O documento resume os principais procedimentos e testes realizados em uma urinálise, incluindo a coleta de amostras de urina, medição de volume, densidade, pH e testes para detecção de glicose, proteínas, hemoglobina e outros componentes usando tiras reagentes ou reações químicas como as de Benedict e Heller.
3. Introdução
Os caractereses gerais da urina são:
Volume enviado, volume de 24 horas
ou volume de 12 horas, densidade
específica, reação, cor, depósito e
cheiro.
4. Volume Enviado
Não há necessidade de a urina ser colhida em
frasco estéril.
O volume enviado deve ser de toda a primeira
micção da manhã.
O volume é dependente da dieta do paciente.
5. Volume de 24 Horas
Colhida de forma que na manhã do dia
anterior ao envio de urina ao laboratório,
despreza-se a urina de primeira micção,
colhendo-se toda a urina das micções
posteriores durante o dia e as noturnas de
antes de o paciente deitar-se.
No dia de envio ao laboratório, a urina da
primeira micção deve ser colhida em frasco
separado.
6. Volume de 24 Horas
Na urina de 24 horas determinam-se:
O volume, a densidade e as pesquisas.
Na urina de primeira micção determina-se:
Sedimentoscopia.
7. Volume de 12 Horas
Colhida de forma que se despreza a urina das
7PM do dia anterior ao envio de urina ao
laboratório, recolhendo-se todas as demais
amostras até a hora de o paciente deitar-se.
No dia de envio ao laboratório, a urina da
primeira micção deve ser colhida em frasco
separado por volta das 7AM.
8. Volume de 12 Horas
Na urina de 12 horas determinam-se provas
de depuração (clearance) para:
Ureia e creatinina.
9. Volume Esperado
Apesar de o volume ser dependente da dieta
do paciente, espera-se os seguintes valores
para urina de 24 horas:
Adulto normal 1200-1800mL
Crianças de 6-12 anos de idade
600-900mL
(metade do valor de referência
para adulto normal)
Crianças de 1-4 anos de idade
300-450mL
(¼ do valor de referência para
adutlo normal)
10. Volumes Anormais
A poliúria (aumento de volume urinário),
oligúria (diminuição de volume urinário) e
anúria (dimuição drástica ou depleção de
volume urinário) estão associadas a:
Poliúria
(>2500mL por dia)
Diabetes mellitus, diabetes insipidus,
uremia, nefrite crônica etc.
Oligúria
(<400mL por dia)
Nefrite aguda, atrofia tubular renal,
diarreia, vômitos, doenças
cardiorrespiratórias etc.
Anúria
(<45mL por dia)
Nefroses, obstruções mecânicas do
trato urinário etc.
11. Densidade Específica
A densidade específica ou gravidade espcífica
é medida com auxílio do urodensímetro, a
densidade normal da urina humana fica entre
1010 e 1030.
Um urodensímetro está calibrado para uma
determinada temperatura; em caso de não
correspondência, adicionar/subtrair uma
unidade ao valor de densidade obtido para
cada intervalo de 3ºC acima/abaixo da
temperatura para que o urodensímetro está
calibrado.
13. Densidade Específica
Valores anormais de densidade estão
associados ao aumento da osmolaridade para
valores acima do normal, e diminuição da
osmolaridade para valores abaixo do normal:
Densidade aumentada
(>1010-1030)
Diabetes mellitus, casos de
desidratação, oligúria etc.
Densidade diminuída
(<1010-1030)
Diabetes insipidus e ingestão de
grandes quantidades de líquidos
14. Reação
A reação normal da urina é ácida.
A medida deve ser feita poucas horas após a
micção para evitar a alcalinização pela ação
bacteriana por decomposição da ureia e
produção de amônia.
Averiguar se a dieta do paciente é normal,
pois algumas dietas desencadeiam uma maré
alcalina.
15. Reação
A reação pode ser medida papel azul
de tornassol ou por tiras reativas.
Paple de
tornassol
azul
Paple de
tornassol
vermelho
Tiras
reativas
16. Cor
A cor normal da urina é amarelo, seja
amarelo claro ou amarelo escuro.
Apesar de a cor, tal qual o volume, ser
dependente da dieta do paciente, as seguintes
cores são indicadores patológicos:
Âmbar Icterícias parenquimatosas
Avermelhado Hematúrias
Esverdeado Uso de determinados medicamentos
17. Depósitos
Em geral os depósitos estão ausentes na urina
recente.
As causas mais recorrentes são:
Resfriamento de urina e precipitação de
urato, de forma que o aquecimento da urina
dissolve os precipitados de urato.
A presença dos fosfastos em urinas
alcalinas.
18. Cheiro
A urina apresenta odor sui generis, isto é, a
urina apresenta odor característico.
Tal qual cor e volume, o odor da urina pode
sofrer grandes variações pelo pela dieta e pelo
uso de medicamentos.
O odor pútrido indica decomposição da
urina.
19. Tira Reagente
O uso de tiras reagentes é capaz da
determinação de concentrações de:
Bilirrubina, cetonas, densidade
específica, glicose, leucócitos, nitrito,
proteínas diversas, hemoglobina e
urobilinogênio.
As tiras reagentes também são capazes
da determinação do pH.
20. Tira Reagente
Cada tira reagente é composta de:
Um suporte plástico para apoio e
identificação; e de
Áreas impregnadas com reagentes
químicos.
Após a urina ser devidamente coletada,
trnasferir alíquota suficiente para
submersão de tira reagente em proveta
graduada, permanecendo por 120s.
21. Tira Reagente
Uma vez transcorridos os 120s, comparar
com a escala padrão presente no rótulo
do embalagem contenedora da tira
reagente.
23. Expressão de Resultados
Para expressar os resultados obtidos pelas
áreas impregnadas usa-se:
Negativo, traços e positivo;
O positivo tem maior ou menor
concentração indicada por +, + +, + + + e
+ + + +.
Atentar-se a observações escritas na bula de
cada produto e de responsabilidade de seus
fabricantes.
28. Exame Microscópio da Urina
Caso as tiras reagentes apontem
positividade para hemoglobina e
leucócitos é necessária a submissão de
parte da amostra da urina a um exame
microscópico para melhor análise.
Deve-se idenficar e quantificar os
elementos insolúveis na urina.
29. Reação de Benedict
A reação com reagente de Benedict serve para a
identificação de açúcares redutores, dos quais a glicose é
mais comum na urina, na forma de glicosúria.
Reagente de Benedict: 17,3g de citrato de sódio + 10g de
carbonato de cálcio dissolvidos em 60mL de água quente,
adicionados de 1,73g de sulfato de cobre dissolvido em
10mL de H2O
❖ Fundamento teórico: os carboidratos que possuem carbono
anômero livre são capazes de reduzir íons de Cu2+, Ag e Bi2+. A
redução de Cu2+ é obtida em meio alcalino, a quente.
30. Reação de Benedict
2mL de ácido
nítrico
3mL de urina
filtrada
Banho termostático
por cerca de 5min
31. Reação de Benedict
No reagente de Benedict encontra-se em equilíbrio o sal
complexo de cuprocitrato de sódio com hidróxido cúprico,
de forma que a adição de açúcares redutores e as ações de
álcali e calor levam à formação de fragmentos parcialmente
oxidáveis. Em uma primeira fase, há a redução de hidróxido
cúprico (azul) a hidróxido cuproso (amarelo). Em uma
segunda fase, continuada pela ação do calor, o hidróxido
cuproso desidrata e forma óxido cuproso (vermelho).
Não há mudança de cor (permanece azul) Negativo
Verde-azulado ou verde Traços
Verde (qualquer tom) com precipitado amarelo +
Castanho ou marrom + +
Vermelho-tijolo + + +
32. Reação de Heller
A reação de Heller serve para a identificação de proteínas
na urina ou proteinúria - a mais comum proteína passível
de estar na urina é a ovalbumina.
Ácido nítrico
❖ Fundamento teórico: o ácido nítrico é um bom fornecedor de
ânions, de forma que suas interações com proteínas na urina
provocam a formação de um sal onde essas proteínas da urina
atuam como cátions.
33. Reação de Heller
❖ O ácido nítrico deve ser lentamente colocado no fundo do tubo
de ensaio, de forma que a urina filtrada e o ácido nítrico não se
misturem.
2mL de ácido
nítrico
3mL de urina
filtrada
34. Reação de Heller
A formação nativa de uma proteínas é estável apenas numa faixa
estreita de valores de pH, uma vez que em determinados valores de
pH onde há excesso de cargas positivas, as repulsões coulombianas
correspondentes concorrem para desestabilizar a estrutura
compacta da proteína. Assim, na reação de Heller, a partir de
tratamento com ácido nítrico, induz-se alteração na carga líquida de
proteínas e consequente precipitação, onde o ácido nítrico atua
como fornecedor de ânions e as proteínas atuam como fornecedor
de cátion.
Não há formação de anel branco
entre a urina filtrada e o ácido nítrico
Negativo
Há a formação de anel branco entre a
urina filtrada e o ácido nítrico
Positivo
35. A reação de ácido sulfossalicílico serve para a
identificação de proteínas na urina ou proteinúria - a
mais comum proteína passível de estar na urina é a
ovalbumina.
❖ Fundamento teórico: o ácido sulfossalicílico é um bom
fornecedor de ânions, de forma que suas interações com
proteínas na urina provocam a formação de um sal onde essas
proteínas da urina atuam como cátions.
Reação do Ácido
Sulfossalicílico
37. Reação do Ácido
Sulfossalicílico
Não há turvação ou precipitação Negativo
Há turvação ou precipitação Positivo
A formação nativa de uma proteínas é estável apenas numa faixa
estreita de valores de pH, uma vez que em determinados valores de
pH onde há excesso de cargas positivas, as repulsões coulombianas
correspondentes concorrem para desestabilizar a estrutura
compacta da proteína. Assim, na reação do ácido sulfossalicílico, a
partir de tratamento com ácido sulfossalicílico, induz-se alteração
na carga líquida de proteínas e consequente precipitação, onde o
ácido sufossalicílico atua como fornecedor de ânions e as proteínas
atuam como fornecedor de cátion.
38. Os corpos cetônicos mais comuns são:
Ácido acetoacético;
Acetona (dimetilcetona); e
Ácido β-hidroxibutírico.
Corpos Cetônicos
Descarboxilação
Redução
39. Corpos Cetônicos
A determinação de corpos cetônicos na
urina ou cetonúria pode ser feita de várias
formas:
Pelo reagente de Rothera;
Pelo teste de Lange; e
Pelo reagente de Imbert, cujo protocolo é
aqui exemplificado.
40. A reação com reagente de Imbert serve para a
identificação corpos cetônicos na urina ou cetonúra - o
mais comum corpo cetônico passível de estar na urina é a
acetona (dimetilcetona).
Nitroprussiato de sódio
Ácido acético glacial
❖ Fundamento teórico: nitroprussiato de sódio fornecido pelo
reagente de Imbert reage com a acetona, formando composto
colorido.
Reação com Reagente
de Imbert
41. Reação com Reagente
de Imbert
5mL de urina
filtrada
1mL de reagente
de Imbert
Agitar
2mL de hidróxido
de amônio
❖ Ao colocar o hidróxido de amônio, cuidar para que ele
escorra lentamente pela parede do tubo.
42. Em meio alcalino e com ácido acético glacial, o
nitroprussiato de sódio fornecido pelo reagente de Imbert
reage com a acetona, formando composto colorido.
Não há formação de anel roxo entre a
urina filtrada e o ácido nítrico
Negativo
Há a formação de anel roxo entre a
urina filtrada e o ácido nítrico
Positivo
Reação com Reagente
de Imbert
43. Referências
HIRANO, ZMB et al. Bioquímica -
Manual Prático. 1 ed. Blumenau:
Edifurb, 2008.
DOS SANTOS, APSA et al.
Bioquímica Prática. Disponível em:
<http://www.repositorio.ufma.br:8080/
jspui/handle/1/445>. Acesso em: 3 set
2013.