Este projeto de pesquisa visa analisar a formação das religiões abraâmicas (judaísmo, cristianismo e islamismo) por meio da herança cultural e da força da comunicação. O autor pretende estudar as origens destas religiões para entender como elas surgiram e se desenvolveram na sociedade, permitindo assim discussões mais aprofundadas sobre o papel das religiões na atualidade. A metodologia inclui revisão bibliográfica sobre a história e influências culturais das religiões, além da
SLIDE DE Revolução Mexicana 1910 da disciplina cultura espanhola
Formação das Religiões Abraâmicas por Herança Cultural e Comunicação
1. Universidade de Sorocaba
Programa de Pós-Graduação
em Comunicação e Cultura – Mestrado
Luiz Guilherme Leite Amaral
A Formação das Religiões Abraãmicas pela
Herança Cultural e Força da Comunicação
Pré-projeto de pesquisa apresentado ao
Exame de Seleção ao Programa de
Pós-Graduação em Comunicação e Cultura – Mestrado –
como requisito parcial do processo seletivo.
Eixo Temático: Comunicação Social
Linha de pesquisa: Teoria Comunicacional
O projeto visa aprofundar a concepção e história
das religiões abraãmicas, suas funções filosóficas e seus
desencadeamentos na sociedade.
2011
2. RESUMO
O trabalho tem a proposta de esclarecer os caminhos da construção das religiões
abraãmicas pela herança cultural e pela força da comunicação. O conhecimento da
proveniência destas religiões é quase que nulamente discutido. Isto se deve ao caráter
dogmático dela implicado, em especial pelos líderes, pela própria doutrina ou pelos que
defende a crença religiosa. A questão é que a história, a antropologia, a sociologia, a
neurociência e a teoria da comunicação conseguem construir uma teia lógica para o
entendimento do processo religioso, seja em caráter individual ou para o grupo. A partir
desta compreensão, é possível analisar o progresso das religiões abraãmicas na
sociedade atual e compreender as novas frentes comunicacionais inerentes a elas, como
a tele-homilética e a Revanche do Sagrado.
INTRODUÇÃO
Por mais que saibamos que uma religião não se cria com apenas uma pessoa – é
necessária a fé de uma multidão para que ela adquira seus principais elementos – é
também no indivíduo que reside o material principal para que elas sejam constituídas. A
Teoria da Mente, de Simon Baron Cohen, aliadas às interpretações do psicanalista
Andrew Thomson nos fazem entender quais são as condições fisiológicas e psiquícas
que nos fazem criar e acreditar em assuntos sobrenaturais. Este processo é longo, e só é
possível desbravá-lo quando caminhamos pela Teoria da Evolução, de Charles Darwin, e
analisamos as Cognições Sociais, os enfrentamentos diários do ser humano pela
convivência em grupo em prol da sobrevivência e perpetuação da espécie.
Assim, o que nos motiva a criar deuses? Por que sentimo-nos atraídos por crenças? E
por que institucionalizamos estas crenças? Estas questões envolvem uma gama de
sentimentos que existem em nós, fazendo com que a religião torne-se não apenas um
assunto sagrado, mas um código entre conteúdos de um mesmo círculo social e um estilo
de vida. Karen Armstrong, no livro A History of God, mostra-nos de maneira meticulosa
todos os caminhos de Javé, desde sua derrocada no panteão cananeu até sua eleição
como deus dos israelenses. A partir deste e de outros registros históricos, pode-se traçar
o caminho pelo qual o pensamento religioso começa a tomar forma, passando pelas
seitas e religiões de grande penetração, como o hinduísmo, até o momento em que as
religiões abraãmicas tornam-se instituições.
3. Esta institucionalização auxiliou as sociedades a se moldarem, ainda que mediante o
temor da punição eterna, e a principal forma de fazer isso foi por meios de comunicação
verbais e não verbais. Marshall MacLuhan, em A Galáxia de Guttemberg, afirma que a
escrita individualiza, fazendo com que as pessoas fiquem alheias umas às outras e que o
conhecimento não é difundido como deveria ser. Neste projeto, no entanto, há uma
discordância desta afirmação ao descobrir que as escrituras religiosas aliadas à
homilética são de grande valia para a difusão dos conceitos religiosos. As religiões,
então, tornam-se uma faca de dois gumes: ao mesmo tempo em que guiam seus
seguidores para a ordem, ela também é responsável por derramamento de sangue entre
frentes divergentes.
Quando entendemos a história das religiões e como elas surgem, entendemos também
seus propósitos e, principalmente, conseguimos colocá-las no âmbito do fantasioso. Ao
analisarmos a formação do Judaísmo, por exemplo, é fácil concluir que todos os seus
preceitos advêm de culturas mais antigas e que todas as religiões, sem exceção, são
moldadas a partir de elementos culturais e valores mantidos por tribos e comunidades, e
tais valores é o que as fazem ser valiosas e respeitadas dentro do contexto mítico.
OBJETIVOS
O entendimento da origem das religiões abraãmicas bem como a discussão deste
assunto de forma imparcial permite que a visão sobre religião seja alterada. Agora, ela
não poderá ser uma verdade absoluta e irrevogável; trata-se de um movimento cultural
cujas raízes residem tanto em nós mesmos como indivíduos quanto no coletivo. E
quando surge esta nova maneira de encarar as religiões, discussões mais profundas
podem ser feitas, como o laicismo, educação religiosa no ensino público, a influência das
religiões nos processos eleitorais e na pesquisa com células-tronco, entre vários outros.
É importante deixar claro, no entanto, que esta pesquisa não pretende depreciar o
judaísmo, o cristianismo e o islamismo, mesmo porque trata-se de culturas riquíssimas
em muitos aspectos. O que se discute aqui é a validade da religião como organismo
autoritário e regulador de uma sociedade que em qualquer momento flertou com a
teocracia. É perfeitamente compreensível que estas religiões contribuíram para as
sociedades em suas formações e que prestaram serviço para a definição de ética, ainda
que esta só encontre sua forma ideal no Iluminismo.
4. JUSTIFICATIVAS
A urgência em entender os processos religiosos para criar discussões mais profundas e
relevantes é um dos pilares deste trabalho. Para que seja possível posicionar as religiões
abraãmicas em seus devidos lugares, antes precisamos entender qual é o seu cerne,
como elas se engendram nas sociedades e qual é a força que elas exercem em termos
comunicacionais, inclusive.
Assim, podemos modificar o entendimento atual sobre este assunto. As religiões,
sobretudo as abraãmicas, que são o principal objeto deste estudo, precisam ser melhor
analisadas para que governo e sociedade utilizem-na como deve ser – um refúgio para
as aflições, e nada além disso.
O Brasil hoje passa por uma série de problemas relacionados a religiões. Padres
católicos não são julgados por seus crimes, principalmente de pedofilia, por pressão da
ICAR; muitos pastores e outros tipos de protestantes exercem uma influência
extremamente negativa para a evolução da sociedade com seus dogmas; os ateus, ao
lado dos viciados em drogas, são o grupo mais odiado no País; as grandes igrejas
mantêm esquemas de desvio de dinheiro e sonegação de impostos que causa rombos
bilionários aos cofres públicos.
Estas e várias outras questões podem ser discutidas e seus problemas solucionados
quando entendemos o exercício das religiões perante a sociedade. Então, não é apenas
a tarefa de entender a tele-homilética, mas também saber como ela influencia milhões de
pessoas e qual proveito podemos tirar disso. Igualmente quando entendemos a origem
do deus Javé, não estamos somente rebaixando as religiões abraãmicas a meros mitos,
mas estamos reunindo evidências de que o poder da herança cultural e da comunicação
são de grande valia como instrumentos da sociedade.
METODOLOGIA
• Reunião de material literário para a composição da estrutura e argumentação
sobre os temas propostos;
• História das religiões abraãmicas, com suas influências culturais;
• Compreensão do fenômeno religioso para o indivíduo e o grupo;
• Relacionamento entre as heranças culturais entre as religiões;
• Análise da comunicação para a construção e o avanço das religiões abraãmicas;
• Discussão acerca do fenômeno religioso a partir das conclusões sobre suas
5. influências e desencadeamentos na sociedade.
CRONOGRAMA
A partir do material que já está em posse do pesquisador, bem como o esboço
razoavelmente completo da dissertação, espera-se complementar a estrutura de
raciocínio com o decorrer das aulas do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e
Cultura – Mestrado da Universidade de Sorocaba.
No primeiro semestre do ano de 2011, participei das aulas do Professor Doutor Osvando
Morais como ouvinte, o que já acarretou em um enriquecimento na argumentação da
dissertação, seja no embasamento teórico quanto na linha de pesquisa. Sabendo que
este modelo vai continuar se repetindo com o curso, a cada aula ou conjunto de aulas a
dissertação será cada vez mais completa, bem como as discussões em sala também
ajudarão a formar o caráter inquisitivo por parte do pesquisador.
Por conta desta dependência do conhecimento em aulas e o confronto com a bibliografia
já existente, a meta é completar a dissertação no antepenúltimo mês do curso, tendo os
dois meses subsequentes destinados a revisões e discussões até a entrega e defesa.
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