O documento apresenta uma parábola narrada por Jesus sobre um valioso servidor do bem que é alvo dos esforços do mal para enfraquecê-lo, incutindo nele pensamentos de desvalor e insignificância. Apesar das tentativas de feri-lo fisica e emocionalmente, o chefe das trevas aconselha finalmente convencê-lo de que é um "zero" para que perca a autoestima e pare de fazer o bem. A lição é sobre não se deixar abater pelas críticas e continuar fazendo o melhor.
A lição da parábola sobre a autoestima e o trabalho pelo bem
1.
2. Com base no conto “O Poder das trevas”, do livro Jesus no lar, pelo
Espírito Neio Lúcio. (Momentos de Paz Maria da Luz).
Podemos considerar os contos de Neio Lúcio como parábolas modernas,
que nos lembram o Rabi da Galileia, em diálogos íntimos, como
acontecia há dois mil anos nas suas reuniões com os apóstolos e círculo
mais próximo de seguidores.
Conta-nos assim o autor espiritual:
Centralizando-se a palestra no estudo das tentações, contou Jesus,
sorridente:
3. Um valoroso servidor do Pai movimentava-se, galhardamente, em
populosa cidade de pescadores, com tamanho devotamento à fé e à
caridade, que os Espíritos do Mal se impacientavam em contemplando
tanta abnegação e desprendimento. Depois de lhe armarem os mais
perigosos laços, sem resultado. Enviaram um representante ao Gênio das
Trevas, a fim de ouvi-lo a respeito. Um companheiro de consciência
enegrecida recebeu a incumbência e partiu. O Grande Adversário escutou
o caso, atenciosamente, e recomendou ao Diabo Menor que apresentasse
sugestões. O subordinado falou, com ênfase:
Não poderíamos despojá-lo de todos os bens?
4. Isto, não; disse o perverso orientador; para um serviço dessa têmpera a
perda dos recursos materiais é libertação. Encontraria, assim, mil meios
diferentes para aumentar suas contribuições à Humanidade. Então,
castigar-lhe-emos a família, dispersando-a e constrangendo-lhe os filhos
a enchê-lo de opróbrio e ingratidão, aventou o pequeno perturbador,
reticencioso. O perseguidor maior, no entanto, emitiu gargalhada franca e
objetou:
Não vês que, desse modo, se integraria facilmente com a família total
que é a multidão?
O embaixador, desapontado, acentuou:
Será talvez conveniente lhe flagelemos o corpo; crivá-lo-emos de feridas
e aflições.
5. Nada disto, acrescentou o gênio satânico, ele acharia meios de afervorar-
se na confiança e aproveitaria o ensejo para provocar a renovação íntima
de muita gente, pelo exercício da paciência e da serenidade na dor.
Movimentaremos a calúnia, a suspeita e o ódio gratuito dos outros contra
ele! Clamou o emissário. Para quê? Tornou o Espírito das Sombras.
Transformar-se-ia num mártir, redentor de muitos. Valer-se-ia de toda
perseguição para melhor engrandecer-se, diante do Céu. Exasperado,
agora, o demônio menor aduziu:
Será, enfim, mais aconselhável que o assassinemos sem piedade.
Que dizes? Redarguiu a Inteligência perversa. A morte ser-lhe-ia a mais
doce bênção por reconduzi-lo às claridades do Paraiso.
6. E vendo que o aprendiz vencido se calava, humilde, o Adversário Maior
fez expressivo movimento de olhos e aconselhou, loquaz:
Não sejas tolo. Volta e dize a esse homem que ele é um zero na Criação,
que não passa de mesquinho verme desconhecido. Impõe-lhe o
conhecimento da própria pequenez, a fim de que jamais se engrandeça, e
verás.
O enviado regressou satisfeito e pôs em prática o método recebido.
Rodeou o valente servidor com pensamentos de desvalia, acerca de sua
pretendida insignificância e desfechou-lhe perguntas mentais como estas:
Como se atreves a admitir algum valor em tuas obras destinadas ao pó?
Não te sentes simples joguete de paixões inferiores da carne?
7. Não te envergonhas da animalidade que trazes ao ser? Que pode um grão
de areia perdido no deserto? Não te reconheces na posição de obscuro
fragmento de lama? O valioso colaborador interrompeu as atividades que
lhe diziam respeito e, depois de escutar longamente as perigosas
insinuações, olvidou que a oliveira frondosa começa no grelo frágil e
deitou-se, desalentado, no leito do desânimo e da humilhação, para
despertar somente na hora em que a morte lhe descortinava o infinito da
vida. Silenciou Jesus, contemplando a noite calma. Simão Pedro
pronunciou uma prece sentida e os apóstolos, em companhia dos demais,
se despediram, nessa noite, cismarentos e espantadiços.
REFLEXÃO:
8. Nessa estória, o Mestre fala para seus seguidores sobre os métodos que
os Espíritos decaídos utilizam para enfraquecer as iniciativas dos mais
fortalecidos nas práticas benfeitoras que favorecem a Humanidade. O
chefe daqueles domínios sombrios instrui seu preposto no sentido de agir
junto ao que resiste aos ataques das sombras enfraquecendo a sua
autoestima. Convencendo-o de que é um reles zero à esquerda no
Universo, sem nenhuma importância, e que presunção grande é supor
que pode significar ou praticar algo relevante na vida. Assegurava à
vítima dos seus atos infelizes que ele nada representa no contexto geral
da existência, e que presumir o contrário é incorrer em risível arrogância.
9. Assim, assegurava o chefe decaído ao aprendiz dos desenganos,
atingiriam o propósito de enfraquecer em definitivo o ânimo daquele
resistente trabalhador do bem, retirando-o de campo, para atingirem mais
facilmente seus objetivos mesquinhos e prejudiciais aos cenário
terrestres.
É muito oportuno esse ensinamento, porque, em quantas situações não
nos flagramos, em instantes de cansaço extremo, com esses pensamentos
desalentadores pairando em nossa mente? De que adianta tanto esforço,
se o resultado não se faz visível? Pior, aparenta muitas vezes não surtir
efeito, ou surtir pouco, na ordem geral das poderosas engrenagens
cotidianas, que contribuem para a formação dos panoramas caóticos que
todos presenciamos.
10. Em quantas ocasiões não nos imaginamos, de fato, pequenos demais,
ínfimos demais, e pretenciosos, com nosso eventual entusiasmo de
contribuir para algum tipo de melhoria de vida, em esforços que se
mostram quase sufocados, invisíveis, debilitados debaixo da avalanche
diária de preocupações que nos asfixiam os propósitos? A lição do
Mestre é clara. O trabalhador bem-disposto da parábola, ao fim de tudo,
sucumbe às insinuações insidiosas, e termina a vida em desalento
completo, estagnando-se em letargia improdutiva, para se despertar na
ocasião da desencarnação, recordando a realidade de que a mais
majestosa das árvores começa sempre na semente humilde sob o solo,
mais à frente desabrochada no broto tenro, depois de vencer
paulatinamente os obstáculos ríspidos do solo rasteiro.
11. Portanto, não podemos nos esquecer em nenhum momento da lição,
enquanto vivenciamos a passagem rápida dos dias na materialidade
terrena. Não importa como. Mas devemos manter, na prática, as
melhores intenções no dia a dia, sem nos determos por julgamentos
alheios, críticas infelizes, incompreensão, desprezo, ironias ou desdéns.
Sustentemos o foco. Não importa em que lugar frequentado; se no
ambiente do lar ou do trabalho profissional, nas ruas, no lazer, à primeira
ideia insidiosa infiltrando-se no campo mental em razão de reações
negativas dos que nos cercam, ou como resultado de ideias estranhas,
sorrateiramente sussurradas em nossa atmosfera psíquica, recordemo-nos
da semente citada na parábola.
12. Durante seu ministério, Jesus mostrou o seu poder sobre a doença, sobre
a morte, sobre a Natureza e, também, sobre os demônios. Construiu
valores universais únicos, que, pela profundidade e extensão,
modificaram os aspectos culturais, sociais, políticos e econômicos da
Humanidade. Esses valores são conceitos fundamentais, sendo a moral
cristã o eixo de sua visão de mundo e interpretação da realidade.
Muita Paz!
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