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Dinis Manuel Alves http://www.mediatico.com.pt Porque é que as notícias  são como são?
Apesar de todas as transformações que têm ocorrido no campo dos media, as principais tarefas do jornalista ainda estão relacionadas com as suas mais tradicionais funções:  selecção  e  hierarquização  de acontecimentos susceptíveis de terem valor como notícia;  transformação  desses acontecimentos em notícias;  difusão das notícias .  A selecção é a pedra angular do processo, pois um jornal não pode ser um amontoado não criterioso de todo o tipo de informações. Retirado de : " Elementos de Jornalismo Impresso " (pdf), de Jorge Pedro Sousa, 2001, disponível online na  BOCC
A escolha dos acontecimentos e demais assuntos a abordar por um jornal (construção da agenda) é dos assuntos mais debatidos entre os agentes interessados na cobertura noticiosa. Por isso, também é dos mais estudados. A necessidade de se fazerem escolhas torna o jornalismo permeável a críticas. Mas valorizar, hierarquizar e seleccionar são actividades inerentes ao jornalismo.
A escolha dos assuntos a abordar por um jornal e a consolidação de uma determinada linha editorial dependem de diversos mecanismos que actuam em conjunto. É óbvio que um patrão poderoso dos media pode dar ordens para que uma notícia seja publicada, mas esta situação é rara. Um patrão também poderá mandar retirar uma notícia, mas esta situação é ainda mais rara, pois, se não for cuidadosamente justificada (por exemplo, argumentando com a entrada de publicidade), pode ser vista como censura e cair nas malhas da ilegalidade. Nos casos anteriores estaríamos perante mecanismos de selecção de notícias que poderíamos denominar como sendo de "acção pessoal"e, portanto, relativamente subjectivos.
A escolha dos assuntos a abordar por um jornal e a consolidação de uma determinada linha editorial dependem de diversos mecanismos que actuam em conjunto. É óbvio que um patrão poderoso dos media pode dar ordens para que uma notícia seja publicada, mas esta situação é rara. Um patrão também poderá mandar retirar uma notícia, mas esta situação é ainda mais rara, pois, se não for cuidadosamente justificada (por exemplo, argumentando com a entrada de publicidade), pode ser vista como censura e cair nas malhas da ilegalidade. Nos casos anteriores estaríamos perante mecanismos de selecção de notícias que poderíamos denominar como sendo de " acção pessoal “ e, portanto, relativamente subjectivos.
 
Mas, normalmente, a selecção de assuntos a noticiar não depende unicamente de escolhas subjectivas. Há mecanismos que se sobrepõem à subjectividade jornalística. Entre eles estão os  critérios de noticiabilidade  (ou de  valor-notícia ), que são aplicados pelo jornalista, conscientemente ou não, no momento de avaliar os assuntos que têm valor como notícia. Os critérios de noticiabilidade não são rígidos nem universais. Por outro lado, são, frequentemente, de natureza esquiva, opaca e, por vezes, contraditória. Eles funcionam conjuntamente em todo o processo de fabrico e difusão das notícias e dependem da forma de operar da organização noticiosa, da sua hierarquia interna e da maneira como ela confere ordem ao aparente caos da realidade.
Além disso, os critérios de valor-notícia  mudam ao longo do tempo  (assuntos que há algum tempo não seriam notícia são-no hoje).  Há muitas listas de valores-notícia que tornam uma mensagem noticiável (newsworthy attributes).  Galtung e Ruge (1965) foram dos primeiros autores a chamarem a atenção para a existência de critérios de noticiabilidade dos acontecimentos que se sobrepunham à acção pessoal do jornalista, embora sem a eliminar, e que determinariam as possibilidades de uma mensagem passar pelos vários gates numa organização noticiosa.  :
República, 06.02.1950
O Século, 07.01.1970
 
Correio de Coimbra 8.02.1962
Da Lua, com faróis   " Levarão faróis potentíssimos, para comunicarem com a Terra, desde a Lua " — anunciava a capa da revista espanhola "Algo", de 16 de Agosto de 1930. A gravura da capa ilustrava a " comunicação ", da Lua para Espanha, e não para os EUA, país detentor da patente. John Q. Stewart, da Universidade de Princeton, projectara um foguetão destinado a realizar viagens de ida e volta à Lua. Consistia numa esfera metálica de grandes dimensões, e pesando 70 mil toneladas. Levaria vários canhões, cujas bocas sobressairiam da superfície da esfera, e em todas as direcções. O veículo seria lançado para o espaço através do " sistema foguete ", a uma velocidade de 80 mil quilómetros à hora. Quando a força deste primeiro impulso se perdesse, a velocidade manter-se-ia disparando os canhões. Para conseguir tal desiderato, bastava girar a esfera de modo a deixar na parte traseira o foguete a disparar. Se se quisesse mudar a direcção da " nave ", apontava-se o foguete a disparar para um dos lados. A violência do impacto com a Lua seria amortecida através do disparo dos foguetes dianteiros. A revista referia-se ainda às vestimentas dos astronautas, com escafandros especiais que lhes permitissem " respirar a atmosfera do satélite, tão distinta da nossa ". O sistema de comunicações com a Terra far-se-ia através de faróis potentíssimos, inventados pelo próprio Dr. Stewart. Sinaléctica telegráfica, com os traços a serem substituídos pela luz vermelha e os pontos pela luz branca.  Revista ALGO, 16 de Agosto de 1930
 
A  Bamba  embriagada   Foram enviados para o poder judicial os seguintes individuos: Maria da Conceição Dores, a Bamba, por embriaguês e distúrbios. Emídio Leonardo, do Fundão, por explorar a caridade pública. Manuel Carvalho, de Chelo, Penacova, por tentar agredir Maria Madalena, nesta cidade. Vitorino Henrique Barbas, por, na rua Direita, se intrometer no serviço da polícia. Armando Matias, conhecido da polícia, por, no Arco do Ivo, agredir José Maria Serico. in "Gazeta de Coimbra", Agosto de 1914
Diário de Lisboa 02.11.1957
Commercio da Louzã 11.04.1909
 
Diário de Notícias n.º 1 – 29 de Dezembro de 1864
Suas Magestades e Altezas  passam sem novidade  em suas importantes saudes
No tempo das “não-notícias” Mercúrio Lusitano, 23.08.1815
No tempo das “não-notícias” Mercúrio Lusitano, 23.08.1815
No tempo das “não-notícias” Correio do Vouga, 7.04.1934
29 de Dezembro de 1864  20 de Março de 2003
Entre os critérios apontados pelos autores contavam-se os seguintes: •  Proximidade  (Quanto mais próximo ocorrer um acontecimento, mais probabilidades tem de se tornar notícia. A proximidade pode assumir várias formas: geográfica, afectiva, cultural, etc.).
•  Proximidade   afectiva •  Lisboa-Dili (14.397 kms)
•  Proximidade   afectiva •  Lisboa-Luanda (5.746 kms)
 
 
 
•  Momento do acontecimento   (Quanto mais recente for um acontecimento, mais probabilidades tem de se tornar notícia.); •  Significância  (Quanto mais intenso ou relevante for um acontecimento, quantas mais pessoas estiverem envolvidas ou sofrerem consequências, quanto maior for a sua dimensão, mais probabilidades tem de se tornar notícia.; além disso, quanto menos ambíguo for um acontecimento, mais probabilidades tem de se tornar notícia).
 
 
 
 
Correio do Vouga, n.º 1, 16.11.1930
 
 
 
Quanto maior o número de pessoas envolvidas maior a probabilidade de o acontecimento ser noticiado. Mas há que contar com o factor da proximidade ou o princípio do  morto-quilómetro : 300 mortos em Mogadíscio valem menos do que 10 mortos nos arredores de Lisboa (exemplo adaptado à realidade portuguesa). .
 
 
 
Jornal de Notícias 8.03.2000 Jornal de Notícias 16.03.2000
•  Proeminência social dos sujeitos envolvidos   (Quanto mais proeminentes forem as pessoas envolvidas num acontecimento, mais hipóteses ele tem de se tornar notícia.).
 
 
 
 
 
Imprevisibilidade  (Quanto mais surpreendente for um acontecimento, mais hipóteses terá de se tornar notícia.)
 
 
Consonância  (Quanto mais agendável for um acontecimento, quanto mais corresponder às expectativas e quanto mais o seu relato se adaptar ao medium, mais probabilidades tem de se tornar notícia.)
Porque é que as notícias  estão onde estão? •  Composição  (Quanto mais um acontecimento se enquadrar num noticiário tematicamente equilibrado, ou seja, num noticiário com espaço para diversos temas, mais probabilidades tem de se tornar notícia);
Facebook,  23.05.2010
•  Negatividade  (Quanto mais um acontecimento se desvia para a negatividade, mais probabilidades tem de se tornar notícia.) Good news are  no news
 
 
Continuidade  (Os desenvolvimentos de acontecimentos já noticiados têm grandes probabilidades de se tornar notícia.)
Proeminência das nações envolvidas nas notícias  (Quanto mais proeminentes forem as nações envolvidas num acontecimento internacional, mais probabilidades ele tem de se tornar notícia.).   Tensão nas relações EUA/Rússia Tensão nas relações Tailândia/Indonésia Obama de visita a Luanda José Eduardo dos Santos de visita a Washington
Utilidade ( news you can use )
 
 
Opções
Opções
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A realidade  segmentada
 
 
 
 
 
 
 
Correio do Vouga, 24.02.1934
 
 
CONSTRANGIMENTOS ORGANIZACIONAIS Relativos ao suporte
Ecos de Cacia 16-06-1934
Correio do Vouga, n.º 1, 16.11.1930
Correio do Vouga, n.º 1, 16.11.1930
O ACESSO AO CAMPO JORNALÍSTICO Acesso habitual Acesso disruptivo Acesso directo
TRAQUINA, Nelson.  Jornalismo”, Quimera, Lisboa, 2007 (2.ª edição).
 
Jornal de Letras, 24.10.2008
O contraste
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O mau da fita
 
 
Regresso ao passado
 
 
A fotografia
 
 
 
http://www.boston.com/bigpicture/
Edificação da Expo Shanghai 2010 em 31 fotos
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O acaso
 
 
 
O acaso Rabo de tufão em Coimbra Fizemos estas fotos a 12 de Março de 2006, 6:48.  Foram publicadas na edição de Abril do Jornal da Universidade de Coimbra.  As fotos suscitaram reacções diversas, havendo mesmo quem as considerasse “fotomontagens” (sic)  Na edição de Maio do mesmo jornal, o Prof. Doutor Fernando Rebelo, especialista reputado, tratou de fazer luz sobre o que passara naquele amanhecer, nos céus de Coimbra.  Tratou-se de um mini-tornado, conhecido pelo povo como “rabo de tufão”. Alguns já mataram, em Portugal. Importante ler a explicação de Fernando Rebelo.
O acaso Rabo de tufão em Coimbra REPORTAGEM DISPONÍVEL AQUI:  http://www.slideshare.net/dmpa/rabo-de-tufo-em-coimbra   Algumas destas fotos podem visualizar-se, individualmente, em  http://www.panoramio.com/user/765637      
 
A perspectiva
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O fait divers
 
  Depois do estudo pioneiro de Galtung e Ruge, os autores que se dedicaram a este tema geralmente apresentam os critérios de noticiabilidade de um acontecimento sob a forma de uma lista. Dela fazem parte factores como a  oportunidade , a  proximidade , a  actualidade , o  provável interesse do público , a  importância , o  impacto , as  consequências  e  repercussões , o  interesse , o  conflito  ou a  controvérsia , a  negatividade , a  frequência , a  dramatização , a  crise , o  desvio , o  sensacionalismo , a  emoção , a  proeminência das pessoas envolvidas , a  novidade , a  excentricidade  e a  singularidade  (no sentido de pouco usual). (Shoemaker, 1991: 21-22).
  Garbarino (1982) enfatiza o papel das constrições ligadas à  organização do trabalho  (por exemplo, a rede geográfica de correspondentes e delegações e a divisão temática nas redacções reflectem critérios de relevância e valoração geográfica e temática das notícias) e das  convenções profissionais  criadas nesse sistema enquanto elementos contributivos para a definição do que é notícia, isto é, enquanto  elementos da noticiabilidade . Esses elementos ajudariam a legitimar o processo produtivo, desde a selecção das fontes à selecção dos acontecimentos e aos modos de fabrico, contribuindo para precaver os jornalistas e as organizações noticiosas das críticas do público.
  Wolf (1987: 173-192), muito oportunamente, classifica os critérios de  valor-notícia em:   critérios relativos ao  conteúdo   (importância e interesse das notícias),  critérios relativos ao  produto   (que têm a ver com a disponibilidade das informações e com as características do produto informativo),  critérios relativos ao  medium ,  critérios relativos ao  público   e  critérios relativos à  concorrência .
  Teun A. van Dijk (1990: 174) também oferece pistas para a sistematização dos valores-notícia. Para este autor, existem valores jornalísticos formulados em termos  económicos  (lucro, vendas, etc.), embora ele considere que as limitações provenientes das condições económicas devem ser entendidas, antes de mais, como factores materiais, ainda que sejam importantes na formação ou conformação dos valores-notícia.
  Uma segunda categoria de valores jornalísticos estaria relacionada com as  rotinas e a produção de notícias  numa organização, no seio de uma atmosfera competitiva. Por exemplo, a aspiração que os jornalistas denotam de obter a notícia mais rápida e fidedignamente que os seus companheiros enquadra-se nesta categoria. (Van Dijk, 1990: 174-175)
  Porém, segundo o autor, a organização da produção jornalística privilegiaria  acontecimentos produzidos/ definidos por figuras públicas e sectores preponderantes da vida social e política , reproduzindo uma estrutura social favorável na essas elites (Van Dijk, 1990: 174), uma realidade bastante referenciada nos cultural studies. Para explicar a noticiabilidade, Van Dijk (1990: 175-181) põe o acento tónico nas limitações cognitivas dos jornalistas.
  A partilha de determinadas imagens do mundo pelos jornalistas seria uma dessas limitações. As imagens do mundo e demais limitações cognitivas definiriam os critérios de valor-notícia dos jornalistas: 1)  novidade ; 2)  actualidade ; 3)  pressuposição  (a avaliação da novidade e actualidade pressupõe conhecimentos prévios; além disso, segundo o autor, os acontecimentos e os discursos só seriam entendíveis mediante o recurso a informação passada); 4)  consonância com normas, valores e atitudes compartilhadas ; 5)  relevância  (para o destinatário da informação);
  6)  proximidade  (geográfica, social, psico-afectiva); e 7)  desvio e negatividade  (psicanaliticamente, a atenção ao crime, aos acidentes, à violência, etc., funcionaria como um sistema emocional de autodefesa: ao contemplarem-se expressões dos nossos próprios temores, o facto de serem outros a sofrer com as situações proporcionar-nos-ia tanto alívio como tensão).
  Num estudo de 1980, de Nisbett e Ross, encontra-se o  carácter "vivo”  (vivid) de uma história como um dos factores que mais pode influenciar a sua passagem pelos pontos de filtragem de informação, uma vez que conferiria  força  à história. Embora, na minha opinião, tal possa remeter-se para o tantas vezes referenciado "interesse humano", a informação vivid, segundo os autores, pode descrever-se como “Informação (. . . ) que tanto procura atrair e reter a nossa atenção e excitar a imaginação como é (a)  emocionalmente interessante , (b)  concreta  e  suscitadora de imagens   e (c)  próxima num sentido temporal, espacial ou afectivo   (. . . ).”  (Nisbett e Ross, 1980: 45)
  Fraser Bond (1962) disse que “O que o público quer carrega o significado económico de ser aquilo que ele compra. (. . . ) Ao repórter inteligente não escapam nunca as  tendências do mercado .” Assim, segundo esse professor norte-americano, para o êxito comercial importaria privilegiar histórias relacionadas com os  interesses próprios da audiência  e também as que envolvessem  dinheiro, sexo, crime, culto do herói e da fama, conflitos  (guerras, greves, homem contra a natureza, pessoa contra a sociedade, conflitos entre grupos políticos e económicos, etc.),  descobertas e invenções .
  À luz da teoria dos usos e gratificações, poderia dizer-se que o ser humano tende a interessar-se pela informação jornalística que lhe proporciona algum  proveito . Por isso, a relação evento-notícia será, necessariamente, baseada, pelo menos em parte, numa  lógica comercial : A valorização ou desvalorização dos acontecimentos resultaria, portanto, parcialmente, da submissão da ocorrência à lógica discursivo-comercial dos news media. As notícias necessitam de  seduzir  para, num ambiente concorrencial, funcionarem como uma mais-valia para um determinado órgão de comunicação social.
Dinis Manuel Alves http://www.mediatico.com.pt Apresentação destinada exclusivamente às aulas leccionadas pelo autor. A cedência aos alunos destina-se a uso exclusivo destes, para melhor preparação da unidade curricular. Proibido o empréstimo, a cedência ou o visionamento a terceiros.

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  • 2. Apesar de todas as transformações que têm ocorrido no campo dos media, as principais tarefas do jornalista ainda estão relacionadas com as suas mais tradicionais funções: selecção e hierarquização de acontecimentos susceptíveis de terem valor como notícia; transformação desses acontecimentos em notícias; difusão das notícias . A selecção é a pedra angular do processo, pois um jornal não pode ser um amontoado não criterioso de todo o tipo de informações. Retirado de : " Elementos de Jornalismo Impresso " (pdf), de Jorge Pedro Sousa, 2001, disponível online na BOCC
  • 3. A escolha dos acontecimentos e demais assuntos a abordar por um jornal (construção da agenda) é dos assuntos mais debatidos entre os agentes interessados na cobertura noticiosa. Por isso, também é dos mais estudados. A necessidade de se fazerem escolhas torna o jornalismo permeável a críticas. Mas valorizar, hierarquizar e seleccionar são actividades inerentes ao jornalismo.
  • 4. A escolha dos assuntos a abordar por um jornal e a consolidação de uma determinada linha editorial dependem de diversos mecanismos que actuam em conjunto. É óbvio que um patrão poderoso dos media pode dar ordens para que uma notícia seja publicada, mas esta situação é rara. Um patrão também poderá mandar retirar uma notícia, mas esta situação é ainda mais rara, pois, se não for cuidadosamente justificada (por exemplo, argumentando com a entrada de publicidade), pode ser vista como censura e cair nas malhas da ilegalidade. Nos casos anteriores estaríamos perante mecanismos de selecção de notícias que poderíamos denominar como sendo de "acção pessoal"e, portanto, relativamente subjectivos.
  • 5. A escolha dos assuntos a abordar por um jornal e a consolidação de uma determinada linha editorial dependem de diversos mecanismos que actuam em conjunto. É óbvio que um patrão poderoso dos media pode dar ordens para que uma notícia seja publicada, mas esta situação é rara. Um patrão também poderá mandar retirar uma notícia, mas esta situação é ainda mais rara, pois, se não for cuidadosamente justificada (por exemplo, argumentando com a entrada de publicidade), pode ser vista como censura e cair nas malhas da ilegalidade. Nos casos anteriores estaríamos perante mecanismos de selecção de notícias que poderíamos denominar como sendo de " acção pessoal “ e, portanto, relativamente subjectivos.
  • 6.  
  • 7. Mas, normalmente, a selecção de assuntos a noticiar não depende unicamente de escolhas subjectivas. Há mecanismos que se sobrepõem à subjectividade jornalística. Entre eles estão os critérios de noticiabilidade (ou de valor-notícia ), que são aplicados pelo jornalista, conscientemente ou não, no momento de avaliar os assuntos que têm valor como notícia. Os critérios de noticiabilidade não são rígidos nem universais. Por outro lado, são, frequentemente, de natureza esquiva, opaca e, por vezes, contraditória. Eles funcionam conjuntamente em todo o processo de fabrico e difusão das notícias e dependem da forma de operar da organização noticiosa, da sua hierarquia interna e da maneira como ela confere ordem ao aparente caos da realidade.
  • 8. Além disso, os critérios de valor-notícia mudam ao longo do tempo (assuntos que há algum tempo não seriam notícia são-no hoje). Há muitas listas de valores-notícia que tornam uma mensagem noticiável (newsworthy attributes). Galtung e Ruge (1965) foram dos primeiros autores a chamarem a atenção para a existência de critérios de noticiabilidade dos acontecimentos que se sobrepunham à acção pessoal do jornalista, embora sem a eliminar, e que determinariam as possibilidades de uma mensagem passar pelos vários gates numa organização noticiosa. :
  • 11.  
  • 12. Correio de Coimbra 8.02.1962
  • 13. Da Lua, com faróis   " Levarão faróis potentíssimos, para comunicarem com a Terra, desde a Lua " — anunciava a capa da revista espanhola "Algo", de 16 de Agosto de 1930. A gravura da capa ilustrava a " comunicação ", da Lua para Espanha, e não para os EUA, país detentor da patente. John Q. Stewart, da Universidade de Princeton, projectara um foguetão destinado a realizar viagens de ida e volta à Lua. Consistia numa esfera metálica de grandes dimensões, e pesando 70 mil toneladas. Levaria vários canhões, cujas bocas sobressairiam da superfície da esfera, e em todas as direcções. O veículo seria lançado para o espaço através do " sistema foguete ", a uma velocidade de 80 mil quilómetros à hora. Quando a força deste primeiro impulso se perdesse, a velocidade manter-se-ia disparando os canhões. Para conseguir tal desiderato, bastava girar a esfera de modo a deixar na parte traseira o foguete a disparar. Se se quisesse mudar a direcção da " nave ", apontava-se o foguete a disparar para um dos lados. A violência do impacto com a Lua seria amortecida através do disparo dos foguetes dianteiros. A revista referia-se ainda às vestimentas dos astronautas, com escafandros especiais que lhes permitissem " respirar a atmosfera do satélite, tão distinta da nossa ". O sistema de comunicações com a Terra far-se-ia através de faróis potentíssimos, inventados pelo próprio Dr. Stewart. Sinaléctica telegráfica, com os traços a serem substituídos pela luz vermelha e os pontos pela luz branca. Revista ALGO, 16 de Agosto de 1930
  • 14.  
  • 15. A Bamba embriagada   Foram enviados para o poder judicial os seguintes individuos: Maria da Conceição Dores, a Bamba, por embriaguês e distúrbios. Emídio Leonardo, do Fundão, por explorar a caridade pública. Manuel Carvalho, de Chelo, Penacova, por tentar agredir Maria Madalena, nesta cidade. Vitorino Henrique Barbas, por, na rua Direita, se intrometer no serviço da polícia. Armando Matias, conhecido da polícia, por, no Arco do Ivo, agredir José Maria Serico. in "Gazeta de Coimbra", Agosto de 1914
  • 16. Diário de Lisboa 02.11.1957
  • 17. Commercio da Louzã 11.04.1909
  • 18.  
  • 19. Diário de Notícias n.º 1 – 29 de Dezembro de 1864
  • 20. Suas Magestades e Altezas passam sem novidade em suas importantes saudes
  • 21. No tempo das “não-notícias” Mercúrio Lusitano, 23.08.1815
  • 22. No tempo das “não-notícias” Mercúrio Lusitano, 23.08.1815
  • 23. No tempo das “não-notícias” Correio do Vouga, 7.04.1934
  • 24. 29 de Dezembro de 1864 20 de Março de 2003
  • 25. Entre os critérios apontados pelos autores contavam-se os seguintes: • Proximidade (Quanto mais próximo ocorrer um acontecimento, mais probabilidades tem de se tornar notícia. A proximidade pode assumir várias formas: geográfica, afectiva, cultural, etc.).
  • 26. • Proximidade afectiva • Lisboa-Dili (14.397 kms)
  • 27. • Proximidade afectiva • Lisboa-Luanda (5.746 kms)
  • 28.  
  • 29.  
  • 30.  
  • 31. • Momento do acontecimento (Quanto mais recente for um acontecimento, mais probabilidades tem de se tornar notícia.); • Significância (Quanto mais intenso ou relevante for um acontecimento, quantas mais pessoas estiverem envolvidas ou sofrerem consequências, quanto maior for a sua dimensão, mais probabilidades tem de se tornar notícia.; além disso, quanto menos ambíguo for um acontecimento, mais probabilidades tem de se tornar notícia).
  • 32.  
  • 33.  
  • 34.  
  • 35.  
  • 36. Correio do Vouga, n.º 1, 16.11.1930
  • 37.  
  • 38.  
  • 39.  
  • 40. Quanto maior o número de pessoas envolvidas maior a probabilidade de o acontecimento ser noticiado. Mas há que contar com o factor da proximidade ou o princípio do morto-quilómetro : 300 mortos em Mogadíscio valem menos do que 10 mortos nos arredores de Lisboa (exemplo adaptado à realidade portuguesa). .
  • 41.  
  • 42.  
  • 43.  
  • 44. Jornal de Notícias 8.03.2000 Jornal de Notícias 16.03.2000
  • 45. • Proeminência social dos sujeitos envolvidos (Quanto mais proeminentes forem as pessoas envolvidas num acontecimento, mais hipóteses ele tem de se tornar notícia.).
  • 46.  
  • 47.  
  • 48.  
  • 49.  
  • 50.  
  • 51. Imprevisibilidade (Quanto mais surpreendente for um acontecimento, mais hipóteses terá de se tornar notícia.)
  • 52.  
  • 53.  
  • 54. Consonância (Quanto mais agendável for um acontecimento, quanto mais corresponder às expectativas e quanto mais o seu relato se adaptar ao medium, mais probabilidades tem de se tornar notícia.)
  • 55. Porque é que as notícias estão onde estão? • Composição (Quanto mais um acontecimento se enquadrar num noticiário tematicamente equilibrado, ou seja, num noticiário com espaço para diversos temas, mais probabilidades tem de se tornar notícia);
  • 57. • Negatividade (Quanto mais um acontecimento se desvia para a negatividade, mais probabilidades tem de se tornar notícia.) Good news are no news
  • 58.  
  • 59.  
  • 60. Continuidade (Os desenvolvimentos de acontecimentos já noticiados têm grandes probabilidades de se tornar notícia.)
  • 61. Proeminência das nações envolvidas nas notícias (Quanto mais proeminentes forem as nações envolvidas num acontecimento internacional, mais probabilidades ele tem de se tornar notícia.). Tensão nas relações EUA/Rússia Tensão nas relações Tailândia/Indonésia Obama de visita a Luanda José Eduardo dos Santos de visita a Washington
  • 62. Utilidade ( news you can use )
  • 63.  
  • 64.  
  • 76. A realidade segmentada
  • 77.  
  • 78.  
  • 79.  
  • 80.  
  • 81.  
  • 82.  
  • 83.  
  • 84. Correio do Vouga, 24.02.1934
  • 85.  
  • 86.  
  • 88. Ecos de Cacia 16-06-1934
  • 89. Correio do Vouga, n.º 1, 16.11.1930
  • 90. Correio do Vouga, n.º 1, 16.11.1930
  • 91. O ACESSO AO CAMPO JORNALÍSTICO Acesso habitual Acesso disruptivo Acesso directo
  • 92. TRAQUINA, Nelson. Jornalismo”, Quimera, Lisboa, 2007 (2.ª edição).
  • 93.  
  • 94. Jornal de Letras, 24.10.2008
  • 96.  
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  • 106.  
  • 107. O mau da fita
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  • 118. Edificação da Expo Shanghai 2010 em 31 fotos
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  • 132. O acaso Rabo de tufão em Coimbra Fizemos estas fotos a 12 de Março de 2006, 6:48. Foram publicadas na edição de Abril do Jornal da Universidade de Coimbra. As fotos suscitaram reacções diversas, havendo mesmo quem as considerasse “fotomontagens” (sic) Na edição de Maio do mesmo jornal, o Prof. Doutor Fernando Rebelo, especialista reputado, tratou de fazer luz sobre o que passara naquele amanhecer, nos céus de Coimbra. Tratou-se de um mini-tornado, conhecido pelo povo como “rabo de tufão”. Alguns já mataram, em Portugal. Importante ler a explicação de Fernando Rebelo.
  • 133. O acaso Rabo de tufão em Coimbra REPORTAGEM DISPONÍVEL AQUI: http://www.slideshare.net/dmpa/rabo-de-tufo-em-coimbra Algumas destas fotos podem visualizar-se, individualmente, em http://www.panoramio.com/user/765637     
  • 134.  
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  • 151.  
  • 152.   Depois do estudo pioneiro de Galtung e Ruge, os autores que se dedicaram a este tema geralmente apresentam os critérios de noticiabilidade de um acontecimento sob a forma de uma lista. Dela fazem parte factores como a oportunidade , a proximidade , a actualidade , o provável interesse do público , a importância , o impacto , as consequências e repercussões , o interesse , o conflito ou a controvérsia , a negatividade , a frequência , a dramatização , a crise , o desvio , o sensacionalismo , a emoção , a proeminência das pessoas envolvidas , a novidade , a excentricidade e a singularidade (no sentido de pouco usual). (Shoemaker, 1991: 21-22).
  • 153.   Garbarino (1982) enfatiza o papel das constrições ligadas à organização do trabalho (por exemplo, a rede geográfica de correspondentes e delegações e a divisão temática nas redacções reflectem critérios de relevância e valoração geográfica e temática das notícias) e das convenções profissionais criadas nesse sistema enquanto elementos contributivos para a definição do que é notícia, isto é, enquanto elementos da noticiabilidade . Esses elementos ajudariam a legitimar o processo produtivo, desde a selecção das fontes à selecção dos acontecimentos e aos modos de fabrico, contribuindo para precaver os jornalistas e as organizações noticiosas das críticas do público.
  • 154.   Wolf (1987: 173-192), muito oportunamente, classifica os critérios de valor-notícia em: critérios relativos ao conteúdo (importância e interesse das notícias), critérios relativos ao produto (que têm a ver com a disponibilidade das informações e com as características do produto informativo), critérios relativos ao medium , critérios relativos ao público e critérios relativos à concorrência .
  • 155.   Teun A. van Dijk (1990: 174) também oferece pistas para a sistematização dos valores-notícia. Para este autor, existem valores jornalísticos formulados em termos económicos (lucro, vendas, etc.), embora ele considere que as limitações provenientes das condições económicas devem ser entendidas, antes de mais, como factores materiais, ainda que sejam importantes na formação ou conformação dos valores-notícia.
  • 156.   Uma segunda categoria de valores jornalísticos estaria relacionada com as rotinas e a produção de notícias numa organização, no seio de uma atmosfera competitiva. Por exemplo, a aspiração que os jornalistas denotam de obter a notícia mais rápida e fidedignamente que os seus companheiros enquadra-se nesta categoria. (Van Dijk, 1990: 174-175)
  • 157.   Porém, segundo o autor, a organização da produção jornalística privilegiaria acontecimentos produzidos/ definidos por figuras públicas e sectores preponderantes da vida social e política , reproduzindo uma estrutura social favorável na essas elites (Van Dijk, 1990: 174), uma realidade bastante referenciada nos cultural studies. Para explicar a noticiabilidade, Van Dijk (1990: 175-181) põe o acento tónico nas limitações cognitivas dos jornalistas.
  • 158.   A partilha de determinadas imagens do mundo pelos jornalistas seria uma dessas limitações. As imagens do mundo e demais limitações cognitivas definiriam os critérios de valor-notícia dos jornalistas: 1) novidade ; 2) actualidade ; 3) pressuposição (a avaliação da novidade e actualidade pressupõe conhecimentos prévios; além disso, segundo o autor, os acontecimentos e os discursos só seriam entendíveis mediante o recurso a informação passada); 4) consonância com normas, valores e atitudes compartilhadas ; 5) relevância (para o destinatário da informação);
  • 159.   6) proximidade (geográfica, social, psico-afectiva); e 7) desvio e negatividade (psicanaliticamente, a atenção ao crime, aos acidentes, à violência, etc., funcionaria como um sistema emocional de autodefesa: ao contemplarem-se expressões dos nossos próprios temores, o facto de serem outros a sofrer com as situações proporcionar-nos-ia tanto alívio como tensão).
  • 160.   Num estudo de 1980, de Nisbett e Ross, encontra-se o carácter "vivo” (vivid) de uma história como um dos factores que mais pode influenciar a sua passagem pelos pontos de filtragem de informação, uma vez que conferiria força à história. Embora, na minha opinião, tal possa remeter-se para o tantas vezes referenciado "interesse humano", a informação vivid, segundo os autores, pode descrever-se como “Informação (. . . ) que tanto procura atrair e reter a nossa atenção e excitar a imaginação como é (a) emocionalmente interessante , (b) concreta e suscitadora de imagens e (c) próxima num sentido temporal, espacial ou afectivo (. . . ).” (Nisbett e Ross, 1980: 45)
  • 161.   Fraser Bond (1962) disse que “O que o público quer carrega o significado económico de ser aquilo que ele compra. (. . . ) Ao repórter inteligente não escapam nunca as tendências do mercado .” Assim, segundo esse professor norte-americano, para o êxito comercial importaria privilegiar histórias relacionadas com os interesses próprios da audiência e também as que envolvessem dinheiro, sexo, crime, culto do herói e da fama, conflitos (guerras, greves, homem contra a natureza, pessoa contra a sociedade, conflitos entre grupos políticos e económicos, etc.), descobertas e invenções .
  • 162.   À luz da teoria dos usos e gratificações, poderia dizer-se que o ser humano tende a interessar-se pela informação jornalística que lhe proporciona algum proveito . Por isso, a relação evento-notícia será, necessariamente, baseada, pelo menos em parte, numa lógica comercial : A valorização ou desvalorização dos acontecimentos resultaria, portanto, parcialmente, da submissão da ocorrência à lógica discursivo-comercial dos news media. As notícias necessitam de seduzir para, num ambiente concorrencial, funcionarem como uma mais-valia para um determinado órgão de comunicação social.
  • 163. Dinis Manuel Alves http://www.mediatico.com.pt Apresentação destinada exclusivamente às aulas leccionadas pelo autor. A cedência aos alunos destina-se a uso exclusivo destes, para melhor preparação da unidade curricular. Proibido o empréstimo, a cedência ou o visionamento a terceiros.