O documento discute a filosofia da verdade. Apresenta diferentes concepções de verdade como algo que é evidente (aletheia), preciso em sua descrição (veritas) ou baseado em confiança (emunah). Também discute teorias sobre a natureza do conhecimento verdadeiro e as dificuldades em buscar a verdade na sociedade moderna.
3. IGNORÂNCIA E VERDADE
A Filosofia é uma decisão ou deliberação orientada
por um valor: a verdade.
A Filosofia é o desejo do verdadeiro que move a
Filosofia e suscita (instiga) os filósofos.
Afirmar que a verdade é um valor significa que ela
dá um sentido as coisas pois, se não tivessem sentido
seria algo falso.
4. IGNORÂNCIA, INCERTEZA E
INSEGURANÇA
A ignorância pode ser tão profunda que nem
sequer a percebemos ou a sentimos.
A ignorância se manifesta quando pensamos
ou achamos que sabemos tudo, é neste
momento que nossas crenças e opiniões
mostram que, tudo do que preciso para viver
já está pronto, sem necessidade de alteração
alguma.
5. A incerteza é diferente da ignorância, pois é nela que
descobrimos que somos ignorantes.
A dúvida nos leva a questionamentos e indagações.
Será que sempre tenho as respostas?
O espanto e a admiração nos fazem querer saber o
que não sabíamos, e criam o desejo de superar a
incerteza.
6. DESEJO DA VERDADE
O desejo da verdade aparece muito cedo nos
seres humanos. Por isso, desde cedo, vemos as
crianças perguntarem aos pais é de verdade
ou é de mentira?.
Quando crianças, estamos sujeitos a duas
decepções: a de que os seres, as coisas não
existem de verdade e a de que os adultos
podem dizer-nos falsidades e nos enganar.
dizer-
7. Essa dupla decepção pode acarretar dois
resultados opostos: ou a criança se recusa a sair
do mundo imaginário e sofre com a realidade
como alguma coisa ruim e hostil a ela.
Nesse segundo caso, a criança também se
coloca na disposição da busca da verdade.
8. Assim, nas vária fases de nossa vida, a
busca da verdade está sempre ligada a uma
decepção, a uma desilusão, a uma dúvida, a
uma perplexidade, a uma insegurança ou,
então, a um espanto e uma admiração diante
de algo novo e insólito.
9. DIFICULDADES PARA A BUSCA
DA VERDADE
Em nossa sociedade, é muito difícil despertar nas
pessoas o desejo de buscar a verdade?
Infelizmente sim, pois são tantas informações que se
torna tão difícil analisar e buscar a verdade.
Outra dificuldade para fazer surgir o desejo da busca
da verdade, em nossa sociedade, vem da propaganda,
pois ela trata todas as pessoas ± crianças, jovens,
adultos, idosos ± como crianças extremamente
ingênuas.
10. A propaganda nunca vende um produto dizendo o que
ele é e para que serve. Ela vende o produto rodeando-
rodeando-
o de magias, belezas, dando-lhe qualidades que são
dando-
de outras coisas, as vezes até mesmo como sendo
idéia de felicidade.
Uma outra dificuldade, é a atitude dos políticos nos
quais as pessoas confiam, dando-lhes o voto e vendo-
dando- vendo-
se, depois, enganadas.
11. Em vista disso, a tendência das pessoas é
julgar que é impossível a verdade na política.
Essas dificuldades enfrentadas podem
desencadear em muitas pessoas dúvidas, que
as façam desejar conhecer a realidade.
Para essas pessoas, surgem o desejo e a
necessidade da busca da verdade.
12. SÃO DOIS OS TIPOS DE BUSCA
DA VERDADE:
O que nasce da decepção, da incerteza e da
insegurança e, por si mesmo, exige que
saiamos de tal situação readquirindo certezas.
O que nasce da deliberação ou decisão de não
aceitar as certezas e crenças estabelecidas, de
estabelecidas,
ir além delas e de encontrar explicações,
interpretações e significados para a realidade.
Esse segundo tipo é a busca da verdade na
atitude filosófica.
13. BUSCANDO A VERDADE
O que é dogmatismo?
É uma atitude natural e espontânea que temos
desde crianças. É nossa crença de realmente o
mundo existe e que é exatamente da forma
como o percebemos.
A atitude dogmática é conservadora, isto é
sente receio das novidades, do desconhecido.
14. O conservadorismo pode ainda aumentar o
dogmatismo, pois se torna preconceito.
A filosofia é herdeira de três grandes
concepções de verdade: a do ver-perceber, a do
ver-
falar-
falar-dizer e a do crer-confiar.
crer-
15. AS CONCEPÇÕES DA VERDADE
Em grego, verdade se diz aletheia, significando não-
aletheia, não-
oculto, não-escondido, não-dissimulado. O verdadeiro
não- não-
é o que se manifesta aos olhos do corpo e do espírito; a
verdade é a manifestação daquilo que é ou existe tal
como é.
O verdadeiro se opõe ao falso, pseudos, que é o
pseudos,
encoberto, o escondido, o dissimulado, o que parece
ser e não é como parece. O verdadeiro é o evidente ou
o plenamente visível para a razão.
16. Em latim, verdade se diz veritas e se refere à
precisão, ao rigor e à exatidão de um relato, no
qual se diz com detalhes, pormenores e
fidelidade o que aconteceu.
Verdadeiro se refere, portanto, à linguagem
enquanto narrativa de fatos acontecidos,
refere-
refere-se a enunciados que dizem fielmente as
coisas tais como foram ou aconteceram.
17. Em hebraico, verdade se diz emunah e
significa confiança. Agora são as pessoas e é
Deus quem são verdadeiros. Um Deus
verdadeiro ou um amigo verdadeiro são
aqueles que cumprem o que prometem, são
fiéis à palavra dada ou a um pacto feito; enfim,
não traem a confiança.
18. Aletheia se refere ao que as coisas são; veritas
se refere aos fatos que foram; emunah se refere
às ações e coisas que serão.
A nossa concepção da verdade é uma síntese
dessas três fontes e se refere à própria realidade,
à linguagem e à confiança-esperança.
confiança-
19. DIFERENTES TEORIAS SOBRE A
VERDADE
Existem diferentes concepções filosóficas sobre a
natureza do conhecimento verdadeiro.
Quando predomina a aletheia a marca do
conhecimento verdadeiro é a evidência. Uma idéia é
verdadeira quando corresponde à coisa que é seu
conteúdo.
Quando predomina a veritas, a verdade depende do
veritas,
rigor e da precisão na criação e no uso de regras de
linguagem.
20. O critério da verdade é dado pela coerência interna ou
pela coerência lógica. A marca do verdadeiro é a
validade lógica de seus argumentos.
Quando predomina a emunah, considera-se que a
emunah, considera-
verdade depende de um acordo ou de um pacto de
confiança entre os pesquisadores, que definem um
conjunto de convenções. A verdade se funda,
portanto, no consenso e na confiança recíproca.
21. que somos seres dotados de linguagem e que
ela funciona segundo regras lógicas
convencionadas e aceitas por uma
comunidade;
que os resultados de uma investigação devem
ser submetidos à discussão e avaliação pelos
membros da comunidade de investigadores
que lhe atribuirão ou não o valor de verdade.
22. Existe ainda uma quarta teoria da verdade.
Trata-
Trata-se da teoria pragmática, para a qual um
pragmática,
conhecimento é verdadeiro por seus resultados
e suas aplicações práticas, sendo verificado
pela experimentação e pela experiência.
23. Na primeira e na quarta teoria, a verdade é o
acordo entre o pensamento e a realidade.
Na segunda e na terceira teoria, a verdade é o
acordo do pensamento e da linguagem consigo
mesmos, a partir de regras e princípios que o
pensamento e a linguagem deram a si mesmos,
em conformidade com sua natureza própria,
que é a mesma para todos os seres humanos.
24. Verdade Pragmática
Um conhecimento é verdadeiro não só quando
explica alguma coisa ou algum fato, mas
sobretudo quando permite obter consequências
práticas e aplicáveis.
25. A verdade é, ao mesmo tempo, frágil e
poderosa. Frágil porque os poderes
estabelecidos podem destruí-la.
destruí-
Poderosa, porque a exigência do
verdadeiro é o que dá sentido à
existência humana.