SlideShare a Scribd company logo
1 of 138
Download to read offline
Adryadson Flabio Nappi




          2
Custos e gestão financeira fácil


     Adryadson Flabio Nappi




           Custos
              e
Administração Financeira fácil




                      3
Adryadson Flabio Nappi


“Custos e Administração financeira fácil” de Adryadson Flabio Nappi
       * julho de 2010
* Todos os direitos reservados para o Autor.

Capa:
          Design do autor.

Lançamento:
      Comunidade Missão Peregrinos do Amor
      Estrada dos Marins, s/n – Pau D’alhinho
      Piracicaba – SP

          Clube dos Escritores Piracicaba
          Rua Jacob Diehl, 77 - Piracicaba - SP
          Fonefax: (0xx19) 3426-8568



Proibida a reprodução impressa, fonada, por xerox e digital,
                sem a autorização do autor

    Biblioteca da Universidade Metodista de Piracicaba
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Nappi, Adryadson Flabio
Custos e Gestão Financeira fácil, 2010

Edição do Autor, Piracicaba/SP, 2010 – 136p
Lançamento do Clube dos Escritores Piracicaba

I - Literatura Brasileira - Didáticos

CDD - 869.91



                                             4
Custos e gestão financeira fácil


SUMÁRIO

Apresentação

Introdução

PARTE I – CONTABILIDADE DE CUSTOS

Introdução

I – Breve história da contabilidade

         1.1 - Necessidade de um controle para as novas indústrias.

II – Contabilidade de custos e sua aplicação

         2.1 - Importância da contabilidade de custos para gestão.
         2.2 - Contabilidade de custos em empresas não industriais.

III – Conceitos básicos de contabilidade de custos

         3.1 – Gastos
         3.3 - Custos e despesas
         3.2 - Investimento
         3.4 – Custos Diretos
         3.5 – Custos indiretos
         3.6 – Custos fixos
         3.7 – Custos variáveis
         3.8 – Custos semi-variáveis

IV – Métodos de custos utilizados

         4.1 – Custeio direto ou variável.
         4.2 – Custeio por absorção.
         4.3 – Custeio Integral

                   4.3.1      - Custeio ABC
                   4.3.2      - Custeio RKW

         4.4 – Diferença entre os métodos
         4.5 – Custeio variável versus Custeio por absorção

V – Formas de custeamento

         5.1 - Custo Real
         5.2 – Custo padrão

                                             5
Adryadson Flabio Nappi



                   5.2.1 - Tipos de Custo padrão.
                   5.2.2 - Construção do Custo padrão.

         5.3 - Custo orçado ou estimado

VI – Sistemas de acumulação de custos

         6.1 – Custeamento por ordem.
         6.2 - Custeamento por processo
         6.3 - Diferenças básicas entre custeio por ordem e processo.
         6.4 – Custeamento por operações – sistema híbrido

VII – Análise de Custo/Volume/Lucro

         7.1 – Margem de contribuição
         7.2 – Ponto de equilíbrio
         7.3 – Alavancagem operacional

VIII – Formação de preço de venda

         8.1 - Preço de venda a partir do mercado.
         8.2 - Preço de venda a partir do custeio direto/variável.
         8.3 - Preço de venda a partir do custeio por absorção.
         8.4 - Mark -up

IX – Alguns conceitos de contabilidade gerencial

         9.1 – Departamentalização.
         9.2 – Ativo intangível
         9.3 – Relatórios gerenciais.

X – Avaliação e controle de estoques

         10.1 – Sistema de Inventário Periódico

                   10.1.1 – Empresas industriais
                   10.1.2 – Empresas comerciais
                   10.1.3 – Empresas prestadoras de serviços

         10.2 – Sistema de Inventário Permanente

Conclusão




                                           6
Custos e gestão financeira fácil

PARTE II – ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

I – Administração Financeira

         1.1   – O qué finanças?
         1.2   – O administrador financeiro
         1.3   – Oportunidades de carreira
         1.4   – Atividades-chaves do administrador financeiro

II – Demonstrações financeiras básicas

         2.1 – Principais demonstrações financeiras
         2.2 – Balanço Patrimonial

                   2.2.1 – Divisão do Balanço Patrimonial

         2.3 – Demonstração do Resultado do Exercício
         2.4 – Fluxo de Caixa

                   2.4.1 – Análise de algumas fontes de recursos

III – Análise das demonstrações financeiras

         3.1 – Análise de Liquidez

                   3.1.1 – Liquidez Geral
                   3.1.2 – Liquidez Corrente
                   3.1.3 – Liquidez Seca
                   3.1.4 – Liquidez Imediata

         3.2 – Índices de atividade

                   3.2.1 – Prazo médio de recebimento (PMR)
                   3.2.2 – Prazo médio de pagamento (PMP)
                   3.2.3 – Giro de estoque
                e Prazo médio de estocagem (PME)

         3.3 – Ciclo Operacional e Ciclo financeiro

                   3.3.1 – Ciclo operacional
                   3.3.2 – Ciclo financeiro

         3.4 – Índices de Rentabilidade

                   3.4.1 – Giro do Ativo
                   3.4.2 – Margem líquida

                                              7
Adryadson Flabio Nappi

                    3.4.3 – Rentabilidade do Ativo (ROI)
                    3.4.4 – Rentabilidade do Patrimônio Líquido (ROE)

IV – Análise vertical e horizontal

          4.1 – Análise vertical
          4.2 – Análise horizontal

Conclusão

Bibliografia




                                           8
Custos e gestão financeira fácil


APRESENTAÇÃO



          Este trabalho tem como objetivo, levar o aluno ou o
        empresário ao aprendizado da ciência administrativa
        financeira. Com fundamentos básicos e avançados, o
        estudante deverá obter uma compreensão teórica e prática
        no que se diz respeito à parte financeira de uma empresa.

         Dentro de nosso estudo, passaremos por noções básicas
        de contabilidade de custos e suas aplicações.

          Passaremos também por fundamentos básicos da área
        financeira, envolvendo atividades práticas, como fluxo de
        caixa, contas a pagar e receber. Usando fundamentos da
        ciência contábil, avançaremos para uma análise avançada
        de relatórios financeiros através de índices, análise
        vertical e horizontal.

          Com linguagem acessível e fácil, esse manual visa
        atender alunos, empresários em geral, e pessoas
        interessadas na área, levando-os a conhecer pontos
        importantes para uma boa gestão financeira.

         Mãos à obra!




                                 9
Adryadson Flabio Nappi




         10
Custos e gestão financeira fácil


INTRODUÇÃO

        Em um mundo totalmente competitivo e globalizado, a “seleção
natural” do mercado forçou as empresas a buscarem uma compreensão
mais elaborada sobre a administração dos negócios.
        Segundo Padoveze (2003, p.30), essa necessidade “está
associada com o advento do capitalismo industrial e apresentou um
desafio para o desenvolvimento da contabilidade e da ciência
administrativa como ferramenta de gerenciamento industrial”.
        O crescimento industrial com a Revolução Industrial na
Inglaterra foi o início de uma nova fase para o capitalismo mundial.
Padoveze afirma que no século XIX e início do século XX, o mundo
presenciou uma expansão enorme da indústria, particularmente dos
Estados Unidos e Inglaterra.
        Assim, a preocupação com uma administração mais intensa e
eficaz, deu início a um processo chamado Administração Científica.
Desta forma, muitos foram os teóricos que se debruçaram nos livros,
para fazer da administração empresarial uma ciência que produz
resultados.
        Baseados na doutrina de Adam Smith, no livro “Riqueza das
Nações”, o comércio torna-se mais livre e, conseqüentemente, se
expandiu rapidamente, fazendo surgir assim as “escolas” da
administração.
        Podemos citar rapidamente uma delas, a chamada Escola
Clássica da Administração, composta por Max Weber, Frederick Taylor
e Henri Fayol.




                                     11
Adryadson Flabio Nappi




                           Escola Clássica
                                 da
                           Administração



     Max Weber               Frederick              Henri Fayol
     (1864-1920)              Taylor                (1841-1925)
                            (1856-1915)


     Tipo ideal de         Escola Clássica         Processo adm. e
      Burocracia                 da                  Papéis dos
                           Administração              gerentes


Max Weber

        Demonstrou o lado impessoal da burocracia (não considerando
as pessoas). Weber dizia que a administração moderna depende de uma
série de Organização de normas empresariais. Fundamentou-se no
princípio da Autoridade e Obediência para o bom andamento das
organizações.

Frederick Taylor

        Preocupou-se basicamente com problemas relacionados à
administração das organizações. Para Taylor, a organização,
estruturação empresarial, divisão clara de responsabilidades, delegação
de tarefas, integração entre os departamentos e aptidão necessária dos
trabalhadores para com o serviço executado, eram características
fundamentais para uma boa administração.


                                   12
Custos e gestão financeira fácil


Henri Fayol

         Este teórico dizia que a administração não é uma atividade
reservada apenas para as empresas, mas sim, para todos os
empreendimentos humanos, seja família, negócios ou governo. Foi o
primeiro a dividir a empresa em seis atividades distintas: Técnica
(produção), Comercial (compra, venda e troca), Financeira (procura e
utilização de capital), Segurança (proteção da propriedade e das
pessoas), Contabilidade (registro de estoques, balanços, custos e
estatísticas) e Administração (planejamento, organização, comando,
coordenação e controle).
         Percebemos então que, nesse contexto, começa a surgir a área
financeira nas empresas com a finalidade de procura e utilização de
capital. É importante dizer nesse momento que a Contabilidade é
parte integrante e, por que não dizer, fundamental para a área
financeira.
         Com o crescimento mercadológico e comercial, cresce também
as funções da área financeira, e a contabilidade começa a ser
instrumento de gerenciamento e controle. Por essa razão, o bom
administrador precisa conhecer minimamente a contabilidade, pois é
através dos seus relatórios que alcançamos informações fundamentais
para a saúde financeira da empresa.

               As quatro grandes áreas da empresa

      É possível afirmar sem sombra de dúvidas que, para o bom
andamento de uma organização, é preciso ter claramente definido,
minimamente, quatro grandes áreas na empresa. São elas:



                                     13
Adryadson Flabio Nappi



                     Fluxo das áreas da empresa:



                RECURSOS                 PRODUÇÃO
                HUMANOS

              MARKETING                  FINANCEIRO
               E VENDAS


        É certo dizer que este grande “Z” da empresa é um requisito
mínimo para o bom andamento dos negócios. É preciso obter boas
contratações e um departamento de pessoal responsável e competente
para que a produção seja feita com qualidade. Assim produzido, um
bom setor de marketing e vendas do produto elaborado com certeza irá
gerar lucros e resultados positivos para o setor financeiro da empresa.
        Nosso objetivo, nesse trabalho, será estudar minuciosamente o
departamento financeiro de uma empresa, tentando colocar em pauta as
principais rotinas de um administrador financeiro, seus relatórios e suas
análises, visando assim, um bom andamento e uma organização
lucrativa e rentável.
        Assim, começaremos estudando a contabilidade de custos para
terminarmos na análise de índices financeiros.


Questões para aprofundamento:
1 – Quais são os principais pensadores da Escola Clássica e quais foram
suas principais doutrinas?
2 – Explique o “Z” da empresa?



                                    14
Custos e gestão financeira fácil




           PARTE I

CONTABILIDADE DE CUSTOS




                   15
Adryadson Flabio Nappi




         16
Custos e gestão financeira fácil



INTRODUÇÃO


        A preocupação com a Contabilidade nasceu desde que o
homem passou a possuir bens, surgindo a necessidade de controlá-los e
administrá-los adequadamente. Assim, "a contabilidade nasceu com o
objetivo básico de controle de patrimônio das pessoas". (SILVA, 1992,
p.8).



               "O ato de contar o rebanho nas mais antigas épocas,
               por exemplo, quando os pastores da antigüidade
               levavam seu rebanho para o pastoreio, logo pela
               manhã, ao retirar o rebanho do cercado, a cada ovelha
               que saia para o campo, se colocava uma pedrinha em
               um embornal, e depois de todas as ovelhas saíssem,
               tinha-se o total das mesmas em pedrinhas dentro do
               embornal. Ao voltar a tarde, cada ovelha que entrasse
               novamente ao cercado, retirava-se uma pedrinha do
               embornal. Isso é contabilidade, ou seja, qualquer forma
               de controle de patrimônio". (SILVA, 1992, p.8)



        Por essa razão, não se tem uma data certa do aparecimento da
contabilidade, mas sabe-se que por volta de 1494, segundo Silva (1992,
p.9), um frei italiano chamado Lucas Pacciolli, escreveu um livro
chamado "Summa", que descreveria todos os métodos de
contabilização com a conhecida "partidas dobradas", e acabou sendo
considerado o pai da contabilidade moderna.


                                     17
Adryadson Flabio Nappi


        Passarelli et al (2003, p.9), diz que, desde os primeiros séculos
da idade média até o fim do século XVI, faz parte da chamado primeira
etapa da evolução do sistema de produção na civilização oriental. Esta
etapa compreende com os sistemas de produção conhecidos como
familiar, de corporações e doméstico.
        Com a evolução do mercado e o crescimento populacional e
urbano, surge o cenário para o sistema de produção atual, denominado,
sistema de produção fabril.



                “Esse sistema começou a nascer quando o antigo
                intermediário do sistema doméstico começou a
                perceber que o sistema doméstico não era bastante ágil
                e produtivo para atender o crescimento acelerado de
                centros urbanos e a demanda produtiva, e passou a
                introduzir mudanças radicais na estrutura da
                organização produtiva. Levantando vultuosos capitais,
                inventou a fábrica: tirou o artesão e seus ajudantes de
                casa, transformou-os em simples assalariados, pondo-
                os a trabalhar nas instalações e com equipamentos de
                sua propriedade. Agora, o mestre artesão, bem
                conceituado e independente, transformou-se em feitor
                ou supervisor de fábrica”. (PASSARRELLI et al, 2003,
                p.10)

        Com esse sistema, nasce a contabilidade de custos, que segundo
Padoveze (2003, p.30), "está associada com o advento do capitalismo
industrial e apresentou um desafio para o desenvolvimento da
contabilidade como ferramenta de gerenciamento".


                                    18
Custos e gestão financeira fácil


        Neste contexto, pode-se perceber a necessidade do dono de
fábrica de controlar sua produção e as operações que estão contidas na
mesma. Essa preocupação foi o passo inicial para um modelo contábil
gerencial, onde se pudesse tomar decisões e controlar o patrimônio, ao
mesmo tempo.
        O modelo produtivo já não era tão simples como contar as
ovelhas que saíam do cercado, e, por essa razão, segundo Padoveze
(2003, p.30) "para atender a demanda crescente, fazendas e fábricas
maiores (originalmente denominadas manufaturas), exigindo mais
equipamento, tornaram-se comuns. Mais capital era necessário e os
bancos foram surgindo para fornecê-los".
        Assim, a arte das "partidas dobradas" inventadas pelo Frei
veneziano Lucas Pacciolli, citado acima, deu um impulso notável no
ato de registrar dados e transações econômicas e financeiras neste
período. (PASSARELLI et al, 2003, p.11)
        Enfim, com a insuficiência de informações na que chamamos
de contabilidade geral, a contabilidade de custos veio tomar forma para
que os administradores e proprietários de empresas pudessem obter
informações relevantes e confiáveis para a tomada de decisão.
        Nasce então a contabilidade gerencial propriamente dita, e a
contabilidade de custos com os modelos de análise de custos e diversos
métodos, como o custeio variável, custeio por absorção, custeio ABC e
RKW. (MOREIRA et al, 2003)
        Em resumo, o trabalho teve o objetivo principal de analisar os
modelos e métodos de custos existentes.
        Muitos são os estudos feitos na área de custo, que, sem dúvida,
é um dos mais discutidos assuntos na atual realidade de mercado. A
concorrência global faz com que o controle de custos seja uma
preocupação constante das empresas como instrumento de
gerenciamento e tomada de decisão.
                                      19
Adryadson Flabio Nappi


         Por essa razão, o crescimento da necessidade da contabilidade
de custos e da contabilidade gerencial é constante no cenário atual.
         Da mesma forma que o crescimento de mercado atinge as
empresas, os antigos escritórios de contabilidade também estão sendo
afetados, tendo eles que se preocuparem com a maneira mais adequada
de gerir seus negócios, transformando-se em empresas contábeis.




                                   20
Custos e gestão financeira fácil



I – BREVE HISTÓRIA DA CONTABILIDADE



        A contabilidade surgiu em uma época muito antiga, onde não
podemos dizer com precisão a data de seu nascimento. Porém, basta
saber que ela nasceu em uma época em que já se exigia uma maneira
mais organizada e científica de se controlar o patrimônio.
        Padoveze (1996, p.29) diz com muita simplicidade que
“patrimônio é o conjunto de riquezas de propriedade de alguém ou de
uma empresa”.
        Afirma a sociologia que existiu uma época primitiva em que
tudo era de todos e, portanto, não existia patrimônio. Com a evolução
do homem e dos sistemas de produção, iniciou-se um processo de
acumulação de patrimônio e assim, a contabilidade começou a surgir.
        O ato de contar, já é uma contabilidade. Por essa razão, Silva
(1992, p.8) afirma que desde quando os pastores da antigüidade
contavam seu rebanho através das pedrinhas que jogavam em
embornais, já existia a contabilidade.
        Com o crescimento e desenvolvimento da humanidade, evolui-
se também a contabilidade. Segundo historiadores, é dito que os
mercadores venezianos da antigüidade possuíam formas de registrar as
suas operações e controlar seu patrimônio.
        Estas formas estavam escritas em livretos que eram de
conhecimento da época e em 1494, foi publicado na Itália, segundo
Padoveze (1996, p.40), o Tratatus de Computis et Scripturis, dentro
da obra Summa de Arithmética, Geometria, Proportioni et
Proporcionalitá do Frei Luca Pacciolli, matemático, teólogo e
contabilista. Com isso, Luca Pacciolli ficou sendo considerado o pai da
Ciência Contábil moderna.

                                      21
Adryadson Flabio Nappi


        Nesta obra, a grande novidade foi a introdução do método de
escrituração contábil denominado “Método das partidas dobradas”,
onde Pacciolli reconhece esse método como o ideal para a escrituração
contábil.
        As partidas dobradas fizeram surgir então o chamado
Patrimônio Líquido, onde não existia no método da partida simples.
Ainda Padoveze (1996, p.40) diz que “a partida simples buscava
contabilizar os bens e direitos, mas não dava a dimensão do
fundamento causa-efeito, o que fundamenta as partidas dobradas”.
        Assim, evoluiu a chamada hoje ciência contábil, juntamente
com a necessidade de contabilizar e controlar transações.
        Com a revolução industrial e a grande virada do mercado, se
transformava também a contabilidade como um instrumento de controle
de patrimônio, que a cada dia se concentrava na mão de poucos.
        Os sistemas de produção iam se modificando e com ela, a
necessidade de um controle maior.
        Segundo Passarelli et al (2003, p.10), os sistemas que no
começo do capitalismo se caracterizava familiar, agora estava sendo um
sistema de produção denominado fabril. Neste instante, nasce uma nova
expectativa da contabilidade, e uma nova visão dos então chamados
administradores e proprietários das primeiras fábricas que nasciam.

       1.1 - Necessidade de um controle para as novas indústrias.


        Com o crescimento do mercado e a transformação do antigo
sistema doméstico para o sistema fabril, a contabilidade abriu espaço
para uma nova etapa, onde se começa a surgir a contabilidade de
custos.
        Tudo isso se deu, segundo Passarelli et al (2003, p.11), pela
transformação do sistema fabril, sendo que o proprietário da fábrica,

                                   22
Custos e gestão financeira fácil


não era mais aquele antigo artesão mestre, mas sim, o intermediário que
se tornou administrador.
        Pode-se chegar a conclusão que, a contabilidade de custos
surgiu quando se separou a administração da produção. Ou seja, no
momento em que um terceiro contrata pessoas para produzir, exige-se
um maior controle para se tomar decisões.
        Assim, com a necessidade de um instrumento de gestão para os
novos empreendedores, nasce a contabilidade de custos.




                                      23
Adryadson Flabio Nappi




         24
Custos e gestão financeira fácil



II - CONTABILIDADE DE CUSTOS E SUA APLICAÇÃO.



         Para Martins (2001, p.19), até a Revolução Industrial (séc.
XVIII) quase só existia a Contabilidade financeira ou geral, que era
suficiente para servir as empresas comerciais da Era Mercantilista.
Porém, com o advento das indústrias, ficou difícil para os contadores
identificarem facilmente os valores dos estoques para fechamento de
seus balanços, surgindo então a contabilidade de custos.
         Tal afirmação de Martins vem afirmar aquilo que já foi
discutido anteriormente, dizendo que a Revolução Industrial veio trazer
a contabilidade de custos. Porém, Eliseu Martins expressa algo a mais,
dizendo que a necessidade de atribuir valores para os estoques das
empresas, no momento do fechamento de balanço e apuração do
resultado, fez com que surgisse a contabilidade de custos propriamente
dita.
         Percebe-se então num primeiro momento que a contabilidade
de custos primitiva veio do estoque das empresas.
         Martins (2001, p.19) explica que “no balanço final,
permaneciam como estoques no Ativo apenas os valores sacrificados
pelas compras dos bens. Nenhum outro valor era ativado, como juros e
encargos financeiros, honorários dos proprietários e administradores,
salários e comissões e outros. Todos estes gastos eram automaticamente
apropriados como despesas do período, independentemente da venda ou
não da mercadoria”.
         Assim começou-se a avaliação de estoques dentro do âmbito
industrial, nas empresas modernas.



                                      25
Adryadson Flabio Nappi


       2.1 - Importância da contabilidade de custos para gestão



       Sem dúvida a contabilidade de custos é um dos instrumentos
mais poderosos de gestão para uma empresa moderna. Devido a toda
sua importância, dela nasceu um método de gerenciamento que é
denominado Contabilidade Gerencial.



               “A contabilidade gerencial pode ser caracterizada,
               superficialmente, como um enfoque conferido a várias
               técnicas e procedimentos contábeis já conhecidos e
               tratados na contabilidade financeira, na contabilidade
               de custos, na análise financeira de balanços etc.,
               colocados numa perspectiva diferente, num grau de
               detalhe analítico ou numa forma de apresentação e
               classificação diferenciada, de maneira a auxiliar os
               gerentes das entidades em seu processo decisório”.
               (IUDÍCIBUS, 1987, p.15)
        Assim, pode-se afirmar que a contabilidade de custos foi um
grande instrumento para que surgisse a contabilidade gerencial.

       2.2 - Contabilidade de custos em empresas não industriais.

        Tamanha a sua aplicação no cenário atual das empresas e tão
grande a sua importância no mercado globalizado e competitivo, que a
contabilidade de custos passou a ser um instrumento essencial e
indispensável para os administradores, passando então a ser implantada
não somente em empresas industriais para controle de estoques como


                                   26
Custos e gestão financeira fácil


do princípio, mas para as empresas prestadoras de serviços, que, diga-se
de passagem, é o tema do trabalho em questão.
         Para essa questão, Martins (2001, p.23) diz que para as
empresas prestadoras de serviços que eventualmente faziam uso dos
custos para avaliação dos serviços em andamento, o campo para essas
empresas alargou-se muito.
         É extremamente comum nos dias de hoje, ver empresas como
Bancos, Financeiras, escritórios de planejamento, de auditoria e outros,
utilizarem da contabilidade de custos. Para esses casos, passou-se a
utilizar e explorar o potencial para controle e para a tomada de
decisões, com as informações levantadas por um bom controle de
custos.




                                      27
Adryadson Flabio Nappi




         28
Custos e gestão financeira fácil



III - CONCEITOS BÁSICOS DE CONTABILIDADE DE
CUSTOS.



        Para se ter uma implantação correta de uma contabilidade de
custos, é preciso perceber e entender algumas terminologias específicas
que a contabilidade de custos tem, para verificar corretamente os
métodos e técnicas de análise de custos.
        Sendo assim, inicia-se com o conceito de gastos, custos e
despesas e outros.

        3.1 – Gastos

        Segundo Passarelli et al (2003, p.31), os gastos são valores
monetários de todos os desembolsos e compromissos assumidos pela
empresa no desempenho de suas operações de produção de bens e
serviços.
        São ocorrências genéricas e abrangentes, por essa razão,
diferenciam-se com outras terminologias, como investimentos, custos e
despesas.

        3.2 - Investimento

        Padoveze (2000, p.221) diz que “são gastos efetuados em ativo
ou despesas e custos que serão imobilizados ou diferidos. São gastos
ativados devido sua vida útil ou benefícios futuros”.

        3.3 - Custos e despesas


                                      29
Adryadson Flabio Nappi


        Martins (2001, p. 25) cita como “todo gasto relativo a bem e
serviço utilizado na produção de outros bens e serviços”. Já para a
despesa, é o bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a
obtenção de receitas.
        A contabilidade de custos apareceu na idéia de controle de
indústria, porém, nos dias de hoje, muitas empresas de serviços
passaram a utilizar a contabilidade de custos para gerenciamento, que é
o caso do trabalho em questão. Pensando nessas terminologias, como
poderíamos fazer uma contabilidade de custos em uma empresa de
serviço que só tem despesa?
        Para isso, Martins (2001, p. 27) alerta que devem-se usar da
idéia que tais entidades são produtoras de utilidades, e assim possuem
custos que imediatamente se transformam em despesas, sem que haja a
fase de estocagem, como no caso de uma indústria. Por essa razão, a
terminologia está correta.

        3.4 – Custos Diretos

         Em linhas gerais, custos e despesas diretas são aqueles
facilmente identificados a um determinado produto, segundo Padoveze
(2000, p.236).
         Passarelli et al (2003, p.33), define custo direto como aquele
que podemos mensurar quanto pertence a cada um, de forma objetiva e
direta.
         Esses tipos de custos não são necessários elaborar formas de
rateio, pois conseguem ser identificados no produto facilmente, como o
caso da matéria prima, componentes e outros.




                                   30
Custos e gestão financeira fácil


        3.5 – Custos indiretos

         Todos os gastos que não são considerados diretos são indiretos.
Segundo Martins (2001, p.53), os custos indiretos são aqueles que não
oferecem uma medida objetiva e qualquer tentativa de alocação, tem
que ser feita estimada, por rateio.
         Os custos indiretos são identificados geralmente no produto
final, e são de caráter genérico e não específico. (PADOVEZE, 2003)

        3.6 – Custos fixos

         São aqueles que independem do volume da produção. Segundo
Moreira et al (2004), os custos fixos são aqueles que independem do
volume de produção, ou seja, se a fábrica produz ou não, o custo fixo
total é o mesmo.
         Vale ressalta neste item que, conforme Padoveze (2000, p.237),
embora classifiquemos alguns custos como fixo, todos os custos estão
sujeitos a mudança.
         A representação gráfica de custos fixos pode ser feita da
seguinte forma:




                                  Custos Fixos
             Custos




                                  Unidades produzidas
                                      31
Adryadson Flabio Nappi




        3.7 – Custos variáveis

        São aqueles que dependem do volume da produção ou no nível
de atividade. Neste conceito, estão compreendidos todos aqueles custos
que conforme a empresa produz, o custo aumenta.
        Da mesma forma, os custos variáveis podem ser representados
pelo seguinte gráfico, de uma maneira bem simplificada.




                       Custos variáveis
          Custos




                       Unidades produzidas

        3.8 – Custos semi-variáveis

         Segundo Padoveze (2000, p.239), “são os custos em que existe
variação em relação a quantidade produzida, mas não tem relação
direta. Variam mas não na proporção exata 1:1.




                                   32
Custos e gestão financeira fácil


A representação gráfica deste caso seria:




                                     Parte variável
   Custos

                Unidades produzidas




                              33
Adryadson Flabio Nappi




         34
Custos e gestão financeira fácil



IV – MÉTODOS DE CUSTOS UTILIZADOS


        Estarão sendo abordados neste trabalho alguns métodos de
custeamento que são utilizados nas empresas e organizações em geral.
        É importante dizer que o processo de custeamento de produtos
ou serviços nas empresas depende do sistema e do método de custo
podendo-se alcançar valores e estruturas diferentes para cada sistema e
método utilizado.
        Moreira et al (2004) define simplesmente que método é o
mecanismo que define os custos que farão parte do custeamento do
produto ou serviço, e sistema é a maneira de mensuração de cada
componente do custo.
        Para Padoveze (2000, p.241), método de custo é o “processo
utilizado para identificar o custo unitário de um produto, partindo dos
custos diretos e indiretos”.

        4.1 – Custeio direto ou variável.

        Neste método, resumidamente, consiste em apropriar aos
produtos ou serviço apenas os gastos variáveis da empresa. Como já
vimos anteriormente, gastos variáveis são aqueles que variam em
proporção direta com a produção.
        Esse método é considerado o melhor para decisões gerenciais
segundo Padoveze (2000, p.242), pois os custos fixos indiretos não são
alocados aos produtos e são tratados como despesas do período.
        Moreira et al (2004) acrescenta ainda que o custeio variável é
melhor para tomada de decisão, pois “considera que os custos fixos
estão relacionados diretamente a capacidade de instalação da empresa e
não ao nível de produção”.

                                      35
Adryadson Flabio Nappi


         Este método não é aceito pela legislação, desta forma, é
necessário, para efeito de fiscalização, que as empresas se utilizem o
custeio por absorção, próximo método a discutir.
         Segundo Martins (2001, p.220), este método fere os princípios
contábeis, principalmente o da Competência e a Confrontação. Segundo
estes, devemos apropriar as receitas e delas deduzir todos os sacrifícios
envolvidos em sua obtenção. Por essa razão, não seria correto jogar
todos os custos fixos nas vendas de hoje, se parte dos produtos feitos só
venderá amanhã.

        4.2 – Custeio por absorção.

        “É o método que quando ao custear os produtos fabricados,
pela empresa, são atribuídos a esses produtos, além dos gastos
variáveis, os gastos fixos” diz Passarelli et al (2003, p.40), onde estes
gastos fixos são atribuídos por critérios de distribuição.
        Este método é o tradicional, utilizado pelas empresas no mundo
todo.
         4.3 – Custeio Integral

       Conforme Padoveze (2000,p.242), é um prolongamento do
custeio por absorção. Neste caso, as despesas com vendas e
administração também são alocados aos produtos.

                4.3.1   - Custeio ABC



        Neste conceito se encaixa o conhecido Custeio ABC, onde
através de técnicas de rateio, se distribui as despesas comerciais e
administrativas da empresa, jogando-a no custo dos produtos.
                                    36
Custos e gestão financeira fácil


         Em busca da definição de Custeio ABC, Ching (1995,p.41)
apresenta como “um método de rastear os custos de um negócio ou
departamento para as atividades realizadas e de verificar como estas
atividades estão relacionadas para a geração de receitas e consumos de
recursos”.
         Capasso et al (1997, p.74) diz que “o ABC estabelece uma
relação concreta entre os custos indiretos dos produtos, de maneira que
possa representar, por exemplo, qual a percentagem da superfície da
planta industrial é empregada num produto, em conseqüência alocar
esta porção dos custos derivados da dita planta a seu custo unitário”.
         O ABC, portanto, é direcionado para as atividades, que
segundo Brito et al (2004), “é um método de custeio que busca
identificar com mais precisão os custos identificados a um determinado
produto.
         Não deixa de ser um método de custeamento por absorção que
procura identificar com determinadas técnicas, o máximo possível de
identificação dos custos, apropriando aos produtos diretamente.
         Sem dúvida é um método muito discutido por estudiosos, pela
sua dificuldade de implantação em uma realidade empresarial, devido a
sua complexidade, e também, por ainda ser um método de rateio,
sujeito a distorções.

                4.3.2   - Custeio RKW

        Aplica-se o mesmo entendimento ao método de custeio RKW,
porém, este também rateia para o produto as despesas financeiras do
período.

        4.4 – Diferença entre os métodos


                                      37
Adryadson Flabio Nappi


        Padoveze (2000, p.248) demonstra de uma maneira muito feliz
todos esses conceitos através de um simples quadro, contendo:

                Figura 1 – Gastos Totais – direto e indireto



        Tipos de Gastos                 Métodos de Custeio

Materia prima, materiais
diretos e embalagens           Teoria das     Custeio
                               Restrições    direto ou
Despesas variáveis
                                              variável   Custeio
(exemplo: comissões)
Mão de obra direta                                         por      Custeio
                                                         absorção   integral
Mão de obra indireta                                                           R
Despesas gerais industriais                                         Custeio
                                                                               K
                                                                     ABC
                                                                               W
Depreciação

Mão de obra
administrativa/comercial
Despesas
administrativas/comerciais
Despesas Financeiras

                       Gastos Totais + Método de Custeio
Fonte: Padoveze (2000, p. 248)

       Com o gráfico colocado acima, pode-se verificar de uma
maneira geral e clara, a diferença entre os vários métodos de custeio.
       Porém, basta saber que existem vantagens e desvantagens nos
métodos e, por essa razão, é preciso identificar a realidade de cada
                                       38
Custos e gestão financeira fácil


empresa a ser estudada, encontrando e definindo objetivos para o
estudo.

       4.5 – Custeio variável versus Custeio por absorção

        Em muitos anos os teóricos tentam descobrir qual dos dois
métodos realmente é o melhor.
        Martins (2001, p.220) afirma que no “ponto de vista gerencial,
o custeio variável tem condições de propiciar mais rapidamente
informações vitais à empresa”.
        Padoveze (2000, p.259) concorda com essa posição, dizendo
que “as informações aparecem mais claras e evidentes, pois tendem a
não enviesar a apropriação dos custos dos produtos com rateios dos
custos indiretos sem bases científicas”, porém, ele ainda afirma que o
custeio por absorção tende a tranqüilizar os empresários, pois rateia
todos os custos e, com isso, os parâmetros para a formação de preço de
venda estariam mais bem embasados.
        Moreira et al (2004) considera o custeamento variável mais
próprio para os relatórios internos de gerenciamento, pois é de fácil
leitura aos usuários e é o que tem mais facilidade de análise
custo/volume/lucro, evidenciando aos gestores melhor projeção de
produção, vendas e resultado.
        Enfim, ainda não se tem uma posição definitiva para qual
método utilizar, pois as vantagens e desvantagens de cada método,
fazem com que a dúvida permaneça na mente até dos mais estudiosos e
entendidos da área.
        Porém, chega-se a conclusão que para o gerenciamento da
empresa em tomada de decisões, prioriza-se o variável, porém, a
legislação fiscal não o aceita como controle de estoques, pois fere os


                                     39
Adryadson Flabio Nappi


princípios contábeis geralmente aceitos, ou seja, a impressão que se tem
é que todos dizem: “na dúvida, faz-se os dois!”.
        Para expressar essa diferença, Leone (2000, p.406) define um
quadro apresenta um quadro de comparação que será colocado neste
trabalho, resumindo as diferenças básicas de cada método de custeio.




                                    40
Custos e gestão financeira fácil


Quadro Comparativo das diferenças fundamentais em custeio
                 variável X absorção.
               Figura 2 – Quadro comparativo.
     Custeamento Variável                       Custeamento por absorção
1.     Classifica os custos em                  1.    Não há essa preocupação
       fixos e variáveis.                             por essa classificação.
2.     Classifica os custos em                  2.    Também        classifica     os
       diretos e indiretos.                           custos       em   diretos     e
                                                      indiretos.
3.     Debita ao segmento, cujo                 3.    Debita ao segmento, cujo
       custo está sendo apurado,                      custo está sendo apurado,
       apenas os custos que são                       os seus custos diretos e
       diretos     ao   segmento       e              também os custos indiretos
       variáveis em relação ao                        através de taxa de absorção.
       parâmetro escolhido como
       base.
4.     Os resultados apresentados               4.    Os resultados apresentados
       sofrem influência direta do                    sofrem influência direta do
       volume de vendas.                              volume de produção.
5.     É           um          critério         5.    É um critério legal, fiscal,
       administrativo,      gerencial,                externo.
       interno.
6.     Aparentemente                sua         6.    Aparentemente,              sua
       filosofia básica contraria os                  filosofia básica, alia-se aos
       preceitos         geralmente                   preceitos           contábeis
       aceitos de Contabilidade,                      geralmente            aceitos,
       principalmente                os               principalmente              aos
       fundamentos do “regime de                      fundamentos do “regime de
       competência”.                                  competência”.


                                           41
Adryadson Flabio Nappi


   7.   Apresenta a contribuição                 7.   Apresenta        a      margem
        marginal – diferença entre                    operacional      –   diferença
        as receitas e os custos                       entre as receitas e os custos
        diretos   e      variáveis    do              diretos     e   indiretos    do
        segmento estudado.                            segmento estudado.
   8.   O   custeamento         variável         8.   O         custeamento        por
        destina-se       a      auxiliar,             absorção        destina-se    a
        sobretudo, a gerência no                      auxiliar    a    gerência    no
        processo de planejamento e                    processo de determinação
        tomada de decisões.                           da   rentabilidade       e   de
                                                      avaliação patrimonial.
   9.   Como         o       custeamento         9.   Como o custeamento por
        variável trata dos custos                     absorção trata dos custos
        diretos   e      variáveis    de              diretos     e   indiretos    de
        determinado segmento, o                       determinado segmento, sem
        controle da absorção dos                      cogitar de perquirir se os
        custos da capacidade ociosa                   custos são variáveis ou
        não é bem explorado.                          fixos, apresenta uma visão
                                                      para o controle da absorção
                                                      dos custos da capacidade
                                                      ociosa.
Fonte: Leone (2000, p.406)




                                            42
Custos e gestão financeira fácil



V – FORMAS DE CUSTEAMENTO

        5.1 - Custo Real


         Para Padoveze (2000, p.242), o “fundamento da contabilidade
de custos é a apuração do custo real”. Esse custo é calculado com base
nos gastos já incorridos na produção.
         Desta forma, essa forma de custo já representa o custo
acontecido, um custo baseado em dados passados.
         Gerencialmente, este dado não tem um valor significativo, pois
o empresário não quer saber dados passados, mas sim, determinar
valores futuros para a tomada de decisões. Esta é uma premissa básica
da contabilidade gerencial, que trabalha com valores que irão acontecer,
com orçamentos e análises futuras.
         Padoveze (2000, p.293) afirma que o “custo real tem validade
apenas nos sentidos, após a análise de suas variações, em cima de um
custo padrão, se identificam as causas do por que das variações,
podendo-se corrigir rumos atuais”.
         O custo real, portanto, serve para servir as necessidades legais e
fiscais da contabilidade, em avaliação de inventário.

        5.2 – Custo padrão


         O custo padrão é uma técnica para avaliar e substituir o custo
real. Ele é um custo normativo, objetivo, proposto ou um custo que se
deseja alcançar.
         Para Padoveze (2000, p.293), o custo padrão “está ligado aos
conceitos de controlabilidade empresarial”. Assim, ainda Padoveze
(2000, p.293) expressa os objetivos mais importantes do custo padrão

                                       43
Adryadson Flabio Nappi


como: “determinar o custo que deve ser, ou seja, o custo correto;
“definição de responsabilidades e comprometimento dos responsáveis
de cada departamento” ou área da empresa, “avaliação do desempenho
e eficácia operacional”.
        Este forma de custeamento representa muito mais utilidade para
o gerenciamento da empresa no seu dia-a-dia, tendo a vantagem de não
ser preciso seu cálculo mensalmente, podendo ser feito em períodos
maiores. (PADOVEZE, 2000, p.293).
        Em caso específico deste trabalho, o custo padrão será muito
melhor utilizado, pois tem como principal utilização, a formação do
preço de venda.
        Visto que essa pesquisa visa esta formação do preço de venda
de serviços em um caso particular, esta forma com certeza deverá ser
usada.
        Padoveze (2000, p.293) ressalta que, “apesar de ser o mercado
que dá o preço de venda dos produtos, ele deve ser inicialmente
calculado em cima das condições de custo das empresas”.
        Por essa razão, deve-se utilizar como forma inicial o custo-
padrão, pois este consegue demonstrar os elementos para a formação do
preço de venda.

               5.2.1 - Tipos de Custo padrão.

        O conceito de custos padrão tem diversas acepções, quais são:
padrão estimado, padrão ideal e padrão corrente.
        Para Passarelli et al (2003, p.162) “quando a expectativa
gerencial é modesta e conservadora, onde a empresa toma por base
apenas a experiência histórica, se incluir qualquer desempenho futuro,
temos o custo padrão estimado”.


                                   44
Custos e gestão financeira fácil


         Em contrariedade, quando as expectativas gerenciais são
desenvolvidas em bases estritamente teóricas, Padoveze (2000, p.292)
conceitua que “é o custo calculado de forma cientifica, em condições
máximas de recursos produtivos e processo de fabricação pudessem ser
alcançados”. Ainda Padoveze (2000, p.292) diz que é utilizado como
custo meta, onde tentaria levar os setores da empresa a atingi-lo, porém,
por ser improvável de ser alcançado devido a imperfeições da realidade
empresarial, pode ser desmotivador para os colaboradores da empresa.
         Finalmente, o custo padrão corrente é o que mais reflete a
realidade para padrões gerenciais, pois, conforme Passarelli et al (2003,
p.292), “inclui expectativas de melhoria sobre o nível de eficiência
atual na empresa”. Neste método, toma-se o custo histórico como base,
e sendo ajustados, refletem melhorias de desempenho possíveis e
desejáveis e não melhorias teoricamente possíveis como assume o custo
padrão ideal.

                5.2.2 - Construção do Custo padrão.

         Deve-se analisar para se construir o custo padrão, os materiais
diretos, mão de obra direta, custos indiretos variáveis e custos indiretos
fixos.
         Passarelli (2003, p.165) assume que o custo padrão é
considerado uma “função da engenharia, pelo menos no que se diz
respeito as informações quantitativas”.

                         a) Materiais Diretos


        Basicamente, o custo padrão dos materiais direto é calculado
por dois fatores: quantidade e preço.


                                       45
Adryadson Flabio Nappi


        O fator quantidade vem da estrutura do produto. Padoveze
(2000, p.294) diz que, geralmente, este dado vem da engenharia do
produto, e que alguns produtos que obtem perdas normais de materiais,
devem ser também acumulado no custo padrão.
        O preço padrão deve ser calculado em condições normais de
boa negociação, e como Padoveze (2000, p.294) ressalta, é importante
calcular o preço das compras à vista, devido à questão inflacionária.
        Desta maneira, Padoveze (2000, p.294) exemplifica:

        Padrão de quantidade
        Toneladas de material A por unidade de produto           1,10
        Perda normal no processo estimada                        0,04
        Estimativa de refugos                                    0,01
        Quantidade padrão por unidade de produto                 1,15
        Padrão de preço

        Preço de compra sem impostos recuperáveis                20,70
        (-) Custo financeiro de pagamento a prazo                (2,70)
        Preço da compra à vista                                  18,00
        Frete e despesas de recebimento                           2,00
        Preço padrão do material A                               20,00

         Com o exemplo de Padoveze (2000, p.294), percebe-se, de uma
maneira geral, como se calcula o custo padrão de materiais diretos. Será
assim para todos os outros itens que iremos, de uma maneira resumida,
explicar teoricamente, pois será utilizado este conceito na parte prática
deste trabalho.
         Para finalizar este item, Martins (2001, p.341), em um quadro
comparativo numérico, exemplifica bem essa variação entre o custo
real e o custo padrão de materiais, conforme segue:

                                    46
Custos e gestão financeira fácil


                     Variação de materiais diretos

         Formas         Qtde           Preço                Total   Total geral
  de Custeio
  Custo padrão:

  Matéria prima X:      16 kg       $ 40,00/kg          $ 640,00
  Matéria prima Y:       5m         $ 100,00/m          $ 500,00
  Embalagem:            80 fl         $ 7,00/fl         $ 560,00    $ 1.700,00/u


  Custo Real:

  Matéria prima X:      19 kg       $ 42,00/kg          $ 798,00
  Matéria prima Y:       4m         $ 135,50/m          $ 542,00
  Embalagem:            75 fl         $ 6,80/fl         $ 510,00    $1850,00/u


  Variação Total:

  Matéria prima X:                                    $ 158,00 D
  Matéria prima Y:                                     $ 42,00 D
  Embalagem:                                            $ 50,00 F   $ 150,00/u D



        Em uma análise deste quadro, percebe-se que o custo padrão
total do material direto neste caso era de $ 1.700,00 por unidade
produzida de produto. Porém, o custo real ultrapassou e foi de $
1.850,00 por unidade produzida, ou seja, houve uma variação
desfavorável (a letra “D” do quadro) de $ 150,00.



                                       47
Adryadson Flabio Nappi


        Percebe-se também que a matéria prima X, ultrapassou $
158,00 do que foi planejado, e a matéria prima ultrapassou $ 42,00 por
unidade produzida. Na embalagem, houve uma variação favorável (a
letra “F” do quadro) de $ 50,00 por unidade.
        Com esse exemplo ilustrativo já se entende a importância do
custo padrão para uma análise gerencial de custos, pois se consegue ter
o chamado custo-meta, onde a empresa em questão tentará identificar e
melhorar o desempenho de suas operações.

                        b) Mão de obra direta.

        Segue-se neste item o mesmo conceito dos materiais diretos,
onde se assume um padrão de quantidade e de valor.
        Padoveze (2000, p.295) ressalta que normalmente o padrão de
mão de obra direta é “determinado pela quantidade de horas necessárias
do pessoal, ou da quantidade de funcionários diretos, em todas as fases
de fabricação do produto”.
        Passarelli et al (2003, p.170) define que o “custo padrão de mão
de obra direta é igual ao tempo padrão vezes o salário padrão”.
        Percebe-se que são maneiras diferentes de dizer a mesma coisa.
Deve-se achar o custo padrão de mão-de-obra direta através do número
de horas trabalhadas padrão vezes o custo da hora de mão de obra
direta.
        Padoveze (2000, p.295) exemplifica:

        Padrão de quantidade
        Horas necessárias de mão de obra para o produto         50,00
        Paradas para necessidades pessoais                      7,00
        Horas estimadas de retrabalhos de qualidade              3,00
        Horas padrão por unidade de produto                     60,00
                                    48
Custos e gestão financeira fácil




        Padrão de valor
        Salário horário médio do setor de montagem         $ 2,20
        Encargos sociais legais                            $ 1,32
        Benefícios espontâneos                             $ 0,29
        Custo horário de mão de obra direta                $ 3,81

        Achado estes valores, fazemos o cálculo acima especificado
que é horas padrão vezes o custo da mão de obra, que, numericamente
no exemplo, ficaria 60 X $ 3,81 = $ 228,60.
        Seu critério de variação entre o real e o padrão, segundo
Martins (2001, p.348), é analisada da mesma forma que dos materiais
diretos, tendo apenas uma diferença costumeira de terminologia.
Martins (2001, p.348) termina dizendo que, “nos materiais, o que é
chamado de variação de preço, tem nome de variação de taxa, e a
variação de quantidade é cognominada de variação de eficiência”.

                        c) Custos indiretos variáveis


        Os custos indiretos variáveis são alocados ao custo padrão igual
qualquer sistema que se empreguem taxas predeterminadas de
absorção.
        Passarelli et al (2003, p.172), diz que “as taxas predeterminadas
devem ser, preferencialmente, baseadas em orçamentos bastantes
detalhados para permitirem uma análise minuciosa das variações
causadas pela não absorção ou absorção em excesso”.
        Padoveze (2000, p.296) exemplifica dizendo que as “principais
bases de atividades para elaboração das taxas de custos indiretos
variáveis são horas máquinas trabalhadas, quantidade de produto final,
horas de mão de obra direta”. Novamente, Padoveze (2000, p.296)

                                      49
Adryadson Flabio Nappi


exemplifica de uma forma muito simples auxiliando a compreensão do
caso.

        Padrão de custos indiretos variáveis
        Custos indiretos variáveis estimados do período $ 275.000,00
        Horas diretas previstas                         453.600 h
        Custo variável por hora direta                  $ 0,60
        Horas necessárias para uma unidade de produto 60 horas
        Custos indiretos variáveis por unidade          $ 36,00



         Interpretando o exemplo, vemos que Padoveze (2000, p.296)
dividiu o valor total de custos indiretos do período pelas horas diretas
previstas no período. Assim, ele encontrou um custo variável por hora
direta e multiplicou pelas horas necessárias para uma unidade completa
do produto final, chegando ao valor dos custos indiretos variáveis por
unidade de produto.

                        d) Custos indiretos fixos

        Padoveze (2000, p.296), em seu livro “Contabilidade
Gerencial” faz essa divisão a divisão dos custos indiretos em fixos e
variáveis. Desta forma, Padoveze (2000, p.296) afirma que ao fazer o
custo padrão, a diferença básica que se encontra em custos indiretos
fixos e custos indiretos variáveis, é que os custos fixos estão ligados
com denominadores de capacidade de produção e não necessariamente
com os volumes de produção atuais produzidos.
        Por essa razão podemos utilizar como denominador o volume
de produção estimado ou orçado.


                                    50
Custos e gestão financeira fácil


       Padrão de custos indiretos fixos
       Custos indiretos fixos estimados para o período $ 484.680,00
       Volume de produção previsto                     11.540 unid.
       Custos fixos indiretos por unidade              $ 42,00

        Interpretando o exemplo de Padoveze (2000, p. 297) percebe-se
que foram divididos os custos indiretos fixos do período pelo volume
de produção previsto, chegando enfim, no custo indireto fixo unitário.

  Critérios de análise de variação do Custo padrão X Custo real.
        Padoveze (2000, p.299) demonstra essa análise de uma maneira
genérica da seguinte forma:

               Figura 3 – Custo padrão X Custo real

             VARIAÇÃO TOTAL

       Variação de preço                       Variação de quantidade
                     (A – B)                                 (B – C)

       > de materiais                          > de materiais
       > de taxa horária                       > eficiência de mão de obra
       > custos indiretos variáveis            > eficiência de custos
                                               indiretos variáveis

   A                                       B                                 C
Qtde real                         Qtde Real                   Qtde padrão
    X                                 X                             X
Preço Real                        Preço padrão                Preço padrão




                                      51
Adryadson Flabio Nappi




        5.3 - Custo orçado ou estimado

         A fundamentação teórica é a mesma do custo padrão, porém, a
grande diferença é que os custos orçados e estimados, como o próprio
nome já diz, procuram identificar os custos que deverão acontecer no
futuro, enquanto o custo padrão, pode incorporar metas de realização de
custos.




                                   52
Custos e gestão financeira fácil



VI – SISTEMAS DE ACUMULAÇÃO DE CUSTOS


        Com o processo produtivo da empresa, pode-se escolher o
sistema de acumulação de custos que se encaixa neste processo de
produção.
        Segundo Leone (2000, p.233) existem dois tipos básicos de
produção nos quais são a produção por encomenda e a produção de
produtos padronizados.
        Por essa razão, a contabilidade de custos teve que desenvolver
dois sistemas básicos de acumulação de custos, que são: sistema de
custeamento por ordem e sistema de custeamento por processo, ou seja,
uma para produção por encomenda e outro para produção em série de
produtos padronizados, respectivamente.
        Existem casos de empresas que se utilizam os dois sistemas de
acumulação, que para esse caso, Padoveze (2000, p.233) conceitua ser
o sistema de custeamento por operações ou sistema híbrido de
acumulação.
        A seguir, de uma forma generalizada, os três sistemas de
custeamento.

       6.1 – Custeamento por ordem.

         Passarelli et al (2003, p.42) define o custeamento por ordem
como o “sistema de custeamento no qual cada elemento de custo é
acumulado separadamente, segundo ordens específicas emitidas”.
         Leone (2000, p.235) ainda diz que é o sistema que “acumula e
registra os dados e operações das empresas que trabalham sob regime
de fabricação ou prestação de serviços por encomenda”.


                                     53
Adryadson Flabio Nappi


        Para a empresa que tem esse sistema, o processo produtivo só
começa com o pedido do cliente, onde se elabora um orçamento para
discussão com o mesmo. Leone (2000, p.236) ressalta que nessa ordem
de produção ou orçamento, devem estar contido todos os dados da
produção, e assim, a setor de produção terá responsabilidade da
realização do planejamento da produção e do controle dessa produção.
        Padoveze (2000, p.228) diz que os dados de custos por ordem
de produção são registrados numa folha de custos aberta para aquele
produto onde, conforme a elaboração do produto foi sendo concluída,
deve-se anotar nesta folha todos os custos eminentes ao produto
encomendado. Assim, ao final da produção, terá o custo de cada ordem
na folha de produção.
        Neste sistema, a mão de obra direta é acumulada através das
horas trabalhadas para cada produto e o material direto, através de
requisições de materiais e serviços exclusivos da ordem. A dificuldade
está nos custos indiretos de fabricação, que são geralmente acumulados
em rateio com as horas trabalhadas em cada ordem. (PADOVEZE,
2000, p.229).
        Este sistema, segundo Passarelli et al (2003, p.53) atende ao
importante objetivo da obtenção de custos unitários para cada pedido de
produção, porém, é um método trabalhoso e requer um elevado custo
administrativo, mesmo para a pequena empresa, pois requer uma
administração eficiente e qualificada.
        Por essa razão, quando o processo produtivo é contínuo e com
etapas distintas, usa-se o sistema por processo, que veremos abaixo.
        Vale ressaltar que no presente trabalho, estará sendo usado esse
sistema, pois o caso aplicado na realidade prática, a produção dos
serviços é contínua.



                                    54
Custos e gestão financeira fácil


       6.2 - Custeamento por processo

        O sistema de custos por processo é geralmente utilizado no
processo de uma produção em massa.
        Padoveze (2000, p.229) conceitua que na medida em que o
produto segue para o processo seguinte, leva-se consigo como custo
inicial o custo unitário até o processo anterior, acumulando-se no
processo atual e obtendo o custo unitário acumulado até o processo
final do produto.
        O sistema geralmente usado em empresas de produção
padronizada. A ênfase no sistema de contabilidade por processo é
colocada na produção para certo período de tempo e no número de
unidades completadas e em processo. (PASSARELLI et al, 2003, p.53).

       6.3 - Diferenças básicas entre custeio por ordem e processo.

        Padoveze (2000, p.232) expressa em uma figura, as diferenças
básicas dos sistemas de acumulação de custos por ordem e por
processo, conforme seguem:

       Figura 4 – Custeio por ordem X Custeio por processo
                                     Sistema
     Quanto ao:              Por ordem                    Por processo
                             Produtos                      Produtos
 Produto fabricado
                           heterogêneos                   homogêneos
    Processo de
                           Intermitente                    Contínuo
     produção
     Tempo de             Produção mais               Produção mais rápida
     produção             demorada por                   por unidade de

                                     55
Adryadson Flabio Nappi


                              unidade                    produto


     Volume da
                        Pequenos volumes            Grandes volumes
     produção
                       Clientes específicos
     Destino da
                           ou estoques                   Estoque
     produção
                           específicos
Forma de controlar                                 Através do processo
                        Através das ordens
   a produção                                      (departamentos, etc)
   Momento da                                      No final do período
                       No encerramento da
 apuração do custo                                  definido como de
                             ordem
   da produção                                      apuração de custo
                                                    Custo do processo
                       Custo total da ordem           dividido pelas
  Cálculo do custo        dividido pelas           unidades produzidas
      unitário         unidades produzidas          e equivalentes em
                           nas mesmas              processo no final do
                                                         período.
Fonte: (PADOVEZE, 2000, p.233)

       6.4 – Custeamento por operações – sistema híbrido

        Este sistema é aplicado para as empresas que produzem
diversos artigos na mesma operação ou em operações diferentes durante
um período grande de tempo, ou quando todos construídos de partes
fundamentais mais acabamento diferente. (PADOVEZE, 2000, p.233).
        É muito utilizado pelas empresas que produzem calçados,
equipamentos eletrônicos e outros. Consiste nas duas teorias descritas


                                   56
Custos e gestão financeira fácil


acima, usando os dois métodos, por ordem e por processo ao mesmo
tempo, denominado sistema de acumulação híbrido.




                                   57
Adryadson Flabio Nappi




         58
Custos e gestão financeira fácil



VII – ANÁLISE DE CUSTO/VOLUME/LUCRO


        Para Padoveze (2000, p.269) “a análise de custo/volume/lucro,
conduz a três importantes conceitos: margem de contribuição, ponto de
equilíbrio e alavancagem operacional”.
        Desta maneira, para fins de gerenciamento da empresa através
da contabilidade de custos, esta análise é muito útil e muito usada pelos
gestores atuais.

        7.1 – Margem de contribuição

        A margem de contribuição, para Passareli et al (2003, p.210) a
margem de contribuição ou lucro marginal, é o resultado da dedução
das vendas de um determinado período com os custos diretos e
variáveis do mesmo.
        Padoveze (2000, p. 269) diz ainda que a margem de
contribuição é “a diferença entre o preço de venda unitário do produto e
os custos e despesas variáveis por unidade de produto. Significa que
cada unidade vendida a empresa lucrará determinado valor”.
        Basicamente, a margem de contribuição seria Receita menos os
Custos Variáveis.
        Martins (2001, p. 195) diz que essa é a forma onde se encontra
o preço unitário, e assim, gerencialmente falando, é onde o
administrador pode se apoiar para investir ou não em um produto, ou
seja, pode-se saber o lucro marginal de cada produto e assim, produzir
mais ou menos aquele produto.
        Por essa razão, a margem de contribuição é uma ferramenta
importante de gestão em curto prazo, pois possibilita análises de
redução de custo e aumento de produção para cada produto.

                                      59
Adryadson Flabio Nappi




       7.2 – Ponto de equilíbrio

       Leone (2000, p. 425) define o ponto de equilíbrio como sendo
“o ponto da atividade onde os custos totais se igualam às receitas”.
       Já Padoveze (2000, p. 269) acrescenta que “é o ponto que
evidencia, em termos quantitativos, qual o volume que a empresa deve
produzir ou vender para que consiga pagar todos os custos e despesas”.
Neste ponto, não existe lucro ou prejuízo.
       Basicamente, existem duas formas de cálculo matemático do
Ponto de equilíbrio, uma baseada na receita e outra na quantidade
produzida, conforme veremos a seguir:

       Ponto de equilíbrio operacional (PEO) – Receitas


     Ponto de equilíbrio = Custos fixos           x Receitas
                           Margem de contribuição




       Ponto de equilíbrio operacional (PEO) – Quantidade



     Ponto de equilíbrio =       Custos fixos
                             Margem de contribuição unitária




                                   60
Custos e gestão financeira fácil


A representação gráfica deste ponto seria:

              $
                                                                  Vendas

                      Custo variável
                                                           Ponto de equilíbrio



                                                           Custo fixo

                                                               Volume

        Na interpretação do gráfico, percebe-se que o custo fixo
começa em um ponto “x” e não do ponto zero como as vendas, por que
o custo fixo, já discutido, independe do volume de produção, ou seja, a
empresa terá que gastar esse montante mesmo se não produzir nada
durante o período, por esta razão, é uma reta constante.
        Depois, partimos para a reta do custo variável, que ao contrário
do custo fixo, depende diretamente da produção. É importante dizer que
os custos variáveis neste gráfico estão todos os custos variáveis, direto
e indireto. Neste caso, a reta dos custos variáveis cresce conforme o
volume produzido.
        Por fim, a reta que faz referência com as vendas, que também
tem ligação direta com o volume, também cresce conforme o a
quantidade produzida.
        Assim, no cruzamento dessas duas retas, encontra-se o Ponto de
equilíbrio, onde o montante das vendas é suficiente para saldar todos os
custos, sejam fixos e variáveis, e não obtendo nem lucro, nem prejuízo
no período. Resumidamente, é o ponto da produção onde o lucro é zero.
                                      61
Adryadson Flabio Nappi


       Gerencialmente, é um conceito importante, pois, segundo
Padoveze (2000, p.269) “identifica o nível mínimo de atividade em que
a empresa ou cada divisão deve operar”.

        7.3 – Alavancagem operacional

        “É a possibilidade de acréscimo ao lucro total pelo incremento
das quantidades produzidas e vendidas, buscando a maximização do
uso dos custos e despesas fixas”, diz Padoveze (2000, p.270).
        Passarelli et al (2003, p. 236) acrescenta que o efeito
alavancagem é relacionado aos custos fixos da empresa, custos que
podem trazer um certo risco para a mesma. Assim, “a alavancagem
operacional mede esse risco operacional”.
        A alavancagem assim pode mostrar ao gestor, a saber, o quanto
de custos fixo está sendo usado na empresa, e, conforme Padoveze
(2000, p. 273), possibilita um “levantamento de lucros líquidos maiores
que o esperado, através da alteração correta da proporção de custos
fixos na estrutura de custos da empresa”.
        Ainda Padoveze (2000, p.273) diz que o grau de alavancagem
pode ser medido através da forma:


         Margem de Contribuição / Lucro líquido operacional =
                   Grau de alavancagem operacional


        Este conceito permite ao gestor saber quanto uma mudança
percentual no nível de vendas pode afetar os lucros.




                                   62
Custos e gestão financeira fácil



VIII – FORMAÇÃO DE PREÇO DE VENDA


         A formação do preço de venda é utilizada por todas as
empresas do mercado, pois, desde que nasceu a economia monetária,
tudo o que se vende ou negocia, necessita de um preço, ou seja, de um
valor monetário para o produto ou serviço em questão.
         Para as empresas que contêm uma contabilidade de custos, será
apenas mais um passo facilmente encontrado, pois com todos os custos
computados e calculados no controle de custos, esse método será mais
um subproduto decorrente do controle de custos.
         Martins (2001, p.237) diz que os preços, na economia de
mercado atual, "são decorrência dos mecanismos da oferta e procura",
ou seja, "o mercado é o grande responsável pela fixação do preço, e não
os custos de obtenção dos produtos".
         Com essa visão de Martins (2001, p.237) tem-se o conceito de
formação de preço de venda a partir do mercado.

        8.1 - Preço de venda a partir do mercado.

        Para esse conceito, Padoveze (2000, p.311) ressalta que esse
conceito teoricamente dispensaria o cálculo dos custos e a formação do
preço de venda a partir dele. Seria necessária apenas uma pesquisa de
mercado para atualizar o preço de venda. Porém, Padoveze (2000,
p.311) diz que essa forma é importante pois possibilita a empresa a
encontrar a realidade inversa da formação do preço de venda, tornando
o elemento fundamental para a formação dos custos e despesas, pois se
o preço de mercado é o máximo que a empresa pode atribuir ao seu
produto, encontra-se a adaptação dos custos e despesas a essa realidade.


                                      63
Adryadson Flabio Nappi


        Porém, através da contabilidade de custos, existem outras
maneiras de encontrar o preço de venda do produto, como a partir do
custo e sua validade.

        8.2 - Preço de venda a partir do custeio direto/variável.

         Neste caso, utilizam-se os valores de custos diretos e variáveis
e as despesas variáveis do produto que possam ser identificadas. Após
isso, deve-se calcular uma margem de contribuição que cubra, além da
rentabilidade desejada do produto, os custos e despesas fixas que não
foram alocados ao produto. (PADOVEZE, 2000, p.310).

        8.3 - Preço de venda a partir do custeio por absorção.

        Padoveze (2000, p.310) diz que a técnica mais utilizada para é
pelo custeio por absorção, que é "onde se toma por base os custos
industriais por produto e somam-se as taxas gerais das despesas
administrativas e comerciais, financeiras e a margem desejada".

        8.4 - Mark -up

         Na formação do preço de venda pelo custo, é preciso identificar
um multiplicador sobre os custos, que facilite e agilize o cálculo do
preço do produto. Este multiplicador, segundo Padoveze (2000, p.312)
é aplicado sobre os custos dos produtos e sua construção está ligada a
determinados percentuais sobre o preço de venda, através de relações
percentuais médias sobre o mesmo, e assim, aplicados a seguir sobre o
custo dos produtos.
         Para encontrar o mark-up, segundo Padoveze (2000, p.312),
utiliza-se a seguinte formula (dados percentuais exemplificativos):
                                    64
Custos e gestão financeira fácil




Preço de venda bruto                       100%
(-) Tributos e lucro desejado              15%
(=) Preço de venda líquido                 85%

Preço de venda bruto                       100%
(/) Preço de venda líquido                 85%
Mark-up                                    1,1764




                      65
Adryadson Flabio Nappi




         66
Custos e gestão financeira fácil



IX – ALGUNS CONCEITOS DE CONTABILIDADE
GERENCIAL.


        Como o trabalho visa implantar uma contabilidade de custos na
empresa, é preciso ter em mente, conceitos de contabilidade gerencial,
para que, com o controle de custos pronto, possa-se usá-lo de uma
maneira adequada e benéfica para a empresa.
        Como a contabilidade gerencial é voltada para o gerenciamento
interno da empresa sendo um instrumento eficaz de tomada de decisão,
ela não está sujeita a normatização do fisco. Por essa razão, as empresas
realizam em sua gestão, duas formas de contabilização, a chamada
contabilidade societária, para atender as exigências do fisco e a
contabilidade gerencial, para atender as exigências da administração.

        9.1 – Departamentalização.

        A divisão de uma empresa em departamentos é muito comum
na gestão atual. A facilidade de delegar tarefas e responsabilidades é
um dos maiores motivos para tal divisão.
        Martins (2001, p.70) diz que o “departamento é a unidade
mínima para a contabilidade de custos, representada por homens e
máquinas (na maioria dos casos), que desenvolve atividade
homogênea”. Isto por que, sempre há um responsável para cada
departamento, delegando as responsabilidades e aumentando o controle.

                9.2 – Ativo intangível

        Outro conceito muito importante na contabilidade moderna e
principalmente na contabilidade gerencial é o chamado ativo intangível.

                                      67
Adryadson Flabio Nappi


         Por ser um patrimônio não material da empresa, é um item
muito difícil de se mensurar. Porém, sem dúvida alguma, é um
patrimônio muito importante para a empresa.
         Segundo Sá (2000, p.47) o “ativo intangível das empresas é
resultado do aumento de funções do próprio capital material e dos
agentes que sobre ele atuam para dinamizá-lo e aumentar-lhe a
capacidade de utilidade ou eficácia. Segundo a visão
neopatrimonialista, não se trata essencialmente de um maior valor do
capital, mas sim, de uma maior função da riqueza sob a ação de
relações basicamente ambientais e que se pode mensurar quando se
procura traduzir tais elementos em valores”.
                Assim, são exemplos de ativo intangível para uma
empresa, a sua marca, seu ponto comercial, sua clientela, recursos de
capacidade intelectual, tradição de mercado e outros.
         Tudo isso pode afetar na análise gerencial da empresa e
principalmente, na formação do preço de venda, e, por essa razão, é
importante ressaltar no estudo.

        9.3 – Relatórios gerenciais.

        São informações que devem ajudar o investidor ou empresário
a tomar decisões para sua empresa. Estes relatórios são basicamente os
mesmos que os da contabilidade societária, porém, com alguns acertos
em lançamentos ou projeções contábeis.
        Como o trabalho tem o objetivo de elaborar uma metodologia
de custos e, à partir disso, uma análise gerencial de suas conseqüências,
o mesmo estará tentando demonstrar os dois tipos de relatórios sempre
que possível, tanto os da contabilidade societária quanto os da
gerencial.


                                    68
Custos e gestão financeira fácil


X – AVALIAÇÃO E CONTROLE DE ESTOQUES

        Dentro da contabilidade de custos, o estoque é extremamente
importante. A princípio, entendia-se que contabilidade de Custos
resumia-se em controlar de maneira eficaz o estoque da empresa.
        Porém, com a evolução das organizações empresariais, evolui
também o conceito de contabilidade de custos, transformando em uma
contabilidade gerencial, como já vimos nos capítulos acima.
        Nesse capítulo, vamos conhecer e entender quais são os
métodos contábeis de controle de estoque.
        Primeiramente, precisamos perceber quais os tipos de estoque
que podemos ter em uma empresa, como veremos:

       Estoques para empresas industriais:
   •   Estoque de matérias primas – são produtos que serão utilizados
       na produção;
   •   Estoque de produtos em elaboração – são produtos inacabados
       na fabrica;
   •   Estoque de produtos acabados – são os produtos que já podem
       ser vendidos, ou seja, já passou por todo o processo produtivo e
       está pronto para ser vendido.
       Estoques para empresas do comércio:
   •   Estoque de mercadorias – são os produtos que a empresa
       adquiriu para revender, o que caracteriza a comercialização do
       mesmo.

        As empresas que são prestadoras de serviços também podem ter
estoques de materiais de consumo, que também devem ser controlados,
evitando assim, gastos errados no estoque.


                                     69
Adryadson Flabio Nappi


         A boa administração de estoque é importante para o bom
andamento do processo produtivo comercial da organização.
         Na contabilidade, existem duas formas de se avaliar os estoques
que são elas: Sistema de inventário periódico e sistema de inventário
permanente.
         No Inventário Periódico, o Custo do produto ou da mercadoria
é feito, conforme percebemos no próprio nome, periodicamente,
geralmente, ao longo do ano para a elaboração do Balanço e da DRE. Já
no Inventário Permanente, o custo é avaliado permanentemente por
meio de controles que iremos ver daqui a pouco.
         É importante entender que, ao avaliar o estoque, nós
encontramos o custo contábil da mercadoria que irá compor a
Demonstração de Resultados da empresa, logo abaixo do Lucro Bruto.
         Para uma empresa industrial, nós chamamos de CPV (Custo
dos produtos vendidos), CMV (Custo da mercadoria vendida) para as
comerciais e CSV (Custo dos serviços vendidos) para as empresas
prestadoras de serviço.
         Conhecendo essas informações básicas, já podemos estudar os
dois sistemas de inventário, como veremos a seguir.

        10.1 – Sistema de Inventário Periódico

                10.1.1 – Empresas industriais

        Para se encontrar o custo do produto vendido (CPV) para a
indústria nesse sistema, utilizamos, basicamente, a seguinte fórmula:


                  CPV = EI + CV - EF



                                    70
Custos e gestão financeira fácil


        Ou seja, o Estoque inicial que tínhamos no início do período,
geralmente do ano, somado com os Custos variáveis (gastos relativos a
produção) deduzido do Estoque final do mesmo período.
        O cálculo é simples quando se tem todos os dados controlados
pela contabilidade geral.
        É importante dizer nesse momento que, contabilmente, esse
processo é feito em todas as empresas industriais para se apurar o custo
do produto, porém, nem todas as empresas fazem o Inventário
permanente.
        Portanto, o mais correto seria que as empresas fizessem os dois
sistemas, para haver um maior controle, porém, em alguns casos, o
inventário permanente passa a não ser tão necessário devido ao
tamanho da empresa.

                10.1.2 – Empresas comerciais

        Para as empresas comerciais, usamos a seguinte fórmula:


                  CMV = EI + Compras - EF

        Ou seja, para alcançar o Custo da Mercadoria Vendida (CMV),
fazemos o Estoque inicial do período somado com as compras do
mesmo período e deduzimos o Estoque final.
        Nesse caso, a empresa deve realizar a contagem do estoque
periodicamente, para que se possa ter o Estoque final exato no fim do
período. Geralmente, quando as empresas vão realizar essa contagem, é
deixado um aviso na porta com os dizeres: “Fechado para balanço”.

                10.1.3 – Empresas prestadoras de serviços


                                      71
Adryadson Flabio Nappi


       Para as empresas prestadoras de serviços, usamos a seguinte
fórmula:

         CSV = Mat. Consumo + Mão de obra + Outros custos

       Nesse caso, como não existe um estoque de produtos ou
mercadorias, somamos os materiais de consumo utilizados na prestação
de serviço, bem como os salários e outros custos relacionados
diretamente com os serviços prestados.

       10.2 – Sistema de Inventário Permanente

         Nesse sistema, temos três formas para fazer, sendo que somente
duas delas são aceitas pelo fisco. São elas: PEPS (Primeiro que entra,
primeiro que sai), UEPS (Último que entra, último que sai) e Custo
médio.
         O fisco só aceita o PEPS ou Custo médio para a contabilidade,
porém, em certos casos, o UEPS pode ser útil gerencialmente e, por
isso, citamos nesse trabalho.
         Abaixo, colocamos um modelo de planilha que pode ser usada
nas três formas de avaliação de estoque.

       Planilha modelo para avaliação de estoque.

              Entradas                      Saídas                   Saldo
Data   Qtde    $ unit    Total     Qtde     $ unit    Total   Qtde   $ unit   Total




                                          72
Custos e gestão financeira fácil


       No sistema PEPS, conforme já diz o nome, é dada baixa
sempre no primeiro estoque que entrou, conforme veremos em
um exemplo abaixo. No UEPS é dada baixa primeiro no último
estoque que entrou e no CUSTO MÉDIO, calcula-se um “preço”
médio de estoque.
       É importante dizer que nesse sistema de inventário, ao
terminar o período, o administrador já tem o valor em mãos do
Custo do produto ou da mercadoria e do Estoque final.
       O valor do custo é o total da coluna de saídas da planilha
enquanto o estoque final é o total da coluna de saldo, como
vemos:

              Entradas                      Saídas                        Saldo
Data   Qtde    $ unit    Total    Qtde       $ unit    Total     Qtde     $ unit   Total




                                             Total     CMV                Total    EF
         Veremos agora, um exemplo numérico para aprendermos a
realizar as três formas.

       Data Qtde                      Preço/kg                 Produção
       04/01 500 kg                   10,50
       12/01 800 kg                   12,30
       21/01                                                   950 kg

       Dentro desse exemplo, vamos fazer o método:




                                          73
Adryadson Flabio Nappi




PEPS           Entradas                          Saídas                   Saldo
Data    Qtde    $ unit    Total      Qtde        $ unit   Total    Qtde   $ unit   Total
04/01   500     10,50     5.250                                    500    10,50    5.250
12/01   800     12,30     9.840                                    500    10,50    5.250
                                                                   800    12,30    9.840
21/01                                500         10,50    5.250    350    12,30    4.305
                                     450         12,30    5.535
Total                     15.090                 CMV      10.785          EF       4.305


        Percebemos que ao sair o estoque para a produção, a baixa foi
dada ao primeiro da listagem do saldo, no caso, ao estoque que tinha o
preço de $ 10,50 para, somente depois, dar baixa no outro.


UEPS           Entradas                          Saídas                   Saldo
Data    Qtde    $ unit    Total      Qtde        $ unit   Total    Qtde   $ unit   Total
04/01   500     10,50     5.250                                    500    10,50    5.250
12/01   800     12,30     9.840                                    500    10,50    5.250
                                                                   800    12,30    9.840
21/01                                800         12,30    9.840    350    10,50    3.675
                                     150         10,50    1.575
Total                     15.090                 CMV      11.415          EF       3.675


        Neste exemplo, percebemos que o último da listagem do
estoque foi o que saiu primeiro. É importante dizer que, geralmente, o
UEPS tende a dar um estoque menor e um Custo maior, pois a variação
do preço de um produto tende a ser para cima, e o valor menor vai
ficando no estoque.



                                            74
Custos e gestão financeira fácil


CM             Entradas                      Saídas                        Saldo
Data    Qtde    $ un.     Total    Qtde      $ un.      Total    Qtde     $ un.     Total
04/01   500     10,50     5.250                                  500      10,50     5.250
12/01   800     12,30     9.840                                  1.300    11,61     15.090
21/01                              950       11,61      11.029   350      11,61     4.063
Total                     15.090             CMV        11.029            EF        4.063
                                           Nota: os centavos foram ignorados na coluna total


         Essa forma é a mais utilizada pelas empresas, por ser a mais
fácil e intuitiva. Perceba que, no momento em que entrou a segunda
compra, é somado as quantidades e os totais e divide-se um pelo outro,
para encontrar um preço médio de estoque.
         Explicando o cálculo, seria assim:
                 Primeiro passo: Qtde = 500 + 800 = 1.300
                 Segundo passo: Total = 5.250 + 9.840 = 15.090
                 Terceiro passo: Preço médio = Total / Qtde
                                 Preço médio = 15.090 / 1.300 = 11,61




                                           75
Adryadson Flabio Nappi




         76
Custos e gestão financeira fácil


CONCLUSÃO.

        Sem dúvida, um tema fascinante na área contábil, a
contabilidade de custos mostra a beleza da ciência contábil e
principalmente sua grande utilidade como gerenciamento e organização
de uma empresa.
        Na pequena viagem em algumas bibliografias das muitas sobre
o assunto, percebeu-se a imensidão e a riqueza de opiniões e conceitos
relacionados ao tema. Desta forma, uma passagem rápida por alguns
conceitos básicos e relacionados diretamente com o objetivo principal
da pesquisa, tentou-se demonstrar, de uma forma resumida, a teoria de
uma contabilidade de custos.
        Muitos são os estudiosos que se especializam neste tema, e
várias metodologias são utilizadas com o objetivo de se aproximar ao
máximo um custo unitário com a realidade empresarial e de mercado.
        Porém, em um mercado concorrente e globalizado, a qualidade
e preço baixo, são essencial para vencer e permanecer no mesmo.
         Padoveze (2000, p. 219) diz que a vantagem de uma
contabilidade gerencial de custo “está na aproximação da administração
da empresa com as unidades produzidas”, ou seja, “é impossível se
fazer um gerenciamento de custos sem conhecer o produto e seu
processo de produção”, e assim, “as possibilidades para gerenciamento
contábil se alargam de modo marcante”.
        Sendo assim, o presente estudo visa incentivar os profissionais
da área para um crescimento contínuo da ciência e a valorização do
contador no mundo globalizado.
        O antigo “guarda livros” se torna o controller da empresa e uma
peça fundamental para tomada de decisões e estratégias de crescimento,
no tabuleiro da organização.


                                      77
Adryadson Flabio Nappi


        Afirma-se assim que a proposta de analisar os modelos e
métodos de custos existentes e, a partir desta análise, desenvolver uma
contabilidade de custos para uma empresa já pode ser realizada, a partir
do que aprendemos nesse trabalho.




                                    78
Custos e gestão financeira fácil




            PARTE II


ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA




                    79
Adryadson Flabio Nappi




         80
Custos e gestão financeira fácil


I – ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

        A Administração Financeira está ligada com as
responsabilidades de um administrador financeiro em uma organização
empresarial. Análise de créditos, capitação e recursos, fluxo de caixa,
contas a pagar e receber, orçamentos, previsões financeiras, análise de
investimentos e fundos e análise de relatórios financeiros são atividades
fundamentais para um bom administrador financeiro.
        É importante dizer que, com o crescimento da concorrência e a
complexidade do mercado financeiro, todas as empresas precisam ter
esse departamento em sua estrutura, seja com ou sem fins lucrativos,
empresas privadas ou públicas.

        1.1 – O que é finanças?
        Gitman (2002, p.4) define finanças como “a arte e a ciência de
administrar fundos. Praticamente todos os indivíduos e organizações
obtêm receitas ou levantam fundos, gastam ou investem. Finanças
ocupa-se do processo, instituições, mercados e instrumentos envolvidos
na transferência de fundos entre pessoas, empresas e governos”.

        1.2 – O administrador financeiro
        Devido a complexidade do mercado financeiro e suas variações
constantes, cabe ao administrador financeiro a responsabilidade de
captar e administrar da melhor maneira possível os recursos que a
empresa possui num determinado momento.
        Para isso, esse profissional precisa estar constantemente
atualizado com a situação macro e microeconômica do país em que
trabalha, e por que não dizer, do mundo todo. A globalização fez nascer
multinacionais, ou seja, empresas que existem no mundo todo e,


                                      81
Adryadson Flabio Nappi


consequentemente, precisa saber enfrentar realidades de mercado e de
investimentos totalmente diferentes.
        Não seria exagero dizer que para ser um administrador
financeiro competente, é preciso conhecer economia, administração e
contabilidade. Porém, o mercado financeiro proporciona algumas
oportunidades para quem deseja seguir carreira nessa área fascinante do
mercado, e em cada uma delas, os requisitos mínimos serão necessários
para uma realização satisfatória do trabalho em questão.

       1.3 – Oportunidades de carreira em serviços financeiros

         Bancos e instituições correlatas – “Os analistas de crédito
avaliam e fazem recomendações relativas a concessão de empréstimos a
empresas, para aquisição de imóveis ou para consumo” (Gitman, 2003
p.5).
         Planejamento de finanças pessoais – São os consultores
financeiros que trabalham de maneira independente ou como
empregado para prestarem serviços de aconselhamento financeiro para
finanças pessoais, auxiliando-as no planejamento, controle e
investimentos financeiros adequados.
         Investimentos – Estes trabalham diretamente com assessoria
financeira para as empresas em geral, assessorando na compra e venda
de títulos ou ações.
         Bens imóveis – São os chamados agentes ou corretores de
imóveis que auxiliam a transação de bens imóveis, seja elas para
compra, venda ou locação.
         Seguros – São os corretores de seguros que estão diretamente
ligados com aquisição e análise de seguros de bens pessoais ou
empresariais.


                                   82
Custos e gestão financeira fácil


       Empresas – Trabalhar no departamento financeiro de empresas
em geral.
       1.4 – Atividades-chaves do administrador financeiro

        Análise e planejamento financeiro
        Trata em especial da determinação do volume de capital
necessário para as atividades da empresa.
        Decisões de Investimentos
        Essa atividade resume-se na tomada de decisões corretas para
os investimentos empresariais necessários em ativos circulantes e não
circulantes.
        Decisões de Financiamentos
        Trata-se de buscar a decisão correta em como buscar fontes de
recursos financeiros para a empresa, em passivos circulantes ou não
circulantes.
   Atividades Financeiras

                   Análise e planejamento financeiro
                        Balanço Patrimonial
                     Ativos              Passivos
     Decisões de     Circulantes         Circulantes       Decisões de
    Investimento                                           Financiamento
                     Ativos              Recursos
                     Permanentes         Permanentes


       Fonte: Gitman, 2003, p. 14

       É importante deixar claro este quadro de Atividades
Financeiras, pois nele contem informações fundamentais para a
administração financeira.


                                      83
Adryadson Flabio Nappi


        Podemos perceber que as atividades-chaves do administrador
financeiro estão baseadas e fundamentadas em um relatório contábil,
chamado de Balanço Patrimonial. Mais uma vez percebemos aqui a
importância da contabilidade para uma boa administração financeira na
empresa.
        A análise e planejamento financeiro envolvem todas as
contas do Balanço Patrimonial, contando os recursos de curto e longo
prazo.
        As decisões de investimento envolvem o lado esquerdo do
Balanço, em sua parte denominada Ativo, e, contrariamente, as
decisões de financiamento envolvem o lado direito do Balanço, em
sua parte denominada Passivo.
        Chegamos então em um conceito importante para análise do
Balanço Patrimonial, onde percebemos claramente a Origem dos
recursos e a Aplicação dos recursos obtidos na empresa.
        Este tópico nós veremos mais profundamente em outro
capítulo, porém, é importante, nesse primeiro momento, a visualização
clara do fluxo de recursos de uma empresa, conforme veremos na
figura abaixo.
                        Aplicação                  Origem
                        dos Recursos               dos Recursos

                             Ativo                     Passivo
                       Ativos                     Passivos
                       Circulantes                Circulantes

                       Ativos                     Passivos
                       Não circulantes            Não circulantes

                       Ativos                     Passivos
                       Permanentes                Permanentes

                                  84
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos
Gestão financeira e contabilidade de custos

More Related Content

Similar to Gestão financeira e contabilidade de custos

Moçambique _ Negociação e Internacionalização
Moçambique _ Negociação e Internacionalização Moçambique _ Negociação e Internacionalização
Moçambique _ Negociação e Internacionalização Tasslima José
 
Apostila de Logística 1
Apostila de Logística 1 Apostila de Logística 1
Apostila de Logística 1 Miguel Salgado
 
Gestão de fluxo de caixa
Gestão de fluxo de caixaGestão de fluxo de caixa
Gestão de fluxo de caixaRoberto Toledo
 
Apostila nocoes de contabilidade geral
Apostila nocoes de contabilidade geralApostila nocoes de contabilidade geral
Apostila nocoes de contabilidade geralapostilacontabil
 
webinar-gestao-de-ativos-e-sua-importancia-nas-empresas.pdf
webinar-gestao-de-ativos-e-sua-importancia-nas-empresas.pdfwebinar-gestao-de-ativos-e-sua-importancia-nas-empresas.pdf
webinar-gestao-de-ativos-e-sua-importancia-nas-empresas.pdfPedroMartins877206
 
Administração financeira
Administração financeiraAdministração financeira
Administração financeiraafpinto
 
Gestão Financeira - Corticeira Amorim
Gestão Financeira - Corticeira AmorimGestão Financeira - Corticeira Amorim
Gestão Financeira - Corticeira AmorimMaria José Rodrigues
 
Análise de demonstrações contábeis_-_UNIDADE1 .pptx
Análise de demonstrações contábeis_-_UNIDADE1 .pptxAnálise de demonstrações contábeis_-_UNIDADE1 .pptx
Análise de demonstrações contábeis_-_UNIDADE1 .pptxTaianeTeles
 
Livro pdf - Fundamentos da Contabilidade - Prof MSc Uanderson Rébula
Livro pdf - Fundamentos da Contabilidade - Prof MSc Uanderson RébulaLivro pdf - Fundamentos da Contabilidade - Prof MSc Uanderson Rébula
Livro pdf - Fundamentos da Contabilidade - Prof MSc Uanderson RébulaProf MSc Uanderson Rebula
 
Contabilidade
ContabilidadeContabilidade
Contabilidadealbumina
 
Gestão de empreendedorísmo Sebrae
Gestão de empreendedorísmo SebraeGestão de empreendedorísmo Sebrae
Gestão de empreendedorísmo SebraeMah1986mah
 

Similar to Gestão financeira e contabilidade de custos (20)

Moçambique _ Negociação e Internacionalização
Moçambique _ Negociação e Internacionalização Moçambique _ Negociação e Internacionalização
Moçambique _ Negociação e Internacionalização
 
Apostila de Logística 1
Apostila de Logística 1 Apostila de Logística 1
Apostila de Logística 1
 
TCC Revisado
TCC RevisadoTCC Revisado
TCC Revisado
 
Contabilidade primavera-software
Contabilidade primavera-softwareContabilidade primavera-software
Contabilidade primavera-software
 
Gestão de fluxo de caixa
Gestão de fluxo de caixaGestão de fluxo de caixa
Gestão de fluxo de caixa
 
Apostila nocoes de contabilidade geral
Apostila nocoes de contabilidade geralApostila nocoes de contabilidade geral
Apostila nocoes de contabilidade geral
 
webinar-gestao-de-ativos-e-sua-importancia-nas-empresas.pdf
webinar-gestao-de-ativos-e-sua-importancia-nas-empresas.pdfwebinar-gestao-de-ativos-e-sua-importancia-nas-empresas.pdf
webinar-gestao-de-ativos-e-sua-importancia-nas-empresas.pdf
 
Administração financeira
Administração financeiraAdministração financeira
Administração financeira
 
Gestão Financeira - Corticeira Amorim
Gestão Financeira - Corticeira AmorimGestão Financeira - Corticeira Amorim
Gestão Financeira - Corticeira Amorim
 
Apostila logistica 1 prof. luciel
Apostila logistica 1 prof. lucielApostila logistica 1 prof. luciel
Apostila logistica 1 prof. luciel
 
Nocoes contabeis 00
Nocoes contabeis 00Nocoes contabeis 00
Nocoes contabeis 00
 
Contabilidade industrial
Contabilidade industrialContabilidade industrial
Contabilidade industrial
 
Governaça Corporativa
Governaça CorporativaGovernaça Corporativa
Governaça Corporativa
 
A Meta
A MetaA Meta
A Meta
 
Análise de demonstrações contábeis_-_UNIDADE1 .pptx
Análise de demonstrações contábeis_-_UNIDADE1 .pptxAnálise de demonstrações contábeis_-_UNIDADE1 .pptx
Análise de demonstrações contábeis_-_UNIDADE1 .pptx
 
Administracao financeira
Administracao financeiraAdministracao financeira
Administracao financeira
 
Afoi aula01
Afoi aula01Afoi aula01
Afoi aula01
 
Livro pdf - Fundamentos da Contabilidade - Prof MSc Uanderson Rébula
Livro pdf - Fundamentos da Contabilidade - Prof MSc Uanderson RébulaLivro pdf - Fundamentos da Contabilidade - Prof MSc Uanderson Rébula
Livro pdf - Fundamentos da Contabilidade - Prof MSc Uanderson Rébula
 
Contabilidade
ContabilidadeContabilidade
Contabilidade
 
Gestão de empreendedorísmo Sebrae
Gestão de empreendedorísmo SebraeGestão de empreendedorísmo Sebrae
Gestão de empreendedorísmo Sebrae
 

More from kennyaeduardo

1 parte coraçao selvagem j.del d. 1 (rev. pl)
1 parte   coraçao selvagem j.del d. 1 (rev. pl)1 parte   coraçao selvagem j.del d. 1 (rev. pl)
1 parte coraçao selvagem j.del d. 1 (rev. pl)kennyaeduardo
 
Angélica, a marquesa dos anjos 26 - o triunfo de angélica
Angélica, a marquesa dos anjos   26 - o triunfo de angélicaAngélica, a marquesa dos anjos   26 - o triunfo de angélica
Angélica, a marquesa dos anjos 26 - o triunfo de angélicakennyaeduardo
 
Angélica, a marquesa dos anjos 25 - angélica e a estrela mágica
Angélica, a marquesa dos anjos   25 - angélica e a estrela mágicaAngélica, a marquesa dos anjos   25 - angélica e a estrela mágica
Angélica, a marquesa dos anjos 25 - angélica e a estrela mágicakennyaeduardo
 
Angelica a marquesa dos anjos 2 - o suplicio de angelica
Angelica a marquesa dos anjos   2 - o suplicio de angelicaAngelica a marquesa dos anjos   2 - o suplicio de angelica
Angelica a marquesa dos anjos 2 - o suplicio de angelicakennyaeduardo
 
Angélica a marquesa dos anjos 1 - os amores de angélica (ed.nova cultural) ...
Angélica a marquesa dos anjos   1 - os amores de angélica (ed.nova cultural) ...Angélica a marquesa dos anjos   1 - os amores de angélica (ed.nova cultural) ...
Angélica a marquesa dos anjos 1 - os amores de angélica (ed.nova cultural) ...kennyaeduardo
 
Trilogia o tempo e o vento de e ri co veríssimo
Trilogia o tempo e o vento de e ri co veríssimoTrilogia o tempo e o vento de e ri co veríssimo
Trilogia o tempo e o vento de e ri co veríssimokennyaeduardo
 
Alguns o es e suas indicações
Alguns o es e suas indicaçõesAlguns o es e suas indicações
Alguns o es e suas indicaçõeskennyaeduardo
 
14646177 aromaterapia1
14646177 aromaterapia114646177 aromaterapia1
14646177 aromaterapia1kennyaeduardo
 
Aplicação e perfis psicologicoas dos óleos essenciais
Aplicação e perfis psicologicoas dos óleos essenciaisAplicação e perfis psicologicoas dos óleos essenciais
Aplicação e perfis psicologicoas dos óleos essenciaiskennyaeduardo
 
Medicinavibracional
Medicinavibracional Medicinavibracional
Medicinavibracional kennyaeduardo
 
Aromaterapia curso-completo
Aromaterapia curso-completoAromaterapia curso-completo
Aromaterapia curso-completokennyaeduardo
 
Superioridade método fluxo_caixa_descontado_processo_avaliação_empresas
Superioridade método fluxo_caixa_descontado_processo_avaliação_empresasSuperioridade método fluxo_caixa_descontado_processo_avaliação_empresas
Superioridade método fluxo_caixa_descontado_processo_avaliação_empresaskennyaeduardo
 
Fluxo de caixa livre
Fluxo de caixa livreFluxo de caixa livre
Fluxo de caixa livrekennyaeduardo
 
4 negociações comerciais
4 negociações comerciais4 negociações comerciais
4 negociações comerciaiskennyaeduardo
 
A sucessão legítima no novo código civil
A sucessão legítima no novo código civilA sucessão legítima no novo código civil
A sucessão legítima no novo código civilkennyaeduardo
 
Cap. 1 aspectos básicos do orçamento
Cap. 1 aspectos básicos do orçamentoCap. 1 aspectos básicos do orçamento
Cap. 1 aspectos básicos do orçamentokennyaeduardo
 
Capial circulante líquido e a insolvência
Capial circulante líquido e a insolvênciaCapial circulante líquido e a insolvência
Capial circulante líquido e a insolvênciakennyaeduardo
 
2984913 contabilidade-analise
2984913 contabilidade-analise2984913 contabilidade-analise
2984913 contabilidade-analisekennyaeduardo
 

More from kennyaeduardo (20)

1 parte coraçao selvagem j.del d. 1 (rev. pl)
1 parte   coraçao selvagem j.del d. 1 (rev. pl)1 parte   coraçao selvagem j.del d. 1 (rev. pl)
1 parte coraçao selvagem j.del d. 1 (rev. pl)
 
Angélica, a marquesa dos anjos 26 - o triunfo de angélica
Angélica, a marquesa dos anjos   26 - o triunfo de angélicaAngélica, a marquesa dos anjos   26 - o triunfo de angélica
Angélica, a marquesa dos anjos 26 - o triunfo de angélica
 
Angélica, a marquesa dos anjos 25 - angélica e a estrela mágica
Angélica, a marquesa dos anjos   25 - angélica e a estrela mágicaAngélica, a marquesa dos anjos   25 - angélica e a estrela mágica
Angélica, a marquesa dos anjos 25 - angélica e a estrela mágica
 
Angelica a marquesa dos anjos 2 - o suplicio de angelica
Angelica a marquesa dos anjos   2 - o suplicio de angelicaAngelica a marquesa dos anjos   2 - o suplicio de angelica
Angelica a marquesa dos anjos 2 - o suplicio de angelica
 
Angélica a marquesa dos anjos 1 - os amores de angélica (ed.nova cultural) ...
Angélica a marquesa dos anjos   1 - os amores de angélica (ed.nova cultural) ...Angélica a marquesa dos anjos   1 - os amores de angélica (ed.nova cultural) ...
Angélica a marquesa dos anjos 1 - os amores de angélica (ed.nova cultural) ...
 
Trilogia o tempo e o vento de e ri co veríssimo
Trilogia o tempo e o vento de e ri co veríssimoTrilogia o tempo e o vento de e ri co veríssimo
Trilogia o tempo e o vento de e ri co veríssimo
 
Alguns o es e suas indicações
Alguns o es e suas indicaçõesAlguns o es e suas indicações
Alguns o es e suas indicações
 
14646177 aromaterapia1
14646177 aromaterapia114646177 aromaterapia1
14646177 aromaterapia1
 
Aplicação e perfis psicologicoas dos óleos essenciais
Aplicação e perfis psicologicoas dos óleos essenciaisAplicação e perfis psicologicoas dos óleos essenciais
Aplicação e perfis psicologicoas dos óleos essenciais
 
Medicinavibracional
Medicinavibracional Medicinavibracional
Medicinavibracional
 
Aromaterapia curso-completo
Aromaterapia curso-completoAromaterapia curso-completo
Aromaterapia curso-completo
 
Fluxo caixa do igor
Fluxo caixa do igorFluxo caixa do igor
Fluxo caixa do igor
 
Superioridade método fluxo_caixa_descontado_processo_avaliação_empresas
Superioridade método fluxo_caixa_descontado_processo_avaliação_empresasSuperioridade método fluxo_caixa_descontado_processo_avaliação_empresas
Superioridade método fluxo_caixa_descontado_processo_avaliação_empresas
 
Fluxo cxdescontado
Fluxo cxdescontadoFluxo cxdescontado
Fluxo cxdescontado
 
Fluxo de caixa livre
Fluxo de caixa livreFluxo de caixa livre
Fluxo de caixa livre
 
4 negociações comerciais
4 negociações comerciais4 negociações comerciais
4 negociações comerciais
 
A sucessão legítima no novo código civil
A sucessão legítima no novo código civilA sucessão legítima no novo código civil
A sucessão legítima no novo código civil
 
Cap. 1 aspectos básicos do orçamento
Cap. 1 aspectos básicos do orçamentoCap. 1 aspectos básicos do orçamento
Cap. 1 aspectos básicos do orçamento
 
Capial circulante líquido e a insolvência
Capial circulante líquido e a insolvênciaCapial circulante líquido e a insolvência
Capial circulante líquido e a insolvência
 
2984913 contabilidade-analise
2984913 contabilidade-analise2984913 contabilidade-analise
2984913 contabilidade-analise
 

Gestão financeira e contabilidade de custos

  • 1.
  • 3. Custos e gestão financeira fácil Adryadson Flabio Nappi Custos e Administração Financeira fácil 3
  • 4. Adryadson Flabio Nappi “Custos e Administração financeira fácil” de Adryadson Flabio Nappi * julho de 2010 * Todos os direitos reservados para o Autor. Capa: Design do autor. Lançamento: Comunidade Missão Peregrinos do Amor Estrada dos Marins, s/n – Pau D’alhinho Piracicaba – SP Clube dos Escritores Piracicaba Rua Jacob Diehl, 77 - Piracicaba - SP Fonefax: (0xx19) 3426-8568 Proibida a reprodução impressa, fonada, por xerox e digital, sem a autorização do autor Biblioteca da Universidade Metodista de Piracicaba Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Nappi, Adryadson Flabio Custos e Gestão Financeira fácil, 2010 Edição do Autor, Piracicaba/SP, 2010 – 136p Lançamento do Clube dos Escritores Piracicaba I - Literatura Brasileira - Didáticos CDD - 869.91 4
  • 5. Custos e gestão financeira fácil SUMÁRIO Apresentação Introdução PARTE I – CONTABILIDADE DE CUSTOS Introdução I – Breve história da contabilidade 1.1 - Necessidade de um controle para as novas indústrias. II – Contabilidade de custos e sua aplicação 2.1 - Importância da contabilidade de custos para gestão. 2.2 - Contabilidade de custos em empresas não industriais. III – Conceitos básicos de contabilidade de custos 3.1 – Gastos 3.3 - Custos e despesas 3.2 - Investimento 3.4 – Custos Diretos 3.5 – Custos indiretos 3.6 – Custos fixos 3.7 – Custos variáveis 3.8 – Custos semi-variáveis IV – Métodos de custos utilizados 4.1 – Custeio direto ou variável. 4.2 – Custeio por absorção. 4.3 – Custeio Integral 4.3.1 - Custeio ABC 4.3.2 - Custeio RKW 4.4 – Diferença entre os métodos 4.5 – Custeio variável versus Custeio por absorção V – Formas de custeamento 5.1 - Custo Real 5.2 – Custo padrão 5
  • 6. Adryadson Flabio Nappi 5.2.1 - Tipos de Custo padrão. 5.2.2 - Construção do Custo padrão. 5.3 - Custo orçado ou estimado VI – Sistemas de acumulação de custos 6.1 – Custeamento por ordem. 6.2 - Custeamento por processo 6.3 - Diferenças básicas entre custeio por ordem e processo. 6.4 – Custeamento por operações – sistema híbrido VII – Análise de Custo/Volume/Lucro 7.1 – Margem de contribuição 7.2 – Ponto de equilíbrio 7.3 – Alavancagem operacional VIII – Formação de preço de venda 8.1 - Preço de venda a partir do mercado. 8.2 - Preço de venda a partir do custeio direto/variável. 8.3 - Preço de venda a partir do custeio por absorção. 8.4 - Mark -up IX – Alguns conceitos de contabilidade gerencial 9.1 – Departamentalização. 9.2 – Ativo intangível 9.3 – Relatórios gerenciais. X – Avaliação e controle de estoques 10.1 – Sistema de Inventário Periódico 10.1.1 – Empresas industriais 10.1.2 – Empresas comerciais 10.1.3 – Empresas prestadoras de serviços 10.2 – Sistema de Inventário Permanente Conclusão 6
  • 7. Custos e gestão financeira fácil PARTE II – ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA I – Administração Financeira 1.1 – O qué finanças? 1.2 – O administrador financeiro 1.3 – Oportunidades de carreira 1.4 – Atividades-chaves do administrador financeiro II – Demonstrações financeiras básicas 2.1 – Principais demonstrações financeiras 2.2 – Balanço Patrimonial 2.2.1 – Divisão do Balanço Patrimonial 2.3 – Demonstração do Resultado do Exercício 2.4 – Fluxo de Caixa 2.4.1 – Análise de algumas fontes de recursos III – Análise das demonstrações financeiras 3.1 – Análise de Liquidez 3.1.1 – Liquidez Geral 3.1.2 – Liquidez Corrente 3.1.3 – Liquidez Seca 3.1.4 – Liquidez Imediata 3.2 – Índices de atividade 3.2.1 – Prazo médio de recebimento (PMR) 3.2.2 – Prazo médio de pagamento (PMP) 3.2.3 – Giro de estoque e Prazo médio de estocagem (PME) 3.3 – Ciclo Operacional e Ciclo financeiro 3.3.1 – Ciclo operacional 3.3.2 – Ciclo financeiro 3.4 – Índices de Rentabilidade 3.4.1 – Giro do Ativo 3.4.2 – Margem líquida 7
  • 8. Adryadson Flabio Nappi 3.4.3 – Rentabilidade do Ativo (ROI) 3.4.4 – Rentabilidade do Patrimônio Líquido (ROE) IV – Análise vertical e horizontal 4.1 – Análise vertical 4.2 – Análise horizontal Conclusão Bibliografia 8
  • 9. Custos e gestão financeira fácil APRESENTAÇÃO Este trabalho tem como objetivo, levar o aluno ou o empresário ao aprendizado da ciência administrativa financeira. Com fundamentos básicos e avançados, o estudante deverá obter uma compreensão teórica e prática no que se diz respeito à parte financeira de uma empresa. Dentro de nosso estudo, passaremos por noções básicas de contabilidade de custos e suas aplicações. Passaremos também por fundamentos básicos da área financeira, envolvendo atividades práticas, como fluxo de caixa, contas a pagar e receber. Usando fundamentos da ciência contábil, avançaremos para uma análise avançada de relatórios financeiros através de índices, análise vertical e horizontal. Com linguagem acessível e fácil, esse manual visa atender alunos, empresários em geral, e pessoas interessadas na área, levando-os a conhecer pontos importantes para uma boa gestão financeira. Mãos à obra! 9
  • 11. Custos e gestão financeira fácil INTRODUÇÃO Em um mundo totalmente competitivo e globalizado, a “seleção natural” do mercado forçou as empresas a buscarem uma compreensão mais elaborada sobre a administração dos negócios. Segundo Padoveze (2003, p.30), essa necessidade “está associada com o advento do capitalismo industrial e apresentou um desafio para o desenvolvimento da contabilidade e da ciência administrativa como ferramenta de gerenciamento industrial”. O crescimento industrial com a Revolução Industrial na Inglaterra foi o início de uma nova fase para o capitalismo mundial. Padoveze afirma que no século XIX e início do século XX, o mundo presenciou uma expansão enorme da indústria, particularmente dos Estados Unidos e Inglaterra. Assim, a preocupação com uma administração mais intensa e eficaz, deu início a um processo chamado Administração Científica. Desta forma, muitos foram os teóricos que se debruçaram nos livros, para fazer da administração empresarial uma ciência que produz resultados. Baseados na doutrina de Adam Smith, no livro “Riqueza das Nações”, o comércio torna-se mais livre e, conseqüentemente, se expandiu rapidamente, fazendo surgir assim as “escolas” da administração. Podemos citar rapidamente uma delas, a chamada Escola Clássica da Administração, composta por Max Weber, Frederick Taylor e Henri Fayol. 11
  • 12. Adryadson Flabio Nappi Escola Clássica da Administração Max Weber Frederick Henri Fayol (1864-1920) Taylor (1841-1925) (1856-1915) Tipo ideal de Escola Clássica Processo adm. e Burocracia da Papéis dos Administração gerentes Max Weber Demonstrou o lado impessoal da burocracia (não considerando as pessoas). Weber dizia que a administração moderna depende de uma série de Organização de normas empresariais. Fundamentou-se no princípio da Autoridade e Obediência para o bom andamento das organizações. Frederick Taylor Preocupou-se basicamente com problemas relacionados à administração das organizações. Para Taylor, a organização, estruturação empresarial, divisão clara de responsabilidades, delegação de tarefas, integração entre os departamentos e aptidão necessária dos trabalhadores para com o serviço executado, eram características fundamentais para uma boa administração. 12
  • 13. Custos e gestão financeira fácil Henri Fayol Este teórico dizia que a administração não é uma atividade reservada apenas para as empresas, mas sim, para todos os empreendimentos humanos, seja família, negócios ou governo. Foi o primeiro a dividir a empresa em seis atividades distintas: Técnica (produção), Comercial (compra, venda e troca), Financeira (procura e utilização de capital), Segurança (proteção da propriedade e das pessoas), Contabilidade (registro de estoques, balanços, custos e estatísticas) e Administração (planejamento, organização, comando, coordenação e controle). Percebemos então que, nesse contexto, começa a surgir a área financeira nas empresas com a finalidade de procura e utilização de capital. É importante dizer nesse momento que a Contabilidade é parte integrante e, por que não dizer, fundamental para a área financeira. Com o crescimento mercadológico e comercial, cresce também as funções da área financeira, e a contabilidade começa a ser instrumento de gerenciamento e controle. Por essa razão, o bom administrador precisa conhecer minimamente a contabilidade, pois é através dos seus relatórios que alcançamos informações fundamentais para a saúde financeira da empresa. As quatro grandes áreas da empresa É possível afirmar sem sombra de dúvidas que, para o bom andamento de uma organização, é preciso ter claramente definido, minimamente, quatro grandes áreas na empresa. São elas: 13
  • 14. Adryadson Flabio Nappi Fluxo das áreas da empresa: RECURSOS PRODUÇÃO HUMANOS MARKETING FINANCEIRO E VENDAS É certo dizer que este grande “Z” da empresa é um requisito mínimo para o bom andamento dos negócios. É preciso obter boas contratações e um departamento de pessoal responsável e competente para que a produção seja feita com qualidade. Assim produzido, um bom setor de marketing e vendas do produto elaborado com certeza irá gerar lucros e resultados positivos para o setor financeiro da empresa. Nosso objetivo, nesse trabalho, será estudar minuciosamente o departamento financeiro de uma empresa, tentando colocar em pauta as principais rotinas de um administrador financeiro, seus relatórios e suas análises, visando assim, um bom andamento e uma organização lucrativa e rentável. Assim, começaremos estudando a contabilidade de custos para terminarmos na análise de índices financeiros. Questões para aprofundamento: 1 – Quais são os principais pensadores da Escola Clássica e quais foram suas principais doutrinas? 2 – Explique o “Z” da empresa? 14
  • 15. Custos e gestão financeira fácil PARTE I CONTABILIDADE DE CUSTOS 15
  • 17. Custos e gestão financeira fácil INTRODUÇÃO A preocupação com a Contabilidade nasceu desde que o homem passou a possuir bens, surgindo a necessidade de controlá-los e administrá-los adequadamente. Assim, "a contabilidade nasceu com o objetivo básico de controle de patrimônio das pessoas". (SILVA, 1992, p.8). "O ato de contar o rebanho nas mais antigas épocas, por exemplo, quando os pastores da antigüidade levavam seu rebanho para o pastoreio, logo pela manhã, ao retirar o rebanho do cercado, a cada ovelha que saia para o campo, se colocava uma pedrinha em um embornal, e depois de todas as ovelhas saíssem, tinha-se o total das mesmas em pedrinhas dentro do embornal. Ao voltar a tarde, cada ovelha que entrasse novamente ao cercado, retirava-se uma pedrinha do embornal. Isso é contabilidade, ou seja, qualquer forma de controle de patrimônio". (SILVA, 1992, p.8) Por essa razão, não se tem uma data certa do aparecimento da contabilidade, mas sabe-se que por volta de 1494, segundo Silva (1992, p.9), um frei italiano chamado Lucas Pacciolli, escreveu um livro chamado "Summa", que descreveria todos os métodos de contabilização com a conhecida "partidas dobradas", e acabou sendo considerado o pai da contabilidade moderna. 17
  • 18. Adryadson Flabio Nappi Passarelli et al (2003, p.9), diz que, desde os primeiros séculos da idade média até o fim do século XVI, faz parte da chamado primeira etapa da evolução do sistema de produção na civilização oriental. Esta etapa compreende com os sistemas de produção conhecidos como familiar, de corporações e doméstico. Com a evolução do mercado e o crescimento populacional e urbano, surge o cenário para o sistema de produção atual, denominado, sistema de produção fabril. “Esse sistema começou a nascer quando o antigo intermediário do sistema doméstico começou a perceber que o sistema doméstico não era bastante ágil e produtivo para atender o crescimento acelerado de centros urbanos e a demanda produtiva, e passou a introduzir mudanças radicais na estrutura da organização produtiva. Levantando vultuosos capitais, inventou a fábrica: tirou o artesão e seus ajudantes de casa, transformou-os em simples assalariados, pondo- os a trabalhar nas instalações e com equipamentos de sua propriedade. Agora, o mestre artesão, bem conceituado e independente, transformou-se em feitor ou supervisor de fábrica”. (PASSARRELLI et al, 2003, p.10) Com esse sistema, nasce a contabilidade de custos, que segundo Padoveze (2003, p.30), "está associada com o advento do capitalismo industrial e apresentou um desafio para o desenvolvimento da contabilidade como ferramenta de gerenciamento". 18
  • 19. Custos e gestão financeira fácil Neste contexto, pode-se perceber a necessidade do dono de fábrica de controlar sua produção e as operações que estão contidas na mesma. Essa preocupação foi o passo inicial para um modelo contábil gerencial, onde se pudesse tomar decisões e controlar o patrimônio, ao mesmo tempo. O modelo produtivo já não era tão simples como contar as ovelhas que saíam do cercado, e, por essa razão, segundo Padoveze (2003, p.30) "para atender a demanda crescente, fazendas e fábricas maiores (originalmente denominadas manufaturas), exigindo mais equipamento, tornaram-se comuns. Mais capital era necessário e os bancos foram surgindo para fornecê-los". Assim, a arte das "partidas dobradas" inventadas pelo Frei veneziano Lucas Pacciolli, citado acima, deu um impulso notável no ato de registrar dados e transações econômicas e financeiras neste período. (PASSARELLI et al, 2003, p.11) Enfim, com a insuficiência de informações na que chamamos de contabilidade geral, a contabilidade de custos veio tomar forma para que os administradores e proprietários de empresas pudessem obter informações relevantes e confiáveis para a tomada de decisão. Nasce então a contabilidade gerencial propriamente dita, e a contabilidade de custos com os modelos de análise de custos e diversos métodos, como o custeio variável, custeio por absorção, custeio ABC e RKW. (MOREIRA et al, 2003) Em resumo, o trabalho teve o objetivo principal de analisar os modelos e métodos de custos existentes. Muitos são os estudos feitos na área de custo, que, sem dúvida, é um dos mais discutidos assuntos na atual realidade de mercado. A concorrência global faz com que o controle de custos seja uma preocupação constante das empresas como instrumento de gerenciamento e tomada de decisão. 19
  • 20. Adryadson Flabio Nappi Por essa razão, o crescimento da necessidade da contabilidade de custos e da contabilidade gerencial é constante no cenário atual. Da mesma forma que o crescimento de mercado atinge as empresas, os antigos escritórios de contabilidade também estão sendo afetados, tendo eles que se preocuparem com a maneira mais adequada de gerir seus negócios, transformando-se em empresas contábeis. 20
  • 21. Custos e gestão financeira fácil I – BREVE HISTÓRIA DA CONTABILIDADE A contabilidade surgiu em uma época muito antiga, onde não podemos dizer com precisão a data de seu nascimento. Porém, basta saber que ela nasceu em uma época em que já se exigia uma maneira mais organizada e científica de se controlar o patrimônio. Padoveze (1996, p.29) diz com muita simplicidade que “patrimônio é o conjunto de riquezas de propriedade de alguém ou de uma empresa”. Afirma a sociologia que existiu uma época primitiva em que tudo era de todos e, portanto, não existia patrimônio. Com a evolução do homem e dos sistemas de produção, iniciou-se um processo de acumulação de patrimônio e assim, a contabilidade começou a surgir. O ato de contar, já é uma contabilidade. Por essa razão, Silva (1992, p.8) afirma que desde quando os pastores da antigüidade contavam seu rebanho através das pedrinhas que jogavam em embornais, já existia a contabilidade. Com o crescimento e desenvolvimento da humanidade, evolui- se também a contabilidade. Segundo historiadores, é dito que os mercadores venezianos da antigüidade possuíam formas de registrar as suas operações e controlar seu patrimônio. Estas formas estavam escritas em livretos que eram de conhecimento da época e em 1494, foi publicado na Itália, segundo Padoveze (1996, p.40), o Tratatus de Computis et Scripturis, dentro da obra Summa de Arithmética, Geometria, Proportioni et Proporcionalitá do Frei Luca Pacciolli, matemático, teólogo e contabilista. Com isso, Luca Pacciolli ficou sendo considerado o pai da Ciência Contábil moderna. 21
  • 22. Adryadson Flabio Nappi Nesta obra, a grande novidade foi a introdução do método de escrituração contábil denominado “Método das partidas dobradas”, onde Pacciolli reconhece esse método como o ideal para a escrituração contábil. As partidas dobradas fizeram surgir então o chamado Patrimônio Líquido, onde não existia no método da partida simples. Ainda Padoveze (1996, p.40) diz que “a partida simples buscava contabilizar os bens e direitos, mas não dava a dimensão do fundamento causa-efeito, o que fundamenta as partidas dobradas”. Assim, evoluiu a chamada hoje ciência contábil, juntamente com a necessidade de contabilizar e controlar transações. Com a revolução industrial e a grande virada do mercado, se transformava também a contabilidade como um instrumento de controle de patrimônio, que a cada dia se concentrava na mão de poucos. Os sistemas de produção iam se modificando e com ela, a necessidade de um controle maior. Segundo Passarelli et al (2003, p.10), os sistemas que no começo do capitalismo se caracterizava familiar, agora estava sendo um sistema de produção denominado fabril. Neste instante, nasce uma nova expectativa da contabilidade, e uma nova visão dos então chamados administradores e proprietários das primeiras fábricas que nasciam. 1.1 - Necessidade de um controle para as novas indústrias. Com o crescimento do mercado e a transformação do antigo sistema doméstico para o sistema fabril, a contabilidade abriu espaço para uma nova etapa, onde se começa a surgir a contabilidade de custos. Tudo isso se deu, segundo Passarelli et al (2003, p.11), pela transformação do sistema fabril, sendo que o proprietário da fábrica, 22
  • 23. Custos e gestão financeira fácil não era mais aquele antigo artesão mestre, mas sim, o intermediário que se tornou administrador. Pode-se chegar a conclusão que, a contabilidade de custos surgiu quando se separou a administração da produção. Ou seja, no momento em que um terceiro contrata pessoas para produzir, exige-se um maior controle para se tomar decisões. Assim, com a necessidade de um instrumento de gestão para os novos empreendedores, nasce a contabilidade de custos. 23
  • 25. Custos e gestão financeira fácil II - CONTABILIDADE DE CUSTOS E SUA APLICAÇÃO. Para Martins (2001, p.19), até a Revolução Industrial (séc. XVIII) quase só existia a Contabilidade financeira ou geral, que era suficiente para servir as empresas comerciais da Era Mercantilista. Porém, com o advento das indústrias, ficou difícil para os contadores identificarem facilmente os valores dos estoques para fechamento de seus balanços, surgindo então a contabilidade de custos. Tal afirmação de Martins vem afirmar aquilo que já foi discutido anteriormente, dizendo que a Revolução Industrial veio trazer a contabilidade de custos. Porém, Eliseu Martins expressa algo a mais, dizendo que a necessidade de atribuir valores para os estoques das empresas, no momento do fechamento de balanço e apuração do resultado, fez com que surgisse a contabilidade de custos propriamente dita. Percebe-se então num primeiro momento que a contabilidade de custos primitiva veio do estoque das empresas. Martins (2001, p.19) explica que “no balanço final, permaneciam como estoques no Ativo apenas os valores sacrificados pelas compras dos bens. Nenhum outro valor era ativado, como juros e encargos financeiros, honorários dos proprietários e administradores, salários e comissões e outros. Todos estes gastos eram automaticamente apropriados como despesas do período, independentemente da venda ou não da mercadoria”. Assim começou-se a avaliação de estoques dentro do âmbito industrial, nas empresas modernas. 25
  • 26. Adryadson Flabio Nappi 2.1 - Importância da contabilidade de custos para gestão Sem dúvida a contabilidade de custos é um dos instrumentos mais poderosos de gestão para uma empresa moderna. Devido a toda sua importância, dela nasceu um método de gerenciamento que é denominado Contabilidade Gerencial. “A contabilidade gerencial pode ser caracterizada, superficialmente, como um enfoque conferido a várias técnicas e procedimentos contábeis já conhecidos e tratados na contabilidade financeira, na contabilidade de custos, na análise financeira de balanços etc., colocados numa perspectiva diferente, num grau de detalhe analítico ou numa forma de apresentação e classificação diferenciada, de maneira a auxiliar os gerentes das entidades em seu processo decisório”. (IUDÍCIBUS, 1987, p.15) Assim, pode-se afirmar que a contabilidade de custos foi um grande instrumento para que surgisse a contabilidade gerencial. 2.2 - Contabilidade de custos em empresas não industriais. Tamanha a sua aplicação no cenário atual das empresas e tão grande a sua importância no mercado globalizado e competitivo, que a contabilidade de custos passou a ser um instrumento essencial e indispensável para os administradores, passando então a ser implantada não somente em empresas industriais para controle de estoques como 26
  • 27. Custos e gestão financeira fácil do princípio, mas para as empresas prestadoras de serviços, que, diga-se de passagem, é o tema do trabalho em questão. Para essa questão, Martins (2001, p.23) diz que para as empresas prestadoras de serviços que eventualmente faziam uso dos custos para avaliação dos serviços em andamento, o campo para essas empresas alargou-se muito. É extremamente comum nos dias de hoje, ver empresas como Bancos, Financeiras, escritórios de planejamento, de auditoria e outros, utilizarem da contabilidade de custos. Para esses casos, passou-se a utilizar e explorar o potencial para controle e para a tomada de decisões, com as informações levantadas por um bom controle de custos. 27
  • 29. Custos e gestão financeira fácil III - CONCEITOS BÁSICOS DE CONTABILIDADE DE CUSTOS. Para se ter uma implantação correta de uma contabilidade de custos, é preciso perceber e entender algumas terminologias específicas que a contabilidade de custos tem, para verificar corretamente os métodos e técnicas de análise de custos. Sendo assim, inicia-se com o conceito de gastos, custos e despesas e outros. 3.1 – Gastos Segundo Passarelli et al (2003, p.31), os gastos são valores monetários de todos os desembolsos e compromissos assumidos pela empresa no desempenho de suas operações de produção de bens e serviços. São ocorrências genéricas e abrangentes, por essa razão, diferenciam-se com outras terminologias, como investimentos, custos e despesas. 3.2 - Investimento Padoveze (2000, p.221) diz que “são gastos efetuados em ativo ou despesas e custos que serão imobilizados ou diferidos. São gastos ativados devido sua vida útil ou benefícios futuros”. 3.3 - Custos e despesas 29
  • 30. Adryadson Flabio Nappi Martins (2001, p. 25) cita como “todo gasto relativo a bem e serviço utilizado na produção de outros bens e serviços”. Já para a despesa, é o bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a obtenção de receitas. A contabilidade de custos apareceu na idéia de controle de indústria, porém, nos dias de hoje, muitas empresas de serviços passaram a utilizar a contabilidade de custos para gerenciamento, que é o caso do trabalho em questão. Pensando nessas terminologias, como poderíamos fazer uma contabilidade de custos em uma empresa de serviço que só tem despesa? Para isso, Martins (2001, p. 27) alerta que devem-se usar da idéia que tais entidades são produtoras de utilidades, e assim possuem custos que imediatamente se transformam em despesas, sem que haja a fase de estocagem, como no caso de uma indústria. Por essa razão, a terminologia está correta. 3.4 – Custos Diretos Em linhas gerais, custos e despesas diretas são aqueles facilmente identificados a um determinado produto, segundo Padoveze (2000, p.236). Passarelli et al (2003, p.33), define custo direto como aquele que podemos mensurar quanto pertence a cada um, de forma objetiva e direta. Esses tipos de custos não são necessários elaborar formas de rateio, pois conseguem ser identificados no produto facilmente, como o caso da matéria prima, componentes e outros. 30
  • 31. Custos e gestão financeira fácil 3.5 – Custos indiretos Todos os gastos que não são considerados diretos são indiretos. Segundo Martins (2001, p.53), os custos indiretos são aqueles que não oferecem uma medida objetiva e qualquer tentativa de alocação, tem que ser feita estimada, por rateio. Os custos indiretos são identificados geralmente no produto final, e são de caráter genérico e não específico. (PADOVEZE, 2003) 3.6 – Custos fixos São aqueles que independem do volume da produção. Segundo Moreira et al (2004), os custos fixos são aqueles que independem do volume de produção, ou seja, se a fábrica produz ou não, o custo fixo total é o mesmo. Vale ressalta neste item que, conforme Padoveze (2000, p.237), embora classifiquemos alguns custos como fixo, todos os custos estão sujeitos a mudança. A representação gráfica de custos fixos pode ser feita da seguinte forma: Custos Fixos Custos Unidades produzidas 31
  • 32. Adryadson Flabio Nappi 3.7 – Custos variáveis São aqueles que dependem do volume da produção ou no nível de atividade. Neste conceito, estão compreendidos todos aqueles custos que conforme a empresa produz, o custo aumenta. Da mesma forma, os custos variáveis podem ser representados pelo seguinte gráfico, de uma maneira bem simplificada. Custos variáveis Custos Unidades produzidas 3.8 – Custos semi-variáveis Segundo Padoveze (2000, p.239), “são os custos em que existe variação em relação a quantidade produzida, mas não tem relação direta. Variam mas não na proporção exata 1:1. 32
  • 33. Custos e gestão financeira fácil A representação gráfica deste caso seria: Parte variável Custos Unidades produzidas 33
  • 35. Custos e gestão financeira fácil IV – MÉTODOS DE CUSTOS UTILIZADOS Estarão sendo abordados neste trabalho alguns métodos de custeamento que são utilizados nas empresas e organizações em geral. É importante dizer que o processo de custeamento de produtos ou serviços nas empresas depende do sistema e do método de custo podendo-se alcançar valores e estruturas diferentes para cada sistema e método utilizado. Moreira et al (2004) define simplesmente que método é o mecanismo que define os custos que farão parte do custeamento do produto ou serviço, e sistema é a maneira de mensuração de cada componente do custo. Para Padoveze (2000, p.241), método de custo é o “processo utilizado para identificar o custo unitário de um produto, partindo dos custos diretos e indiretos”. 4.1 – Custeio direto ou variável. Neste método, resumidamente, consiste em apropriar aos produtos ou serviço apenas os gastos variáveis da empresa. Como já vimos anteriormente, gastos variáveis são aqueles que variam em proporção direta com a produção. Esse método é considerado o melhor para decisões gerenciais segundo Padoveze (2000, p.242), pois os custos fixos indiretos não são alocados aos produtos e são tratados como despesas do período. Moreira et al (2004) acrescenta ainda que o custeio variável é melhor para tomada de decisão, pois “considera que os custos fixos estão relacionados diretamente a capacidade de instalação da empresa e não ao nível de produção”. 35
  • 36. Adryadson Flabio Nappi Este método não é aceito pela legislação, desta forma, é necessário, para efeito de fiscalização, que as empresas se utilizem o custeio por absorção, próximo método a discutir. Segundo Martins (2001, p.220), este método fere os princípios contábeis, principalmente o da Competência e a Confrontação. Segundo estes, devemos apropriar as receitas e delas deduzir todos os sacrifícios envolvidos em sua obtenção. Por essa razão, não seria correto jogar todos os custos fixos nas vendas de hoje, se parte dos produtos feitos só venderá amanhã. 4.2 – Custeio por absorção. “É o método que quando ao custear os produtos fabricados, pela empresa, são atribuídos a esses produtos, além dos gastos variáveis, os gastos fixos” diz Passarelli et al (2003, p.40), onde estes gastos fixos são atribuídos por critérios de distribuição. Este método é o tradicional, utilizado pelas empresas no mundo todo. 4.3 – Custeio Integral Conforme Padoveze (2000,p.242), é um prolongamento do custeio por absorção. Neste caso, as despesas com vendas e administração também são alocados aos produtos. 4.3.1 - Custeio ABC Neste conceito se encaixa o conhecido Custeio ABC, onde através de técnicas de rateio, se distribui as despesas comerciais e administrativas da empresa, jogando-a no custo dos produtos. 36
  • 37. Custos e gestão financeira fácil Em busca da definição de Custeio ABC, Ching (1995,p.41) apresenta como “um método de rastear os custos de um negócio ou departamento para as atividades realizadas e de verificar como estas atividades estão relacionadas para a geração de receitas e consumos de recursos”. Capasso et al (1997, p.74) diz que “o ABC estabelece uma relação concreta entre os custos indiretos dos produtos, de maneira que possa representar, por exemplo, qual a percentagem da superfície da planta industrial é empregada num produto, em conseqüência alocar esta porção dos custos derivados da dita planta a seu custo unitário”. O ABC, portanto, é direcionado para as atividades, que segundo Brito et al (2004), “é um método de custeio que busca identificar com mais precisão os custos identificados a um determinado produto. Não deixa de ser um método de custeamento por absorção que procura identificar com determinadas técnicas, o máximo possível de identificação dos custos, apropriando aos produtos diretamente. Sem dúvida é um método muito discutido por estudiosos, pela sua dificuldade de implantação em uma realidade empresarial, devido a sua complexidade, e também, por ainda ser um método de rateio, sujeito a distorções. 4.3.2 - Custeio RKW Aplica-se o mesmo entendimento ao método de custeio RKW, porém, este também rateia para o produto as despesas financeiras do período. 4.4 – Diferença entre os métodos 37
  • 38. Adryadson Flabio Nappi Padoveze (2000, p.248) demonstra de uma maneira muito feliz todos esses conceitos através de um simples quadro, contendo: Figura 1 – Gastos Totais – direto e indireto Tipos de Gastos Métodos de Custeio Materia prima, materiais diretos e embalagens Teoria das Custeio Restrições direto ou Despesas variáveis variável Custeio (exemplo: comissões) Mão de obra direta por Custeio absorção integral Mão de obra indireta R Despesas gerais industriais Custeio K ABC W Depreciação Mão de obra administrativa/comercial Despesas administrativas/comerciais Despesas Financeiras Gastos Totais + Método de Custeio Fonte: Padoveze (2000, p. 248) Com o gráfico colocado acima, pode-se verificar de uma maneira geral e clara, a diferença entre os vários métodos de custeio. Porém, basta saber que existem vantagens e desvantagens nos métodos e, por essa razão, é preciso identificar a realidade de cada 38
  • 39. Custos e gestão financeira fácil empresa a ser estudada, encontrando e definindo objetivos para o estudo. 4.5 – Custeio variável versus Custeio por absorção Em muitos anos os teóricos tentam descobrir qual dos dois métodos realmente é o melhor. Martins (2001, p.220) afirma que no “ponto de vista gerencial, o custeio variável tem condições de propiciar mais rapidamente informações vitais à empresa”. Padoveze (2000, p.259) concorda com essa posição, dizendo que “as informações aparecem mais claras e evidentes, pois tendem a não enviesar a apropriação dos custos dos produtos com rateios dos custos indiretos sem bases científicas”, porém, ele ainda afirma que o custeio por absorção tende a tranqüilizar os empresários, pois rateia todos os custos e, com isso, os parâmetros para a formação de preço de venda estariam mais bem embasados. Moreira et al (2004) considera o custeamento variável mais próprio para os relatórios internos de gerenciamento, pois é de fácil leitura aos usuários e é o que tem mais facilidade de análise custo/volume/lucro, evidenciando aos gestores melhor projeção de produção, vendas e resultado. Enfim, ainda não se tem uma posição definitiva para qual método utilizar, pois as vantagens e desvantagens de cada método, fazem com que a dúvida permaneça na mente até dos mais estudiosos e entendidos da área. Porém, chega-se a conclusão que para o gerenciamento da empresa em tomada de decisões, prioriza-se o variável, porém, a legislação fiscal não o aceita como controle de estoques, pois fere os 39
  • 40. Adryadson Flabio Nappi princípios contábeis geralmente aceitos, ou seja, a impressão que se tem é que todos dizem: “na dúvida, faz-se os dois!”. Para expressar essa diferença, Leone (2000, p.406) define um quadro apresenta um quadro de comparação que será colocado neste trabalho, resumindo as diferenças básicas de cada método de custeio. 40
  • 41. Custos e gestão financeira fácil Quadro Comparativo das diferenças fundamentais em custeio variável X absorção. Figura 2 – Quadro comparativo. Custeamento Variável Custeamento por absorção 1. Classifica os custos em 1. Não há essa preocupação fixos e variáveis. por essa classificação. 2. Classifica os custos em 2. Também classifica os diretos e indiretos. custos em diretos e indiretos. 3. Debita ao segmento, cujo 3. Debita ao segmento, cujo custo está sendo apurado, custo está sendo apurado, apenas os custos que são os seus custos diretos e diretos ao segmento e também os custos indiretos variáveis em relação ao através de taxa de absorção. parâmetro escolhido como base. 4. Os resultados apresentados 4. Os resultados apresentados sofrem influência direta do sofrem influência direta do volume de vendas. volume de produção. 5. É um critério 5. É um critério legal, fiscal, administrativo, gerencial, externo. interno. 6. Aparentemente sua 6. Aparentemente, sua filosofia básica contraria os filosofia básica, alia-se aos preceitos geralmente preceitos contábeis aceitos de Contabilidade, geralmente aceitos, principalmente os principalmente aos fundamentos do “regime de fundamentos do “regime de competência”. competência”. 41
  • 42. Adryadson Flabio Nappi 7. Apresenta a contribuição 7. Apresenta a margem marginal – diferença entre operacional – diferença as receitas e os custos entre as receitas e os custos diretos e variáveis do diretos e indiretos do segmento estudado. segmento estudado. 8. O custeamento variável 8. O custeamento por destina-se a auxiliar, absorção destina-se a sobretudo, a gerência no auxiliar a gerência no processo de planejamento e processo de determinação tomada de decisões. da rentabilidade e de avaliação patrimonial. 9. Como o custeamento 9. Como o custeamento por variável trata dos custos absorção trata dos custos diretos e variáveis de diretos e indiretos de determinado segmento, o determinado segmento, sem controle da absorção dos cogitar de perquirir se os custos da capacidade ociosa custos são variáveis ou não é bem explorado. fixos, apresenta uma visão para o controle da absorção dos custos da capacidade ociosa. Fonte: Leone (2000, p.406) 42
  • 43. Custos e gestão financeira fácil V – FORMAS DE CUSTEAMENTO 5.1 - Custo Real Para Padoveze (2000, p.242), o “fundamento da contabilidade de custos é a apuração do custo real”. Esse custo é calculado com base nos gastos já incorridos na produção. Desta forma, essa forma de custo já representa o custo acontecido, um custo baseado em dados passados. Gerencialmente, este dado não tem um valor significativo, pois o empresário não quer saber dados passados, mas sim, determinar valores futuros para a tomada de decisões. Esta é uma premissa básica da contabilidade gerencial, que trabalha com valores que irão acontecer, com orçamentos e análises futuras. Padoveze (2000, p.293) afirma que o “custo real tem validade apenas nos sentidos, após a análise de suas variações, em cima de um custo padrão, se identificam as causas do por que das variações, podendo-se corrigir rumos atuais”. O custo real, portanto, serve para servir as necessidades legais e fiscais da contabilidade, em avaliação de inventário. 5.2 – Custo padrão O custo padrão é uma técnica para avaliar e substituir o custo real. Ele é um custo normativo, objetivo, proposto ou um custo que se deseja alcançar. Para Padoveze (2000, p.293), o custo padrão “está ligado aos conceitos de controlabilidade empresarial”. Assim, ainda Padoveze (2000, p.293) expressa os objetivos mais importantes do custo padrão 43
  • 44. Adryadson Flabio Nappi como: “determinar o custo que deve ser, ou seja, o custo correto; “definição de responsabilidades e comprometimento dos responsáveis de cada departamento” ou área da empresa, “avaliação do desempenho e eficácia operacional”. Este forma de custeamento representa muito mais utilidade para o gerenciamento da empresa no seu dia-a-dia, tendo a vantagem de não ser preciso seu cálculo mensalmente, podendo ser feito em períodos maiores. (PADOVEZE, 2000, p.293). Em caso específico deste trabalho, o custo padrão será muito melhor utilizado, pois tem como principal utilização, a formação do preço de venda. Visto que essa pesquisa visa esta formação do preço de venda de serviços em um caso particular, esta forma com certeza deverá ser usada. Padoveze (2000, p.293) ressalta que, “apesar de ser o mercado que dá o preço de venda dos produtos, ele deve ser inicialmente calculado em cima das condições de custo das empresas”. Por essa razão, deve-se utilizar como forma inicial o custo- padrão, pois este consegue demonstrar os elementos para a formação do preço de venda. 5.2.1 - Tipos de Custo padrão. O conceito de custos padrão tem diversas acepções, quais são: padrão estimado, padrão ideal e padrão corrente. Para Passarelli et al (2003, p.162) “quando a expectativa gerencial é modesta e conservadora, onde a empresa toma por base apenas a experiência histórica, se incluir qualquer desempenho futuro, temos o custo padrão estimado”. 44
  • 45. Custos e gestão financeira fácil Em contrariedade, quando as expectativas gerenciais são desenvolvidas em bases estritamente teóricas, Padoveze (2000, p.292) conceitua que “é o custo calculado de forma cientifica, em condições máximas de recursos produtivos e processo de fabricação pudessem ser alcançados”. Ainda Padoveze (2000, p.292) diz que é utilizado como custo meta, onde tentaria levar os setores da empresa a atingi-lo, porém, por ser improvável de ser alcançado devido a imperfeições da realidade empresarial, pode ser desmotivador para os colaboradores da empresa. Finalmente, o custo padrão corrente é o que mais reflete a realidade para padrões gerenciais, pois, conforme Passarelli et al (2003, p.292), “inclui expectativas de melhoria sobre o nível de eficiência atual na empresa”. Neste método, toma-se o custo histórico como base, e sendo ajustados, refletem melhorias de desempenho possíveis e desejáveis e não melhorias teoricamente possíveis como assume o custo padrão ideal. 5.2.2 - Construção do Custo padrão. Deve-se analisar para se construir o custo padrão, os materiais diretos, mão de obra direta, custos indiretos variáveis e custos indiretos fixos. Passarelli (2003, p.165) assume que o custo padrão é considerado uma “função da engenharia, pelo menos no que se diz respeito as informações quantitativas”. a) Materiais Diretos Basicamente, o custo padrão dos materiais direto é calculado por dois fatores: quantidade e preço. 45
  • 46. Adryadson Flabio Nappi O fator quantidade vem da estrutura do produto. Padoveze (2000, p.294) diz que, geralmente, este dado vem da engenharia do produto, e que alguns produtos que obtem perdas normais de materiais, devem ser também acumulado no custo padrão. O preço padrão deve ser calculado em condições normais de boa negociação, e como Padoveze (2000, p.294) ressalta, é importante calcular o preço das compras à vista, devido à questão inflacionária. Desta maneira, Padoveze (2000, p.294) exemplifica: Padrão de quantidade Toneladas de material A por unidade de produto 1,10 Perda normal no processo estimada 0,04 Estimativa de refugos 0,01 Quantidade padrão por unidade de produto 1,15 Padrão de preço Preço de compra sem impostos recuperáveis 20,70 (-) Custo financeiro de pagamento a prazo (2,70) Preço da compra à vista 18,00 Frete e despesas de recebimento 2,00 Preço padrão do material A 20,00 Com o exemplo de Padoveze (2000, p.294), percebe-se, de uma maneira geral, como se calcula o custo padrão de materiais diretos. Será assim para todos os outros itens que iremos, de uma maneira resumida, explicar teoricamente, pois será utilizado este conceito na parte prática deste trabalho. Para finalizar este item, Martins (2001, p.341), em um quadro comparativo numérico, exemplifica bem essa variação entre o custo real e o custo padrão de materiais, conforme segue: 46
  • 47. Custos e gestão financeira fácil Variação de materiais diretos Formas Qtde Preço Total Total geral de Custeio Custo padrão: Matéria prima X: 16 kg $ 40,00/kg $ 640,00 Matéria prima Y: 5m $ 100,00/m $ 500,00 Embalagem: 80 fl $ 7,00/fl $ 560,00 $ 1.700,00/u Custo Real: Matéria prima X: 19 kg $ 42,00/kg $ 798,00 Matéria prima Y: 4m $ 135,50/m $ 542,00 Embalagem: 75 fl $ 6,80/fl $ 510,00 $1850,00/u Variação Total: Matéria prima X: $ 158,00 D Matéria prima Y: $ 42,00 D Embalagem: $ 50,00 F $ 150,00/u D Em uma análise deste quadro, percebe-se que o custo padrão total do material direto neste caso era de $ 1.700,00 por unidade produzida de produto. Porém, o custo real ultrapassou e foi de $ 1.850,00 por unidade produzida, ou seja, houve uma variação desfavorável (a letra “D” do quadro) de $ 150,00. 47
  • 48. Adryadson Flabio Nappi Percebe-se também que a matéria prima X, ultrapassou $ 158,00 do que foi planejado, e a matéria prima ultrapassou $ 42,00 por unidade produzida. Na embalagem, houve uma variação favorável (a letra “F” do quadro) de $ 50,00 por unidade. Com esse exemplo ilustrativo já se entende a importância do custo padrão para uma análise gerencial de custos, pois se consegue ter o chamado custo-meta, onde a empresa em questão tentará identificar e melhorar o desempenho de suas operações. b) Mão de obra direta. Segue-se neste item o mesmo conceito dos materiais diretos, onde se assume um padrão de quantidade e de valor. Padoveze (2000, p.295) ressalta que normalmente o padrão de mão de obra direta é “determinado pela quantidade de horas necessárias do pessoal, ou da quantidade de funcionários diretos, em todas as fases de fabricação do produto”. Passarelli et al (2003, p.170) define que o “custo padrão de mão de obra direta é igual ao tempo padrão vezes o salário padrão”. Percebe-se que são maneiras diferentes de dizer a mesma coisa. Deve-se achar o custo padrão de mão-de-obra direta através do número de horas trabalhadas padrão vezes o custo da hora de mão de obra direta. Padoveze (2000, p.295) exemplifica: Padrão de quantidade Horas necessárias de mão de obra para o produto 50,00 Paradas para necessidades pessoais 7,00 Horas estimadas de retrabalhos de qualidade 3,00 Horas padrão por unidade de produto 60,00 48
  • 49. Custos e gestão financeira fácil Padrão de valor Salário horário médio do setor de montagem $ 2,20 Encargos sociais legais $ 1,32 Benefícios espontâneos $ 0,29 Custo horário de mão de obra direta $ 3,81 Achado estes valores, fazemos o cálculo acima especificado que é horas padrão vezes o custo da mão de obra, que, numericamente no exemplo, ficaria 60 X $ 3,81 = $ 228,60. Seu critério de variação entre o real e o padrão, segundo Martins (2001, p.348), é analisada da mesma forma que dos materiais diretos, tendo apenas uma diferença costumeira de terminologia. Martins (2001, p.348) termina dizendo que, “nos materiais, o que é chamado de variação de preço, tem nome de variação de taxa, e a variação de quantidade é cognominada de variação de eficiência”. c) Custos indiretos variáveis Os custos indiretos variáveis são alocados ao custo padrão igual qualquer sistema que se empreguem taxas predeterminadas de absorção. Passarelli et al (2003, p.172), diz que “as taxas predeterminadas devem ser, preferencialmente, baseadas em orçamentos bastantes detalhados para permitirem uma análise minuciosa das variações causadas pela não absorção ou absorção em excesso”. Padoveze (2000, p.296) exemplifica dizendo que as “principais bases de atividades para elaboração das taxas de custos indiretos variáveis são horas máquinas trabalhadas, quantidade de produto final, horas de mão de obra direta”. Novamente, Padoveze (2000, p.296) 49
  • 50. Adryadson Flabio Nappi exemplifica de uma forma muito simples auxiliando a compreensão do caso. Padrão de custos indiretos variáveis Custos indiretos variáveis estimados do período $ 275.000,00 Horas diretas previstas 453.600 h Custo variável por hora direta $ 0,60 Horas necessárias para uma unidade de produto 60 horas Custos indiretos variáveis por unidade $ 36,00 Interpretando o exemplo, vemos que Padoveze (2000, p.296) dividiu o valor total de custos indiretos do período pelas horas diretas previstas no período. Assim, ele encontrou um custo variável por hora direta e multiplicou pelas horas necessárias para uma unidade completa do produto final, chegando ao valor dos custos indiretos variáveis por unidade de produto. d) Custos indiretos fixos Padoveze (2000, p.296), em seu livro “Contabilidade Gerencial” faz essa divisão a divisão dos custos indiretos em fixos e variáveis. Desta forma, Padoveze (2000, p.296) afirma que ao fazer o custo padrão, a diferença básica que se encontra em custos indiretos fixos e custos indiretos variáveis, é que os custos fixos estão ligados com denominadores de capacidade de produção e não necessariamente com os volumes de produção atuais produzidos. Por essa razão podemos utilizar como denominador o volume de produção estimado ou orçado. 50
  • 51. Custos e gestão financeira fácil Padrão de custos indiretos fixos Custos indiretos fixos estimados para o período $ 484.680,00 Volume de produção previsto 11.540 unid. Custos fixos indiretos por unidade $ 42,00 Interpretando o exemplo de Padoveze (2000, p. 297) percebe-se que foram divididos os custos indiretos fixos do período pelo volume de produção previsto, chegando enfim, no custo indireto fixo unitário. Critérios de análise de variação do Custo padrão X Custo real. Padoveze (2000, p.299) demonstra essa análise de uma maneira genérica da seguinte forma: Figura 3 – Custo padrão X Custo real VARIAÇÃO TOTAL Variação de preço Variação de quantidade (A – B) (B – C) > de materiais > de materiais > de taxa horária > eficiência de mão de obra > custos indiretos variáveis > eficiência de custos indiretos variáveis A B C Qtde real Qtde Real Qtde padrão X X X Preço Real Preço padrão Preço padrão 51
  • 52. Adryadson Flabio Nappi 5.3 - Custo orçado ou estimado A fundamentação teórica é a mesma do custo padrão, porém, a grande diferença é que os custos orçados e estimados, como o próprio nome já diz, procuram identificar os custos que deverão acontecer no futuro, enquanto o custo padrão, pode incorporar metas de realização de custos. 52
  • 53. Custos e gestão financeira fácil VI – SISTEMAS DE ACUMULAÇÃO DE CUSTOS Com o processo produtivo da empresa, pode-se escolher o sistema de acumulação de custos que se encaixa neste processo de produção. Segundo Leone (2000, p.233) existem dois tipos básicos de produção nos quais são a produção por encomenda e a produção de produtos padronizados. Por essa razão, a contabilidade de custos teve que desenvolver dois sistemas básicos de acumulação de custos, que são: sistema de custeamento por ordem e sistema de custeamento por processo, ou seja, uma para produção por encomenda e outro para produção em série de produtos padronizados, respectivamente. Existem casos de empresas que se utilizam os dois sistemas de acumulação, que para esse caso, Padoveze (2000, p.233) conceitua ser o sistema de custeamento por operações ou sistema híbrido de acumulação. A seguir, de uma forma generalizada, os três sistemas de custeamento. 6.1 – Custeamento por ordem. Passarelli et al (2003, p.42) define o custeamento por ordem como o “sistema de custeamento no qual cada elemento de custo é acumulado separadamente, segundo ordens específicas emitidas”. Leone (2000, p.235) ainda diz que é o sistema que “acumula e registra os dados e operações das empresas que trabalham sob regime de fabricação ou prestação de serviços por encomenda”. 53
  • 54. Adryadson Flabio Nappi Para a empresa que tem esse sistema, o processo produtivo só começa com o pedido do cliente, onde se elabora um orçamento para discussão com o mesmo. Leone (2000, p.236) ressalta que nessa ordem de produção ou orçamento, devem estar contido todos os dados da produção, e assim, a setor de produção terá responsabilidade da realização do planejamento da produção e do controle dessa produção. Padoveze (2000, p.228) diz que os dados de custos por ordem de produção são registrados numa folha de custos aberta para aquele produto onde, conforme a elaboração do produto foi sendo concluída, deve-se anotar nesta folha todos os custos eminentes ao produto encomendado. Assim, ao final da produção, terá o custo de cada ordem na folha de produção. Neste sistema, a mão de obra direta é acumulada através das horas trabalhadas para cada produto e o material direto, através de requisições de materiais e serviços exclusivos da ordem. A dificuldade está nos custos indiretos de fabricação, que são geralmente acumulados em rateio com as horas trabalhadas em cada ordem. (PADOVEZE, 2000, p.229). Este sistema, segundo Passarelli et al (2003, p.53) atende ao importante objetivo da obtenção de custos unitários para cada pedido de produção, porém, é um método trabalhoso e requer um elevado custo administrativo, mesmo para a pequena empresa, pois requer uma administração eficiente e qualificada. Por essa razão, quando o processo produtivo é contínuo e com etapas distintas, usa-se o sistema por processo, que veremos abaixo. Vale ressaltar que no presente trabalho, estará sendo usado esse sistema, pois o caso aplicado na realidade prática, a produção dos serviços é contínua. 54
  • 55. Custos e gestão financeira fácil 6.2 - Custeamento por processo O sistema de custos por processo é geralmente utilizado no processo de uma produção em massa. Padoveze (2000, p.229) conceitua que na medida em que o produto segue para o processo seguinte, leva-se consigo como custo inicial o custo unitário até o processo anterior, acumulando-se no processo atual e obtendo o custo unitário acumulado até o processo final do produto. O sistema geralmente usado em empresas de produção padronizada. A ênfase no sistema de contabilidade por processo é colocada na produção para certo período de tempo e no número de unidades completadas e em processo. (PASSARELLI et al, 2003, p.53). 6.3 - Diferenças básicas entre custeio por ordem e processo. Padoveze (2000, p.232) expressa em uma figura, as diferenças básicas dos sistemas de acumulação de custos por ordem e por processo, conforme seguem: Figura 4 – Custeio por ordem X Custeio por processo Sistema Quanto ao: Por ordem Por processo Produtos Produtos Produto fabricado heterogêneos homogêneos Processo de Intermitente Contínuo produção Tempo de Produção mais Produção mais rápida produção demorada por por unidade de 55
  • 56. Adryadson Flabio Nappi unidade produto Volume da Pequenos volumes Grandes volumes produção Clientes específicos Destino da ou estoques Estoque produção específicos Forma de controlar Através do processo Através das ordens a produção (departamentos, etc) Momento da No final do período No encerramento da apuração do custo definido como de ordem da produção apuração de custo Custo do processo Custo total da ordem dividido pelas Cálculo do custo dividido pelas unidades produzidas unitário unidades produzidas e equivalentes em nas mesmas processo no final do período. Fonte: (PADOVEZE, 2000, p.233) 6.4 – Custeamento por operações – sistema híbrido Este sistema é aplicado para as empresas que produzem diversos artigos na mesma operação ou em operações diferentes durante um período grande de tempo, ou quando todos construídos de partes fundamentais mais acabamento diferente. (PADOVEZE, 2000, p.233). É muito utilizado pelas empresas que produzem calçados, equipamentos eletrônicos e outros. Consiste nas duas teorias descritas 56
  • 57. Custos e gestão financeira fácil acima, usando os dois métodos, por ordem e por processo ao mesmo tempo, denominado sistema de acumulação híbrido. 57
  • 59. Custos e gestão financeira fácil VII – ANÁLISE DE CUSTO/VOLUME/LUCRO Para Padoveze (2000, p.269) “a análise de custo/volume/lucro, conduz a três importantes conceitos: margem de contribuição, ponto de equilíbrio e alavancagem operacional”. Desta maneira, para fins de gerenciamento da empresa através da contabilidade de custos, esta análise é muito útil e muito usada pelos gestores atuais. 7.1 – Margem de contribuição A margem de contribuição, para Passareli et al (2003, p.210) a margem de contribuição ou lucro marginal, é o resultado da dedução das vendas de um determinado período com os custos diretos e variáveis do mesmo. Padoveze (2000, p. 269) diz ainda que a margem de contribuição é “a diferença entre o preço de venda unitário do produto e os custos e despesas variáveis por unidade de produto. Significa que cada unidade vendida a empresa lucrará determinado valor”. Basicamente, a margem de contribuição seria Receita menos os Custos Variáveis. Martins (2001, p. 195) diz que essa é a forma onde se encontra o preço unitário, e assim, gerencialmente falando, é onde o administrador pode se apoiar para investir ou não em um produto, ou seja, pode-se saber o lucro marginal de cada produto e assim, produzir mais ou menos aquele produto. Por essa razão, a margem de contribuição é uma ferramenta importante de gestão em curto prazo, pois possibilita análises de redução de custo e aumento de produção para cada produto. 59
  • 60. Adryadson Flabio Nappi 7.2 – Ponto de equilíbrio Leone (2000, p. 425) define o ponto de equilíbrio como sendo “o ponto da atividade onde os custos totais se igualam às receitas”. Já Padoveze (2000, p. 269) acrescenta que “é o ponto que evidencia, em termos quantitativos, qual o volume que a empresa deve produzir ou vender para que consiga pagar todos os custos e despesas”. Neste ponto, não existe lucro ou prejuízo. Basicamente, existem duas formas de cálculo matemático do Ponto de equilíbrio, uma baseada na receita e outra na quantidade produzida, conforme veremos a seguir: Ponto de equilíbrio operacional (PEO) – Receitas Ponto de equilíbrio = Custos fixos x Receitas Margem de contribuição Ponto de equilíbrio operacional (PEO) – Quantidade Ponto de equilíbrio = Custos fixos Margem de contribuição unitária 60
  • 61. Custos e gestão financeira fácil A representação gráfica deste ponto seria: $ Vendas Custo variável Ponto de equilíbrio Custo fixo Volume Na interpretação do gráfico, percebe-se que o custo fixo começa em um ponto “x” e não do ponto zero como as vendas, por que o custo fixo, já discutido, independe do volume de produção, ou seja, a empresa terá que gastar esse montante mesmo se não produzir nada durante o período, por esta razão, é uma reta constante. Depois, partimos para a reta do custo variável, que ao contrário do custo fixo, depende diretamente da produção. É importante dizer que os custos variáveis neste gráfico estão todos os custos variáveis, direto e indireto. Neste caso, a reta dos custos variáveis cresce conforme o volume produzido. Por fim, a reta que faz referência com as vendas, que também tem ligação direta com o volume, também cresce conforme o a quantidade produzida. Assim, no cruzamento dessas duas retas, encontra-se o Ponto de equilíbrio, onde o montante das vendas é suficiente para saldar todos os custos, sejam fixos e variáveis, e não obtendo nem lucro, nem prejuízo no período. Resumidamente, é o ponto da produção onde o lucro é zero. 61
  • 62. Adryadson Flabio Nappi Gerencialmente, é um conceito importante, pois, segundo Padoveze (2000, p.269) “identifica o nível mínimo de atividade em que a empresa ou cada divisão deve operar”. 7.3 – Alavancagem operacional “É a possibilidade de acréscimo ao lucro total pelo incremento das quantidades produzidas e vendidas, buscando a maximização do uso dos custos e despesas fixas”, diz Padoveze (2000, p.270). Passarelli et al (2003, p. 236) acrescenta que o efeito alavancagem é relacionado aos custos fixos da empresa, custos que podem trazer um certo risco para a mesma. Assim, “a alavancagem operacional mede esse risco operacional”. A alavancagem assim pode mostrar ao gestor, a saber, o quanto de custos fixo está sendo usado na empresa, e, conforme Padoveze (2000, p. 273), possibilita um “levantamento de lucros líquidos maiores que o esperado, através da alteração correta da proporção de custos fixos na estrutura de custos da empresa”. Ainda Padoveze (2000, p.273) diz que o grau de alavancagem pode ser medido através da forma: Margem de Contribuição / Lucro líquido operacional = Grau de alavancagem operacional Este conceito permite ao gestor saber quanto uma mudança percentual no nível de vendas pode afetar os lucros. 62
  • 63. Custos e gestão financeira fácil VIII – FORMAÇÃO DE PREÇO DE VENDA A formação do preço de venda é utilizada por todas as empresas do mercado, pois, desde que nasceu a economia monetária, tudo o que se vende ou negocia, necessita de um preço, ou seja, de um valor monetário para o produto ou serviço em questão. Para as empresas que contêm uma contabilidade de custos, será apenas mais um passo facilmente encontrado, pois com todos os custos computados e calculados no controle de custos, esse método será mais um subproduto decorrente do controle de custos. Martins (2001, p.237) diz que os preços, na economia de mercado atual, "são decorrência dos mecanismos da oferta e procura", ou seja, "o mercado é o grande responsável pela fixação do preço, e não os custos de obtenção dos produtos". Com essa visão de Martins (2001, p.237) tem-se o conceito de formação de preço de venda a partir do mercado. 8.1 - Preço de venda a partir do mercado. Para esse conceito, Padoveze (2000, p.311) ressalta que esse conceito teoricamente dispensaria o cálculo dos custos e a formação do preço de venda a partir dele. Seria necessária apenas uma pesquisa de mercado para atualizar o preço de venda. Porém, Padoveze (2000, p.311) diz que essa forma é importante pois possibilita a empresa a encontrar a realidade inversa da formação do preço de venda, tornando o elemento fundamental para a formação dos custos e despesas, pois se o preço de mercado é o máximo que a empresa pode atribuir ao seu produto, encontra-se a adaptação dos custos e despesas a essa realidade. 63
  • 64. Adryadson Flabio Nappi Porém, através da contabilidade de custos, existem outras maneiras de encontrar o preço de venda do produto, como a partir do custo e sua validade. 8.2 - Preço de venda a partir do custeio direto/variável. Neste caso, utilizam-se os valores de custos diretos e variáveis e as despesas variáveis do produto que possam ser identificadas. Após isso, deve-se calcular uma margem de contribuição que cubra, além da rentabilidade desejada do produto, os custos e despesas fixas que não foram alocados ao produto. (PADOVEZE, 2000, p.310). 8.3 - Preço de venda a partir do custeio por absorção. Padoveze (2000, p.310) diz que a técnica mais utilizada para é pelo custeio por absorção, que é "onde se toma por base os custos industriais por produto e somam-se as taxas gerais das despesas administrativas e comerciais, financeiras e a margem desejada". 8.4 - Mark -up Na formação do preço de venda pelo custo, é preciso identificar um multiplicador sobre os custos, que facilite e agilize o cálculo do preço do produto. Este multiplicador, segundo Padoveze (2000, p.312) é aplicado sobre os custos dos produtos e sua construção está ligada a determinados percentuais sobre o preço de venda, através de relações percentuais médias sobre o mesmo, e assim, aplicados a seguir sobre o custo dos produtos. Para encontrar o mark-up, segundo Padoveze (2000, p.312), utiliza-se a seguinte formula (dados percentuais exemplificativos): 64
  • 65. Custos e gestão financeira fácil Preço de venda bruto 100% (-) Tributos e lucro desejado 15% (=) Preço de venda líquido 85% Preço de venda bruto 100% (/) Preço de venda líquido 85% Mark-up 1,1764 65
  • 67. Custos e gestão financeira fácil IX – ALGUNS CONCEITOS DE CONTABILIDADE GERENCIAL. Como o trabalho visa implantar uma contabilidade de custos na empresa, é preciso ter em mente, conceitos de contabilidade gerencial, para que, com o controle de custos pronto, possa-se usá-lo de uma maneira adequada e benéfica para a empresa. Como a contabilidade gerencial é voltada para o gerenciamento interno da empresa sendo um instrumento eficaz de tomada de decisão, ela não está sujeita a normatização do fisco. Por essa razão, as empresas realizam em sua gestão, duas formas de contabilização, a chamada contabilidade societária, para atender as exigências do fisco e a contabilidade gerencial, para atender as exigências da administração. 9.1 – Departamentalização. A divisão de uma empresa em departamentos é muito comum na gestão atual. A facilidade de delegar tarefas e responsabilidades é um dos maiores motivos para tal divisão. Martins (2001, p.70) diz que o “departamento é a unidade mínima para a contabilidade de custos, representada por homens e máquinas (na maioria dos casos), que desenvolve atividade homogênea”. Isto por que, sempre há um responsável para cada departamento, delegando as responsabilidades e aumentando o controle. 9.2 – Ativo intangível Outro conceito muito importante na contabilidade moderna e principalmente na contabilidade gerencial é o chamado ativo intangível. 67
  • 68. Adryadson Flabio Nappi Por ser um patrimônio não material da empresa, é um item muito difícil de se mensurar. Porém, sem dúvida alguma, é um patrimônio muito importante para a empresa. Segundo Sá (2000, p.47) o “ativo intangível das empresas é resultado do aumento de funções do próprio capital material e dos agentes que sobre ele atuam para dinamizá-lo e aumentar-lhe a capacidade de utilidade ou eficácia. Segundo a visão neopatrimonialista, não se trata essencialmente de um maior valor do capital, mas sim, de uma maior função da riqueza sob a ação de relações basicamente ambientais e que se pode mensurar quando se procura traduzir tais elementos em valores”. Assim, são exemplos de ativo intangível para uma empresa, a sua marca, seu ponto comercial, sua clientela, recursos de capacidade intelectual, tradição de mercado e outros. Tudo isso pode afetar na análise gerencial da empresa e principalmente, na formação do preço de venda, e, por essa razão, é importante ressaltar no estudo. 9.3 – Relatórios gerenciais. São informações que devem ajudar o investidor ou empresário a tomar decisões para sua empresa. Estes relatórios são basicamente os mesmos que os da contabilidade societária, porém, com alguns acertos em lançamentos ou projeções contábeis. Como o trabalho tem o objetivo de elaborar uma metodologia de custos e, à partir disso, uma análise gerencial de suas conseqüências, o mesmo estará tentando demonstrar os dois tipos de relatórios sempre que possível, tanto os da contabilidade societária quanto os da gerencial. 68
  • 69. Custos e gestão financeira fácil X – AVALIAÇÃO E CONTROLE DE ESTOQUES Dentro da contabilidade de custos, o estoque é extremamente importante. A princípio, entendia-se que contabilidade de Custos resumia-se em controlar de maneira eficaz o estoque da empresa. Porém, com a evolução das organizações empresariais, evolui também o conceito de contabilidade de custos, transformando em uma contabilidade gerencial, como já vimos nos capítulos acima. Nesse capítulo, vamos conhecer e entender quais são os métodos contábeis de controle de estoque. Primeiramente, precisamos perceber quais os tipos de estoque que podemos ter em uma empresa, como veremos: Estoques para empresas industriais: • Estoque de matérias primas – são produtos que serão utilizados na produção; • Estoque de produtos em elaboração – são produtos inacabados na fabrica; • Estoque de produtos acabados – são os produtos que já podem ser vendidos, ou seja, já passou por todo o processo produtivo e está pronto para ser vendido. Estoques para empresas do comércio: • Estoque de mercadorias – são os produtos que a empresa adquiriu para revender, o que caracteriza a comercialização do mesmo. As empresas que são prestadoras de serviços também podem ter estoques de materiais de consumo, que também devem ser controlados, evitando assim, gastos errados no estoque. 69
  • 70. Adryadson Flabio Nappi A boa administração de estoque é importante para o bom andamento do processo produtivo comercial da organização. Na contabilidade, existem duas formas de se avaliar os estoques que são elas: Sistema de inventário periódico e sistema de inventário permanente. No Inventário Periódico, o Custo do produto ou da mercadoria é feito, conforme percebemos no próprio nome, periodicamente, geralmente, ao longo do ano para a elaboração do Balanço e da DRE. Já no Inventário Permanente, o custo é avaliado permanentemente por meio de controles que iremos ver daqui a pouco. É importante entender que, ao avaliar o estoque, nós encontramos o custo contábil da mercadoria que irá compor a Demonstração de Resultados da empresa, logo abaixo do Lucro Bruto. Para uma empresa industrial, nós chamamos de CPV (Custo dos produtos vendidos), CMV (Custo da mercadoria vendida) para as comerciais e CSV (Custo dos serviços vendidos) para as empresas prestadoras de serviço. Conhecendo essas informações básicas, já podemos estudar os dois sistemas de inventário, como veremos a seguir. 10.1 – Sistema de Inventário Periódico 10.1.1 – Empresas industriais Para se encontrar o custo do produto vendido (CPV) para a indústria nesse sistema, utilizamos, basicamente, a seguinte fórmula: CPV = EI + CV - EF 70
  • 71. Custos e gestão financeira fácil Ou seja, o Estoque inicial que tínhamos no início do período, geralmente do ano, somado com os Custos variáveis (gastos relativos a produção) deduzido do Estoque final do mesmo período. O cálculo é simples quando se tem todos os dados controlados pela contabilidade geral. É importante dizer nesse momento que, contabilmente, esse processo é feito em todas as empresas industriais para se apurar o custo do produto, porém, nem todas as empresas fazem o Inventário permanente. Portanto, o mais correto seria que as empresas fizessem os dois sistemas, para haver um maior controle, porém, em alguns casos, o inventário permanente passa a não ser tão necessário devido ao tamanho da empresa. 10.1.2 – Empresas comerciais Para as empresas comerciais, usamos a seguinte fórmula: CMV = EI + Compras - EF Ou seja, para alcançar o Custo da Mercadoria Vendida (CMV), fazemos o Estoque inicial do período somado com as compras do mesmo período e deduzimos o Estoque final. Nesse caso, a empresa deve realizar a contagem do estoque periodicamente, para que se possa ter o Estoque final exato no fim do período. Geralmente, quando as empresas vão realizar essa contagem, é deixado um aviso na porta com os dizeres: “Fechado para balanço”. 10.1.3 – Empresas prestadoras de serviços 71
  • 72. Adryadson Flabio Nappi Para as empresas prestadoras de serviços, usamos a seguinte fórmula: CSV = Mat. Consumo + Mão de obra + Outros custos Nesse caso, como não existe um estoque de produtos ou mercadorias, somamos os materiais de consumo utilizados na prestação de serviço, bem como os salários e outros custos relacionados diretamente com os serviços prestados. 10.2 – Sistema de Inventário Permanente Nesse sistema, temos três formas para fazer, sendo que somente duas delas são aceitas pelo fisco. São elas: PEPS (Primeiro que entra, primeiro que sai), UEPS (Último que entra, último que sai) e Custo médio. O fisco só aceita o PEPS ou Custo médio para a contabilidade, porém, em certos casos, o UEPS pode ser útil gerencialmente e, por isso, citamos nesse trabalho. Abaixo, colocamos um modelo de planilha que pode ser usada nas três formas de avaliação de estoque. Planilha modelo para avaliação de estoque. Entradas Saídas Saldo Data Qtde $ unit Total Qtde $ unit Total Qtde $ unit Total 72
  • 73. Custos e gestão financeira fácil No sistema PEPS, conforme já diz o nome, é dada baixa sempre no primeiro estoque que entrou, conforme veremos em um exemplo abaixo. No UEPS é dada baixa primeiro no último estoque que entrou e no CUSTO MÉDIO, calcula-se um “preço” médio de estoque. É importante dizer que nesse sistema de inventário, ao terminar o período, o administrador já tem o valor em mãos do Custo do produto ou da mercadoria e do Estoque final. O valor do custo é o total da coluna de saídas da planilha enquanto o estoque final é o total da coluna de saldo, como vemos: Entradas Saídas Saldo Data Qtde $ unit Total Qtde $ unit Total Qtde $ unit Total Total CMV Total EF Veremos agora, um exemplo numérico para aprendermos a realizar as três formas. Data Qtde Preço/kg Produção 04/01 500 kg 10,50 12/01 800 kg 12,30 21/01 950 kg Dentro desse exemplo, vamos fazer o método: 73
  • 74. Adryadson Flabio Nappi PEPS Entradas Saídas Saldo Data Qtde $ unit Total Qtde $ unit Total Qtde $ unit Total 04/01 500 10,50 5.250 500 10,50 5.250 12/01 800 12,30 9.840 500 10,50 5.250 800 12,30 9.840 21/01 500 10,50 5.250 350 12,30 4.305 450 12,30 5.535 Total 15.090 CMV 10.785 EF 4.305 Percebemos que ao sair o estoque para a produção, a baixa foi dada ao primeiro da listagem do saldo, no caso, ao estoque que tinha o preço de $ 10,50 para, somente depois, dar baixa no outro. UEPS Entradas Saídas Saldo Data Qtde $ unit Total Qtde $ unit Total Qtde $ unit Total 04/01 500 10,50 5.250 500 10,50 5.250 12/01 800 12,30 9.840 500 10,50 5.250 800 12,30 9.840 21/01 800 12,30 9.840 350 10,50 3.675 150 10,50 1.575 Total 15.090 CMV 11.415 EF 3.675 Neste exemplo, percebemos que o último da listagem do estoque foi o que saiu primeiro. É importante dizer que, geralmente, o UEPS tende a dar um estoque menor e um Custo maior, pois a variação do preço de um produto tende a ser para cima, e o valor menor vai ficando no estoque. 74
  • 75. Custos e gestão financeira fácil CM Entradas Saídas Saldo Data Qtde $ un. Total Qtde $ un. Total Qtde $ un. Total 04/01 500 10,50 5.250 500 10,50 5.250 12/01 800 12,30 9.840 1.300 11,61 15.090 21/01 950 11,61 11.029 350 11,61 4.063 Total 15.090 CMV 11.029 EF 4.063 Nota: os centavos foram ignorados na coluna total Essa forma é a mais utilizada pelas empresas, por ser a mais fácil e intuitiva. Perceba que, no momento em que entrou a segunda compra, é somado as quantidades e os totais e divide-se um pelo outro, para encontrar um preço médio de estoque. Explicando o cálculo, seria assim: Primeiro passo: Qtde = 500 + 800 = 1.300 Segundo passo: Total = 5.250 + 9.840 = 15.090 Terceiro passo: Preço médio = Total / Qtde Preço médio = 15.090 / 1.300 = 11,61 75
  • 77. Custos e gestão financeira fácil CONCLUSÃO. Sem dúvida, um tema fascinante na área contábil, a contabilidade de custos mostra a beleza da ciência contábil e principalmente sua grande utilidade como gerenciamento e organização de uma empresa. Na pequena viagem em algumas bibliografias das muitas sobre o assunto, percebeu-se a imensidão e a riqueza de opiniões e conceitos relacionados ao tema. Desta forma, uma passagem rápida por alguns conceitos básicos e relacionados diretamente com o objetivo principal da pesquisa, tentou-se demonstrar, de uma forma resumida, a teoria de uma contabilidade de custos. Muitos são os estudiosos que se especializam neste tema, e várias metodologias são utilizadas com o objetivo de se aproximar ao máximo um custo unitário com a realidade empresarial e de mercado. Porém, em um mercado concorrente e globalizado, a qualidade e preço baixo, são essencial para vencer e permanecer no mesmo. Padoveze (2000, p. 219) diz que a vantagem de uma contabilidade gerencial de custo “está na aproximação da administração da empresa com as unidades produzidas”, ou seja, “é impossível se fazer um gerenciamento de custos sem conhecer o produto e seu processo de produção”, e assim, “as possibilidades para gerenciamento contábil se alargam de modo marcante”. Sendo assim, o presente estudo visa incentivar os profissionais da área para um crescimento contínuo da ciência e a valorização do contador no mundo globalizado. O antigo “guarda livros” se torna o controller da empresa e uma peça fundamental para tomada de decisões e estratégias de crescimento, no tabuleiro da organização. 77
  • 78. Adryadson Flabio Nappi Afirma-se assim que a proposta de analisar os modelos e métodos de custos existentes e, a partir desta análise, desenvolver uma contabilidade de custos para uma empresa já pode ser realizada, a partir do que aprendemos nesse trabalho. 78
  • 79. Custos e gestão financeira fácil PARTE II ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 79
  • 81. Custos e gestão financeira fácil I – ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA A Administração Financeira está ligada com as responsabilidades de um administrador financeiro em uma organização empresarial. Análise de créditos, capitação e recursos, fluxo de caixa, contas a pagar e receber, orçamentos, previsões financeiras, análise de investimentos e fundos e análise de relatórios financeiros são atividades fundamentais para um bom administrador financeiro. É importante dizer que, com o crescimento da concorrência e a complexidade do mercado financeiro, todas as empresas precisam ter esse departamento em sua estrutura, seja com ou sem fins lucrativos, empresas privadas ou públicas. 1.1 – O que é finanças? Gitman (2002, p.4) define finanças como “a arte e a ciência de administrar fundos. Praticamente todos os indivíduos e organizações obtêm receitas ou levantam fundos, gastam ou investem. Finanças ocupa-se do processo, instituições, mercados e instrumentos envolvidos na transferência de fundos entre pessoas, empresas e governos”. 1.2 – O administrador financeiro Devido a complexidade do mercado financeiro e suas variações constantes, cabe ao administrador financeiro a responsabilidade de captar e administrar da melhor maneira possível os recursos que a empresa possui num determinado momento. Para isso, esse profissional precisa estar constantemente atualizado com a situação macro e microeconômica do país em que trabalha, e por que não dizer, do mundo todo. A globalização fez nascer multinacionais, ou seja, empresas que existem no mundo todo e, 81
  • 82. Adryadson Flabio Nappi consequentemente, precisa saber enfrentar realidades de mercado e de investimentos totalmente diferentes. Não seria exagero dizer que para ser um administrador financeiro competente, é preciso conhecer economia, administração e contabilidade. Porém, o mercado financeiro proporciona algumas oportunidades para quem deseja seguir carreira nessa área fascinante do mercado, e em cada uma delas, os requisitos mínimos serão necessários para uma realização satisfatória do trabalho em questão. 1.3 – Oportunidades de carreira em serviços financeiros Bancos e instituições correlatas – “Os analistas de crédito avaliam e fazem recomendações relativas a concessão de empréstimos a empresas, para aquisição de imóveis ou para consumo” (Gitman, 2003 p.5). Planejamento de finanças pessoais – São os consultores financeiros que trabalham de maneira independente ou como empregado para prestarem serviços de aconselhamento financeiro para finanças pessoais, auxiliando-as no planejamento, controle e investimentos financeiros adequados. Investimentos – Estes trabalham diretamente com assessoria financeira para as empresas em geral, assessorando na compra e venda de títulos ou ações. Bens imóveis – São os chamados agentes ou corretores de imóveis que auxiliam a transação de bens imóveis, seja elas para compra, venda ou locação. Seguros – São os corretores de seguros que estão diretamente ligados com aquisição e análise de seguros de bens pessoais ou empresariais. 82
  • 83. Custos e gestão financeira fácil Empresas – Trabalhar no departamento financeiro de empresas em geral. 1.4 – Atividades-chaves do administrador financeiro Análise e planejamento financeiro Trata em especial da determinação do volume de capital necessário para as atividades da empresa. Decisões de Investimentos Essa atividade resume-se na tomada de decisões corretas para os investimentos empresariais necessários em ativos circulantes e não circulantes. Decisões de Financiamentos Trata-se de buscar a decisão correta em como buscar fontes de recursos financeiros para a empresa, em passivos circulantes ou não circulantes. Atividades Financeiras Análise e planejamento financeiro Balanço Patrimonial Ativos Passivos Decisões de Circulantes Circulantes Decisões de Investimento Financiamento Ativos Recursos Permanentes Permanentes Fonte: Gitman, 2003, p. 14 É importante deixar claro este quadro de Atividades Financeiras, pois nele contem informações fundamentais para a administração financeira. 83
  • 84. Adryadson Flabio Nappi Podemos perceber que as atividades-chaves do administrador financeiro estão baseadas e fundamentadas em um relatório contábil, chamado de Balanço Patrimonial. Mais uma vez percebemos aqui a importância da contabilidade para uma boa administração financeira na empresa. A análise e planejamento financeiro envolvem todas as contas do Balanço Patrimonial, contando os recursos de curto e longo prazo. As decisões de investimento envolvem o lado esquerdo do Balanço, em sua parte denominada Ativo, e, contrariamente, as decisões de financiamento envolvem o lado direito do Balanço, em sua parte denominada Passivo. Chegamos então em um conceito importante para análise do Balanço Patrimonial, onde percebemos claramente a Origem dos recursos e a Aplicação dos recursos obtidos na empresa. Este tópico nós veremos mais profundamente em outro capítulo, porém, é importante, nesse primeiro momento, a visualização clara do fluxo de recursos de uma empresa, conforme veremos na figura abaixo. Aplicação Origem dos Recursos dos Recursos Ativo Passivo Ativos Passivos Circulantes Circulantes Ativos Passivos Não circulantes Não circulantes Ativos Passivos Permanentes Permanentes 84