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São Paulo, domingo, 25 de julho de 2004




Custo fixo?
BRUNO LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Não existem custos fixos, dizem os consultores, por mais
que esse seja o nome técnico dado aos gastos da empresa
que não dependem de desempenho e vendas. Mesmo
despesas periódicas como aluguel do ponto, ligações
telefônica, energia elétrica e folha de pagamento de
funcionários podem ser reduzidas de forma criativa, sem
comprometer a qualidade do produto ou do serviço. No caso
do aluguel, há opções como renegociar os reajustes previstos
em contrato ou avaliar se compensa manter a empresa no
endereço atual. Para ter sucesso na tarefa, vale tanto
sensibilizar a equipe como abusar de recursos tecnológicos
que induzam à economia.




       São Paulo, domingo, 25 de julho de 2004




CUSTO FIXO?

Antes de eliminar despesas, empresário tem de
listar o que é valorizado pelo freguês

Cliente determina como
economizar
Fernando Moraes/Folha Imagem




                                        O escritório
                                        Menezes e
                                        Lopes
                                        Advogados
                                        criou o Sr.
                                        Meneis para
                                        conscientizar os
                                        funcionários




FREE-LANCE PARA A FOLHA

Toda despesa feita pela empresa precisa ser valorizada pelo
cliente -do contrário, deve ser cortada. Especialistas em
reestruturação ensinam que só faz sentido gastar com aquilo
que causa impacto na percepção da clientela. A mesma
lógica diz que só deve escapar dos cortes o que de fato for
importante para o freguês.
Isso não significa que o empresário deva perguntar ao cliente
como poupar energia ou diminuir a conta de telefone. Mas
saber o que o cliente espera do negócio é fundamental para
tomar qualquer decisão administrativa.
"Quando uma despesa fixa não estiver agregando nenhum
diferencial ou benefício para o cliente, pode ser eliminada",
afirma Luís Alberto Lobrigatti, consultor financeiro do
Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
de São Paulo).
Estar em um prédio bonito, em um ponto nobre da cidade,
por exemplo, só faz sentido se o cliente realmente se importa
com isso. Fazendo essa análise, a advogada trabalhista Sylvia
Romano trocou o escritório na esquina das avenidas
Brigadeiro Faria Lima e Cidade Jardim (região oeste) por um
no centro, mais barato e próximo à Justiça do Trabalho.
"Antes pagava R$ 15 mil. Agora pago R$ 3.500 e tenho o
dobro do espaço. Fora o condomínio, que era altíssimo",
revela a advogada. Ela diz que entrega pareceres até via
internet e que a clientela vai pouco ao escritório.
A economia também foi repassada ao preço dos serviços,
pois não há mais grandes gastos com o deslocamento dos
advogados até o tribunal. Romano ficou mais distante de
casa, mas não se arrepende. "Pego trânsito, mas estou feliz e
gasto bem menos."
Oportunidades
No caso de negócios em que a mudança de ponto gera grande
impacto no movimento, é preciso cuidado, mas às vezes
basta estar atento às oportunidades.
Um exemplo foi o salão Tokos Cabeleireiros, localizado em
Perdizes, zona oeste, que se mudou para uma loja maior a
menos de um quarteirão de distância. "O salão dobrou de
tamanho, e a clientela e o faturamento, também", conta a
proprietária, Solange Noda, 51, que, com mais espaço,
incluiu depilação entre os serviços.
Para Noda, a grande preocupação era manter a clientela.
Quando encontrou o novo ponto, vibrou. "Não poderia ser
melhor."

Limites
O principal limite para a eliminação de gastos é a qualidade
do produto ou do serviço oferecido pela empresa. Mais uma
vez, quem manda é o cliente, que pode abandonar a empresa
se houver prejuízos no atendimento.
"Trabalhar com redução de custos fixos é um dos maiores
desafios em qualquer empresa, em qualquer segmento,
principalmente porque a redução deve ser inteligente. Esses
custos estão diretamente relacionados à manutenção da
empresa e, por conseqüência, à sua competitividade", diz o
diretor administrativo da rede de franquias Microsiga
(softwares), Fábio Jorge Celeguim.
Para o pequeno, a tarefa é ainda mais árdua. "Como ele não
tem muita elasticidade para sobreviver a crises e não tem
reservas, é importante trabalhar sempre com o mínimo de
custo fixo possível", diz Tales Andreassi, professor de
empreendedorismo da FGV-Eaesp (Escola de Administração
de Empresas de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas).
Em alguns casos, é preciso investir para economizar. Entre
duas empresas de mesmo segmento e porte, uma gasta R$
100 e a outra R$ 200 por mês em marketing: quem está
melhor? Depende da relação custo-benefício.
Pode ser que a segunda empresa fature R$ 1.000 a mais, e a
primeira, com R$ 100, nem note diferenças. Manter um site,
por exemplo, o que implica gastos periódicos com
hospedagem e atualização, pode atrair clientes. O importante
é avaliar eficiência e retorno
São Paulo, domingo, 25 de julho de 2004




         "Armas de ataque" geram
         divergência
         FREE-LANCE PARA A FOLHA

         Na hora de escolher o método para economizar, há duas
         opções: apostar na conscientização e na sensibilização da
         equipe ou armar-se com mecanismos que forçam a economia
         de recursos como água e energia elétrica.
         A Baby Roger, fabricante de fraldas com sede em Várzea
         Paulista (a 63 km de São Paulo), revela que, após tentativas
         frustradas de conscientização dos cerca de 120 funcionários,
         a alternativa foi recorrer à tecnologia.
         "Não tenho dúvida de que funciona melhor do que as
         campanhas. Fazendo assim, acabei com o problema", diz o
         sócio Rogério Bezerra, 33. "Se há recursos tecnológicos para
         resolver [o problema], é mais rápido do que doutrinar as
         pessoas."
         Na empresa, após cinco minutos de conversação, o
         telefonema cai automaticamente. Departamentos e
         funcionários selecionados têm acesso a códigos que evitam a
         operação. Também foram adotados temporizadores, que
         estipulam horários para que as luzes se apaguem
         automaticamente -economia de 10% a 15%.
         De acordo com Bezerra, no entanto, apesar da preocupação
         constante em instalar novos sistemas, a empresa não gasta
         muito. "Não é caro investir, o difícil é descobrir os
         mecanismos que existem no mercado."
         Já no escritório Menezes e Lopes Advogados a opção foi por
         fazer uma campanha interna batizada de Surpreenda-se -
         Veja a Diferença que Você Faz. A idéia é ensinar os
         funcionários a criar o hábito de economizar, dando dicas que
         servem para usar tanto na empresa como em casa.
         O personagem Sr. Meneis (brincadeira com o nome de um
         dos donos) ajuda a sensibilizar a equipe, deixando recados
         de parabéns ou broncas no computador. Os recadinhos são
         contabilizados num levantamento de quem mais se
         empenhou na campanha. Os mais bem colocados participam
         do sorteio de uma viagem com acompanhante a um resort.
São Paulo, domingo, 25 de julho de 2004




CUSTO FIXO?

Reestruturações, controles e contratação
temporária são saídas para reduzir os gastos

Senha é pensar despesa como
variável
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Tratar custos fixos como despesas variáveis, condicionando-
os à produção e às vendas, é o conselho dos especialistas
para orientar os cortes de gastos na empresa.
"Os custos variáveis, em geral, as empresas controlam bem.
Nos custos fixos é que elas se perdem", afirma Victor
Eduardo Báez, consultor de reestruturação de empresas que
se considera um "caçador de custos fixos". "A idéia é
transformar o fixo em variável na cabeça das pessoas, para
que relacionem gastos com resultados."
No caso de despesas como mão-de-obra, a opção é
redesenhar a política de remuneração da empresa e criar
cargos em que os ganhos sejam compostos por uma parcela
de valores fixos e outra de variáveis, sempre atrelada ao
cumprimento de metas.
O exemplo clássico é o do comissionamento dos vendedores,
mas, de acordo com os especialistas, o mecanismo funciona
para todo funcionário que atua na produção. Um engenheiro
projetista, por exemplo, pode ter parte de sua remuneração
dependente do cumprimento de prazos.

Sob controle
Mas como fazer para que gastos com telefonia variem
conforme a produção? Além de recursos técnicos (veja
quadro abaixo), anotar as chamadas e analisá-las no fim do
mês dá uma noção da relação entre custos e resultados.
Em razão da demanda flutuante do negócio, a academia
Team 1, em Cotia (SP), opta por contratar estagiários através
do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) nos meses
de pico.
"A academia é muito sazonal, "estoura" de agosto a
novembro, depois o pessoal viaja e só volta após o Carnaval.
No verão, "estoura" de novo e, em julho, fica tudo parado
outra vez. Os estagiários vêm para aprender -não trabalham
como professores, ajudam a conter a demanda", explica
Sandra Cristina Keller, 35, sócia.
Ela também exige que todas as ligações feitas sejam
anotadas em uma planilha, com o nome de quem ligou, o
telefone e o nome do cliente contatado. A receita serviu para
entender como variável o custo fixo com chamadas
telefônicas e, claro, para poupar.
Aleatoriamente, a empresária checa a veracidade das
informações. "Só o fato de haver um controle estimula a
seguir a regra." A empresa também decidiu contratar um
especialista para ajudar nos cortes. "Não quero correr o risco
de errar", afirma Keller.
Com medidas simples como o levantamento dos endereços
de todos os empregados e a realização de um roteiro de
transporte, a rede de franquias Golden Services reduziu em
pelo menos 20% seus gastos com vale-transporte.
Também modificou a forma de ligar para celulares -
automaticamente, a chamada é originada também de um
celular e fica mais barata do que se feita do fixo.
Outra opção para economizar são os escritórios
terceirizados: a empresa pode começar seus negócios sem
investir de cara em mobiliário e em infra-estrutura.

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  • 1. São Paulo, domingo, 25 de julho de 2004 Custo fixo? BRUNO LIMA FREE-LANCE PARA A FOLHA Não existem custos fixos, dizem os consultores, por mais que esse seja o nome técnico dado aos gastos da empresa que não dependem de desempenho e vendas. Mesmo despesas periódicas como aluguel do ponto, ligações telefônica, energia elétrica e folha de pagamento de funcionários podem ser reduzidas de forma criativa, sem comprometer a qualidade do produto ou do serviço. No caso do aluguel, há opções como renegociar os reajustes previstos em contrato ou avaliar se compensa manter a empresa no endereço atual. Para ter sucesso na tarefa, vale tanto sensibilizar a equipe como abusar de recursos tecnológicos que induzam à economia. São Paulo, domingo, 25 de julho de 2004 CUSTO FIXO? Antes de eliminar despesas, empresário tem de listar o que é valorizado pelo freguês Cliente determina como economizar
  • 2. Fernando Moraes/Folha Imagem O escritório Menezes e Lopes Advogados criou o Sr. Meneis para conscientizar os funcionários FREE-LANCE PARA A FOLHA Toda despesa feita pela empresa precisa ser valorizada pelo cliente -do contrário, deve ser cortada. Especialistas em reestruturação ensinam que só faz sentido gastar com aquilo que causa impacto na percepção da clientela. A mesma lógica diz que só deve escapar dos cortes o que de fato for importante para o freguês. Isso não significa que o empresário deva perguntar ao cliente como poupar energia ou diminuir a conta de telefone. Mas saber o que o cliente espera do negócio é fundamental para tomar qualquer decisão administrativa. "Quando uma despesa fixa não estiver agregando nenhum diferencial ou benefício para o cliente, pode ser eliminada", afirma Luís Alberto Lobrigatti, consultor financeiro do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo). Estar em um prédio bonito, em um ponto nobre da cidade, por exemplo, só faz sentido se o cliente realmente se importa com isso. Fazendo essa análise, a advogada trabalhista Sylvia Romano trocou o escritório na esquina das avenidas Brigadeiro Faria Lima e Cidade Jardim (região oeste) por um no centro, mais barato e próximo à Justiça do Trabalho. "Antes pagava R$ 15 mil. Agora pago R$ 3.500 e tenho o dobro do espaço. Fora o condomínio, que era altíssimo", revela a advogada. Ela diz que entrega pareceres até via internet e que a clientela vai pouco ao escritório. A economia também foi repassada ao preço dos serviços, pois não há mais grandes gastos com o deslocamento dos advogados até o tribunal. Romano ficou mais distante de casa, mas não se arrepende. "Pego trânsito, mas estou feliz e gasto bem menos."
  • 3. Oportunidades No caso de negócios em que a mudança de ponto gera grande impacto no movimento, é preciso cuidado, mas às vezes basta estar atento às oportunidades. Um exemplo foi o salão Tokos Cabeleireiros, localizado em Perdizes, zona oeste, que se mudou para uma loja maior a menos de um quarteirão de distância. "O salão dobrou de tamanho, e a clientela e o faturamento, também", conta a proprietária, Solange Noda, 51, que, com mais espaço, incluiu depilação entre os serviços. Para Noda, a grande preocupação era manter a clientela. Quando encontrou o novo ponto, vibrou. "Não poderia ser melhor." Limites O principal limite para a eliminação de gastos é a qualidade do produto ou do serviço oferecido pela empresa. Mais uma vez, quem manda é o cliente, que pode abandonar a empresa se houver prejuízos no atendimento. "Trabalhar com redução de custos fixos é um dos maiores desafios em qualquer empresa, em qualquer segmento, principalmente porque a redução deve ser inteligente. Esses custos estão diretamente relacionados à manutenção da empresa e, por conseqüência, à sua competitividade", diz o diretor administrativo da rede de franquias Microsiga (softwares), Fábio Jorge Celeguim. Para o pequeno, a tarefa é ainda mais árdua. "Como ele não tem muita elasticidade para sobreviver a crises e não tem reservas, é importante trabalhar sempre com o mínimo de custo fixo possível", diz Tales Andreassi, professor de empreendedorismo da FGV-Eaesp (Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas). Em alguns casos, é preciso investir para economizar. Entre duas empresas de mesmo segmento e porte, uma gasta R$ 100 e a outra R$ 200 por mês em marketing: quem está melhor? Depende da relação custo-benefício. Pode ser que a segunda empresa fature R$ 1.000 a mais, e a primeira, com R$ 100, nem note diferenças. Manter um site, por exemplo, o que implica gastos periódicos com hospedagem e atualização, pode atrair clientes. O importante é avaliar eficiência e retorno
  • 4. São Paulo, domingo, 25 de julho de 2004 "Armas de ataque" geram divergência FREE-LANCE PARA A FOLHA Na hora de escolher o método para economizar, há duas opções: apostar na conscientização e na sensibilização da equipe ou armar-se com mecanismos que forçam a economia de recursos como água e energia elétrica. A Baby Roger, fabricante de fraldas com sede em Várzea Paulista (a 63 km de São Paulo), revela que, após tentativas frustradas de conscientização dos cerca de 120 funcionários, a alternativa foi recorrer à tecnologia. "Não tenho dúvida de que funciona melhor do que as campanhas. Fazendo assim, acabei com o problema", diz o sócio Rogério Bezerra, 33. "Se há recursos tecnológicos para resolver [o problema], é mais rápido do que doutrinar as pessoas." Na empresa, após cinco minutos de conversação, o telefonema cai automaticamente. Departamentos e funcionários selecionados têm acesso a códigos que evitam a operação. Também foram adotados temporizadores, que estipulam horários para que as luzes se apaguem automaticamente -economia de 10% a 15%. De acordo com Bezerra, no entanto, apesar da preocupação constante em instalar novos sistemas, a empresa não gasta muito. "Não é caro investir, o difícil é descobrir os mecanismos que existem no mercado." Já no escritório Menezes e Lopes Advogados a opção foi por fazer uma campanha interna batizada de Surpreenda-se - Veja a Diferença que Você Faz. A idéia é ensinar os funcionários a criar o hábito de economizar, dando dicas que servem para usar tanto na empresa como em casa. O personagem Sr. Meneis (brincadeira com o nome de um dos donos) ajuda a sensibilizar a equipe, deixando recados de parabéns ou broncas no computador. Os recadinhos são contabilizados num levantamento de quem mais se empenhou na campanha. Os mais bem colocados participam do sorteio de uma viagem com acompanhante a um resort.
  • 5. São Paulo, domingo, 25 de julho de 2004 CUSTO FIXO? Reestruturações, controles e contratação temporária são saídas para reduzir os gastos Senha é pensar despesa como variável FREE-LANCE PARA A FOLHA Tratar custos fixos como despesas variáveis, condicionando- os à produção e às vendas, é o conselho dos especialistas para orientar os cortes de gastos na empresa. "Os custos variáveis, em geral, as empresas controlam bem. Nos custos fixos é que elas se perdem", afirma Victor Eduardo Báez, consultor de reestruturação de empresas que se considera um "caçador de custos fixos". "A idéia é transformar o fixo em variável na cabeça das pessoas, para que relacionem gastos com resultados." No caso de despesas como mão-de-obra, a opção é redesenhar a política de remuneração da empresa e criar cargos em que os ganhos sejam compostos por uma parcela de valores fixos e outra de variáveis, sempre atrelada ao cumprimento de metas. O exemplo clássico é o do comissionamento dos vendedores, mas, de acordo com os especialistas, o mecanismo funciona para todo funcionário que atua na produção. Um engenheiro projetista, por exemplo, pode ter parte de sua remuneração dependente do cumprimento de prazos. Sob controle Mas como fazer para que gastos com telefonia variem
  • 6. conforme a produção? Além de recursos técnicos (veja quadro abaixo), anotar as chamadas e analisá-las no fim do mês dá uma noção da relação entre custos e resultados. Em razão da demanda flutuante do negócio, a academia Team 1, em Cotia (SP), opta por contratar estagiários através do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) nos meses de pico. "A academia é muito sazonal, "estoura" de agosto a novembro, depois o pessoal viaja e só volta após o Carnaval. No verão, "estoura" de novo e, em julho, fica tudo parado outra vez. Os estagiários vêm para aprender -não trabalham como professores, ajudam a conter a demanda", explica Sandra Cristina Keller, 35, sócia. Ela também exige que todas as ligações feitas sejam anotadas em uma planilha, com o nome de quem ligou, o telefone e o nome do cliente contatado. A receita serviu para entender como variável o custo fixo com chamadas telefônicas e, claro, para poupar. Aleatoriamente, a empresária checa a veracidade das informações. "Só o fato de haver um controle estimula a seguir a regra." A empresa também decidiu contratar um especialista para ajudar nos cortes. "Não quero correr o risco de errar", afirma Keller. Com medidas simples como o levantamento dos endereços de todos os empregados e a realização de um roteiro de transporte, a rede de franquias Golden Services reduziu em pelo menos 20% seus gastos com vale-transporte. Também modificou a forma de ligar para celulares - automaticamente, a chamada é originada também de um celular e fica mais barata do que se feita do fixo. Outra opção para economizar são os escritórios terceirizados: a empresa pode começar seus negócios sem investir de cara em mobiliário e em infra-estrutura.