SlideShare uses cookies to improve functionality and performance, and to provide you with relevant advertising. If you continue browsing the site, you agree to the use of cookies on this website. See our User Agreement and Privacy Policy.
SlideShare uses cookies to improve functionality and performance, and to provide you with relevant advertising. If you continue browsing the site, you agree to the use of cookies on this website. See our Privacy Policy and User Agreement for details.
Successfully reported this slideshow.
Activate your 14 day free trial to unlock unlimited reading.
1.
A Síndrome da Adolescência Normal
Aula cap. 2
Adolescência normal de
Arminda Aberastury e Mauricio Knobel.
PROF. FELIPE PINHO
2.
A Puberdade
PÚBERE- que adquire pelos, que amadurece; PUBENS, “coberto de pelo”.
A puberdade é um período de rápido desenvolvimento físico e maturação sexual que marca
o término da infância e o início da adolescência.
A Puberdade é caracterizada por mudanças hormonais que provocam tanto alterações
físicas como psíquicas e comportamentais.
A puberdade é caracterizada pelas mudanças biológicas (de caráter somático e genético
universal) que se manifestam na adolescência, e representam, para o ser humano, o início
da capacidade reprodutiva (desenvolvimento das características sexuais primárias e
secundárias).
O desenvolvimento puberal também é influenciado por fatores intrínsecos ao próprio
indivíduo e por questões socioculturais e econômicas.
PROF. FELIPE PINHO
3.
A Adolescência
Etimologicamente, a palavra adolescência vem do verbo latino adolescere, que
significa crescer ou desenvolver-se até à maturidade.
A adolescência caracteriza o desenvolvimento psicossocial que ocorre na
transição da puberdade para a idade adulta.
A adolescência é um período crítico do desenvolvimento do eu e da
personalidade do indivíduo.
As representações da adolescência são influenciadas por fatores sócio-histórico
e culturais.
PROF. FELIPE PINHO
4.
Normalidade e Patologia na Adolescência
Circunstância evolutiva (bagagem biológica individualizante) x Fatores socioculturais;
Adolescência: um fenômeno específico do desenvolvimento humano (características
humanas universais) e também uma expressão das circunstâncias histórico-sociais;
As queixas familiares e sociais dos comportamentos considerados desviantes e
"anormais" da adolescência;
A conduta patológica na adolescência (patologia normal do adolescente) muitas vezes é
uma evolução normal da busca pelo equilíbrio e estabilização da personalidade em um
continuum de desenvolvimento.
PROF. FELIPE PINHO
5.
Adolescência e a afirmação de si
A “identidade” não é um fenômeno próprio apenas do “adulto”, mas a cada momento
do desenvolvimento o indivíduo tem uma identidade própria, que é fruto das
identificações e experiências vitais (interação mundo interno - mundo externo)
ocorridas até então.
Reformulação do autoconceito, abandono e luto pela autoimagem infantil,
identificação e projeção da vida adulta.
A personalidade adolescente como personalidade «marginal» e crítica (entidade
semipatológica) .
Ana Freud: «seria anormal a presença de um equilíbrio estável durante o processo
adolescente».
PROF. FELIPE PINHO
6.
Mas o que seria a normalidade?
"A normalidade se estabelece sobre as pautas de adaptação ao meio, e que não significa
submetimento ao mesmo, mas a capacidade de utilizar os dispositivos existentes para o
alcance das satisfações básicas do indivíduo numa interação permanente que procura
modificar o desagradável ou o inútil através do alcance de substituições para o indivíduo
e para a comunidade".
Adolescência: luto pela infância e identificação pela vida adulta.
A conduta juvenil como algo aparentemente seminormal ou semipatológico, sendo que
dentro da perspectiva da psicologia evolutiva e da psicopatologia, é realmente coerente,
lógica e normal.
PROF. FELIPE PINHO
7.
Três “perdas” ou lutos fundamentais da
adolescência
1) a perda do corpo infantil
2) a perda dos pais da infância
3) a perda da identidade e papel sócio-familiar infantil
PROF. FELIPE PINHO
8.
A SÍNDROME NORMAL DA ADOLESCENCIA
Principais sintomas:
1) busca de si mesmo e da identidade
2) tendência grupal;
3) necessidade de intelectualizar e fantasiar;
4) crises religiosas,
5) deslocalização temporal;
6) evolução sexual manifesta;
7) atitude social reivindicatória;
8) contradições sucessivas em todas manifestações da conduta;
9) separação progressiva dos pais;
10) constantes flutuações do humor e do estado de ânimo.
PROF. FELIPE PINHO
9.
1. A busca de si mesmo e da identidade
•Desenvolvimento do senso de self (autoconceito).
•Desenvolvimento da noção de ego (eu):
Para Erikson o problema-chave da identidade consiste na capacidade do ego de manter esta
semelhança e continuidade frente a um destino mutável.
A identidade é a criação de um sentimento interno da semelhança e continuidade, uma unidade da
personalidade sentida pelo indivíduo e reconhecida por outro.
•Processos de identificação e uniformização:
Identidade negativa real
Grupos sociais
Identidades transitórias, ocasionais e circunstanciais
•A estranheza e a despersonalização.
PROF. FELIPE PINHO
10.
1. A busca de si mesmo e da identidade
•Luto pelo corpo infantil: corpo e esquema corporal
•Desenvolvimento do corpo:
Ativação dos hormônios gonadotróficos da hipófise anterior produz o estimulo fisiológico necessário para a
modificação sexual;
a produção de óvulos e espermatozoides maduros e também o aumento da secreção de hormônios adreno-
corticais como resultado da estimulação do hormônio adrenocorticotrófico.
desenvolvimento das características sexuais primárias e secundárias
•O esquema corporal é uma resultante intrapsíquica da realidade do sujeito, sendo a
representação mental que o sujeito tem de seu próprio corpo.
•A perda da “bissexualidade” (psicológica).
PROF. FELIPE PINHO
11.
1. A busca de si mesmo e da identidade
• O Luto pelos pais infantis e pelo papel de criança:
Luta pela independência
As figuras parentais internalizadas adequadamente enriqueceram o ego,
reforçam seus mecanismos defensivos úteis e estruturaram o superego.
• “A busca incessante de saber qual a identidade adulta que se vai
constituir é angustiante, e as forças necessárias para superar esses
microlutos e os lutos ainda maiores da vida diária obtêm-se das primeiras
figuras introjetadas, que formam a base do ego e do superego desse
mundo interno do ser.” (Aberastury e Knobel, 1989, p. 35).
PROF. FELIPE PINHO
12.
2. A tendência grupal
• O recurso ao grupo e à busca de uniformidade como comportamento defensivo, que pode
proporcionar segurança, estima pessoal, reforço da identidade para um período de características
esquizo-paranóides.
• Identidade do grupo (identificações) diferente da identidade da família.
•Transferência da dependência da família para o grupo.
•No grupo, o indivíduo adolescente encontra um reforço muito necessário para os aspectos
mutáveis do ego que se produzem neste período da vida.
•Busca por um líder.
•O fenômeno grupal facilita a conduta psicopática normal no adolescente:
Acting-Out motor e afetivo de condutas de desafeto, de crueldade com o objeto, de indiferença, de falta
de responsabilidade.
PROF. FELIPE PINHO
13.
3. Necessidade de intelectualizar e
fantasiar
• O diversos lutos são vivenciados pelo adolescente como fracasso e impotência, o que o
leva a recorrer ao fantasiar e ao intelectualizar como mecanismos defensivos para
compensar as perdas que ocorrem dentro de si mesmo e que não pode evitar.
• A intelectualização e a fantasia funcionam como uma fuga (refúgio) para o interior, uma
espécie de reajuste emocional, que leva à preocupação por princípios éticos, filosóficos,
sociais e políticos, e estimula a reflexão acerca de grandes reformas que podem acontecer
no mundo exterior. ("as ideias de salvar a humanidade“)
• Surge então a produção artísticas, criativa e intelectual do adolescente.
PROF. FELIPE PINHO
14.
4. As crises religiosas
• Atitudes extremas , como manifestações fervorosas de ateísmo ou de misticismo.
• O mesmo adolescente pode passar por períodos de místicismo e de ateísmo.
• É um fase importante para a construção de uma ideologia, assim como de valores éticos ou
morais, para a construção de novas e verdadeiras ideologias de vida.
• As oscilações são “tentativas de soluções da angústia que vive o ego na sua busca de
identificações positivas e do confronto com o fenômeno da morte definitiva de uma parte do
seu ego corporal. Além disso, começa a enfrentar a separação definitiva dos pais e a
aceitação da possível morte deles” (1989, p. 40).
PROF. FELIPE PINHO
15.
5. A deslocação temporal
• Desorientação temporal, em que o adolescente converte o tempo em presente e ativo, numa tentativa de
manejá-lo.
• O tempo é vivido como em processo primário (prazer imediato) sendo as urgências enormes e as postergações
irracionais.
• É durante a adolescência que a dimensão temporal vai deixando de ser apenas o tempo vivencial ou
experimental e passa a adquirir lentamente características discriminativas, conceituais e lógicas.
•Dificuldade em diferenciar externo e interno, como também passado, presente e futuro.
•Os momentos de solidão costumam ser necessários para que se possa manejar o passado, o futuro e o presente.
• "A verdadeira capacidade de estar só é um sinal de maturidade que somente se consegue depois destas
experiências de solidão, às vezes angustiantes, da adolescência“.
• “Poder conceituar o tempo, vivenciá-lo como nexo de união, é o essencial, subjacente à integração da
identidade” (1989, p. 44).
PROF. FELIPE PINHO
16.
6. A evolução sexual desde o auto-
erotismo até a heterosexualidade
• Oscilar permanente entre a atividade de caráter masturbatório, a atividade lúdica e os começos do exercício genital;
• Há mais um contato genital de caráter exploratório e preparatório do que a verdadeira genitalidade procriativa;
• Experiência do amor apaixonado (platônico , fugaz); são poucos os casos de uma verdadeira e consciente atividade
genital responsável e com amor.
• Os desejos são vivenciados intensamente e às vezes com culpa.
• Retorno do triângulo e do complexo edípico.
• Curiosidade sexual, exibicionismo e o voyeurismo.
• A genitalidade determina modificações do ego, que se vê em graves conflitos com o id, obrigando-o a recorrer a novos
e mais específicos mecanismos de defesa (Anna Freud ).
" É normal que, na adolescência, apareçam períodos de predomínio de aspectos femininos no rapaz e masculinos na
moça. É preciso ter sempre presente o conceito de bissexualidade e aceitar que a posição heterossexual adulta exige
um processo de flutuações e aprendizagem em ambos os papéis.” (p. 48).
PROF. FELIPE PINHO
17.
7. Atitude social reivindicatória
• Atitudes combativas, delinquência juvenil, ritos de iniciação e atitudes reivindicatórias e de reforma social.
• Ambivalência dual: conflito pais – filhos.
• A adolescência é recebida predominantemente de maneira hostil pelo mundo dos adultos.
• É toda a sociedade que intervém muito ativamente na situação conflitiva do adolescente. A sociedade impõe
restrições ao adolescente.
• Descarrega contra a sociedade e contra os seus pais seu ódio e inveja podendo vir a desenvolver atitudes
destrutivas em relação aos mesmos.
• O jovem, normal e adequado a seu processo evolutivo, deve contestar e reivindicar um mundo, uma sociedade,
uma humanidade melhor, mais justa e mais cheia de amor.
• A sociedade técnica e burocratizada dificulta o processo de identificação do adolescente.
• "Na medida em que o adolescente não encontre o caminho adequado para a sua expressão vital e para a aceitação
de uma possibilidade de realização, não poderá jamais ser um adulto satisfeito“ (p. 54).
PROF. FELIPE PINHO
18.
8. Contradições sucessivas em todas as
manifestação da conduta
• A conduta do adolescente está dominada pela ação.
• Personalidade não rígida, e sim permeável, esponjosa e instável.
• Isto faz com que não possa ter uma linha de conduta determinada, o que já indicaria uma alteração da
personalidade do adolescente. No adolescente, um indício de normalidade se observa na fragilidade da sua
organização defensiva.
• Fixar-se numa só conduta, não corresponde a um comportamento normal, nem ajuda a aprender a
experiência.
• As contradições, com a variada utilização de defesas, facilitam a elaboração dos lutos.
PROF. FELIPE PINHO
19.
9. Separação progressiva dos pais
• O aparecimento da capacidade executora da genitalidade impõe a separação dos pais e reativa
os aspectos genitais que tinham começado com a fase genital prévia.
• Para atingir a maturidade é necessário ter individualidade e independência reais.
• Fenômeno da ambivalência dual: muitos pais em nossa cultura se angustiam frente ao
crescimento dos filhos e chegam até negá-lo.
• O conflito de gerações é uma realidade necessária para o desenvolvimento sadio, tanto dos
filhos adolescentes como o de seus pais.
• A presença internalizada de boas imagens parentais, papéis bem definidos permitirá uma boa
separação dos pais, facilitará a passagem para a maturidade e o exercício da genitalidade em um
plano adulto.
PROF. FELIPE PINHO
20.
10. Constantes flutuações do humor e do
estado de ânimo
• Fenômenos de ansiedade, depressão e luto que acompanham o processo identificatório da
adolescência.
• Uma conquista, por mínima que seja entusiasma e alegra. Uma frustração aborrece e deixa
triste. Isto acontece milhares de vezes ao dia.
• No processo de flutuações dolorosas permanentes, a realidade nem sempre satisfaz as
aspirações do indivíduo, o que leva ao "retorno a si mesmo autista“, sentimento de solidão,
frustração, aborrecimento e desalento.
• As mudanças de humor são típicas da adolescência e é preciso entendê-las sobre a base dos
mecanismos de projeção e de luto pela perda de objetos.
• Podem aparecer como micro-crises maníaco-depressivas.
PROF. FELIPE PINHO