delas, os requisitos mínimos serão necessários
para uma realização satisfatória do trabalho em questão.
1.3 – Oportunidades de carreira em serviços financeiros
Bancos e instituições correlatas – “Os analistas de crédito
avaliam e fazem recomendações relativas a concessão de empréstimos a
empresas, para aquisição de imóveis ou para consumo” (Gitman, 2003
p.5).
Planejamento de finanças pessoais – São os consultores
financeiros que trabalham de maneira independente ou como
empregado para prestarem serviços de aconselhamento financeiro para
finanças pessoais, auxiliando-as no planejamento, controle e
investimentos financeiros adequados.
Investimentos – Estes trabalham diretamente com assessoria
financeira para as empresas em geral, assessorando na compra e venda
de títulos ou ações.
Bens imóveis – São os chamados agentes ou corretores de
imóveis que auxiliam a transação de bens imóveis, seja elas para
compra, venda ou locação.
Seguros – São os corretores de seguros que estão diretamente
ligados com aquisição e análise de seguros de bens pessoais ou
empresariais.
82
83. Custos e gestão financeira fácil
Empresas – Trabalhar no departamento financeiro de empresas
em geral.
1.4 – Atividades-chaves do administrador financeiro
Análise e planejamento financeiro
Trata em especial da determinação do volume de capital
necessário para as atividades da empresa.
Decisões de Investimentos
Essa atividade resume-se na tomada de decisões corretas para
os investimentos empresariais necessários em ativos circulantes e não
circulantes.
Decisões de Financiamentos
Trata-se de buscar a decisão correta em como buscar fontes de
recursos financeiros para a empresa, em passivos circulantes ou não
circulantes.
Atividades Financeiras
Análise e planejamento financeiro
Balanço Patrimonial
Ativos Passivos
Decisões de Circulantes Circulantes Decisões de
Investimento Financiamento
Ativos Recursos
Permanentes Permanentes
Fonte: Gitman, 2003, p. 14
É importante deixar claro este quadro de Atividades
Financeiras, pois nele contem informações fundamentais para a
administração financeira.
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84. Adryadson Flabio Nappi
Podemos perceber que as atividades-chaves do administrador
financeiro estão baseadas e fundamentadas em um relatório contábil,
chamado de Balanço Patrimonial. Mais uma vez percebemos aqui a
importância da contabilidade para uma boa administração financeira na
empresa.
A análise e planejamento financeiro envolvem todas as
contas do Balanço Patrimonial, contando os recursos de curto e longo
prazo.
As decisões de investimento envolvem o lado esquerdo do
Balanço, em sua parte denominada Ativo, e, contrariamente, as
decisões de financiamento envolvem o lado direito do Balanço, em
sua parte denominada Passivo.
Chegamos então em um conceito importante para análise do
Balanço Patrimonial, onde percebemos claramente a Origem dos
recursos e a Aplicação dos recursos obtidos na empresa.
Este tópico nós veremos mais profundamente em outro
capítulo, porém, é importante, nesse primeiro momento, a visualização
clara do fluxo de recursos de uma empresa, conforme veremos na
figura abaixo.
Aplicação Origem
dos Recursos dos Recursos
Ativo Passivo
Ativos Passivos
Circulantes Circulantes
Ativos Passivos
Não circulantes Não circulantes
Ativos Passivos
Permanentes Permanentes
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