O documento discute a formulação de problemas de pesquisa em psicologia, enfatizando que: 1) a pesquisa raramente ocorre da maneira descrita nos livros; 2) leva mais tempo do que o esperado; 3) cientistas apreciam a discussão e não pensam de forma ordenada como outros campos. Aborda também fontes de motivação para pesquisa como curiosidade, senso comum, observações e teorias.
2. LEIS FUNDAMENTAIS
1. Em geral não se faz pesquisa da maneira pela
qual os que escrevem livros sobre pesquisa
dizem que elas são feitas.
2. As coisas levam mais tempo do que se supõe.
3. CIÊNCIA E “CONFUSÃO”
“Bastante curioso é que uma das características
dos cientistas e de seus trabalhos seja a confusão,
quase a desordem. (...) Mas ao conversar com um
cientista logo se verá que suas ideias não estão tão
bem ordenadas. O cientista aprecia a discussão,
mas não pensa sempre com esquemas coerentes
e completos tais como os que são usados pelos
filósofos, juristas e clérigos.”
4. CIÊNCIA E CONFUSÃO
Isso pode divertir.
Importância dos alunos.
Miopia da Hipótese: distúrbio de visão. Uma
incapacidade de ver longe ao pesquisar, devido às
ideias pré-concebidas.
Exemplo: Galileu e as manchas do Sol.
5. MOTIVAÇÃO PARA A PESQUISA
Curiosidade: “A Satisfação da própria curiosidade é
uma das maiores fontes de felicidade da vida”
De onde mais?
Senso Comum.
Observação do Mundo ao nosso Redor.
Teorias já existentes: como isso nos modifica?
Pesquisas anteriores.
Problemas Práticos
6. SENSO COMUM
Partimos das coisas que consideramos
verdadeiras.
Os opostos se atraem? Os pais que não batem
estragam as crianças?
Testar e “desvendar alguns mitos”.
7. OBSERVAÇÃO DO MUNDO AO REDOR
Curiosidade despertada por suas observações e
experiências pode levar a formulação de perguntas
sobre fenômenos de todo tipo.
Guardar as coisas em locais especiais é uma boa
ideia? Pelo jeito não...
Motivos: 1. Consideram o local pouco provável. 2.
Consideram a memorização óbvia.
Exemplo da letra de rock/rap/country.
8. OBSERVAÇÃO DO MUNDO AO REDOR
Vocês têm alguma curiosidade?
Descoberta Acidental. Pavlov.
9. TEORIAS
Têm 2 funções:
1. Organizar e explicar uma diversidade de fatos.
Eles não são significativos em si e há a
necessidade de um referencial teórico para
estruturá-los.
2. Gerar Conhecimentos Novos, guiando nossas
observações do mundo. A teoria gera hipóteses.
Teoria do Investimento Parental.
10. PESQUISAS ANTERIORES
Pesquisas anteriores fornecem direcionamentos e
possibilidade de ampliar o que já foi estudando.
Hábito de beber dos universitários? (Geller et al.,
1986)
1. Estudantes bebem mais se compram canecas do
que garrafas.
2. Homens bebem mais do que mulheres.
3. Bebem mais quando estão em grupo.
4. Mulheres ficam mais tempo no bar.
E vocês? Observar método, outras variáveis,
13. ALGUNS REQUISITOS PARA UMA PESQUISA
Problema
Info.
Necessárias
Melhores
Fontes
Definição de
Ações
Sistema de
Tratamento
Teoria
Produção de
Respostas
Indicar Grau de
Confiabilidade
Generalização?
14. SEM PROBLEMA?
O problema precisa existir, mesmo que sob a forma
de uma mera curiosidade, para dirigir o trabalho de
coleta de informações e, posteriormente, para
organizá-las.
Basta ter um problema vago?
15. CLAREZA
Passo fundamental dentro do processo de
pesquisar. As demais decisões a serem tomadas
pelo pesquisador dependerão da formulação do
problema.
16. RISCOS E CONFUSÕES
Ponto de Partida: definição imprecisa.
“Quero pesquisar sobre o Amor”
17. RISCOS E CONFUSÕES
Área (Psicologia Social, Organizacional, Clínica)
Tema
Título: por mais informativo que seja, raramente ele
se constitui em uma boa formulação de problema
Sujeito (estudantes universitários, pais de
adolescentes grávidas, etc)
Instituição.
18. HIPÓTESE VS PROBLEMA DE PESQUISA
Hipótese: suposição quanto aos possíveis
resultados a serem obtidos. Uma aposta.
Quase inevitáveis!
Durante muitos anos: hipótese = pesquisa
quantitativa.
A hipótese é o que deriva do nosso problema de
pesquisa.
19. PROBLEMA DE PESQUISA E OBJETIVO DE
PESQUISA.
Objetivos coincidem com o Problema (assim
esperado). Mas não são o problema.
Pode servir para chamar atenção para a relevância
da pesquisa.
Contribuir...
Chamar atenção...
Esclarecer...
21. EXEMPLO DE PESQUISAS - IGNOBEL
Física - Concedido a Kiyoshi Mabuchi, Kensei
Tanaka, Daichi Uchijima e Rina Sakai por terem
estudado as propriedades de deslizamento de
uma casca de banana.
Psicologia - Peter K. Jonason, Amy Jones e Minna
Lyons descobriram que notívagos, pessoas que se
sentem mais ativas durante a noite, são mais
manipuladoras e têm uma tendência maior à
psicopatia.
22. EXEMPLO DE PESQUISAS - IGNOBEL
Saúde pública - Os cientistas Jaroslav Flegr, Jan
Havlicek, Jitka Hanusova-Lindova, David Hanauer,
Naren Ramakrishnan e Lisa Seyfried foram premiados
por avaliar se ter um gato poderia causar danos à
saúde mental das pessoas.
Biologia - Vlastimil Hart, Petra Novakova, Erich Pascal
Malkemper, Sabine Begall, Vladimir Hanzal, Milos
Jezek, Tomas Kusta, Veronika Nemcova, Jana
Adamkova, Katerina Benediktova, Jaroslav Cerveny e
Hynek Burda (sim, toda essa galera) foram premiados
por descobrir que, na hora de fazer o número dois, cães
alinham seus corpos de acordo com o campo
magnético da Terra.
23. EXEMPLO DE PESQUISAS - IGNOBEL
Arte - Marina de Tommaso, Michele Sardaro e
Paolo Livrea apontaram um laser para a mão de
pessoas olhando para pinturas - a ideia era medir
se a quantidade de dor que elas sentem durante
esse processo era alterada caso a "arte" fosse
bonita, neutra ou feia.
Economia - O prêmio foi concedido ao Instituto
Nacional de Estatística da Itália que, para cumprir a
determinação da União Europeia de aumentar sua
receita nacional, incluiu dados de prostituição,
contrabando, venda de drogas e outras
atividades ilícitas do país, em sua receita.
24. EXEMPLO DE PESQUISAS - IGNOBEL
Ciência Ártica - Eigil Reimers e Sindre Eftestol
levaram o prêmio por estudarem como renas
reagiam a humanos fantasiados de urso polar.
Nutrição - Raquel Rubio, Anna Jofra, Belen Martin,
Teresa Aymerich e Margarita Garriga
colocaram bactérias vindas de fezes de bebês
em alimentos. A ideia era estudar o potencial
probiótico desses organismos.
25. RELEVÂNCIA E ORIGINALIDADE
Relevância Teórica e Relevância Social.
Não saber responder pela relevância de uma
pesquisa x Esperar que os resultados sejam
definitivos em relação a problemas seculares.
Repisar o que muitos já disseram x Imobilizar-se à
procura do absolutamente original.
26. RELEVÂNCIA E ORIGINALIDADE
A solução de grandes problemas - nas ciências
sociais como nas humanas - se dá como trabalho
de criação coletiva, e em um espaço de tempo que
ultrapassa em muito aquele de um projeto
individual de pesquisa.
27. IDEIA GRANDIOSA?
Projeto de pesquisa vs Programa de Pesquisa
Um bom conselho é o seguinte: se você pretende
continuar pesquisando o assunto, não precisa se
envolver em um projeto único tão ambicioso; por
outro lado, se não pretende, aí que não faz mesmo
sentido formulá-lo desta maneira.
Relevância não é Sinônimo de Grandiosidade
28. DETALHAMENTO DO PROBLEMA
"Diego, como eu faço? Eu quero pesquisar tanto
sobre o amor! Afinal, para mim ele é o sentimento
mais lindo que existe!"
29. DETALHAMENTO DO PROBLEMA
Calma...
Destrinchar a formulação inicial.
Destacando as respostas que gostaria de obter.
30. DETALHAMENTO DO PROBLEMA
Perguntas Claras.
"Que transformações ocorreram no conceito de
"amor de mãe" desde que ele foi cunhado e quais
as possíveis implicações delas para o sentimento
de culpa de novas mães"
32. CUIDADOS EXTRAS
Definição clara das Palavras. Exemplo: Lua
Cotidiano: um corpo redondo e pesado que gira ao
redor da terra, que reflete a luz solar e torna-se cheio
uma vez por mês.
Poético: uma esfera prateada e resplandecente que se
destaca do negro manto do céu.
Científico: um corpo pesado, um satélite do planeta
terra (o terceiro planeta do sistema solar) em torno do
qual desenvolve uma órbita de 28 dias, situando-se a
aproximadamente 384.000 quilômetros da terra; com
um diâmetro aproximado de 3.477 quilômetros e que
reflete a luz solar”.
33. CUIDADOS EXTRAS
Defina, pelo menos, o que você entende pelos
principais termos da sua pesquisa.
O detalhamento de um problema de pesquisa é um
processo relativamente aberto. Diferente de uma
camisa de força.
Esteja sensível a realidade que será confrontada.
34. E AÍ VOCÊ RESOLVEU PESQUISAR.
E encontrou artigos científicos. De onde eles vêm?
Para onde eles vão? Como entendê-los?
Vamos dissecá-los!