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JB NEWS
Filiado à ABIM sob nr. 007/JV
Editoria: Ir Jeronimo Borges
Academia Catarinense Maçônica de Letras
Academia Maçônica de Letras do Brasil – Arcádia de B. Horizonte
Loja Templários da Nova Era nr. 91(Florianópolis) - Obreiro
Loja Alferes Tiradentes nr. 20 (Florianópolis) - Membro Honorário
Loja Harmonia nr. 26 (B. Horizonte) - Membro Honorário
Loja Fraternidade Brazileira de Estudos e Pesquisas (J. de Fora) -Correspondente
Loja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas (P. Alegre) - Correspondente
O JB News está sendo editado hoje em João Pessoa - PB
Saudações, Prezado Irmão!
Índice do JB News nr. 2.108 – João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016
Bloco 1 -Almanaque
Bloco 2 -IrNewton Agrella – A Ordem Ritualística dos Movimentos (Editorial de domingo)
Bloco 3 -IrJoão Ivo Girardi (Coluna do Irmão João Gira – Sofrimento Provado
Bloco 4 -IrJosé Ronaldo Viega Alves – O Elemento Fogo: Simbolismo na Mitologia e na Bíblia ........
Bloco 5 -IrHercule Spoladore – O Sol como Símbolo na Maçonaria
Bloco 6 -IrJoão Anatalino Rodrigues – Estudos Maçônicos – As Origens da Cabala
Bloco 7 - Destaques JB – Breviário Maçônico - versos do Irmão e Poeta Sinval Santos da Silveira
JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 2/34
Autor Ir Zelito Magalhães:
zelito.magalhaes@hotmail.com
Nesta edição:
Pesquisas – Arquivos e artigos próprios e de colaboradores e da Internet
– Blogs - http:pt.wikipedia.org - Imagens: próprias, de colaboradores e
www.google.com.br
Os artigos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião deste
informativo, sendo plena a responsabilidade de seus autores.
1 – ALMANAQUE
Hoje é o 192º dia do Calendário Gregoriano do ano de 2016– (Lua Nova)
Faltam 174 para terminar este ano bissexto
Dia Internacional da Pizza
Se o Irmão não deseja receber mais o informativo ou alterou o seu endereço eletrônico,
POR FAVOR, comunique-nos pelo mesmo e-mail que recebeu a presente mensagem, para evitar
atropelos em nossas remesssas diárias. Obrigado.
Colabore conosco para evitar problemas na emissão de nossas mala direta diária.
LIVROS
JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 3/34
 48 a.C. - Pompeu é derrotado na batalha de Dirráquio.
 1460 - Guerra das Rosas – Batalha de Northampton: O Conde de Warwick vence novamente e Henrique VI é feito
prisioneiro.
 1499 - O navegador português Nicolau Coelho retorna a Lisboa, após ter participado da expedição de Vasco da
Gama que dobrou o Cabo da Boa Esperança e descobriu o caminho para a Índia.
 1553 - Início do reinado de Joana Grey (ou Jane Grey), Rainha de Inglaterra; deposta a 19 de Julho por Maria I (ou
Mary I).
 1832 - Criação do Município de Pirenópolis, Goiás, fundada em 1727.
 1859 - O Big Ben soou pela primeira vez, em Londres..
 1932 - Revolução Constitucionalista de 1932: o sul de Mato Grosso rebela-se contra o Governo Provisório e funda
o Estado de Maracaju.
 1938 - O milionário Howard Hughes consegue um novo recorde mundial ao completar um voo de 91 horas ao redor do
mundo.
 1943 - Segunda Guerra Mundial: os aliados desembarcam na Sicília, na Operação Husky. Inicia-se a invasão da Itália.
 1973 - Independência das Bahamas.
 1974 - O poema "Hino dos Bandeirantes" é instituído como letra oficial do Hino do estado de São Paulo.
 1985 - O navio Rainbow Warrior, do Greenpeace, é afundado no porto de Auckland, Nova Zelândia, na sequência do
rebentamento de uma bomba colocada por agentes daDGSE francesa. O fotógrafo português Fernando Pereira morre
na explosão.
 1991 - Boris Yeltsin é eleito presidente da Rússia.
1730 Nasce o Irmão Jean-Baptiste Willermoz, ocultista, Rosacruz e ritualista francês
1780 Nasce Januário da Cunha Barbosa, o Irmão Kant, a quem o Brasil deve inestimáveis serviços à
causa de sua Independência.
1817 Os Irmãos Domingos Teotônio Jorge e José de Barros Lima, mais o padre Pedro de Souza
Tenório e outros implicados na Revolução Pernambucana são executados.
1884 1884 - Foi decretada, por um maçom que governava a Província do Amazonas, o ir.'. Theodureto
Carlos de Faria Souto, extinção da Escravidão. Esse ato ficou assim assinalado: Foi um
acontecimento que se revestiu de alta significação social e política, pelas suas benéficas conseqüências.
1899 Fundação da Loja Maçônica Caridade Palmense, de Palmas/PR (GOB)
1909 Fundação da Grande Loja da Turquia.
1974 Fundação da Loja Mario Behring nr. 37 de Fortaleza (GLMEC)
1994 Fundação da Loja União e Cultura nr. 139, de Nazário/MG (GLMMG)
EVENTOS HISTÓRICOS (fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki)
Aprofunde seu conhecimento clicando nas palavras sublinhadas
Fatos maçônicos do dia
Fonte: O Livro dos Dias 20ª edição (Ir João Guilherme) e acervo pessoal
JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 4/34
Ir Newton Agrella - CIM 199172
M I Gr 33
membro ativo da Loja Luiz Gama Nr. 0464
e Loja Estrela do Brasil nr. 3214
REAA - GOSP - GOB
newagrella@gmail.com
"A ORDEM RITUALÍSTICA DOS
MOVIMENTOS"
Na mesma proporção em que nos guiamos pelo tempo, senhor de nossas vidas, através do
exercício contínuo dos ponteiros de um relógio, nos valemos de uma forma disciplinar quando nos
movimentamos ritualisticamente dentro de um templo maçônico.
A chamada "circulação destrocentrica" - que se observa quando a Loja acha-se composta e em
funcionamento - enseja a circulação dos Obreiros sempre no sentido horário, mantendo-se o lado
direito do corpo voltado para o centro e é dessa maneira que o Candidato à Iniciação deve marchar ao
transcurso de suas quatro viagens simbólicas.
Os registros mais remotos da História das Civilizações e da própria dinâmica que se empresta aos
movimentos em prol da Evolução e das Energias Positivas refletem o destrocentrismo como o
processo de favorecimento às Forças do Bem, da Fluidez da Alma e da Virtude.
O Obreiro inicia seu trabalho ao romper da Aurora que simbolicamente parte do Ocidente (oeste)
transita pelo Setentrião - prossegue para o Oriente (leste) onde o Sol ganha seu fulgor mais expressivo
- viaja para o Sul e completa o seu ciclo horário destrocentrico encerrando suas atividades quando o
crepúsculo se pronuncia de volta para o Ocidente. Hora do repouso.
Assim esse processo ritualístico se evidencia como forma de os trabalhos em Loja seguirem uma
dinâmica evolucionista numa relação causal entre Cosmo, Sol e os elementos zodiacais.
O Sol é o elemento universal regente da Ordem Maçônica e identificado como o principio ativo da
existência da vida em nosso planeta associado ao gênero masculino e ao poder criador .
Na própria Maçonaria Especulativa cuja essência se debruça sobre a investigação teórica da natureza
das coisas é que baseado nas Civilizações mais antigas de que se tem registro, esse Astro é divinizado
e cultuado pelos povos e não é por acaso que ele ornamenta e se constitui em símbolo orientativo
localizado junto ao Trono de Salomão.
Seguimos o rumo da orientação evolutiva, baseados no Astro-Rei que nasce, irrompe o dia e se oculta
no Ocidente marchando ritualisticamente em prol do aperfeiçoamento humano.
Fraternalmente
Newton Agrella
2 – Editorial de domingo – A Ordem Ritualística dos Movimentos
Newton Agrella
JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 5/34
O Ir. João Ivo Girardi joaogira@terra.com.br da Loja
“Obreiros de Salomão” nr. 39 de Blumenau é autor do
“Vade-Mécum Maçônico – Do Meio-Dia à Meia-Noite”
Premiado com a Comenda do Mérito Cultural Maçônico
“Aquiles Garcia” 2016 da GLSC.
Escreve dominicalmente neste 3º. Bloco.
SOFRIMENTO PROVADO
1. Rituais GLSC:
(...) Qual o operário aplicado à realização da Grande Obra, o Iniciado deverá estar
compenetrado no interesse em prosseguir na conquista de uma felicidade contínua e sem mescla.
Uma felicidade que se perpetue e que não seja perturbada, não pode, como tal, ser considerada;
transforma-se em suplício, porque ela fatiga e conduz ao aniquilamento, à morte. Nossa vida
consiste na ação, na luta contra os obstáculos, no trabalho penoso, mas perseverante,
empreendido por um ideal a realizar. O esforço, sofrimento provado, é o prêmio da vida, cujas
alegrias são exatamente proporcionais às ações empregadas para possuí-las. (RC).
2. Ensaio: Miguel de Unamuno: (1864-1936) Só o sofrimento nos torna humanos.
Contexto: Área: Ontologia. Abordagem: Existencialismo
Antes:
c.500 a.C. Buda afirma que toda a vida é marcada pelo sofrimento e oferece o Caminho Óctuplo
como rota de libertação de suas causas.
c. 400 d.C. Santo Agostinho pergunta como pode haver sofrimento num mundo criado por um
Deus misericordioso e todo-poderoso
Depois:
1940 O escritor e estudioso irlandês C. S. Lewis explora a questão do sofrimento em O problema
do sofrimento.
Século XX A filosofia de sofrimento de Unamuno influencia outros escritores espanhóis, como
Federico García Lorca e Juan Ramón Jiménez e o escritor britânico Graham Greene.
O filósofo romancista e poeta espanhol Miguel de Unamuno é talvez mais conhecido pela obra Do
sentimento trágico da vida (1913). Nela, escreveu que toda consciência é consciência da morte
(estamos dolorosamente cientes de nossa privação de imortalidade) e do sofrimento. O que nos
torna humanos é o fato de que sofremos.
À primeira vista, essa ideia parece próxima daquela de Sidarta Gautama, o Buda, que também
disse que o sofrimento é parte inevitável da vida humana. Mas a resposta de Unamuno não vê o
sofrimento como um problema a ser superado pela prática do desprendimento. Em vez disso, ele
argumentou que o sofrimento é parte essencial do que significa existir como ser humano – uma
experiência vital.
3 – Coluna do Irmão João Gira – Sofrimento Provado
João Ivo Girardi
JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 6/34
Se toda consciência equivale à consciência da mortalidade e do sofrimento humano, como
Unamuno afirmava, e se a consciência é o que nos torna humanos, então a única maneira de
conceder às nossas vidas algum tipo de peso e substância é abraçar esse sofrimento. Se nos
afastarmos disse, estaremos nos afastando não apenas do que nos torna humanos, mas também de
nossa própria consciência.
Amor ou felicidade: Há também uma dimensão ética nas ideias de Unamuno sobre o sofrimento.
Ele afirma que é essencial reconhecer a dor, porque somente ao encararmos o nosso próprio
sofrimento nos tornamos capazes de amar verdadeiramente outros seres que sofrem. Isso nos
apresenta uma dura escolha. De um lado, podemos escolher a felicidade e fazer tudo para nos
afastar do sofrimento. Do outro podemos sofrer e amar. A primeira alternativa pode ser mais
fácil, mas é uma escolha limitante, ao final - de fato, separar-nos de uma parte essencial de nós
mesmos. A segunda alternativa, mais difícil, abre o caminho para a possibilidade de uma vida de
profundidade e importância.
Frases: Cada novo amigo que ganhamos no decorrer da vida aperfeiçoa-nos e enriquece-nos,
não tanto pelo que nos dá, mas pelo que nos revela de nós mesmos. - Somos mais pais do nosso
futuro do que filhos do nosso passado. - Quase todos os homens vivem inconscientemente no
tédio. O tédio é o fundo da vida, foi o tédio que inventou os jogos, as distrações, os romances e o
amor.
Obras-chave: Do sentimento trágico da vida; A agonia do cristianismo; Contos completos; Amor
e pedagogia.
(Fonte: O Livro da Filosofia, Ed. Globo, 2011)
3. Ensaio: Os infernos são os outros: Jean-Paul Sartre: Um relacionamento desgastante entre
as pessoas resulta em tormenta eterna. Em 1944, o filósofo existencialista e escritor francês,
Jean-Paul Sartre (1905-1980) escreveu uma peça teatral Huis clos (traduzido para o português:
Entre quatro paredes) que conta a história de três pessoas mortas condenadas a passar a
eternidade confinadas juntas em um quarto. O relacionamento que se desenvolve entre elas é tão
desgastante que um personagem termina a peça dizendo: O inferno são os outros.
Para Sartre, ateu existencialista, a ideia de Inferno e Paraíso era ficção. Não obstante, ele
escreveu Huis clos com o intuito de apresentar sua visão de inferno: um mundo em que somos
obrigados a passar a eternidade com pessoas indesejadas. O verdadeiro inferno, dizia Sartre, é a
dor e o sofrimento resultantes de uma vida de relacionamentos negativos. O despeito e a
desolação presentes na peça levaram muita gente a acreditar que a frase Os infernos são os outros
era atribuída à condição da existência humana em geral, e que, segundo Sartre, a única forma de
alcançar a verdadeira realidade é viver em isolamento.
Sartre esclareceu mais tarde sua intenção, explicando que, se as pessoas estão num
relacionamento fracassado, a vida é um inferno, mas isso não significa que todos os
relacionamentos são assim. Para qualquer indivíduo preocupado com os relacionamentos sociais e
envolvido na busca de uma vida plena, a ideia de que o inferno são os outros é, no mínimo,
inquietante, pois nos obriga a refletir sobre nós mesmos, sobre as pessoas com quem
compartilhamos a vida, sobre a influência que exercemos uns aos outros e sobre o que podemos
fazer (se é que podemos fazer alguma coisa) para encontrar a felicidade. (...) Não há necessidade
de atiçador de brasas. O inferno são os outros. (Jean-Paul Sartre, Entre quatro paredes, 1944).
(Fonte: 1001 Ideias que mudaram nossa forma de pensar, 2014, Robert Arp).
4) Nietzsche e o sofrimento: Sofrimento, o que é o sofrimento? O que significa sofrer? Para
muitos, nos dias de hoje, o sofrimento é uma coisa ruim, que deveria ser banida de nossas vidas;
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algo que é proporcionado apenas a alguns poucos fracos. Muitos filósofos tentaram reduzir
nosso sofrimento, oferecendo conselhos de como amenizar nossa dor, confortando-nos; e
religiões, como o cristianismo, que se propõem a oferecer consolo aos seus fiéis. O sofrimento é
visto como um sentimento que causa dor, desolação, angústia, falta de autoconfiança. Mas, quem
disse que esses sentimentos são necessariamente ruins? Segundo o filósofo alemão Friedrich
Wilhelm Nietzsche (1844-1900), sofrer significa muito mais do que isso. O sofrimento, na
filosofia nietzscheana, ao contrário da opinião popular, é algo vantajoso na vida. Sem sofrimento
não há vitória, não há sucesso. Embora muitos imaginem o sucesso como fácil e natural para
algumas pessoas, na visão de Nietzsche não existe um caminho reto até o topo. Não falem de dons
ou talentos inatos. ele escreveu. Podemos listar muitas figuras importantes que não tinham
talento, mas conquistaram seu mérito e transformaram-se em gênios. Elas fizeram isso superando
dificuldades. Como diz a famosa frase de Nietzsche: Aquilo que não causa minha morte, torna-
me mais forte. Esta citação resume bem a visão de Nietzsche sobre o sofrimento. Mas, não basta
sofrer, pois, se assim fosse, todos seríamos felizes; todos passam por dificuldades na vida e nem
por isso são felizes, ou deixam de passar por grandes dificuldades. A questão é como encaramos o
sofrimento, as dificuldades, os fracassos. Para definir metaforicamente sua visão, Nietzsche diz
que devemos nos espelhar nos jardineiros. Um jardineiro depara-se com plantas cujas raízes são
horríveis, monstruosas, mas o resultado que se obtém delas é sublime! Não há uma bela flor que
não tenha uma raiz horrorosa. E é assim que devemos nos comportar, transformando a dor e o
sofrimento (a raiz horrorosa), em algo belo (a flor), e proveitoso para nossas vidas.
5. Leonardo Boff: O sofrimento é a grande escola do aprendizado humano. Contém verdade, a
frase atribuída a Hegel: o ser humano aprende da história que não aprende nada da história, mas
aprende tudo do sofrimento. Prefiro a formulação de Santo Agostinho em suas Confissões: o ser
humano aprende do sofrimento, mas muito mais do amor.
6. Visão Católica: Se Deus existe, por que existe o sofrimento?
Se Deus existe, por que existe o sofrimento? O sofrimento faz parte da vida do homem,
contudo, este se debate diante dos problemas. E o que mais o faz sofrer é o sofrimento inútil, sem
sentido. Saber sofrer é saber viver. Os que sofrem fazem os outros sofrer também. Por outro lado,
os que aprendem a sofrer podem ver um sentido tão grande no sofrimento que até o conseguem
amar. No entanto, só Jesus Cristo pode nos fazer compreender o significado do sofrimento.
Ninguém sofreu como Ele nem soube enfrentá-lo [sofrimento] e dar-lhe um sentido transcendente.
Ninguém o enfrentou com tanta audácia e coragem como Cristo. Há uma distância infinita entre o
Calvário de Jesus Cristo e o nosso; ninguém sofreu tanto e tão injustamente como Ele. Por isso,
Ele é o Senhor do sofrimento, como disse Isaías, o Homem das Dores.
Os materialistas e ateus não entendem o sofrimento
Só a fé cristã pode ajudar o homem a entender o padecimento e a se livrar do desespero diante
dele. Muitos filósofos sem fé fizeram muitos sofrer. Marcuse levou muitos jovens ao suicídio. Da
mesma forma, Schopenhauer, recalcado e vítima trágica das decepções, levou o pessimismo e a
tristeza a muitos. Zenão, pai dos estóicos, ensinava diante do sofrimento apenas uma atitude de
resignação mórbida, que, na verdade, é muito mais um complexo de inferioridade. O mesmo fez
Epícuro, que estimulava uma fantasia prejudicial e vazia, sem senso prático. Da mesma forma, o
fazia Sêneca. E Jean Paul Sartre olhava a vida como uma agonia incoerente vivida de modo
estúpido entre dois nadas: começo e fim; tragicomédia sem sentido à espera do nada definitivo.
Os materialistas e ateus não entendem o sofrimento e não sabem sofrer; pois, para eles o sofrer
é uma tragédia sem sentido. Os seus livros levaram o desespero e o desânimo a muitos. O
Werther, de Goethe, induziu dezenas de jovens ao suicídio. A Comédia Humana’, de Balzac,
levou muitos a trágicas condenações. Depois de ler A Nova Heloísa, de Rousseau, uma jovem
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estourou os miolos numa praça de Genebra. Vários jovens também se suicidaram, em Moscou,
depois de ler Os sete que se enforcaram’, de Leonid Andreiv. Um dia Karl Wuysman, escritor
francês, entre o revólver e o crucifixo, escolheu o crucifixo. Para muitos, essa é a alternativa que
resta.
Esses filósofos, sem fé, levaram muitos à intoxicação psicológica, ao desespero e à depressão,
por não conseguirem entender o sofrimento à luz da fé.
Quem nos ensinará sobre o sofrimento?
Quem nos ensinará sobre o sofrimento? Somente Nosso Senhor Jesus Cristo e aqueles que
viveram a Sua doutrina. Nenhum deles disse um dia: “O Senhor me enganou!” Não. Ao contrário,
nos lábios e na vida de Cristo encontraram força, ânimo e alegria para enfrentar o sofrimento, a
dor e a morte. Alguns perguntam: Se Deus existe, por que Ele permite tanta desgraça,
especialmente com pessoas inocentes?
Será que o Todo-poderoso não pode ou não quer intervir em nossa vida ou será que não ama
Seus filhos? Cada religião dá uma interpretação diferente para essa questão. A Igreja, com base na
Revelação escrita e transmitida pela Sagrada Escritura, nos ensina com segurança. A resposta
católica para o problema do sofrimento foi dada de maneira clara por Santo Agostinho († 430) e
por São Tomás de Aquino († 1274): A existência do mal não se deve à falta de poder ou de
bondade em Deus; ao contrário, Ele só permite o mal porque é suficientemente poderoso e bom
para tirar do próprio mal o bem (Enchiridion, c. 11; ver Suma Teológica l qu, 22, art. 2, ad 2).
Como entender isso?
Deus, sendo por definição o Ser Perfeitíssimo, não pode ser a causa do mal, logo, esta é a
própria criatura que pode falhar, já que não é perfeita como o seu Criador. Deus não poderia ter
feito uma criatura ser perfeita, infalível, senão seria outro deus. Na verdade, o mal não existe,
ensina a filosofia; ele é a carência do bem. Por exemplo, a doença é a carência do estado de saúde;
a ignorância é a carência do saber, e assim por diante.
O mal pode ser também o uso errado de coisas boas
Por outro lado, o mal pode ser também o uso errado de coisas boas. Uma faca é boa na mão da
cozinheira, mas na mão do assassino… Até mesmo a droga é boa, na mão do anestesista. O
Altíssimo permite que as criaturas vivam conforme a natureza de cada uma; permite, pois, as
falhas respectivas. Toda criatura, então, pelo fato de ser criatura, é limitada, finita e, por isso,
sujeita a erros e a falhas, os quais acabam gerando sofrimentos.
Assim, o sofrimento é, de certa forma, inerente à criatura. O Papa João Paulo II, em 11/02/84,
na Carta Apostólica sobre esse tema disse: O sentido do sofrimento é tão profundo quanto o
homem mesmo, precisamente porque manifesta, a seu modo, a profundidade própria do homem e
ultrapassa esta. O sofrimento parece pertencer à transcendência do homem (Dor Salvífica, nº 2).
De uma forma ou de outra, o sofrimento parece ser, e de fato é, quase inseparável da existência
terrestre do homem (DS, nº 3). (Fonte: Prof. Felipe Aquino, Canção Nova, 16/01/2015).
Rituais: (...) levai à choupana, onde a miséria e o infortúnio fazem gemer e chorar, o amparo de
vossa inteligência e o supérfluo de vossas condições sociais. (RI).
Finalizando: “A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor
que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que,
esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade”.( Carlos Drummond de Andrade).
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O Ir.·. José Ronaldo Viega Alves*
escreve aos domingos.
O ELEMENTO FOGO: SIMBOLISMOS NA MITOLOGIA E NA
BÍBLIA. REPRESENTAÇÕES, CERIMONIAIS E PROVAS
RELATIVAS AO FOGO NA MAÇONARIA. O USO DAS VELAS EM
DIFERENTES RITOS.
*Irmão José Ronaldo Viega Alves
ronaldoviega@hotmail.com
Loja Saldanha Marinho, “A Fraterna”
Oriente de S. do Livramento – RS.
(...) Por ocasião de uma oferenda em Mekone, Prometeu tenta superar o pai dos
deuses em esperteza, escondendo a carne boa no estômago de uma rês e lhe
apresentando em lugar disso os ossos recobertos com gordura. Zeus, que
reconhece o logro, castiga os homens por isso. Ele lhes retira o fogo. Prometeu,
entretanto, rouba algumas centelhas do fogo da lareira celeste e as entrega aos
homens. Zeus ferve de raiva e, através de Pandora, envia outros males. A
belíssima jovem é equipada com um dom calamitoso: possui uma cornucópia na
qual estão encerradas todas as doenças e males. Os irmãos de Prometeu, Atlas,
Menoício e Epimeteu levam a belíssima Pandora para sua casa e, por essa prova
da hospitalidade, retêm a cornucópia. Em sua ingenuidade, abrem-na e, com a
rapidez de um relâmpago, todas as doenças malignas se espalham pela terra.
Zeus não quer castigar apenas os homens, mas também o próprio
Prometeu. Por sua ordem, este é acorrentado ao Cáucaso onde, dia após dia,
uma águia vem devorar-lhe o fígado que cresce incessantemente durante a
noite. Sua agonia dura até que Héracles o liberta do suplício, a águia.
Não foi esquecido que Prometeu instruiu os homens em artes e
ciências, e que lhes transmitiu o fogo: em Atenas ele seria venerado como
patrono, principalmente pelos oleiros. Para honrá-lo tinham lugar as procissões
de tochas prometéicas, durante as quais se trazia para a cidade fogo novo do
altar de Prometeu. Na Teogonia de Hesíodo Prometeu parece como sacrílego
desafiante de Zeus, enquanto Ésquilo o retrata como criador e benfeitor dos
homens que se rebela contra Zeus. Entre os deuses, Prometeu aparece em
estreita relação com Hefesto, o deus do fogo e da forja.” ( Um Breve Relato da
Mitologia, pág. 46, 2012)
4 – O Elemento Fogo: Simbolismo na Mitologia e na Bíblia.
Representações, cerimônias e provas relativas ao Fogo na
Maçonaria. O uso das velas em diferentes ritos
José Ronaldo Viega Alves
JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 10/34
UMA INTRODUÇÃO MAIOR QUE AS HABITUAIS
Quantas e quais são exatamente as influências que a Maçonaria incorporou ao longo da
sua história? Difícil de responder, ainda mais que, das muitas vezes que se escolhe um assunto para
pesquisar, na medida em que vamos nos aprofundando, constatamos que esse já vem de um
amálgama de outras influências, um produto final envolvendo em suas origens, a Bíblia, a Mitologia, as
diversas culturas da Antiguidade, doutrinas várias, etc. Para falar e escrever sobre o fogo, seriam
necessários rios de tinta tentando descrever as suas origens e a importância que a descoberta do
mesmo adquiriu para o homem das cavernas e que vai se estender ao longo de toda a história da
humanidade na Terra.
Além de servir às utilidades mais básicas como cozinhar, aquecer ambientes e iluminá-
los, além de ter sido empregado nos tempos bíblicos para processar minérios brutos, ou de ser usado
como arma contra os inimigos em várias táticas de guerra, o fogo é LUZ, e isso por si só enriquece
sobremaneira todo seu simbolismo que não é pouco.
Objeto de verdadeira idolatria desde os primeiro tempos da humanidade, o fogo está
disseminado nas Velhas Escrituras, pois, somente neste contexto, está ligado à uma série de palavras
que funcionam como sinônimos, digamos assim, já aparecendo tanto no hebraico, no aramaico e o no
grego antigo, tudo em função das suas inúmeras utilizações.
O extrato que foi utilizado logo acima, retirado de um livro de Mitologia, ilustra parte do
simbolismo e da importância que o fogo adquiriu no imaginário da humanidade desde os tempos das
civilizações mais antigas. Prometeu rouba o fogo, que era exclusivo dos deuses, e desperta a ira deles.
Prometeu dá o fogo aos homens, e muda o destino da humanidade, pois, o fogo representa o princípio
do conhecimento, o domínio da natureza e a conquista da tecnologia. Além de tudo, a lenda anuncia
que o homem atingiria um determinado estágio, a partir do qual descartariam aqueles deuses. (Horta,
Botelho & Nogueira, pág. 219, 2012)
Na antiguidade grega especificamente, e desde então, vários pensadores, cientistas e
filósofos se encarregaram de estudar os quatro elementos, mas, o fogo, objeto de nosso trabalho
despertou parece, um interesse especial. A Alegoria da Caverna, do filósofo Platão, faz referência à luz
de uma fogueira, onde: “Um grupo de pessoas está de costas para a entrada de uma caverna,
acorrentadas no pescoço e nos pés, sendo que tudo que tem à frente é uma parede da caverna. Por
trás delas há um muro alto e por trás do muro passam figuras de formas humanas sustentando outras
figuras que se elevam além da borda do muro. Como existe uma fogueira que está queimando um
pouco atrás daquelas figuras, ela acaba projetando na parede à frente daquelas pessoas acorrentadas,
sombras bruxuleantes. Então, a única coisa que essas pessoas podem ver é o que se poderia chamar
de um ‘teatro de sombras’.” A história prossegue ainda com uma série de nuances, onde
fundamentalmente Platão procura mostrar a sua teoria das ideias e metaforicamente há uma
caminhada em direção à Luz. Quem ainda não leu na íntegra, quem não conhece, deve buscá-la logo,
pois, a mesma está contida na obra “A República”, de Platão e é leitura fundamental para o Maçom, já
que se pode estabelecer a partir dessa alegoria conexões com o processo iniciático maçônico.
Quando falamos acerca dos quatro elementos, ar, fogo, terra e água, os estudos
começaram por Empédocles que os idealizou, passando por Pitágoras, Platão, Aristóteles e muitos
outros.
Desde muito cedo os elementos foram introduzidos na tradição ocultista ocidental, e
existe uma aplicabilidade deles que serve a todos os campos da experiência humana.
O fogo, nosso objeto de estudo aqui, tem um simbolismo que o define como o mais sutil, o
mais ativo e o mais puro dos elementos, sendo que na Maçonaria também ele está ligado a vários dos
seus simbolismos.
Fazendo uma varredura em minha biblioteca, com vistas a encontrar matéria para o
presente trabalho (a gente sempre descobre um livro, do qual não se lembrava da sua existência, e o
pior, muito menos sobre como ele teria chegado até ali) encontrei um desses livros, que pelo título
chamou-me logo a atenção, ainda mais, que ele tinha tudo a ver com o teor do assunto sobre o qual
recaíam minhas buscas.
Nunca li o livro, pois, como já disse, sequer sabia que ele estava lá, mas, “O Fogo
Criador”, de autoria de J.J. Van Der Leeuw, que para mim é um ilustre desconhecido, soava bastante
sugestivo, tanto que, folhando-o pude perceber que o mesmo era sobre Teosofia, doutrina pela qual
tenho as minhas reservas, e que não vem ao caso aqui, no entanto, algumas linhas do texto que
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consta em suas orelhas, me obrigam a reproduzi-las na sequencia, dado que, era como se eu
estivesse buscando por aquelas palavras:
“Que o fogo seja criador parece um paradoxo, tão entranhada e disseminada anda a ideia de que seja
um elemento apenas destruidor. Mas ele é, sobretudo, construtivo, e neste sentido tem aplicação
prática na vida cotidiana, desde o preparo de nossa alimentação. E assim também no cosmos, onde
está sempre atuante na destruição de formas velhas e na reconstrução de outras novas, para que a
vida se perpetue numa manifestação cada vez mais plena e pujante.
O fogo foi sempre tomado como um símbolo vivo, dinâmico, poderoso, invencível da Vida
Divina. Por isso toda a antiguidade reverenciou o Sol como o mais categorizado e completo símbolo da
Divindade Suprema. Por isso também o Antigo e o Novo Testamento descrevem frequentemente o
fogo como representante e emblema cintilante de Deus, Cristo e o Espírito Santo. Figura o elemento
ígneo da criação universal, de que o Sol é o protótipo. Que seria de nosso universo e de seus
habitantes se o Sol se apagasse neste momento? Se o rei da criação ficasse, um dia, definitivamente
sepultado em seu ocaso? (...)”
Com o mito de Prometeu que roubou o fogo, com o simbolismo que remete à Divindade,
com a alusão ao Sol é que se inicia aqui este trabalho que visa mostrar o elemento fogo nos seus
diversos usos, a partir da sua história, da sua mitologia, do seu simbolismo nas mais diversas culturas,
além da sua relação, importância e representações nos rituais maçônicos.
O FOGO ENTRE OS DEMAIS ELEMENTOS
Vejamos o seguinte trecho, retirado do “Dicionário Enciclopédico do Pensamento
Esotérico Ocidental” em seu verbete “Elementos mágicos”, com o intuito somente de ilustrar e
propiciar-nos um melhor entendimento sobre essa tradição que paira em nossa cultura sobre os
atributos desses elementos, sobretudo, o fogo. Antes, é mister destacar que para Aristóteles havia
ainda, não exatamente um quinto elemento, mas uma unidade de fundo, a partir da qual os quatro
elementos se manifestam e à ela retornam, chamada de Quintessência ou Espírito :
“É importante compreender que os elementos, não são apenas as substâncias físicas que levam esses
mesmos nomes. Cada elemento é uma categoria lógica da existência, que pode ser localizada em
qualquer reino da experiência. A Terra representa o que é sólido, estável e duradouro; a água o que é
receptivo, influenciável e fluido; o Ar o mediador extenso e envolvente; o Fogo, o ativo, energético e
transformador; e o Espírito como o transcendente, o fator que influencia o sistema dos elementos a
partir de outro nível. Na psique humana, por exemplo, a Terra aparece como a percepção sensorial, a
Água como sentimento (o que inclui tanto a emoção como a intuição), o Ar como o intelecto, o Fogo
como a vontade e o Espírito como a percepção em si. Na sociedade, de modo análogo, a Terra se
expressa na produção de bens e serviços úteis; a Água, pelos artistas, poetas e atores; o Ar pelos
cientistas, estudiosos e professores; o Fogo pelos políticos e soldados; e o Espírito pelos sacerdotes,
sacerdotisas, místicos e ocultistas. Finalmente, na física moderna, a Terra aparece como o estado
sólido da matéria, a Água como o estado líquido, o Ar como o estado gasoso, o Fogo como energia e
o Espírito como o tecido subjacente do tempo e do espaço.”
COMENTÁRIOS:
As conotações vistas acima, provenientes do universo grego, tem um viés ocultista, mas,
de qualquer forma concorreram para influenciar várias doutrinas das que vieram depois em seus
simbolismos e correspondências com esses mesmos elementos.
A BÍBLIA, AS TEOFANIAS(*): O FOGO COMO REPRESENTAÇÃO DA PRESENÇA DIVINA
R. N. Champlin faz os seguintes registros sobre as manifestações de Deus onde o fogo
esteve presente também:
“As manifestações de Deus algumas vezes faziam-se acompanhar pelo fogo (Êxo. 3:2; 13:21, 22;
19:18; Deu. 4:11). O fogo representava a presença do Senhor, bem como a sua Glória (Eze. 14,13), a
sua proteção (II Reis 6:17), a sua santidade (Deu. 4:24), os seus juízos (Zac. 13:9), a sua ira contra o
pecado (Isa. 66:15,16; o seu Santo Espírito (Mat. 3:11; Atos 2:3). Também devemos levar em conta as
chamas da sarça ardente, na experiência de Moisés, e da coluna de fogo, no deserto, que orientava o
povo de Israel e representava a presença de Deus (Êxo. 3:3; 13:21; 19:18). A referência, em II Reis
1:9-12 e 2:11 às carruagens e cavalos de fogo, diz respeito à presença do Senhor, que se manifestou
de modo súbito, em arrebatamento. A presença protetora de Deus evidenciou-se nos cavalos e nos
carros de fogo, da experiência de Eliseu (II Reis 6:17).”
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COMENTÁRIOS:
A Bíblia como pudemos ver está recheada de citações, alusões e representações sobre o
fogo, sem falar que existem referências à ira de Deus e aos castigos impostos que são demonstrados
pela imposição do fogo, o que sugere então uma associação direta entre uma das formas de juízo
divino como sendo o fogo. Como exemplo, temos as cidades de Sodoma e Gomorra, que foram
consumidas pelo fogo.
Há uma quantidade muito grande de metáforas também ao longo da Bíblia que remetem
ao elemento fogo, assim como, há alusões nos livros psedepígrafos e no Novo Testamento.
Além do mais, quem não foi contaminado em seus pensamentos por representações de
um inferno feito de fogo e de chamas, ou mesmo sobre o julgamento final e o próprio fim do mundo, ou
Apocalipse ou Armagedon (um holocausto nuclear?) pelas chamas, pelo fogo?
ALUSÕES E SIMBOLISMOS RELACIONADOS AO FOGO NA MAÇONARIA
ESPADA FLAMEJANTE
Um dos tem uma das representações mais poderosas da Maçonaria, principalmente na
cerimônia de Iniciação. A sua utilização e o simbolismo nela contido, onde, a alusão às manifestações
do fogo são de uma riqueza única nos rituais maçônicos. Vejamos um pouco mais:
“1. Assim chamada por apresentar a lâmina ondulante apresentando chispas de fogo. É usada pelo
Venerável Mestre como símbolo do poder criador do G.’.A.'.D.’.U.’. ou da vida que ele representa.
Entregue ao Venerável Mestre no dia de sua Instalação, significa a potência espiritual. Ao seu triplo tinir
com os golpes de malhete, é o recipiendário iniciado e admitido nas fileiras maçônicas.2. É um
instrumento de transmissão iniciática por excelência. Somente é utilizada pelo Venerável mestre, na
hora da concessão da Luz e na hora da concessão do Grau. Não pode jamais ser tocada por um Irmão
que não seja mestre instalado e, mesmos estes ‘jamais devem tocar sua ponta para não quebrar
sua imantação.’ É uma lembrança do querubim que guardou o portão do Jardim do Éden, após a
expulsão de Adão e Eva. Este anjo estava munido de uma espada cuja lâmina era uma língua de fogo.
3. A Espada Flamejante, que só pode ser tocada pelo Venerável Mestre, não pode ser embainhada
(pois não é possível embainhar o fogo) e nem encostada no candidato durante a sagração (pois o
fulminaria).(...) 5. (...) Nas mãos do Venerável Mestre, a Espada Flamejante simboliza a Luz e a fonte
de toda a Ciência Maçônica, que resplandece para ser propagada em todas as direções, sem ponto de
mira fixo, como fazem as chamas que se elevam ao infinito.”
INICIAÇÃO: A PROVA DO FOGO
Com relação a esta prova, uma dentre as quais o Candidato é submetido durante a sua
Iniciação, diz o “Vade-Mécum Maçônico”:
“Simbolicamente, a prova do Fogo representa a chegada do Recipiendário nas proximidades de
Templo, pois o Fogo tem sido sempre o símbolo do Pórtico do Santuário. Na realidade, o Fogo é o
grande purificador, ao qual nenhuma impureza resiste. A sua finalidade é fazer com que se manifeste
no Candidato a Voz da Consciência profunda que nos censura, impiedosamente, toda falta ao Dever,
que destrói em nós tudo que se opõe ao Bem, ao Ideal; que sob a forma de Remorso nos queima e
tortura, e sob o Arrependimento, nos purifica, ajudando-nos a expiar e a nos reerguermos com
coragem. O Candidato deve aceitar os sacrifícios que são os corolários desses deveres e submeter-se
à purificação final que, desenvolvendo a sua Vontade, o colocará em condições de agir e servir.”
Ainda, com base no “Vade-Mécum Maçônico”:
“As purificações feitas no decurso das viagens lembram-me que o homem não é bastante puro para
chegar ao Templo da Filosofia.” (RA)
AS VELAS NA MAÇONARIA
Vejamos algumas passagens extraídas do “Vade-Mécum Maçônico”, para que
entendamos melhor o seu simbolismo e o seu uso na Maçonaria:
“As velas são acesas durante a sessão da Loja, mesmo se for realizada em pleno dia, visto que tais
velas não tem por finalidade dispensar as trevas materiais, sendo um sinal de alegria e representando
a luz interior. O uso de acender velas é antiquíssimo para iluminar o local onde se realizam as
cerimônias iniciáticas. O número de velas, a sua composição e o seu simbolismo são minuciosamente
determinados nos Rituais maçônicos, assim como no cerimonial eclesiástico. A vela é uma tradição
que remonta à maçonaria Operativa. No entanto, pelo simbolismo que encerra, a vela transcende da
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condição de simples acessório e devem ser-lhe dispensados os mesmo cuidados que os antigos
dedicavam ao Fogo Sagrado do lar, que devia permanecer em toda a sua pureza. (...) As velas não são
um simples ornamento nem um mero detalhe do Ritual. Nos Ritos que as empregam , e
particularmente o R.E.A.A. elas simbolizam o Fogo Sagrado que, por sua vez, é o símbolo do Grande
Arquiteto do Universo. (...) As velas são ainda , com suas chamas, o símbolo da transformação que se
deve submeter permanentemente o maçom na sua busca incansável pelo aperfeiçoamento pessoal.
(...) O acendimento das velas não é propriamente uma ato litúrgico inerente ao R.E.A.A.. Todavia, no
Brasil, o Cerimonial do Acendimento das Velas adquiriu proporções especiais por duas razões básicas:
1º) em face da origem Adoniramita da Maçonaria Brasileira; 2º) pelas características sentimentais e de
espiritualização do próprio Maçom brasileiro.”
Ao final do verbete “Velas, Acendimento das” há uma espécie de conclusão onde é dito
sobre o Cerimonial do Acendimento das Velas:
1 – O Acendimento das Velas não parece ser uma cerimônia dos Escocismo.
2 – Muitas Lojas que praticam o R.E.A.A. no Brasil incorporaram ao seu Ritual este cerimonial.
3 – Muitos obreiros tem vontade de continuar a prática deste ato, que efetivamente embeleza o Rito,
induz à reflexão, facilita a meditação e espiritualiza os trabalhos. (...)
RITO ADONHIRAMITA: O CERIMONIAL DO FOGO
Para quem é praticante e membro de uma Loja do Rito Adonhiramita, ou ainda, para os
Irmãos visitantes de outros Ritos que tiveram e terão a oportunidade de presenciar, a evolução de uma
sessão ritualística do citado Rito, o Cerimonial do Fogo (entre outras peculiaridades tão próprias do
Rito e que perfazem momentos de grande esoterismo), a cerimônia é revestida também de grande
beleza visual.
O Cerimonial do Fogo conforme a liturgia Adonhiramita, “alude a uma invocação ao
Senhor de Todas as Luzes, ao G.’A.’.D.’.U.’., cujos atributos infinitos estão sintetizados nas três
palavras anunciadas por cada uma das Luzes da Loja”, ou seja, Sabedoria, Força e Beleza.
Vejamos a seguir a brilhante explicação do Irmão Marcos José Santos da Silva, em um
trabalho da sua autoria intitulado “Simbolismos do Rito Adonhiramita”, acerca do “Cerimonial do Fogo”:
“CERIMONIAL DO FOGO - Este Cerimonial na realidade tem seu início antes da abertura da Loja,
quando a Chama Sagrada que irá presidir os trabalhos é reanimada pelos quatro Irmãos, que
simbolicamente representam os quatro pontos cardeais, que adentram o Templo antecipadamente para
este fim.
A Chama Sagrada é o emblema do Sol que é o símbolo visível ou do mundo físico da
Divindade que nos emite continuamente sua energia como luz e calor, sem os quais não haveria vida
no planeta.
O Cerimonial do Fogo tem, portanto, o propósito de se levar estas energias, luz e calor,
para as regiões do orbe terrestre que o Templo representa indo do Oriente para o Ocidente no seu
acendimento, e realizando no sentido oposto seu adormecimento porque o Sol tem no Ocidente o seu
ocaso.
Compreende-se muito pouco o significado do fogo nas Cerimônias Maçônicas, mas
sabemos que uma vela acesa com intento religioso equivale a uma oração, e sempre atrai do alto um
fluxo de energia positiva. Entendemos que as frases pronunciadas pelo Venerável Mestre e pelos
Vigilantes por ocasião do acendimento das chamas, tem o objetivo de atrair estes fluxos de energias
por eles representarem cada qual um aspecto do Logos. Quando o Venerável Mestre diz: ‘Que a luz da
sua Sabedoria ilumine os nossos trabalhos’ é importante que todos os Irmãos o auxiliem nesta
invocação ou esforço para atrair o Aspecto Divino do Amor-Sabedoria para derramar-se sobre todos
em Loja. Da mesma maneira quando o Primeiro Vigilante diz: ‘Que a luz de sua Força nos assista em
nossa obra’, todos devem pensar intensamente no aspecto Força-Vontade Divina desejando que esta
energia flua por seu intermédio; e, por último quando o Segundo Vigilante diz ’Que a luz da sua Beleza,
devemos pensar no aspecto Beleza-Inteligência Divina fluindo para todos através dele. Isto deve ser
consolidado ‘ após o pronunciamento das referidas frases. O mesmo procedimento deve ser observado
por ocasião do adormecimento do fogo quando é invocado ‘Que a luz da sua beleza continue
flamejante em nosso corações’, pelo Segundo Vigilante, ‘Que a luz da sua Força permaneça atuante
em nosso corações’, pelo Primeiro Vigilante, e “Que a luz da sua Sabedoria habite em nosso coração,
pelo Venerável Mestre, sendo o Cerimonial totalmente concluído ao ser adormecida a Chama Sagrada,
após a saída de todos os Irmãos do Templo, pelos mesmos Irmãos que realizaram o seu avivamento
no início dos trabalhos.
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Sabemos que igualmente ao Sol que derrama incessantemente sua Luz e calor
indistintamente sobre toda a humanidade, o Grande Arquiteto do Universo emite continuamente suas
energias e a realização do seu serviço. Observamos que estas cerimônias são executadas exatas e de
maneira brilhante, mas vários Irmãos não percebem a importância do pensamento nele concentrado e
a compreensão de todo o seu alcance e significado. Devemos, pois, trabalhar com amor e abnegação,
rogando as bençãos do Grande Arquiteto do Universo para que alcancemos a verdadeira iluminação.
COMENTÁRIOS:
Há uma explicação sobre o uso de velas exatamente e pelo fato de que aquelas
utilizadas, além de cumprirem a tradição, são feitas de cera pura de abelhas, portanto emite uma
chama pura, o que em outras palavras é o mesmo que fogo. O simbolismo mantido nas cerimônias do
Rito Adonhiramita, nesse caso específico, se prende ao fato de que o fogo, um dos quatro elementos
da natureza, além do aspecto mágico, a ele é atribuída uma origem divina, daí o simbolismo que é
mantido no Rito.
O RITO SCHRÖDER E O FOGO RITUALÍSTICO: LUZES E VELAS
Sem querer tecer comparações, mas, com o puro objetivo de mostrar um pouco mais
sobre o uso do fogo (velas) na liturgia maçônica, eis que, à medida que o homem foi aperfeiçoando os
seus rituais desde a antiguidade (as fogueiras das antigas cavernas onde funcionavam templos e o
fogo era mantido como sagrado), o fogo que substituiu o das fogueiras transformou-se com o tempo
nas chamas das tochas, e mais tarde ainda, nas chamas das velas, e assim elas se tornaram um fogo
simbólico e ritualístico. O Rito Schröder também se reveste de uma bela cerimônia para o acendimento
de velas, o que está descrito no livro “A Compreensão e Prática do Rito Schröder” de autoria do Irmão
Luiz Roberto Voelcker, do qual retiramos os esclarecimentos que seguem:
“No Altar haverá uma Luz (vela), que deverá estar acesa antes do início dos trabalhos. Logo ao início
dos trabalhos o Venerável acende nesta Luz outra pequena vela, que também se encontra sobre o
Altar, e a entrega ao 1º Diácono. Este, por sua vez, portando a vela pequena acesa, vai até os
Vigilantes, os quais nela acendem as velas de suas respectivas mesas. Isto posto, o 1º Diácono dirige-
se para junto da Coluna da Sabedoria onde aguarda pelo Venerável. O Venerável, após chamar os
Vigilantes para o auxiliarem a acender as Luzes (velas) de suas Colunas, se dirige para a Coluna da
Sabedoria.
Acende então a vela de sua Coluna na pequena vela portada pelo 1º Diácono. Em
seguida o 1º Diácono recoloca a pequena vela no Altar, apagando-a com o abafador que lá se encontra
e retorna ao seu lugar.
Os Vigilantes acendem as Luzes de suas Colunas nas velas de suas mesas e postam-se
junto as suas Colunas.
Quando o Venerável e os Vigilantes estiverem junto as suas Colunas, seguram as velas
das Colunas, já acesas, com a mão esquerda, põem-se à ‘Ordem’ e pronunciam as respectivas
Sentenças ao colocar, um após o outro, na sequência prevista no Ritual, as velas em suas respectivas
Colunas. Durante a pronunciação das Sentenças, o Guarda do Templo aumenta, paulatinamente, a
cada frase, a iluminação do Templo. Após a colocação das velas nas Colunas, o Venerável e os
Vigilantes concluem simultaneamente o Sinal, retornando a seus lugares sem circundar o Tapete, pois
não deixaram de estar, respectivamente, no Oriente. Os Malhetes permanecem em suas mesas
durante o acendimento das Luzes.
Ao término dos trabalhos, as Luzes das Colunas são apagadas ritualisticamente, uma
após a outra, concomitantemente ao proferimento das respectivas Sentenças e com a utilização do
abafador disponível em cada Coluna.”
O Irmão Luiz Roberto Voelcker fecha com chave de ouro e grande sensibilidade, a sua
descrição da bela cerimônia ritualística dizendo: “O fogo sagrado jamais deverá ser soprado para ‘não
ser poluído por hálito humano’, segundo uma antiga tradição persa.”
CONCLUSÃO
A descoberta do fogo e a sua utilidade, a importância do mesmo para a própria evolução
da humanidade, já vem embutida na lenda de Prometeu. O simbolismo que cerca o fogo nas mais
diversas doutrinas e filosofias tem um alcance quase inimaginável.
Vimos uma parte do todo, e vimos sobre as suas representações nos Ritos maçônicos, o
que também se revela incompleto, já que deve haver muito mais. No entanto, é possível que um
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assunto tão rico desperte a curiosidade e a vontade de Irmãos que queiram escrever mais sobre o
assunto.
Há muitas razões para isso, pois, como disse, vimos uma parte, e todo esse simbolismo
tem muito das suas raízes e dos seus desdobramentos presentes ainda nos cultos solares do passado
remoto, no rosacrucianismo, na alquimia, nas oferendas e sacrifícios em templos antigos, etc.
Uma das máximas herméticas diz: “Igne Natura Renovatur Integra”, o que quer dizer “O
fogo renova toda a natureza”, e por aí já dá para imaginar a dimensão que esses estudos podem
alcançar.
O Maçom estudioso e espiritualizado, pôde ver o quanto esse simbolismo do fogo está
presente na Maçonaria, e seguindo a evolução natural dos Graus na sua senda, se deparará outras
vezes com o fogo e as suas representações.
(*) TEOFANIA: Teofania é o mesmo que aparição ou revelação de uma divindade. Também, pode
ser traduzida pela manifestação de Deus em um lugar.
BIBLIOGRAFIA:
Internet:
“Simbolismo do Rito Adonhiramita” – Trabalho de autoria do Irmão Marcos José Santos da Silva.
Disponível em: files.arlspentalpha.webnode.com.br/.../
Livros:
CHAMPLIN, R.N. “Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia” – Volume 2 – Editora Hagnos – 9
Edição - 2008
GIRARDI, João Ivo. “Do Meio-Dia à Meia-Noite Vade-Mécum Maçônico” – Nova Letra Gráfica e Editora
Ltda.2008. 2ª Edição.
HORTA, Maurício & BOTELHO, José Francisco & NOGUEIRA, Salvador. “Mitologia Deuses – Heróis –
Lendas” – Editora Abril S.A. 2012
UM BREVE RELATO SOBRE MITOLOGIA– Editora Escala Ltda. – 2012.
VAN DER LEEUW, J.J. “O Fogo Criador” – Editora Pensamento – 1964
VOELCKER, Luiz Roberto. “A Compreensão e a Prática do Rito Schröder - Grau 1” – A. R. L. S. Zur
Eintracht – 2ª Edição – 2016 – Porto Alegre
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O Ir Hercule Spoladore –
Loja de Pesquisas Maçônicas “Brasil”-
Londrina – PR – escreve aos domingos
hercule_spolad@sercomtel.com.br
O SOL COMO SÍMBOLO NA MAÇONARIA
O Sol é a estrela mais próxima da Terra, dentro da existência de milhões de
sistemas solares que existem no Universo. Considerado como um astro de quinta
grandeza é uma estrela de pouca importância em termos cósmicos. Todavia ele é
muito importante para terráqueos, porque sem ele possivelmente não haveria
vida no planeta.
Graças ao avanço da ciência atual em especial da Astronomia, Radioastronomia,
Física, Química, Espectografia e outras ciências ainda mais modernas, hoje se
sabe alguma coisa a respeito do universo e muito a respeito do Sol, a saber, sua
forma sua densidade, massa, movimentos, dimensões e praticamente todos os
fenômenos solares, mas, diga-se de passagem, não se sabe tudo a seu respeito.
Sabe-se o suficiente para se compreender que ele é apenas umas das
manifestações da grandiosidade do GADU, fazendo parte de um todo e que seu
calor, energia e através das reações físico-química nucleares, ele protege o
fenômeno vida neste planeta.
Se se quiser tentar explicar todos estes fenômenos citados se entrará no campo
da Metafísica onde existem centenas de teorias, mas se se tentar chegar às
causas primeiras cada vez mais se sentirá a presença pujante do GADU.
Sabe-se de antropogênese que estuda as origens da evolução do ser humano e
que este caminha através do amadurecimento da espécie para a perfeita
compreensão e união com a realidade divina.
Se dirigir-se este estudo ao passado, perceber-se-á que no caso do homem
primitivo era muito diferente. Por razões físicas e psicológicas, o homem ainda
5 – O Sol como Símbolo na Maçonaria
Hercule Spoladore
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novo no planeta, acreditava e venerava o Sol como um deus. Mesmo após a
evolução da humanidade, ainda assim os ancestrais do homem atual cultuaram o
astro-rei por milhares de anos como um ser divino.
O homem primitivo tinha um pavor imenso do entardecer, porque logo a seguir
vinha a noite tenebrosa e fria, repleta de mistérios. No dia seguinte quando o Sol
ressurgia ele voltava a ficar contente e feliz, pois o Sol lhe trazia de volta a luz,
calor e também a vida. Nestes sucessivos desaparecimentos e ressurgimentos
intermináveis que caracterizam a marcha do Sol, sempre nascendo e chegando
ao zênite para depois declinar para o poente ou acaso do Sol ou nadir e depois
ressurgir novamente significava em sentido simbólico para os antigos que o Sol
sempre vencido pelas trevas, voltava sempre vitorioso, como se fora um
vencedor ressuscitado, um verdadeiro herói. Para eles O Sol não morreria
mesmo descendo aos infernos chegando ao oceano ou ao lago das aguas
inferiores os quais eram atravessados por ele sem que ele morresse. Já estava aí
implícita a ideia da ressureição. Inicio da formação de um mito.
Davam ainda a conotação que tendo em vista o “nascimento” marcha ou curso e
a sua “morte” significavam simbolicamente a eterna porfia entre o Bem e o Mal,
sempre vencida pelo Bem.
Sendo assim, o homem primitivo, mais pelo seu temor às revelações da natureza,
via no Sol algo de sobrenatural e não tendo condições intelectuais, que se tem
hoje, venerou o Sol, como um deus, pois não sabia fazer o relacionamento
astrológico não tinha condições de diferenciar o que achava divino com aquilo
que é realmente divino.
Isto aconteceu em função da mente limitada do homem primitivo, fazendo com
que ele no inicio de seu aparecimento na Terra, confundisse o Sol com a
divindade principal, para muito tempo depois talvez milhares de anos com a
evolução da humanidade se compreendesse e aceitasse o astro-rei como apenas
mais um dos dons do GADU.
Assim sendo, o Sol foi cultuado em todos os mitos e religiões antigos.
Representava para eles a vida, o calor a fecundidade, o vitalizador essencial. Dai
nasceu o culto solar.
Em todas as partes do mundo em todas as civilizações em determinado momento
de sua história considerando-se o seu nível cultural, o culto solar predominou.
Porem, aos poucos e isto pode representar milhares ou milhões de anos, foi se
apercebendo, naturalmente que havia algo de superior, de mais elevado, por trás
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do astro que adoravam como divino. Começaram a notar com o tempo certa
interdependência, do Sol com a Lua e outros astros.
Segundo a história dos povos, os egípcios teriam sido os primeiros a buscar o
transcendental. Entre eles haviam os deuses aos quais veneravam como deus-
sol. Assim cita-se Ra ou Rê, Amon Acton ou Amon-Rá e ainda Osiris.
Na Babilônia havia o rei-sol Samasch. Entre os persas havia um culto um pouco
mais transcendente à Ormuz. Mitra também fazia parte deste culto solar.
Entre os judeus são raras as citações bíblicas em que se faça alusão religiosa ao
Sol. Ele era venerado nos cultos astrais do século VII (cf. Exército do Céu) (2
Re 23,5 e Jr 8,2) “Cavalos e carros consagrados ao Sol estavam no Templo de
Iahewh durante aquele período”. Em (2. Rs.2, 3,4) “No tempo de Ezequiel o
culto do Sol era praticado com incenso” (Ez. 16).
Como corpo natural o Sol era criatura de Iahewh e foi criado depois da Luz. Os
hebreus evoluíram para um Deus tão transcendental, cujas concepções atuais são
juntamente com o cristianismo, as que mais se aproximam da concepção
maçônica do GADU. Todavia, se o GADU for analisado como divino ele é mais
abrangente e mais completo que o Deus dos cristãos e dos judeus. Ele é mais
elevado, mais transcendental. Por estas razões o Deus dos livres pensadores é o
“Deus que fez os homens e não o Deus que os homens fizeram”.
O Sol foi inclusive adorado como divindade pela civilização pré-colombiana
destacando-se os astecas, os incas como principais adoradores. Os gregos e
romanos também participaram do culto solar. Roma ainda sob a religião mitraica
celebrava no solstício de verão a volta do Sol
A Maçonaria, pelo acervo de princípios que ela encerra dentro de sua doutrina,
os quais são a essência do pensamento humano de todos os tempos, é uma
doutrina filosófica e de moral das mais elevadas da humanidade. Ela sofreu
influências e está profundamente marcada por antigas civilizações, correntes
ocultistas, alquimistas, rosa-cruzes, religiões, por filósofos, livres-pensadores
além da Bíblia, que é a maior fonte de símbolos da Ordem.
Tomou tudo emprestado, adaptou, burilou para si o que de melhor existia em
todas estas influências citadas, sem alterar o seu valor moral. Transformou todo
este potencial em seus rituais, símbolos, ensinamentos procedimentos além de
outras influências, em sua própria doutrina. Todavia, dando a sua própria
interpretação a estes símbolos.
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Assim sendo entre os inúmeros símbolos que ela tomou emprestados das antigas
civilizações, ela adotou o Sol como um dos seus.
Os ocultistas, através da alquimia aceitam que o Sol corresponde ao elemento
Fogo. Ele é ativo, e quase sempre benéfico, podendo ser maléfico O Sol que
chama à vida os vermes, poderá também destruí-los.
O Sol ainda se relaciona, segundo os alquimistas com o Ouro juntamente com a
Lua, com o Enxofre e com o Mercúrio. Uma das obras pretendidas pelos
alquimistas era a Arvore Solar, também chamada a grande obra ou do Sol,
Magnus Opus ou ainda Crisopéia, cuja pedra filosofal transforma os metais em
ouro. Ainda era evocada a ambivalência do Sol resplandecente de um lado, e
negro e invisível do outro lado. Esta imagem a alquimia tomou para representar
a primeira matéria inconsciente e não elaborada. O nascer do Sol é então
simbolizado pela transmutação em Ouro, da matéria que como o Sol em seu
percurso passa do branco para o vermelho.
Dos alquimistas, segundo alguns autores a Maçonaria teria tomado emprestado o
termo “Arte Real”.
Os Rosacruzes teriam deixado através da Rosa e a Cruz onde a Terra
simbolizada pela Rosa seria o ser feminino e o Sol, elemento masculino com sua
força criadora fecunda a Terra seria simbolizado pela Cruz. Existem outros
significados para a Rosa a Cruz, dependendo dos autores.
O SOL NA MAÇONARIA
O Sol aparece na Maçonaria no Painel simbólico e alegórico, aparece na
decoração do templo, no teto da Loja, no painel do Oriente ou Retábulo, aparece
em trechos ritualísticos, em quase todos os Ritos, ainda simbolizado nas
Paralelas Tangenciais, isto é no símbolo conhecido como Círculo e o Ponto
Central.
O Sol que aparece no teto da Loja, altaneiro, radiante lembra o homem primitivo
e sua adoração pelo astro-rei, mas também lembra a evolução da humanidade, o
seu despertar para o conhecimento, através do qual se sabe hoje tratar-se o Sol
apenas com uma das dádivas de Deus, ou uma das manifestações da grandeza
material e espiritual do GADU.
Quanto à decoração do teto da Loja, o Sol deverá estar pintado, desenhado ou
esculpido sempre no Oriente, pois é de lá que vem a Luz, sendo que a pintura
neste local, ou o fundo deverá sempre estar mais claro que no Ocidente, pois
JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 20/34
este representa o dia. Já no Ocidente deverão estar a Lua, planetas e demais
astros deverão ter o fundo mais escuro, pois representam a noite.
Sol e a Lua devem estar no Retábulo ou Painel do Oriente que é um painel
situado atrás do trono do Venerável. Entre estes dois astros, deverá ter um
triângulo dourado tendo no seu centro o Olho Onividente. Estre triângulo
também é conhecido como Delta Luminoso sendo considerado o maior símbolo
do grau de Aprendiz.
No Retábulo ou Painel do Oriente devem coincidir as posições do Sol e da Lua
representativas destes astros inseridas no dito painel simbólico do grau. Assim
de se tomar como ângulo de visão a posição de quem entra na Loja pelo
Ocidente perceberá que o Sol se coloca à direita e a Lua à esquerda. É
importante frisar que o Orador é representante do Sol em escala cósmica, por
conseguinte também o é em Loja. O Orador deverá sempre ter seu lugar em Loja
no mesmo lado que o Sol do Painel do Oriente. Sabemos que o Orador deve
emanar Luz, como guarda da Lei Maçônica. Ele também é responsável pelas
peças de oratória. Ele deve desfazer as confusões, as dúvidas muito comuns nas
discussões e proposições. Ele deve também tentar fechar o triângulo entre os
reclamantes nas discussões, disciplinando de acordo com as leis, mas nunca sob
sua opinião. Existem muitos Oradores que se arvoram em donos da Lei e da
Loja e alguns ainda gostam de palrear, de matraquear, mostrar sua retórica,
eloquentes às vezes costumam fazer palestras paralelas aos trabalhos da Loja e
dão a sua própria opinião ao invés de ser uma opinião neutra segundo a lei. Isto
é inconcebível, mas acontece em muitas Lojas ainda. Ainda o Orador representa
Febos ou Apolo deus-Sol dos gregos e romanos, criador da poesia, música do
canto da lira, das profecias e das artes. Costuma-se dizer que o Orador ilumina e
o Secretário registra.
Tanto no Painel Simbólico como Alegórico do grau de Aprendiz vemos o Sol a
Lua e as estrelas de interesse maçônico (Aldebarã, Arcturus, Régulos, Antares e
Fomalhaut. São consideradas estrelas reais, também chamadas as cinco estrelas
maçônicas), além de outros astros que estão pintados no painel.
Ainda os rituais mencionam que os obreiros devem circular como a Terra em
torno do Sol.
Nos antigos rituais havia uma pergunta que o Venerável fazia para o recém-
recebido maçom: O que viste ao receber a Luz? Este respondia: O Sol a Lua e o
Venerável da Loja. O sol para governar o dia, a Lua, a noite e O Venerável para
governar a Loja. Atualmente este diálogo foi abandonado.
Os Maçons que fundaram a Grande Loja de Londres em 1717 quando acendiam
os três círios (velas de cera pura, de abelhas) os chamavam de as Três Grandes
JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 21/34
Luzes, que representavam as três posições do Sol. Também afirmavam que os
três círios simbolizavam o Sol, a Lua e o Venerável da Loja.
A Maçonaria não pratica o culto solar, mas é muito influenciada por ele e ainda
faz lembrar a lenda Hirâmica em nossos rituais. O Sol desempenha como
símbolo um papel importante. O curso e o esplendor do Sol quer no dia a dia
quer nos solstício de inverno e verão são descritos. Está bem frisado em todos os
ritos, o especialmente nos diálogos entre Venerável e Vigilantes executando o
ritual mostra o trajeto do Sol. De qualquer forma os trabalhos sempre são
abertos simbolicamente ao meio dia e encerrados à meia noite, estando aí
implícita a ideia da representação do percurso realizado pelo astro-rei.
A representação da marcha do Sol em nossos rituais é bastante obvia quando se
menciona que o Sol nascente é representado pelo Venerável o Sol no zênite pelo
Segundo Vigilante e o sol no poente ou acaso do Sol pelo Primeiro Vigilante.
Quando o Sol nasce ele está no Oriente de onde vem a Luz, a direção da Loja
através do Venerável. Quando ele está no zênite, ao meio dia sua passagem pelo
meridiano é verificada pelo Segundo Vigilante. Isto significa que o maçom
começa a trabalhar numa hora em que não projetará sombra a ninguém. No final
dos trabalhos será o mesmo Segundo Vigilante que anunciará que é meia noite
que é hora de descanso, portanto o Sol está no nadir, e o Primeiro Vigilante
refere que o Sol se esconde no Ocidente, sendo, portanto hora de fechar a Loja
por ordem do Venerável.
Quanto aos solstícios de verão e inverno estão representados no Painel
Alegórico onde aparece um móvel com um altar quadrado, em cuja face anterior
está desenhado um circulo com um ponto central que simboliza o Sol ladeado
por duas paralelas, sendo que no caso são as próprias linhas limites dos lados do
móvel quadrado. Trata-se da representação do Círculo com um ponto central,
com as Paralelas tangenciais. As paralelas simbolizam para os maçon., São João
Batista e São João Evangelista. Ainda simbolizavam para uma corrente de
maçons antigos as famosas figuras bíblicas Moisés e Salomão.
As datas comemorativas pelos maçons destes dois santos são: São João Batista
dia 24/06 no hemisfério sul e São João Evangelista no dia 27/12 no hemisfério
norte. Datas muito próximas das datas que os antigos comemoravam.
As religiões antigas que praticavam o culto solar na Europa comemoravam estas
festas especialmente no dia 22/12, ou seja, o dia da volta do Sol ou seu
renascimento (natalis invictis solis) e realizavam festas com grandes pompas,
com sacrifícios enfim uma série de comemorações ritualísticas.
JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 22/34
Acresça-se que o cristianismo aproveitou estas datas, colocando-as como
comemorativas aos seus santos, mas não bem as mesmas datas, mas sim,
próximas dos solstícios de verão e inverno. Assim aproveitou também o dia
25/12 como sendo o nascimento de Cristo, data esta que os antigos tinham como
nascimento de Mitra em 2700 anos A.C. E também com o desaparecimento da
adoração do Sol, quando o cristianismo substituiu o mitraismo no século II, D.C.
Cristo passou a ser a Luz que ilumina a humanidade, substituindo o Sol.
Como se poderá perceber o Sol é um símbolo maçônico tão presente na
Maçonaria, nas pinturas, na abobada celeste, nos painéis nos rituais e, no
entanto, a maioria dos maçons não o notam. Mas não é só Sol que não é notado,
pois os Irmãos de um modo geral, com algumas exceções enxergam, mas não
sentem o poder e profundidade que estes símbolos encerram, e que eles
representam. Isto acontece também com outros símbolos poderosos que existem
no interior de uma Loja. Não são notados simplesmente pela maioria dos
Irmãos. É uma realidade o que está se afirmando.
Referências
BOUCHER, Joules - Simbólica Maçônica
CASTELLANI, José - Liturgia e Ritualística do Grau de Aprendiz ( em todos os Ritos)
CASTELLANI, José - Origens do Misticismo na Maçonaria
TRONDIAU, Juliem - O Ocultismo
JONES, Bernard E - Freemasons’Guide and Compendium
MACKENZIE, Jonh. L. S.J - Dicionário Biblico.
NICOLA, Aslan - Comentários ao Ritual de Aprendiz – Vademecum iniciático
NICOLA, Aslan - Grande Dicionário Enciclopédico da Maçonaria Simbólica
VAROLI, Teobaldo Fº - Curso de Maçonária Simbólica – 1° Grau
Inúmeros Rituais do primeiro grau consultados
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O Irmão João Anatalino Rodrigues
escreve aos domingos
jjnatal@gmail.com -
www.joaoanatalino.recantodasletras.com.br
ESTUDOS MAÇÔNICOS- AS ORIGENS DA CABALA
Graficamente, a palavra Cabala deriva da raiz hebraica Qibel, que significa “receber”. Assim, ela
originou o termo hebraico Qabalah (Kabbalah), aportuguesado para Cabala, que por definição se
refere ao recebimento da doutrina “não escrita” que supostamente estaria escondida em nomes e
termos bíblicos, alguns deles intraduzíveis para as linguagens desenvolvidas pelos povos do
ocidente, pois remetem a conceitos esotéricos só conhecidos pelo povo de Israel. Dessa forma,
entende-se a Cabala como sendo uma tradição oral transmitida de geração a geração por alguns
iniciados na mística da religião judaica e que pretende conter as verdades enunciadas por Deus aos
profetas de Israel, verdades essas que não são reveladas na Torá escrita. E nas partes em que essas
verdades são recepcionadas nos cinco livros atribuídos á Moisés, elas aparecem cifradas em
títulos, nomes e outros termos, cuja transposição para letras e valores numéricos confere á essas
verdades diferentes significados, só conhecidos pelos iniciados.(1)
Resumindo, podemos dizer que a Cabala é uma tradição que acompanha a saga do povo de
Israel desde a sua mais remota origem. Provavelmente, como bem assinala Dion Fortune em seu
excelente estudo, suas raízes venham de antigas crenças do povo caldeu, de onde Abraão e seus
descendentes a receberam, e por transmissão oral ela foi passando de geração em geração, como
forma de tradição, e esta, por fim, acabou desembocando na corrente rabínica dos mestres da
religião de Israel, que a desenvolveram em um sistema filosófico-místico nos primeiros séculos da
nossa era.(2)
6 – Estudos Maçônicos – As Origens da Cabala
João Anatalino Rodrigues
JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 24/34
A tradição costuma atribuir a codificação da Cabala a um rabino chamado Simeon Ben Yohai,
que viveu no século II da era cristã, no governo do Imperador Adriano. Segundo essa tradição o
imperador romano o teria condenado á morte, razão pela qual Ben Yohai viveu boa parte da sua
vida escondido em uma caverna. Teria sido esse rabino, muito famoso na história da religião
judaica, que reuniu os ensinamentos dos antigos mestres e repassou-os oralmente ao seu filho,
Rabi Ben Eleasar e a outros discípulos seus, na forma de discursos, feitos em uma linguagem
simbólica e mística. Estes, por sua vez, reuniram esses ensinamentos em um livro denominado
Sefer Há-Zhoar (o Livro do Esplendor), que se tornou a Bíblia cabalística por excelência. Esse
livro é composto de vários comentários rabínicos, reunidos em diversos blocos, denominados
“Siphras” entre os quais os mais importantes são o Siphra Ditzeniovtha, (Livro do Mistério
Oculto), o Há Idra Rabba Kadisha (A Grande Assembleia Sagrada) e Há Idra Zuta Kadisha (A
Assembleia Sagrada Menor).
Há vários outros livros e tratados que se referem á essa tradição, como o Sepher Yetzirah e seus
comentários, que contém a cosmogonia cabalística, o Sepher Sefiroth com suas referências, que
esclarecem a teoria das séfiras, e o Asch Metzareph, que é um tratado que relaciona Cabala e
alquimia, passível de ser entendido somente por quem domina o arsenal de simbolismo dessas
grandes tradições. Porém, o mais importante dos tratados cabalísticos é mesmo o Sepher Há -
Zohar³, não esquecendo também os livros escritos pelo grande mestre Isaac Luria, especialmente o
“Livro das Revoluções das Almas” no qual esse famoso rabino desenvolve a tese da
transmigração das almas e as obras de Maimônides, em especial o seu “Guia dos Perplexos”.(4)
Historicamente, porém, como bem demonstra Alexandrian em seu tratado sobre a filosofia
oculta, o Sepher Há - Zhoar só aparece no Ocidente em fins do século XIII, revelado por um
rabino judeu espanhol, chamado Moisés ben Schemtob (1250- 1305) mais conhecido como
Moisés de León , que ensinou os princípios da Cabala nos reinos de Leão e Castela.(6) A partir de
investigações conduzidas ainda na Idade Média, relatadas pelo autor acima citado, muitos
estudiosos chegaram á conclusão que o Zhoar, na verdade, seria um trabalho compilado no século
XIII, e dele teriam participado vários autores, a maioria oriundos da região do Languedoc,
liderados por Moisés de Leon.(7) Nessa região, também conhecida como Provença, uma próspera
colônia judaica florescera nos territórios dominados pelos príncipes simpáticos á doutrina
cátara.(7) Todavia, ainda que se aceite esse pressuposto, não se pode negar que essa tradição já
estava bem desenvolvida na Europa na época medieval, sendo de larga aplicação junto á
comunidade judaica e também entre os cristãos gnósticos, anteriormente ao advento do catarismo.
A prova disso é a existência de várias escolas de ensinamento cabalístico pelo continente
europeu muito antes de a região do Languedoc ter se tornado a capital do misticismo na Europa e
a heresia cátara a principal preocupação da Igreja de Roma. Exemplos dessas escolas foi a de
Isaac, o Cego, que ensinou a Cabala entre 1160 e 1180 na Provença e seu aluno Ezra ben Salmon,
que lecionou, na mesma época, essa disciplina na Espanha. Na Itália destacaram-se os famosos
sábios cabalistas Abraham Abulafia (1240-1291) e na Alemanha Yehuda Ben Samuel, o Piedoso,
e Eliazar, rabino de Worms (1176-1238), os mais famosos cabalistas medievais. (8)
Como já foi referido, ao longo do tempo os praticantes desse sistema desenvolveram dois tipos
de aplicação para a tradição cabalística. Um deles, relacionado com as coisas divinas, foi chamado
de Cabala sagrada, também dita Cabala prática ou operativa. Essa vertente trata dos elementos de
magia relacionados com talismãs, rituais e cerimônias mágicas, invocativas de forças
sobrenaturais. Essa tradição parece ter vindo de antigas fontes sumérias, nas quais os descendentes
JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 25/34
de Abraão se abeberaram. São fartas, no Antigo Testamento, as referências aos urins e tumins,
espécie de amuletos mágicos que os patriarcas e sacerdotes hebraicos usavam para tentar
adivinhar a vontade de Deus.(9)
Um dos magos dessa arte teria sido o próprio Moisés, cujas demonstrações frente aos
sacerdotes egípcios e depois, quando invocou sobre o Egito as pragas e catástrofes que obrigou o
faraó a libertar o povo de Israel, constitui um dos relatos mais impressionantes da Bíblia.
É nesse sentido que Fílon de Alexandria (20 a. C - 50 e. C), historiador e filosofo judeu, que
também cultivou a Cabala, e Maimônides (Rabi Mussa bin Maimun ibn Abdallah, 1135-1204) um
dos mais famosos cabalistas medievais, entendiam ser a Cabala a verdadeira mensagem divina
contida na simbologia da linguagem e na mensagem das formas geométricas. Fílon foi o filósofo
que procurou interpretar as inspirações proféticas judaicas no contexto da filosofia grega,
especialmente as ideias de Platão. Ele foi o precursor da escola de pensamento que se tornou
conhecida mais tarde como neoplatonismo, a corrente filosófica que deu origem ao gnosticismo.
Para esse sábio judeu o significado dos preceitos veiculados na Lei (a Sitrê Toráh) só podiam ser
interpretados pelos iniciados no simbolismo iniciático da religião judaica, pois eles continham
verdades metafísicas sobre a origem, o desenvolvimento e o destino do universo, que se revelados
ao vulgo, causariam uma grande tragédia. Por isso Deus as colocara em símbolos, visões e
metáforas que somente uns poucos eleitos conseguiam entender.Isso porque a Torá era o
instrumento de Criação do mundo, pois ela própria era o Inefável Nome de Deus. Ela era , no
jargão cabalístico, “ a séfira Hochmah (Sabedoria).(10)
Filon é o precursor da filosofia que vê o mundo sendo criado pela palavra Divina. Deus é o
Logos, o Verbo, a Palavra que se transforma em obras. O Logos é a ferramenta com a qual Deus
constrói o mundo. Os anjos são logói, ou seja, palavras saídas da boca de Deus, as primeiras
coisas criadas, que combinadas em seus sons e valores tornam-se instrumentos de criação. O
Verbo é, pois, a verdadeira ferramenta da Criação e através dele Deus fez todas as coisas. Por isso,
Deus, ao apresentar-se a Moisés no Monte Horeb, não declinou o seu Nome, limitando-se a dizer:
Eu Sou.
Destarte, na filosofia de Fílon, toda a verdade sobre o mundo e o homem estava contida na Torá
na forma de símbolos e alegorias que precisavam ser adequadamente descodificadas para serem
corretamente entendidas. Assim, criador e criatura tornavam-se uma coisa só, unida por um
vínculo de causa e efeito onde o destino escatológico do mundo se consumava na própria
necessidade de Ser. Por isso Deus era o Verbo. Deus era Eu Sou. O finito era o infinito tornado
real, e entender o homem era penetrar na mente de Deus.
As ideias de Fílon, como se pode notar, apresentavam um caráter bastante místico que não
agradou aos judeus tradicionalistas. Mas alcançou grande repercussão entre os praticantes da
nascente doutrina que iria dominar o pensamento ocidental nos séculos seguintes. Essa doutrina
era o Cristianismo. Foi sobre as especulações de Filon acerca do Logos e a cosmogonia que delas
se derivou, que os pensadores cristãos, classificados como gnósticos, arquitetaram a maioria das
suas concepções. Por isso boa parte da doutrina gnóstica apresenta um arsenal de simbolismo que
só pode ser entendido por quem domina a linguagem própria dos iniciados na Cabala.(11)
Maimônides, nascido em 1135 na cidade espanhola de Córdoba, foi um dos mais importantes
cabalistas da Idade Média. Foi ele o filósofo que transformou a Cabala numa verdadeira doutrina
filosófica, colocando uma ordem lógica numa tradição que havia se abastardado com a influência
das diversas doutrinas que invadiram o pensamento ocidental após o advento do Cristianismo.
Essas doutrinas vinham principalmente do pensamento cristão gnóstico, impregnado pelos
ensinamentos de Aristóteles e pelas concepções do Islamismo, que ganhara muita influência com
as conquistas muçulmanas na Europa.

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  • 1. JB NEWS Filiado à ABIM sob nr. 007/JV Editoria: Ir Jeronimo Borges Academia Catarinense Maçônica de Letras Academia Maçônica de Letras do Brasil – Arcádia de B. Horizonte Loja Templários da Nova Era nr. 91(Florianópolis) - Obreiro Loja Alferes Tiradentes nr. 20 (Florianópolis) - Membro Honorário Loja Harmonia nr. 26 (B. Horizonte) - Membro Honorário Loja Fraternidade Brazileira de Estudos e Pesquisas (J. de Fora) -Correspondente Loja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas (P. Alegre) - Correspondente O JB News está sendo editado hoje em João Pessoa - PB Saudações, Prezado Irmão! Índice do JB News nr. 2.108 – João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Bloco 1 -Almanaque Bloco 2 -IrNewton Agrella – A Ordem Ritualística dos Movimentos (Editorial de domingo) Bloco 3 -IrJoão Ivo Girardi (Coluna do Irmão João Gira – Sofrimento Provado Bloco 4 -IrJosé Ronaldo Viega Alves – O Elemento Fogo: Simbolismo na Mitologia e na Bíblia ........ Bloco 5 -IrHercule Spoladore – O Sol como Símbolo na Maçonaria Bloco 6 -IrJoão Anatalino Rodrigues – Estudos Maçônicos – As Origens da Cabala Bloco 7 - Destaques JB – Breviário Maçônico - versos do Irmão e Poeta Sinval Santos da Silveira
  • 2. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 2/34 Autor Ir Zelito Magalhães: zelito.magalhaes@hotmail.com Nesta edição: Pesquisas – Arquivos e artigos próprios e de colaboradores e da Internet – Blogs - http:pt.wikipedia.org - Imagens: próprias, de colaboradores e www.google.com.br Os artigos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião deste informativo, sendo plena a responsabilidade de seus autores. 1 – ALMANAQUE Hoje é o 192º dia do Calendário Gregoriano do ano de 2016– (Lua Nova) Faltam 174 para terminar este ano bissexto Dia Internacional da Pizza Se o Irmão não deseja receber mais o informativo ou alterou o seu endereço eletrônico, POR FAVOR, comunique-nos pelo mesmo e-mail que recebeu a presente mensagem, para evitar atropelos em nossas remesssas diárias. Obrigado. Colabore conosco para evitar problemas na emissão de nossas mala direta diária. LIVROS
  • 3. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 3/34  48 a.C. - Pompeu é derrotado na batalha de Dirráquio.  1460 - Guerra das Rosas – Batalha de Northampton: O Conde de Warwick vence novamente e Henrique VI é feito prisioneiro.  1499 - O navegador português Nicolau Coelho retorna a Lisboa, após ter participado da expedição de Vasco da Gama que dobrou o Cabo da Boa Esperança e descobriu o caminho para a Índia.  1553 - Início do reinado de Joana Grey (ou Jane Grey), Rainha de Inglaterra; deposta a 19 de Julho por Maria I (ou Mary I).  1832 - Criação do Município de Pirenópolis, Goiás, fundada em 1727.  1859 - O Big Ben soou pela primeira vez, em Londres..  1932 - Revolução Constitucionalista de 1932: o sul de Mato Grosso rebela-se contra o Governo Provisório e funda o Estado de Maracaju.  1938 - O milionário Howard Hughes consegue um novo recorde mundial ao completar um voo de 91 horas ao redor do mundo.  1943 - Segunda Guerra Mundial: os aliados desembarcam na Sicília, na Operação Husky. Inicia-se a invasão da Itália.  1973 - Independência das Bahamas.  1974 - O poema "Hino dos Bandeirantes" é instituído como letra oficial do Hino do estado de São Paulo.  1985 - O navio Rainbow Warrior, do Greenpeace, é afundado no porto de Auckland, Nova Zelândia, na sequência do rebentamento de uma bomba colocada por agentes daDGSE francesa. O fotógrafo português Fernando Pereira morre na explosão.  1991 - Boris Yeltsin é eleito presidente da Rússia. 1730 Nasce o Irmão Jean-Baptiste Willermoz, ocultista, Rosacruz e ritualista francês 1780 Nasce Januário da Cunha Barbosa, o Irmão Kant, a quem o Brasil deve inestimáveis serviços à causa de sua Independência. 1817 Os Irmãos Domingos Teotônio Jorge e José de Barros Lima, mais o padre Pedro de Souza Tenório e outros implicados na Revolução Pernambucana são executados. 1884 1884 - Foi decretada, por um maçom que governava a Província do Amazonas, o ir.'. Theodureto Carlos de Faria Souto, extinção da Escravidão. Esse ato ficou assim assinalado: Foi um acontecimento que se revestiu de alta significação social e política, pelas suas benéficas conseqüências. 1899 Fundação da Loja Maçônica Caridade Palmense, de Palmas/PR (GOB) 1909 Fundação da Grande Loja da Turquia. 1974 Fundação da Loja Mario Behring nr. 37 de Fortaleza (GLMEC) 1994 Fundação da Loja União e Cultura nr. 139, de Nazário/MG (GLMMG) EVENTOS HISTÓRICOS (fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki) Aprofunde seu conhecimento clicando nas palavras sublinhadas Fatos maçônicos do dia Fonte: O Livro dos Dias 20ª edição (Ir João Guilherme) e acervo pessoal
  • 4. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 4/34 Ir Newton Agrella - CIM 199172 M I Gr 33 membro ativo da Loja Luiz Gama Nr. 0464 e Loja Estrela do Brasil nr. 3214 REAA - GOSP - GOB newagrella@gmail.com "A ORDEM RITUALÍSTICA DOS MOVIMENTOS" Na mesma proporção em que nos guiamos pelo tempo, senhor de nossas vidas, através do exercício contínuo dos ponteiros de um relógio, nos valemos de uma forma disciplinar quando nos movimentamos ritualisticamente dentro de um templo maçônico. A chamada "circulação destrocentrica" - que se observa quando a Loja acha-se composta e em funcionamento - enseja a circulação dos Obreiros sempre no sentido horário, mantendo-se o lado direito do corpo voltado para o centro e é dessa maneira que o Candidato à Iniciação deve marchar ao transcurso de suas quatro viagens simbólicas. Os registros mais remotos da História das Civilizações e da própria dinâmica que se empresta aos movimentos em prol da Evolução e das Energias Positivas refletem o destrocentrismo como o processo de favorecimento às Forças do Bem, da Fluidez da Alma e da Virtude. O Obreiro inicia seu trabalho ao romper da Aurora que simbolicamente parte do Ocidente (oeste) transita pelo Setentrião - prossegue para o Oriente (leste) onde o Sol ganha seu fulgor mais expressivo - viaja para o Sul e completa o seu ciclo horário destrocentrico encerrando suas atividades quando o crepúsculo se pronuncia de volta para o Ocidente. Hora do repouso. Assim esse processo ritualístico se evidencia como forma de os trabalhos em Loja seguirem uma dinâmica evolucionista numa relação causal entre Cosmo, Sol e os elementos zodiacais. O Sol é o elemento universal regente da Ordem Maçônica e identificado como o principio ativo da existência da vida em nosso planeta associado ao gênero masculino e ao poder criador . Na própria Maçonaria Especulativa cuja essência se debruça sobre a investigação teórica da natureza das coisas é que baseado nas Civilizações mais antigas de que se tem registro, esse Astro é divinizado e cultuado pelos povos e não é por acaso que ele ornamenta e se constitui em símbolo orientativo localizado junto ao Trono de Salomão. Seguimos o rumo da orientação evolutiva, baseados no Astro-Rei que nasce, irrompe o dia e se oculta no Ocidente marchando ritualisticamente em prol do aperfeiçoamento humano. Fraternalmente Newton Agrella 2 – Editorial de domingo – A Ordem Ritualística dos Movimentos Newton Agrella
  • 5. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 5/34 O Ir. João Ivo Girardi joaogira@terra.com.br da Loja “Obreiros de Salomão” nr. 39 de Blumenau é autor do “Vade-Mécum Maçônico – Do Meio-Dia à Meia-Noite” Premiado com a Comenda do Mérito Cultural Maçônico “Aquiles Garcia” 2016 da GLSC. Escreve dominicalmente neste 3º. Bloco. SOFRIMENTO PROVADO 1. Rituais GLSC: (...) Qual o operário aplicado à realização da Grande Obra, o Iniciado deverá estar compenetrado no interesse em prosseguir na conquista de uma felicidade contínua e sem mescla. Uma felicidade que se perpetue e que não seja perturbada, não pode, como tal, ser considerada; transforma-se em suplício, porque ela fatiga e conduz ao aniquilamento, à morte. Nossa vida consiste na ação, na luta contra os obstáculos, no trabalho penoso, mas perseverante, empreendido por um ideal a realizar. O esforço, sofrimento provado, é o prêmio da vida, cujas alegrias são exatamente proporcionais às ações empregadas para possuí-las. (RC). 2. Ensaio: Miguel de Unamuno: (1864-1936) Só o sofrimento nos torna humanos. Contexto: Área: Ontologia. Abordagem: Existencialismo Antes: c.500 a.C. Buda afirma que toda a vida é marcada pelo sofrimento e oferece o Caminho Óctuplo como rota de libertação de suas causas. c. 400 d.C. Santo Agostinho pergunta como pode haver sofrimento num mundo criado por um Deus misericordioso e todo-poderoso Depois: 1940 O escritor e estudioso irlandês C. S. Lewis explora a questão do sofrimento em O problema do sofrimento. Século XX A filosofia de sofrimento de Unamuno influencia outros escritores espanhóis, como Federico García Lorca e Juan Ramón Jiménez e o escritor britânico Graham Greene. O filósofo romancista e poeta espanhol Miguel de Unamuno é talvez mais conhecido pela obra Do sentimento trágico da vida (1913). Nela, escreveu que toda consciência é consciência da morte (estamos dolorosamente cientes de nossa privação de imortalidade) e do sofrimento. O que nos torna humanos é o fato de que sofremos. À primeira vista, essa ideia parece próxima daquela de Sidarta Gautama, o Buda, que também disse que o sofrimento é parte inevitável da vida humana. Mas a resposta de Unamuno não vê o sofrimento como um problema a ser superado pela prática do desprendimento. Em vez disso, ele argumentou que o sofrimento é parte essencial do que significa existir como ser humano – uma experiência vital. 3 – Coluna do Irmão João Gira – Sofrimento Provado João Ivo Girardi
  • 6. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 6/34 Se toda consciência equivale à consciência da mortalidade e do sofrimento humano, como Unamuno afirmava, e se a consciência é o que nos torna humanos, então a única maneira de conceder às nossas vidas algum tipo de peso e substância é abraçar esse sofrimento. Se nos afastarmos disse, estaremos nos afastando não apenas do que nos torna humanos, mas também de nossa própria consciência. Amor ou felicidade: Há também uma dimensão ética nas ideias de Unamuno sobre o sofrimento. Ele afirma que é essencial reconhecer a dor, porque somente ao encararmos o nosso próprio sofrimento nos tornamos capazes de amar verdadeiramente outros seres que sofrem. Isso nos apresenta uma dura escolha. De um lado, podemos escolher a felicidade e fazer tudo para nos afastar do sofrimento. Do outro podemos sofrer e amar. A primeira alternativa pode ser mais fácil, mas é uma escolha limitante, ao final - de fato, separar-nos de uma parte essencial de nós mesmos. A segunda alternativa, mais difícil, abre o caminho para a possibilidade de uma vida de profundidade e importância. Frases: Cada novo amigo que ganhamos no decorrer da vida aperfeiçoa-nos e enriquece-nos, não tanto pelo que nos dá, mas pelo que nos revela de nós mesmos. - Somos mais pais do nosso futuro do que filhos do nosso passado. - Quase todos os homens vivem inconscientemente no tédio. O tédio é o fundo da vida, foi o tédio que inventou os jogos, as distrações, os romances e o amor. Obras-chave: Do sentimento trágico da vida; A agonia do cristianismo; Contos completos; Amor e pedagogia. (Fonte: O Livro da Filosofia, Ed. Globo, 2011) 3. Ensaio: Os infernos são os outros: Jean-Paul Sartre: Um relacionamento desgastante entre as pessoas resulta em tormenta eterna. Em 1944, o filósofo existencialista e escritor francês, Jean-Paul Sartre (1905-1980) escreveu uma peça teatral Huis clos (traduzido para o português: Entre quatro paredes) que conta a história de três pessoas mortas condenadas a passar a eternidade confinadas juntas em um quarto. O relacionamento que se desenvolve entre elas é tão desgastante que um personagem termina a peça dizendo: O inferno são os outros. Para Sartre, ateu existencialista, a ideia de Inferno e Paraíso era ficção. Não obstante, ele escreveu Huis clos com o intuito de apresentar sua visão de inferno: um mundo em que somos obrigados a passar a eternidade com pessoas indesejadas. O verdadeiro inferno, dizia Sartre, é a dor e o sofrimento resultantes de uma vida de relacionamentos negativos. O despeito e a desolação presentes na peça levaram muita gente a acreditar que a frase Os infernos são os outros era atribuída à condição da existência humana em geral, e que, segundo Sartre, a única forma de alcançar a verdadeira realidade é viver em isolamento. Sartre esclareceu mais tarde sua intenção, explicando que, se as pessoas estão num relacionamento fracassado, a vida é um inferno, mas isso não significa que todos os relacionamentos são assim. Para qualquer indivíduo preocupado com os relacionamentos sociais e envolvido na busca de uma vida plena, a ideia de que o inferno são os outros é, no mínimo, inquietante, pois nos obriga a refletir sobre nós mesmos, sobre as pessoas com quem compartilhamos a vida, sobre a influência que exercemos uns aos outros e sobre o que podemos fazer (se é que podemos fazer alguma coisa) para encontrar a felicidade. (...) Não há necessidade de atiçador de brasas. O inferno são os outros. (Jean-Paul Sartre, Entre quatro paredes, 1944). (Fonte: 1001 Ideias que mudaram nossa forma de pensar, 2014, Robert Arp). 4) Nietzsche e o sofrimento: Sofrimento, o que é o sofrimento? O que significa sofrer? Para muitos, nos dias de hoje, o sofrimento é uma coisa ruim, que deveria ser banida de nossas vidas;
  • 7. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 7/34 algo que é proporcionado apenas a alguns poucos fracos. Muitos filósofos tentaram reduzir nosso sofrimento, oferecendo conselhos de como amenizar nossa dor, confortando-nos; e religiões, como o cristianismo, que se propõem a oferecer consolo aos seus fiéis. O sofrimento é visto como um sentimento que causa dor, desolação, angústia, falta de autoconfiança. Mas, quem disse que esses sentimentos são necessariamente ruins? Segundo o filósofo alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900), sofrer significa muito mais do que isso. O sofrimento, na filosofia nietzscheana, ao contrário da opinião popular, é algo vantajoso na vida. Sem sofrimento não há vitória, não há sucesso. Embora muitos imaginem o sucesso como fácil e natural para algumas pessoas, na visão de Nietzsche não existe um caminho reto até o topo. Não falem de dons ou talentos inatos. ele escreveu. Podemos listar muitas figuras importantes que não tinham talento, mas conquistaram seu mérito e transformaram-se em gênios. Elas fizeram isso superando dificuldades. Como diz a famosa frase de Nietzsche: Aquilo que não causa minha morte, torna- me mais forte. Esta citação resume bem a visão de Nietzsche sobre o sofrimento. Mas, não basta sofrer, pois, se assim fosse, todos seríamos felizes; todos passam por dificuldades na vida e nem por isso são felizes, ou deixam de passar por grandes dificuldades. A questão é como encaramos o sofrimento, as dificuldades, os fracassos. Para definir metaforicamente sua visão, Nietzsche diz que devemos nos espelhar nos jardineiros. Um jardineiro depara-se com plantas cujas raízes são horríveis, monstruosas, mas o resultado que se obtém delas é sublime! Não há uma bela flor que não tenha uma raiz horrorosa. E é assim que devemos nos comportar, transformando a dor e o sofrimento (a raiz horrorosa), em algo belo (a flor), e proveitoso para nossas vidas. 5. Leonardo Boff: O sofrimento é a grande escola do aprendizado humano. Contém verdade, a frase atribuída a Hegel: o ser humano aprende da história que não aprende nada da história, mas aprende tudo do sofrimento. Prefiro a formulação de Santo Agostinho em suas Confissões: o ser humano aprende do sofrimento, mas muito mais do amor. 6. Visão Católica: Se Deus existe, por que existe o sofrimento? Se Deus existe, por que existe o sofrimento? O sofrimento faz parte da vida do homem, contudo, este se debate diante dos problemas. E o que mais o faz sofrer é o sofrimento inútil, sem sentido. Saber sofrer é saber viver. Os que sofrem fazem os outros sofrer também. Por outro lado, os que aprendem a sofrer podem ver um sentido tão grande no sofrimento que até o conseguem amar. No entanto, só Jesus Cristo pode nos fazer compreender o significado do sofrimento. Ninguém sofreu como Ele nem soube enfrentá-lo [sofrimento] e dar-lhe um sentido transcendente. Ninguém o enfrentou com tanta audácia e coragem como Cristo. Há uma distância infinita entre o Calvário de Jesus Cristo e o nosso; ninguém sofreu tanto e tão injustamente como Ele. Por isso, Ele é o Senhor do sofrimento, como disse Isaías, o Homem das Dores. Os materialistas e ateus não entendem o sofrimento Só a fé cristã pode ajudar o homem a entender o padecimento e a se livrar do desespero diante dele. Muitos filósofos sem fé fizeram muitos sofrer. Marcuse levou muitos jovens ao suicídio. Da mesma forma, Schopenhauer, recalcado e vítima trágica das decepções, levou o pessimismo e a tristeza a muitos. Zenão, pai dos estóicos, ensinava diante do sofrimento apenas uma atitude de resignação mórbida, que, na verdade, é muito mais um complexo de inferioridade. O mesmo fez Epícuro, que estimulava uma fantasia prejudicial e vazia, sem senso prático. Da mesma forma, o fazia Sêneca. E Jean Paul Sartre olhava a vida como uma agonia incoerente vivida de modo estúpido entre dois nadas: começo e fim; tragicomédia sem sentido à espera do nada definitivo. Os materialistas e ateus não entendem o sofrimento e não sabem sofrer; pois, para eles o sofrer é uma tragédia sem sentido. Os seus livros levaram o desespero e o desânimo a muitos. O Werther, de Goethe, induziu dezenas de jovens ao suicídio. A Comédia Humana’, de Balzac, levou muitos a trágicas condenações. Depois de ler A Nova Heloísa, de Rousseau, uma jovem
  • 8. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 8/34 estourou os miolos numa praça de Genebra. Vários jovens também se suicidaram, em Moscou, depois de ler Os sete que se enforcaram’, de Leonid Andreiv. Um dia Karl Wuysman, escritor francês, entre o revólver e o crucifixo, escolheu o crucifixo. Para muitos, essa é a alternativa que resta. Esses filósofos, sem fé, levaram muitos à intoxicação psicológica, ao desespero e à depressão, por não conseguirem entender o sofrimento à luz da fé. Quem nos ensinará sobre o sofrimento? Quem nos ensinará sobre o sofrimento? Somente Nosso Senhor Jesus Cristo e aqueles que viveram a Sua doutrina. Nenhum deles disse um dia: “O Senhor me enganou!” Não. Ao contrário, nos lábios e na vida de Cristo encontraram força, ânimo e alegria para enfrentar o sofrimento, a dor e a morte. Alguns perguntam: Se Deus existe, por que Ele permite tanta desgraça, especialmente com pessoas inocentes? Será que o Todo-poderoso não pode ou não quer intervir em nossa vida ou será que não ama Seus filhos? Cada religião dá uma interpretação diferente para essa questão. A Igreja, com base na Revelação escrita e transmitida pela Sagrada Escritura, nos ensina com segurança. A resposta católica para o problema do sofrimento foi dada de maneira clara por Santo Agostinho († 430) e por São Tomás de Aquino († 1274): A existência do mal não se deve à falta de poder ou de bondade em Deus; ao contrário, Ele só permite o mal porque é suficientemente poderoso e bom para tirar do próprio mal o bem (Enchiridion, c. 11; ver Suma Teológica l qu, 22, art. 2, ad 2). Como entender isso? Deus, sendo por definição o Ser Perfeitíssimo, não pode ser a causa do mal, logo, esta é a própria criatura que pode falhar, já que não é perfeita como o seu Criador. Deus não poderia ter feito uma criatura ser perfeita, infalível, senão seria outro deus. Na verdade, o mal não existe, ensina a filosofia; ele é a carência do bem. Por exemplo, a doença é a carência do estado de saúde; a ignorância é a carência do saber, e assim por diante. O mal pode ser também o uso errado de coisas boas Por outro lado, o mal pode ser também o uso errado de coisas boas. Uma faca é boa na mão da cozinheira, mas na mão do assassino… Até mesmo a droga é boa, na mão do anestesista. O Altíssimo permite que as criaturas vivam conforme a natureza de cada uma; permite, pois, as falhas respectivas. Toda criatura, então, pelo fato de ser criatura, é limitada, finita e, por isso, sujeita a erros e a falhas, os quais acabam gerando sofrimentos. Assim, o sofrimento é, de certa forma, inerente à criatura. O Papa João Paulo II, em 11/02/84, na Carta Apostólica sobre esse tema disse: O sentido do sofrimento é tão profundo quanto o homem mesmo, precisamente porque manifesta, a seu modo, a profundidade própria do homem e ultrapassa esta. O sofrimento parece pertencer à transcendência do homem (Dor Salvífica, nº 2). De uma forma ou de outra, o sofrimento parece ser, e de fato é, quase inseparável da existência terrestre do homem (DS, nº 3). (Fonte: Prof. Felipe Aquino, Canção Nova, 16/01/2015). Rituais: (...) levai à choupana, onde a miséria e o infortúnio fazem gemer e chorar, o amparo de vossa inteligência e o supérfluo de vossas condições sociais. (RI). Finalizando: “A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade”.( Carlos Drummond de Andrade).
  • 9. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 9/34 O Ir.·. José Ronaldo Viega Alves* escreve aos domingos. O ELEMENTO FOGO: SIMBOLISMOS NA MITOLOGIA E NA BÍBLIA. REPRESENTAÇÕES, CERIMONIAIS E PROVAS RELATIVAS AO FOGO NA MAÇONARIA. O USO DAS VELAS EM DIFERENTES RITOS. *Irmão José Ronaldo Viega Alves ronaldoviega@hotmail.com Loja Saldanha Marinho, “A Fraterna” Oriente de S. do Livramento – RS. (...) Por ocasião de uma oferenda em Mekone, Prometeu tenta superar o pai dos deuses em esperteza, escondendo a carne boa no estômago de uma rês e lhe apresentando em lugar disso os ossos recobertos com gordura. Zeus, que reconhece o logro, castiga os homens por isso. Ele lhes retira o fogo. Prometeu, entretanto, rouba algumas centelhas do fogo da lareira celeste e as entrega aos homens. Zeus ferve de raiva e, através de Pandora, envia outros males. A belíssima jovem é equipada com um dom calamitoso: possui uma cornucópia na qual estão encerradas todas as doenças e males. Os irmãos de Prometeu, Atlas, Menoício e Epimeteu levam a belíssima Pandora para sua casa e, por essa prova da hospitalidade, retêm a cornucópia. Em sua ingenuidade, abrem-na e, com a rapidez de um relâmpago, todas as doenças malignas se espalham pela terra. Zeus não quer castigar apenas os homens, mas também o próprio Prometeu. Por sua ordem, este é acorrentado ao Cáucaso onde, dia após dia, uma águia vem devorar-lhe o fígado que cresce incessantemente durante a noite. Sua agonia dura até que Héracles o liberta do suplício, a águia. Não foi esquecido que Prometeu instruiu os homens em artes e ciências, e que lhes transmitiu o fogo: em Atenas ele seria venerado como patrono, principalmente pelos oleiros. Para honrá-lo tinham lugar as procissões de tochas prometéicas, durante as quais se trazia para a cidade fogo novo do altar de Prometeu. Na Teogonia de Hesíodo Prometeu parece como sacrílego desafiante de Zeus, enquanto Ésquilo o retrata como criador e benfeitor dos homens que se rebela contra Zeus. Entre os deuses, Prometeu aparece em estreita relação com Hefesto, o deus do fogo e da forja.” ( Um Breve Relato da Mitologia, pág. 46, 2012) 4 – O Elemento Fogo: Simbolismo na Mitologia e na Bíblia. Representações, cerimônias e provas relativas ao Fogo na Maçonaria. O uso das velas em diferentes ritos José Ronaldo Viega Alves
  • 10. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 10/34 UMA INTRODUÇÃO MAIOR QUE AS HABITUAIS Quantas e quais são exatamente as influências que a Maçonaria incorporou ao longo da sua história? Difícil de responder, ainda mais que, das muitas vezes que se escolhe um assunto para pesquisar, na medida em que vamos nos aprofundando, constatamos que esse já vem de um amálgama de outras influências, um produto final envolvendo em suas origens, a Bíblia, a Mitologia, as diversas culturas da Antiguidade, doutrinas várias, etc. Para falar e escrever sobre o fogo, seriam necessários rios de tinta tentando descrever as suas origens e a importância que a descoberta do mesmo adquiriu para o homem das cavernas e que vai se estender ao longo de toda a história da humanidade na Terra. Além de servir às utilidades mais básicas como cozinhar, aquecer ambientes e iluminá- los, além de ter sido empregado nos tempos bíblicos para processar minérios brutos, ou de ser usado como arma contra os inimigos em várias táticas de guerra, o fogo é LUZ, e isso por si só enriquece sobremaneira todo seu simbolismo que não é pouco. Objeto de verdadeira idolatria desde os primeiro tempos da humanidade, o fogo está disseminado nas Velhas Escrituras, pois, somente neste contexto, está ligado à uma série de palavras que funcionam como sinônimos, digamos assim, já aparecendo tanto no hebraico, no aramaico e o no grego antigo, tudo em função das suas inúmeras utilizações. O extrato que foi utilizado logo acima, retirado de um livro de Mitologia, ilustra parte do simbolismo e da importância que o fogo adquiriu no imaginário da humanidade desde os tempos das civilizações mais antigas. Prometeu rouba o fogo, que era exclusivo dos deuses, e desperta a ira deles. Prometeu dá o fogo aos homens, e muda o destino da humanidade, pois, o fogo representa o princípio do conhecimento, o domínio da natureza e a conquista da tecnologia. Além de tudo, a lenda anuncia que o homem atingiria um determinado estágio, a partir do qual descartariam aqueles deuses. (Horta, Botelho & Nogueira, pág. 219, 2012) Na antiguidade grega especificamente, e desde então, vários pensadores, cientistas e filósofos se encarregaram de estudar os quatro elementos, mas, o fogo, objeto de nosso trabalho despertou parece, um interesse especial. A Alegoria da Caverna, do filósofo Platão, faz referência à luz de uma fogueira, onde: “Um grupo de pessoas está de costas para a entrada de uma caverna, acorrentadas no pescoço e nos pés, sendo que tudo que tem à frente é uma parede da caverna. Por trás delas há um muro alto e por trás do muro passam figuras de formas humanas sustentando outras figuras que se elevam além da borda do muro. Como existe uma fogueira que está queimando um pouco atrás daquelas figuras, ela acaba projetando na parede à frente daquelas pessoas acorrentadas, sombras bruxuleantes. Então, a única coisa que essas pessoas podem ver é o que se poderia chamar de um ‘teatro de sombras’.” A história prossegue ainda com uma série de nuances, onde fundamentalmente Platão procura mostrar a sua teoria das ideias e metaforicamente há uma caminhada em direção à Luz. Quem ainda não leu na íntegra, quem não conhece, deve buscá-la logo, pois, a mesma está contida na obra “A República”, de Platão e é leitura fundamental para o Maçom, já que se pode estabelecer a partir dessa alegoria conexões com o processo iniciático maçônico. Quando falamos acerca dos quatro elementos, ar, fogo, terra e água, os estudos começaram por Empédocles que os idealizou, passando por Pitágoras, Platão, Aristóteles e muitos outros. Desde muito cedo os elementos foram introduzidos na tradição ocultista ocidental, e existe uma aplicabilidade deles que serve a todos os campos da experiência humana. O fogo, nosso objeto de estudo aqui, tem um simbolismo que o define como o mais sutil, o mais ativo e o mais puro dos elementos, sendo que na Maçonaria também ele está ligado a vários dos seus simbolismos. Fazendo uma varredura em minha biblioteca, com vistas a encontrar matéria para o presente trabalho (a gente sempre descobre um livro, do qual não se lembrava da sua existência, e o pior, muito menos sobre como ele teria chegado até ali) encontrei um desses livros, que pelo título chamou-me logo a atenção, ainda mais, que ele tinha tudo a ver com o teor do assunto sobre o qual recaíam minhas buscas. Nunca li o livro, pois, como já disse, sequer sabia que ele estava lá, mas, “O Fogo Criador”, de autoria de J.J. Van Der Leeuw, que para mim é um ilustre desconhecido, soava bastante sugestivo, tanto que, folhando-o pude perceber que o mesmo era sobre Teosofia, doutrina pela qual tenho as minhas reservas, e que não vem ao caso aqui, no entanto, algumas linhas do texto que
  • 11. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 11/34 consta em suas orelhas, me obrigam a reproduzi-las na sequencia, dado que, era como se eu estivesse buscando por aquelas palavras: “Que o fogo seja criador parece um paradoxo, tão entranhada e disseminada anda a ideia de que seja um elemento apenas destruidor. Mas ele é, sobretudo, construtivo, e neste sentido tem aplicação prática na vida cotidiana, desde o preparo de nossa alimentação. E assim também no cosmos, onde está sempre atuante na destruição de formas velhas e na reconstrução de outras novas, para que a vida se perpetue numa manifestação cada vez mais plena e pujante. O fogo foi sempre tomado como um símbolo vivo, dinâmico, poderoso, invencível da Vida Divina. Por isso toda a antiguidade reverenciou o Sol como o mais categorizado e completo símbolo da Divindade Suprema. Por isso também o Antigo e o Novo Testamento descrevem frequentemente o fogo como representante e emblema cintilante de Deus, Cristo e o Espírito Santo. Figura o elemento ígneo da criação universal, de que o Sol é o protótipo. Que seria de nosso universo e de seus habitantes se o Sol se apagasse neste momento? Se o rei da criação ficasse, um dia, definitivamente sepultado em seu ocaso? (...)” Com o mito de Prometeu que roubou o fogo, com o simbolismo que remete à Divindade, com a alusão ao Sol é que se inicia aqui este trabalho que visa mostrar o elemento fogo nos seus diversos usos, a partir da sua história, da sua mitologia, do seu simbolismo nas mais diversas culturas, além da sua relação, importância e representações nos rituais maçônicos. O FOGO ENTRE OS DEMAIS ELEMENTOS Vejamos o seguinte trecho, retirado do “Dicionário Enciclopédico do Pensamento Esotérico Ocidental” em seu verbete “Elementos mágicos”, com o intuito somente de ilustrar e propiciar-nos um melhor entendimento sobre essa tradição que paira em nossa cultura sobre os atributos desses elementos, sobretudo, o fogo. Antes, é mister destacar que para Aristóteles havia ainda, não exatamente um quinto elemento, mas uma unidade de fundo, a partir da qual os quatro elementos se manifestam e à ela retornam, chamada de Quintessência ou Espírito : “É importante compreender que os elementos, não são apenas as substâncias físicas que levam esses mesmos nomes. Cada elemento é uma categoria lógica da existência, que pode ser localizada em qualquer reino da experiência. A Terra representa o que é sólido, estável e duradouro; a água o que é receptivo, influenciável e fluido; o Ar o mediador extenso e envolvente; o Fogo, o ativo, energético e transformador; e o Espírito como o transcendente, o fator que influencia o sistema dos elementos a partir de outro nível. Na psique humana, por exemplo, a Terra aparece como a percepção sensorial, a Água como sentimento (o que inclui tanto a emoção como a intuição), o Ar como o intelecto, o Fogo como a vontade e o Espírito como a percepção em si. Na sociedade, de modo análogo, a Terra se expressa na produção de bens e serviços úteis; a Água, pelos artistas, poetas e atores; o Ar pelos cientistas, estudiosos e professores; o Fogo pelos políticos e soldados; e o Espírito pelos sacerdotes, sacerdotisas, místicos e ocultistas. Finalmente, na física moderna, a Terra aparece como o estado sólido da matéria, a Água como o estado líquido, o Ar como o estado gasoso, o Fogo como energia e o Espírito como o tecido subjacente do tempo e do espaço.” COMENTÁRIOS: As conotações vistas acima, provenientes do universo grego, tem um viés ocultista, mas, de qualquer forma concorreram para influenciar várias doutrinas das que vieram depois em seus simbolismos e correspondências com esses mesmos elementos. A BÍBLIA, AS TEOFANIAS(*): O FOGO COMO REPRESENTAÇÃO DA PRESENÇA DIVINA R. N. Champlin faz os seguintes registros sobre as manifestações de Deus onde o fogo esteve presente também: “As manifestações de Deus algumas vezes faziam-se acompanhar pelo fogo (Êxo. 3:2; 13:21, 22; 19:18; Deu. 4:11). O fogo representava a presença do Senhor, bem como a sua Glória (Eze. 14,13), a sua proteção (II Reis 6:17), a sua santidade (Deu. 4:24), os seus juízos (Zac. 13:9), a sua ira contra o pecado (Isa. 66:15,16; o seu Santo Espírito (Mat. 3:11; Atos 2:3). Também devemos levar em conta as chamas da sarça ardente, na experiência de Moisés, e da coluna de fogo, no deserto, que orientava o povo de Israel e representava a presença de Deus (Êxo. 3:3; 13:21; 19:18). A referência, em II Reis 1:9-12 e 2:11 às carruagens e cavalos de fogo, diz respeito à presença do Senhor, que se manifestou de modo súbito, em arrebatamento. A presença protetora de Deus evidenciou-se nos cavalos e nos carros de fogo, da experiência de Eliseu (II Reis 6:17).”
  • 12. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 12/34 COMENTÁRIOS: A Bíblia como pudemos ver está recheada de citações, alusões e representações sobre o fogo, sem falar que existem referências à ira de Deus e aos castigos impostos que são demonstrados pela imposição do fogo, o que sugere então uma associação direta entre uma das formas de juízo divino como sendo o fogo. Como exemplo, temos as cidades de Sodoma e Gomorra, que foram consumidas pelo fogo. Há uma quantidade muito grande de metáforas também ao longo da Bíblia que remetem ao elemento fogo, assim como, há alusões nos livros psedepígrafos e no Novo Testamento. Além do mais, quem não foi contaminado em seus pensamentos por representações de um inferno feito de fogo e de chamas, ou mesmo sobre o julgamento final e o próprio fim do mundo, ou Apocalipse ou Armagedon (um holocausto nuclear?) pelas chamas, pelo fogo? ALUSÕES E SIMBOLISMOS RELACIONADOS AO FOGO NA MAÇONARIA ESPADA FLAMEJANTE Um dos tem uma das representações mais poderosas da Maçonaria, principalmente na cerimônia de Iniciação. A sua utilização e o simbolismo nela contido, onde, a alusão às manifestações do fogo são de uma riqueza única nos rituais maçônicos. Vejamos um pouco mais: “1. Assim chamada por apresentar a lâmina ondulante apresentando chispas de fogo. É usada pelo Venerável Mestre como símbolo do poder criador do G.’.A.'.D.’.U.’. ou da vida que ele representa. Entregue ao Venerável Mestre no dia de sua Instalação, significa a potência espiritual. Ao seu triplo tinir com os golpes de malhete, é o recipiendário iniciado e admitido nas fileiras maçônicas.2. É um instrumento de transmissão iniciática por excelência. Somente é utilizada pelo Venerável mestre, na hora da concessão da Luz e na hora da concessão do Grau. Não pode jamais ser tocada por um Irmão que não seja mestre instalado e, mesmos estes ‘jamais devem tocar sua ponta para não quebrar sua imantação.’ É uma lembrança do querubim que guardou o portão do Jardim do Éden, após a expulsão de Adão e Eva. Este anjo estava munido de uma espada cuja lâmina era uma língua de fogo. 3. A Espada Flamejante, que só pode ser tocada pelo Venerável Mestre, não pode ser embainhada (pois não é possível embainhar o fogo) e nem encostada no candidato durante a sagração (pois o fulminaria).(...) 5. (...) Nas mãos do Venerável Mestre, a Espada Flamejante simboliza a Luz e a fonte de toda a Ciência Maçônica, que resplandece para ser propagada em todas as direções, sem ponto de mira fixo, como fazem as chamas que se elevam ao infinito.” INICIAÇÃO: A PROVA DO FOGO Com relação a esta prova, uma dentre as quais o Candidato é submetido durante a sua Iniciação, diz o “Vade-Mécum Maçônico”: “Simbolicamente, a prova do Fogo representa a chegada do Recipiendário nas proximidades de Templo, pois o Fogo tem sido sempre o símbolo do Pórtico do Santuário. Na realidade, o Fogo é o grande purificador, ao qual nenhuma impureza resiste. A sua finalidade é fazer com que se manifeste no Candidato a Voz da Consciência profunda que nos censura, impiedosamente, toda falta ao Dever, que destrói em nós tudo que se opõe ao Bem, ao Ideal; que sob a forma de Remorso nos queima e tortura, e sob o Arrependimento, nos purifica, ajudando-nos a expiar e a nos reerguermos com coragem. O Candidato deve aceitar os sacrifícios que são os corolários desses deveres e submeter-se à purificação final que, desenvolvendo a sua Vontade, o colocará em condições de agir e servir.” Ainda, com base no “Vade-Mécum Maçônico”: “As purificações feitas no decurso das viagens lembram-me que o homem não é bastante puro para chegar ao Templo da Filosofia.” (RA) AS VELAS NA MAÇONARIA Vejamos algumas passagens extraídas do “Vade-Mécum Maçônico”, para que entendamos melhor o seu simbolismo e o seu uso na Maçonaria: “As velas são acesas durante a sessão da Loja, mesmo se for realizada em pleno dia, visto que tais velas não tem por finalidade dispensar as trevas materiais, sendo um sinal de alegria e representando a luz interior. O uso de acender velas é antiquíssimo para iluminar o local onde se realizam as cerimônias iniciáticas. O número de velas, a sua composição e o seu simbolismo são minuciosamente determinados nos Rituais maçônicos, assim como no cerimonial eclesiástico. A vela é uma tradição que remonta à maçonaria Operativa. No entanto, pelo simbolismo que encerra, a vela transcende da
  • 13. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 13/34 condição de simples acessório e devem ser-lhe dispensados os mesmo cuidados que os antigos dedicavam ao Fogo Sagrado do lar, que devia permanecer em toda a sua pureza. (...) As velas não são um simples ornamento nem um mero detalhe do Ritual. Nos Ritos que as empregam , e particularmente o R.E.A.A. elas simbolizam o Fogo Sagrado que, por sua vez, é o símbolo do Grande Arquiteto do Universo. (...) As velas são ainda , com suas chamas, o símbolo da transformação que se deve submeter permanentemente o maçom na sua busca incansável pelo aperfeiçoamento pessoal. (...) O acendimento das velas não é propriamente uma ato litúrgico inerente ao R.E.A.A.. Todavia, no Brasil, o Cerimonial do Acendimento das Velas adquiriu proporções especiais por duas razões básicas: 1º) em face da origem Adoniramita da Maçonaria Brasileira; 2º) pelas características sentimentais e de espiritualização do próprio Maçom brasileiro.” Ao final do verbete “Velas, Acendimento das” há uma espécie de conclusão onde é dito sobre o Cerimonial do Acendimento das Velas: 1 – O Acendimento das Velas não parece ser uma cerimônia dos Escocismo. 2 – Muitas Lojas que praticam o R.E.A.A. no Brasil incorporaram ao seu Ritual este cerimonial. 3 – Muitos obreiros tem vontade de continuar a prática deste ato, que efetivamente embeleza o Rito, induz à reflexão, facilita a meditação e espiritualiza os trabalhos. (...) RITO ADONHIRAMITA: O CERIMONIAL DO FOGO Para quem é praticante e membro de uma Loja do Rito Adonhiramita, ou ainda, para os Irmãos visitantes de outros Ritos que tiveram e terão a oportunidade de presenciar, a evolução de uma sessão ritualística do citado Rito, o Cerimonial do Fogo (entre outras peculiaridades tão próprias do Rito e que perfazem momentos de grande esoterismo), a cerimônia é revestida também de grande beleza visual. O Cerimonial do Fogo conforme a liturgia Adonhiramita, “alude a uma invocação ao Senhor de Todas as Luzes, ao G.’A.’.D.’.U.’., cujos atributos infinitos estão sintetizados nas três palavras anunciadas por cada uma das Luzes da Loja”, ou seja, Sabedoria, Força e Beleza. Vejamos a seguir a brilhante explicação do Irmão Marcos José Santos da Silva, em um trabalho da sua autoria intitulado “Simbolismos do Rito Adonhiramita”, acerca do “Cerimonial do Fogo”: “CERIMONIAL DO FOGO - Este Cerimonial na realidade tem seu início antes da abertura da Loja, quando a Chama Sagrada que irá presidir os trabalhos é reanimada pelos quatro Irmãos, que simbolicamente representam os quatro pontos cardeais, que adentram o Templo antecipadamente para este fim. A Chama Sagrada é o emblema do Sol que é o símbolo visível ou do mundo físico da Divindade que nos emite continuamente sua energia como luz e calor, sem os quais não haveria vida no planeta. O Cerimonial do Fogo tem, portanto, o propósito de se levar estas energias, luz e calor, para as regiões do orbe terrestre que o Templo representa indo do Oriente para o Ocidente no seu acendimento, e realizando no sentido oposto seu adormecimento porque o Sol tem no Ocidente o seu ocaso. Compreende-se muito pouco o significado do fogo nas Cerimônias Maçônicas, mas sabemos que uma vela acesa com intento religioso equivale a uma oração, e sempre atrai do alto um fluxo de energia positiva. Entendemos que as frases pronunciadas pelo Venerável Mestre e pelos Vigilantes por ocasião do acendimento das chamas, tem o objetivo de atrair estes fluxos de energias por eles representarem cada qual um aspecto do Logos. Quando o Venerável Mestre diz: ‘Que a luz da sua Sabedoria ilumine os nossos trabalhos’ é importante que todos os Irmãos o auxiliem nesta invocação ou esforço para atrair o Aspecto Divino do Amor-Sabedoria para derramar-se sobre todos em Loja. Da mesma maneira quando o Primeiro Vigilante diz: ‘Que a luz de sua Força nos assista em nossa obra’, todos devem pensar intensamente no aspecto Força-Vontade Divina desejando que esta energia flua por seu intermédio; e, por último quando o Segundo Vigilante diz ’Que a luz da sua Beleza, devemos pensar no aspecto Beleza-Inteligência Divina fluindo para todos através dele. Isto deve ser consolidado ‘ após o pronunciamento das referidas frases. O mesmo procedimento deve ser observado por ocasião do adormecimento do fogo quando é invocado ‘Que a luz da sua beleza continue flamejante em nosso corações’, pelo Segundo Vigilante, ‘Que a luz da sua Força permaneça atuante em nosso corações’, pelo Primeiro Vigilante, e “Que a luz da sua Sabedoria habite em nosso coração, pelo Venerável Mestre, sendo o Cerimonial totalmente concluído ao ser adormecida a Chama Sagrada, após a saída de todos os Irmãos do Templo, pelos mesmos Irmãos que realizaram o seu avivamento no início dos trabalhos.
  • 14. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 14/34 Sabemos que igualmente ao Sol que derrama incessantemente sua Luz e calor indistintamente sobre toda a humanidade, o Grande Arquiteto do Universo emite continuamente suas energias e a realização do seu serviço. Observamos que estas cerimônias são executadas exatas e de maneira brilhante, mas vários Irmãos não percebem a importância do pensamento nele concentrado e a compreensão de todo o seu alcance e significado. Devemos, pois, trabalhar com amor e abnegação, rogando as bençãos do Grande Arquiteto do Universo para que alcancemos a verdadeira iluminação. COMENTÁRIOS: Há uma explicação sobre o uso de velas exatamente e pelo fato de que aquelas utilizadas, além de cumprirem a tradição, são feitas de cera pura de abelhas, portanto emite uma chama pura, o que em outras palavras é o mesmo que fogo. O simbolismo mantido nas cerimônias do Rito Adonhiramita, nesse caso específico, se prende ao fato de que o fogo, um dos quatro elementos da natureza, além do aspecto mágico, a ele é atribuída uma origem divina, daí o simbolismo que é mantido no Rito. O RITO SCHRÖDER E O FOGO RITUALÍSTICO: LUZES E VELAS Sem querer tecer comparações, mas, com o puro objetivo de mostrar um pouco mais sobre o uso do fogo (velas) na liturgia maçônica, eis que, à medida que o homem foi aperfeiçoando os seus rituais desde a antiguidade (as fogueiras das antigas cavernas onde funcionavam templos e o fogo era mantido como sagrado), o fogo que substituiu o das fogueiras transformou-se com o tempo nas chamas das tochas, e mais tarde ainda, nas chamas das velas, e assim elas se tornaram um fogo simbólico e ritualístico. O Rito Schröder também se reveste de uma bela cerimônia para o acendimento de velas, o que está descrito no livro “A Compreensão e Prática do Rito Schröder” de autoria do Irmão Luiz Roberto Voelcker, do qual retiramos os esclarecimentos que seguem: “No Altar haverá uma Luz (vela), que deverá estar acesa antes do início dos trabalhos. Logo ao início dos trabalhos o Venerável acende nesta Luz outra pequena vela, que também se encontra sobre o Altar, e a entrega ao 1º Diácono. Este, por sua vez, portando a vela pequena acesa, vai até os Vigilantes, os quais nela acendem as velas de suas respectivas mesas. Isto posto, o 1º Diácono dirige- se para junto da Coluna da Sabedoria onde aguarda pelo Venerável. O Venerável, após chamar os Vigilantes para o auxiliarem a acender as Luzes (velas) de suas Colunas, se dirige para a Coluna da Sabedoria. Acende então a vela de sua Coluna na pequena vela portada pelo 1º Diácono. Em seguida o 1º Diácono recoloca a pequena vela no Altar, apagando-a com o abafador que lá se encontra e retorna ao seu lugar. Os Vigilantes acendem as Luzes de suas Colunas nas velas de suas mesas e postam-se junto as suas Colunas. Quando o Venerável e os Vigilantes estiverem junto as suas Colunas, seguram as velas das Colunas, já acesas, com a mão esquerda, põem-se à ‘Ordem’ e pronunciam as respectivas Sentenças ao colocar, um após o outro, na sequência prevista no Ritual, as velas em suas respectivas Colunas. Durante a pronunciação das Sentenças, o Guarda do Templo aumenta, paulatinamente, a cada frase, a iluminação do Templo. Após a colocação das velas nas Colunas, o Venerável e os Vigilantes concluem simultaneamente o Sinal, retornando a seus lugares sem circundar o Tapete, pois não deixaram de estar, respectivamente, no Oriente. Os Malhetes permanecem em suas mesas durante o acendimento das Luzes. Ao término dos trabalhos, as Luzes das Colunas são apagadas ritualisticamente, uma após a outra, concomitantemente ao proferimento das respectivas Sentenças e com a utilização do abafador disponível em cada Coluna.” O Irmão Luiz Roberto Voelcker fecha com chave de ouro e grande sensibilidade, a sua descrição da bela cerimônia ritualística dizendo: “O fogo sagrado jamais deverá ser soprado para ‘não ser poluído por hálito humano’, segundo uma antiga tradição persa.” CONCLUSÃO A descoberta do fogo e a sua utilidade, a importância do mesmo para a própria evolução da humanidade, já vem embutida na lenda de Prometeu. O simbolismo que cerca o fogo nas mais diversas doutrinas e filosofias tem um alcance quase inimaginável. Vimos uma parte do todo, e vimos sobre as suas representações nos Ritos maçônicos, o que também se revela incompleto, já que deve haver muito mais. No entanto, é possível que um
  • 15. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 15/34 assunto tão rico desperte a curiosidade e a vontade de Irmãos que queiram escrever mais sobre o assunto. Há muitas razões para isso, pois, como disse, vimos uma parte, e todo esse simbolismo tem muito das suas raízes e dos seus desdobramentos presentes ainda nos cultos solares do passado remoto, no rosacrucianismo, na alquimia, nas oferendas e sacrifícios em templos antigos, etc. Uma das máximas herméticas diz: “Igne Natura Renovatur Integra”, o que quer dizer “O fogo renova toda a natureza”, e por aí já dá para imaginar a dimensão que esses estudos podem alcançar. O Maçom estudioso e espiritualizado, pôde ver o quanto esse simbolismo do fogo está presente na Maçonaria, e seguindo a evolução natural dos Graus na sua senda, se deparará outras vezes com o fogo e as suas representações. (*) TEOFANIA: Teofania é o mesmo que aparição ou revelação de uma divindade. Também, pode ser traduzida pela manifestação de Deus em um lugar. BIBLIOGRAFIA: Internet: “Simbolismo do Rito Adonhiramita” – Trabalho de autoria do Irmão Marcos José Santos da Silva. Disponível em: files.arlspentalpha.webnode.com.br/.../ Livros: CHAMPLIN, R.N. “Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia” – Volume 2 – Editora Hagnos – 9 Edição - 2008 GIRARDI, João Ivo. “Do Meio-Dia à Meia-Noite Vade-Mécum Maçônico” – Nova Letra Gráfica e Editora Ltda.2008. 2ª Edição. HORTA, Maurício & BOTELHO, José Francisco & NOGUEIRA, Salvador. “Mitologia Deuses – Heróis – Lendas” – Editora Abril S.A. 2012 UM BREVE RELATO SOBRE MITOLOGIA– Editora Escala Ltda. – 2012. VAN DER LEEUW, J.J. “O Fogo Criador” – Editora Pensamento – 1964 VOELCKER, Luiz Roberto. “A Compreensão e a Prática do Rito Schröder - Grau 1” – A. R. L. S. Zur Eintracht – 2ª Edição – 2016 – Porto Alegre
  • 16. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 16/34 O Ir Hercule Spoladore – Loja de Pesquisas Maçônicas “Brasil”- Londrina – PR – escreve aos domingos hercule_spolad@sercomtel.com.br O SOL COMO SÍMBOLO NA MAÇONARIA O Sol é a estrela mais próxima da Terra, dentro da existência de milhões de sistemas solares que existem no Universo. Considerado como um astro de quinta grandeza é uma estrela de pouca importância em termos cósmicos. Todavia ele é muito importante para terráqueos, porque sem ele possivelmente não haveria vida no planeta. Graças ao avanço da ciência atual em especial da Astronomia, Radioastronomia, Física, Química, Espectografia e outras ciências ainda mais modernas, hoje se sabe alguma coisa a respeito do universo e muito a respeito do Sol, a saber, sua forma sua densidade, massa, movimentos, dimensões e praticamente todos os fenômenos solares, mas, diga-se de passagem, não se sabe tudo a seu respeito. Sabe-se o suficiente para se compreender que ele é apenas umas das manifestações da grandiosidade do GADU, fazendo parte de um todo e que seu calor, energia e através das reações físico-química nucleares, ele protege o fenômeno vida neste planeta. Se se quiser tentar explicar todos estes fenômenos citados se entrará no campo da Metafísica onde existem centenas de teorias, mas se se tentar chegar às causas primeiras cada vez mais se sentirá a presença pujante do GADU. Sabe-se de antropogênese que estuda as origens da evolução do ser humano e que este caminha através do amadurecimento da espécie para a perfeita compreensão e união com a realidade divina. Se dirigir-se este estudo ao passado, perceber-se-á que no caso do homem primitivo era muito diferente. Por razões físicas e psicológicas, o homem ainda 5 – O Sol como Símbolo na Maçonaria Hercule Spoladore
  • 17. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 17/34 novo no planeta, acreditava e venerava o Sol como um deus. Mesmo após a evolução da humanidade, ainda assim os ancestrais do homem atual cultuaram o astro-rei por milhares de anos como um ser divino. O homem primitivo tinha um pavor imenso do entardecer, porque logo a seguir vinha a noite tenebrosa e fria, repleta de mistérios. No dia seguinte quando o Sol ressurgia ele voltava a ficar contente e feliz, pois o Sol lhe trazia de volta a luz, calor e também a vida. Nestes sucessivos desaparecimentos e ressurgimentos intermináveis que caracterizam a marcha do Sol, sempre nascendo e chegando ao zênite para depois declinar para o poente ou acaso do Sol ou nadir e depois ressurgir novamente significava em sentido simbólico para os antigos que o Sol sempre vencido pelas trevas, voltava sempre vitorioso, como se fora um vencedor ressuscitado, um verdadeiro herói. Para eles O Sol não morreria mesmo descendo aos infernos chegando ao oceano ou ao lago das aguas inferiores os quais eram atravessados por ele sem que ele morresse. Já estava aí implícita a ideia da ressureição. Inicio da formação de um mito. Davam ainda a conotação que tendo em vista o “nascimento” marcha ou curso e a sua “morte” significavam simbolicamente a eterna porfia entre o Bem e o Mal, sempre vencida pelo Bem. Sendo assim, o homem primitivo, mais pelo seu temor às revelações da natureza, via no Sol algo de sobrenatural e não tendo condições intelectuais, que se tem hoje, venerou o Sol, como um deus, pois não sabia fazer o relacionamento astrológico não tinha condições de diferenciar o que achava divino com aquilo que é realmente divino. Isto aconteceu em função da mente limitada do homem primitivo, fazendo com que ele no inicio de seu aparecimento na Terra, confundisse o Sol com a divindade principal, para muito tempo depois talvez milhares de anos com a evolução da humanidade se compreendesse e aceitasse o astro-rei como apenas mais um dos dons do GADU. Assim sendo, o Sol foi cultuado em todos os mitos e religiões antigos. Representava para eles a vida, o calor a fecundidade, o vitalizador essencial. Dai nasceu o culto solar. Em todas as partes do mundo em todas as civilizações em determinado momento de sua história considerando-se o seu nível cultural, o culto solar predominou. Porem, aos poucos e isto pode representar milhares ou milhões de anos, foi se apercebendo, naturalmente que havia algo de superior, de mais elevado, por trás
  • 18. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 18/34 do astro que adoravam como divino. Começaram a notar com o tempo certa interdependência, do Sol com a Lua e outros astros. Segundo a história dos povos, os egípcios teriam sido os primeiros a buscar o transcendental. Entre eles haviam os deuses aos quais veneravam como deus- sol. Assim cita-se Ra ou Rê, Amon Acton ou Amon-Rá e ainda Osiris. Na Babilônia havia o rei-sol Samasch. Entre os persas havia um culto um pouco mais transcendente à Ormuz. Mitra também fazia parte deste culto solar. Entre os judeus são raras as citações bíblicas em que se faça alusão religiosa ao Sol. Ele era venerado nos cultos astrais do século VII (cf. Exército do Céu) (2 Re 23,5 e Jr 8,2) “Cavalos e carros consagrados ao Sol estavam no Templo de Iahewh durante aquele período”. Em (2. Rs.2, 3,4) “No tempo de Ezequiel o culto do Sol era praticado com incenso” (Ez. 16). Como corpo natural o Sol era criatura de Iahewh e foi criado depois da Luz. Os hebreus evoluíram para um Deus tão transcendental, cujas concepções atuais são juntamente com o cristianismo, as que mais se aproximam da concepção maçônica do GADU. Todavia, se o GADU for analisado como divino ele é mais abrangente e mais completo que o Deus dos cristãos e dos judeus. Ele é mais elevado, mais transcendental. Por estas razões o Deus dos livres pensadores é o “Deus que fez os homens e não o Deus que os homens fizeram”. O Sol foi inclusive adorado como divindade pela civilização pré-colombiana destacando-se os astecas, os incas como principais adoradores. Os gregos e romanos também participaram do culto solar. Roma ainda sob a religião mitraica celebrava no solstício de verão a volta do Sol A Maçonaria, pelo acervo de princípios que ela encerra dentro de sua doutrina, os quais são a essência do pensamento humano de todos os tempos, é uma doutrina filosófica e de moral das mais elevadas da humanidade. Ela sofreu influências e está profundamente marcada por antigas civilizações, correntes ocultistas, alquimistas, rosa-cruzes, religiões, por filósofos, livres-pensadores além da Bíblia, que é a maior fonte de símbolos da Ordem. Tomou tudo emprestado, adaptou, burilou para si o que de melhor existia em todas estas influências citadas, sem alterar o seu valor moral. Transformou todo este potencial em seus rituais, símbolos, ensinamentos procedimentos além de outras influências, em sua própria doutrina. Todavia, dando a sua própria interpretação a estes símbolos.
  • 19. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 19/34 Assim sendo entre os inúmeros símbolos que ela tomou emprestados das antigas civilizações, ela adotou o Sol como um dos seus. Os ocultistas, através da alquimia aceitam que o Sol corresponde ao elemento Fogo. Ele é ativo, e quase sempre benéfico, podendo ser maléfico O Sol que chama à vida os vermes, poderá também destruí-los. O Sol ainda se relaciona, segundo os alquimistas com o Ouro juntamente com a Lua, com o Enxofre e com o Mercúrio. Uma das obras pretendidas pelos alquimistas era a Arvore Solar, também chamada a grande obra ou do Sol, Magnus Opus ou ainda Crisopéia, cuja pedra filosofal transforma os metais em ouro. Ainda era evocada a ambivalência do Sol resplandecente de um lado, e negro e invisível do outro lado. Esta imagem a alquimia tomou para representar a primeira matéria inconsciente e não elaborada. O nascer do Sol é então simbolizado pela transmutação em Ouro, da matéria que como o Sol em seu percurso passa do branco para o vermelho. Dos alquimistas, segundo alguns autores a Maçonaria teria tomado emprestado o termo “Arte Real”. Os Rosacruzes teriam deixado através da Rosa e a Cruz onde a Terra simbolizada pela Rosa seria o ser feminino e o Sol, elemento masculino com sua força criadora fecunda a Terra seria simbolizado pela Cruz. Existem outros significados para a Rosa a Cruz, dependendo dos autores. O SOL NA MAÇONARIA O Sol aparece na Maçonaria no Painel simbólico e alegórico, aparece na decoração do templo, no teto da Loja, no painel do Oriente ou Retábulo, aparece em trechos ritualísticos, em quase todos os Ritos, ainda simbolizado nas Paralelas Tangenciais, isto é no símbolo conhecido como Círculo e o Ponto Central. O Sol que aparece no teto da Loja, altaneiro, radiante lembra o homem primitivo e sua adoração pelo astro-rei, mas também lembra a evolução da humanidade, o seu despertar para o conhecimento, através do qual se sabe hoje tratar-se o Sol apenas com uma das dádivas de Deus, ou uma das manifestações da grandeza material e espiritual do GADU. Quanto à decoração do teto da Loja, o Sol deverá estar pintado, desenhado ou esculpido sempre no Oriente, pois é de lá que vem a Luz, sendo que a pintura neste local, ou o fundo deverá sempre estar mais claro que no Ocidente, pois
  • 20. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 20/34 este representa o dia. Já no Ocidente deverão estar a Lua, planetas e demais astros deverão ter o fundo mais escuro, pois representam a noite. Sol e a Lua devem estar no Retábulo ou Painel do Oriente que é um painel situado atrás do trono do Venerável. Entre estes dois astros, deverá ter um triângulo dourado tendo no seu centro o Olho Onividente. Estre triângulo também é conhecido como Delta Luminoso sendo considerado o maior símbolo do grau de Aprendiz. No Retábulo ou Painel do Oriente devem coincidir as posições do Sol e da Lua representativas destes astros inseridas no dito painel simbólico do grau. Assim de se tomar como ângulo de visão a posição de quem entra na Loja pelo Ocidente perceberá que o Sol se coloca à direita e a Lua à esquerda. É importante frisar que o Orador é representante do Sol em escala cósmica, por conseguinte também o é em Loja. O Orador deverá sempre ter seu lugar em Loja no mesmo lado que o Sol do Painel do Oriente. Sabemos que o Orador deve emanar Luz, como guarda da Lei Maçônica. Ele também é responsável pelas peças de oratória. Ele deve desfazer as confusões, as dúvidas muito comuns nas discussões e proposições. Ele deve também tentar fechar o triângulo entre os reclamantes nas discussões, disciplinando de acordo com as leis, mas nunca sob sua opinião. Existem muitos Oradores que se arvoram em donos da Lei e da Loja e alguns ainda gostam de palrear, de matraquear, mostrar sua retórica, eloquentes às vezes costumam fazer palestras paralelas aos trabalhos da Loja e dão a sua própria opinião ao invés de ser uma opinião neutra segundo a lei. Isto é inconcebível, mas acontece em muitas Lojas ainda. Ainda o Orador representa Febos ou Apolo deus-Sol dos gregos e romanos, criador da poesia, música do canto da lira, das profecias e das artes. Costuma-se dizer que o Orador ilumina e o Secretário registra. Tanto no Painel Simbólico como Alegórico do grau de Aprendiz vemos o Sol a Lua e as estrelas de interesse maçônico (Aldebarã, Arcturus, Régulos, Antares e Fomalhaut. São consideradas estrelas reais, também chamadas as cinco estrelas maçônicas), além de outros astros que estão pintados no painel. Ainda os rituais mencionam que os obreiros devem circular como a Terra em torno do Sol. Nos antigos rituais havia uma pergunta que o Venerável fazia para o recém- recebido maçom: O que viste ao receber a Luz? Este respondia: O Sol a Lua e o Venerável da Loja. O sol para governar o dia, a Lua, a noite e O Venerável para governar a Loja. Atualmente este diálogo foi abandonado. Os Maçons que fundaram a Grande Loja de Londres em 1717 quando acendiam os três círios (velas de cera pura, de abelhas) os chamavam de as Três Grandes
  • 21. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 21/34 Luzes, que representavam as três posições do Sol. Também afirmavam que os três círios simbolizavam o Sol, a Lua e o Venerável da Loja. A Maçonaria não pratica o culto solar, mas é muito influenciada por ele e ainda faz lembrar a lenda Hirâmica em nossos rituais. O Sol desempenha como símbolo um papel importante. O curso e o esplendor do Sol quer no dia a dia quer nos solstício de inverno e verão são descritos. Está bem frisado em todos os ritos, o especialmente nos diálogos entre Venerável e Vigilantes executando o ritual mostra o trajeto do Sol. De qualquer forma os trabalhos sempre são abertos simbolicamente ao meio dia e encerrados à meia noite, estando aí implícita a ideia da representação do percurso realizado pelo astro-rei. A representação da marcha do Sol em nossos rituais é bastante obvia quando se menciona que o Sol nascente é representado pelo Venerável o Sol no zênite pelo Segundo Vigilante e o sol no poente ou acaso do Sol pelo Primeiro Vigilante. Quando o Sol nasce ele está no Oriente de onde vem a Luz, a direção da Loja através do Venerável. Quando ele está no zênite, ao meio dia sua passagem pelo meridiano é verificada pelo Segundo Vigilante. Isto significa que o maçom começa a trabalhar numa hora em que não projetará sombra a ninguém. No final dos trabalhos será o mesmo Segundo Vigilante que anunciará que é meia noite que é hora de descanso, portanto o Sol está no nadir, e o Primeiro Vigilante refere que o Sol se esconde no Ocidente, sendo, portanto hora de fechar a Loja por ordem do Venerável. Quanto aos solstícios de verão e inverno estão representados no Painel Alegórico onde aparece um móvel com um altar quadrado, em cuja face anterior está desenhado um circulo com um ponto central que simboliza o Sol ladeado por duas paralelas, sendo que no caso são as próprias linhas limites dos lados do móvel quadrado. Trata-se da representação do Círculo com um ponto central, com as Paralelas tangenciais. As paralelas simbolizam para os maçon., São João Batista e São João Evangelista. Ainda simbolizavam para uma corrente de maçons antigos as famosas figuras bíblicas Moisés e Salomão. As datas comemorativas pelos maçons destes dois santos são: São João Batista dia 24/06 no hemisfério sul e São João Evangelista no dia 27/12 no hemisfério norte. Datas muito próximas das datas que os antigos comemoravam. As religiões antigas que praticavam o culto solar na Europa comemoravam estas festas especialmente no dia 22/12, ou seja, o dia da volta do Sol ou seu renascimento (natalis invictis solis) e realizavam festas com grandes pompas, com sacrifícios enfim uma série de comemorações ritualísticas.
  • 22. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 22/34 Acresça-se que o cristianismo aproveitou estas datas, colocando-as como comemorativas aos seus santos, mas não bem as mesmas datas, mas sim, próximas dos solstícios de verão e inverno. Assim aproveitou também o dia 25/12 como sendo o nascimento de Cristo, data esta que os antigos tinham como nascimento de Mitra em 2700 anos A.C. E também com o desaparecimento da adoração do Sol, quando o cristianismo substituiu o mitraismo no século II, D.C. Cristo passou a ser a Luz que ilumina a humanidade, substituindo o Sol. Como se poderá perceber o Sol é um símbolo maçônico tão presente na Maçonaria, nas pinturas, na abobada celeste, nos painéis nos rituais e, no entanto, a maioria dos maçons não o notam. Mas não é só Sol que não é notado, pois os Irmãos de um modo geral, com algumas exceções enxergam, mas não sentem o poder e profundidade que estes símbolos encerram, e que eles representam. Isto acontece também com outros símbolos poderosos que existem no interior de uma Loja. Não são notados simplesmente pela maioria dos Irmãos. É uma realidade o que está se afirmando. Referências BOUCHER, Joules - Simbólica Maçônica CASTELLANI, José - Liturgia e Ritualística do Grau de Aprendiz ( em todos os Ritos) CASTELLANI, José - Origens do Misticismo na Maçonaria TRONDIAU, Juliem - O Ocultismo JONES, Bernard E - Freemasons’Guide and Compendium MACKENZIE, Jonh. L. S.J - Dicionário Biblico. NICOLA, Aslan - Comentários ao Ritual de Aprendiz – Vademecum iniciático NICOLA, Aslan - Grande Dicionário Enciclopédico da Maçonaria Simbólica VAROLI, Teobaldo Fº - Curso de Maçonária Simbólica – 1° Grau Inúmeros Rituais do primeiro grau consultados
  • 23. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 23/34 O Irmão João Anatalino Rodrigues escreve aos domingos jjnatal@gmail.com - www.joaoanatalino.recantodasletras.com.br ESTUDOS MAÇÔNICOS- AS ORIGENS DA CABALA Graficamente, a palavra Cabala deriva da raiz hebraica Qibel, que significa “receber”. Assim, ela originou o termo hebraico Qabalah (Kabbalah), aportuguesado para Cabala, que por definição se refere ao recebimento da doutrina “não escrita” que supostamente estaria escondida em nomes e termos bíblicos, alguns deles intraduzíveis para as linguagens desenvolvidas pelos povos do ocidente, pois remetem a conceitos esotéricos só conhecidos pelo povo de Israel. Dessa forma, entende-se a Cabala como sendo uma tradição oral transmitida de geração a geração por alguns iniciados na mística da religião judaica e que pretende conter as verdades enunciadas por Deus aos profetas de Israel, verdades essas que não são reveladas na Torá escrita. E nas partes em que essas verdades são recepcionadas nos cinco livros atribuídos á Moisés, elas aparecem cifradas em títulos, nomes e outros termos, cuja transposição para letras e valores numéricos confere á essas verdades diferentes significados, só conhecidos pelos iniciados.(1) Resumindo, podemos dizer que a Cabala é uma tradição que acompanha a saga do povo de Israel desde a sua mais remota origem. Provavelmente, como bem assinala Dion Fortune em seu excelente estudo, suas raízes venham de antigas crenças do povo caldeu, de onde Abraão e seus descendentes a receberam, e por transmissão oral ela foi passando de geração em geração, como forma de tradição, e esta, por fim, acabou desembocando na corrente rabínica dos mestres da religião de Israel, que a desenvolveram em um sistema filosófico-místico nos primeiros séculos da nossa era.(2) 6 – Estudos Maçônicos – As Origens da Cabala João Anatalino Rodrigues
  • 24. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 24/34 A tradição costuma atribuir a codificação da Cabala a um rabino chamado Simeon Ben Yohai, que viveu no século II da era cristã, no governo do Imperador Adriano. Segundo essa tradição o imperador romano o teria condenado á morte, razão pela qual Ben Yohai viveu boa parte da sua vida escondido em uma caverna. Teria sido esse rabino, muito famoso na história da religião judaica, que reuniu os ensinamentos dos antigos mestres e repassou-os oralmente ao seu filho, Rabi Ben Eleasar e a outros discípulos seus, na forma de discursos, feitos em uma linguagem simbólica e mística. Estes, por sua vez, reuniram esses ensinamentos em um livro denominado Sefer Há-Zhoar (o Livro do Esplendor), que se tornou a Bíblia cabalística por excelência. Esse livro é composto de vários comentários rabínicos, reunidos em diversos blocos, denominados “Siphras” entre os quais os mais importantes são o Siphra Ditzeniovtha, (Livro do Mistério Oculto), o Há Idra Rabba Kadisha (A Grande Assembleia Sagrada) e Há Idra Zuta Kadisha (A Assembleia Sagrada Menor). Há vários outros livros e tratados que se referem á essa tradição, como o Sepher Yetzirah e seus comentários, que contém a cosmogonia cabalística, o Sepher Sefiroth com suas referências, que esclarecem a teoria das séfiras, e o Asch Metzareph, que é um tratado que relaciona Cabala e alquimia, passível de ser entendido somente por quem domina o arsenal de simbolismo dessas grandes tradições. Porém, o mais importante dos tratados cabalísticos é mesmo o Sepher Há - Zohar³, não esquecendo também os livros escritos pelo grande mestre Isaac Luria, especialmente o “Livro das Revoluções das Almas” no qual esse famoso rabino desenvolve a tese da transmigração das almas e as obras de Maimônides, em especial o seu “Guia dos Perplexos”.(4) Historicamente, porém, como bem demonstra Alexandrian em seu tratado sobre a filosofia oculta, o Sepher Há - Zhoar só aparece no Ocidente em fins do século XIII, revelado por um rabino judeu espanhol, chamado Moisés ben Schemtob (1250- 1305) mais conhecido como Moisés de León , que ensinou os princípios da Cabala nos reinos de Leão e Castela.(6) A partir de investigações conduzidas ainda na Idade Média, relatadas pelo autor acima citado, muitos estudiosos chegaram á conclusão que o Zhoar, na verdade, seria um trabalho compilado no século XIII, e dele teriam participado vários autores, a maioria oriundos da região do Languedoc, liderados por Moisés de Leon.(7) Nessa região, também conhecida como Provença, uma próspera colônia judaica florescera nos territórios dominados pelos príncipes simpáticos á doutrina cátara.(7) Todavia, ainda que se aceite esse pressuposto, não se pode negar que essa tradição já estava bem desenvolvida na Europa na época medieval, sendo de larga aplicação junto á comunidade judaica e também entre os cristãos gnósticos, anteriormente ao advento do catarismo. A prova disso é a existência de várias escolas de ensinamento cabalístico pelo continente europeu muito antes de a região do Languedoc ter se tornado a capital do misticismo na Europa e a heresia cátara a principal preocupação da Igreja de Roma. Exemplos dessas escolas foi a de Isaac, o Cego, que ensinou a Cabala entre 1160 e 1180 na Provença e seu aluno Ezra ben Salmon, que lecionou, na mesma época, essa disciplina na Espanha. Na Itália destacaram-se os famosos sábios cabalistas Abraham Abulafia (1240-1291) e na Alemanha Yehuda Ben Samuel, o Piedoso, e Eliazar, rabino de Worms (1176-1238), os mais famosos cabalistas medievais. (8) Como já foi referido, ao longo do tempo os praticantes desse sistema desenvolveram dois tipos de aplicação para a tradição cabalística. Um deles, relacionado com as coisas divinas, foi chamado de Cabala sagrada, também dita Cabala prática ou operativa. Essa vertente trata dos elementos de magia relacionados com talismãs, rituais e cerimônias mágicas, invocativas de forças sobrenaturais. Essa tradição parece ter vindo de antigas fontes sumérias, nas quais os descendentes
  • 25. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 25/34 de Abraão se abeberaram. São fartas, no Antigo Testamento, as referências aos urins e tumins, espécie de amuletos mágicos que os patriarcas e sacerdotes hebraicos usavam para tentar adivinhar a vontade de Deus.(9) Um dos magos dessa arte teria sido o próprio Moisés, cujas demonstrações frente aos sacerdotes egípcios e depois, quando invocou sobre o Egito as pragas e catástrofes que obrigou o faraó a libertar o povo de Israel, constitui um dos relatos mais impressionantes da Bíblia. É nesse sentido que Fílon de Alexandria (20 a. C - 50 e. C), historiador e filosofo judeu, que também cultivou a Cabala, e Maimônides (Rabi Mussa bin Maimun ibn Abdallah, 1135-1204) um dos mais famosos cabalistas medievais, entendiam ser a Cabala a verdadeira mensagem divina contida na simbologia da linguagem e na mensagem das formas geométricas. Fílon foi o filósofo que procurou interpretar as inspirações proféticas judaicas no contexto da filosofia grega, especialmente as ideias de Platão. Ele foi o precursor da escola de pensamento que se tornou conhecida mais tarde como neoplatonismo, a corrente filosófica que deu origem ao gnosticismo. Para esse sábio judeu o significado dos preceitos veiculados na Lei (a Sitrê Toráh) só podiam ser interpretados pelos iniciados no simbolismo iniciático da religião judaica, pois eles continham verdades metafísicas sobre a origem, o desenvolvimento e o destino do universo, que se revelados ao vulgo, causariam uma grande tragédia. Por isso Deus as colocara em símbolos, visões e metáforas que somente uns poucos eleitos conseguiam entender.Isso porque a Torá era o instrumento de Criação do mundo, pois ela própria era o Inefável Nome de Deus. Ela era , no jargão cabalístico, “ a séfira Hochmah (Sabedoria).(10) Filon é o precursor da filosofia que vê o mundo sendo criado pela palavra Divina. Deus é o Logos, o Verbo, a Palavra que se transforma em obras. O Logos é a ferramenta com a qual Deus constrói o mundo. Os anjos são logói, ou seja, palavras saídas da boca de Deus, as primeiras coisas criadas, que combinadas em seus sons e valores tornam-se instrumentos de criação. O Verbo é, pois, a verdadeira ferramenta da Criação e através dele Deus fez todas as coisas. Por isso, Deus, ao apresentar-se a Moisés no Monte Horeb, não declinou o seu Nome, limitando-se a dizer: Eu Sou. Destarte, na filosofia de Fílon, toda a verdade sobre o mundo e o homem estava contida na Torá na forma de símbolos e alegorias que precisavam ser adequadamente descodificadas para serem corretamente entendidas. Assim, criador e criatura tornavam-se uma coisa só, unida por um vínculo de causa e efeito onde o destino escatológico do mundo se consumava na própria necessidade de Ser. Por isso Deus era o Verbo. Deus era Eu Sou. O finito era o infinito tornado real, e entender o homem era penetrar na mente de Deus. As ideias de Fílon, como se pode notar, apresentavam um caráter bastante místico que não agradou aos judeus tradicionalistas. Mas alcançou grande repercussão entre os praticantes da nascente doutrina que iria dominar o pensamento ocidental nos séculos seguintes. Essa doutrina era o Cristianismo. Foi sobre as especulações de Filon acerca do Logos e a cosmogonia que delas se derivou, que os pensadores cristãos, classificados como gnósticos, arquitetaram a maioria das suas concepções. Por isso boa parte da doutrina gnóstica apresenta um arsenal de simbolismo que só pode ser entendido por quem domina a linguagem própria dos iniciados na Cabala.(11) Maimônides, nascido em 1135 na cidade espanhola de Córdoba, foi um dos mais importantes cabalistas da Idade Média. Foi ele o filósofo que transformou a Cabala numa verdadeira doutrina filosófica, colocando uma ordem lógica numa tradição que havia se abastardado com a influência das diversas doutrinas que invadiram o pensamento ocidental após o advento do Cristianismo. Essas doutrinas vinham principalmente do pensamento cristão gnóstico, impregnado pelos ensinamentos de Aristóteles e pelas concepções do Islamismo, que ganhara muita influência com as conquistas muçulmanas na Europa.
  • 26. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 26/34 Maimônides era médico e filósofo. Como médico fez importantes contribuições á medicina, especialmente com seus comentários ao compêndio chamado Halachá. Esse compêndio, que contém as principais prescrições dos sábios israelenses sobre questões de saúde, foi grandemente enriquecido pelos comentários desse sábio cabalista. Em sua famosa oração do médico, ele mostra ter plena convicção do poder espiritual na medicina e que esta exercia influência fundamental sobre o corpo, porque alma e o corpo são indivisíveis, sendo que a cura de um depende da plena saúde do outro. Deus era, para Maimônides, o Médico Celestial, e o médico terrestre não tinha muita força sem a presença Dele ao seu lado. Corpo e alma andavam de mãos dadas e sem força espiritual para curar as doenças a cura não aconteceria. É o que qualquer bom médico moderno reconhece: quando o paciente não ajuda, não há remédio que funcione. A atitude do doente em relação á cura é mais importante que os medicamentos. Um dos seus principais pressupostos dizia: "Para os mal- humorados, sua vidas não é vida" Ou seja, a alegria é a fórmula para a conservação da saúde. Mas foi principalmente o seu trabalho como comentador da Torá que o tornou famoso entre os intelectuais. Os comentários de Maimônides sobre os dois Talmudes, o de Jerusalém e o da Babilônia, são considerados, até hoje, verdadeiros clássicos da literatura rabínica. Esse conjunto de comentários compõe a chamada Mishnê Torá.(12) Outra de suas obras clássicas é o chamado Guia dos Perplexos, conjunto de 14 livros que contêm 982 capítulos e comentários sobre milhares de leis judaicas, escrito numa linguagem acessível, expurgando a tradição judaica das influências míticas e místicas que lhe foram dadas por Fílon e os neoplatônicos. Maimônides pode ser considerado o verdadeiro codificador da tradição religiosa dos judeus e o fundador da Cabala filosófica, pois sem o seu trabalho a Cabala teria continuado a ser uma doutrina muito confusa, perdida entre as concepções judaicas e gregas do mundo, coisa que abalava os judeus em sua fé e não ajudava em nada aos cristãos que buscavam uma alternativa filosófica entre o atavismo dogmático de Roma e as concepções um tanto delirantes dos gnósticos. Maimônides simplificou bastante o problema da linguagem que tornava ao estudioso comum o estudo da tradição oral da religião judaica. O seu Guia dos Perplexos, escrito justamente com essa finalidade (desmistificar principalmente as concepções cabalistas dessa tradição) é dividido em três partes. A primeira é dedicada á discussões dos equívocos que podem surgir diretamente do texto da Torá, que em sua opinião, apresentavam apenas contradições aparentes, geradas por comentadores influenciados por doutrinas estrangeiras. A segunda ataca problemas que brotam das incompatibilidades entre as chamadas abordagens "científicas" (inspiradas na filosofia de Aristóteles) e a visão bíblica de Deus e do mundo. A terceira discute temas filosóficos e teológicos, como a natureza do bem e do mal, o propósito do mundo, o significado ético e sociológico que está por trás dos mandamentos do Decálogo e o caráter moral e filosófico da pura devoção. Malgrado o seu esforço para expurgar a tradição oral judaica dos aportes que lhe deram Filon e os neoplatônicos, os quais subsistem ainda hoje na Cabala, Maimônides não escapou da influência que o Sepher-há-Zhoar, o texto básico do misticismo judaico, tem sobre toda a tradição oral da religião de Israel. Apesar disso, mais do que um grande intelectual, notável comentador do Talmude, Maimônides é considerado um grande cabalista. O seu Guia dos Perplexos foi responsável pela abertura de uma nova era de investigação filosófica sobre a Bíblia e seu conteúdo, não só em termos religiosos, mas também morais e sociológicos. Sua extensa obra vem abrindo campo para novas pesquisas e servindo, tanto como base fundamental para o estudo das obras antigas, quanto como um catalisador para as teses cabalísticas subsequentes.(13)
  • 27. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 27/34 Maimônides Isaac Luria Da Cabala filosófica, pode-se dizer que esse tipo de doutrina, embora profundamente impregnada de ensinamentos esotéricos, tinha, não obstante, um objetivo bem prático. Sua função era revelar aos seus iniciados os grandes segredos da natureza, mediante os quais se poderia conseguir poder sobre ela. Nesse sentido ela se equiparava á alquimia, e em muitos casos, as duas tradições conviveram estreitamente, compartilhando os mesmos símbolos. Esse ramo mágico da Cabala acabou inspirando vários pensadores místicos cristãos, que viam nela uma forma de conhecimento da natureza. Foram esses filósofos cabalistas os mestres que precederam os pensadores rosacrucianos no desenvolvimento da filosofia oculta e no apostolado do livre pensamento, numa época em que discordar, ou pensar diferente dos doutores da Igreja significava a prisão, a tortura nas masmorras e a morte nas fogueiras. Entre estes pensadores podemos listar os filósofos Pico dela Mirandola (1463-1494), Marsilio Ficino (1433-1499), Johann Reuchlin (1455- 1522), Cornélius Agrippa (1486- 1535), Giordano Bruno (1548-1600), Guilherme Postel (1510-1581), Schelling (1775- 1854)e conhecidos ocultistas como Blaise de Vignére, Fabbre d’Olivet, Eliphas Lévi e Estanilau de Guiata, famosos mestres da filosofia oculta e consagrados alquimistas. (14) Esse tipo de Cabala acabou inspirando também uma filosofia moral, destinada a aperfeiçoar o caráter humano e tornar mais feliz a vida do homem na terra. Dois dos nomes mais importantes desse ramo foram o já citado rabino Isaac Luria (1534-1572) que introduziu nessa doutrina o tema da transmigração das almas (Guilgou Neshamot) e Moisés Cordovero. (15) Com a interpolação desse tema, mais os conceitos desenvolvidos acerca do processo cármico e a teoria da reencarnação, elementos fundamentais para o entendimento da doutrina cabalística, essa tradição acabou derivando, em sua parte filosófica, uma vigorosa disciplina de autoajuda, erigindo, ao mesmo tempo em que pugnava por uma liberdade de pensamento estranha aos costumes da época, um edifício cosmológico e ético que viria contribuir em muito para a construção das correntes de pensamento que influenciaram a Reforma religiosa e o sistema filosófico que se seguiu, o Iluminismo. Isso porque a Cabala recuperava a espiritualidade da experiência bíblica, conspurcada, de certo modo, pelas ideias gnósticas, cuja contaminação pelas doutrinas gregas era visível. Através dos mitos e dos símbolos, uma nova gnose estava sendo desenvolvida pelos intelectuais que trilhavam o caminho da Reforma. Grandes escritores, artistas e filósofos, como Dante, Milton, Francis Bacon, o pintor Rembrandt, Spinoza, Leibnitz, Hegel, Schelling, e principalmente Victor Hugo, Goethe, o poeta William Blake e outros, devem á Cabala algumas das suas mais profundas inspirações. Alguns dos movimentos filosóficos e literários mais importantes da história do pensamento ocidental também sofreram grande influência das doutrinas cabalistas. Citam-se, apenas á guisa de exemplo os movimentos conhecidos como idealismo, que congregou vários intelectuais de renome, principalmente na Alemanha e países da Europa central, entre os quais Hegel e o grande Franz Kafka, tido por muitos críticos literários um verdadeiro autor cabalista.(16)
  • 28. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 28/34 Esse ramo da Cabala é hoje o mais difundido entre os povos de cultura cristã, pois encampa um vasto domínio nas doutrinas de conteúdo moral, sendo utilizado inclusive por profissionais da psicologia e da psicanálise para subsidiar estudos sobre o conteúdo mais profundo da mente humana. O exemplo mais conhecido da aplicação dessa doutrina na psicologia se encontra nos trabalhos do grande psicanalista e pesquisador Carl Gustav Jung. Jung faz muitas referências à Cabala em seus escritos, especialmente quanto ás relações que ele encontrou entre os sonhos de seus clientes e os símbolos cabalísticos. Em muitas de suas obras ele fala da necessidade de se estudar essa tradição do ponto de vista científico, pois os símbolos e as visões presentes nessa doutrina estão intimamente conectados com o conteúdo psíquico que se hospeda no chamado inconsciente coletivo da humanidade.(17). É nesse sentido que a Cabala desperta, ainda hoje, um grande interesse entre as pessoas que se preocupam em aperfeiçoar o seu caráter e desenvolver maiores padrões de espiritualidade. Nesse rol nós elencamos os maçons, razão pela qual é importante divulgar entre os Irmãos esse conhecimento. _______________ 1. As citações bíblicas aqui registradas foram extraídas da Bíblia Hebraica, traduzida por David Gorodovitz e Jairo Fridlin, publicada pela Editora e Livraria Séfer Ltda, São Paulo, 2015. 2. Dion Fortune- A Cabala Mística; Ed. Pensamento, São Paulo, 1957. 3. Zhoar significa Luz. É o Livro do Esplendor (brilho, luz), que propaga “o brilho da Torá”, a Luz de Deus. 4. Na verdade há milhares de obras cabalistas, umas mais importantes que outras, porque introduzem correntes doutrinárias diversas, que compõem a monumental literatura da Cabala. Citamos aqui apenas as mais importantes do ponto de vista histórico e doutrinário, porque elas constituem verdadeiros marcos no estabelecimento dessa doutrina. 5. Sarane Alexandrian, História da Filosofia Oculta, Esfinge, Lisboa, 1970. 6.Scholen também concorda com essa opinião. Segundo David Biale, (A Cabala e Contra História, Ed. Objetiva, São Paulo, 1982) a maior parte do Zhoar foi escrita por Moisés de Leon. 7. O Languedoc foi assim chamado por causa da língua falada nessa região. Era a língua occitana, também conhecida como occitânica, langue d'oc, ou provençal (em francês, langue d'oc; em occitano, lenga d'òc). Língua derivada do latim, era falada no sul da França, ao sul do rio Loire, em territórios italianos nos Alpes e algumas partes da Espanha e Portugal. A língua portuguesa arcaica sofreu muita influência do provençal. O Languedoc foi a terra dos cátaros, famosa seita gnóstica da Idade Média, cujo extermínio pela Igreja de Roma é considerado um dos maiores genocídios da História. 8. Alexandrian, História da Filosofia Oculta, citado. 9.Algumas referências bíblicas a esses amuletos podem ser encontradas em Êxodo 28:30, Levítico 8:8, Números 27:21 Deuteronômio 33:8 1 Samuel 28:6 Esdras 2:63 Neemias 7:65. Segundo os estudiosos, esses oráculos deixaram de ser usados depois da destruição do Primeiro Templo de Jerusalém, mas Flávio Josefo (As Guerras dos Judeus, Vol II) diz que eles foram usados até o tempo de João Hircano (século II a,C.). 10.Que na doutrina gnóstica era conhecida pelo nome de Sofia. 11. O próprio evangelista João, tido por muitos estudiosos como gnóstico, usou a expressão Logos para referir-se a Jesus. “No princípio era o Logos (Verbo), o Logos estava com Deus e o Logos era Deus.”- João 1:1,2 12. O Talmude é o livro que contém os comentários dos rabinos sobre a interpretação da Torá e seus mandamentos (os mitsvot). São comentários que desdobram a Bíblia em conhecimentos sobre medicina, anatomia, astronomia, filosofia e outras ciências. Vem desse ecletismo o fato de a Cabala abranger assuntos tão amplos como a física, a biologia, a astronomia e outras ciências modernas. 13. Na imagem, os grandes mestres cabalistas Maimôides e Isaac Luria. Fonte: Portal da Cabala. 14. História da Filosofia Oculta, op. citado. 15. Vide o capítulo XX deste estudo que se refere ao conceito de Guilgou Neshamot (a transmigração de almas). Moisés Cordovero (1522- 1570) foi o principal intérprete e organizador da Cabala no início da chamada Idade Moderna. Ele deu á Cabala uma estrutura de doutrina filosófica. 16. Ver nesse sentido, as obras da historiadora inglesa Frances Yates, que mostra, com muita propriedade, a influência desse tipo de pensamento sobre os filósofos da Renascença, especialmente o grande Giordano Bruno. Seus dois estudos, Giordano Bruno e a Tradição Hermética e O Iluminismo Rosacruz, são obras fundamentais para o entendimento do pensamento que inspirou a Reforma religiosa e as correntes filosóficas que a seguiram, como o Iluminismo e própria Maçonaria. Ambas foram editadas no Brasil pela Editora Cultrix. Sobre a influência do sabataísmo (corrente cabalista liderada por Sabatai Tzvi) no movimento idealista alemão e sobre o Iluminismo ver a obra já citada de David Biale, Cabala e Contra História. 17. Idem para as obras de Jung e Kafka, pags. 76, 77. Ver também Harold Bloom- Abaixo as verdades Sagradas, 2012.
  • 29. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 29/34 (as letras em vermelho significam que a Loja completou ou está completando aniversário) GLSC - http://www.mrglsc.org.br Data Nome Oriente 01.07.1977 Alferes Tiradentes, nr. 20 Florianópolis 07.07.1999 Solidariedade Içarense, nr. 73 Içara 07.07.2005 Templários da Nova Era, nr. 91 Florianópolis 10.07.2007 Obreiros da Maravilha, nr. 96 Maravilha 12.07.1980 XV de Novembro, nr. 25 Imbituba 21.07.1993 Liberdade Criciumense, nr. 55 Criciuma 28.072006 Anhatomirim, nr. 94 Florianópolis 31.07.1975 Obreiros de Hiram, nr. 18 Xanxerê 31.07.2007 Acácia Palhocense, nr. 97 Palhoça GOB/SC – http://www.gob-sc.org.br/gobsc Data Loja Oriente 02.07.01 Renovação - 3387 Florianópolis 03.07.78 Flor da Acácia - 2025 Itajaí 08.07.10 Lealdade - 3058 Florianópolis 13.07.01 Frat. Alcantarense - 3393 Biguaçú 14.07.2006 Acadêmica Razão e Virtude nr. 3786 (Rito Moderno) Brusque - SC 17.07.02 Colunas da Serra - 3461 Joinville 17.02.02 Mestres da Fraternidade-3454 Florianópolis 17.07.97 Compasso das Águas -3070 São Carlos 23.07.1875 Luz e Caridade - 327 São Francisco do Sul 26.07.05 Frat. Acad. Ciência e Artes - 3685 Jaraguá do Sul 29.07.96 Estrela Matutina - 2965 Florianópolis Lojas Aniversariantes de Santa Catarina Mês de julho 7 – Destaques (Resenha Final)
  • 30. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 30/34 GOSC https://www.gosc.org.br Faça Agora "Se não faço meu trabalho hoje, haverá mais o que fazer amanhã e dessa forma as coisas podem ficar fora do meu controle. Priorize as tarefas e faça uma após a outra. Não podemos lidar com tudo ao mesmo tempo. Um melhor planejamento faz mais em menos tempo e dessa forma a eficiência e a eficácia aumentam milhões de vezes. Faça o trabalho antes que ele se torne urgente. Faça as coisas certas agora mesmo. Você se tornará mais leve e livre de tensão" José Aparecido dos Santos TIM: 044-9846-3552 E-mail: aparecido14@gmail.com Visite nosso site: www.ourolux.com.br "Tudo o que somos é o resultado dos nossos pensamentos". Data Nome da Loja Oriente 04/07/1999 Giuseppe Garibaldi Florianópolis 04/07/2002 Léo Martins São José 11/07/2009 Universitária Luz de Moriah Chapecó 11/07/2009 Passos dos Fortes Xaxim 12/07/2006 Colunas Da Concórdia Concórdia 18/07/2003 Ardósia do Vale Rio do Sul 21/07/1973 Silêncio de Elêusis Chapecó 22/07/1981 Acácia da Ilha Florianópolis 24/07/2013 Triângulo Força e União Cocal do Sul 25/07/1995 Gitahy Ribeiro Borges Florianópolis 26/07/1980 União da Fronteira São Miguel do Oeste 27/07/1981 Arquitetos do Oriente Xanxerê 27/07/2009 Luz da Acácia Capivari de Baixo
  • 31. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 31/34 Do amigo e Irmão Hélio Leite (autor do “Banque Maçônico”: Caro e querido mano e amigo Jerônimo Borges, bom dia. A minha loja-mãe lançou recentemente o seu site: www.uniaoesilencio.com.br. Nele você vai encontrar: 1. fotos de nosso templo, para aquela sua seção de templos. 2. fotos de nosso último banquete 3. Foto da outorga da Comenda do Mérito D. Pedro I, que me foi outorgada em 17/3/16 4. Convite para o boi no rolete de 2016 Veja o que lhe interessa publicar no nosso JB News. Tenha um bom dia e um fim de semana abençoado. Aceite meu terno e fraternal abraço. Helio Leite. http://www.banquetemaconico.com.br/
  • 32. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 32/34 Ir Marcelo Angelo de Macedo, 33∴ MI da Loja Razão e Lealdade nº 21 Or de Cuiabá/MT, GOEMT-COMAB-CMI Tel: (65) 3052-6721 divulga diariamente no JB News o Breviário Maçônico, Obra de autoria do saudoso IrRIZZARDO DA CAMINO, cuja referência bibliográfica é: Camino, Rizzardo da, 1918-2007 - Breviário Maçônico / Rizzardo da Camino, - 6. Ed. – São Paulo. Madras, 2014 - ISBN 978-85.370.0292-6) BREVIÁRIO MAÇÔNICO – 10 de julho ISRAEL A lenda de Jacó, reproduzida na escada de Jacó que orna a Loja de aprendizes, é sempre referida nos trabalhos maçônicos. Quando Jacó, fugindo da ira de seu irmão Esaú, pernoitou em lugar ermo, nas proximidades de Betel, teve um sonho (ou visão). Eis que viu uma gloriosa escada descendo dos céus, e nela anjos subindo e descendo. Ao acordar, teve a consciência de que aquele lugar era verdadeiramente santo; ungiu com óleo a pedra que lhe servira de travesseiro para, posteriormente, construir um tabernáculo ao Senhor. Subitamente, surgiu um anjo, que tomou o aspecto de homem comum, que passou a discutir com Jacó até chegar às vias de fato; a luta corporal durou toda aquela noite e o anjo não conseguiu vencer a Jacó. Cessada a luta, o anjo anunciou a Jacó que o Senhor lhe destinara outro nome, o de Israel. Posteriormente, o próprio Senhor confirmou essa denominação, passando Jacó a se chamar e a ser chamado de Israel. Fundou Jacó uma dinastia com os seus 12 filhos, que formaram as 12 tribos de Israel. Trata-se de uma atraente saga, descrita detalhadamente nas sagradas escrituras. Mais tarde, Israel passou a significar a Terra Santa. A escada de Jacó, de forma linear, consta no painel da Loja de Aprendiz. RIZZARDO DA CAMINO
  • 33. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 33/34 O Irmão e poeta Sinval Santos da Silveira * escreve aos domingos no “Fechando a Cortina” Estou envolvido por um denso nevoeiro, turvando a luz do meu caminho, e mudando a vida da minha Cidade. A noite fica fria, parecendo congelar as minhas entranhas. Ate os cães vadios sumiram das ruas ! As moças, tão bonitas de saias curtas, como que por encanto, se mudaram dos pontos de encontros, onde conquistavam seus brotos.
  • 34. JB News – Informativo nr. 2.108– João Pessoa (PB) - domingo, 10 de julho de 2016 Pág. 34/34 Mas, hoje é sábado e o baile, tão esperado, já começou lá no outro lado da praça. A viola de doze cordas, tagarela e afinada, não para de tanger. O violeiro desliza os dedos sobre os trastes e, como se não bastasse, desafia o som do pandeiro, chamando para a roda o valente sanfoneiro ! Só não consegue dissipar o nevoeiro. O " arrasta pé" não tem hora para acabar, atravessa a madrugada, indo até o dia raiar ! As mães, desconfiadas, ficam sentadas nos bancos, a noite inteira, cuidando das filhas namoradeiras. Os rapazes, safados e faceiros, oferecem bebidas às olheiras, querendo sua confiança conquistar. E lá fora, o bendito nevoeiro tudo encobrirá, assim que o próximo baile começar Veja mais poemas do autor, Clicando no seu BLOG: http://poesiasinval.blogspot.com * Sinval Santos da Silveira - MI da Loja Alferes Tiradentes nr. 20 – Florianópolis