1) O documento resume a biografia de Carlos Roberto Galvão, incluindo sua formação acadêmica e experiência com capoeira.
2) Galvão é professor de educação física e capoeira há muitos anos e coordenou projetos de capoeira em escolas.
3) O texto também fornece um breve resumo histórico da capoeira, desde suas origens na África até seu desenvolvimento no Brasil.
2. Carlos Roberto Galvão
• Funcionário Público – desde 1994
• Professor de Educação Física (Graduação em 2008 – UNIAMERICA)
• Pós Graduação - Psicomotricidade
CAPOEIRA
• Professor de Capoeira – Formado em 10/11/2006 – Na Associação de Capoeira Camboatá –
Porto Alegre – RS
• Coordenador do Projeto – CAPOEIRA NA ESCOLA
- Escola Municipal Altair Ferraz (Zizo)
- Escola Municipal Belvedere
• Coordenador Regional da Escola de Capoeira Camboatá
- Medianeira - Pr
- São Miguel - Pr
- Foz do Iguaçu - Pr
Cursos
- 48 horas de Capoeira – Londrina (Mestre Fran) Capoeira Maculele 1995
- Oficina de Berimbau – Foz do Iguaçu – (Mestre Azulão) Capoeira Maculele 1995
- Capoeira Hoje – Rio de Janeiro (Mestre Décio) Capoeira Cordão de Conta 1996
- Ginga Maculele – Londrina (Mestre Fran) Capoeira Maculele 1996
- Encontro Capoeira Camboatá – Porto Alegre – RS 2004
* Maurão – SP
* Catitu – SP
* King – SP
• Capacitação e Aperfeiçoamento – Capoeira Camboatá – Porto Alegre RS – 2003
(Mestre Tucano)
• Capoeira Angola – Bahia 2003 (Mestre Renê)
• Aprenda a História Brincando – Capoeira Mediangira – 1996
• VII Seminário de Capoeira Camboatá – Porto Alegre – 2006 (mestre Tucano)
3. HISTÓRIA DA CAPOEIRA
A capoeira constituiu-se numa atividade em que o jogo, a luta e a dança se
interagem numa relação recíproca. Ela é ao mesmo tempo luta, dança e jogo,
embora seu participante seja definido como jogador e não lutador ou dançarino.
O jogo da capoeira requer uma constante negociação gestual, onde cada jogador é
desafiado pela imprevisibilidade dos golpes que são mediados pela ginga num jogo
malicioso e mandingueiro, os movimentos corporais parecem ser impercebíveis aos
próprios executores que muitas vezes não se dão conta do que foram capazes de
improvisar.
4. A dança e o jogo se expressam na capoeira onde o corpo todo se
embala ao som de berimbaus, pandeiros, atabaque, cantos e palmas de
mão que são elementos fundamentais na hora de se colocar em pratica o
que se aprendeu durante os treinos.
5. A capoeira é uma construção social que extrapola sentidos específicos,
esporte, luta, dança, e folclore, manifestação cultural de um povo, mas que não
se distancia da sua essência que a compõe “o movimento”, fator da maior
relevância desenvolvida para ser uma defesa, foi ensinada em cativos por
aqueles que foram capturados e voltavam aos engenhos. Para não levantar
suspeitas, esta luta foi disfarçada em dança com palma de mão e cantiga. Ela
vem contribuir com relação a estes aspectos, promovendo integração, inclusão,
e respeito ao próximo, agregando valores éticos e humanos. Diversos fatores
foram desenvolvidos com sua prática tornando a capoeira uma atividade
satisfatória e prazerosa para os seus participantes
6. O SIGNIFICADO DA PALAVRA “CAPOEIRA”
Seguindo a concepção de que os negros lutavam contra seus opressores
geralmente nas matas, reporta-se daí a origem do vocábulo "capoeira", que
para alguns pesquisadores vem da língua indígena Tupi Guarani "caá" - mato e
"puera" - que foi mato, originando os termos "capuera, capuíra, capoêra e
capoeira" (SANTOS, 1990; CAPOEIRA, 1997; ADORNO, 1999).
Para Bennúdez (2004) a palavra vem de Kapu 'era, que significa mato ralo. Já
Capoeira (1997) citando o Visconde de Beaurepaire descreve o tupi "co-puera"
- roça velha, além de José de Alencar, que propunha o tupi "caa-apuam-era",
ilha de mato já cortado.
7. A origem da palavra capoeira, assim o local de seu surgimento, são
ainda motivos de discussão. Durante muitos anos, o foco de diversas
linhas de pesquisa direcionou-se a entender como essa prática foi
estabelecida no Brasil, aparecendo controvérsias a respeito da sua
origem (CAPOEIRA, 1997).
8. O que se sabe com certeza, é que essa manifestação foi solidificando-se,
ao longo do tempo, e se espalhando, cada vez mais, já que os negros que
conseguiam fugir formavam Quilombos (acampamentos), agrupando-se e
fortificando-se, buscando reproduzir os costumes da terra natal.
9. O quilombo mais povoado e mais conhecido foi o de Palmares,
devido à resistência imposta por seu povo que durou 97 anos,
servindo de exemplo para o surgimento de novos Quilombos
espalhados pelo Brasil. Seus líderes, Ganga Zumba e Zumbi foram
transformados em heróis e a data de 20 de novembro, marcada pela
morte de Zumbi, é hoje intitulada o "(Dia da Consciência Negra no
Brasil)”.
10. Após a abolição da escravatura em 1888, muitos negros foram obrigados
a sair das fazendas, direcionando-se em grandes grupos para as cidades,
vendo-se nas ruas sem emprego, moradia e alimentação. Como não
tinham outros meios para sobreviver, começaram a saquear e roubar,
utilizando a capoeira como ferramenta de auxilio. Assim, começou um
processo de degradação da capoeira, onde os capoeiristas passaram a
serem vistos como vadios e delinqüentes.
11. Até que, em 1890, a capoeira foi considerada "fora da lei" pelo antigo
Código Penal da República e seus adeptos sujeitos a detenção de dois a
seis meses.
Santos (1990) comenta que esse fato fez com que a capoeira fosse
praticada às escondidas tornando-se mais civilizada na percepção das
classes dominantes e contribuísse para sua ascensão. Durante anos, a
capoeira foi perseguida e discriminada, porém, duas personalidades da
Bahia foram extremamente importantes para a valorização dessa arte. Um
deles, Vicente Ferreira Pastinha, conhecido como Mestre Pastinha, foi o
principal nome da capoeira Angola, um estilo de capoeira tradicional
praticada até então, e o outro, Manoel dos Reis Machado, o Mestre
Bimba, que da mistura do Batuque (uma antiga luta existente na Bahia)
com a capoeira Angola acrescida de mais alguns golpes, cria a Capoeira
Regional, inicialmente, chamada de Luta Regional Baiana.
13. Até hoje esses dois Mestres são lembrados como exemplos de perseverança
e valentia, São vistos como pessoas que acreditaram na capoeira como arte
transformadora, tendo seus ensinamentos transmitidos por seus discípulos a
fim de resgatar a verdadeira identidade da capoeira.
Durante o século XVI, Portugal enviou escravos para a América do Sul,
provenientes da África Ocidental. O Brasil foi o maior receptor da migração
de escravos, com 42% de todos os escravos enviados através do Atlântico.
Os seguintes povos foram os que mais frequentemente eram vendidos no
Brasil: grupo sudanês, composto principalmente pelos povos Iorubá e
Daomé, o grupo guineo-sudanês dos povos Malesi e Hausa, e o grupo banto
(incluindo os kongos, os Kimbundos e os Kasanjes) de Angola, Congo e
Moçambique.
14. Os negros trouxeram consigo para o Novo Mundo as suas tradições
culturais e religião. A homogeneização dos povos africanos sob a
opressão da escravatura foi o catalisador da capoeira. A capoeira foi
desenvolvida pelos escravos do Brasil como forma de resistir aos seus
opressores, praticar em segredo a sua arte, transmitir a sua cultura e
melhorar o seu moral. Há registros da prática da capoeira nos séculos
XVIII e XIX nas cidades de Salvador, Rio de Janeiro, e Recife, porém
durante anos a capoeira foi considerada subversiva, sua prática era
proibida e duramente reprimida. Devido a essa repressão, a capoeira
praticamente se extinguiu no Rio de Janeiro, onde os grupos de
capoeiristas eram conhecidos como maltas, e em Recife, onde segundo
alguns a capoeira deu origem à dança do frevo conhecido como o
passo.
15. Em 1932, Mestre Bimba fundou a primeira academia de capoeira do
Brasil em Salvador. Mestre Bimba acrescentou movimentos de artes
marciais e desenvolveu um treinamento sistemático para a capoeira,
estilo que passou a ser conhecido como Regional. Em contraponto,
Mestre Pastinha pregava a tradição da capoeira com um jogo matreiro,
de disfarce e ludibriação, estilo que passou a ser conhecido como
Angola. Da dedicação desses dois grandes mestres, a capoeira deixou
de ser marginalizada, e se espalhou da Bahia para todos os estados
brasileiros
16. MAS!!! E A ORIGEM DA CAPOEIRA?
Teriam os escravos trazido da África a capoeira ou teriam criado aqui no
Brasil?
Esta é uma dúvida que até hoje divide folcloristas, etnógrafos e estudiosos
no assunto.
Não temos registro da existência da capoeira ou qualquer outra forma
similar à capoeira no continente africano. Em 1966, Inezil Penna Marinho
esteve em Angola pesquisando uma possível origem da capoeira,
chegando à conclusão que ela era inteiramente desconhecida lá, quer
entre os eruditos, quer entre os nativos, a cujas festas religiosas e danças
guerreiras assistiu.
17. Logicamente foi no Brasil que a capoeira teve suas raízes formadas.
Nas práticas religiosas a que os africanos se entregavam, as danças
litúrgicas, ao som de instrumentos de percussão, desempenhavam
papel de grande relevância, pois o ritmo bárbaro exacerbava-lhes a
gesticulação, exagerava-lhes os saltos, exercitava-os na ginga do
corpo, dotando-os de extraordinária mobilidade, excepcional destreza,
surpreendente velocidade de movimentos. E é a estes rituais
religiosos, que pesquisadores atribuem o surgimento da capoeiragem.
18. MITO!
Capoeira - Arte Marcial Brasileira Por ocasião da Guerra do Paraguai,
muitos capoeiras foram enviados para a frente de batalha, lá se fizeram
heróis, portadores de grande sangue frio, coragem e audácia (tendo-se em
conta que a maioria dos combates exigiam muitos confrontos corpo à
corpo).
Porém, a luta da Capoeira não acontece com objetivo de competição entre
os camaradas. Quando o jogo degenera em luta explícita, já não ocorre a
Capoeira. O objetivo da luta é tornar o capoeira senhor de si mesmo e
integrado
19. O Surgimento
O surgimento da Capoeira no Brasil foi devido às condições em que
os escravos eram obrigados a viver, condições que muitas vezes os
levavam a morte. A cultura africana sofre modificações face à nova
realidade e toda a revolta de um povo vai se moldando a ânsia de
liberdade surge então a capoeira uma luta em forma de dança que
tornou realidade um sonho chamado de liberdade.
20. A Luta
A Capoeira é uma luta de defesa e ataque, em que os praticantes
usam os pés e a cabeça sendo as mãos de menor uso, mas nunca de
menor importância tanto para o ataque como na defesa. Os europeus
acostumados a lutar com as mãos não tinham a menor chance contra os
negros e perdiam fácil . Os senhores de engenhos proibiram então a prática
dessa luta entre os escravos, sofrendo pressão da Polícia Imperial e Milícia
Republicana, Os negros, porém acharam uma solução: disfarçaram a
Capoeira colocando mímicas e danças acompanhadas de músicas. Quando o
feitor passava pelos negros "Brincando de Angola" batia palmas , apreciava ,
achavam bonito sem saber que ales estavam praticando a já proibida
capoeira. Assim disfarçada em divertimento a capoeira sobreviveu até os dias
de hoje.
21. Na Verdade o que é Capoeira???
Já dizia o Mestre Pastinha, "Capoeira Angola é, antes de tudo, luta e luta
violenta." É importante que esse aspecto seja ressaltado, já que o consenso
atual entre os leigos e as
pessoas que a praticam de forma equivocada, e considerar a Capoeira uma
forma de dança ou simplesmente folclore para turista ver. É claro que entre
os praticantes sérios, em seus treinos, os golpes são apenas simulados e a
Capoeira torna-se um exercício físico e mental. violência dos seus golpes,
no entanto, não deixa espaço para meio termo; ou joga-se Capoeira 'para
valer', com as suas sérias conseqüências ou apenas simula-se um jogo. A
possibilidade de enquadrá-la em regras esportivas é inexistente; quem assim
o faz não conhece de fato a Capoeira.
22. O Jogo
"Capoeira é um diálogo de corpos, eu venço quando o meu parceiro não
tem mais respostas para as minhas perguntas" - Mestre Moraes. O jogo da
Capoeira na forma amistosa, ou seja, na roda é verdadeiramente um diálogo
de corpos. Dois capoeiristas partem do "pé" do Berimbau e iniciam um lento
balé de perguntas e respostas corporais, até que um terceiro 'compre o jogo'
e assim desenvolve-se sucessivamente até que todos entrem na roda.
23. A Malícia
Elemento básico da Capoeira Angola, a malícia a torna ainda mais
perigosa. Essa
malandragem que faz que vai e não vai, retira-se e volta rapidamente;
essa ginga de
corpo que engana o adversário, faz o diferencial da Capoeira em relação
às outras
artes marciais. Essa é uma característica que não se aprende apenas
treinando.
24. Os Golpes
A Capoeira (de Angola) tem um número relativamente pequeno de golpes
que podem, no entanto, atingir uma harmoniosa complexidade através de
suas variações. Assim como a música tem apenas sete notas. Os seus
principais golpes são: Cabeçada, Rasteira, Rabo de Arraia, Chapa de
Frente, Chapa de Costas, Meia Lua e Cutilada de Mão.
25. A Música
A Capoeira é a única modalidade de luta marcial que se faz
acompanhada por instrumentos musicais. Isso se deve basicamente às
suas origens entre os escravos, que dessa forma disfarçavam a prática da
luta numa espécie de dança, enganando os senhores de engenho e os
capitães-do-mato. No início esse acompanhamento era feito apenas com
palmas e toques de tambores. Posteriormente foi introduzido o Berimbau
instrumento composto de uma haste tensionada por um arame, tendo por
caixa de ressonância uma cabaça cortada. O som é obtido percutindo-se
uma haste no arame; pode-se variar o som abafando-se som da cabaça e
(ou) encostando uma moeda de cobre no arame; complementa o
instrumento o caxixi, uma cestinha de vime com sementes secas no seu
interior.
26. O Berimbau, um instrumento usado inicialmente por vendedores ambulantes
para atrair fregueses, tornou-se instrumento símbolo da Capoeira, conduzindo o
jogo com o seu timbre peculiar. Os ritmos são em compasso binário e os
andamentos - lento moderado e rápido são indicados pelos toques doBerimbau
Numa roda de angoleiros o conjunto rítmico completo é composto por: três
berimbaus (um grave - Gunga; um médio e um agudo - Viola); dois pandeiros;
um reco-reco; um agogô e um atabaque. A parte musical tem ainda músicas
que são cantadas e repetidas em coro por todos na roda. Um bom Capoeirista
tem obrigação de saber tocar e cantar os temas da Capoeira.
27.
28. As variações do toque do berimbau
As variações musicais do berimbau são os vários toques executados pelo tocador
para definir o tipo de jogo que será feito na roda. Um bom capoeirista deve, ou
melhor, tem obrigação, saber o maior número de toques, bem como o significado
e o tipo de jogo praticado em cada um desses toques.
Os toques mais conhecidos são:
- Angola - São Bento Grande
- São Bento Pequeno - Angolinha
- Iúna - Lamento
- Amazonas - Cavalaria
- Santa Maria - Benguela
- Idalina - Maculelê
- Samba de Roda - Samba de Angola
- São Bento Grande de Bimba - Samango
- Valsa - Samba de Enredo
- São Bento Corrido - Choro
Para cada toque, um tipo de jogo
29. Estes são os toques mais usados, cada um deles tem um
siginificado. Vejamos:
1) TOQUE DE ANGOLA: É o toque específico do jogo de Angola. É
um toque lento, cadenciado, bem batido no atabaque, tem um sentido
triste. É feito para o jogo de dentro, jogo baixo, perigoso, rente ao
chão, bem devagar.
2)ANGOLINHA: É uma variação pouco mais rápida do toque de
angola, serve para aumentar o ritmo quando vai mudar o jogo.
3)SÃO BENTO PEQUENO: É o toque para jogo solto, ligeiro, ágil,
jogo de exibição técnica. Também conhecida como ANGOLA
INVERTIDA.
30. 4)SÃO BENTO GRANDE: É o toque mais original da capoeira Regional.
É muito usado em apresentações públicas, rodas de rua, batizados e
outros eventos e também nas rodas técnicas das academias para testar
o nível de agilidade dos alunos.
5)TOQUE DE IÚNA: É usado apenas para o jogo dos mestres. Neste
toque, aluno é platéia, não joga nem bate palmas, jogam apenas os
mestres e contra-mestres e algum instrutor, professor ou aluno
graduado se, por ventura, seu mestre autorizar e lhe ce der a vez de
jogar. No toque de Iúna não há canto.
6)LAMENTO: É o toque fúnebre da capoeira. Usado apenas em funerais
de mestres.