Este artigo discute a morfologia da comunicação cognitiva 2.0 em sala de aula no ensino superior, com a integração de ferramentas web 2.0 como Twitter. Os autores apresentam resultados preliminares positivos de uma apresentação PowerPoint com tweets integrados e descrevem um questionário para avaliar esta abordagem com alunos de pós-graduação.
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
Morfologia da comunicação cognitiva 2.0 em sala de aula no âmbito do Ensino Superior
1. Morfologia da Comunicação Cognitiva 2.0 em sala de
aula no âmbito do Ensino Superior
Sérgio André Ferreira Cornélia Castro António Andrade
Faculdade de Educação e Psicologia Faculdade de Educação e Psicologia Faculdade de Economia e Gestão
Universidade Católica Portuguesa Universidade Católica Portuguesa Universidade Católica Portuguesa
Porto, Portugal Porto, Portugal Porto, Portugal
sergioandreferreira@gmail.com corneliacastro@gmail.com aandrade@porto.ucp.pt
Resumo — Novas formas de aprendizagem na Cloud Learning Neste artigo pretende-se dar um contributo para o estudo
Environment permitem o desenho de actividades e a criação de da problemática da morfologia da comunicação cognitiva,
recursos com potencial para serem usados em contexto de sala em contexto de sala de aula no âmbito do ensino superior,
de aula no Ensino Superior. O presente trabalho objectiva com a integração das ferramentas e da filosofia web 2.0. Na
apresentar os resultados preliminares muito satisfatórios aproximação ao problema, partiu-se da exploração de uma
obtidos com a exploração em sala de aula no ensino superior de apresentação, usada em aulas presenciais de cariz mais
uma apresentação Powerpoint com a integração da ferramenta expositivo, com a integração da ferramenta de microbloging
de microblogging Twitter. A literatura foi analisada para Twitter, como base para a abordagem às características da
determinar as dimensões a incluir num questionário aplicado a
comunicação web 2.0.
alunos de pós-graduação de três cursos diferentes, com o
objectivo de problematizar a temática da comunicação Como metodologia de recolha de dados, recorremos a um
cognitiva em contexto de sala de aula, alterando a perspectiva questionário construído com base na literatura, com o qual
de um-para-muitos para de muitos-para-muitos com a pretendemos avaliar várias dimensões dos recursos utilizados
mediação da tecnologia em tempo real. nas aulas presenciais teóricas. Os resultados deste estudo são
preliminares e servem como aproximação ao tema e
Keywords – aprendizagem; comunicação cognitiva;
validação do instrumento de recolha de dados.
microblogging; PowerPoint; sala de aula; Twitter; web 2.0.
II. DESAFIOS PEDAGÓGICOS NO ENSINO SUPERIOR
I. INTRODUÇÃO
As TI invadem progressivamente todos os cenários do
As Tecnologias da Informação (TI) revolucionaram os
nosso quotidiano. Evoluem de espécie em espécie
conceitos de tempo e espaço e estão a provocar profundas
tecnológica e aproximam-se da nossa forma natural de
alterações na forma como as pessoas podem colaborar,
comunicar. Sob cada suporte tecnológico, fixo ou móvel,
integrar comunidades, explorar recursos, trocar ideias e
convergem funcionalidades outrora separadas, potenciando a
aprender. Esta vaga tem inevitáveis reflexos nas políticas e
profecia de Steve Mann nos anos 90 1 do séc. XX: “sempre
nos modelos pedagógicos, abrindo um imenso campo de
consigo e permanentemente ligado”. As ferramentas da
investigação. Expressões como collaborative learning,
Sociedade da Informação (SI) tornam-se cada vez mais
learning communities, media in education, social media e
“próteses cognitivas” como anunciado por Marshall
outras similares, são hoje ubíquas na investigação
McLuhan [1] e não se centram apenas nas tarefas
educacional.
operacionais de controlo e gestão de dados e de informação.
A literatura indica que a sala de aula tem vindo a perder a
As novas formas de comunicar estão intrinsecamente
sua centralidade histórica, em favor de novos pólos
associadas à imposição de novas formas de ensinar e
aglutinadores como o Personal Learning Environment (PLE)
aprender, que têm como consequência a redefinição de
e o Social Learning Network (SLN), associados, por norma,
políticas e modelos pedagógicos. Neste contexto de
a espaços fora da sala de aula – à Cloud Learning
profundas mudanças sociais, impostas pelo carácter cada vez
Environment. No entanto, apesar do avanço de sistemas de
mais omnipresente e transformativo da tecnologia, as
ensino online a distância e de b-learning, o ensino presencial
Instituições do Ensino Superior (IES) vêem-se confrontadas
continua a ser amplamente dominante, sendo que a
com novos desafios, que exigem a sua reorganização para
organização das actividades continua a ter as aulas
que possam dar respostas eficazes. Vários factores têm
presenciais como prática nuclear. Daqui decorre a
concorrido para esta situação:
importância de se desenhar actividades e de criar recursos
que estejam alinhados com este novo paradigma e que x Tradicionalmente, a educação era simplesmente
promovam a exploração das potencialidades das novas uma fase na vida de cada pessoa, com um tempo
formas de aprendizagem que dominam na Cloud Learning próprio bem delimitado. Hoje desempenha um
Environment.
1
http://www.porto.ucp.pt/nonio/nonio/Historia/HistoriaPers.htm
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2. papel contínuo nas nossas vidas pessoais e para usar as tecnologias web 2.0 como ferramentas de
profissionais. A transição da Europa para uma aprendizagem [6]. Por outro lado, também se verifica que as
sociedade baseada no conhecimento exige, também, IES estão ainda insuficientemente preparadas para trabalhar
uma transformação similar no que respeita à infra- com alunos que têm competências técnicas e preferências de
-estrutura educacional e, por isso, é necessário aprendizagem completamente diferentes [7].
adoptar uma abordagem inovadora do sistema
educativo [2]; Para dar resposta a esta situação, as IES devem criar
programas e definir metodologias que reforcem o
x O Processo de Bolonha anuncia uma alteração de aproveitamento do enorme potencial pedagógico da web 2.0.
fundo no modelo pedagógico de ensino e Desta forma, espera-se que os alunos desenvolvam
aprendizagem, privilegiando a aquisição de competências de aprendizagem neste contexto e que
competências por parte do aluno e não o simples aumentem a sua motivação, exponenciando assim, as
acumular dos conhecimentos leccionados. Por outras hipóteses de os alunos atingirem os resultados desejados de
palavras, não se trata apenas de aprender conceitos, uma educação superior.
que serão depois avaliados; o aluno terá, ele próprio,
A literatura mostra ainda que o trabalho colaborativo
que adquirir competências, sendo, desta forma,
potencia inúmeros factores fundamentais para o sucesso
co-responsável pela sua própria formação. Esta
académico, designadamente: o investimento na experiência
filosofia remete-nos para aproximações a modelos
académica, interacções com a faculdade, envolvimento nas
pedagógicos de cariz mais construtivista, traduzido
actividades co-curriculares e interacção com os pares [4].
em turmas mais pequenas e mais horas de contacto,
constituindo uma mudança de paradigma baseada
nas e-skills que permita responder à realidade social III. DIMENSÃO DE INVESTIGAÇÃO DAS TI NO ENSINO
e económica de um planeta cada vez mais digital; Apesar das linhas de investigação actuais preconizarem
x Faz-se sentir do lado da procura a variação aproximações mais construtivistas, o modelo presencial das
demográfica negativa conjugada com o aumento IES continua organizado da mesma forma tradicional, de
sucessivo de vagas e a proliferação de Centros cariz mais behaviorista e cognitivista, em que se privilegia o
Universitários e Politécnicos pelo país; conteúdo disciplinar e várias estratégias de ensino, tendo em
vista a promoção da aprendizagem dos estudantes [8]. A. D.
x O aprofundamento da cooperação inter-institucional Figueiredo [9] considera que o modelo presencial das IES é
de IES de países diferentes, os projectos de também o mais tradicional e que, no essencial, assenta em
circulação de pessoas (professores, investigadores, quatro funções: i) transmissão de conteúdos, assegurado por
alunos e pessoal administrativo) e programas aulas teóricas, quase sempre magistrais; ii) aplicação de
integrados de estudo, de estágio e de investigação conceitos; iii) trabalho de grupo e iv) avaliação. Estas
previstos na declaração de Bolonha, poderão ser funções estão representadas na tabela 1.
favorecidos se existir uma base de trabalho online;
x Factores sociais e económicos determinam o uso de TABELA 1. MODELO PEDAGÓGICO PRESENCIAL DOMINANTE NAS IES
tecnologias no suporte pedagógico. Mark Prensky
Modelo pedagógico presenciala
[3] cunhou pela primeira vez o termo de “nativos
digitais”, que está associado ao de Net Generation. Transmissão de conteúdos Aulas teóricas
A familiaridade dos alunos da designada Net Aulas teóricas
Aplicação de conceitos
Generation, com as tecnologias digitais, afectou as Aulas teóricas-práticas
suas preferências e competências em áreas-chave Aulas práticas
relacionadas com a educação, nomeadamente na Trabalhos de grupo Laboratórios
opção pelo recurso às tecnologias web 2.0, que têm Projectos
um imenso potencial como ferramentas de Testes/frequências/ exames
aprendizagem [4], [5]. A designação web 2.0 é Avaliação Projectos
utilizada para descrever aplicações baseadas na web, Trabalhos escritos e apresentações
designadamente ferramentas de software social: a. Adaptado de Figueiredo, A. D. (2009, p. 38)
blogs, microblogs, sites de partilha de vídeos, redes A investigação actual no campo das TI no ensino
sociais, wikis ou podcasts que facilitam não só o superior tem vindo a dar alguma atenção a aspectos que
aparecimento de comunidades de utilizadores, mas continuam a ser centrais no ensino presencial, tais como a
também o desenvolvimento de redes sociais. Assim, forma como é feita a integração das TI na sala de aula e os
os alunos podem passar a desempenhar um papel sistemas de difusão de informação e de explicitação do
principal, ao transformarem-se em criadores activos, conhecimento, nomeadamente os recursos digitais utilizados
em vez de apenas passivamente consumir o conteúdo pelos professores nas aulas teóricas.
que essas ferramentas contêm.
Como já referimos, a SI levou definitivamente o mundo à
Apesar das características desta nova geração de escola. O saber é acessível a todos, a qualquer hora e a partir
estudantes, não pode ser assumido que todos os que chegam de quase todos os lugares. A informação já não está retida
ao Ensino Superior possuam já as competências necessárias em pequenos suportes, chamados livros e cadernos, nem é
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3. apenas transmitida entre as quatro paredes da sala de aula. O No entanto, apesar do uso generalizado de redes sociais
professor partilha com outros actores, e com outros suportes, pelos estudantes e também o seu uso cada vez maior pelos
o papel de detentor da informação O modo como a escola educadores, existe muito pouca evidência empírica sobre
conseguir acolher e desenvolver os novos instrumentos e qual o impacto do uso dos media sociais na participação e
metodologias disponíveis vai determinar, em parte, a aprendizagem dos alunos [3].
preparação dos cidadãos para a vida [10].
Por aqui se compreende que as IES devem conciliar a IV. COMUNICAÇÃO MEDIADA EM SALA DE AULA
concepção do seu processo formativo com a visão e A sala de aula continua, pois, a ser um espaço de
expectativas do estudante. Por um lado, as instituições excelência na comunicação de saberes que passa por
impõem um determinado currículo, normas de organização múltiplas concepções pedagógicas. Em concreto existe
da actividade lectiva e o sistema de avaliação. Por outro, não sobretudo a transmissão de informação de um-para-muitos, o
devem negligenciar o facto de as TI oferecerem a diálogo, o trabalho de equipa e os jogos de papéis. A
possibilidade ao estudante de controlar e gerir a sua própria tecnologia quando está presente é explorada em contexto de
aprendizagem para além da visão institucional. Algures entre laboratório. Os computadores pessoais, tablets ou
estes dois pólos, abre-se a fronteira do PLE (Personal smartphones são pouco explorados. Neste contexto
Learning Environment). A globalização das fontes do saber, altamente praticado é pertinente introduzir mecanismos de
que permite levar o mundo à escola, e o crescimento da interacção mediada por tecnologia, já que a investigação
importância das redes sociais e do trabalho colaborativo das mostra uma correlação significativa entre o uso da tecnologia
multidões inteligentes [11] acentuam o valor da Social e o tempo despendido com os media sociais e o empenho dos
Learning Network (SLN), impondo-se a necessidade das IES alunos [4], [14].
evoluírem para uma arquitectura Hybrid Institutional
Personal Learning Environment (HIPLE), como ponte entre Neste sentido tem-se vindo a verificar que o social media
a visão da instituição e a do estudante. – colecção de websites da Internet, serviços e práticas que
apoiam a colaboração, construção de comunidades,
Na Fig. 1, explicita-se uma arquitectura simplificada da participação e partilha – tem atraído o interesse dos
exploração das tecnologias em contexto das IES e, professores universitários mais predispostos a usar a
simultaneamente, das linhas de investigação mais relevantes tecnologia na educação, os quais procuram novas formas
que se têm desenvolvido sobre a exploração das tecnologias para motivar os seus estudantes para uma aprendizagem mais
neste contexto. activa [4].
Na Fig. 2, representa-se uma possível arquitectura da
integração das tecnologias na comunicação cognitiva. Em
espaço de sala de aula a interacção pode ocorrer com os
conteúdos e com os estudantes.
Figura 1. Tecnologia nas IES enquanto linhas de investigação
Figura 2. Integrar tecnologias na comunicação cognitiva
Conforme se pode verificar, a investigação nesta área
focaliza-se essencialmente i) nos aspectos tecnológicos, O docente, ou o estudante, poderá interagir com os
nomeadamente nos objectos de aprendizagem e na forma conteúdos via computador e projector. Esta tecnologia pode
como os conteúdos são geridos e a formação é articular com sistemas de avaliação e de voto, a distribuir
disponibilizada online; ii) numa abordagem que tem como como meio de resposta pelos estudantes.
finalidade principal os modelos de ensino a distância; iii) no No contexto das IES a maioria dos docentes, quer para
design da instrução, campo onde há uma predominância audiências mais vastas, quer para as mais reduzidas, sente
clara das filosofias construtivistas [12], [13] e iv) nas necessidade de activar mecanismos de instrução directa seja
comunidades de aprendizagem e comunidades de prática, por economia de tempo, seja porque esse é o modelo
com a valorização dos contextos e das dinâmicas sociais, pedagógico que dominam.
sobretudo de trabalho colaborativo entre pares, numa base
online (Cloud Learning Environment).
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4. Ainda nesta lógica, a morfologia da sala de aula mais Este modelo de comunicação em sala de aula permite
tradicional, como temos vindo a referir, tem como elemento aumentar os níveis de participação ao: i) proporcionar voz e
preponderante, as apresentações electrónicas, como meio de vez a todos os estudantes; ii) facilitar e convocar a
explicitar a transmissão de conhecimento [15]. Trata-se de participação dos mais reservados para a oralidade; iii)
um recurso reutilizável, facilitador da organização do envolver a comunidade de aprendizagem na discussão do
discurso, integrador de múltiplos média, que pode servir tema e iv) explorar a acuidade dos jovens para o uso de
distintos estilos de aprendizagem assim como transformar-se tecnologias da comunicação.
em alavanca da motivação, sendo ainda propício à tomada de
apontamentos pelos estudantes. V. METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO
Estas apresentações são massivamente concretizadas em Como metodologia de abordagem à problemática da
tecnologias como o Microsoft (MS) PowerPoint e o Prezi morfologia da comunicação cognitiva 2.0 em contexto de
que possuem mecanismos para suportar texto, vídeo, sala de aula, partiu-se da utilização de uma apresentação
imagem, animações flash e som, mas também a capacidade Powerpoint com a integração do Twitter. A exploração deste
de interagir com sistemas da designada web 2.0 como é o recurso foi feita durante as aulas da Unidade Curricular (UC)
caso dos microblogues. de “Gestão das Tecnologias na Escola”, leccionadas a três
Neste sentido, uma apresentação realizada no ambiente turmas de Mestrado em diferentes áreas: “Administração e
MS PowerPoint ou em Prezi pode pois articular com a Organização Escolar”, “Ciências Religiosas” e “Educação
aplicação de microblogging Twitter, permitindo ao docente Especial”.
dar a palavra aos seus alunos. Esta apresentação, para além da função tradicional de
Sobre a utilização do Twitter na actividade académica, transmissão de informação de um-para-muitos, teve por
investigação recente comprova que, embora 85 % dos alunos objectivo fomentar a interacção conteúdo-estudantes,
universitários tenham conta no Facebook, o Twitter é o professor-estudantes, estudante-estudantes segundo a
preferido pelos professores para integrar no processo de perspectiva de Mayer [16] a qual admite a possibilidade de
ensino e aprendizagem já que, sendo um blogue restrito a utilizar recursos mais associados à instrução directa para
140 caracteres, inclui a funcionalidade de rede social [4]. aproximações mais construtivistas.
Nesta categoria dos microblogues, o Twitter, concebido Na Fig. 3 encontra-se representado, de forma
em 2006 por Jack Dorsey, permite aos seus utilizadores a esquemática, o modo como foi feita a operacionalização do
partilha de mensagens de 140 caracteres. Este sistema admite recurso. O Twitter foi a ferramenta web 2.0 que permitiu a
também o envio de mensagens directas para um determinado interactividade. Assim, à comunicação magistral do
canal especificamente criado para uma troca de informações professor foi acrescentada a mais-valia dos estudantes
(# hashtags) e votação para opções alternativas que sejam poderem interagir entre si, fazer comentários acerca do
colocadas em análise (@vote by tweet x palavra_chave). conteúdo, colocar questões ao professor e votar sobre os
assuntos apresentados e responder a questões de escolha
Iniciativas individuais 2 ou empresariais têm múltipla colocadas.
desenvolvido ADD-INS para o Prezi e PowerPoint
permitindo a seguinte dinâmica para quem tem conta no
Twitter (docente e estudantes):
x Criação de um canal (não obrigatório) para
comentários sobre a apresentação que está a ser feita;
x Os estudantes podem comentar directamente no Figura 3. Integrar Tecnologias na Comunicação Cognitiva
Twitter o que vêem e ouvem na sala de aula, assim
como o que lêem da partilha com os pares (sala No final das sessões foi pedido aos estudantes que
virtual); preenchessem um questionário para avaliação do recurso e
x O docente pode ter preparado comentários adicionais do modo como foi explorado. Esse questionário foi
adequados a cada diapositivo, que escondido em construído com base na revisão de literatura [15], [17], [18],
“notas”, pode ser enviado para o Twitter sempre que [19]. O questionário foi aplicado a 51 mestrandos da
este é projectado; Universidade Católica Portuguesa – Centro Regional do
Porto, dos quais: 18 frequentavam o Mestrado em
x O docente pode capturar e projectar em todos, ou “Administração e Organização Escolar”, 5 o Mestrado em
alguns dos ecrãs, o que está a ser partilhado no “Ciências Religiosas” e 28 o Mestrado em “Educação
Twitter; Especial”. Optou-se pela técnica de amostragem por
conveniência a qual apesar de não ser representativa da
x O docente pode colocar questões de escolha população [20], [21], se constituiu como uma técnica rápida
múltipla, que são respondidas no Twitter e as e simples, sendo, por isso bastante, adequada a estudos
percentagens de respostas, por cada opção, preliminares, como é o caso deste.
projectadas num diapositivo.
Construiu-se um questionário constituído por 38 itens
2 repartidos por cinco dimensões: i) aspectos pedagógicos; ii)
Timo Elliott, 2009, http://www.sapweb20.com/blog/about/
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5. aspectos tecnológicos; iii) aprendizagem cognitiva; iv)
interacções na sala de aula e v) comportamentos positivos na
sala de aula. Este é um instrumento de trabalho, que será
posteriormente validado.
O estudo teve por objectivos problematizar a temática da
comunicação cognitiva 2.0 em contexto de sala e identificar
dimensões relevantes que influenciam este tipo de
comunicação.
VI. APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS
Os resultados globais do questionário apresentados na Fig.
4, mostram que, nas cinco dimensões avaliadas, os inquiridos
“concordaram” ou “concordaram totalmente” que o recurso
tinha características que favoreciam a sua aprendizagem,
1. Ajuda a melhorar a compreensão.
sendo residual a percentagem de alunos que “discordava” ou 2. Facilita a memorização da informação.
“discordava totalmente.” 3. Facilita o registo de apontamentos.
4.
FIGURA 5- Aum ritmo de apresentação mais“INTERACÇÃO NA SALA DE
Favorece
VALIAÇÃO DA DIMENSÃO
adequado.
5. Facilita a fluência na passagem de informação em sala de aula.
AULA”
6. Torna os exemplos apresentados mais claros.
7. Favorece uma melhor articulação entre a actividade da aula e os textos.
8. Torna a aprendizagem mais motivadora.
9. Permite a definição de vários roteiros de aprendizagem.
10. Favorece a imersão na aprendizagem e estimula o aprofundamento dos
conteúdos
11. Mobiliza pré-requisitos sobre os assuntos abordados.
Figura 5. Avaliação da dimensão “Aprendizagem cognitiva”
Figura 4. Avaliação global dos items
Na avaliação do recurso e no respeitante aos aspectos
pedagógicos, solicitou-se aos inquiridos que se
pronunciassem sobre sete itens relacionados com a
respectiva adequação, rigor científico e pedagógico,
sequência, explicitação de conceitos abstractos, clareza na
apresentação do conteúdo e na explicitação de objectivos.
Em todos os itens, a percentagem de respostas concentrou-se
nos dois níveis mais favoráveis, tal como traduz a Fig. 4.
1. Permite conhecer melhor os colegas em sala de aula.
Relativamente aos “aspectos tecnológicos”, os inquiridos 2. Promove a vontade de participar na aula.
pronunciaram-se sobre a adequação do uso da tecnologia, 3. Facilita uma maior ligação com o professor e os colegas.
design, facilidade de utilização, interface, mais-valia 4. Facilita a discussão na sala de aula.
relativamente ao material impresso, potencialidades da 5. Permite participação via canal tecnológico
tecnologia na facilitação da aprendizagem, construção de Figura 6. Avaliação da dimensão “Interacção na sala de aula”
conceitos e desenvolvimento de competências. Assim, 48%
dos estudantes “concordaram totalmente” e 41%
“concordaram” que a tecnologia utilizada era adequada e que
potenciava a aprendizagem.
Nas Fig. 5, 6 e 7 apresentam-se todos os itens avaliados
nas dimensões “aprendizagem cognitiva”, “interacção na sala
de aula” e “comportamentos positivos na sala de aula”,
sendo visível que em todos os itens a grande maioria das
opiniões cai nos dois níveis superiores.
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6. obtidas encontram-se alinhadas com a literatura, a qual refere
que:
x Os recursos digitais têm efeitos positivos na
aprendizagem [4], [15], [24];
x O uso educacional da tecnologia e o envolvimento
dos estudantes estão relacionados [4], [14], [24];
x Os recursos digitais, que integram ferramentas de
comunicação, aumentam a participação dos
estudantes nas actividades. A utilização do Twitter
ajuda na remoção de barreiras psicológicas,
aumentando a participação de estudantes mais
introvertidos [25], [26].
A Fig. 8, sintetiza as diferenças entre os paradigmas de
1. Ajuda a tomar melhores apontamentos durante a aula.
2. As imagens visuais presentes no recurso ajudam a recordar o conteúdo
comunicação cognitiva 1.0 e 2.0 em sala de aula: o
durante os exames. aprofundamento da interactividade, a participação activa e a
3. Permite perceber os pontos-chave enfatizados durante a aula. colaboração são os aspectos mais relevantes. Neste estudo
4. Potencia a atenção na sala de aula. preliminar ficaram delineadas e definidas algumas
5. Este recurso serve de suporte ao trabalho de grupo, à negociação e ao diálogo
tendências sobre os efeitos da comunicação cognitiva 2.0 ao
em sala de aula.
6. Ajuda a manter o interesse no desenrolar da aula. nível da motivação e do envolvimento na aprendizagem.
7. Estimula a vir à aula para tirar apontamentos sobre tópicos importantes.
Figura 7. Avaliação da Dimensão “Comportamentos positivos na sala de
aula”
VII. CONCLUSÕES
Os alunos da Net Generation aprendem de maneira
diferente. Constroem conhecimento de modo mais flexível e
já não desempenham o papel de consumidores passivos da
informação: são construtores activos no seu processo de
aprendizagem. Os media sociais disponibilizados pela web
2.0 suportam esta nova filosofia de aprendizagem, baseada
na construção de comunidades, na participação e na partilha. Figura 8 - Paradigmas de comunicação cognitiva 1.0 e 2.0
As tecnologias web 2.0 têm atraído o interesse de alguns
membros pioneiros das IES, que procuram trazer o seu Em estudos futuros, pretende-se i) alargar a amostra, de
imenso potencial para a sala de aula [22], [23]. De facto, forma a aumentar o significado estatístico e validar o
importa reformular o processo de comunicação ao nível da questionário e ii) desenvolver a investigação de modo mais
sala de aula, no sentido de o harmonizar com o modo como a sistémico. Deste modo, a comunicação cognitiva 2.0 em
Net Generation pensa e aprende. contexto de sala de aula será contextualizada e relacionada
Imperativos de economia de tempo e de organização com as outras componentes do Hybrid Institutional Personal
Learning Environment (ambiente de aprendizagem que faz a
pedagógica, levam a que os professores nas IES se socorram
ponte entre a visão da instituição e a do sujeito), como é
de mecanismos de instrução directa nas suas aulas,
ilustrado na Fig. 2.
recorrendo às apresentações electrónicas. Neste estudo ainda
preliminar, emergiram indicadores promissores de que as REFERÊNCIAS
ferramentas web 2.0 podem ser articuladas com a
[1] C. Ganito, “A Mobilização da Identidade: o telemóvel como prótese ou
comunicação cognitiva tradicional na sala de aula, com
extensão do espaço pessoal”, In F. d. C. Humanas (Ed.), Tecnologia e
impactos positivos ao nível da eficácia pedagógica,
Sociedade, pp. 95-105, Lisboa: Universidade Católica Portuguesa,
tecnológica, favorecimento das aprendizagens, fomento da
interacção e dos comportamentos positivos na sala de aula. 2007.
Neste estudo preliminar, explorou-se uma apresentação [2] A. McCormack, "The e-Skills Manifesto: a Call to Arms", European
Powerpoint com a ferramenta de microblogging Twitter, em Schoolnet, Brussels, Belgium, 2010.
contexto de sala de aula. Os resultados obtidos indicaram que [3] M. Prensky, "Digital Natives, Digital Immigrants", On the Horizon, vol.
os estudantes reconhecem as potencialiddaes desta 9, no. 5, pp. 1-6, 2001.
ferramenta nas dimensões avaliadas: i) aspectos
[4] R. Junco, G. Heiberger, and E. Loken. "The effect of twitter on college
pedagógicos; ii) aspectos tecnológicos; iii) aprendizagem
student engagement and grades", Journal Computer Assisted
cognitiva; iv) interacções na sala de aula e v)
Learning, pp. 1-14, Nov. 2010.
comportamentos positivos na sala de aula. As conclusões
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CISTI 2011 | 300