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*História de dois*
Grupo – Deisiane Cazaroto Nathalia Bortoletto Sandra Batistella Sanmia Marques
A autora Adriana Canepa Barbosa inicia este trabalho com
uma metáfora comparativa entre a escrita e o acompanhamento
terapêutico.
Ambas se distanciam na pratica, mas na reflexão se
assemelham como processo.
Escrever e acompanhar compartilham as belezas e
dificuldades de um processo de criação.
Mas o que eu dizer do Acompanhante Terapêutico?
Onde reside a criação?
Segundo Winnicott (1970), o potencial de criação do sujeito começa a ser
desenvolvido entre a fase da ilusão e a da desilusão, ao que ele nomeia como fase
transicional. Para ele, o indivíduo tem potencialidade para a capacidade de criar,
mas a atualização desta capacidade dependerá de um ambiente facilitador, que
propicia algumas experiências básicas. Estas experiências podem se situar em
duas áreas: a da ilusão e da desilusão.
Na área da ilusão – a mãe-ambiente fornece ao bebê a "experiência da
onipotência", não há separação do eu – não eu, é o momento da ilusão, que funda
a experiência do ser sem interrupções insuportáveis, estabelecendo o sentimento
de completude.
A área da desilusão, depois de estabelecido o sentimento de completude, poderá
ser vivida de forma a criar um espaço potencial entre a mãe e o bebê – o objeto
transicional, símbolo da união mãe-bebê, que ocupará o espaço potencial no
momento em que se der a separação eu – não eu. Inaugura-se, aqui, a capacidade
de simbolizar – indispensável ao processo de criação do sujeito.
Tal capacidade se dá, mediante a presença da mãe-objeto e da mãe-
ambiente, ou daquela que substitui a mãe nas suas funções.
Em circunstâncias favoráveis, a mãe, ou a sua substituta, recebe toda
a carga dos impulsos do bebê, como a mãe que pode ser amada ou a
pessoa a quem se pode fazer reparações.
Só assim, as ansiedades e as fantasias sobre esses impulsos tornam-se
toleráveis para o bebê, que pode experimentar a culpa ou retê-la
totalmente, na expectativa de uma oportunidade para fazer a sua
reparação.
A proposta não é pensar isoladamente o lugar do acompanhante ou do
acompanhado, mas sim pensar justamente a união, o encontro que ai se
estabelece.
Pois o processo vivido conjuntamente é o principal interesse.
Contudo, é preciso ter um distanciamento, um olhar que assiste de
fora, ao desenrolar da história.
A criação está não no ato da interpretação, mas na própria constituição da
história.
No começo há apenas os papeis, previamente designados, de acompanhante
e acompanhado.
O papel do Acompanhante consiste em estar junto com seu paciente nos
dias e horários combinados.
Já o Acompanhado será aquele que terá alguém ao seu lado nos dias e
horários combinados. Alguém que o acompanhe em sua solidão e
movimente a sua mobilidade, para compartilhar, na própria vivencia a
intensidade de seu sofrimento
“Vem-me a imagem de uma prisão, cujas paredes móveis, caminham com
seu prisioneiro.”
Solidão, desespero, falta de liberdade e de contato, são características
comuns aos pacientes acompanhados.
Até aqui na medida do possível foram feitas
uma apresentação do acompanhante e do acompanhado, mas
somente na história é possível conhecê-los.
Os personagens variam conforme as histórias, e as histórias conforme os
personagens. Porém, há um ponto que acostuma se repetir, os pacientes são,
em sua maioria, psicóticos.
No que isso interfere na relação dos personagens e na história
por eles criada?
É preciso entender, é preciso ser entendido. É preciso escutar, é
preciso falar. É preciso, acima de tudo, estabelecer um tipo de
comunicação. No entanto, referem-se a algo pouco óbvio, e muito
menos comum. Entender e ser entendido são tarefas pouco simples
no diálogo entre neurose e psicose.
Então, que tipo
de escuta e de fala se produzirão?
A predominância de um sobre o outro é pouco eficaz;
conversar em duas línguas é inviável; mas procurar
estabelecer um referencial comum seria o ideal. Para tal,
é preciso relativizar momentaneamente o próprio
referencial.
Na história a dois, não há, portanto ensinamento e correção,
não se trabalha com regras e objetivos fixos.
Acompanhante e Acompanhado; expõem-se, sem proteção ao
encontro que esta por vir.
No primeiro encontro o Acompanhante procura se proteger da
ansiedade através do método (conjuntos de técnicas), assim
programaria e se preveniria de eventuais incidentes. Esse
escudo protetor atingiria também o Acompanhado, que neste
caso dispensaria de determinar e escolher a direção do
trabalho.
Não há regras ou fórmulas para estabelecer já no primeiro encontro,
suas combinações serão criadas na própria vivencias, no próprio
encontro.
Inicia-se, assim, o processo conjunto de criação, na vivencia.
“ A criatividade ocorre num ato de encontro, e deve ser compreendida como
tendo por centro esse encontro.” (Ibidem, p.79).
Acompanhante e acompanhado percorre um trajeto sem roteiro. De
fim e alcance indefinidos, seu destino é móvel e desloca-se com o
caminhar. Sem etapas programadas, não a fim determinado. A
necessidades dos acompanhados variam de caso para caso, de
momento para momento.
O acompanhamento apreende, entre outras coisas, acompanhar tais
modulações.
Entrar no seu ritmo, seguir na melodia. Sem partitura de apoio, não se tem
as notas, não se sabe o tom. Cria-se, a cada compasso, uma nova
possibilidade. Vivenciar tal canção é desconhecer o momento seguinte.
Pode ter duvidas; garante-se, assim, o compromisso com a composição;
composição feita a dois.
“O compromisso mais saudável não é o que está livre
de duvidas, mas o que existe apesar delas” (MAY, 1975,p.19).
“Devemos nos comprometer por completo, e ao mesmo tempo ter consciência de que
podemos estar errados” (Ibidem, p.18).
Sustenta-se, com isso, a possibilidade criativa
Deliberações externas não atuam; é no dentro que se dá a sentença. Os atos e
suas consequências são julgados pela dupla, pelo encontro estabelecido.
Aceitar ou não o convite? Emprestar ou não o dinheiro?
Abraçar ou beijar? Ajudar com a limpeza ou deixá-lo limpar?
Levar ao medico ou ensina-lo a ir?
Cuidar dos pagamentos ou fazê-lo cuidar?
Mostrar estar bravo ou ser flexível? Falar o que viu ou esperar que veja?
As duvidas são inúmeras; as possibilidades de erro também. Vividas
conjuntamente, as duvidas do acompanhante refletem em ato ou pedido do
acompanhado.
Resolver o dilemas é focar-se não só no acompanhado, mas na própria
relação. O caminho certo se revelará depois, na vivencia conjunta do
decidido; vivência essa que ultrapassam os limites da fala.
Afetos diferentes participam das decisões, deixam marca, sem
adquirir forma. Fazem-se sentir e nem sempre são decifrados. O
acompanhante, sempre atento, busca traduzi-los.
Traduções sem garantias, no entanto, geram duvidas e incertezas. A
incerteza do percebido pelo acompanhante geram duvidas quanto a
sua comunicação ao acompanhado. Já ao acompanhado supõe-se
outras experiências. Psicóticos em geral, fazem outro uso da palavra.
Não buscam o nome certo ou palavra-chave. Suas palavras são o
próprio corpo e revelam com precisão, a sua condição.
Há uma unidade inseparável entre ambos, palavra e corpo,
promovem uma organização.
A aproximação corporal, condição do encontro é uma alternativa.
Compartilhando experiências, acompanhante e acompanhado trocam mais
do que palavras. Comunicação sutil as vezes é imperceptível.
Dar voz a essa comunicação é poder, no silencio, escuta-la. Ouvi-la, não com
o ouvido, mas com o próprio corpo. Criar dialogo pelo não dito. Se o corpo
pode falar, a de poder escutar.
Acompanhante e acompanhado se lançam a exploração. A surpresa do novo,
a surpresa do ali produzido.
“Alguma coisa nasceu, veio ao mundo algo que não existia antes _ a
Melhor definição de criatividade” (Ibidem, p. 79).
O acompanhamento terapêutico é “ basicamente o processo de fazer, de dar a vida”
(Ibidem, p.39).
Acompanhante e acompanhado só os são a partir do encontro, da história
construída. História que nasce, e os cria em seus papéis.
Terceiro analítico que surge e da vida aos personagens. Sem ela, não há
acompanhante, não há acompanhado, não há acompanhamento.
Terceiro Analítico:
Cria-se, não exclusivamente pela palavra, mas na própria
vivencia comum. Gerado na experiência, é filho do agora.
Nascendo e renascendo, cria e recria seus autores.
Acompanhante e Acompanhado não só os transformam, mas
nele os transformam.
“O terceiro analítico não é apenas uma forma de experiência de que participam analista e
analisando, é ao mesmo tempo, uma forma de vivenciar a eu-dade (uma forma de
subjetividade), na qual (por meio da qual) analista e analisando se tornam outros do que
foram até aquele momento.” (Ogden, 1996)
O terceiro analítico geralmente se manifesta por meio de imagens,
sensações ou sentimentos produzidos na mente do analista no momento do
encontro terapêutico. O analista capta o terceiro através de sua função
reverie e dá voz à experiência. Desse modo, analista e analisando vivenciam
o passado vivo do analisando criado intersubjetivamente no terceiro analítico,
possibilitando assim, sua elaboração e transformação.
Adquirimos Diplomas para atuar no mundo de fora, mas
fomos frágeis para liderar o mundo psíquico.
Temos tendências em ser gigantes no mundo profissional,
mas meninos no território das emoções e dos pensamentos!
Augusto Cury

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Acompanhante - Acompanhado , história a dois* / Psicologia da Saúde.

  • 1. *História de dois* Grupo – Deisiane Cazaroto Nathalia Bortoletto Sandra Batistella Sanmia Marques
  • 2. A autora Adriana Canepa Barbosa inicia este trabalho com uma metáfora comparativa entre a escrita e o acompanhamento terapêutico. Ambas se distanciam na pratica, mas na reflexão se assemelham como processo. Escrever e acompanhar compartilham as belezas e dificuldades de um processo de criação.
  • 3. Mas o que eu dizer do Acompanhante Terapêutico? Onde reside a criação? Segundo Winnicott (1970), o potencial de criação do sujeito começa a ser desenvolvido entre a fase da ilusão e a da desilusão, ao que ele nomeia como fase transicional. Para ele, o indivíduo tem potencialidade para a capacidade de criar, mas a atualização desta capacidade dependerá de um ambiente facilitador, que propicia algumas experiências básicas. Estas experiências podem se situar em duas áreas: a da ilusão e da desilusão. Na área da ilusão – a mãe-ambiente fornece ao bebê a "experiência da onipotência", não há separação do eu – não eu, é o momento da ilusão, que funda a experiência do ser sem interrupções insuportáveis, estabelecendo o sentimento de completude. A área da desilusão, depois de estabelecido o sentimento de completude, poderá ser vivida de forma a criar um espaço potencial entre a mãe e o bebê – o objeto transicional, símbolo da união mãe-bebê, que ocupará o espaço potencial no momento em que se der a separação eu – não eu. Inaugura-se, aqui, a capacidade de simbolizar – indispensável ao processo de criação do sujeito.
  • 4. Tal capacidade se dá, mediante a presença da mãe-objeto e da mãe- ambiente, ou daquela que substitui a mãe nas suas funções. Em circunstâncias favoráveis, a mãe, ou a sua substituta, recebe toda a carga dos impulsos do bebê, como a mãe que pode ser amada ou a pessoa a quem se pode fazer reparações. Só assim, as ansiedades e as fantasias sobre esses impulsos tornam-se toleráveis para o bebê, que pode experimentar a culpa ou retê-la totalmente, na expectativa de uma oportunidade para fazer a sua reparação.
  • 5. A proposta não é pensar isoladamente o lugar do acompanhante ou do acompanhado, mas sim pensar justamente a união, o encontro que ai se estabelece. Pois o processo vivido conjuntamente é o principal interesse. Contudo, é preciso ter um distanciamento, um olhar que assiste de fora, ao desenrolar da história. A criação está não no ato da interpretação, mas na própria constituição da história.
  • 6. No começo há apenas os papeis, previamente designados, de acompanhante e acompanhado. O papel do Acompanhante consiste em estar junto com seu paciente nos dias e horários combinados. Já o Acompanhado será aquele que terá alguém ao seu lado nos dias e horários combinados. Alguém que o acompanhe em sua solidão e movimente a sua mobilidade, para compartilhar, na própria vivencia a intensidade de seu sofrimento
  • 7. “Vem-me a imagem de uma prisão, cujas paredes móveis, caminham com seu prisioneiro.” Solidão, desespero, falta de liberdade e de contato, são características comuns aos pacientes acompanhados. Até aqui na medida do possível foram feitas uma apresentação do acompanhante e do acompanhado, mas somente na história é possível conhecê-los.
  • 8. Os personagens variam conforme as histórias, e as histórias conforme os personagens. Porém, há um ponto que acostuma se repetir, os pacientes são, em sua maioria, psicóticos. No que isso interfere na relação dos personagens e na história por eles criada? É preciso entender, é preciso ser entendido. É preciso escutar, é preciso falar. É preciso, acima de tudo, estabelecer um tipo de comunicação. No entanto, referem-se a algo pouco óbvio, e muito menos comum. Entender e ser entendido são tarefas pouco simples no diálogo entre neurose e psicose.
  • 9. Então, que tipo de escuta e de fala se produzirão? A predominância de um sobre o outro é pouco eficaz; conversar em duas línguas é inviável; mas procurar estabelecer um referencial comum seria o ideal. Para tal, é preciso relativizar momentaneamente o próprio referencial.
  • 10. Na história a dois, não há, portanto ensinamento e correção, não se trabalha com regras e objetivos fixos. Acompanhante e Acompanhado; expõem-se, sem proteção ao encontro que esta por vir. No primeiro encontro o Acompanhante procura se proteger da ansiedade através do método (conjuntos de técnicas), assim programaria e se preveniria de eventuais incidentes. Esse escudo protetor atingiria também o Acompanhado, que neste caso dispensaria de determinar e escolher a direção do trabalho.
  • 11. Não há regras ou fórmulas para estabelecer já no primeiro encontro, suas combinações serão criadas na própria vivencias, no próprio encontro. Inicia-se, assim, o processo conjunto de criação, na vivencia. “ A criatividade ocorre num ato de encontro, e deve ser compreendida como tendo por centro esse encontro.” (Ibidem, p.79). Acompanhante e acompanhado percorre um trajeto sem roteiro. De fim e alcance indefinidos, seu destino é móvel e desloca-se com o caminhar. Sem etapas programadas, não a fim determinado. A necessidades dos acompanhados variam de caso para caso, de momento para momento.
  • 12. O acompanhamento apreende, entre outras coisas, acompanhar tais modulações. Entrar no seu ritmo, seguir na melodia. Sem partitura de apoio, não se tem as notas, não se sabe o tom. Cria-se, a cada compasso, uma nova possibilidade. Vivenciar tal canção é desconhecer o momento seguinte. Pode ter duvidas; garante-se, assim, o compromisso com a composição; composição feita a dois. “O compromisso mais saudável não é o que está livre de duvidas, mas o que existe apesar delas” (MAY, 1975,p.19). “Devemos nos comprometer por completo, e ao mesmo tempo ter consciência de que podemos estar errados” (Ibidem, p.18). Sustenta-se, com isso, a possibilidade criativa
  • 13. Deliberações externas não atuam; é no dentro que se dá a sentença. Os atos e suas consequências são julgados pela dupla, pelo encontro estabelecido. Aceitar ou não o convite? Emprestar ou não o dinheiro? Abraçar ou beijar? Ajudar com a limpeza ou deixá-lo limpar? Levar ao medico ou ensina-lo a ir? Cuidar dos pagamentos ou fazê-lo cuidar? Mostrar estar bravo ou ser flexível? Falar o que viu ou esperar que veja? As duvidas são inúmeras; as possibilidades de erro também. Vividas conjuntamente, as duvidas do acompanhante refletem em ato ou pedido do acompanhado. Resolver o dilemas é focar-se não só no acompanhado, mas na própria relação. O caminho certo se revelará depois, na vivencia conjunta do decidido; vivência essa que ultrapassam os limites da fala.
  • 14. Afetos diferentes participam das decisões, deixam marca, sem adquirir forma. Fazem-se sentir e nem sempre são decifrados. O acompanhante, sempre atento, busca traduzi-los. Traduções sem garantias, no entanto, geram duvidas e incertezas. A incerteza do percebido pelo acompanhante geram duvidas quanto a sua comunicação ao acompanhado. Já ao acompanhado supõe-se outras experiências. Psicóticos em geral, fazem outro uso da palavra. Não buscam o nome certo ou palavra-chave. Suas palavras são o próprio corpo e revelam com precisão, a sua condição. Há uma unidade inseparável entre ambos, palavra e corpo, promovem uma organização.
  • 15. A aproximação corporal, condição do encontro é uma alternativa. Compartilhando experiências, acompanhante e acompanhado trocam mais do que palavras. Comunicação sutil as vezes é imperceptível. Dar voz a essa comunicação é poder, no silencio, escuta-la. Ouvi-la, não com o ouvido, mas com o próprio corpo. Criar dialogo pelo não dito. Se o corpo pode falar, a de poder escutar. Acompanhante e acompanhado se lançam a exploração. A surpresa do novo, a surpresa do ali produzido. “Alguma coisa nasceu, veio ao mundo algo que não existia antes _ a Melhor definição de criatividade” (Ibidem, p. 79).
  • 16. O acompanhamento terapêutico é “ basicamente o processo de fazer, de dar a vida” (Ibidem, p.39). Acompanhante e acompanhado só os são a partir do encontro, da história construída. História que nasce, e os cria em seus papéis. Terceiro analítico que surge e da vida aos personagens. Sem ela, não há acompanhante, não há acompanhado, não há acompanhamento. Terceiro Analítico: Cria-se, não exclusivamente pela palavra, mas na própria vivencia comum. Gerado na experiência, é filho do agora. Nascendo e renascendo, cria e recria seus autores. Acompanhante e Acompanhado não só os transformam, mas nele os transformam.
  • 17. “O terceiro analítico não é apenas uma forma de experiência de que participam analista e analisando, é ao mesmo tempo, uma forma de vivenciar a eu-dade (uma forma de subjetividade), na qual (por meio da qual) analista e analisando se tornam outros do que foram até aquele momento.” (Ogden, 1996) O terceiro analítico geralmente se manifesta por meio de imagens, sensações ou sentimentos produzidos na mente do analista no momento do encontro terapêutico. O analista capta o terceiro através de sua função reverie e dá voz à experiência. Desse modo, analista e analisando vivenciam o passado vivo do analisando criado intersubjetivamente no terceiro analítico, possibilitando assim, sua elaboração e transformação.
  • 18. Adquirimos Diplomas para atuar no mundo de fora, mas fomos frágeis para liderar o mundo psíquico. Temos tendências em ser gigantes no mundo profissional, mas meninos no território das emoções e dos pensamentos! Augusto Cury