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RESUMOS DO VIII ENCONTRO NACIONAL
DE PESQUISA EM FILOSOFIA DA UFU
ISSN 2358-615X Outubro de 2014
Volume 8 – número 8 IFILO - UFU
ISSN 2358-615X
Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da
UFU
Volume 8 – número 8
Outubro de 2014
IFILO – UFU
Organizadores:
Marcos César Seneda
Anselmo Tadeu Ferreira
Henrique Florentino Faria Custódio
Lucas Nogueira Borges
Lucas Alves Oliveira
VIII ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM FILOSOFIA DA UFU
O VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da Universidade Federal de Uberlândia
(UFU) é um evento regular de pesquisa, que visa a fortalecer a inserção regional e nacional da
comunidade filosófica representada pelos grupos e núcleos de pesquisa agregados ao Instituto de
Filosofia (IFILO). O propósito do evento é a intensificação da integração dos estudantes – da
graduação e da pós-graduação – e dos docentes do ensino médio com a comunidade filosófica
nacional. Ao mesmo tempo, o evento pretende atuar decisivamente como fonte de incentivo para
que os estudantes apresentem seus primeiros trabalhos e adquiram, por esse meio, um pouco da
prática da produção de pesquisa especializada. Acentua nossa satisfação, ao organizá-lo anualmente,
o fato de o evento ter se ampliado e se tornado uma mostra significativa do diversificado e
consistente trabalho de pesquisa dos estudantes.
ISSN 2358-615X
Comissão Científica:
Anselmo Tadeu Ferreira
Dennys Garcia Xavier
Dirceu Fernando Ferreira
Harley Juliano Mantovani
Márcio Danelon
Marcos César Seneda
Paulo Irineu Barreto Fernandes
Periodicidade: Anual
INSTITUTO DE FILOSOFIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DE UBERLÂNDIA (IFILO – UFU)
Campus Santa Mônica - Bloco 1U - Sala 125
Av. João Naves de Ávila, 2.121 - Bairro Santa Mônica
Uberlândia - MG - CEP 38408-100
Telefone: (55) 34 3239-4185
http://www.ifilo.ufu.br/
SUMÁRIO
Ádamo Bouças da Veiga ......................................................................................................................7
Ana Marina Linhares Lucas.................................................................................................................8
Arthur Falco de Lima...........................................................................................................................9
Carolina Miziara Passaglia e Silva.....................................................................................................10
Claudio Henrique E de Oliveira.........................................................................................................11
Cristiano Rodrigues Peixoto ..............................................................................................................12
Diego de Souza Avendaño .................................................................................................................13
Eduardo Leite Neto ............................................................................................................................14
Enoque M. Portes...............................................................................................................................15
Enzo Estevinho Guido .......................................................................................................................16
Fábio Júlio Fernandes ........................................................................................................................17
Fernanda de Assis Ferreira.................................................................................................................18
Fernanda Silva Confessor ..................................................................................................................19
Francisca Maria Oliveira Linhares.....................................................................................................20
Gabriel Reis Pires Ribeiro..................................................................................................................21
Graziela Guimarães de Macedo .........................................................................................................22
Guilherme de Morais Damaceno .......................................................................................................23
Gustavo Paula dos Santos ..................................................................................................................24
Hênia Laura de Freitas Duarte ...........................................................................................................25
Isabela de Castro Mendonça ..............................................................................................................26
Jean Claudio Sales Nominato ............................................................................................................27
João Batista Freire..............................................................................................................................28
José Pereira Prado Júnior...................................................................................................................29
Juan Guillermo Diaz Bernal...............................................................................................................30
Júlia Pereira da Silva..........................................................................................................................31
Kassius Otoni Vieira ..........................................................................................................................32
Lucas Alves de Oliveira .....................................................................................................................33
Lucas Nogueira Borges......................................................................................................................34
Luiz Fernando Bandeira de Melo.......................................................................................................35
Mak Alisson Borges de Moraes .........................................................................................................36
Manoel Cipriano Oliveira ..................................................................................................................37
Marcelo Lacerda Ferreira...................................................................................................................38
Marcelo Rosa Vieira...........................................................................................................................39
Mariane Rodrigues Ferreira ...............................................................................................................40
Maryane Stella Pinto..........................................................................................................................41
Natália de Andrade Pereira ................................................................................................................42
Nélio Gonçalves.................................................................................................................................43
Núbio Raules de Oliveira...................................................................................................................44
Pablo Henrique Santos Figueiredo.....................................................................................................45
Rafael Gonçalves Queiroz .................................................................................................................46
Rebert Borges Santos.........................................................................................................................47
Ricardo Pereira Santos Lima..............................................................................................................48
Roseli Gonçalves da Silva..................................................................................................................49
Sidéia Glaucia Silva Machado Borges...............................................................................................50
Thayane Queiroz Ramos....................................................................................................................51
Verena Seelaender da Costa ...............................................................................................................52
Victor Hugo de Oliveira Saldanha .....................................................................................................53
Vitor de Lima .....................................................................................................................................54
Wilson Rosa Júnior ............................................................................................................................55
7
∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙
Entre-tempos: a crítica do tempo cronológico em Deleuze e Derrida
Ádamo Bouças da Veiga (PUC-RJ)
Apesar da grande proximidade que pode ser antevista entre Gilles Deleuze e Derrida, parece-
nos que poucas análises conjuntivas têm sido realizadas sobre o pensamento de ambos. Por ocasião
da morte de Deleuze, Derrida escreve, em um belo texto, que no âmbito das teses, sente pelo outro
uma proximidade quase total; entretanto, vê nele uma diferença no “gesto” e na “maneira” como
elas são abordadas. (DERRIDA, 1991). Por mais que haja uma convergência fundamental entre as
suas teses, ela vem acompanhada de uma diferença espectral. O presente trabalho se pretende a uma
análise experimental destas semelhanças e diferenças espectrais entre ambos os autores, no que
concerne ao tempo. Em ambos, observamos o esforço de liberar o tempo da narrativa crono-
teleológica e a submissão do futuro e do passado à presença do presente. Ambos procedem
demonstrando as relações paradoxais que fundam o sujeito, em busca de uma nova forma de
subjetividade capaz de viver em um tempo fora das “relações retificadas de um mundo construído
em termos de categorias de substâncias”. (PATTON, 2003). Para tal, é necessário um deslocamento
da concepção comum do tempo, marcado pela injunção da “presença do presente”, em direção a
uma nova temporalidade.
8
∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙
Ser feminino
Ana Marina Linhares Lucas (UFU)
Prof. Dr. Jairo Dias Carvalho
Ao pensar um conceito, é preciso considerar a época na qual ele está sendo empregado e ao
que está dando significado. Na atualidade, falar de gênero e sexo, feminino e feminismo, diz de uma
realidade mais complexa que antes, quando esses pares conceituais foram criados. Jacques Derrida,
com a noção de Différance, consegue desmontar a estrutura binária do significante/significado e
com isso nos introduz a idéia de unidade dos signos. Simone de Beauvoir tem sua obra O segundo
sexo tomada pelo movimento feminista como uma espécie de bíblia de tal grupo social. Após 1969,
com a luta pela emancipação das mulheres e a revolução sexual, a noção de identidade feminina
sofre mudanças, a essência de ser mulher, devido a construções históricas, sofreu uma
transformação e o que é natural já não diz respeito exclusivamente ao conceito biológico. Podemos
dizer, hoje, que há uma necessidade performática de se ser mulher, porém, mais que isso, veio
também com o movimento gay a pulsão do ser feminino e o que significa o ser. Pretendo então
despertar a indagação sobre como seu comportamento cria seu gênero e como o ser feminino de
hoje equipara-se ao ser feminista de outrora.
9
∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙
O conceito de espaço em Kant
Arthur Falco de Lima (UFU)
Orientador: Prof. Dr. Marcos César Seneda
O objeto de investigação desta comunicação é o conceito de espaço na obra de Kant. Os
comentadores de Kant distinguem, grosso modo, sua produção filosófica em dois períodos, a saber,
o período crítico e o período pré-crítico. A maioria dos estudos a que temos acesso se concentra em
investigar as ideias de um Kant já maduro, isto é, ideias presentes em seus textos produzidos no
período crítico. No entanto, sabemos hoje que é fundamental o estudo de alguns dos textos
elaborados no período pré-crítico para uma compreensão mais completa de suas obras mais
importantes, as do período crítico. Ora, a mais bem acabada concepção kantiana do espaço se
encontra formulada em sua obra inaugural do período crítico, a Crítica da Razão Pura, publicada
pela primeira vez em 1781, e posteriormente revista e, em partes, alterada pelo próprio Kant em
1787. Tendo isto em vista, a proposta desta comunicação é de entender os principais aspectos da
concepção de espaço presente na Crítica da Razão Pura à luz da Dissertação de 1770, que é o
último escrito de Kant do período pré-crítico.
10
∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙
A existência de Deus em Descartes
Carolina Miziara Passaglia e Silva (UFU)
Orientador: Prof. Dr. José Benedito de Almeida Júnior
Este trabalho terá como objetivo a exposição das três provas que Descartes apresenta nas
Meditações Metafísicas e no Discurso do Método. A investigação de Descartes é feita através de seu
método, que tem a dúvida hiperbólica como principal elemento e através da qual é introduzida a
hipótese do Deus enganador. Propondo tal hipótese, Descartes percebe um novo problema a ser
analisado: a existência de Deus. Assim, Descartes lança mão de três provas, podemos caracterizar as
duas primeiras como: posteriori, pois partem do efeito em direção à causa e uma ontológica. Na
primeira prova, Descartes propõe que entre as ideias inatas somente a ideia de Deus não pode ter
origem no próprio homem devido a sua realidade objetiva. A segunda prova é um complemento à
primeira, demonstrada pelo argumento da causalidade ela prova a existência de Deus através da
origem da existência do ser pensante. Com a terceira prova, Deus assume o papel de sujeito: a
existência faz parte da essência de Deus e por isso não pode ser pensada separada Dele. Ao concluir
as provas da existência de Deus, Descartes afirma a verdade perante as coisas que se apresentam de
forma clara e distinta e desta forma respalda sua filosofia.
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∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙
Questões da classificação nosológica para pensar o corpo
Claudio Henrique E de Oliveira (UFU)
Orientação: Drª Georgia Amitrano
A partir dos tradicionais métodos nosológicos, Canguillhem reflete sobre os indicativos que
classificam o homem em saudável ou doente. Nesse contexto, a carga histórico-científica espelha a
concepção social e política da época. A saúde e a doença são historicamente classificadas, ora como
afecções antagônicas, ora como dinâmicas correlacionais no corpo. Assim, as heranças históricas
que atingem o tempo contemporâneo (Parcelso, Hipócrates, Comte) expressam o domínio binário
do bem e do mal. Segundo Canguilhem, a determinação das constantes fisiológicas elaboradas por
médias experimentais, obtidas apenas no âmbito do laboratório, corre o risco de apresentar um
homem normal aquém de suas reais potências, visto que a normatividade fisiológica aferida é regida
pela determinação quantitativa em substituição do qualitativo. O pensamento de George
Canguillhem, para a história da filosofia, encontra-se de forma residual nos pensamentos de
Deleuze, quando na obra Mil Platô reflete sobre os conceitos "anormal" e "anômalo". Para os
artistas do corpo, suas ideias podem ser apresentadas como um ponto de bifurcação para o oficio
corporal, e para a medicina, um projeto de revisitação metodológica frente à tendência de
objetivação clínica.
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∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙
O ceticismo de Hume quanto à existência da alma
Cristiano Rodrigues Peixoto (UFU / CAPES)
Orientador: Prof. Dr. Marcos César Seneda
Partindo do texto da Seção 5, da Parte 4, do Livro 1 do Tratado da natureza humana,
intitulado Da imaterialidade da alma, o objetivo deste trabalho é mostrar os argumentos
empregados por Hume para defender que, de acordo com os fundamentos de sua filosofia empírica,
é impossível demonstrar que possuímos uma alma. Hume defende que não há uma impressão de
alma à qual a ideia de alma que possuímos na mente possa se remeter e que, portanto, a ideia que
temos de alma é uma falsa ideia, vazia de conteúdo. Além disso, Hume defende que, mesmo se
admitirmos que possuímos uma alma, como faziam, por exemplo, os escolásticos, o conceito de
alma por eles construído traz em si contradições tais, que fica difícil definir com clareza, por
exemplo, se ela é uma substância material ou imaterial. Assim, seja pela impossibilidade de
remissão a uma impressão, seja pela imprecisão de seu conceito, Hume conclui que a alma não
existe, ou, pelo menos, que não podemos ter dela uma ideia precisa.
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∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙
Atribuição e Impossibilidade no Pensamento Intermediário de Wittgenstein
Diego de Souza Avendaño (UFG)
A grande dificuldade da semântica, na proposta do Tractatus, era a de lidar com o conteúdo
semântico das proposições necessárias. Uma proposição que descrevesse uma situação impossível
teria que ter um conteúdo semântico tal que pudesse ser, ao mesmo tempo, desqualificado em
termos de sua própria significatividade. Nesse contexto, encontramo-nos na situação de ter que
negar a significatividade de um significado afirmando a ausência de conteúdo em um conteúdo
semântico. Contudo, após o retorno de Wittgenstein à filosofia em 1929, verificamos uma mudança
que alterou completamente seu método filosófico e propôs uma nova solução para o tratamento das
proposições necessárias. O nosso trabalho tem seu alcance definido pelo exame e esclarecimento
dessa nova solução: o conceito de “regra”, ou, mais especificamente, “regras de sentido”, tal qual
se desenvolve no Big Typscript. No caso específico, as rupturas comunicacionais envolvendo as
regras poderiam ser superadas estendendo um projeto de “semântica atributiva” à totalidade da
linguagem.
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∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙
Vico e a interpretação do movimento histórico
Eduardo Leite Neto (UFU)
Orientador: Humberto Aparecido de Oliveira Guido
Esta comunicação tem como objetivo a abordagem da concepção cíclica da história na obra
de Giambattista Vico, quando trata de modo gradual o movimento da história que abarca todos os
âmbitos da vida humana. A história possui um papel de suma importância na „‟humanização‟‟ do
homem. A visão cíclica da história identifica três idades que dão desenvolvimento para as práticas
humanas, esses momentos são comuns a todas as nações do passado e do presente. Essa
uniformidade permite ao filósofo discorrer sobre os corsi e os ricorsi percorridos pelas nações, de
modo que há uma constante recorrência de fatos nas questões vividas pelos homens ao longo das
gerações. Cabe ressaltar que não apenas Vico trabalhou essa questão, mas também outros
pensadores, como o historiador grego Políbio, que no período imperial de Roma trabalhou a questão
da volta da monarquia romana ao poder seguindo uma linha de raciocínio natural da passagem do
império tirânico para a monarquia. Este raciocínio assemelhasse com um ciclo, que muito tempo
depois foi retomado e reelaborado por Vico na perspectiva do estudo científico da história.
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∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙
Pierre Menard e a alteridade absoluta
Enoque M. Portes (UFU)
Esse trabalho terá como objeto principal de interpretação o conto de Jorge Luis Borges “O
Quixote de Pierre Menard”. O conto de Borges deixa entrever uma discussão acerca do que se
poderia denominar a busca pela alteridade absoluta. Isto é, o anseio por experimentar do outro a
totalidade de sua diferença. Nesse sentido, o trabalho proposto quererá apontar como a personagem
criada por Borges procura um encontro absoluto com o outro, tentando superar os limites da
linguagem e do tempo. Todavia, será apresentado como tal intento parece absurdo. O texto deverá
então abordar as questões da inacessibilidade inerente à relação entre os homens, bem como o
desejo pela superação de si e o encontro fatual com o mundo.
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∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙
O narrador de Walter Benjamin
Enzo Estevinho Guido (UFU)
Orientador: Humberto Aparecido de Oliveira Guido
No ano de 1936, Walter Benjamin escreveu o texto intitulado “O Narrador, Considerações
sobre a obra de Nikolai Leskov”. Neste artigo, o filósofo discorre sobre as características
pertencentes a um narrador virtuoso, e ao mesmo tempo, explica porque a verdadeira narrativa está
cada vez mais escassa na sociedade. Walter Benjamin defende a existência de uma dualidade no
mundo narrativo, o contador de histórias pode assumir a postura de um marinheiro, que conhece as
maravilhas do mundo, ou pode se assemelhar ao camponês que conhece os costumes e fábulas de
sua terra natal. Segundo o filósofo, estas duas características se fundem no sistema de produção
feudal, pois nele, o trabalhador, para se adequar ao seu ofício, deve viajar por terras estrangeiras
para descobrir novas técnicas, e depois se fixar em uma pátria.
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∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙
Notas sobre a noção de verdade em Descartes
Fábio Júlio Fernandes (UFU)
Orientador: Alexandre Tadeu de Soares
O método cartesiano, que põe em xeque não apenas as crenças do senso comum, mas até
mesmo os fundamentos mais sólidos da ciência e da metafísica, parece fortemente exprimir do
filósofo uma postura cética. Entretanto, certo é que papéis avulsos remetidos a um amigo talvez
elucidem alguma coisa: em uma carta a Mersenne, Descartes declara nunca ter duvidado da
verdade. O que o faz, então, a despeito da ruína de todos os conceitos de verdade investigados
radicalmente pelo filósofo, ainda assim decidir filosofar buscando o alcance de ao menos um
mínimo conhecimento certo e indubitável? Se Descartes, no decurso de seu exigente exercício
filosófico de meditar, põe-se de forma tão radical diante de todo conhecimento filosófico da
tradição, reconhecendo a necessidade e urgência de duvidar de todas as coisas na busca pela
verdade, por que ele nunca põe a verdade em dúvida? Como compreender esta postura paradoxal do
filósofo: a de nunca duvidar da verdade? O objetivo de nosso trabalho é mostrar como a verdade
emerge como problema filosófico na filosofia cartesiana, explicitando os expedientes e o
enfrentamento desse problema por Descartes.
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∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙
As lições sobre o fascismo: de Togliatti a Gramsci
Fernanda de Assis Ferreira (UFU/IFILO)
Orientadora: Ana Maria Said
De janeiro a abril do ano de 1935, Palmiro Togliatti (1893-1964) ministrou um curso aos
trabalhadores de Moscou composto por quinze lições explicando a natureza e a maneira de
combater o fascismo. Transcritas por um dos alunos, estas aulas foram posteriormente publicadas
como Lições sobre o fascismo. Assim como seu companheiro de partido, Antonio Gramsci (1891-
1937), também co-fundador do PCI, Togliatti foi revolucionário, eles interpretaram os fatos
contemporâneos em sua singularidade. Os dirigentes do PCI perceberam que o fascismo era uma
nova estratégia da classe dominante e conseguiram traduzir Marx para a compreensão deste fato –
não como um profeta que pudera prever os desdobramentos do início do século XX. Portanto, nesta
pesquisa pretende-se investigar como Antonio Gramsci e Palmiro Togliatti desvelam esta novidade
política, destarte, objetiva-se inferir os pontos comuns na análise e definição do fascismo e as
possíveis divergências entre suas percepções. Deste modo, propomos verificar as categorias de
partido político, revolução passiva e bonapartismo nos Cadernos do cárcere de Gramsci, e ainda,
como as concebe Togliatti em suas Lições sobre o fascismo.
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∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙
Max Horkheimer e o conceito de “Racket”
Fernanda Silva Confessor (UFU)
Orientador: Prof. Dr. Rafael Cordeiro Silva
O presente trabalho pretende discutir através do pensamento de Max Horkheimer as
transformações ocorridas nas relações de classe no capitalismo tardio. O filósofo emprega o
conceito de “Racket” para elucidar e nomear os novos tipos de relações sociais, políticas e
econômicas que surgiram nesta nova etapa do capitalismo. Para circunscrever este tema, tomarei
como fio condutor os fragmentos denominados: “Os Rackets e o espírito”, e a “Sociologia das
relações de classe”. Horkheimer denota que os “Rackets” seriam grupos organizados que competem
por poder e que algumas vezes se posicionam contra o Estado e em outras se aliam ao Estado para
evocar mais poder e assim continuar a lógica de dominação. O “Racket” no aparelho social se
desenvolveu juntamente com o percurso histórico. O autor concebe a história da humanidade
ocasionada sempre pela dominação, ou seja, os “Rackets” sobrevivem porque sempre vigorou a
lógica de dominação que resulta na brutalidade dos mais fortes contra os mais fracos. Somente a
capacidade crítica poderia resultar em um mecanismo de resistência contra os “Rackets”.
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∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙
La recherche de la vérité, dialogo de René Descartes
Francisca Maria Oliveira Linhares (UFU)
Orientador: Alexandre Guimarães Tadeu de Soares
A BUSCA DA VERDADE, o termo recherche é uma “busca” com a noção de “pesquisa”. É
traduzido também e mais usualmente como “pesquisa”, mas se pensarmos nesse termo somente
como pesquisa perdemos a noção desiderativa de la recherche. Pesquisar é um exercício presente na
filosofia, que é uma busca à sabedoria. Para Descartes esse buscar, o trajeto, está ligado ao
alongamento do caminho da “busca da pesquisa”. O método deve ir muito mais adiante por si
mesmo, é o modo de potencializarmos o próprio espirito, mesmo que nossas faculdades não sejam
tão potentes, ele regula a nossa vontade. A natureza é que preside a busca do conhecimento,
portanto, todo conhecimento que seja baseado na superficialidade é suspeito. Está presente em
Descarte a oposição entre natureza e cultura. A cultura com seus artifícios e suas sutilezas podem
enfraquecer a espontaneidade do próprio espirito, o método quer resgatar essa espontaneidade.
Durante o desenvolvimento do diálogo entre os personagens Eudoxo, Epistemão e Poliandro, vemos
esse conduzir do Eudoxo, que entendemos como uma espécie de heterônimo do próprio Descartes,
os seus interlocutores.
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∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙
Um estudo sobre a tese ontológica da existência de Deus e sobre a crítica à
teologia racional conforme formuladas por Kant
Gabriel Reis Pires Ribeiro (UFU)
Orientador: Prof. Dr. Marcos César Seneda
Essa comunicação pretende examinar a prova ontológica da existência de Deus, conforme
exposta por Immanuel Kant. Assim, procuraremos demonstrar a impossibilidade de um conceito
transcendental, fazendo uma crítica à teologia racional. Para tal desiderato, partir-se-á da tese da
prova ontológica, em que o entendimento, a priori, só consegue antecipar a forma de uma
experiência possível, sendo necessária para produzir o conceito a possibilidade de determinado
objeto na experiência, posto que o conceito tenha de concordar com as condições de um objeto
possível empiricamente. Cabe ressaltar ainda que tal objeto proveniente da sensibilidade é aquele
cuja possibilidade empírica é possível, diferentemente da coisa em si ou dos noúmenos, sendo
denominado por Kant de fenômeno, na medida em que expressa a determinação de um objeto
empírico. Assim, tendo como pressuposto o papel necessário da sensibilidade para a formação de
um conceito, será demonstrada a impossibilidade da existência de um conceito transcendental,
tendo como foco a teologia racional, pois, conforme dito, a priori o entendimento nada mais faz do
que antecipar a forma de uma experiência possível. Após tal tarefa, será proposta uma crítica à
teologia racional em conformidade com a ótica kantiana.
22
∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙
Um esquema labiríntico da linguagem entre Husserl e Derrida
Graziela Guimarães de Macedo (UFMG/FAFICH)
Orientadora: Profª Drª Alice Mara Serra
O objetivo deste texto consiste em apresentar, em linhas gerais, os desdobramentos
aporéticos da análise desconstrutiva proposta por Jacques Derrida em A voz e o fenômeno acerca da
teoria da significação e da ideia de presença na fenomenologia de Husserl. De acordo com o autor
franco-argelino, a estrutura essencialmente binária do signo (Zeichen), descrita no primeiro capítulo
das Investigações Lógicas, representa uma decisão inicial de caráter dogmático que conduz o
projeto fenomenológico a um itinerário de extensas bifurcações previstas pelo esquema metafísico
da experiência baseado na ideia de presença. Derrida procura evidenciar como essa dualidade
originária na definição husserliana da linguagem já implica um emaranhamento inextrincável entre
índice (Anzeichen) e expressão (Ausdruck), de modo a impossibilitar o rastreamento e o acesso
definitivos à origem e ao telos em uma tal estrutura. Nesse sentido, tentaremos mostrar como a
abordagem quase-transcendental do signo proposta por Derrida aponta para uma compreensão da
linguagem a partir de sua forma propriamente labiríntica e suplementar de remissões, apagamentos
e superposições.
23
∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙
A ficção científica como possibilidade do real
Guilherme de Morais Damaceno (UFU/PROGRAD)
Orientador: Prof. Dr. Jairo Dias Carvalho
O objetivo inicial do trabalho parte da elucidação do conceito de ficção científica. É sabido
que os livros de ficção científica em sua forma mais primitiva abordavam temas como viagens
interplanetárias e estavam inteiramente ligados ao gênero da fantasia/aventura, porém hoje não se
limitam somente a essas descrições. A ficção cientifica despontou rapidamente das convenções
populares e do exotismo para se firmar como um forte gênero literário, auto designando-se sua
própria personalidade e linguagem. Após uma breve exposição da evolução do gênero, pretende-se
explorar os efeitos que a ficção científica implica ao que concebemos como o real, uma vez que
muitas das obras do início do século XIX vieram a funcionar como fator “antecipador” a
acontecimentos ocorridos em anos posteriores. Aborda-se na sequência, a importância da leitura do
gênero, e como ela acaba se relacionando e estimulando o progresso científico. Todavia, encerra-se
a reflexão, com o questionamento: é possível pensar em um modo de abordar essa antecipação do
real através da ficção cientifica pelo viés filosófico?
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∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙
Emoções e Sentimentos na perspectiva de Antônio Damásio
Gustavo Paula dos Santos (UFU)
Orientador: Leonardo Ferreira Almada
Em seu livro E o Cérebro criou o Homem, Antônio Damásio desenvolve a sua perspectiva
em relação às emoções e sentimentos do indivíduo, tendo em vista seu próprio comportamento.
Desta forma, compreende a importância de valorizar as emoções e sentimentos do indivíduo em
uma perspectiva materialista, pois tais percepções se encontram no cérebro. Assim, ressalta a mente
consciente e o seu valor biológico, não negligenciando as emoções. Portanto, ele define emoção e
sentimento na própria construção do self. Alguns problemas surgem neste contexto, pois, embora
essas coisas façam parte de um todo coeso, trata-se, no entanto, de processos distinguíveis. Conclui-
se que o objetivo é saber que há um contraste entre a essência própria da emoção e a essência
própria dos sentimentos.
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∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙
Descartes: um pequeno estudo sobre a primeira parte das Paixões da Alma
Hênia Laura de Freitas Duarte (UFU)
Orientador: Prof. Dr. Alexandre Guimarães Tadeu de Soares
A presente comunicação é um estudo sobre a anatomia presente no Tratado das Paixões.
Nosso objetivo geral visa compreender como a alma é o agente em suas vontades. Para alcançarmos
esse objetivo, estudamos As Paixões da Alma, sobretudo a primeira parte, pois, é nela que Descartes
tratará sobre o assunto que compõe nosso estudo. Estudamos também duas correspondências que o
filósofo enviou a Elisabeth, princesa da Bohemia. Essas cartas datam de maio de 1646. Nelas,
Descartes elucida sobre a obra e sobre o título As paixões da alma, ou Tratado das paixões. Posto
isso, na primeira parte responderemos a duas perguntas importantes para o nosso estudo. A primeira
é o que é o conceito de “paixão”? E a segunda, por que é necessário distinguir entre as funções da
alma e do corpo para se conhecer as “paixões da alma”? Em última instância, como a anatomia
ocupa um lugar importante nessa obra?
26
∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙
Da religião em Cícero: análise das obras De natura deorum – Livro II e De
divinatione – Livro II
Isabela de Castro Mendonça (PPG-Filosofia/UFU)
Orientador: Prof. Dr. Anselmo Tadeu Ferreira (IFILO/UFU)
Esta comunicação tem como objetivo tentar identificar a concepção de Marco Túlio Cícero
acerca da religião. Para isso, serão utilizadas as obras De natura deorum, onde se discute se os
deuses existem ou não, e, se existem, se interferem ou não na vida humana, e, se interferem, de que
maneira interferem, e De divinatione, onde se discute sobre as mais diversas práticas de
adivinhação. Primeiramente, será feita uma análise etimológica da palavra “religião”, análise feita
também por Cícero, que difere da de Agostinho, e que já diz muito a respeito da concepção do
pensador sobre este tema. Em seguida, serão analisados o Livro II da obra De natura deorum, onde
Balbo, interlocutor representante do estoicismo, expõe as discussões desta escola sobre a natureza
dos deuses, com as quais Cícero declara estar de acordo, e o Livro II da obra De divinatione, onde o
próprio Cícero expõe a sua análise sobre as práticas da adivinhação. A análise conjunta destas obras
é de suma importância, pois, apesar de Cícero concordar com a concepção estoica exposta em De
natura deorum, a sua própria exposição em De divinatione nos mostra que ele não está de acordo
com todos os argumentos.
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A hospitalidade e a ética da alteridade em Jacques Derrida
Jean Claudio Sales Nominato (UERJ)
Orientadora: Dirce Eleonora Nigro Solis
A desconstrução surge como um pensamento da impossível-necessária singularidade e, por
ela, a ética é hospitalidade e a hospitalidade é ética. Pelo fato de não ter estatuto legal é que a
hospitalidade incondicional deve acontecer modificando as condições da sua hospitalidade. A lei da
hospitalidade incondicional expressa um convite ao acolhimento incondicional do outro que chega e
nos convida a refletir e questionar as leis da hospitalidade condicional. O valor da ética
desconstrutiva, na hospitalidade, será possível como im-possível. Hospitalidade é recepção com
dignidade, com acolhimento e, sobretudo, com respeito ao outro. A hospitalidade como ética é um
acolhimento da alteridade “por vir”, porque não está feito, nem está terminado. A competência ética
fundamental consiste na abertura ao “outro estrangeiro” e aos outros. É uma relação de alteridades,
que nada tem a ver com a indiferença. Com a reivindicação de uma hospitalidade incondicional é
que será possível pensarmos nas condições de possibilidade de uma ética da alteridade. É necessária
uma abertura sem horizonte ao outro que chega, assim como, é exigido que a hospitalidade exceda
qualquer procedimento regulamentado, ou seja, que esteja para além do político e do jurídico.
Jacques Derrida nos mostra a possibilidade da construção de um novo sentido ético.
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NOÇÕES ARISTOTÉLICAS EM ANAXIMANDRO: ápeiron como elemento
primordial e o que pensou Aristóteles sobre o indefinido
João Batista Freire (UFU)
Rubens Garcia Nunes Sobrinho
Anaximandro de Mileto teria nascido em 610 a.C conforme o testemunho de Hipólito (Ref. I,
6, 7, DK 12 A 11), Aristóteles de Estagira, em 384 a.C. É evidente que viveram na Grécia Arcaica
em fases distintas. Contudo, tinham interesses incomuns, a saber: explicar o mundo na esteira da
natureza. Anaximandro propôs sua explicação a partir de um elemento indefinido Esta
comunicação pretende investigar a intenção de Aristóteles ao voltar seu olhar para o elemento
primordial anaximandrino, fato assaz curioso, que resulta em quatro citações mencionando o nome
de Anaximandro nas obras De Caelo 123 B 13, 295 b 10, na Física 118 A 4, 187 a 20, 108  4, 203
b. 7 e 104 A 4, 187 a 12. Ao contrário de seguir rumo à tradução dos fragmentos, o que seria saltar
sobre um abismo com limiar escorregadio, esta comunicação pretende estabelecer paralelamente e
em que se aproximam ou divergem a cosmologia de Anaximandro e o mundo sublunar e supra
lunar de Aristóteles. Também pretende se aproximar da noção de apeíron e éter das respectivas
cosmologias desses filósofos.
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A transmissibilidade histórica do direito em Vico
José Pereira Prado Júnior (UFU)
O pensamento formulado por Vico em sua Ciência Nova contribuiu com os desenvolvimentos
da filosofia do direito moderno, pois não se preocupou somente com o abstrato (da ideia do direito),
mas com o concreto (das leis formuladas em certas circunstâncias pelos homens), acertando ao
afirmar que não houve influência grega na Lei romana das XII Tábuas, mas seus argumentos,
embora geniais, aparentemente não se sustentariam, pois Vico terminaria assim negando a
possibilidade da transmissão histórica do direito. Nesta comunicação, buscaremos demonstrar como
Vico vincula a história e o direito na sua interpretação da Lei romana das XII Tábuas e, ao mesmo
tempo, nega a comunicabilidade histórica do direito. A filosofia que Vico critica aqui representa a
ideia praticada fora do fato, e por isso é corrigida pela filologia que representa o estudo dos feitos
humanos, pois o homem somente é capaz de conhecer verdadeiramente aquilo que cria, e sendo
assim, o homem que deve ser não deve ser separado do homem que é.
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A morte e a formação do caráter em Sócrates
Juan Guillermo Diaz Bernal (UFU)
O caráter do ser humano requer de tempo e momentos da vida para formar-se, manifestar-se
e reafirmar-se. Paradoxalmente, no caso de Sócrates, ele aceita que seu destino e sua morte se
converta em um acontecimento e oportunidade cardinal para reafirmar-se e demostrar sua
singularidade frente aos atenienses e amigos. A presente comunicação tem como finalidade mostrar
de que maneira a proximidade da morte de Sócrates reafirma seu caráter e mostra também a
coerência entre seu modo de viver e pensar. Pretende-se, então, revelar de que maneira a própria
morte ratifica sua convicção refletindo assim o conjunto de rasgos, exagerações e compromissos
que assumiu em vida, na qual deixou um rosto e uma história. Enquanto a morte de Sócrates
poderia ser julgada como um dos acontecimentos mais significativos de sua vida, foi o que se
tornou o espírito crítico como uma das qualidades de seu caráter, sendo que essa atitude foi
evidenciada no diálogo Apologia de Sócrates na versão platônica. Portanto, a morte tornou-se a
prova final que precisava ser superada sendo fiel a si mesma e, com isso, alcançando a liberdade
interior que seus logros lhe proferem.
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Os meios psicológicos de manipulação na indústria cultural: o riso e o trágico
Júlia Pereira da Silva (UNESP /Franca)
Orientador: Gustavo José de Toledo Pedroso
Neste trabalho abordamos dois aspectos importantes, ambos relacionados ao caráter
manipulador da indústria cultural, conceito de Theodor Adorno: o riso e o trágico. Quase opostos
complementares, são dois meios pelos quais se manipula a psicologia das pessoas. No caso do riso,
Adorno distingue duas possibilidades opostas: o riso de reconciliação e o do terror. Ambas
acompanham o momento em que se supera o medo, mas elas se diferenciam pelo sentido desta
superação – na primeira, o riso manifesta o alívio da liberdade alcançada frente a uma potência
ameaçadora, enquanto que na segunda ele exprime a submissão à potência e a negação da liberdade.
O caso do trágico que ao ser absorvido pela indústria cultural inverte o seu sentido antigo.
Originalmente tinha o sentido de uma resistência diante da ameaça mítica. Agora ele passa a
apresentar tal sofrimento como natural e a convidar à aceitação das condições vigentes. O riso e o
trágico mostram-se, assim, como dois elementos de potencialidades ambíguas, capazes tanto do
desenvolvimento do senso crítico quanto da manipulação do indivíduo. Através do estudo do riso e
do trágico, intenta-se, partindo de uma análise da parte para o todo, iniciar uma abordagem da
indústria cultural.
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Contexto da Vida de Tomás de Aquino
Kassius Otoni Vieira (UFU)
Orientador: Anselmo Tadeu Ferreira
Nesse trabalho registramos o estudo incipiente do contexto biográfico de Tomás de Aquino,
abarcando a conjuntura de tempo, espaço e, sobretudo, a forma de pensar em sua época. Tomamos
ciência de alguns elementos primordiais do quadro histórico europeu e da Itália na idade média no
período de sua infância e vida adulta. A Europa após o quinto século viu a civilização mediterrânea
clássica ser eclipsada por vários fatores sócio-políticos, climáticos e religiosos, entrando assim, no
que os historiadores denominam de idade média, que perdurou aproximadamente por mil anos,
chegando ao término por volta do ano mil e quinhentos da era cristã. Entretanto, atentamos
prioritariamente ao período que marca o final da Alta Idade Média, já no princípio da Idade Média
Clássica na qual se situa temporalmente o início da vida Tomás de Aquino que, segundo seus
principais biógrafos, nasceu entre 1224 e 1225. O objetivo não foi um estudo historiográfico
pormenorizado, mas mormente limitado pelo recorte da história do filósofo, recriando minimamente
a ambiência de mundo, sobretudo do pensamento medieval escolástico, que recebeu Tomás de
Aquino, a fim de não incorrermos em anacronismo em relação ao seu próprio pensamento sem
prejuízo na apreensão de seu legado.
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A Gênese da Filosofia Materialista e a Evolução do Conceito Atômico
Lucas Alves de Oliveira (UFU)
Este estudo pretende expor a evolução do conceito atômico desde os primórdios da filosofia
antiga até a noção moderna de átomo (1955 - 1956), segundo Heisenberg em seu livro Física e
Filosofia. Essa proposta visa relacionar a concepção colocada por ele com a antiga filosofia
materialista, possuindo como objetivo central a filosofia de Demócrito, Leucipo e Anaximandro.
Essa abordagem consiste em apresentar, a priori, a causa primeira, ou o conceito arché de alguns
pré-socráticos e mostrar o que se afasta e se aproxima da física moderna. Apesar de Demócrito e
Leucipo postularem algo específico à noção moderna de átomo, Anaximandro também afirma algo
pertinente ao assunto, porém, com outra abordagem. Contudo, seria interessante entender essa
evolução do conceito presente desde a gênese do pensamento cosmológico até a noção da física
moderna acerca da definição de Heisenberg.
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A divisão platônica das partes da alma e a definição estoica das paixões no Livro
IV das Discussões Tusculanas de Cícero
Lucas Nogueira Borges (UFU)
Orientador: Prof. Dr. Anselmo Tadeu Ferreira
No livro IV das Discussões Tusculanas, para responder a questão se o sábio é vulnerável às
paixões, Cícero assume a perspectiva pitagórica e platônica da alma, dividindo a alma em duas
partes: uma parte provida de razão e outra parte desprovida dela. Na parte desprovida de razão,
estão as paixões. Assumindo essa divisão, Cícero passa a expor as definições e divisões das paixões
segundo os estoicos. Nesta comunicação, para dar continuidade ao assunto discutido no VII
Encontro Nacional de Pesquisas em Filosofia da UFU em 2013 com o título “Uma possível
comparação entre os livros I e IV das Tusculanas de Cícero: o problema das partes da alma”,
apresentarei uma comparação entre a teoria da alma platônica e a teoria da alma estoica, no que diz
respeito às partes da alma (Platão) e à definição das paixões (Estoicos). Para isso, utilizarei os
comentários das edições Inglesa Loeb e alemã Artemis & Winkler das Tusculanas.
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Religiosidade na Grécia clássica: a irracional de Êutifron e a racional de
Sócrates
Luiz Fernando Bandeira de Melo (UFU)
Orientador: Prof. Dr. Rubens Garcia Nunes Sobrinho
O motivo principal da acusação que Êutifron leva ao Pórtico do Rei contra seu pai é o medo
da poluição que um crime de morte não punido, na Atenas do período clássico, atraía para os
descendentes de um criminoso. Nesse contexto, este trabalho buscará mostrar que os costumes
religiosos efervescentes daquele período histórico grego, apresentados pelo interlocutor de Sócrates
no diálogo platônico Êutifron, eram cheios de conhecimentos dos mistérios propagados pelos cultos
órficos, mas que Sócrates apresenta uma nova religiosidade, racional e diferente dos costumes
atenienses. Os comentários de Bernabé, Dodds, Vernant, Eliade, Boyancé e Parker possibilitam uma
pesquisa mais aprofundada sobre o tema, envolvendo termos como miasma, contaminação, orfismo,
iniciação, purificação e encantação. Esta pesquisa pode configurar elementos para responder
questões como: por que Êutifron acusa o pai? Qual é a reviravolta que Sócrates promove na
concepção de "purificação"? Delimitamos o estudo, portanto, abordando apenas as discussões do
diálogo platônico sobre a religiosidade e a poluição, destacando que a importância helênica
atribuída à religiosidade, tanto a cívica quanto a dos cultos de mistérios, era distinta da
racionalidade apresentada pela proposta de religiosidade socrática.
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O especificamente humano na antropologia filosófica de Edith Stein
Mak Alisson Borges de Moraes
Orientador: Tommy Akira Goto
Propõe-se neste trabalho uma reflexão a respeito do especificamente humano na análise
antropológica de Edith Stein (1891 – 1942). Stein é uma filósofa e importante representante do
movimento fenomenológico fundado pelo filósofo alemão Edmund Husserl (1859 – 1938). Para
essa análise, será utilizado o texto da autora “A estrutura da pessoa humana” (Der Aufbau der
menschlichen person, 1932). Nesse texto a autora realiza uma antropologia filosófica como
fundamento da pedagogia. Para a realização de sua antropologia, Edith Stein utiliza o método
fenomenológico idealizado por Husserl. Na análise de Stein, o homem, em sua constituição
corporal, é uma coisa material, um organismo à semelhança das plantas, está sujeito às leis da
natureza material. Porém, o homem não é apenas um corpo material, pois ele é um corpo vivo,
dotado de movimento próprio, assim como os animais. No entanto, o ser humano possui uma
dimensão espiritual que é algo especificamente humano e que o diferencia dos demais seres. Essa
dimensão espiritual esta relacionada ao caráter racional do homem. Portanto, para Stein, o ser
humano é um microcosmo onde se unem todos os estados: a coisa material, o ser vivo, o animado e
o espiritual.
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Hegel e Marx: ponto e contraponto da Filosofia do Direito
Manoel Cipriano Oliveira (UFU)
Orientador: Professor José Benedito de Almeida Júnior
Este trabalho visa a compreender os fundamentos filosóficos da ordem jurídica na
perspectiva da dialética hegeliana e do materialismo histórico marxiano. Pretende ser uma
contribuição ao debate sobre a eficácia do direito positivo no âmbito da racionalidade moderna.
Adota a dialética como método, pois esta ferramenta metodológica é que melhor suporte dá à
análise do objeto deste estudo, por ser uma proposta que procura investigar e expor os
condicionamentos históricos e sociais subjacentes à construção e sistematização do conhecimento.
A constituição e consolidações teóricas serão formuladas considerando a norma jurídica como
atualidade temporal e espacial enquanto conjunto de regras disciplinadoras da vida individual e
coletiva das pessoas como norma singular e universal, materializada nos preceitos do direito
positivo. Averiguará como o fenômeno jurídico pode ser concebido enquanto regra de conduta e
como saber sistemático, ou seja, como regra prática e como ciência. Fará a abordagem dos
fundamentos filosóficos do direito, a partir do ponto e contraponto da concepção hegeliana e da
percepção marxiana do direito. Tecerá considerações necessárias para a apresentação da pesquisa
como contribuição para o estudo do direito numa perspectiva filosófica.
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Instrumentalização da linguagem e dominação
Marcelo Lacerda Ferreira (UFU)
Esta apresentação tem como objetivo explorar o processo de degradação da linguagem e a
consequente modificação da forma de dominação dos indivíduos. Tem-se como principal referência
o pensamento de Horkheimer e Adorno. O fenômeno da instrumentalização da razão, descrito por
Horkheimer no seu livro Eclipse da Razão, tem como fato concorrente a instrumentalização da
própria linguagem. Impotente, ela perde a sua força emancipatória para se limitar à comunicação.
Esse processo, que teve o objetivo de desmitologizar a linguagem, faz, paradoxalmente, um retorno
à magia. A crença na linguagem esvazia a experiência à qual ela deveria estar ligada. Esse
afastamento das sensações empobrece também a realidade e, com isso, torna os indivíduos
impotentes e faz desaparecer as expressões do intelecto livre. Justamente ao abandonar a sensações
e ao abandonar a especulação que pensa o diferente, o homem se torna burro. Como dizem Adorno
e Hokheimer, "a burrice é uma cicatriz". Abre-se um espaço para uma dominação mais efetiva dos
homens, já que a linguagem afastou os indivíduos da possibilidade de um conhecimento crítico, as
palavras se degeneram em denominações.
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A relação entre transcendência e temporalidade em Sartre
Marcelo Rosa Vieira (UFU)
Orientador: Alexandre Guimarães Tadeu de Soares
O trabalho visa elucidar a questão da temporalidade de Sartre, de forma articulada com a
ideia de consciência transcendental na fenomenologia de Husserl. Sartre afirma que a maior parte
dos filósofos, que estudaram o tempo, considerou a consciência como um Em-si, ou seja, um ser
plenamente constituído à maneira da substância pensante cartesiana. Por esta razão, eles se
privaram dos meios de interpretar corretamente o sentido do tempo como uma dimensão originária
da própria subjetividade. Para Sartre, a temporalização é o modo de existir da consciência, na
medida em que ela se transcende para alcançar o mundo. No entanto, para que tal transcendência
seja possível, Sartre acredita ser necessário esvaziar a consciência de todo conteúdo, inclusive do
próprio ego. A temporalidade, portanto, tem origem num campo transcendental vazio, a partir do
qual Sartre pode identificar a existência subjetiva com o puro nada, a imanência absoluta, negação e
liberdade. O presente trabalho apresentará a tese fundamental de Sartre de que o Ego é um objeto
transcendente à consciência, e como tal ele não se encontra nem formalmente nem materialmente na
consciência, mas que é um ser existente no mundo, quer dizer, um ser que se revela como um objeto
transcendente visado pela consciência.
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A música para educar a psikhé do guardião com vistas ao princípio de justiça
estabelecido por Platão
Mariane Rodrigues Ferreira (UFU)
O objetivo deste trabalho é apresentar o pensamento de Platão sobre a importância, apontada
por ele, no que se refere ao papel da música na paideia do guardião. Para o filósofo, a educação por
meio da música não apenas aperfeiçoava a psikhé mas, sobretudo, educava o guardião para ser justo
no arquétipo de cidade construída em pensamento. No entanto, a estrutura da paideia poética
predominante na época de Platão tinha uma concepção de justiça diferente daquela estimada pelo
filósofo. Segundo Platão, neste modelo de paideia, o conteúdo ensinado incentivava o indivíduo a
se desviar do princípio de justiça, uma vez que continha exemplos de imoralidades como
assassinatos, incestos, crueldades, traições, etc. Além disso, ensinava que a justiça consiste na posse
de uma variedade de técnicas, ao passo que aquela, na acepção de Platão, ocorre na medida em que
cada indivíduo exerce apenas a sua função dentro da cidade, sem interferir na função de outrem.
Diante disso, Platão não apenas crítica, mas também censura os conteúdos que são ensinados na
paideia poética. Sendo assim, pretendemos apresentar os argumentos de Platão que demonstram o
porquê desta concepção possuir pretensões contrárias àquelas que ele aspirava e, além disso,
apresentar a música como a disciplina que possui o objetivo de educar a psikhé do guardião com a
finalidade de conduzi-lo ao princípio de justiça estabelecido pelo filósofo.
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A noção de uno/múltiplo e mesmo/diverso segundo o Comentário de Tomás
de Aquino à Metafísica de Aristóteles
Maryane Stella Pinto (UFU)
Orientador: Dr. Anselmo Tadeu Ferreira
Este trabalho tem como objetivo apresentar as considerações feitas por Tomás de Aquino no
Comentário do livro gama da Metafísica de Aristóteles, mais especificamente na lição segunda,
acerca do uno/múltiplo do mesmo/diverso. Tomás vai analisar, primeiramente, se cabe à ciência
metafísica considerar o uno / múltiplo, assim como o mesmo/diverso além de verificar, em que
medida uno e ente são a mesma coisa. A partir da leitura da lição segunda do Comentário ao livro
gama da Metafísica, apontaremos as críticas de Tomás de Aquino acerca do argumento da infinitude
e suas considerações acerca da análise de Avicena, que afirmava que o uno e ente são propriedades
acrescentadas às substâncias. Visto que esta ciência tem como sujeito o ente, assim como seus
acidentes por si, Tomás de Aquino afirma que Aristóteles se questiona se esta mesma ciência
também estuda o uno e o múltiplo e o mesmo e o diverso. Dessa maneira tentaremos, a partir do
Comentário da Metafísica, responder as seguintes perguntas: se o ente e o uno são a mesma coisa e
porque cabe a esta ciência a análise destas coisas.
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∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙
Nietzsche e Wagner: o problema da música na modernidade alemã
Natália de Andrade Pereira (UFU)
Orientador: Humberto Guido
Nietzsche, em O nascimento da tragédia, trata de duas forças opostas, Apolo e Dionísio.
Apolo era o deus da luz e Dionísio o deus da embriaguez, a luta constante dos dois deuses gera o
que Nietzsche chama de arte trágica. Nietzsche entra na contramão de tudo o que fora estudado, em
sua época, sobre a Grécia antiga. Isso porque os filólogos contemporâneos ao filósofo acreditavam
que a arte grega era apolínea, mas para o filósofo a arte é essencialmente dionisíaca. Com base em
autores, como por exemplo, Arthur Schopenhauer, Beethoven e por último e não menos consagrado
Wagner, para quem nosso autor compõe sua difícil trajetória. Os três grandes nomes da cultura
alemã afirmavam que a música era a mais superior de todas as artes e depositavam nela a salvação
da cultura de seu tempo. A estética, dentro da primeira obra filosófica de Nietzsche, vem mostrar
que a arte grega não tinha como base central somente a palavra. Sendo assim, a presente
comunicação tem como intuito discutir dentro das obras da primeira fase de Nietzsche como O
nascimento da tragédia e A visão dionisíaca do mundo, a importância da música no contexto
trágico. E ainda, fazer uma análise sobre a influência de Richard Wagner no problema da estética
nietzschiana, levando sempre em consideração o papel da música na modernidade.
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∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙
O Conceito de Alienação em Karl Marx
Nélio Gonçalves (UFU)
Orientadora: Dra. Maria Socorro Ramos Militão (UFU)
Propomos analisar, nesse projeto, o conceito de alienação a partir do legado de Karl Marx
(1818-1883), pois, esse conceito é imprescindível para compreender as questões atuais relativas à
produção econômica, à política e à percepção da realidade. E, ainda para diagnosticar a maneira de
estruturar-se e de operar do sistema capitalista avançado (em seu grau máximo de complexidade),
bem como averiguar quais são as consequências mais imediatas que o alto grau de desenvolvimento
das forças produtivas gera em termos de alheamento, de estranhamento ao qual este modelo de
produção implica ao trabalhador que vive e trabalha sob os auspícios do capitalismo. O objetivo
geral dessa proposta de trabalho é a relação que o conceito estabelece com o processo de
ideologização do sistema capitalista e o papel que este desempenha na relação infra superestrutural
(da existência e da consciência nas relações sociais e políticas). Busca-se, portanto, retomar alguns
elementos constitutivos do capitalismo (Capital, produção, mercado e lei da oferta e da procura,
lucro), identificados por Marx, que nos permitam compreender com maior clareza os problemas
sócio-políticos e econômicos, presentes na realidade contemporânea, na perspectiva de que estes
elementos nos auxiliem na procura de respostas para os problemas sócio filosóficos atuais.
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Das fábulas heroicas à história dos povos que as contam
Núbio Raules de Oliveira (UFU/PROGRAD UFU)
Orientador: Dr. Humberto Aparecido de Oliveira Guido
A concepção de história, presente na obra de Vico, é apresentada a partir do modelo cíclico
que comporta três momentos, cada um com suas características próprias. Essa concepção é a união
de dois fatores: a atividade humana e a providência. Partindo do principio indubitável de que o
mundo civil foi criado pelo homem, Vico tentou conhecer o homem, explorando os territórios onde
nasceram os mitos, as línguas e as instituições humanas. A matéria de sua pesquisa histórica foi a
poesia dos primeiros homens, ali o filósofo vislumbrou os princípios norteadores da vida civil. Pois,
desde o princípio do pensamento humano, a história é o testemunho das ações humanas amparadas
pela ordem providencial do entendimento humano, que começou com os primeiros gentios. No
momento em que eles procuraram explicar sua realidade através do que Vico chamou de sabedoria
poética – e que nós entendemos por mito, mas que era o registro da existência do próprio homem,
como Vico havia definido em sua obra –podemos então também encontrar o que seria a história
daqueles povos. Portanto, seria impossível conceber uma história humana sem que a mesma tivesse
alguma “materialização”, pois, essa sabedoria poética, mesmo que fantasiosa, seria o registro do
que esses gentios fizeram em sua existência.
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David Hume: das percepções da mente, da memória e da imaginação
Pablo Henrique Santos Figueiredo (UFU)
Orientador: Marcos César Seneda
O presente trabalho tem por objetivo principal observar o advento das percepções da mente,
divididas por Hume em impressões e ideias. As impressões são as percepções mais primárias da
mente, uma vez que dão origem às ideias, como suas cópias. Os graus de força e vivacidade, que
determinam a “intensidade” de uma percepção da mente, se apresentam maiores nas impressões do
que nas ideias, já que estas são cópias daquelas. A segunda divisão feita é que as ideias se
representam na memória e na imaginação. As ideias da memória apresentam maiores graus de força
e vivacidade, enquanto as ideias da imaginação apresentam-se com menores graus de força e
vivacidade. “Apresentam-se” por que as ideias não ficam alojadas na memória ou na imaginação,
mas sim na mente. As ideias que se apresentam na memória, por apresentarem maiores graus de
força e vivacidade, encontram-se “contextualizadas”, já que trazem consigo as ideias das
impressões que as acompanhavam no momento em que foram adquiridas. Por outro lado, a
imaginação apresenta ideias que podem surgir sem nenhum contexto, o que permite a comutação da
ordem de afecção destas, o que a dota de considerável liberdade para administrar suas ideias.
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O problema da independência ou dependência da moral em relação à religião
Rafael Gonçalves Queiroz (UFU)
Orientador: Prof. Dr. Alcino Eduardo Bonella
Há quem confunda ou não saiba a diferença entre moralidade e moralidade religiosa. Neste
trabalho, analisaremos o problema da independência ou dependência da moral em relação à religião.
Apontaremos para alguns problemas da relação entre moral e religião, como na teoria naturalista do
tipo aristotélico, como o problema da teoria divina, que seria a teoria naturalista apropriada e
incorporada ao contexto religioso pelos pensadores cristãos, por causa da associação feita por
muitos entre moral e religião. Depois, nos concentraremos no problema principal que, desde
Sócrates, se concentra no chamado argumento da arbitrariedade: o moralmente certo seria certo
porque Deus o quis, ou Deus quis porque era moralmente certo? Segundo alguns filósofos, como
Peter Singer e James Rachels, se a resposta for a primeira opção, Deus e a moralidade seriam
arbitrários; na segunda, Deus estaria submetido às razões que tornam um ato, um ato correto. A
partir dessa reflexão apresentaremos uma possível solução para tal problema.
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David Hume como um moralista
Rebert Borges Santos (UFU)
Orientador: Professor Dr. Marcos César Seneda
Este trabalho surgiu durante a execução de um projeto de pesquisa cujo tema foi o problema
dos milagres e a Teoria do Conhecimento de David Hume. Este estudo, ao ser desenvolvido,
suscitou informações e argumentos que obrigaram o autor da pesquisa a repensar a própria
configuração e a natureza do projeto filosófico do autor. Afinal, o que quis Hume com o conjunto de
suas obras? Como ele quis ser lembrado? Como um filósofo moral e político ou como um simples
epistemólogo? A presença da Seção X, intitulada de Dos Milagres, no texto da Investigação Acerca
do Entendimento Humano e a ausência, a um só tempo, neste mesmo texto, dos argumentos
epistemológicos mais céticos – calmamente apresentados no Livro I do Tratado da natureza
Humana - podem nos dar uma pista em direção à solução deste problema. Devemos mudar nosso
olhar a respeito do filósofo? É exatamente isto o que o presente trabalho procurará discutir.
48
∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙
A crítica de Agostinho ao materialismo maniqueu
Ricardo Pereira Santos Lima (Mestrando/PPG - UFU)
Orientador: Prof. Dr. Anselmo Tadeu Ferreira (IFILO/UFU)
Durante grande parte de sua vida, Agostinho se empenhou em combater diversos inimigos
do Cristianismo. Munido de sua pena e de seu perspicaz intelecto, o filósofo não se cansou de
desferir agudas críticas aos seus adversários. Pagãos, arianos, pelagianos, donatistas e maniqueus,
nenhum deles escapou do julgamento do Bispo de Hipona. Dos citados, talvez os mais conhecidos
sejam os maniqueus – por culpa do próprio Agostinho. Ao todo, Agostinho deixou dez obras
polêmicas ou apologéticas contra o maniqueísmo. Além delas, deixou inúmeras passagens sobre o
maniqueísmo em outras obras. Em sua autobiografia, Confessiones, o pensador narra sua imersão na
seita e sua emersão dela. Na obra supracitada, Agostinho não hesita em apontar as falhas e as
inconsistências do maniqueísmo, como a concepção materialista de Deus e do mundo, noção que
desempenhou papel crucial no seu rompimento com a seita. Deste modo, o objetivo deste trabalho
consiste em expor a crítica agostiniana ao materialismo maniqueu, mostrando porque essa
concepção representa uma ameaça ao pensamento filosófico do pensador.
49
∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙
Voz Performance Ação: uma possibilidade de fala para o subalterno
Roseli Gonçalves da Silva (PPGF- IFCS / UFRJ)
Orientadora: Prfª Dra. Carla Rodrigues
O presente artigo visa discutir, a partir dos apontamentos dados por Gayatri Chakravorty
Spivak em sua obra Pode o subalterno falar? (quando a autora questiona a possibilidade de fala do
subalterno) o papel que representa ou deveria representar o intelectual frente à possibilidade de
falar e ser ouvido, a qual envolve o subalterno, quando ele, o intelectual – sujeito pensante e falante
– se utiliza deste seu “poder de fala” para falar em nome de ou dos. Dito isto, começo meu trabalho
a partir destes e outros questionamentos desvelados e discutidos por Spivak: será possível de fato
falar em nome de ou dos? Pretendo ainda discutir a performatização da voz como uma forma de
autorrepresentação do sujeito. A voz como instrumento do próprio sujeito, que, imbuído de força e
potência possa fazer-se ecoar e tornar-se discurso. Este talvez seja para Spivak o grande desafio que
tem o intelectual nos dias de hoje: abrir mão da ilusão de falar em nome do subalterno e ao invés
disso contribuir para a criação de espaços onde o subalterno possa se articular e falar por si mesmo.
Falar e se fazer ouvido.
50
∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙
O papel da disciplina na pedagogia de Kant
Sidéia Glaucia Silva Machado Borges (UFU)
Orientador: Marcos César Seneda
Este trabalho procura evidenciar o papel e a importância da disciplina na obra Sobre a
Pedagogia de Kant. A disciplina como força negativa, capaz de retirar do homem a selvageria, deve
ter início com o nascimento. Ela constitui a parte primeira da educação kantiana. Partindo desse
pressuposto, nossa indagação será: o que é disciplina para Kant? Qual a sua importância? Que
modelo de educação Kant propõe para que a disciplina exerça efetivamente o seu papel? Para
responder as nossas indagações, faremos uso da pesquisa teórica bibliográfica, especificamente, a
obra Sobre a pedagogia de Immanuel Kant, em que buscaremos compreender o conceito de
disciplina, bem como o modelo de educação em que ela se apresenta. Como suporte, utilizaremos a
obra Regresso a Kant de Leonel Ribeiro dos Santos. Analisar a disciplina e sua importância e
compreender o modelo de educação em que ela se apresenta possibilita-nos esclarecer que tipo de
homem Kant quer formar.
51
∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙
A imitação da natureza para Bodmer e Breitinger
Thayane Queiroz Ramos (UFU)
Orientador: Dr. Jairo Dias Carvalho
O presente estudo tem como objetivo apresentar o conceito de imitação da natureza de
Bodmer e Breitinger, aplicado no âmbito da poesia. Bodmer e Breitinger, que também são
chamados de “Os Suíços”, consideram a poesia como “arte pictural”. O poeta seria um pintor que
trabalha com a linguagem, e por meio de suas imagens, ele consegue atingir o poder da imaginação
do leitor. Estas imagens agem diretamente nos sentidos persuadindo-o, de modo que elas se
diferenciam do discurso racional e lógico conhecido. Quando comparam a poesia com a pintura,
eles concluem que o objetivo de ambas as artes é o mesmo, embora a poesia se sobressaia, na
medida em que ela pode representar o movimento do mundo invisível dos sentimentos. Neste
contexto, para os Suíços, o princípio da imitação da natureza ganha uma nova dimensão. Não é
mais simplesmente o axioma a priori de toda estética, mas o produto de uma verificação simples: é
a pequena distância da representação com a natureza que produz em nós mais efeito.
52
∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙
Justiça, direito, violência: os fundamentos da ordem políco-jurídica em Jacques
Derrida
Verena Seelaender da Costa (UFF)
As conferências pronunciadas por Jacques Derrida nos Estados Unidos em 1989 e 1990
trataram da relação, que foi destacada partindo da proposta de Walter Benjamin, entre direito,
justiça e, especialmente, violência. Buscaremos demonstrar tal nexo, tendo em vista as implicações
da definição e do uso do conceito de violência em face às circunstâncias políticas atuais no Brasil e
no mundo. Justiça e direito devem ser entendidos aqui como diversos um do outro, o direito
enquanto “meio” ou “representação” (por um código escrito, por exemplo) e a justiça enquanto algo
incapturável e localizado a partir e além do direito. Há uma percepção de que a ordem jurídica, para
que seja considerada justa e democrática, deve permitir um certo "direito à violência". Tal
legitimidade se manifesta de forma mais clara no evento da greve geral, quando a própria ordem
política (isto é, o ordenamento jurídico) é questionada. Esse questionamento não só é ilegal como é
considerado uma espécie de "abuso" do direito legítimo à greve. Esse nexo mostra a contradição
essencial dos regimes democráticos e demonstra que seu fundamento, longe de ter qualquer
pretensão real à justiça, tem somente como objetivo o monopólio da violência, utilizando-se do
direito como um dispositivo para sua própria manutenção.
53
∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙
O conceito de justiça e a análise da vida do injusto segundo Trasímaco no livro I
da “República” de Platão
Victor Hugo de Oliveira Saldanha (UFU)
O presente estudo tenciona abordar o problema da justiça contido no livro I da “República”
de Platão, especialmente sob duas perspectivas: inicialmente, sob a definição proposta pelo sofista
Trasímaco, que a descreve como “a conveniência do mais forte”; por último, sob a perspectiva das
reflexões do sofista acerca das vantagens auferidas pelo injusto em detrimento do justo. O livro I se
diferencia dos demais, porquanto se apresenta como um diálogo de primeira época, ou seja, um
diálogo de cunho moral que possui a(s) virtude(s) como tema central; caracteriza também essa
espécie de diálogo como aporético, ou seja, o diálogo de Sócrates com seus interlocutores não
culmina em uma definição para a virtude em questão. Neste livro a discussão de Sócrates com seus
interlocutores a respeito da virtude da justiça é apresentada nos seus termos mais elementares, tal
como se apresenta na vida cotidiana. Diante deste contexto, pretende-se analisar, neste trabalho,
duas possibilidades interpretativas para a definição sustentada por Trasímaco e em que medida há
mais vantagens para um particular em ser injusto do que justo, segundo o fio argumentativo do
sofista.
54
∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙
Síntese Teórica da Compreensão da Ética na História
Vitor de Lima (UNESP / Franca)
Orientador: Prof. Dr. Helen Barbosa Raiz Engler
O presente trabalho busca identificar como ocorre a construção do pensar a ética ao longo da
história utilizando dois autores da área, Adolfo Sánchez Vázquez com a obra Ética e Nelson
Saldanha com Ética e a história. Estes autores divergem ao definirem o conceito de ética de formas
distintas, porém se completam ao colocar a ética vinculada aos processos sócio-históricos. Para
Vázquez, a conceituação de ética é diferente da conceituação de moral, pois a ética é compreendida
como uma ciência transversal que utiliza outras ciências para compreender seu objeto que é a moral,
esta, por sua vez, constitui-se como normas e valores de caráter histórico e social que são
introjetados no sujeito e se refletem em suas ações na sociedade, que estão inseridos. Já Nelson
Saldanha compreende a ética unindo-a ao conceito de moral, definindo esta junção como ethos, pela
qual perpassa a realidade humana atuando como consciência normativa e meio de compreensão de
valores e da experiência realizada, sendo pautada em sistemas éticos que são situados históricos e
socialmente. A metodologia utilizada parte-se de leituras analíticas dos autores, questionamento
reconstrutivo e síntese dialética em relação às teorias éticas que divergem para os autores.
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∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙
Os limites da influência wittgensteiniana para a concepção de linguagem de
Karl-Otto Apel
Wilson Rosa Júnior (UFU)
Orientador: Sertório de Amorim e Silva Neto
Pretendemos, nesta comunicação, compreender como Karl-Otto Apel desenvolveu sua
concepção sobre a linguagem partindo de críticas e apontamentos direcionados à teoria de
Wittgenstein. A contribuição wittgensteiniana ao pensamento de Apel possui importância ímpar, e
isto pode ser observado na medida em que o próprio autor ressalta a necessidade de se pensar com,
contra e para além de Wittgenstein. Partindo deste princípio, o escopo desta comunicação é
elaborar um estudo sobre algumas impressões de Apel a respeito de Wittgenstein sob estas três
perspectivas. Tentaremos, portanto, investigar os aspectos que possuem proximidade entre as duas
concepções, identificar quais os limites da influência wittgensteiniana para a filosofia de Apel e o
que, sob a visão do filósofo, ultrapassa estes limites. Sumariamente, podemos entender que o
objetivo de Apel é desenvolver um conceito que abarque, ao mesmo tempo, tanto uma dimensão
pragmática quanto uma transcendental, concernentes à linguagem. Grosso modo, podemos
compreender a dimensão pragmática como o uso da linguagem entre os homens – que consiste na
construção de consensos – e a dimensão transcendental, por sua vez, como uma estrutura
universalizadora, isto é, a instância que regula a linguagem como um todo. Com efeito, neste
trabalho, abordaremos estas duas dimensões da linguagem presentes na filosofia apeliana,
investigando como e a partir de que Apel desenvolveu a Pragmática Transcendental da linguagem.

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Caderno de resumos VIII Encontro

  • 1. RESUMOS DO VIII ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM FILOSOFIA DA UFU ISSN 2358-615X Outubro de 2014 Volume 8 – número 8 IFILO - UFU
  • 2. ISSN 2358-615X Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU Volume 8 – número 8 Outubro de 2014 IFILO – UFU Organizadores: Marcos César Seneda Anselmo Tadeu Ferreira Henrique Florentino Faria Custódio Lucas Nogueira Borges Lucas Alves Oliveira
  • 3. VIII ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM FILOSOFIA DA UFU O VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) é um evento regular de pesquisa, que visa a fortalecer a inserção regional e nacional da comunidade filosófica representada pelos grupos e núcleos de pesquisa agregados ao Instituto de Filosofia (IFILO). O propósito do evento é a intensificação da integração dos estudantes – da graduação e da pós-graduação – e dos docentes do ensino médio com a comunidade filosófica nacional. Ao mesmo tempo, o evento pretende atuar decisivamente como fonte de incentivo para que os estudantes apresentem seus primeiros trabalhos e adquiram, por esse meio, um pouco da prática da produção de pesquisa especializada. Acentua nossa satisfação, ao organizá-lo anualmente, o fato de o evento ter se ampliado e se tornado uma mostra significativa do diversificado e consistente trabalho de pesquisa dos estudantes.
  • 4. ISSN 2358-615X Comissão Científica: Anselmo Tadeu Ferreira Dennys Garcia Xavier Dirceu Fernando Ferreira Harley Juliano Mantovani Márcio Danelon Marcos César Seneda Paulo Irineu Barreto Fernandes Periodicidade: Anual INSTITUTO DE FILOSOFIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (IFILO – UFU) Campus Santa Mônica - Bloco 1U - Sala 125 Av. João Naves de Ávila, 2.121 - Bairro Santa Mônica Uberlândia - MG - CEP 38408-100 Telefone: (55) 34 3239-4185 http://www.ifilo.ufu.br/
  • 5. SUMÁRIO Ádamo Bouças da Veiga ......................................................................................................................7 Ana Marina Linhares Lucas.................................................................................................................8 Arthur Falco de Lima...........................................................................................................................9 Carolina Miziara Passaglia e Silva.....................................................................................................10 Claudio Henrique E de Oliveira.........................................................................................................11 Cristiano Rodrigues Peixoto ..............................................................................................................12 Diego de Souza Avendaño .................................................................................................................13 Eduardo Leite Neto ............................................................................................................................14 Enoque M. Portes...............................................................................................................................15 Enzo Estevinho Guido .......................................................................................................................16 Fábio Júlio Fernandes ........................................................................................................................17 Fernanda de Assis Ferreira.................................................................................................................18 Fernanda Silva Confessor ..................................................................................................................19 Francisca Maria Oliveira Linhares.....................................................................................................20 Gabriel Reis Pires Ribeiro..................................................................................................................21 Graziela Guimarães de Macedo .........................................................................................................22 Guilherme de Morais Damaceno .......................................................................................................23 Gustavo Paula dos Santos ..................................................................................................................24 Hênia Laura de Freitas Duarte ...........................................................................................................25 Isabela de Castro Mendonça ..............................................................................................................26 Jean Claudio Sales Nominato ............................................................................................................27 João Batista Freire..............................................................................................................................28 José Pereira Prado Júnior...................................................................................................................29 Juan Guillermo Diaz Bernal...............................................................................................................30 Júlia Pereira da Silva..........................................................................................................................31 Kassius Otoni Vieira ..........................................................................................................................32 Lucas Alves de Oliveira .....................................................................................................................33 Lucas Nogueira Borges......................................................................................................................34 Luiz Fernando Bandeira de Melo.......................................................................................................35 Mak Alisson Borges de Moraes .........................................................................................................36 Manoel Cipriano Oliveira ..................................................................................................................37
  • 6. Marcelo Lacerda Ferreira...................................................................................................................38 Marcelo Rosa Vieira...........................................................................................................................39 Mariane Rodrigues Ferreira ...............................................................................................................40 Maryane Stella Pinto..........................................................................................................................41 Natália de Andrade Pereira ................................................................................................................42 Nélio Gonçalves.................................................................................................................................43 Núbio Raules de Oliveira...................................................................................................................44 Pablo Henrique Santos Figueiredo.....................................................................................................45 Rafael Gonçalves Queiroz .................................................................................................................46 Rebert Borges Santos.........................................................................................................................47 Ricardo Pereira Santos Lima..............................................................................................................48 Roseli Gonçalves da Silva..................................................................................................................49 Sidéia Glaucia Silva Machado Borges...............................................................................................50 Thayane Queiroz Ramos....................................................................................................................51 Verena Seelaender da Costa ...............................................................................................................52 Victor Hugo de Oliveira Saldanha .....................................................................................................53 Vitor de Lima .....................................................................................................................................54 Wilson Rosa Júnior ............................................................................................................................55
  • 7. 7 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ Entre-tempos: a crítica do tempo cronológico em Deleuze e Derrida Ádamo Bouças da Veiga (PUC-RJ) Apesar da grande proximidade que pode ser antevista entre Gilles Deleuze e Derrida, parece- nos que poucas análises conjuntivas têm sido realizadas sobre o pensamento de ambos. Por ocasião da morte de Deleuze, Derrida escreve, em um belo texto, que no âmbito das teses, sente pelo outro uma proximidade quase total; entretanto, vê nele uma diferença no “gesto” e na “maneira” como elas são abordadas. (DERRIDA, 1991). Por mais que haja uma convergência fundamental entre as suas teses, ela vem acompanhada de uma diferença espectral. O presente trabalho se pretende a uma análise experimental destas semelhanças e diferenças espectrais entre ambos os autores, no que concerne ao tempo. Em ambos, observamos o esforço de liberar o tempo da narrativa crono- teleológica e a submissão do futuro e do passado à presença do presente. Ambos procedem demonstrando as relações paradoxais que fundam o sujeito, em busca de uma nova forma de subjetividade capaz de viver em um tempo fora das “relações retificadas de um mundo construído em termos de categorias de substâncias”. (PATTON, 2003). Para tal, é necessário um deslocamento da concepção comum do tempo, marcado pela injunção da “presença do presente”, em direção a uma nova temporalidade.
  • 8. 8 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ Ser feminino Ana Marina Linhares Lucas (UFU) Prof. Dr. Jairo Dias Carvalho Ao pensar um conceito, é preciso considerar a época na qual ele está sendo empregado e ao que está dando significado. Na atualidade, falar de gênero e sexo, feminino e feminismo, diz de uma realidade mais complexa que antes, quando esses pares conceituais foram criados. Jacques Derrida, com a noção de Différance, consegue desmontar a estrutura binária do significante/significado e com isso nos introduz a idéia de unidade dos signos. Simone de Beauvoir tem sua obra O segundo sexo tomada pelo movimento feminista como uma espécie de bíblia de tal grupo social. Após 1969, com a luta pela emancipação das mulheres e a revolução sexual, a noção de identidade feminina sofre mudanças, a essência de ser mulher, devido a construções históricas, sofreu uma transformação e o que é natural já não diz respeito exclusivamente ao conceito biológico. Podemos dizer, hoje, que há uma necessidade performática de se ser mulher, porém, mais que isso, veio também com o movimento gay a pulsão do ser feminino e o que significa o ser. Pretendo então despertar a indagação sobre como seu comportamento cria seu gênero e como o ser feminino de hoje equipara-se ao ser feminista de outrora.
  • 9. 9 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ O conceito de espaço em Kant Arthur Falco de Lima (UFU) Orientador: Prof. Dr. Marcos César Seneda O objeto de investigação desta comunicação é o conceito de espaço na obra de Kant. Os comentadores de Kant distinguem, grosso modo, sua produção filosófica em dois períodos, a saber, o período crítico e o período pré-crítico. A maioria dos estudos a que temos acesso se concentra em investigar as ideias de um Kant já maduro, isto é, ideias presentes em seus textos produzidos no período crítico. No entanto, sabemos hoje que é fundamental o estudo de alguns dos textos elaborados no período pré-crítico para uma compreensão mais completa de suas obras mais importantes, as do período crítico. Ora, a mais bem acabada concepção kantiana do espaço se encontra formulada em sua obra inaugural do período crítico, a Crítica da Razão Pura, publicada pela primeira vez em 1781, e posteriormente revista e, em partes, alterada pelo próprio Kant em 1787. Tendo isto em vista, a proposta desta comunicação é de entender os principais aspectos da concepção de espaço presente na Crítica da Razão Pura à luz da Dissertação de 1770, que é o último escrito de Kant do período pré-crítico.
  • 10. 10 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ A existência de Deus em Descartes Carolina Miziara Passaglia e Silva (UFU) Orientador: Prof. Dr. José Benedito de Almeida Júnior Este trabalho terá como objetivo a exposição das três provas que Descartes apresenta nas Meditações Metafísicas e no Discurso do Método. A investigação de Descartes é feita através de seu método, que tem a dúvida hiperbólica como principal elemento e através da qual é introduzida a hipótese do Deus enganador. Propondo tal hipótese, Descartes percebe um novo problema a ser analisado: a existência de Deus. Assim, Descartes lança mão de três provas, podemos caracterizar as duas primeiras como: posteriori, pois partem do efeito em direção à causa e uma ontológica. Na primeira prova, Descartes propõe que entre as ideias inatas somente a ideia de Deus não pode ter origem no próprio homem devido a sua realidade objetiva. A segunda prova é um complemento à primeira, demonstrada pelo argumento da causalidade ela prova a existência de Deus através da origem da existência do ser pensante. Com a terceira prova, Deus assume o papel de sujeito: a existência faz parte da essência de Deus e por isso não pode ser pensada separada Dele. Ao concluir as provas da existência de Deus, Descartes afirma a verdade perante as coisas que se apresentam de forma clara e distinta e desta forma respalda sua filosofia.
  • 11. 11 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ Questões da classificação nosológica para pensar o corpo Claudio Henrique E de Oliveira (UFU) Orientação: Drª Georgia Amitrano A partir dos tradicionais métodos nosológicos, Canguillhem reflete sobre os indicativos que classificam o homem em saudável ou doente. Nesse contexto, a carga histórico-científica espelha a concepção social e política da época. A saúde e a doença são historicamente classificadas, ora como afecções antagônicas, ora como dinâmicas correlacionais no corpo. Assim, as heranças históricas que atingem o tempo contemporâneo (Parcelso, Hipócrates, Comte) expressam o domínio binário do bem e do mal. Segundo Canguilhem, a determinação das constantes fisiológicas elaboradas por médias experimentais, obtidas apenas no âmbito do laboratório, corre o risco de apresentar um homem normal aquém de suas reais potências, visto que a normatividade fisiológica aferida é regida pela determinação quantitativa em substituição do qualitativo. O pensamento de George Canguillhem, para a história da filosofia, encontra-se de forma residual nos pensamentos de Deleuze, quando na obra Mil Platô reflete sobre os conceitos "anormal" e "anômalo". Para os artistas do corpo, suas ideias podem ser apresentadas como um ponto de bifurcação para o oficio corporal, e para a medicina, um projeto de revisitação metodológica frente à tendência de objetivação clínica.
  • 12. 12 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ O ceticismo de Hume quanto à existência da alma Cristiano Rodrigues Peixoto (UFU / CAPES) Orientador: Prof. Dr. Marcos César Seneda Partindo do texto da Seção 5, da Parte 4, do Livro 1 do Tratado da natureza humana, intitulado Da imaterialidade da alma, o objetivo deste trabalho é mostrar os argumentos empregados por Hume para defender que, de acordo com os fundamentos de sua filosofia empírica, é impossível demonstrar que possuímos uma alma. Hume defende que não há uma impressão de alma à qual a ideia de alma que possuímos na mente possa se remeter e que, portanto, a ideia que temos de alma é uma falsa ideia, vazia de conteúdo. Além disso, Hume defende que, mesmo se admitirmos que possuímos uma alma, como faziam, por exemplo, os escolásticos, o conceito de alma por eles construído traz em si contradições tais, que fica difícil definir com clareza, por exemplo, se ela é uma substância material ou imaterial. Assim, seja pela impossibilidade de remissão a uma impressão, seja pela imprecisão de seu conceito, Hume conclui que a alma não existe, ou, pelo menos, que não podemos ter dela uma ideia precisa.
  • 13. 13 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ Atribuição e Impossibilidade no Pensamento Intermediário de Wittgenstein Diego de Souza Avendaño (UFG) A grande dificuldade da semântica, na proposta do Tractatus, era a de lidar com o conteúdo semântico das proposições necessárias. Uma proposição que descrevesse uma situação impossível teria que ter um conteúdo semântico tal que pudesse ser, ao mesmo tempo, desqualificado em termos de sua própria significatividade. Nesse contexto, encontramo-nos na situação de ter que negar a significatividade de um significado afirmando a ausência de conteúdo em um conteúdo semântico. Contudo, após o retorno de Wittgenstein à filosofia em 1929, verificamos uma mudança que alterou completamente seu método filosófico e propôs uma nova solução para o tratamento das proposições necessárias. O nosso trabalho tem seu alcance definido pelo exame e esclarecimento dessa nova solução: o conceito de “regra”, ou, mais especificamente, “regras de sentido”, tal qual se desenvolve no Big Typscript. No caso específico, as rupturas comunicacionais envolvendo as regras poderiam ser superadas estendendo um projeto de “semântica atributiva” à totalidade da linguagem.
  • 14. 14 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ Vico e a interpretação do movimento histórico Eduardo Leite Neto (UFU) Orientador: Humberto Aparecido de Oliveira Guido Esta comunicação tem como objetivo a abordagem da concepção cíclica da história na obra de Giambattista Vico, quando trata de modo gradual o movimento da história que abarca todos os âmbitos da vida humana. A história possui um papel de suma importância na „‟humanização‟‟ do homem. A visão cíclica da história identifica três idades que dão desenvolvimento para as práticas humanas, esses momentos são comuns a todas as nações do passado e do presente. Essa uniformidade permite ao filósofo discorrer sobre os corsi e os ricorsi percorridos pelas nações, de modo que há uma constante recorrência de fatos nas questões vividas pelos homens ao longo das gerações. Cabe ressaltar que não apenas Vico trabalhou essa questão, mas também outros pensadores, como o historiador grego Políbio, que no período imperial de Roma trabalhou a questão da volta da monarquia romana ao poder seguindo uma linha de raciocínio natural da passagem do império tirânico para a monarquia. Este raciocínio assemelhasse com um ciclo, que muito tempo depois foi retomado e reelaborado por Vico na perspectiva do estudo científico da história.
  • 15. 15 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ Pierre Menard e a alteridade absoluta Enoque M. Portes (UFU) Esse trabalho terá como objeto principal de interpretação o conto de Jorge Luis Borges “O Quixote de Pierre Menard”. O conto de Borges deixa entrever uma discussão acerca do que se poderia denominar a busca pela alteridade absoluta. Isto é, o anseio por experimentar do outro a totalidade de sua diferença. Nesse sentido, o trabalho proposto quererá apontar como a personagem criada por Borges procura um encontro absoluto com o outro, tentando superar os limites da linguagem e do tempo. Todavia, será apresentado como tal intento parece absurdo. O texto deverá então abordar as questões da inacessibilidade inerente à relação entre os homens, bem como o desejo pela superação de si e o encontro fatual com o mundo.
  • 16. 16 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ O narrador de Walter Benjamin Enzo Estevinho Guido (UFU) Orientador: Humberto Aparecido de Oliveira Guido No ano de 1936, Walter Benjamin escreveu o texto intitulado “O Narrador, Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov”. Neste artigo, o filósofo discorre sobre as características pertencentes a um narrador virtuoso, e ao mesmo tempo, explica porque a verdadeira narrativa está cada vez mais escassa na sociedade. Walter Benjamin defende a existência de uma dualidade no mundo narrativo, o contador de histórias pode assumir a postura de um marinheiro, que conhece as maravilhas do mundo, ou pode se assemelhar ao camponês que conhece os costumes e fábulas de sua terra natal. Segundo o filósofo, estas duas características se fundem no sistema de produção feudal, pois nele, o trabalhador, para se adequar ao seu ofício, deve viajar por terras estrangeiras para descobrir novas técnicas, e depois se fixar em uma pátria.
  • 17. 17 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ Notas sobre a noção de verdade em Descartes Fábio Júlio Fernandes (UFU) Orientador: Alexandre Tadeu de Soares O método cartesiano, que põe em xeque não apenas as crenças do senso comum, mas até mesmo os fundamentos mais sólidos da ciência e da metafísica, parece fortemente exprimir do filósofo uma postura cética. Entretanto, certo é que papéis avulsos remetidos a um amigo talvez elucidem alguma coisa: em uma carta a Mersenne, Descartes declara nunca ter duvidado da verdade. O que o faz, então, a despeito da ruína de todos os conceitos de verdade investigados radicalmente pelo filósofo, ainda assim decidir filosofar buscando o alcance de ao menos um mínimo conhecimento certo e indubitável? Se Descartes, no decurso de seu exigente exercício filosófico de meditar, põe-se de forma tão radical diante de todo conhecimento filosófico da tradição, reconhecendo a necessidade e urgência de duvidar de todas as coisas na busca pela verdade, por que ele nunca põe a verdade em dúvida? Como compreender esta postura paradoxal do filósofo: a de nunca duvidar da verdade? O objetivo de nosso trabalho é mostrar como a verdade emerge como problema filosófico na filosofia cartesiana, explicitando os expedientes e o enfrentamento desse problema por Descartes.
  • 18. 18 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ As lições sobre o fascismo: de Togliatti a Gramsci Fernanda de Assis Ferreira (UFU/IFILO) Orientadora: Ana Maria Said De janeiro a abril do ano de 1935, Palmiro Togliatti (1893-1964) ministrou um curso aos trabalhadores de Moscou composto por quinze lições explicando a natureza e a maneira de combater o fascismo. Transcritas por um dos alunos, estas aulas foram posteriormente publicadas como Lições sobre o fascismo. Assim como seu companheiro de partido, Antonio Gramsci (1891- 1937), também co-fundador do PCI, Togliatti foi revolucionário, eles interpretaram os fatos contemporâneos em sua singularidade. Os dirigentes do PCI perceberam que o fascismo era uma nova estratégia da classe dominante e conseguiram traduzir Marx para a compreensão deste fato – não como um profeta que pudera prever os desdobramentos do início do século XX. Portanto, nesta pesquisa pretende-se investigar como Antonio Gramsci e Palmiro Togliatti desvelam esta novidade política, destarte, objetiva-se inferir os pontos comuns na análise e definição do fascismo e as possíveis divergências entre suas percepções. Deste modo, propomos verificar as categorias de partido político, revolução passiva e bonapartismo nos Cadernos do cárcere de Gramsci, e ainda, como as concebe Togliatti em suas Lições sobre o fascismo.
  • 19. 19 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ Max Horkheimer e o conceito de “Racket” Fernanda Silva Confessor (UFU) Orientador: Prof. Dr. Rafael Cordeiro Silva O presente trabalho pretende discutir através do pensamento de Max Horkheimer as transformações ocorridas nas relações de classe no capitalismo tardio. O filósofo emprega o conceito de “Racket” para elucidar e nomear os novos tipos de relações sociais, políticas e econômicas que surgiram nesta nova etapa do capitalismo. Para circunscrever este tema, tomarei como fio condutor os fragmentos denominados: “Os Rackets e o espírito”, e a “Sociologia das relações de classe”. Horkheimer denota que os “Rackets” seriam grupos organizados que competem por poder e que algumas vezes se posicionam contra o Estado e em outras se aliam ao Estado para evocar mais poder e assim continuar a lógica de dominação. O “Racket” no aparelho social se desenvolveu juntamente com o percurso histórico. O autor concebe a história da humanidade ocasionada sempre pela dominação, ou seja, os “Rackets” sobrevivem porque sempre vigorou a lógica de dominação que resulta na brutalidade dos mais fortes contra os mais fracos. Somente a capacidade crítica poderia resultar em um mecanismo de resistência contra os “Rackets”.
  • 20. 20 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ La recherche de la vérité, dialogo de René Descartes Francisca Maria Oliveira Linhares (UFU) Orientador: Alexandre Guimarães Tadeu de Soares A BUSCA DA VERDADE, o termo recherche é uma “busca” com a noção de “pesquisa”. É traduzido também e mais usualmente como “pesquisa”, mas se pensarmos nesse termo somente como pesquisa perdemos a noção desiderativa de la recherche. Pesquisar é um exercício presente na filosofia, que é uma busca à sabedoria. Para Descartes esse buscar, o trajeto, está ligado ao alongamento do caminho da “busca da pesquisa”. O método deve ir muito mais adiante por si mesmo, é o modo de potencializarmos o próprio espirito, mesmo que nossas faculdades não sejam tão potentes, ele regula a nossa vontade. A natureza é que preside a busca do conhecimento, portanto, todo conhecimento que seja baseado na superficialidade é suspeito. Está presente em Descarte a oposição entre natureza e cultura. A cultura com seus artifícios e suas sutilezas podem enfraquecer a espontaneidade do próprio espirito, o método quer resgatar essa espontaneidade. Durante o desenvolvimento do diálogo entre os personagens Eudoxo, Epistemão e Poliandro, vemos esse conduzir do Eudoxo, que entendemos como uma espécie de heterônimo do próprio Descartes, os seus interlocutores.
  • 21. 21 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ Um estudo sobre a tese ontológica da existência de Deus e sobre a crítica à teologia racional conforme formuladas por Kant Gabriel Reis Pires Ribeiro (UFU) Orientador: Prof. Dr. Marcos César Seneda Essa comunicação pretende examinar a prova ontológica da existência de Deus, conforme exposta por Immanuel Kant. Assim, procuraremos demonstrar a impossibilidade de um conceito transcendental, fazendo uma crítica à teologia racional. Para tal desiderato, partir-se-á da tese da prova ontológica, em que o entendimento, a priori, só consegue antecipar a forma de uma experiência possível, sendo necessária para produzir o conceito a possibilidade de determinado objeto na experiência, posto que o conceito tenha de concordar com as condições de um objeto possível empiricamente. Cabe ressaltar ainda que tal objeto proveniente da sensibilidade é aquele cuja possibilidade empírica é possível, diferentemente da coisa em si ou dos noúmenos, sendo denominado por Kant de fenômeno, na medida em que expressa a determinação de um objeto empírico. Assim, tendo como pressuposto o papel necessário da sensibilidade para a formação de um conceito, será demonstrada a impossibilidade da existência de um conceito transcendental, tendo como foco a teologia racional, pois, conforme dito, a priori o entendimento nada mais faz do que antecipar a forma de uma experiência possível. Após tal tarefa, será proposta uma crítica à teologia racional em conformidade com a ótica kantiana.
  • 22. 22 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ Um esquema labiríntico da linguagem entre Husserl e Derrida Graziela Guimarães de Macedo (UFMG/FAFICH) Orientadora: Profª Drª Alice Mara Serra O objetivo deste texto consiste em apresentar, em linhas gerais, os desdobramentos aporéticos da análise desconstrutiva proposta por Jacques Derrida em A voz e o fenômeno acerca da teoria da significação e da ideia de presença na fenomenologia de Husserl. De acordo com o autor franco-argelino, a estrutura essencialmente binária do signo (Zeichen), descrita no primeiro capítulo das Investigações Lógicas, representa uma decisão inicial de caráter dogmático que conduz o projeto fenomenológico a um itinerário de extensas bifurcações previstas pelo esquema metafísico da experiência baseado na ideia de presença. Derrida procura evidenciar como essa dualidade originária na definição husserliana da linguagem já implica um emaranhamento inextrincável entre índice (Anzeichen) e expressão (Ausdruck), de modo a impossibilitar o rastreamento e o acesso definitivos à origem e ao telos em uma tal estrutura. Nesse sentido, tentaremos mostrar como a abordagem quase-transcendental do signo proposta por Derrida aponta para uma compreensão da linguagem a partir de sua forma propriamente labiríntica e suplementar de remissões, apagamentos e superposições.
  • 23. 23 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ A ficção científica como possibilidade do real Guilherme de Morais Damaceno (UFU/PROGRAD) Orientador: Prof. Dr. Jairo Dias Carvalho O objetivo inicial do trabalho parte da elucidação do conceito de ficção científica. É sabido que os livros de ficção científica em sua forma mais primitiva abordavam temas como viagens interplanetárias e estavam inteiramente ligados ao gênero da fantasia/aventura, porém hoje não se limitam somente a essas descrições. A ficção cientifica despontou rapidamente das convenções populares e do exotismo para se firmar como um forte gênero literário, auto designando-se sua própria personalidade e linguagem. Após uma breve exposição da evolução do gênero, pretende-se explorar os efeitos que a ficção científica implica ao que concebemos como o real, uma vez que muitas das obras do início do século XIX vieram a funcionar como fator “antecipador” a acontecimentos ocorridos em anos posteriores. Aborda-se na sequência, a importância da leitura do gênero, e como ela acaba se relacionando e estimulando o progresso científico. Todavia, encerra-se a reflexão, com o questionamento: é possível pensar em um modo de abordar essa antecipação do real através da ficção cientifica pelo viés filosófico?
  • 24. 24 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ Emoções e Sentimentos na perspectiva de Antônio Damásio Gustavo Paula dos Santos (UFU) Orientador: Leonardo Ferreira Almada Em seu livro E o Cérebro criou o Homem, Antônio Damásio desenvolve a sua perspectiva em relação às emoções e sentimentos do indivíduo, tendo em vista seu próprio comportamento. Desta forma, compreende a importância de valorizar as emoções e sentimentos do indivíduo em uma perspectiva materialista, pois tais percepções se encontram no cérebro. Assim, ressalta a mente consciente e o seu valor biológico, não negligenciando as emoções. Portanto, ele define emoção e sentimento na própria construção do self. Alguns problemas surgem neste contexto, pois, embora essas coisas façam parte de um todo coeso, trata-se, no entanto, de processos distinguíveis. Conclui- se que o objetivo é saber que há um contraste entre a essência própria da emoção e a essência própria dos sentimentos.
  • 25. 25 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ Descartes: um pequeno estudo sobre a primeira parte das Paixões da Alma Hênia Laura de Freitas Duarte (UFU) Orientador: Prof. Dr. Alexandre Guimarães Tadeu de Soares A presente comunicação é um estudo sobre a anatomia presente no Tratado das Paixões. Nosso objetivo geral visa compreender como a alma é o agente em suas vontades. Para alcançarmos esse objetivo, estudamos As Paixões da Alma, sobretudo a primeira parte, pois, é nela que Descartes tratará sobre o assunto que compõe nosso estudo. Estudamos também duas correspondências que o filósofo enviou a Elisabeth, princesa da Bohemia. Essas cartas datam de maio de 1646. Nelas, Descartes elucida sobre a obra e sobre o título As paixões da alma, ou Tratado das paixões. Posto isso, na primeira parte responderemos a duas perguntas importantes para o nosso estudo. A primeira é o que é o conceito de “paixão”? E a segunda, por que é necessário distinguir entre as funções da alma e do corpo para se conhecer as “paixões da alma”? Em última instância, como a anatomia ocupa um lugar importante nessa obra?
  • 26. 26 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ Da religião em Cícero: análise das obras De natura deorum – Livro II e De divinatione – Livro II Isabela de Castro Mendonça (PPG-Filosofia/UFU) Orientador: Prof. Dr. Anselmo Tadeu Ferreira (IFILO/UFU) Esta comunicação tem como objetivo tentar identificar a concepção de Marco Túlio Cícero acerca da religião. Para isso, serão utilizadas as obras De natura deorum, onde se discute se os deuses existem ou não, e, se existem, se interferem ou não na vida humana, e, se interferem, de que maneira interferem, e De divinatione, onde se discute sobre as mais diversas práticas de adivinhação. Primeiramente, será feita uma análise etimológica da palavra “religião”, análise feita também por Cícero, que difere da de Agostinho, e que já diz muito a respeito da concepção do pensador sobre este tema. Em seguida, serão analisados o Livro II da obra De natura deorum, onde Balbo, interlocutor representante do estoicismo, expõe as discussões desta escola sobre a natureza dos deuses, com as quais Cícero declara estar de acordo, e o Livro II da obra De divinatione, onde o próprio Cícero expõe a sua análise sobre as práticas da adivinhação. A análise conjunta destas obras é de suma importância, pois, apesar de Cícero concordar com a concepção estoica exposta em De natura deorum, a sua própria exposição em De divinatione nos mostra que ele não está de acordo com todos os argumentos.
  • 27. 27 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ A hospitalidade e a ética da alteridade em Jacques Derrida Jean Claudio Sales Nominato (UERJ) Orientadora: Dirce Eleonora Nigro Solis A desconstrução surge como um pensamento da impossível-necessária singularidade e, por ela, a ética é hospitalidade e a hospitalidade é ética. Pelo fato de não ter estatuto legal é que a hospitalidade incondicional deve acontecer modificando as condições da sua hospitalidade. A lei da hospitalidade incondicional expressa um convite ao acolhimento incondicional do outro que chega e nos convida a refletir e questionar as leis da hospitalidade condicional. O valor da ética desconstrutiva, na hospitalidade, será possível como im-possível. Hospitalidade é recepção com dignidade, com acolhimento e, sobretudo, com respeito ao outro. A hospitalidade como ética é um acolhimento da alteridade “por vir”, porque não está feito, nem está terminado. A competência ética fundamental consiste na abertura ao “outro estrangeiro” e aos outros. É uma relação de alteridades, que nada tem a ver com a indiferença. Com a reivindicação de uma hospitalidade incondicional é que será possível pensarmos nas condições de possibilidade de uma ética da alteridade. É necessária uma abertura sem horizonte ao outro que chega, assim como, é exigido que a hospitalidade exceda qualquer procedimento regulamentado, ou seja, que esteja para além do político e do jurídico. Jacques Derrida nos mostra a possibilidade da construção de um novo sentido ético.
  • 28. 28 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ NOÇÕES ARISTOTÉLICAS EM ANAXIMANDRO: ápeiron como elemento primordial e o que pensou Aristóteles sobre o indefinido João Batista Freire (UFU) Rubens Garcia Nunes Sobrinho Anaximandro de Mileto teria nascido em 610 a.C conforme o testemunho de Hipólito (Ref. I, 6, 7, DK 12 A 11), Aristóteles de Estagira, em 384 a.C. É evidente que viveram na Grécia Arcaica em fases distintas. Contudo, tinham interesses incomuns, a saber: explicar o mundo na esteira da natureza. Anaximandro propôs sua explicação a partir de um elemento indefinido Esta comunicação pretende investigar a intenção de Aristóteles ao voltar seu olhar para o elemento primordial anaximandrino, fato assaz curioso, que resulta em quatro citações mencionando o nome de Anaximandro nas obras De Caelo 123 B 13, 295 b 10, na Física 118 A 4, 187 a 20, 108  4, 203 b. 7 e 104 A 4, 187 a 12. Ao contrário de seguir rumo à tradução dos fragmentos, o que seria saltar sobre um abismo com limiar escorregadio, esta comunicação pretende estabelecer paralelamente e em que se aproximam ou divergem a cosmologia de Anaximandro e o mundo sublunar e supra lunar de Aristóteles. Também pretende se aproximar da noção de apeíron e éter das respectivas cosmologias desses filósofos.
  • 29. 29 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ A transmissibilidade histórica do direito em Vico José Pereira Prado Júnior (UFU) O pensamento formulado por Vico em sua Ciência Nova contribuiu com os desenvolvimentos da filosofia do direito moderno, pois não se preocupou somente com o abstrato (da ideia do direito), mas com o concreto (das leis formuladas em certas circunstâncias pelos homens), acertando ao afirmar que não houve influência grega na Lei romana das XII Tábuas, mas seus argumentos, embora geniais, aparentemente não se sustentariam, pois Vico terminaria assim negando a possibilidade da transmissão histórica do direito. Nesta comunicação, buscaremos demonstrar como Vico vincula a história e o direito na sua interpretação da Lei romana das XII Tábuas e, ao mesmo tempo, nega a comunicabilidade histórica do direito. A filosofia que Vico critica aqui representa a ideia praticada fora do fato, e por isso é corrigida pela filologia que representa o estudo dos feitos humanos, pois o homem somente é capaz de conhecer verdadeiramente aquilo que cria, e sendo assim, o homem que deve ser não deve ser separado do homem que é.
  • 30. 30 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ A morte e a formação do caráter em Sócrates Juan Guillermo Diaz Bernal (UFU) O caráter do ser humano requer de tempo e momentos da vida para formar-se, manifestar-se e reafirmar-se. Paradoxalmente, no caso de Sócrates, ele aceita que seu destino e sua morte se converta em um acontecimento e oportunidade cardinal para reafirmar-se e demostrar sua singularidade frente aos atenienses e amigos. A presente comunicação tem como finalidade mostrar de que maneira a proximidade da morte de Sócrates reafirma seu caráter e mostra também a coerência entre seu modo de viver e pensar. Pretende-se, então, revelar de que maneira a própria morte ratifica sua convicção refletindo assim o conjunto de rasgos, exagerações e compromissos que assumiu em vida, na qual deixou um rosto e uma história. Enquanto a morte de Sócrates poderia ser julgada como um dos acontecimentos mais significativos de sua vida, foi o que se tornou o espírito crítico como uma das qualidades de seu caráter, sendo que essa atitude foi evidenciada no diálogo Apologia de Sócrates na versão platônica. Portanto, a morte tornou-se a prova final que precisava ser superada sendo fiel a si mesma e, com isso, alcançando a liberdade interior que seus logros lhe proferem.
  • 31. 31 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ Os meios psicológicos de manipulação na indústria cultural: o riso e o trágico Júlia Pereira da Silva (UNESP /Franca) Orientador: Gustavo José de Toledo Pedroso Neste trabalho abordamos dois aspectos importantes, ambos relacionados ao caráter manipulador da indústria cultural, conceito de Theodor Adorno: o riso e o trágico. Quase opostos complementares, são dois meios pelos quais se manipula a psicologia das pessoas. No caso do riso, Adorno distingue duas possibilidades opostas: o riso de reconciliação e o do terror. Ambas acompanham o momento em que se supera o medo, mas elas se diferenciam pelo sentido desta superação – na primeira, o riso manifesta o alívio da liberdade alcançada frente a uma potência ameaçadora, enquanto que na segunda ele exprime a submissão à potência e a negação da liberdade. O caso do trágico que ao ser absorvido pela indústria cultural inverte o seu sentido antigo. Originalmente tinha o sentido de uma resistência diante da ameaça mítica. Agora ele passa a apresentar tal sofrimento como natural e a convidar à aceitação das condições vigentes. O riso e o trágico mostram-se, assim, como dois elementos de potencialidades ambíguas, capazes tanto do desenvolvimento do senso crítico quanto da manipulação do indivíduo. Através do estudo do riso e do trágico, intenta-se, partindo de uma análise da parte para o todo, iniciar uma abordagem da indústria cultural.
  • 32. 32 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ Contexto da Vida de Tomás de Aquino Kassius Otoni Vieira (UFU) Orientador: Anselmo Tadeu Ferreira Nesse trabalho registramos o estudo incipiente do contexto biográfico de Tomás de Aquino, abarcando a conjuntura de tempo, espaço e, sobretudo, a forma de pensar em sua época. Tomamos ciência de alguns elementos primordiais do quadro histórico europeu e da Itália na idade média no período de sua infância e vida adulta. A Europa após o quinto século viu a civilização mediterrânea clássica ser eclipsada por vários fatores sócio-políticos, climáticos e religiosos, entrando assim, no que os historiadores denominam de idade média, que perdurou aproximadamente por mil anos, chegando ao término por volta do ano mil e quinhentos da era cristã. Entretanto, atentamos prioritariamente ao período que marca o final da Alta Idade Média, já no princípio da Idade Média Clássica na qual se situa temporalmente o início da vida Tomás de Aquino que, segundo seus principais biógrafos, nasceu entre 1224 e 1225. O objetivo não foi um estudo historiográfico pormenorizado, mas mormente limitado pelo recorte da história do filósofo, recriando minimamente a ambiência de mundo, sobretudo do pensamento medieval escolástico, que recebeu Tomás de Aquino, a fim de não incorrermos em anacronismo em relação ao seu próprio pensamento sem prejuízo na apreensão de seu legado.
  • 33. 33 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ A Gênese da Filosofia Materialista e a Evolução do Conceito Atômico Lucas Alves de Oliveira (UFU) Este estudo pretende expor a evolução do conceito atômico desde os primórdios da filosofia antiga até a noção moderna de átomo (1955 - 1956), segundo Heisenberg em seu livro Física e Filosofia. Essa proposta visa relacionar a concepção colocada por ele com a antiga filosofia materialista, possuindo como objetivo central a filosofia de Demócrito, Leucipo e Anaximandro. Essa abordagem consiste em apresentar, a priori, a causa primeira, ou o conceito arché de alguns pré-socráticos e mostrar o que se afasta e se aproxima da física moderna. Apesar de Demócrito e Leucipo postularem algo específico à noção moderna de átomo, Anaximandro também afirma algo pertinente ao assunto, porém, com outra abordagem. Contudo, seria interessante entender essa evolução do conceito presente desde a gênese do pensamento cosmológico até a noção da física moderna acerca da definição de Heisenberg.
  • 34. 34 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ A divisão platônica das partes da alma e a definição estoica das paixões no Livro IV das Discussões Tusculanas de Cícero Lucas Nogueira Borges (UFU) Orientador: Prof. Dr. Anselmo Tadeu Ferreira No livro IV das Discussões Tusculanas, para responder a questão se o sábio é vulnerável às paixões, Cícero assume a perspectiva pitagórica e platônica da alma, dividindo a alma em duas partes: uma parte provida de razão e outra parte desprovida dela. Na parte desprovida de razão, estão as paixões. Assumindo essa divisão, Cícero passa a expor as definições e divisões das paixões segundo os estoicos. Nesta comunicação, para dar continuidade ao assunto discutido no VII Encontro Nacional de Pesquisas em Filosofia da UFU em 2013 com o título “Uma possível comparação entre os livros I e IV das Tusculanas de Cícero: o problema das partes da alma”, apresentarei uma comparação entre a teoria da alma platônica e a teoria da alma estoica, no que diz respeito às partes da alma (Platão) e à definição das paixões (Estoicos). Para isso, utilizarei os comentários das edições Inglesa Loeb e alemã Artemis & Winkler das Tusculanas.
  • 35. 35 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ Religiosidade na Grécia clássica: a irracional de Êutifron e a racional de Sócrates Luiz Fernando Bandeira de Melo (UFU) Orientador: Prof. Dr. Rubens Garcia Nunes Sobrinho O motivo principal da acusação que Êutifron leva ao Pórtico do Rei contra seu pai é o medo da poluição que um crime de morte não punido, na Atenas do período clássico, atraía para os descendentes de um criminoso. Nesse contexto, este trabalho buscará mostrar que os costumes religiosos efervescentes daquele período histórico grego, apresentados pelo interlocutor de Sócrates no diálogo platônico Êutifron, eram cheios de conhecimentos dos mistérios propagados pelos cultos órficos, mas que Sócrates apresenta uma nova religiosidade, racional e diferente dos costumes atenienses. Os comentários de Bernabé, Dodds, Vernant, Eliade, Boyancé e Parker possibilitam uma pesquisa mais aprofundada sobre o tema, envolvendo termos como miasma, contaminação, orfismo, iniciação, purificação e encantação. Esta pesquisa pode configurar elementos para responder questões como: por que Êutifron acusa o pai? Qual é a reviravolta que Sócrates promove na concepção de "purificação"? Delimitamos o estudo, portanto, abordando apenas as discussões do diálogo platônico sobre a religiosidade e a poluição, destacando que a importância helênica atribuída à religiosidade, tanto a cívica quanto a dos cultos de mistérios, era distinta da racionalidade apresentada pela proposta de religiosidade socrática.
  • 36. 36 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ O especificamente humano na antropologia filosófica de Edith Stein Mak Alisson Borges de Moraes Orientador: Tommy Akira Goto Propõe-se neste trabalho uma reflexão a respeito do especificamente humano na análise antropológica de Edith Stein (1891 – 1942). Stein é uma filósofa e importante representante do movimento fenomenológico fundado pelo filósofo alemão Edmund Husserl (1859 – 1938). Para essa análise, será utilizado o texto da autora “A estrutura da pessoa humana” (Der Aufbau der menschlichen person, 1932). Nesse texto a autora realiza uma antropologia filosófica como fundamento da pedagogia. Para a realização de sua antropologia, Edith Stein utiliza o método fenomenológico idealizado por Husserl. Na análise de Stein, o homem, em sua constituição corporal, é uma coisa material, um organismo à semelhança das plantas, está sujeito às leis da natureza material. Porém, o homem não é apenas um corpo material, pois ele é um corpo vivo, dotado de movimento próprio, assim como os animais. No entanto, o ser humano possui uma dimensão espiritual que é algo especificamente humano e que o diferencia dos demais seres. Essa dimensão espiritual esta relacionada ao caráter racional do homem. Portanto, para Stein, o ser humano é um microcosmo onde se unem todos os estados: a coisa material, o ser vivo, o animado e o espiritual.
  • 37. 37 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ Hegel e Marx: ponto e contraponto da Filosofia do Direito Manoel Cipriano Oliveira (UFU) Orientador: Professor José Benedito de Almeida Júnior Este trabalho visa a compreender os fundamentos filosóficos da ordem jurídica na perspectiva da dialética hegeliana e do materialismo histórico marxiano. Pretende ser uma contribuição ao debate sobre a eficácia do direito positivo no âmbito da racionalidade moderna. Adota a dialética como método, pois esta ferramenta metodológica é que melhor suporte dá à análise do objeto deste estudo, por ser uma proposta que procura investigar e expor os condicionamentos históricos e sociais subjacentes à construção e sistematização do conhecimento. A constituição e consolidações teóricas serão formuladas considerando a norma jurídica como atualidade temporal e espacial enquanto conjunto de regras disciplinadoras da vida individual e coletiva das pessoas como norma singular e universal, materializada nos preceitos do direito positivo. Averiguará como o fenômeno jurídico pode ser concebido enquanto regra de conduta e como saber sistemático, ou seja, como regra prática e como ciência. Fará a abordagem dos fundamentos filosóficos do direito, a partir do ponto e contraponto da concepção hegeliana e da percepção marxiana do direito. Tecerá considerações necessárias para a apresentação da pesquisa como contribuição para o estudo do direito numa perspectiva filosófica.
  • 38. 38 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ Instrumentalização da linguagem e dominação Marcelo Lacerda Ferreira (UFU) Esta apresentação tem como objetivo explorar o processo de degradação da linguagem e a consequente modificação da forma de dominação dos indivíduos. Tem-se como principal referência o pensamento de Horkheimer e Adorno. O fenômeno da instrumentalização da razão, descrito por Horkheimer no seu livro Eclipse da Razão, tem como fato concorrente a instrumentalização da própria linguagem. Impotente, ela perde a sua força emancipatória para se limitar à comunicação. Esse processo, que teve o objetivo de desmitologizar a linguagem, faz, paradoxalmente, um retorno à magia. A crença na linguagem esvazia a experiência à qual ela deveria estar ligada. Esse afastamento das sensações empobrece também a realidade e, com isso, torna os indivíduos impotentes e faz desaparecer as expressões do intelecto livre. Justamente ao abandonar a sensações e ao abandonar a especulação que pensa o diferente, o homem se torna burro. Como dizem Adorno e Hokheimer, "a burrice é uma cicatriz". Abre-se um espaço para uma dominação mais efetiva dos homens, já que a linguagem afastou os indivíduos da possibilidade de um conhecimento crítico, as palavras se degeneram em denominações.
  • 39. 39 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ A relação entre transcendência e temporalidade em Sartre Marcelo Rosa Vieira (UFU) Orientador: Alexandre Guimarães Tadeu de Soares O trabalho visa elucidar a questão da temporalidade de Sartre, de forma articulada com a ideia de consciência transcendental na fenomenologia de Husserl. Sartre afirma que a maior parte dos filósofos, que estudaram o tempo, considerou a consciência como um Em-si, ou seja, um ser plenamente constituído à maneira da substância pensante cartesiana. Por esta razão, eles se privaram dos meios de interpretar corretamente o sentido do tempo como uma dimensão originária da própria subjetividade. Para Sartre, a temporalização é o modo de existir da consciência, na medida em que ela se transcende para alcançar o mundo. No entanto, para que tal transcendência seja possível, Sartre acredita ser necessário esvaziar a consciência de todo conteúdo, inclusive do próprio ego. A temporalidade, portanto, tem origem num campo transcendental vazio, a partir do qual Sartre pode identificar a existência subjetiva com o puro nada, a imanência absoluta, negação e liberdade. O presente trabalho apresentará a tese fundamental de Sartre de que o Ego é um objeto transcendente à consciência, e como tal ele não se encontra nem formalmente nem materialmente na consciência, mas que é um ser existente no mundo, quer dizer, um ser que se revela como um objeto transcendente visado pela consciência.
  • 40. 40 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ A música para educar a psikhé do guardião com vistas ao princípio de justiça estabelecido por Platão Mariane Rodrigues Ferreira (UFU) O objetivo deste trabalho é apresentar o pensamento de Platão sobre a importância, apontada por ele, no que se refere ao papel da música na paideia do guardião. Para o filósofo, a educação por meio da música não apenas aperfeiçoava a psikhé mas, sobretudo, educava o guardião para ser justo no arquétipo de cidade construída em pensamento. No entanto, a estrutura da paideia poética predominante na época de Platão tinha uma concepção de justiça diferente daquela estimada pelo filósofo. Segundo Platão, neste modelo de paideia, o conteúdo ensinado incentivava o indivíduo a se desviar do princípio de justiça, uma vez que continha exemplos de imoralidades como assassinatos, incestos, crueldades, traições, etc. Além disso, ensinava que a justiça consiste na posse de uma variedade de técnicas, ao passo que aquela, na acepção de Platão, ocorre na medida em que cada indivíduo exerce apenas a sua função dentro da cidade, sem interferir na função de outrem. Diante disso, Platão não apenas crítica, mas também censura os conteúdos que são ensinados na paideia poética. Sendo assim, pretendemos apresentar os argumentos de Platão que demonstram o porquê desta concepção possuir pretensões contrárias àquelas que ele aspirava e, além disso, apresentar a música como a disciplina que possui o objetivo de educar a psikhé do guardião com a finalidade de conduzi-lo ao princípio de justiça estabelecido pelo filósofo.
  • 41. 41 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ A noção de uno/múltiplo e mesmo/diverso segundo o Comentário de Tomás de Aquino à Metafísica de Aristóteles Maryane Stella Pinto (UFU) Orientador: Dr. Anselmo Tadeu Ferreira Este trabalho tem como objetivo apresentar as considerações feitas por Tomás de Aquino no Comentário do livro gama da Metafísica de Aristóteles, mais especificamente na lição segunda, acerca do uno/múltiplo do mesmo/diverso. Tomás vai analisar, primeiramente, se cabe à ciência metafísica considerar o uno / múltiplo, assim como o mesmo/diverso além de verificar, em que medida uno e ente são a mesma coisa. A partir da leitura da lição segunda do Comentário ao livro gama da Metafísica, apontaremos as críticas de Tomás de Aquino acerca do argumento da infinitude e suas considerações acerca da análise de Avicena, que afirmava que o uno e ente são propriedades acrescentadas às substâncias. Visto que esta ciência tem como sujeito o ente, assim como seus acidentes por si, Tomás de Aquino afirma que Aristóteles se questiona se esta mesma ciência também estuda o uno e o múltiplo e o mesmo e o diverso. Dessa maneira tentaremos, a partir do Comentário da Metafísica, responder as seguintes perguntas: se o ente e o uno são a mesma coisa e porque cabe a esta ciência a análise destas coisas.
  • 42. 42 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ Nietzsche e Wagner: o problema da música na modernidade alemã Natália de Andrade Pereira (UFU) Orientador: Humberto Guido Nietzsche, em O nascimento da tragédia, trata de duas forças opostas, Apolo e Dionísio. Apolo era o deus da luz e Dionísio o deus da embriaguez, a luta constante dos dois deuses gera o que Nietzsche chama de arte trágica. Nietzsche entra na contramão de tudo o que fora estudado, em sua época, sobre a Grécia antiga. Isso porque os filólogos contemporâneos ao filósofo acreditavam que a arte grega era apolínea, mas para o filósofo a arte é essencialmente dionisíaca. Com base em autores, como por exemplo, Arthur Schopenhauer, Beethoven e por último e não menos consagrado Wagner, para quem nosso autor compõe sua difícil trajetória. Os três grandes nomes da cultura alemã afirmavam que a música era a mais superior de todas as artes e depositavam nela a salvação da cultura de seu tempo. A estética, dentro da primeira obra filosófica de Nietzsche, vem mostrar que a arte grega não tinha como base central somente a palavra. Sendo assim, a presente comunicação tem como intuito discutir dentro das obras da primeira fase de Nietzsche como O nascimento da tragédia e A visão dionisíaca do mundo, a importância da música no contexto trágico. E ainda, fazer uma análise sobre a influência de Richard Wagner no problema da estética nietzschiana, levando sempre em consideração o papel da música na modernidade.
  • 43. 43 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ O Conceito de Alienação em Karl Marx Nélio Gonçalves (UFU) Orientadora: Dra. Maria Socorro Ramos Militão (UFU) Propomos analisar, nesse projeto, o conceito de alienação a partir do legado de Karl Marx (1818-1883), pois, esse conceito é imprescindível para compreender as questões atuais relativas à produção econômica, à política e à percepção da realidade. E, ainda para diagnosticar a maneira de estruturar-se e de operar do sistema capitalista avançado (em seu grau máximo de complexidade), bem como averiguar quais são as consequências mais imediatas que o alto grau de desenvolvimento das forças produtivas gera em termos de alheamento, de estranhamento ao qual este modelo de produção implica ao trabalhador que vive e trabalha sob os auspícios do capitalismo. O objetivo geral dessa proposta de trabalho é a relação que o conceito estabelece com o processo de ideologização do sistema capitalista e o papel que este desempenha na relação infra superestrutural (da existência e da consciência nas relações sociais e políticas). Busca-se, portanto, retomar alguns elementos constitutivos do capitalismo (Capital, produção, mercado e lei da oferta e da procura, lucro), identificados por Marx, que nos permitam compreender com maior clareza os problemas sócio-políticos e econômicos, presentes na realidade contemporânea, na perspectiva de que estes elementos nos auxiliem na procura de respostas para os problemas sócio filosóficos atuais.
  • 44. 44 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ Das fábulas heroicas à história dos povos que as contam Núbio Raules de Oliveira (UFU/PROGRAD UFU) Orientador: Dr. Humberto Aparecido de Oliveira Guido A concepção de história, presente na obra de Vico, é apresentada a partir do modelo cíclico que comporta três momentos, cada um com suas características próprias. Essa concepção é a união de dois fatores: a atividade humana e a providência. Partindo do principio indubitável de que o mundo civil foi criado pelo homem, Vico tentou conhecer o homem, explorando os territórios onde nasceram os mitos, as línguas e as instituições humanas. A matéria de sua pesquisa histórica foi a poesia dos primeiros homens, ali o filósofo vislumbrou os princípios norteadores da vida civil. Pois, desde o princípio do pensamento humano, a história é o testemunho das ações humanas amparadas pela ordem providencial do entendimento humano, que começou com os primeiros gentios. No momento em que eles procuraram explicar sua realidade através do que Vico chamou de sabedoria poética – e que nós entendemos por mito, mas que era o registro da existência do próprio homem, como Vico havia definido em sua obra –podemos então também encontrar o que seria a história daqueles povos. Portanto, seria impossível conceber uma história humana sem que a mesma tivesse alguma “materialização”, pois, essa sabedoria poética, mesmo que fantasiosa, seria o registro do que esses gentios fizeram em sua existência.
  • 45. 45 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ David Hume: das percepções da mente, da memória e da imaginação Pablo Henrique Santos Figueiredo (UFU) Orientador: Marcos César Seneda O presente trabalho tem por objetivo principal observar o advento das percepções da mente, divididas por Hume em impressões e ideias. As impressões são as percepções mais primárias da mente, uma vez que dão origem às ideias, como suas cópias. Os graus de força e vivacidade, que determinam a “intensidade” de uma percepção da mente, se apresentam maiores nas impressões do que nas ideias, já que estas são cópias daquelas. A segunda divisão feita é que as ideias se representam na memória e na imaginação. As ideias da memória apresentam maiores graus de força e vivacidade, enquanto as ideias da imaginação apresentam-se com menores graus de força e vivacidade. “Apresentam-se” por que as ideias não ficam alojadas na memória ou na imaginação, mas sim na mente. As ideias que se apresentam na memória, por apresentarem maiores graus de força e vivacidade, encontram-se “contextualizadas”, já que trazem consigo as ideias das impressões que as acompanhavam no momento em que foram adquiridas. Por outro lado, a imaginação apresenta ideias que podem surgir sem nenhum contexto, o que permite a comutação da ordem de afecção destas, o que a dota de considerável liberdade para administrar suas ideias.
  • 46. 46 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ O problema da independência ou dependência da moral em relação à religião Rafael Gonçalves Queiroz (UFU) Orientador: Prof. Dr. Alcino Eduardo Bonella Há quem confunda ou não saiba a diferença entre moralidade e moralidade religiosa. Neste trabalho, analisaremos o problema da independência ou dependência da moral em relação à religião. Apontaremos para alguns problemas da relação entre moral e religião, como na teoria naturalista do tipo aristotélico, como o problema da teoria divina, que seria a teoria naturalista apropriada e incorporada ao contexto religioso pelos pensadores cristãos, por causa da associação feita por muitos entre moral e religião. Depois, nos concentraremos no problema principal que, desde Sócrates, se concentra no chamado argumento da arbitrariedade: o moralmente certo seria certo porque Deus o quis, ou Deus quis porque era moralmente certo? Segundo alguns filósofos, como Peter Singer e James Rachels, se a resposta for a primeira opção, Deus e a moralidade seriam arbitrários; na segunda, Deus estaria submetido às razões que tornam um ato, um ato correto. A partir dessa reflexão apresentaremos uma possível solução para tal problema.
  • 47. 47 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ David Hume como um moralista Rebert Borges Santos (UFU) Orientador: Professor Dr. Marcos César Seneda Este trabalho surgiu durante a execução de um projeto de pesquisa cujo tema foi o problema dos milagres e a Teoria do Conhecimento de David Hume. Este estudo, ao ser desenvolvido, suscitou informações e argumentos que obrigaram o autor da pesquisa a repensar a própria configuração e a natureza do projeto filosófico do autor. Afinal, o que quis Hume com o conjunto de suas obras? Como ele quis ser lembrado? Como um filósofo moral e político ou como um simples epistemólogo? A presença da Seção X, intitulada de Dos Milagres, no texto da Investigação Acerca do Entendimento Humano e a ausência, a um só tempo, neste mesmo texto, dos argumentos epistemológicos mais céticos – calmamente apresentados no Livro I do Tratado da natureza Humana - podem nos dar uma pista em direção à solução deste problema. Devemos mudar nosso olhar a respeito do filósofo? É exatamente isto o que o presente trabalho procurará discutir.
  • 48. 48 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ A crítica de Agostinho ao materialismo maniqueu Ricardo Pereira Santos Lima (Mestrando/PPG - UFU) Orientador: Prof. Dr. Anselmo Tadeu Ferreira (IFILO/UFU) Durante grande parte de sua vida, Agostinho se empenhou em combater diversos inimigos do Cristianismo. Munido de sua pena e de seu perspicaz intelecto, o filósofo não se cansou de desferir agudas críticas aos seus adversários. Pagãos, arianos, pelagianos, donatistas e maniqueus, nenhum deles escapou do julgamento do Bispo de Hipona. Dos citados, talvez os mais conhecidos sejam os maniqueus – por culpa do próprio Agostinho. Ao todo, Agostinho deixou dez obras polêmicas ou apologéticas contra o maniqueísmo. Além delas, deixou inúmeras passagens sobre o maniqueísmo em outras obras. Em sua autobiografia, Confessiones, o pensador narra sua imersão na seita e sua emersão dela. Na obra supracitada, Agostinho não hesita em apontar as falhas e as inconsistências do maniqueísmo, como a concepção materialista de Deus e do mundo, noção que desempenhou papel crucial no seu rompimento com a seita. Deste modo, o objetivo deste trabalho consiste em expor a crítica agostiniana ao materialismo maniqueu, mostrando porque essa concepção representa uma ameaça ao pensamento filosófico do pensador.
  • 49. 49 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ Voz Performance Ação: uma possibilidade de fala para o subalterno Roseli Gonçalves da Silva (PPGF- IFCS / UFRJ) Orientadora: Prfª Dra. Carla Rodrigues O presente artigo visa discutir, a partir dos apontamentos dados por Gayatri Chakravorty Spivak em sua obra Pode o subalterno falar? (quando a autora questiona a possibilidade de fala do subalterno) o papel que representa ou deveria representar o intelectual frente à possibilidade de falar e ser ouvido, a qual envolve o subalterno, quando ele, o intelectual – sujeito pensante e falante – se utiliza deste seu “poder de fala” para falar em nome de ou dos. Dito isto, começo meu trabalho a partir destes e outros questionamentos desvelados e discutidos por Spivak: será possível de fato falar em nome de ou dos? Pretendo ainda discutir a performatização da voz como uma forma de autorrepresentação do sujeito. A voz como instrumento do próprio sujeito, que, imbuído de força e potência possa fazer-se ecoar e tornar-se discurso. Este talvez seja para Spivak o grande desafio que tem o intelectual nos dias de hoje: abrir mão da ilusão de falar em nome do subalterno e ao invés disso contribuir para a criação de espaços onde o subalterno possa se articular e falar por si mesmo. Falar e se fazer ouvido.
  • 50. 50 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ O papel da disciplina na pedagogia de Kant Sidéia Glaucia Silva Machado Borges (UFU) Orientador: Marcos César Seneda Este trabalho procura evidenciar o papel e a importância da disciplina na obra Sobre a Pedagogia de Kant. A disciplina como força negativa, capaz de retirar do homem a selvageria, deve ter início com o nascimento. Ela constitui a parte primeira da educação kantiana. Partindo desse pressuposto, nossa indagação será: o que é disciplina para Kant? Qual a sua importância? Que modelo de educação Kant propõe para que a disciplina exerça efetivamente o seu papel? Para responder as nossas indagações, faremos uso da pesquisa teórica bibliográfica, especificamente, a obra Sobre a pedagogia de Immanuel Kant, em que buscaremos compreender o conceito de disciplina, bem como o modelo de educação em que ela se apresenta. Como suporte, utilizaremos a obra Regresso a Kant de Leonel Ribeiro dos Santos. Analisar a disciplina e sua importância e compreender o modelo de educação em que ela se apresenta possibilita-nos esclarecer que tipo de homem Kant quer formar.
  • 51. 51 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ A imitação da natureza para Bodmer e Breitinger Thayane Queiroz Ramos (UFU) Orientador: Dr. Jairo Dias Carvalho O presente estudo tem como objetivo apresentar o conceito de imitação da natureza de Bodmer e Breitinger, aplicado no âmbito da poesia. Bodmer e Breitinger, que também são chamados de “Os Suíços”, consideram a poesia como “arte pictural”. O poeta seria um pintor que trabalha com a linguagem, e por meio de suas imagens, ele consegue atingir o poder da imaginação do leitor. Estas imagens agem diretamente nos sentidos persuadindo-o, de modo que elas se diferenciam do discurso racional e lógico conhecido. Quando comparam a poesia com a pintura, eles concluem que o objetivo de ambas as artes é o mesmo, embora a poesia se sobressaia, na medida em que ela pode representar o movimento do mundo invisível dos sentimentos. Neste contexto, para os Suíços, o princípio da imitação da natureza ganha uma nova dimensão. Não é mais simplesmente o axioma a priori de toda estética, mas o produto de uma verificação simples: é a pequena distância da representação com a natureza que produz em nós mais efeito.
  • 52. 52 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ Justiça, direito, violência: os fundamentos da ordem políco-jurídica em Jacques Derrida Verena Seelaender da Costa (UFF) As conferências pronunciadas por Jacques Derrida nos Estados Unidos em 1989 e 1990 trataram da relação, que foi destacada partindo da proposta de Walter Benjamin, entre direito, justiça e, especialmente, violência. Buscaremos demonstrar tal nexo, tendo em vista as implicações da definição e do uso do conceito de violência em face às circunstâncias políticas atuais no Brasil e no mundo. Justiça e direito devem ser entendidos aqui como diversos um do outro, o direito enquanto “meio” ou “representação” (por um código escrito, por exemplo) e a justiça enquanto algo incapturável e localizado a partir e além do direito. Há uma percepção de que a ordem jurídica, para que seja considerada justa e democrática, deve permitir um certo "direito à violência". Tal legitimidade se manifesta de forma mais clara no evento da greve geral, quando a própria ordem política (isto é, o ordenamento jurídico) é questionada. Esse questionamento não só é ilegal como é considerado uma espécie de "abuso" do direito legítimo à greve. Esse nexo mostra a contradição essencial dos regimes democráticos e demonstra que seu fundamento, longe de ter qualquer pretensão real à justiça, tem somente como objetivo o monopólio da violência, utilizando-se do direito como um dispositivo para sua própria manutenção.
  • 53. 53 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ O conceito de justiça e a análise da vida do injusto segundo Trasímaco no livro I da “República” de Platão Victor Hugo de Oliveira Saldanha (UFU) O presente estudo tenciona abordar o problema da justiça contido no livro I da “República” de Platão, especialmente sob duas perspectivas: inicialmente, sob a definição proposta pelo sofista Trasímaco, que a descreve como “a conveniência do mais forte”; por último, sob a perspectiva das reflexões do sofista acerca das vantagens auferidas pelo injusto em detrimento do justo. O livro I se diferencia dos demais, porquanto se apresenta como um diálogo de primeira época, ou seja, um diálogo de cunho moral que possui a(s) virtude(s) como tema central; caracteriza também essa espécie de diálogo como aporético, ou seja, o diálogo de Sócrates com seus interlocutores não culmina em uma definição para a virtude em questão. Neste livro a discussão de Sócrates com seus interlocutores a respeito da virtude da justiça é apresentada nos seus termos mais elementares, tal como se apresenta na vida cotidiana. Diante deste contexto, pretende-se analisar, neste trabalho, duas possibilidades interpretativas para a definição sustentada por Trasímaco e em que medida há mais vantagens para um particular em ser injusto do que justo, segundo o fio argumentativo do sofista.
  • 54. 54 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ Síntese Teórica da Compreensão da Ética na História Vitor de Lima (UNESP / Franca) Orientador: Prof. Dr. Helen Barbosa Raiz Engler O presente trabalho busca identificar como ocorre a construção do pensar a ética ao longo da história utilizando dois autores da área, Adolfo Sánchez Vázquez com a obra Ética e Nelson Saldanha com Ética e a história. Estes autores divergem ao definirem o conceito de ética de formas distintas, porém se completam ao colocar a ética vinculada aos processos sócio-históricos. Para Vázquez, a conceituação de ética é diferente da conceituação de moral, pois a ética é compreendida como uma ciência transversal que utiliza outras ciências para compreender seu objeto que é a moral, esta, por sua vez, constitui-se como normas e valores de caráter histórico e social que são introjetados no sujeito e se refletem em suas ações na sociedade, que estão inseridos. Já Nelson Saldanha compreende a ética unindo-a ao conceito de moral, definindo esta junção como ethos, pela qual perpassa a realidade humana atuando como consciência normativa e meio de compreensão de valores e da experiência realizada, sendo pautada em sistemas éticos que são situados históricos e socialmente. A metodologia utilizada parte-se de leituras analíticas dos autores, questionamento reconstrutivo e síntese dialética em relação às teorias éticas que divergem para os autores.
  • 55. 55 ∙ Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V. 8, n. 8, out. 2014. ISSN 2358-615X ∙ Os limites da influência wittgensteiniana para a concepção de linguagem de Karl-Otto Apel Wilson Rosa Júnior (UFU) Orientador: Sertório de Amorim e Silva Neto Pretendemos, nesta comunicação, compreender como Karl-Otto Apel desenvolveu sua concepção sobre a linguagem partindo de críticas e apontamentos direcionados à teoria de Wittgenstein. A contribuição wittgensteiniana ao pensamento de Apel possui importância ímpar, e isto pode ser observado na medida em que o próprio autor ressalta a necessidade de se pensar com, contra e para além de Wittgenstein. Partindo deste princípio, o escopo desta comunicação é elaborar um estudo sobre algumas impressões de Apel a respeito de Wittgenstein sob estas três perspectivas. Tentaremos, portanto, investigar os aspectos que possuem proximidade entre as duas concepções, identificar quais os limites da influência wittgensteiniana para a filosofia de Apel e o que, sob a visão do filósofo, ultrapassa estes limites. Sumariamente, podemos entender que o objetivo de Apel é desenvolver um conceito que abarque, ao mesmo tempo, tanto uma dimensão pragmática quanto uma transcendental, concernentes à linguagem. Grosso modo, podemos compreender a dimensão pragmática como o uso da linguagem entre os homens – que consiste na construção de consensos – e a dimensão transcendental, por sua vez, como uma estrutura universalizadora, isto é, a instância que regula a linguagem como um todo. Com efeito, neste trabalho, abordaremos estas duas dimensões da linguagem presentes na filosofia apeliana, investigando como e a partir de que Apel desenvolveu a Pragmática Transcendental da linguagem.