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“A BOLA AMARELA”
                       Raquel Delgado



O sol é uma bola amarela

Que gosta das rosas,

Que gosta do mar,

E da primeira andorinha

Que possa voar

O sol gosta de mim,

O sol gosta de ti,

O sol gosta de todos os meninos

Que vê a brincar
“HOJE É NATAL”
                                 Maria Aurora



-   Mamã, rasguei o vestido
    Não ralhes comigo,
    Porque hoje é Natal !



-   Papá desenruga a testa,
    Vá, faz-me uma festa,
    Porque hoje é Natal !



-   Avô larga o teu bordão
    Dá-me a tua mão,
    Porque hoje é Natal !



-   Bebé, eu dou-te o leitinho
    Não faças beicinho,
    Porque hoje é Natal !



-   Amigo enche a tua cesta
    De maças, de figos e bolos,
    De ternura aos molhos,
    Vem comer connosco,
    Porque hoje é Natal !
“O VERDE”
               M. Alberta Menéres, António Torrado

Eu sou o verde,
Vim de um arco-íris e escorreguei
Por dentro de uma gota de chuva.
O céu era azul e a terra amarela,
E deles nasci.
Andei à cata de coisas
E poisei num cacto do deserto.
De mar em mar,
De lagarto em rã,
Descobri esmeraldas
E abri olhos de gatos.
Andei de gatas, rasteirinho,
Pela terra de gafanhotos novos,
Da salsa, das nabiças
Da alface, da hortelã.
Fiz-me caldo verde,
Fui à mesa, escondido no verde das garrafas.
Dei-me a cheirar nos manjericos.
Espreitei pelas persianas e vi os carros
Passarem quando eu mandava.
Mostrei-me nas bandeiras.
Subi às alturas na hera dos muros;
Nos limos, nas algas, desci às funduras.
Viajei muito, colecciono tudo:
Penas de papagaio,
Berlindes,
Ervilhas,
Trevos de quatro folhas,
Moedas desenterradas,
Umas vezes sou velho, outras vezes sou novo.
Tanto posso desapontar de uma erva escondida
Como posso secar numa folha caída.
“PINTAS COM TINTAS”
Fiz uma pinta
Com tinta.
Pintei o sol,
Pintei o mar
E todas as coisas
Que possas pensar.
Uma pinta amarela – o sol.
Uma pinta verde – o mar.
Uma pinta vermelha – o morango,
Que te dei para merendar.
Agora é a tua vez,
Tens de ser tua a pintar.
Uma pinta rosa – a violeta.
Uma pinta escura – o gavião.
Com pintas de muitas cores
Tu pintas um coração.
“VERMELHO”
                M. Alberta Menéres, António Torrado



Eu sou o vermelho
E sei o que quero
Há quem me chame encarnado
Mas eu gosto mais
Da cor do meu sangue.
Não só nas flores existo,
Ouçam o que diz a Joaninha:
- Falem em mim, em mim.
- E então eu ? – alvoroça-se o rabanete.
Parte-se a melancia desesperada:
- Não se iludam, não se iludam
Olhem-me para o coração !
Contemplo-os a todos
São o meu território,
O meu mundo.
Mas o que seria eu sem eles ???
“AMARELO”
                M. Alberta Menéres, António Torrado

Tenho muitos inimigos
Caluniam-me; Insinuam-me:
“Que seria do amarelo
se não houvesse o mau gosto ?”
Fico amarelo de raiva.
E agora que nesta tribuna,
Tenho a grande oportunidade
De os desmascarar,
Só lhes grito na minha voz clara:
- Gema;
- Sol;
- Ouro !!!
Com estes argumentos os desfaço!
“XADREZ”
                           Sidónio Muralha



É branca a gata gatinha,
É branca como a farinha.

É preto o gato gatão,
É preto como o carvão.

E os filhos, gatos gatinhos,
São todos aos quadradinhos.

Os quadradinhos branquinhos
Fazem lembrar a mãe gatinha,
Que é branca como a farinha.
Os quadradinhos pretos,
Fazem lembrar o pai gato,
Que é preto como o carvão.

Se é branca a gata gatinha,
E é preto o gato gatão,
Como é que são os gatinhos ?

Os gatinhos eles são,
São todos aos quadradinhos !!!
“MENINA VESTIDA DE NOITE”
                         M. Rosa Colaço




Menina de preto

Tão triste! Tão nua!

Corpinho de fome

Olhinhos da lua



De lua de luto

Da lua de dó

Menina de preto

Tão triste! Tão só!



Menina, menina

Tão rica de nada

Dá a tua mão

De flor desfolhada



Dá-me a tua mão

Anda a ver a vida

Menina calada

De preto vestida.
“CONSULTA”
                         Maria Alberta Menéres



Um senhor doutor

Colheu uma flor

Para pôr ao peito

E todo vaidoso

Foi para o consultório

Muito satisfeito!

Chegou um doente

E disse o doutor:

Eu tenho uma flor!

Eu tenho uma flor!

E disse o doente:

Eu tenho uma dor!

Eu tenho uma dor!
“INSECTO”
                                Alice Gomes

A lagarta comia

           comeu

           comerá

a polpa doce de uma bela pêra.



Já farta de comer, de digerir

Procurou uma fresta para dormir.



E dorme

Dormirá

Dormiria

Tanto de noite como em pleno dia.



Durante o sono mudou forma e cor

Já não parece bicho mas flor.
“O PIRILAMPO”
                         M. Rosa Colaço



Nos dedos da noite

Sou uma lanterninha

Pareço uma estrela

Que viaja sozinha.



Nas horas serenas

Cheias de calor

Eu pouso nos ramos

Na terra e na flor.



E vivo contente

Com a minha sina

Basta-me esta luz

Mesmo pequenina.



É tudo o que espero

Não peço mais nada:

Ser o sol que baste

Para a minha estrada.
“PEIXE NO AQUÁRIO
                            M. Rosa Colaço



Que tristeza a vida
Na casa fechada
Com búzios fingidos
Com areia pintada.

Que saudades do vento
Que saudades do mar
Que saudades do sol
Da água a cantar.

Que raiva ser peixe
Em sala de gente
Tudo o que é igual
Deixa-me doente.

Era melhor um anzol
Era melhor uma rede
Os dias sem aventura
Não matam fome nem sede.

Partam a caixa de vidro
Tirem a postiça paisagem
Deixei-me ao mesmo espaço
Para a última viagem.
“MARSUPIAL”
                             Alice Gomes

Ó mamã canguru,

Tens tanta sorte!

Escusas de juntar,

Como qualquer mamã mulher,

No seu baú

Camisas,

Casaquinhos,

Fraldas,

Mantas,

E tantas

Tantas peças de agasalho

Que dão tanto trabalho

A coser,

A lavar,

A remendar !!!
“O PIRILAMPO”



Ontem por trás da janela

Vi a brilhar um farol

Pensei: “Que luz é aquela

Que não é lua nem sol ?”



                             Luzia no parapeito

                             A pequena faísca

                             Vi então um pirilampo

                             A acender o pisca-pisca.
“O GALO”


Eis sua excelência

O senhor D. Galo!

E as galinhas todas

Vão cumprimentá-lo!



Revirando o olho

Sacudindo a crista,

O galo vaidoso

Só quer meter vista.



Mas os fanganotes

Fazem ar de gozo:

Não ligam nenhuma

Ao pretensioso !!!




Sugestão: Apresentação da poesia no flanelógrafo.
“JOANINHA “AVÔA-AVÔA” “
                              M. Rosa Colaço



Joaninha pequena

Pousada no malmequer

Pergunta àquela menina

Que coisa quer ela ter



           Menina ! Minha menina

           Do saiote de riscado:

           Queres um palácio de oiro

           Ou um anel encantado ?



                         Só queria ser como tu

                         Só queria ser uma flor:

                         Nada quero Joaninha

                         Nada quero meu amor !!!
“ BICHINHO DE CONTA”
                         Maria Rosa Colaço



Debaixo da pedra

Mora um bichinho

De corpo cinzento

Muito redondinho.



           Tem medo do sol

           Tem medo de andar

           Bichinho de conta

           Não sabe contar.



                      Muito redondinho

                      Rebola no chão

                      Rebola na erva

                      E na minha mão.



                                         Rebola e é bola

                                         E não sabe saltar

                                         Bichinho de conta

                                         E não sabe contar.
“BURRINHO MANSO”

                             Maria Rosa Colaço



Ó burrinho manso

Da velha cantiga

Teus olhos são aves

Que o céu não abriga.



Pudesse ser eu

Como tu, burrinho !

Parado, calado,

No campo sozinho.



E passar as noites

Como as madrugadas

Rindo para as flores

Ao sol desfolhadas.



Que história mais linda

A deste burrinho

Parado calado,

Tão manso e branquinho !!!
“RATINHO TONTO”


O ratinho tonto

Nunca olha para o chão

E a toda a hora

Dá um trambolhão



No degrau da escada

Deixou um patim,

Pôs-lhe um pé em cima...

Plim, pim, catrapim !



Não será tolice

Colocá-lo

Outra vez ali

No mesmo lugar ?
“QUERES IR À LUA ?”
       Alice Gomes



          Cabrito

          Bonito

          Saltito

          Saltão

     É um brincalhão.

Trepa ao penedo, sem medo

     Corre pelo monte,

   Corre pela pradaria,

   Esquece o sustento

   Não pensa na fonte,

    Porque bebe vento

      E come alegria.

    Dá saltos tão altos

    Parece que flutua.

   Tantos sobressaltos

      Dá a mãe aflita

  Que ela chora e grita:

      Oh ! Filho Meu!

  Mas que ousadia a tua!

 Pois queres subir ao céu ?

     Queres ir à lua ?
“A ARANHA TECEDEIRA”


Fia, fia a tua teia.

Tece, tece aranha feia !

Trabalhas e não descansas,

Enquanto as moscas bailando

Só querem festas e danças.

Aí delas, se distraídas

Vierem cair na rede

Que tecestes na parede !!!




Sugestão: cada criança terá um fio de sua cor vão-se cruzando até

obter uma teia colorida (para crianças mais velhas)




                          “ERA UMA VEZ...”
Sidónio Muralha

Era uma vez...
Uma cabrinha
Montês
Que tinha
Um rabinho
Curtinho
E quando saltava
O rabinho abanava
E girava, girava
O rabinho curtinho!

                 Por isso, eu chamava
                 Chamava a cabrinha
                 A cabrinha montês:
                 Rabinho, rabinho
                 De ventoinha !!!
                                        E a cabrinha gostava
                                        E o rabinho girava
                                        E toda a gente chamava
                                        Chamava a cabrinha
                                        Rabinho, rabinho
                                        De ventoinha.

                 Era uma vez
                 Era uma vez
                 Uma cabrinha
                 Montês.
“BONS AMIGOS”
                                Sidónio Muralha

    O esquilo diz ao coelho

    A quem faz muitas partidas:

-    Você já se viu ao espelho ?

Mas que orelhas tão compridas !

Amanhã vindo da escola

Eu trago-lhe uma cartola !

-    Meu caro muito obrigado.

Responde o outro, eu não digo,

Pois sou coelho educado,

O que penso do meu amigo...

Mas se dissesse, diria:

“Um rabo assim enrolado

é francamente mania !

Eu vou gastar dez tostões

Para lhe dar uns calções.”

Pôs-se o coelho a pular,

Riu o esquilo às gargalhadas

E lá foram passear

Como dois bons camaradas.
“O DENTINHO”
                     Maria Isabel Mendonça Soares



Já sabem ? Caiu-me um dente !

Um destes aqui da frente.

Pareço mesmo um velhinho...

Foi este dente o primeiro.

Mas o meu pai ensinou-me

Que o pusesse atrás da porta

Para que de noite um ratinho

Me desse em troca um dinheiro.

Assim fiz. Hoje acordei

E encontrei no seu lugar

Uma moeda a brilhar !

Tenho muitos outros dentes

Que ainda faltam cair.

Portanto se multiplico

Os dentes pelas moedas

Daqui a pouco estou rico !!!
“DIREITA E ESQUERDA”




Esta mão é a direita

A esquerda é esta mão

Com esta digo que sim

Com esta digo que não



                 Levanto a direita ao céu

                 Aponto a esquerda p’ro chão

                 Agora que já as conheço

                 Já não faço confusão !
“SOMBRA”
                            Álvaro Feijó



O sol

Põe na parede, a sombra do seu corpo pequenino

Que já fazia sombra

E que o menino

Descobriu.




                 Erguendo o braço

                 Quis tocar a sombra

                 Mas a sombra fugiu !!!
“CONVERSA DOS DEDOS”




Querem saber os segredos

Que em conversa ouvi aos dedos ?

Fala o maior, mais pimpão:

Tenho fome, quero pão.

Responde o polegar: Não há !

Mas deixa estar Deus dará !

E o dos anéis que é medraço:

Pede-se a alguém um pedaço

Ou furta-se, ainda é melhor

Lembra mais o indicador !
“ PORQUÊ ?”




Quando construo uma torre

Uma ponte ou coisa assim

Dizem-me: ”Está muito linda!

Mas é preciso arrumar

Todos os cubos no fim !”




                 E ninguém diz ao meu pai

                 Para arrumar a papelada

                 Que ele deixa no escritório

                 A toda a hora espalhada !
“A GAIVOTA”




É noite.

À noite os barcos dormem.

Dormem os barcos

E dormem as conchas.

Mas uma gaivota de vestido branco

Que não tinha sono

Andava a voar

Por cima do mar

E olhava para a noite,

Olhava para o mar,

E poisou num barco

À espera que acordasse o sol.
“O FOGÃO DA MINHA AVÓ”


    Quando a minha avó

    Vem cá de visita

    O espanto que faz !

-    Que coisa bonita

Um fogão a gás !

Volta-se um botão...

E é uma beleza !

Pão de ló ou empadão

Estão prontos a pôr na mesa !



              Mas quando vou eu

              A casa da avó

              Todo o espanto é meu.

              -   Que lindo fogão !

              Preto e luzidio como o alcatrão!

              E o calor que espalha

              O lume encarnado

              Dentro da fornalha !

              Avó nunca venda

              Este meu fogão !
“COMBOIZINHO”
                         Matilde Rosa Araújo
Comboizinho, aonde vais ?
Pouca terra ! Pouca terra !
Uh!...Uh!...
São cavalos a correr
E as meninas a aprender
E uma bandeirinha no cais.
Comboizinho, aonde vais ?
Pouca terra ! Pouca terra !
Uh!...Uh!...
São cavalos a correr
E as meninas a aprender
Comboizinho que aflição!
Se achas que a terra é pouca,
Pára a corrida louca.
Eu já não posso parar,
Nem mesmo na estação,
Dá-me a tua mão,
Vamos ver,
Os cavalos a correr
E as meninas a aprender,
Nos campos,
Na escola,
Sem livros,
Nem sacola,
Vamos dizer
Que a terra é pouca,
Para esta corrida louca.
Vamos dizer,
Que não podemos parar,
E os cavalos a voar
E as meninas a sonhar.
Uh!...Uh!...
“A ESTRELINHA”
                               Sidónio Muralha

Eu vejo do meu quarto de dormir,

Uma estrelinha

Miudinha,

A luzir...

Mas se o sol é tão grande

E tanto brilha,

A estrelinha miudinha

É certamente sua filha.

E enquanto o pai sol

Enorme,

Dorme,

Ela vai passear

Todas as noites...

Quando o pai sol acordar

A estrelinha miudinha

Leva açoites

E vai-se logo a deitar !!!
“PAZ DE MUSGO VERDE”
                           Maria Rosa Colaço



No seu mundo de erva fresca

Dona lagarta verdinha

Mastiga couves e sol

E sente-se uma rainha



Rainha de corpo verde

Do prado verde rainha

Mastiga couves e sol

Dona lagarta verdinha.



Tua paz de musgo verde

Teu manto de princesinha

Que mos dera. Que mos dera!

Dona lagarta mansinha!
“UM CÃO”
                       Maria Cândida Mendonça



Conheci um cão,

Que falava,

Que escutava,

Que cantava,

Que brincava,

Que ladrava,

Que fazia o pino,

E que era um grande dançarino.

Que jogava à bola,

Que perdia,

Que ganhava,

Que estudava

E que andava comigo na escola.

E que tal ?

Era ou não uma perfeição de cão ?

Não acreditam ?

Não faz mal

Era um cão de imaginação !!!
“BRINQUEDO”
                               Miguel Torga



Foi um sonho que eu tive

Era uma grande estrela de papel

Um cordel, e um menino de bibe.



                         O menino tinha lançado a sua estrela

                         Com ar de quem semeia uma ilusão,

                         E a estrela ia subindo, azul e amarela,

                         Presa pelo cordel à sua mão.



Mas tão alto subiu

Que deixou de ser estrela de papel,

E o menino, ao vê-la assim, sorriu

E cortou-lhe o cordel.
“UMA ESTRELA NA MÃO”
                         Miguel Bernardes



Com guache

E aguarela

Pinta-se uma estrela !



Mas o melhor

É ir à noite

Olhar o céu

E vê-la...



Ou até subir

Subir ...

Subir lá acima

E pegar nela !
“SIM ? NÃO?”
                       Patrícia Joyce



Sim, não, sim, não
Esquerda, direita, no cimo, no chão
Sim, não, sim, não
Grande, pequeno, gigante, anão.
Sim, não, sim, não
O sol e a noite, a luz e o carvão
Sim, não, sim, não
Aqui, acolá, no cimo, no chão
 Sim, não, sim, não
Menino risonho, menino chorão
Sim, não, sim, não
Aqueles que tiram, aqueles que dão
Sim, não, sim, não
Burrinho a trotar e um foguetão
Sim, não, sim, não
Castelos no ar e vento suão
Sim, não, sim, não
Duzentos à hora, carrinhos de mão
Sim, não, sim, não
O rio Nabão, a serra Marão
Sim, não, sim, não
Para o balance, dá-me a tua mão.
Vamos acabar com esta confusão.
“O PASSEIO”

Vou passear a boneca
Passa por mim muita gente
Dou os “Bons-Dias” a todos
Que vejo na minha frente.
Ensinou-me a minha mãe
Que era boa educação
Mas sorrir e dar “Bom-Dia”
Não custa nada, pois não ?!




                               “O CARRINHO”

                              O vendedor ambulante
                              Vende muitas coisas boas
                              No Verão compro-lhe gelados
                              E só gasto cinco coroas.
                              De Inverno compro castanhas
                              Quentinhas, enfarruscadas.
                              No resto do ano, enfim,
                              Pevides e amendoim.
                              Gosto muito deste amigo
                              Que encontro pelo caminho
                              E às vezes penso comigo:
                              “Quem me dera o seu carrinho !”
“A ESCADA ROLANTE”

Ando nas escadas rolantes
Quando vou ao armazém
Uma sobe, a outra desce
Leva a gente num vaivém !

Se pudesse ali ficava
Toda a tarde a divertir-me,
Porque uma escada que mexe
É melhor que o chão firme !




                              “O URSO VELHO”

                              Ai tantos brinquedos
                              Novinhos em folha
                              Que o Zé recebeu
                              Difícil a escolha !

                              Mas adormecido
                              O Zézinho abraça
                              O seu urso velho
                              Roído de traça.
“O RAMALHETE”




Foi apanhar o junquilho

Lindo amarelo-doirado

E miósotis azuis

Que havia à beira do prado.




                              Mais uma florinha branca

                              (que não sei que nome tem)

                              Juntei-as num ramalhete

                              E vou dá-lo à minha mãe.
“MIMI BONECA”
                      M. Alzira P. Machado



 Bolas de sabão

Vivos a brilhar

Seus olhitos dão

O ar de falar.




                    Curva, leve, o rosto

                      Parece sorrir

                    Um ar tão composto

                    Será a fingir ?!




É capaz ainda

De “mamã” dizer

E a palavra linda

Parece entender !!!
“O GATINHO”
- És muito pequenino ainda
Para andares à beira do rio !
Disse a mãe gata ao gatinho
O chão é escorregadio !

Mas o gatinho travesso
Não vez caso do que ouvia
Catrapus ! Caiu à água
Miau ! Miau ! Ai que água tão fria !




                                       “TRÊS LEÕZINHOS”
                                       Três leõzinhos na toca
                                       Num dia de vendaval
                                       Diziam uns para os outros:
                                       - Que é aquilo ? Um animal
                                       A rugir mais do que nós
                                       Com um barulho que atordoa ?
                                       - Não. É o vento veloz
                                       Que parece um leão feroz.
                                       Respondeu a mãe boa.
“A LUA”
Oh ! Quem me dera saber
Se na lua haverá ratos!
A lua cheia é um queijo
Mas em cada noite a vejo
Com um bocadinho a menos !
Se os ratos a vão roendo,
Qualquer dia os astronautas
Se quiserem lá voltar
Já não encontram nenhuma
Onde possam alunar !




                              “A LUA CURIOSA”
                              Penso muita vez
                              Que a lua é curiosa:
                              Acorda de noite
                              Para nos espreitar.
                              Mas não ganha nada
                              Porque a essa hora
                              Está tudo a dormir
                              E a ressonar.
                              E será talvez,
                              Por essa razão,
                              Que às vezes de dia
                              Ela nos espia,
                              Despotada e fria !!!
“VIAGEM”
                           Sidónio Muralha
 De uma casquinha de noz
 De cinzento pintada
 Sai a voz bem afinada
 Da formiga que canta
 Canta
 Esta cantiga:

           Quando o Senhor Vento
           Assoprar
           O meu barquinho cinzento
           Vai navegar !!!

Barquinho cinzento
Cinzento é ele
Mas coisa engraçada
Tem a chaminé de vermelho pintada.

           Tem a chaminé de
           Vermelho pintada
           Que vai navegar
           Quando o Senhor vento
           Assoprar.

Meu barquinho
A duas cores
Carregadinho
De flores.

           Depois
           A formiga calou-se
           E o barquinho partiu,
           Como a cantiga doce
           O barquinho seguiu,
           Seguiu nas ondas do mar
           Se você o viu
           Faça a favor de telefonar.
“SONHO”
                              Luís Monte Branco

Não tens asas,

Não tens pés,

Não tens braços p’ra nada...

Como fazes nuvenzinha para no céu passear ?

      -   O vento que é meu amigo,

      Leva-me p’ra onde eu quero.

-   E que fazes tu sozinha ?

Fugiste à tua mãezinha ?...

      -   Não minha linda amiguinha,

      Ando só a passear.

-   Se eu tivesse uma escadinha

Com que pudesse trepar,

Subia ao céu nuvenzinha,

Ia contigo brincar...
“POESIA”
                          Hélio da Costa Ferreira



Todos os dias

     Voando, voando

As aves caminham

     Ao longo do mar.



Todos os dias

     Cantando, cantando

As crianças caminham

     Em qualquer lugar.



Todos os dias, meu Deus,

     Tanta esperança

Nos braços abertos

     De cada criança




“A ARITMÉTICA”
Um e um são dois

Dois bombons. E depois ?

Dois e um são três

Dois para mim desta vez

Três e um são quatro

Com recheio de ananás

Apanha-os lá se és capaz !




                   “QUE ESQUISITOS SÃO OS

                   ESPELHOS”
                   -   Que esquisitos são os espelhos !

                   Quando me ponho na frente

                   Vejo uma rapariguinha

                   Vestida decentemente.

                   Mas a mãe, essa protesta:

                   -   Puseste o chapéu de lado

                   E o casaco do avesso !

                   Estas mascarada na testa !

                   Com o casaco desatado

                   E tens sujos os joelhos !

                   Por isso é que me aborreço

                   Que esquisitos são os espelhos !
“O JANTARINHO”
                   Matilde Rosa Araújo



Maria fazia a sopa
Num tachinho de alumínio
José estrelava os ovos
Em frigideira de barro.

           Abanava o abaninho
           O fogo que já ardia,
           No brincar aos jantarinhos
           De José e de Maria.

- Onde está a hortelã ?
Lhe perguntava a Maria.
- Está aqui ao pé da água !
O José lhe respondia.

           - Onde é que está o sal ?
           Lhe perguntava o José.
           - Numa caixinha de estrelas,
           Está mesmo aqui ao pé.

Abanava o abaninho
O fogo já ardia,
No brincar aos jantarinhos
De José e Maria.
“ AS PESSOAS CRESCIDAS”


Oh, como são aborrecidas

Estas pessoas crescidas !

Decerto o seu dicionário

Diz as coisas ao contrário !

Porque se a gente pedir

Que nos contem uma história

À noite antes de dormir,

Respondem: “Mais tarde conto.”

Isto é, ponto por ponto,

Em linguagem de pais:

“Que não contam nunca mais”.

Se pedirmos um presente

(Mesmo que se venda em frente

da casa onde a gente mora)

Respondem-nos sem demora:

“Está, depois se verá”.

O que significa “Não”.

E a gente nunca o terá.




                            “BARQUINHO”
Maria Alzira P. Machado



 Corre, corre

      Dança, dança

 Nas ondas

      Balança...




                   Eu vou aprender

                        Contigo a correr,

                   Contigo a dançar,

                        Barquinho do mar.



Barquito, amiguinho

     Vai anoitecer.

Regressa cedito,

     Não te vais perder...
“CANÇÃO”
                         Eugénio de Andrade




Tinha um cravo no me balcão:
Veio um rapaz e pediu-mo,
- Mãe, dou-lho ou não ?



Sentada, bordava um lenço da mão,
Veio um rapaz e pediu-mo,
- Mãe, dou-lho ou não ?



Dei um cravo e dei um lenço,
Só não dei o coração,
Mas se o rapaz mo pedir,
- Mãe, dou-lho ou não ?
“ OLHOS DE MENINOS”
                            Henriqueta Lisboa



Quando à noite

Vem baixando,

Nas raízes ao lusco-fusco

E na penumbra

Das moitas

E na sombra enorme dos campos,

Piscam, piscam, Pirilampos !



São pirilampos

Que acendem pisca-piscando

As suas verdes lanternas,

Ou são claros olhos verdes,

De menininhos travessos,

Verdes olhos semitontos,

Semitontos mas acesas

Que está lutando com sono ?



À noite, que observam os teus olhos ?
“PROMESSA”
                            Tarcísio Miranda



Mãe compra-me o barco de lata

Que está na montra do Armelim.

Não mais farei de pirata

Nem serei menino ruim.

Não lutarei à pedrada na Rua do Castelo

Nem sujarei o bibe amarelo.

Não jogarei à bola no adro do mosteiro

E entre todos na escola serei o primeiro

Mãe mereço uma prenda.

Compra-me o barco de lata

Antes que o Armelim o venda

A outro marinheiro.
“O GRILO, A CIGARRA E A FORMIGA”




Grilo, grilarim

Tens um canto azul

Na noite de cetim !




                  Cigarra, cigarrinha

                  Tens um canto branco

                  Na noite de cambraia !




Formiga, miga, miga

Só tu cantas os nadas

Do silêncio do sol,

Das estrelas caladas...




                      “A CONSTIPAÇÃO DO CARACOL”

 Senhor caracol
Andou pela horta
Passeio para aqui
Passeio para ali
Pauzinhos no ar
Cabecinha ao sol

Não tem cuidado
E depois
Atchim !
Senhor caracol
Ficou constipado

Hoje de manhã
Não saiu da casca
Não foi para a horta
Nem para o jardim.
Então
Lamentou-se:
Que grande arrelia !
Coitado de mim !

Ao saber do caso
A dona lagarta
Logo resolveu
Mandar-lhe uma carta
(Carta que transcrevo
e dizia assim:)
Senhor Caracol:
Siga o meu conselho
Não torne para aí de cabeça ao léu
Quando andar ao sol
Ponha o seu chapéu !




              “ORAÇÃO AO MENINO JESUS”
Oh! Meu Menino Jesus
Neste tempo sem igual
Venho fazer-te um pedido
Para o dia de Natal

Lá longe p’ra lá do mar
Estão os meninos de Timor
E para eles eu peço
Um barco cheio de amor.

Para os meninos de Angola
Que cheios de fome estão
Eu peço muita comida
Dentro de um grande avião

Para os meninos de todo o mundo
E em especial neste dia
Eu peço um grande comboio
Muito cheio de alegria

E para os meninos de Portugal
Eu desejo um Bom Natal !!!




                            “NATAL”
Natal é o sol no Inverno
É brisa fresca no Verão
É juventude no Outono
Amor, em cada estação.

Natal não é uma festa!

Porque nasceu um menino
Natal, é a minha canção
Quando o menino tem fome
E tem pão !

Natal é aquele segundo
Em que encheste a tua vida
Só porque encontraste um mundo
Uma lágrima caída...

Natal não é uma festa !

Natal é simples, choupana
Sempre com porta aberta
P’ra receber um amigo
Um sonho que desperta

Natal não é uma festa !
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Contos infantis

  • 1. “A BOLA AMARELA” Raquel Delgado O sol é uma bola amarela Que gosta das rosas, Que gosta do mar, E da primeira andorinha Que possa voar O sol gosta de mim, O sol gosta de ti, O sol gosta de todos os meninos Que vê a brincar
  • 2. “HOJE É NATAL” Maria Aurora - Mamã, rasguei o vestido Não ralhes comigo, Porque hoje é Natal ! - Papá desenruga a testa, Vá, faz-me uma festa, Porque hoje é Natal ! - Avô larga o teu bordão Dá-me a tua mão, Porque hoje é Natal ! - Bebé, eu dou-te o leitinho Não faças beicinho, Porque hoje é Natal ! - Amigo enche a tua cesta De maças, de figos e bolos, De ternura aos molhos, Vem comer connosco, Porque hoje é Natal !
  • 3. “O VERDE” M. Alberta Menéres, António Torrado Eu sou o verde, Vim de um arco-íris e escorreguei Por dentro de uma gota de chuva. O céu era azul e a terra amarela, E deles nasci. Andei à cata de coisas E poisei num cacto do deserto. De mar em mar, De lagarto em rã, Descobri esmeraldas E abri olhos de gatos. Andei de gatas, rasteirinho, Pela terra de gafanhotos novos, Da salsa, das nabiças Da alface, da hortelã. Fiz-me caldo verde, Fui à mesa, escondido no verde das garrafas. Dei-me a cheirar nos manjericos. Espreitei pelas persianas e vi os carros Passarem quando eu mandava. Mostrei-me nas bandeiras. Subi às alturas na hera dos muros; Nos limos, nas algas, desci às funduras. Viajei muito, colecciono tudo: Penas de papagaio, Berlindes, Ervilhas, Trevos de quatro folhas, Moedas desenterradas, Umas vezes sou velho, outras vezes sou novo. Tanto posso desapontar de uma erva escondida Como posso secar numa folha caída.
  • 4. “PINTAS COM TINTAS” Fiz uma pinta Com tinta. Pintei o sol, Pintei o mar E todas as coisas Que possas pensar. Uma pinta amarela – o sol. Uma pinta verde – o mar. Uma pinta vermelha – o morango, Que te dei para merendar. Agora é a tua vez, Tens de ser tua a pintar. Uma pinta rosa – a violeta. Uma pinta escura – o gavião. Com pintas de muitas cores Tu pintas um coração.
  • 5. “VERMELHO” M. Alberta Menéres, António Torrado Eu sou o vermelho E sei o que quero Há quem me chame encarnado Mas eu gosto mais Da cor do meu sangue. Não só nas flores existo, Ouçam o que diz a Joaninha: - Falem em mim, em mim. - E então eu ? – alvoroça-se o rabanete. Parte-se a melancia desesperada: - Não se iludam, não se iludam Olhem-me para o coração ! Contemplo-os a todos São o meu território, O meu mundo. Mas o que seria eu sem eles ???
  • 6. “AMARELO” M. Alberta Menéres, António Torrado Tenho muitos inimigos Caluniam-me; Insinuam-me: “Que seria do amarelo se não houvesse o mau gosto ?” Fico amarelo de raiva. E agora que nesta tribuna, Tenho a grande oportunidade De os desmascarar, Só lhes grito na minha voz clara: - Gema; - Sol; - Ouro !!! Com estes argumentos os desfaço!
  • 7. “XADREZ” Sidónio Muralha É branca a gata gatinha, É branca como a farinha. É preto o gato gatão, É preto como o carvão. E os filhos, gatos gatinhos, São todos aos quadradinhos. Os quadradinhos branquinhos Fazem lembrar a mãe gatinha, Que é branca como a farinha. Os quadradinhos pretos, Fazem lembrar o pai gato, Que é preto como o carvão. Se é branca a gata gatinha, E é preto o gato gatão, Como é que são os gatinhos ? Os gatinhos eles são, São todos aos quadradinhos !!!
  • 8. “MENINA VESTIDA DE NOITE” M. Rosa Colaço Menina de preto Tão triste! Tão nua! Corpinho de fome Olhinhos da lua De lua de luto Da lua de dó Menina de preto Tão triste! Tão só! Menina, menina Tão rica de nada Dá a tua mão De flor desfolhada Dá-me a tua mão Anda a ver a vida Menina calada De preto vestida.
  • 9. “CONSULTA” Maria Alberta Menéres Um senhor doutor Colheu uma flor Para pôr ao peito E todo vaidoso Foi para o consultório Muito satisfeito! Chegou um doente E disse o doutor: Eu tenho uma flor! Eu tenho uma flor! E disse o doente: Eu tenho uma dor! Eu tenho uma dor!
  • 10. “INSECTO” Alice Gomes A lagarta comia comeu comerá a polpa doce de uma bela pêra. Já farta de comer, de digerir Procurou uma fresta para dormir. E dorme Dormirá Dormiria Tanto de noite como em pleno dia. Durante o sono mudou forma e cor Já não parece bicho mas flor.
  • 11. “O PIRILAMPO” M. Rosa Colaço Nos dedos da noite Sou uma lanterninha Pareço uma estrela Que viaja sozinha. Nas horas serenas Cheias de calor Eu pouso nos ramos Na terra e na flor. E vivo contente Com a minha sina Basta-me esta luz Mesmo pequenina. É tudo o que espero Não peço mais nada: Ser o sol que baste Para a minha estrada.
  • 12. “PEIXE NO AQUÁRIO M. Rosa Colaço Que tristeza a vida Na casa fechada Com búzios fingidos Com areia pintada. Que saudades do vento Que saudades do mar Que saudades do sol Da água a cantar. Que raiva ser peixe Em sala de gente Tudo o que é igual Deixa-me doente. Era melhor um anzol Era melhor uma rede Os dias sem aventura Não matam fome nem sede. Partam a caixa de vidro Tirem a postiça paisagem Deixei-me ao mesmo espaço Para a última viagem.
  • 13. “MARSUPIAL” Alice Gomes Ó mamã canguru, Tens tanta sorte! Escusas de juntar, Como qualquer mamã mulher, No seu baú Camisas, Casaquinhos, Fraldas, Mantas, E tantas Tantas peças de agasalho Que dão tanto trabalho A coser, A lavar, A remendar !!!
  • 14. “O PIRILAMPO” Ontem por trás da janela Vi a brilhar um farol Pensei: “Que luz é aquela Que não é lua nem sol ?” Luzia no parapeito A pequena faísca Vi então um pirilampo A acender o pisca-pisca.
  • 15. “O GALO” Eis sua excelência O senhor D. Galo! E as galinhas todas Vão cumprimentá-lo! Revirando o olho Sacudindo a crista, O galo vaidoso Só quer meter vista. Mas os fanganotes Fazem ar de gozo: Não ligam nenhuma Ao pretensioso !!! Sugestão: Apresentação da poesia no flanelógrafo.
  • 16. “JOANINHA “AVÔA-AVÔA” “ M. Rosa Colaço Joaninha pequena Pousada no malmequer Pergunta àquela menina Que coisa quer ela ter Menina ! Minha menina Do saiote de riscado: Queres um palácio de oiro Ou um anel encantado ? Só queria ser como tu Só queria ser uma flor: Nada quero Joaninha Nada quero meu amor !!!
  • 17. “ BICHINHO DE CONTA” Maria Rosa Colaço Debaixo da pedra Mora um bichinho De corpo cinzento Muito redondinho. Tem medo do sol Tem medo de andar Bichinho de conta Não sabe contar. Muito redondinho Rebola no chão Rebola na erva E na minha mão. Rebola e é bola E não sabe saltar Bichinho de conta E não sabe contar.
  • 18. “BURRINHO MANSO” Maria Rosa Colaço Ó burrinho manso Da velha cantiga Teus olhos são aves Que o céu não abriga. Pudesse ser eu Como tu, burrinho ! Parado, calado, No campo sozinho. E passar as noites Como as madrugadas Rindo para as flores Ao sol desfolhadas. Que história mais linda A deste burrinho Parado calado, Tão manso e branquinho !!!
  • 19. “RATINHO TONTO” O ratinho tonto Nunca olha para o chão E a toda a hora Dá um trambolhão No degrau da escada Deixou um patim, Pôs-lhe um pé em cima... Plim, pim, catrapim ! Não será tolice Colocá-lo Outra vez ali No mesmo lugar ?
  • 20. “QUERES IR À LUA ?” Alice Gomes Cabrito Bonito Saltito Saltão É um brincalhão. Trepa ao penedo, sem medo Corre pelo monte, Corre pela pradaria, Esquece o sustento Não pensa na fonte, Porque bebe vento E come alegria. Dá saltos tão altos Parece que flutua. Tantos sobressaltos Dá a mãe aflita Que ela chora e grita: Oh ! Filho Meu! Mas que ousadia a tua! Pois queres subir ao céu ? Queres ir à lua ?
  • 21. “A ARANHA TECEDEIRA” Fia, fia a tua teia. Tece, tece aranha feia ! Trabalhas e não descansas, Enquanto as moscas bailando Só querem festas e danças. Aí delas, se distraídas Vierem cair na rede Que tecestes na parede !!! Sugestão: cada criança terá um fio de sua cor vão-se cruzando até obter uma teia colorida (para crianças mais velhas) “ERA UMA VEZ...”
  • 22. Sidónio Muralha Era uma vez... Uma cabrinha Montês Que tinha Um rabinho Curtinho E quando saltava O rabinho abanava E girava, girava O rabinho curtinho! Por isso, eu chamava Chamava a cabrinha A cabrinha montês: Rabinho, rabinho De ventoinha !!! E a cabrinha gostava E o rabinho girava E toda a gente chamava Chamava a cabrinha Rabinho, rabinho De ventoinha. Era uma vez Era uma vez Uma cabrinha Montês.
  • 23. “BONS AMIGOS” Sidónio Muralha O esquilo diz ao coelho A quem faz muitas partidas: - Você já se viu ao espelho ? Mas que orelhas tão compridas ! Amanhã vindo da escola Eu trago-lhe uma cartola ! - Meu caro muito obrigado. Responde o outro, eu não digo, Pois sou coelho educado, O que penso do meu amigo... Mas se dissesse, diria: “Um rabo assim enrolado é francamente mania ! Eu vou gastar dez tostões Para lhe dar uns calções.” Pôs-se o coelho a pular, Riu o esquilo às gargalhadas E lá foram passear Como dois bons camaradas.
  • 24. “O DENTINHO” Maria Isabel Mendonça Soares Já sabem ? Caiu-me um dente ! Um destes aqui da frente. Pareço mesmo um velhinho... Foi este dente o primeiro. Mas o meu pai ensinou-me Que o pusesse atrás da porta Para que de noite um ratinho Me desse em troca um dinheiro. Assim fiz. Hoje acordei E encontrei no seu lugar Uma moeda a brilhar ! Tenho muitos outros dentes Que ainda faltam cair. Portanto se multiplico Os dentes pelas moedas Daqui a pouco estou rico !!!
  • 25. “DIREITA E ESQUERDA” Esta mão é a direita A esquerda é esta mão Com esta digo que sim Com esta digo que não Levanto a direita ao céu Aponto a esquerda p’ro chão Agora que já as conheço Já não faço confusão !
  • 26. “SOMBRA” Álvaro Feijó O sol Põe na parede, a sombra do seu corpo pequenino Que já fazia sombra E que o menino Descobriu. Erguendo o braço Quis tocar a sombra Mas a sombra fugiu !!!
  • 27. “CONVERSA DOS DEDOS” Querem saber os segredos Que em conversa ouvi aos dedos ? Fala o maior, mais pimpão: Tenho fome, quero pão. Responde o polegar: Não há ! Mas deixa estar Deus dará ! E o dos anéis que é medraço: Pede-se a alguém um pedaço Ou furta-se, ainda é melhor Lembra mais o indicador !
  • 28. “ PORQUÊ ?” Quando construo uma torre Uma ponte ou coisa assim Dizem-me: ”Está muito linda! Mas é preciso arrumar Todos os cubos no fim !” E ninguém diz ao meu pai Para arrumar a papelada Que ele deixa no escritório A toda a hora espalhada !
  • 29. “A GAIVOTA” É noite. À noite os barcos dormem. Dormem os barcos E dormem as conchas. Mas uma gaivota de vestido branco Que não tinha sono Andava a voar Por cima do mar E olhava para a noite, Olhava para o mar, E poisou num barco À espera que acordasse o sol.
  • 30. “O FOGÃO DA MINHA AVÓ” Quando a minha avó Vem cá de visita O espanto que faz ! - Que coisa bonita Um fogão a gás ! Volta-se um botão... E é uma beleza ! Pão de ló ou empadão Estão prontos a pôr na mesa ! Mas quando vou eu A casa da avó Todo o espanto é meu. - Que lindo fogão ! Preto e luzidio como o alcatrão! E o calor que espalha O lume encarnado Dentro da fornalha ! Avó nunca venda Este meu fogão !
  • 31. “COMBOIZINHO” Matilde Rosa Araújo Comboizinho, aonde vais ? Pouca terra ! Pouca terra ! Uh!...Uh!... São cavalos a correr E as meninas a aprender E uma bandeirinha no cais. Comboizinho, aonde vais ? Pouca terra ! Pouca terra ! Uh!...Uh!... São cavalos a correr E as meninas a aprender Comboizinho que aflição! Se achas que a terra é pouca, Pára a corrida louca. Eu já não posso parar, Nem mesmo na estação, Dá-me a tua mão, Vamos ver, Os cavalos a correr E as meninas a aprender, Nos campos, Na escola, Sem livros, Nem sacola, Vamos dizer Que a terra é pouca, Para esta corrida louca. Vamos dizer, Que não podemos parar, E os cavalos a voar E as meninas a sonhar. Uh!...Uh!...
  • 32. “A ESTRELINHA” Sidónio Muralha Eu vejo do meu quarto de dormir, Uma estrelinha Miudinha, A luzir... Mas se o sol é tão grande E tanto brilha, A estrelinha miudinha É certamente sua filha. E enquanto o pai sol Enorme, Dorme, Ela vai passear Todas as noites... Quando o pai sol acordar A estrelinha miudinha Leva açoites E vai-se logo a deitar !!!
  • 33. “PAZ DE MUSGO VERDE” Maria Rosa Colaço No seu mundo de erva fresca Dona lagarta verdinha Mastiga couves e sol E sente-se uma rainha Rainha de corpo verde Do prado verde rainha Mastiga couves e sol Dona lagarta verdinha. Tua paz de musgo verde Teu manto de princesinha Que mos dera. Que mos dera! Dona lagarta mansinha!
  • 34. “UM CÃO” Maria Cândida Mendonça Conheci um cão, Que falava, Que escutava, Que cantava, Que brincava, Que ladrava, Que fazia o pino, E que era um grande dançarino. Que jogava à bola, Que perdia, Que ganhava, Que estudava E que andava comigo na escola. E que tal ? Era ou não uma perfeição de cão ? Não acreditam ? Não faz mal Era um cão de imaginação !!!
  • 35. “BRINQUEDO” Miguel Torga Foi um sonho que eu tive Era uma grande estrela de papel Um cordel, e um menino de bibe. O menino tinha lançado a sua estrela Com ar de quem semeia uma ilusão, E a estrela ia subindo, azul e amarela, Presa pelo cordel à sua mão. Mas tão alto subiu Que deixou de ser estrela de papel, E o menino, ao vê-la assim, sorriu E cortou-lhe o cordel.
  • 36. “UMA ESTRELA NA MÃO” Miguel Bernardes Com guache E aguarela Pinta-se uma estrela ! Mas o melhor É ir à noite Olhar o céu E vê-la... Ou até subir Subir ... Subir lá acima E pegar nela !
  • 37. “SIM ? NÃO?” Patrícia Joyce Sim, não, sim, não Esquerda, direita, no cimo, no chão Sim, não, sim, não Grande, pequeno, gigante, anão. Sim, não, sim, não O sol e a noite, a luz e o carvão Sim, não, sim, não Aqui, acolá, no cimo, no chão Sim, não, sim, não Menino risonho, menino chorão Sim, não, sim, não Aqueles que tiram, aqueles que dão Sim, não, sim, não Burrinho a trotar e um foguetão Sim, não, sim, não Castelos no ar e vento suão Sim, não, sim, não Duzentos à hora, carrinhos de mão Sim, não, sim, não O rio Nabão, a serra Marão Sim, não, sim, não Para o balance, dá-me a tua mão. Vamos acabar com esta confusão.
  • 38. “O PASSEIO” Vou passear a boneca Passa por mim muita gente Dou os “Bons-Dias” a todos Que vejo na minha frente. Ensinou-me a minha mãe Que era boa educação Mas sorrir e dar “Bom-Dia” Não custa nada, pois não ?! “O CARRINHO” O vendedor ambulante Vende muitas coisas boas No Verão compro-lhe gelados E só gasto cinco coroas. De Inverno compro castanhas Quentinhas, enfarruscadas. No resto do ano, enfim, Pevides e amendoim. Gosto muito deste amigo Que encontro pelo caminho E às vezes penso comigo: “Quem me dera o seu carrinho !”
  • 39. “A ESCADA ROLANTE” Ando nas escadas rolantes Quando vou ao armazém Uma sobe, a outra desce Leva a gente num vaivém ! Se pudesse ali ficava Toda a tarde a divertir-me, Porque uma escada que mexe É melhor que o chão firme ! “O URSO VELHO” Ai tantos brinquedos Novinhos em folha Que o Zé recebeu Difícil a escolha ! Mas adormecido O Zézinho abraça O seu urso velho Roído de traça.
  • 40. “O RAMALHETE” Foi apanhar o junquilho Lindo amarelo-doirado E miósotis azuis Que havia à beira do prado. Mais uma florinha branca (que não sei que nome tem) Juntei-as num ramalhete E vou dá-lo à minha mãe.
  • 41. “MIMI BONECA” M. Alzira P. Machado Bolas de sabão Vivos a brilhar Seus olhitos dão O ar de falar. Curva, leve, o rosto Parece sorrir Um ar tão composto Será a fingir ?! É capaz ainda De “mamã” dizer E a palavra linda Parece entender !!!
  • 42. “O GATINHO” - És muito pequenino ainda Para andares à beira do rio ! Disse a mãe gata ao gatinho O chão é escorregadio ! Mas o gatinho travesso Não vez caso do que ouvia Catrapus ! Caiu à água Miau ! Miau ! Ai que água tão fria ! “TRÊS LEÕZINHOS” Três leõzinhos na toca Num dia de vendaval Diziam uns para os outros: - Que é aquilo ? Um animal A rugir mais do que nós Com um barulho que atordoa ? - Não. É o vento veloz Que parece um leão feroz. Respondeu a mãe boa.
  • 43. “A LUA” Oh ! Quem me dera saber Se na lua haverá ratos! A lua cheia é um queijo Mas em cada noite a vejo Com um bocadinho a menos ! Se os ratos a vão roendo, Qualquer dia os astronautas Se quiserem lá voltar Já não encontram nenhuma Onde possam alunar ! “A LUA CURIOSA” Penso muita vez Que a lua é curiosa: Acorda de noite Para nos espreitar. Mas não ganha nada Porque a essa hora Está tudo a dormir E a ressonar. E será talvez, Por essa razão, Que às vezes de dia Ela nos espia, Despotada e fria !!!
  • 44. “VIAGEM” Sidónio Muralha De uma casquinha de noz De cinzento pintada Sai a voz bem afinada Da formiga que canta Canta Esta cantiga: Quando o Senhor Vento Assoprar O meu barquinho cinzento Vai navegar !!! Barquinho cinzento Cinzento é ele Mas coisa engraçada Tem a chaminé de vermelho pintada. Tem a chaminé de Vermelho pintada Que vai navegar Quando o Senhor vento Assoprar. Meu barquinho A duas cores Carregadinho De flores. Depois A formiga calou-se E o barquinho partiu, Como a cantiga doce O barquinho seguiu, Seguiu nas ondas do mar Se você o viu Faça a favor de telefonar.
  • 45. “SONHO” Luís Monte Branco Não tens asas, Não tens pés, Não tens braços p’ra nada... Como fazes nuvenzinha para no céu passear ? - O vento que é meu amigo, Leva-me p’ra onde eu quero. - E que fazes tu sozinha ? Fugiste à tua mãezinha ?... - Não minha linda amiguinha, Ando só a passear. - Se eu tivesse uma escadinha Com que pudesse trepar, Subia ao céu nuvenzinha, Ia contigo brincar...
  • 46. “POESIA” Hélio da Costa Ferreira Todos os dias Voando, voando As aves caminham Ao longo do mar. Todos os dias Cantando, cantando As crianças caminham Em qualquer lugar. Todos os dias, meu Deus, Tanta esperança Nos braços abertos De cada criança “A ARITMÉTICA”
  • 47. Um e um são dois Dois bombons. E depois ? Dois e um são três Dois para mim desta vez Três e um são quatro Com recheio de ananás Apanha-os lá se és capaz ! “QUE ESQUISITOS SÃO OS ESPELHOS” - Que esquisitos são os espelhos ! Quando me ponho na frente Vejo uma rapariguinha Vestida decentemente. Mas a mãe, essa protesta: - Puseste o chapéu de lado E o casaco do avesso ! Estas mascarada na testa ! Com o casaco desatado E tens sujos os joelhos ! Por isso é que me aborreço Que esquisitos são os espelhos !
  • 48. “O JANTARINHO” Matilde Rosa Araújo Maria fazia a sopa Num tachinho de alumínio José estrelava os ovos Em frigideira de barro. Abanava o abaninho O fogo que já ardia, No brincar aos jantarinhos De José e de Maria. - Onde está a hortelã ? Lhe perguntava a Maria. - Está aqui ao pé da água ! O José lhe respondia. - Onde é que está o sal ? Lhe perguntava o José. - Numa caixinha de estrelas, Está mesmo aqui ao pé. Abanava o abaninho O fogo já ardia, No brincar aos jantarinhos De José e Maria.
  • 49. “ AS PESSOAS CRESCIDAS” Oh, como são aborrecidas Estas pessoas crescidas ! Decerto o seu dicionário Diz as coisas ao contrário ! Porque se a gente pedir Que nos contem uma história À noite antes de dormir, Respondem: “Mais tarde conto.” Isto é, ponto por ponto, Em linguagem de pais: “Que não contam nunca mais”. Se pedirmos um presente (Mesmo que se venda em frente da casa onde a gente mora) Respondem-nos sem demora: “Está, depois se verá”. O que significa “Não”. E a gente nunca o terá. “BARQUINHO”
  • 50. Maria Alzira P. Machado Corre, corre Dança, dança Nas ondas Balança... Eu vou aprender Contigo a correr, Contigo a dançar, Barquinho do mar. Barquito, amiguinho Vai anoitecer. Regressa cedito, Não te vais perder...
  • 51. “CANÇÃO” Eugénio de Andrade Tinha um cravo no me balcão: Veio um rapaz e pediu-mo, - Mãe, dou-lho ou não ? Sentada, bordava um lenço da mão, Veio um rapaz e pediu-mo, - Mãe, dou-lho ou não ? Dei um cravo e dei um lenço, Só não dei o coração, Mas se o rapaz mo pedir, - Mãe, dou-lho ou não ?
  • 52. “ OLHOS DE MENINOS” Henriqueta Lisboa Quando à noite Vem baixando, Nas raízes ao lusco-fusco E na penumbra Das moitas E na sombra enorme dos campos, Piscam, piscam, Pirilampos ! São pirilampos Que acendem pisca-piscando As suas verdes lanternas, Ou são claros olhos verdes, De menininhos travessos, Verdes olhos semitontos, Semitontos mas acesas Que está lutando com sono ? À noite, que observam os teus olhos ?
  • 53. “PROMESSA” Tarcísio Miranda Mãe compra-me o barco de lata Que está na montra do Armelim. Não mais farei de pirata Nem serei menino ruim. Não lutarei à pedrada na Rua do Castelo Nem sujarei o bibe amarelo. Não jogarei à bola no adro do mosteiro E entre todos na escola serei o primeiro Mãe mereço uma prenda. Compra-me o barco de lata Antes que o Armelim o venda A outro marinheiro.
  • 54. “O GRILO, A CIGARRA E A FORMIGA” Grilo, grilarim Tens um canto azul Na noite de cetim ! Cigarra, cigarrinha Tens um canto branco Na noite de cambraia ! Formiga, miga, miga Só tu cantas os nadas Do silêncio do sol, Das estrelas caladas... “A CONSTIPAÇÃO DO CARACOL” Senhor caracol
  • 55. Andou pela horta Passeio para aqui Passeio para ali Pauzinhos no ar Cabecinha ao sol Não tem cuidado E depois Atchim ! Senhor caracol Ficou constipado Hoje de manhã Não saiu da casca Não foi para a horta Nem para o jardim. Então Lamentou-se: Que grande arrelia ! Coitado de mim ! Ao saber do caso A dona lagarta Logo resolveu Mandar-lhe uma carta (Carta que transcrevo e dizia assim:) Senhor Caracol: Siga o meu conselho Não torne para aí de cabeça ao léu Quando andar ao sol Ponha o seu chapéu ! “ORAÇÃO AO MENINO JESUS”
  • 56. Oh! Meu Menino Jesus Neste tempo sem igual Venho fazer-te um pedido Para o dia de Natal Lá longe p’ra lá do mar Estão os meninos de Timor E para eles eu peço Um barco cheio de amor. Para os meninos de Angola Que cheios de fome estão Eu peço muita comida Dentro de um grande avião Para os meninos de todo o mundo E em especial neste dia Eu peço um grande comboio Muito cheio de alegria E para os meninos de Portugal Eu desejo um Bom Natal !!! “NATAL”
  • 57. Natal é o sol no Inverno É brisa fresca no Verão É juventude no Outono Amor, em cada estação. Natal não é uma festa! Porque nasceu um menino Natal, é a minha canção Quando o menino tem fome E tem pão ! Natal é aquele segundo Em que encheste a tua vida Só porque encontraste um mundo Uma lágrima caída... Natal não é uma festa ! Natal é simples, choupana Sempre com porta aberta P’ra receber um amigo Um sonho que desperta Natal não é uma festa !