4. Guerra dos Emboabas
Os bandeirantes paulistas, responsáveis pelas primeiras
descobertas, acreditavam que a exploração das minas deveria ser
reservada aos pioneiros da região. Em contrapartida, a Coroa
Portuguesa enxergava o feito como mais uma excelente
oportunidade de negócio capaz de sanar a vida do Estado
Lusitano. Dessa forma, a região de Minas Gerais, entre 1708 e
1709, acabou se transformando em palco de um conflito que
acabou conhecido como a Guerra dos Emboabas.
A utilização do termo “emboaba” era pejorativamente
dirigida aos estrangeiros que tentaram controlar a região
tardiamente. Na língua tupi, essa expressão era originalmente
utilizada pelos indígenas para fazer menção a todo tipo de ave
que tinha sua perna coberta de penas até os pés. Com o passar
do tempo, os bandeirantes paulistas a reinterpretaram para se
referir aos forasteiros que, calçados de botas, alcançavam a
região interiorana atrás dos metais preciosos.
No ano de 1709, a Coroa Portuguesa determinou a
imediata separação territorial das capitanias de Minas Gerais, Rio
de Janeiro e São Paulo. Ao fim da guerra, os bandeirantes
buscaram outras jazidas nas regiões de Mato Grosso e Goiás
6. “Vila Rica”
O surgimento dos primeiros núcleos
urbanos, como Mariana e Vila Rica, afetou as
dinâmicas políticas e sociais da Colônia. O
comércio interno da América Portuguesa
convergia para as Minas, estabelecendo
longas rotas comerciais. Essa integração
regional fortaleceu, ao longo do século XVIII,
sentimentos de uma identidade local,
distinta da Metrópole.
9. A sociedade e a
romantização da vida
nas Minas
A dinâmica dos núcleos urbanos das Minas criou um cenário em
que uma parcela da população negra escravizada pode comprar ou
conquistar sua própria liberdade.
A ideia de uma sociedade mais livre e miscigenada nas Minas
Gerais acabou inspirando uma certa “novelização” das relações
entre brancos e negros na criação de uma memória nacional.
Nos anos 1930, o governo Vargas e seus intelectuais criavam a
noção de uma sociedade brasileira que se iniciava nas Minas,
dando origem às políticas de restauro do patrimônio de cidades
como Ouro Preto e Mariana.
11. O DEBATE HISTORIOGRÁFICO
Se inicialmente se tinha a ideia de uma
região enriquecida pela mineração, nas
últimas décadas a historiografia trouxe à
tona uma outra interpretação da economia
das Minas Gerais, em que o “sentido da
colonização” explicaria um intenso fluxo de
riqueza apenas para a metrópole.
13. Europa do XVIII
Século das Luzes:
- Despotismo Esclarecido;
- Eficiência
administrativa;
- Fiscalização e taxação;
- Manutenção das
cortes;
- Mercantilismo e os
fisiocratas;
- Primeiros passos do
liberalismo
15. A Era
Pombalina
p.83
Características gerais:
- Busca por eficiência administrativa;
criação do Banco Real e a diminuição
dos privilégios da Nobreza na taxação
dos impostos;
- Criação de um aparato administrativo
colonial: Companhias de Comércio e
fundação de novas vilas;
- Aumento do lucro da Metrópole na
exploração dos recursos da Colônia;
“Pacto Colonial”
- Reiteração da proibição da escravidão
indígena;
- Expulsão dos jesuítas da Colônia;
16. O barroco mineiro: fé
e sociedade
• A formação dos núcleos urbanos transformou
as relações sociais e sua simbologia. Assim, as
Igrejas se consolidavam como espaços de
reunião e visibilidade social.
• Com a expulsão da ordem jesuítica, as
chamadas “irmandades” laicas
demonstravam seu status (e sua fé, claro) por
meio da construção e administração de
igrejas.
• A riqueza de cada irmandade era associada a
quantidade de ouro e de ornamentos
utilizados em suas igrejas
17. O Barroco
• Enquanto estilo artístico, o barroco se
contrapunha ao classicismo que havia
dominado a era do Renascimento.
• Diferentemente da arte dos humanistas, o
barroco valorizava o teocentrismo, em obras
marcadamente religiosas que tinham o
excesso dos ornamentos e das cores como
uma de suas características centrais.
• O estilo se consolidou nas Américas e muitas
das representações barrocas mostram como
artistas de ascendência africana e indígena
usaram o espaço disponível nos ornamentos
como maneira de se apropriarem da fé e da
arte dos colonizadores
• No Brasil, dois dos maiores nomes dessa arte
foram os do Mestre Ataíde e Aleijadinho
19. A Revolta de Vila Rica
ou Revolta de Filipe dos
Santos, 1720
p.88
20. “As primeiras revoltas
no Brasil Colonial”
p.86
Nas décadas que antecederam o ciclo da mineração, outras revoltas,
em outras regiões da Colônia foram mais tarde (e anacronicamente)
vistas como as primeiras tentativas de emancipação regional.
Historicamente, essas rebeliões estão associadas à busca de maior
autonomia nas atividades econômicas locais em uma disputa com a
administração portuguesa após o fim da União Ibérica
São os casos da Aclamação de Amador Bueno (São Paulo, 1641), a
Revolta dos Beckman (Maranhão, 1684) e a Guerra dos Mascates
(Pernambuco, 1710-1711)
22. Iluminismo, Reforma e Revolução
▪ Ao longo do século XVIII, eclodiram
diversos movimentos inspirados nas
ideias liberais da Revolução Gloriosa
(1689) nos textos dos filósofos –
principalmente franceses – críticos do
absolutismo e da Igreja Católica .
23. O caso exemplar: a Independência das 13
Colônias
▪ A Declaração de Independência das
Treze Colônias inglesas, dando origem
aos EUA em 1776 foi, até aquele
momento, o maior símbolo de
movimento baseado nas ideias
Iluministas.
▪ O novo país (apesar da escravidão),
declarava os princípios de igualdade e
liberdade no que surgia como a
primeira grande república da história
moderna
24. A Inconfidência Mineira (1789) e a
Conjuração Baiana (1798)
▪ Inspirados na
Independência
dos EUA (e, no
caso baiano, na
Revolução
Francesa) dois
famosos
movimentos se
iniciaram na
América
Portuguesa do
século XVIII.
▪ Os movimentos apresentam
descontentamentos locais
(como a cobrança dos impostos
portugueses) e a circulação de
ideais de um debate político do
“mundo atlântico “
25. A Inconfidência Mineira: “a revolução
que não foi”
▪ Celebrado como herói (e feriado!) nacional apenas um século
após à sua morte, já na República, Tiradentes e o movimento do
qual tomou parte tiveram mais impacto como construção
narrativa política no fim do XIX e início do século XX do que
como acontecimento histórico em sua época.
▪ Nessa narrativa, a busca de um herói local, republicano e não
português (apesar de branco) a partir de 1889 ajuda a entender a
escolha porTirandentes como herói e símbolo da nação.
26. A Inconfidência Mineira: origens e
pautas
▪ A insatisfação política nas Minas Gerais tinha se agravado desde a
administração pombalina, que instituiu a derrama.
▪ Ao mesmo tempo, a elite local entrava em contato com o debate
iluminista que dominava as discussões do mundo Atlântico naquele
momento.
▪ Assim surgiu a conspiração de um grupo da elite local que tramava
sequestrar o governador português em Vila Rica (Ouro Preto) no dia
da cobrança da derrama, iniciando uma rebelião que terminaria
com a independência – se não de todo o Brasil, ao menos das Minas
Gerais – e o surgimento de uma República nos moldes dos EUA
▪ A abolição da escravidão não era uma das pautas da conspiração,
apoiada por muitos senhores de escravos.
▪ Às vésperas de seu início, porém, o movimento foi denunciado por
um de seus próprios membros que buscava, assim, o perdão de
suas dívidas junto ao governo português.
28. A Inconfidência Mineira: a devassa
▪ Os líderes do movimento foram presos e tiveram sua
pena de morte convertida em exílio, por decreto da
Rainha Maria (a Pia, em Portugal, a “Louca”, no
Brasil).
▪ Com a exceção de Tiradentes. Dentista e militar de
baixa patente, não era um dos principais líderes do
movimento, mas um eloquente porta-voz de suas
ideias nas cidades mineiras.
▪ Sua pena de morte cumpriu os rituais exemplares
comuns no Antigo Regime: em praça pública, com o
corpo esquartejado exposto na cidade.
29. Conjuração Baiana (1798):origens e
pautas
▪ Ideias iluministas e influência das
Revoluções nos EUA e na França;
▪ Insatisfação da elite (reunida na
maçonaria) com as transformações
geradas pela mudança da capital para o
Rio de Janeiro;
▪ Insatisfação popular com a retomada das
grandes propriedades de açúcar e as
dificuldades vividas pela pequena
propriedade, o que originou uma série de
saques nos anos anteriores.
▪ Maior apelo popular e presença de pautas
contrárias ao domínio senhorial: a
Revolta dos “Alfaiates”