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1
Escola EB 2,3/S de Baião
Curso Profissional de Técnico de Turismo Ambiental Rural
Prova de Aptidão Profissional
Turismo de Lazer e Natureza
Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira
Baião / 2010
Fábio Teixeira
Flávia Carvalho
Marília Soares
2
Escola E, B 2,3/S de Baião
Curso de Técnico de Turismo Ambiental e Rural
Prova de Aptidão Profissional
Turismo de Lazer e Natureza
Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira
Esta prova de Aptidão foi realizada no âmbito do Curso Profissional de Turismo Ambiental e
Rural, orientada pelos professores Fernando Matos Rodrigues e Rui Mendes pelos alunos Fábio Teixeira,
Flávia Carvalho e Marília Soares.
Baião 2010
3
Índice
1. Introdução 5
2. Enquadramento Territorial 6
3. Contexto espacial e ambiental da rota da Serra da Aboboreira da região – concelho
de Baião (Baixo Tâmega) 11
3.1. Contexto Geomorfológico e Geológico 13
3.2. Floresta 14
3.3. Breve nota sobre Turismo no Espaço Rural 15
4. Breve nota sobre turismo Rural
4.1. Rotas turísticas 17
4.2. Percursos pedestres 20
5. Animação turística no Âmbito do Turismo de Natureza
5.1. Modalidades de Animação 22
5.2. O animador turístico 24
5.3. O perfil do animador 25
5.4. A profissão de guia de Turismo 26
6. Globalização, Desenvolvimento em Meio Rural e Regionalização 28
6.1. Lazer e Natureza no Turismo Rural 31
7. Desenvolvimento em Meio Rural: Rupturas conceptuais e novos desafios 32
8. Desenvolvimento Local, liderança estratégica e regionalização: considerações a
propósito de um debate na ordem do dia 38
9. Planeamento e Organização de projectos 39
9.1. Elaboração de um projecto turístico (panfleto)
10. Rota da Serra da Aboboreira (estudo de caso) 40
10.1. Caracterização Ambiental e Territorial da Rota da Serra da Aboboreira
10.1.1.Flora autóctone 40
10.1.2.Fauna 45
10.1.3.As Casas e os Lugares 47
10.2. Identificação e estudo da micro-toponimia 50
10.3. Levantamento estatístico das aldeias da Serra da Aboboreira 51
4
10.4. Identificação e caracterização do Património Arqueológico
Arquitectónico 55
10.4.1- A Necrópole Megalítica da Aboboreira 56
10.4.2- Vestígios da Idade do Bronze e da Idade média 57
10.4.3- Anta da Aboboreira 58
10.4.4- Conjunto Megalítico de Outeiro de Gregos 61
10.4.5- Conjunto Megalítico de Meninas de Castro 65
10.4.6 Conjunto Megalítico de Outeiro de Ante 67
10.5. Identificação do património material das Aldeias 69
11. Anexos 70
5
1. Introdução
Este trabalho foi realizado no âmbito do Curso Profissional de Turismo
Ambiental e Rural para a prova de aptidão profissional, sob orientação do professor
Fernando Matos Rodrigues, Rui Mendes, e Pedro Paiva.
Para a sua elaboração, recolhemos informação ao longo dos anos lectivos
2008/2009 e 2009/2010.
A proposta que os professores apresentaram aos alunos foi para se organizarem
em grupos, os quais foram escolhidos por nós alunos. Ao nosso grupo coube recolher e
tratar informação acerca da Serra da Aboboreira
Este trabalho foi desenvolvido tendo em conta o estágio que realizemos.
Agradecemos a disponibilidade dos professores que nos ajudaram na pesquisa
bibliográfica, a todas as pessoas que se disponibilizaram para responder aos inquéritos
das aldeias de Almofrela e Currais.
Utilizamos várias técnicas e vários métodos de pesquisa. As técnicas não
documentais utilizadas foram a observação não participante através da qual utilizamos o
inquérito por questionário, como também se recorreu à pesquisa documental,
consultando livros disponibilizados pelo professor Fernando Matos Rodrigues.
Por último, gostaríamos de deixar o nosso obrigado ao coordenador do Curso
Profissional de Turismo Ambiental e Rural, Fernando Matos Rodrigues nas pessoas dos
professores Cristina Carvalho, Gertudes Santos, Pedro Paiva, Daniela Cunha, Rui
Mendes, bem como à Direcção da Escola Secundária de Baião pelo apoio prestado ao
longo deste ano lectivo.
6
2. Enquadramento Territorial
Baião compreende uma área territorial de aproximadamente 176 Km2
,
localizando-se na extremidade nascente do distrito do Porto. Está inserido na região
Norte de Portugal, concretamente, na sub-região do Tâmega (NUT III). Esta posição
geográfica, de interioridade, tem reflexos ao nível dos índices de desenvolvimento local,
como confirma o baixo valor de 126,4 hab/Km2
, no que se refere à densidade
populacional.
Mapa 1: Enquadramento do Concelho de Baião no Distrito do Porto;
7
O concelho de Baião faz fronteira com os concelhos de Amarante, e Marco de
Canaveses, ambos do distrito do Porto, de Mesão Frio, Peso da Régua, e Santa Marta de
Penaguião, do distrito de Vila Real, e os de Cinfães e Resende, pertencentes ao distrito
de Viseu. Situa-se na margem direita do rio Douro, e a norte com o sistema orográfico
da serra do Marão, sendo atravessado longitudinalmente pelos subsistemas
montanhosos das serras da Aboboreira e do Castelo. Estas cadeias montanhosas
circunscrevem os vales do rio Ovil, do rio Teixeira e da ribeira do Zêzere, afluentes do
rio Douro.
Mapa 2: Mapa dos concelhos que fazem fronteira com o concelho de Baião;
As características geomorfológicas de Baião são obstáculo ao aproveitamento do
solo, ao crescimento da vila e demais povoações, em virtude da altitude em que se
encontram dificultando a pratica da agricultura, meio de subsistência tradicional da
população, uma vez que a presença de maciços xistosos e graníticos só permitem a
exploração de pequenos campos agrícolas (minifúndios). Assim, com uma vasta floresta
com potencial económico e turístico elevado.
8
De ponto de vista climatológico, é influenciado pelo relevo e pelo rio, tendo um
clima moderado mas com um regime de chuvas intenso e uma amplitude térmica
inferior ao esperado.
Mapa 3: Mapa das Freguesias do Concelho de Baião;
O concelho está organizado, administrativamente, em vinte freguesias, estando o
Município sediado na freguesia de Campelo. As outras freguesias do concelho são:
Ancede, São Tomé de Covelas, Ribadouro, Gestaçô, Gove, Grilo, Loivos da Ribeira,
Loivos do Monte, Mesquinhata, Ovil, Frende, Santa Cruz do Douro, Santa Leocádia,
Santa Marinha do Zêzere, Teixeira, Teixeiró, Tresouras, Valadares e Viariz.
O concelho actualmente, é constituído pela existência de três vilas, isto é, a Vila
de Baião em Câmpelo, centro e comarca, a vila de Santa Marinha do Zêzere localizada
numa das margens do rio Douro e a Vila de Ancede, localizada no antigo couto de
Ancede e actualmente freguesia de Ancede. Como facilmente se pode constatar o
concelho de Baião sofre de uma clara dispersão e fragmentação, uma espécie de plano
9
inclinado para o rio Douro. Não nos podemos esquecer que aí temos duas das mais
importantes linhas de comunicação o rio Douro actualmente navegável e a linha
ferroviária do Douro. A pequena vila de Baião, situada numa das colinas sobranceiras
ao rio e vale do Ovil, mesmo às portas da serra da Aboboreira, não tem sido crescido de
forma qualitativa em equipamentos e serviços. O espaço urbano da vila ainda é muito
atrofiado e condicionado pelo antigo cadastro rural. A propriedade concentrada em meia
dúzia de famílias locais, também não favorece a expansão harmoniosa da malha urbana
da Vila de Baião. O espaço público, praças e jardins, alamedas e ruas é produto dessas
condicionantes, o que conduz ao aparecimento de um urbanismo difuso,
descontextualizado da centralidade urbana de Campelo. Agravando a imagem urbana da
vila e favorecendo a construção em baixa densidade com custos de infra-estruturas
insustentáveis para os cofres do poder local. Num concelho pequeno, com uma
população envelhecida, a dispersão de equipamentos, a fragmentação de infra-
estruturação vai a montante colocar problemas muito sérios na conservação e
monitorização destes equipamentos. A vila possui um conjunto de equipamentos de
grande valor acrescentado, do qual destacamos as piscinas cobertas, o pavilhão
multiusos, a casa de Chavães, o auditório, a nova casa municipal (sede do poder
concelhio), mas é necessário investir na concentração e qualificação urbana da Vila de
Baião.
A falta de equipamentos desportivos, de lazer, de recreio, como por exemplo, a
inexistência de um parque municipal na vila; a falta de equipamentos hoteleiros de
referência; a falta de equipamentos culturais na área da Museologia (Museu Municipal
de Arqueologia); a falta de um parque escolar qualificado com a sua centralidade, a falta
de uma biblioteca municipal pública com serviços culturais e educativos; a falta de
espaço público de referência; a dispersão de equipamentos; a falta de uma agenda e
programação cultural. Falta programação e planeamento na área urbana e de
equipamentos culturais e educativos.
Não existe, uma relação de complementaridade entre as vilas ribeirinhas de
Santa Marinha, Ancede (referencia para o núcleo da Pala1
) e Baião. A serra continua
abandonada em termos de infra-estruturação, de salientar a transformação da Escola
1
O núcleo da Pala é sem duvida uma zona de excelência para o desenvolvimento de projectos turísticos
de frente de água. Quer pela sua localização, quer pela sua monumentalidade cénica de antigo povoado.
Bem como para o núcleo do Mosteiro de Ancede.
10
Primária de Almofrela em Albergue, mas o projecto é por si, pouco consistente e de
pouco valor arquitectónico. É necessária mais programação e mais intervenção, criando
espaços de museografia na montanha, valorizando segmentos de valor acrescentado
para a prática turística associando património, conhecimento e lazer. Investindo num
turismo alternativo, e numa hospedagem também alternativa. Como por exemplo,
apostando no turismo de natureza (ecoturismo/turismo de aventura).
11
3. Contexto espacial e ambiental da rota da Serra da Aboboreira da região –
concelho de Baião (Baixo Tâmega)
“a terra que pisais é sagrada.
nestas chãs, nos dias de calor,
quando as ervas se erguem imóveis,
negras, extasiadas de luz.”
Victor Oliveira Jorge (1888)
In Poemas Aboboraicas
A serra da Aboboreira tem sido alvo de vários e diversificados estudos, ma
nunca houve a capacidade de desenvolver um estudo global de forma sistemática e
transversal. O único estudo sistemático foi realizado desde 1978 a 1992 pela equipa do
arqueólogo e professor universitário Doutor Victor Oliveira Jorge. Este autor
considerava em estudo publicado que «esta “Serra” apresenta, nas suas encostas,
testemunhos de fenómenos geológicos que poderão ser de algum interesse para o
estudo do meio ambiente que rodeou o homem em épocas remotas, quiçá durante a
última fase glaciária do Quaternário. Trata-se de depósitos de vertente (incluindo,
umas vezes, blocos angulosos, e, outras, cascalheiras compostas por grandes calhaus
rolados por arrastamento a longo das encostas) que ainda não foram objecto da
atenção que mereciam por parte de especialistas2
». O autor evidencia a diferenciação
arquitectónica as tipologias que se encontram o planalto da serra da Aboboreira.
Referindo, inclusive que em termos arquitectónicos deve-se acentuar a diversidade, ou
polimorfismo, das construções, tanto ao nível das mamoas como das suas estruturas
internas (1988: 6).
Estudo este que culminou com grandes contributos para a compreensão e estudo
do megalitismo do noroeste peninsular. Este trabalho teve mais tarde continuidade com
a arqueóloga Carla Stockler com a dissertação da sua tese de mestrado sobre o mesmo
campo arqueológico.
Outros estudos se desenvolveram na área do ambiente, da geografia física, do
património arquitectónico, do ecologismo, mas nenhum teve esta capacidade e este
2
Cfr, por exemplo, Victor oliveira Jorge (1988) “Campo Arqueológico da Serra da Aboboreira.
Arqueologia do Concelho de Baião. Resultados de 10 anos de trabalho” in revista Arqueologia, 17, Porto.
Edição Grupo de Estudos Arqueológicos do Porto, pp.5 a 26
12
mérito de ser tão sistemático e produtivo. Produzindo monografias que sem duvida
contribuíram para uma melhor compreensão desta serra.
Podemos, ainda referenciar que na revista Bayam, Daniel Carvalho considerava,
que com a «saída maciça das populações, primeiro para o Brasil e depois para a
Europa, os campos foram sendo paulatinamente abandonados, situação que alterou
profundamente o “modus vivendi” das populações, ao ponto de hoje ali se viver em
crise».
13
3.1- Contexto Geomorfológico e Geológico
A morfologia da região em que se insere o concelho de Baião é dominada pela
serra do Marão, pelo vale profundo do rio Douro e pelos vales de alguns afluentes e
subafluentes deste rio, destacando-se o rio Tâmega.
A serra do Marão destaca-se na paisagem pela sua extensão e pelas cristas
imponentes, que atingem uma altitude máxima de 1.415 metros. A rocha predominante
no Marão, são os xistos-quartzíticos. A SE do alto do Marão encontra-se a fraga da
Ermida (1.397 metros) e a SE a crista das seixinhas (1.277 metros), a partir da qual se
baixa para o rio Teixeira, se localiza entre Teixeira e Teixeiró.
O rio Douro corre na região meridional, num vale apertado e de vertentes
acentuadas, percorrendo 26 KM de leito.
Na região a ocidente do Marco de Canaveses, o relevo e essencialmente
constituído por rocha granítica, destacando-se as paredes arredondadas e os blocos
porfiroídes. 3
3
Cfr. Pacto para o desenvolvimento do entre Douro e Tâmega, RURALIDADE, LAZER E CULTURA,
Agências de Desenvolvimento Regional do Entre Douro e Tâmega, s.l. 2001.
14
3.2- Floresta
Em termos de espaços florestais, Baião apresenta uma área florestal total de
11085 hectares (hectares) (63,52 % da área do Concelho) da qual 6955 hectares são
povoamentos (62,7% da área florestal total) e 4130 ha são matos (37,3% da área
florestal total), sendo o Município com maior percentagem de área florestal do distrito
do Porto.
A floresta deste concelho é essencialmente composta por povoamentos puros de
Pinheiro bravo (Pinus pinaster) e Eucalipto (Eucalyptus globulus), encontrando-se,
ainda, abundantes povoamentos mistos de Pinheiros bravos x Eucaliptos e pequenos
povoamentos de Carvalhos dispersos por todo o concelho.
No maciço central do concelho, principalmente junto ao vale do Rio Ovil
(freguesias de Campelo, Ovil, Loivos do Monte e Gestaçô e Valadares) podem ainda
encontrar-se alguns bosquetes de carvalhos (Quercus pyrenaica e Quercus robur,
apelidados nesta região de Carvalho e Carvalha respectivamente) não raramente
acompanhados, nas zonas mais frescas pela presença do Castanheiro Europeu (Castanea
sativa). Já nas encostas do Douro (freguesias de Frende, Santa Marinha do Zêzere, S.
Tomé de Covelas, Santa Cruz do Douro, Ancede e Ribadouro) é possível encontrar-se
manchas não despiciendas de Quercus suber (Sobreiro) acompanhado de Pinheiro bravo
e medronheiro (Arbutus unedo). 4
4
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bai%C3%A3o_(Portugal)
15
3.3- Breve nota sobre Turismo no Espaço Rural
O turismo como “evento totalmente social” pode levar a mudanças estruturais na
sociedade de forma a criar situações de conflitualidade entre os turistas e as populações
locais. O Tursimo no Espaço Rural pretende ser uma forma controlada e contida de
actividade e de mercado turístico dentre de uma carga que valorize os contextos locais,
de pequena e média escala. A elasticidade da comunidade local em aceitar o turismo,
esta dependente da forma como o operador turístico olha para a realidade local, isto é,
se a prática turística é desenvolvida de forma a valorizar o ambiente, a natureza e o
património local.
No Turismo de Espaço Rural (TER) existe o reconhecimento de que a população
local é parte da herança cultural, e portanto, merece ser valorizada, no respeito pela sua
singularidade cultural e social. Evitando desta forma a construção de estereótipos
etnográficos e folclóricos, mais ou menos plásticos e efémeros ao serviço de uma
imagem publicitária que ilude e desvirtua a natureza antropológica das comunidades
locais5
.
O Turismo de Espaço Rural ou Turismo Rural é praticado em áreas rurais,
possibilitando aos visitantes participar nas actividades quotidianas da vida rural. É
intensamente procurado por pessoas que vivem e residem em grandes centros urbanos e
que procuram no Turismo de Espaço Rural o descanso físico e mental. Este Turismo
rural possibilita ao homem do campo, ou devia proporcionar uma alternativa económica
que evite o êxodo rural e a consequente erosão e degradação dos espaços rurais de
montanha.
Os produtos turísticos devem ser o mais variado e diversificado possível,
primeiro para evitar a concorrência do mercado, e segundo para evitar a massificação e
a perda de biodiversidade dos territórios locais onde exerce a actividade turística. A
5
Sobre a questão da manipulação da Imagem e da sua autenticidade o antropólogo Fernando Matos
Rodrigues, considera por exemplo que «Dominada pela cultura da imagem e por uma obsessão pelas
imagens; aqui as massas humanas transformam-se elas próprias em objecto e imagem; no imediato o
espaço visual pós-moderno perdeu o sentido da distância/tempo e do espaço/tempo, estamos perante
um espaço homogéneo e fragmentado ao mesmo temo» in AS IMAGENS QUE NOS VÊEM (Bernardo
Pinto de Almeida, Coord.)Porto, Edição da Associação Para o Desenvolvimento da Cooperação em
Arqueologia Penínsular, 2003, pp.82-83.
16
diversidade, aparece-nos como um dos valores da atractividade turística, em função de
um património cultural e ambiental singular. Aliás, alguns estudiosos desta área
consideram mesmo que «o atractivo turístico possui, via de regra, maior valor quanto
mais acentuado for o seu carácter diferencial, pois, o turista procura sempre aquilo que é
diferente. Tudo o atractivo único, sem outros semelhantes, possui maior valor para o
turista (De Rose, 2002:47).
O Turismo no Espaço Rural está regulamentado pelo novo regime jurídico da
instalação, exploração e funcionamento dos empreendimentos turísticos, pelo
DECRETO-LEI N.º 39/2008 de 7 de Março, no qual estão reunidos as disposições
comuns a todos os empreendimentos, de modo a tornar mais fácil o acesso às normas
reguladoras da actividade turística (Quintas, 2008:13 e ss.)6
. Assim, na Secção VII –
Empreendimentos de Turismo de Habitação, Artigo 17.º, Noção de empreendimentos de
turismo de habitação, considera-se no ponto um – são empreendimentos de turismo de
habitação os estabelecimentos de natureza familiar instalados em imóveis antigos
particulares que, pelo seu valor arquitectónico, histórico ou artístico, sejam
representativos de uma determinada época, nomeadamente palácios e solares, podendo
localizar-se em espaços rurais ou urbanos. No ponto dois – Nos empreendimentos de
turismo de habitação o número máximo de unidades de alojamento destinadas a
hóspedes é de 15.
6
Cfr. QUINTAS, Paula (2008) O Novo Regime Jurídico de Instalação, Exploração e Funcionamento dos
Empreendimentos Turísticos. Coimbra, Edições Almedina.
17
4. Breve nota sobre Turismo Rural
4.1 Rotas Turísticas
Esquema 1: Rotas Turísticas7
7
Fonte: Escola Superior de Tecnologia e Gestão – Instituto Politécnico de Beja
- Actividade que integra o sector da animação
- Promovidas pelo sector público e privado
- Exemplo da natureza compósita do produto (resulta do
estabelecimento de redes)
- Forma de organizar a oferta em torno de uma temática
- Permite e facilita o acesso/consumo dos recursos de um destino
- Vários tipos de rotas
DinamizaçãoOrganização Acesso
Integração
18
Esquema 2: Tipos de Rotas Turísticas8
8
Fonte: Escola Superior de Tecnologia e Gestão – Instituto Politécnico de Beja
Tipos de Rotas Turísticas
Lógica de
Facilitação/Promoção
Indicativas/orientadoras
Rotas que indicam, orientam o
acesso ao recurso em torno de
uma temática, através de um
conjunto de informação
disponibilizada
Lógica de
Comercialização
Orientadoras/comercializá
veis
Rotas que divulgam, facilitam
e são mesmo geradoras de
acesso ao recurso em torno de
uma temática, através de um
conjunto de informação
disponibilizada e atribuição de
um preço
Informação/Divulgação
Distribuição/Venda
19
Esquema 3: Processo de Planeamento de Rotas Turísticas9
9
Fonte: Escola Superior de Tecnologia e Gestão – Instituto Politécnico de Beja
Rotas Turísticas
Construção GestãoProcesso de Planeamento
Corresponde ao processo
inerente à criação de uma rota:
- Concepção do produto/preço
- Questões operacionais
Corresponde ao processo
inerente à implementação,
prossecução e avaliação da rota:
- Aplicação do marketing
- Estrutura/modelo de gestão
- Parcerias com agentes do sector
20
4.2- Percursos Pedestres
Percursos Pedestres são caminhos, geralmente em meios naturais e rurais, que
estão sinalizados com marcas e códigos internacionalmente conhecidos e aceites.
Tipos
Os Percursos Pedestres podem ser de "Pequena Rota" (PR) quando não excedem
os 30 km de extensão ou menos de uma jornada a percorrer, sinalizados a amarelo e
vermelho ; ou de "Grande Rota" (GR), com mais de 30 km de extensão ou mais de uma
jornada a percorrer, sinalizados a branco e vermelho. Em 2006 foram criados os
"Percursos Pedestres Locais" (PL), cuja totalidade, ou mais de metade do trajecto
decorrem em percurso urbano, sinalizados a verde e branco.
Marcação
A marcação dos Percursos obedece a um conjunto de normas, que em Portugal
foram elaboradas pela Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal. Com o
intuito de regular a implementação de Percursos Pedestres em Portugal foi criado por
esta Federação o "Registo Nacional de Percursos Pedestres" que tem por finalidades:
- Registar os percursos pedestres de todas as entidades que a ela recorram
- Atribuir-lhes numeração
- Fazer a sua homologação, de acordo com os pré-requisitos estabelecidos
- Fazer a sua divulgação a nível nacional e internacional
21
Marcas
Fonte: http://www.omundodacorrida.com/sinais.jpg
Imagem 1: Marcas dos tipos de rotas
Marcas GR, PR e PL
As marcas são semelhantes para os percursos de "Grande Rota", apenas
mudando a cor dos sinais para branco e vermelho ou verde e branco.
22
5. Animação turística no Âmbito do Turismo de Natureza
5.1Modalidades de Animação
Animação Turística/Ambiental
São empresas de Animação Turística as que tenham por objectivo a exploração
de actividades lúdicas, culturais, desportivas ou de lazer, de modo a promover a
ocupação dos tempos livres dos turistas e dos visitantes, e que contribuam para o
desenvolvimento turístico de uma determinada região e não se configurem como
empreendimentos turísticos, estabelecimentos de restauração e de bebidas, casas e
empreendimentos de turismo no espaço rural, casas de natureza e agências de
viagem e turismo ou operadores marítimo-turísticos.10
No entanto, as empresas proprietárias ou exploradoras dos empreendimentos
anteriormente referidos, podem exercer actividades de animação turística desde que
cumpram os requisitos legais em vigor.
A animação Ambiental é uma classificação específica para a Animação Turística
desenvolvida no interior de uma Área Protegida.
Consideram-se os seguintes tipos de modalidades de animação ambiental:
 Animação – conjunto de actividades que se traduzem na ocupação dos
tempos livres dos turistas e dos visitantes, permitindo a diversificação da
oferta turística através da integração dessas actividades com outros recursos
das áreas protegidas. Também contribui para a divulgação da gastronomia,
artesanato, dos produtos e tradições da região onde se inserem. Recursos às
infra-estruturas e aos serviços existentes no âmbito do turismo da natureza;
 Interpretação Ambiental – é toda a actividade que permite ao visitante o
conhecimento global do património que caracteriza a área protegida, através
da observação no local das formações geológicas, da flora, fauna e
respectivos habitats, bem como os aspectos ligados aos usos e costumes das
10
Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas – DGADR Direcção-Geral da
Agricultura e Desenvolvimento Rural
23
populações. Recurso às instalações, sistemas e equipamentos do turismo de
natureza;
 Desportos de Natureza – todas as actividades praticadas em contacto
directo com a natureza e que, pelas suas características, possam ser
praticadas de forma não nociva para a conservação da natureza.
24
5.2 O Animador Turístico
O animador turístico é o profissional que planeia, organiza e promove diversas
actividades de animação.
Dado que existem várias áreas de animação turística, este profissional
habitualmente especializa-se numa delas, podendo desenvolver actividades tão
diferentes como a animação desportiva em terra, na água ou no ar; a animação de
natureza (observação da fauna, da flora, das configurações geológicas da terra, etc.),
entre um imenso leque de possibilidades.
Há também a possibilidade de se especializar na animação de grupos divididos
por faixas etárias (crianças, jovens, adultos ou seniores), ou no acompanhamento de
grupos portadores de incapacidades físicas ou psíquicas. 11
11
Recursos Humanos no Turismo
(http://www.rhturismo.net/index.php?option=com_content&task=view&id=384&Itemid=80)
25
5.3 – O Perfil do Animador
O animador sociocultural é o profissional qualificado apto a promover o
desenvolvimento sociocultural de grupos e comunidades, organizando, coordenando
e/ou desenvolvendo actividades de animação de carácter cultural, educativo, lúdico e
recreativo. As actividades principais a desempenhar por este técnico são:
 Diagnosticar e analisar, em equipas técnicas multidisciplinares, situações de
risco e áreas de intervenção sob as quais actuar, relativas ao grupo alvo e ao seu
meio envolvente;
 Planear e implementar em conjunto com a equipa técnica multidisciplinar,
projectos de intervenção sócio-comunitaria;
 Planear, organizar, promover e avaliar actividades se carácter educativo,
cultural, desportivo, social, lúdico, turístico e recreativo, em contexto
institucional na comunidade ao domicilio, tendo em conta o serviço em que esta
integrado e as necessidades do grupo e dos indivíduos, com vista a melhorar a
sua qualidade de vida e a qualidade da sua inserção e interacção social;
 Promover a integração grupal e social,
 Fomentar a interacção entre os vários actores sociais da comunidade;
 Acompanhar as alterações que se verifiquem na situação dos clientes que
afectem o seu bem-estar;
 Articular a sua intervenção com os actores institucionais nos quais o grupo se
insere;
 Elaborar relatórios de actividade;
26
5.4- A Profissão de Guia de Turismo
O que é um guia de turismo
O guia de turismo é uma das figuras que melhor representa a imagem colectiva
sobre o turismo. A imagem do guia saindo com seu grupo de um ônibus de excursão é tão
comum no imaginário das pessoas quanto a, do turista de bermuda, camisa florida,
chapéu e maquina fotográfica pendurada no pescoço.
É comum que estudantes de turismo ouçam logo depois de prestarem vestibular:
você vai ser guia? Sortudo! Vai viver viajando!
Para muitos, o guia é a própria representação do que é o turismo. E, apesar de a
pergunta feita ser recheada de preconceitos, uma vez que essa ocupação está longe de ser
a única opção profissional para estudantes de turismo, a profissão de guia é, sim, uma das
mais importantes da actividade turística, devido ao alto grau de contacto existente entre o
guia e o turista.
Embora a importância do guia de turismo seja reconhecida pelo grande público,
existem poucos estudos mais profundos sobre o trabalho, a dinâmica e as funções desse
profissional.
A profissão é pouco estudada no campo teórico, e quase inexistente material ou
bibliografia específica disponível a estudantes e professores, a não ser as apostilas
elaboradas pelos próprios docentes para suas respectivas aulas.
Mas afinal quem é o que é um guia de turismo?
Segundo Souza, guia de turismo é o “profissional apto a prestar informações
sobre o local visitado e assessorar o turista quando necessário”.
Na actividade turística brasileira, a profissão de guia de turismo é a única que
possui reconhecimento e regulamentação da Embratur, ou seja, exige formação específica
e pode ser praticada apenas por pessoas que tenham realizado cursos direccionados e
possuam cadastro no Instituto.
De acordo com o órgão,
É considerado guia de turismo o profissional que, devidamente cadastro na
Embratur – Instituto Brasileiro de Turismo, […] exerça as actividades de
acompanhamento, orientação e transmissão de informações a pessoas ou grupos, em
visitas, excursões urbanas, municipais, estaduais, interestaduais, internacionais ou
especializadas.
De forma geral, a figura do guia de turismo estará presente durante toda a estada
do turista na localidade visitada, tornando-se ele, então, o profissional que representará o
principal elo de ligação entre o turista e os demais fornecedores de serviços turísticos a
27
serem realizados. Isso inclui não apenas a agência (em que o passageiro comprou o
produto), mas também as operadoras (emissivas e receptivas), meios de hospedagem
(hotéis, pousadas, alojamento, entre outros), empresas transportadoras (aéreas,
rodoviárias, ferroviárias, fluviais, lacustres ou marítimas), serviços de restauração
(restaurantes, lanchonetes, bares, etc.), atractivos (museus, teatros, casas nocturnas, casa
de espectáculos, edifícios históricos, centros culturais, parques, entre outros), alem do
comércio de modo geral.
A presença desse profissional é muito mais importante e significativa do que se
pode imaginar, como afirma Picazo:
O guia, na realidade, é muito mais que um mero acompanhante ou orientador.
Trata-se de um artista que sabe conferir cor e calor a uma paisagem, de um magico
capaz de dar vida a pedras milenares, de um acompanhante que consegue que os
maiores deslocamentos pareçam curtos, de um profissional, em definitivo, que torna
possível que nos sintamos como em nossa própria casa no interior de um arranha-céu
hoteleiro ou de uma cabana africana.
O amor que o guia de turismo demonstra pelo local visitado e a evidente
satisfação em mostra-lo aos turistas será o principal responsável pelo encantamento que
o grupo desenvolvera pelo local. Um guia que não possua envolvimento emocional
como local visitado possivelmente não conseguira cativar os turistas, e suas descrições
perderão em encanto e profundidade. 12
12
Cfr: Chimenti, Silvia; Tavares, Adriana de Menezes; Guia de turismo: o profissional e a profissão –
São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2007 pp.17/19
28
6-Globalização, Desenvolvimento em Meio Rural e Regionalização
(Globalização e competitividade: o plano de fundo do desenvolvimento visto a partir do
território.)
Globalização e competitividade não são apenas temas novos. São dinâmicas que
alteram radicalmente o processo de organização e funcionamento económico do
território.
Para as empresas, globalização tem vindo a significar:
 Uma profunda alteração do referencial espacial de mercado: não são a concorrência se
intensificou como, progressivamente, vão deixando de haver mercados protegidos – se
não vendemos no estrangeiro vem as empresas estrangeiras vender” à nossa porta”.
 A alteração do conceito de tempo: encurtou-se o ciclo de vida dos produtos; a logística
deixou de ser um problema de minimização de custos de transporte; o período de
amortização do investimento passou a ser incerto, incrementado o risco associado ao
investimento.
 A necessidade de alterar a lógica da gestão empresarial: a gestão operacional orientado
para a minimização dos custos tende a ceder lugar à gestão estratégica orientada para a
maximização das margens de comercialização.
 Como consequência das mudanças anteriores, altera-se o conceito de actores: as
restantes empresas já não são apenas concorrentes de mercado, são,
simultaneamente, parceiros na procura de sinergias organizacionais e de
investigação. Assim o exigem a flexibilidade produtiva e a inovação que comandam
a actual lógica competitiva.
Em síntese, o cerne da competitividade das empresas reside na sua capacidade
de inovação e de diferenciação dos produtos.
Já não é a mão-de-obra barata, já não são os recursos naturais, já não é
minimização de custos dos transportes que determinam a competitividade das empresas
29
ou mesmo dos territórios. Actualmente os recursos produtivos chave são, sem dúvida, o
conhecimento, a informação e a textura organizacional.
Neste novo quadro em que se movem as empresas, o epicentro da
competitividade empresarial transferiu-se do seu interior para o respectivo contexto
envolvente. Ou seja, a capacidade competitiva das empresas depende, em grande
medida, quer das condições envolventes da actividade empresarial, quer da forma como
cada empresa se insere na respectiva envolvente.
Dito de outra forma, o território constitui actualmente um factor de
competitividade das empresas, não se limitando a servir-lhes de suporte físico, até
porque a inovação – que é a alavanca da competitividade empresarial, recorde-se –
resulta essencialmente de um processo interactivo de aprendizagem territorialmente
matizado. Poderá mesmo dizer-se que a inovação é socialmente construída.
Assim, no actual contexto, o que determina que nuns sítios “apareçam” e
“floresçam” muitas empresas e que noutros não, é a qualidade ambiental e social do
meio e, particularmente, as infra-estruturas imateriais do desenvolvimento, expressas na
densidade e consistência relacional do tecido empresarial local, na riqueza dos fluxos
locais de informação estratégicos e no bom relacionamento interinstitucional.
Mas, a globalização não alterou apenas a “fórmula” da competitividade
empresarial. Também alterou as condições de concorrência territorial. Num mundo a
que já alguém chamou de “aldeia global” a concorrência de um território já não se faz
com o território geograficamente contíguo. Pode-se fazer com uma outra região ou
cidade geograficamente muito distante. Também os territórios passaram a ser
simultaneamente concorrentes e parceiros, já que actualmente a questão chave já não é a
concorrência com a região do lado, é sobretudo um problema de valorizar
complementaridades, de explorar sinergias.
Dada a mobilidade espacial do capital e a relativa homogeneização da dotação
do território em termos de infra-estruturas de localização, a concorrência interterritorial
já não se estabelece com base nas vantagens comparativas reveladas, mas com base na
capacidade para valorizar as especificidades locais e para criar factores localizados de
competitividade.
Com efeito, o potencial competitivo de um território repusa, conjuntamente,
sobre:
30
 O seu padrão de vantagens comparativas em termos de factores avançados de
competitividade, especialmente no que respeita à qualificação dos recursos
humanos, à dinâmica de consumo do mercado local e à acessibilidade e
articulação com os elementos do “sistema de conhecimento” – Universidade,
centros de excelência, empresas e serviços especializados de apoio à actividade
empresarial. Evidentemente, tais factores são parcialmente tributários da
qualidade residencial, ambiental e cultural local.
 A capacidade dos agentes locais para promoverem foi de inserção regional,
nacional e internacional do território adequado às tendências macro-económicas
globais.
 A dinâmica organizacional e relacional do tecido empresarial local. Neste
domínio relevam com determinantes da competitividade territorial,
nomeadamente, existência de uma base económica estruturada em clusters de
especialização flexível e a valorização do “capital relacional” local, tendo em
vista gerar sinergias inovadoras e garantir o acesso á informação estratégica e ao
mercado.
31
6.1. Lazer e Natureza no Turismo Rural
Num movimento histórico e pendular, segmentos significativos da sociedade
têm voltado atenção à realização de actividades lúdicas em áreas verdes, montanhas,
cavernas, lagos, rios, cachoeiras e outros recursos do meio ambiente natural.
O ecoturismo ou turismo ecológico envolve uma série de acções voltadas para o
contacto com paisagens, acarretando impactos mínimos à flora e fauna. Com a
sistematização das viagens ao cenário natural, com base em princípios de educação
ambiental, o ecoturismo acabou por manter relação com inúmeras actividades:
desportos de aventura na natureza, turismo rural, observação da fauna e da flora, estudos
do meio.
Essas interfaces ocorrem de modo a termos um campo de similaridades muito
maior que a especificidade de cada tipo de turismo verde. É nítida a proximidade e as
relações entre os turismos rural e ecológico. O turismo rural tem sido uma das
possibilidades contemporâneas de lazer mais identificadas com visitas À natureza.
Existem alguns pontos que explicam essa proximidade.
A primeira está nas pessoas esbarrarem na difícil localização de unidades de
alojamento próximas às áreas visitadas (reservas, parques, sítios naturais, unidades de
conservação).
32
7- Desenvolvimento em Meio Rural: rupturas conceptuais e novos desafios.
Antes de mais uma previsão conceptual: é de desenvolvimento em meio rural que
devemos falar e não de desenvolvimento rural. Tradicionalmente “rural” é entendido como o
espaço remanescente que não é urbano. Daí se parte para uma associação, sem dúvida
abusiva, de “rural” com agrícola.
Na verdade, o desenvolvimento do meio rural devera passar por um esforço de
modernização agrícola, mas não se esgota aqui. Impõe-se ultrapassar a visão dicotómica do
rural versus urbano, bem como aquela associação. Teremos de olhar a agricultura, ou
melhor, os agricultores, não apenas como produtores de bens alimentares mas como
produtores de ambiente. Teremos de olhar para o meio rural como um espaço de pluri-
actividade e como um espaço de integração da actividade económica e residencial com o
equilíbrio ambiental. Assim sendo, meio rural remete-nos não para aquela dicotomia mas
para o desafio de promover a articulação harmoniosa entre o espaço urbano e a paisagem
rural.
Esclarecida esta questão, outra se impõe: face ao pano do fundo que enunciamos no
ponto anterior, que futuro se depara ao Meio Rural em Portugal?
Ao longo das últimas décadas o modelo competitivo dos espaços rurais baseou-se:
 Na exploração da mão-de-obra barata e desqualificada;
 Na exploração de recursos naturais: terra e/ou sol-praia;
 Nalguns casos, na valorização da proximidade física ao mercado, posicionando-
se o “rural” como fornecedor de produtos alimentares, de mão-de-obra e como
espaço residencial alternativo.
No futuro não há lugar para territórios competitivos com base num modelo destes.
Porque, como vimos, a competitividade já não reside na mão-de-obra barata, nos recursos
naturais, ou na minimização de custos de transporte. No futuro, que começou ontem, os
recursos produtivos chave são o conhecimento, a informação e a textura organizacional.
Assim sendo, estarão os espaços rurais condenados á marginalização e á
desertificação,
O risco existe, mas não me parece que estejamos perante um fatalismo. Alguns
espaços têm maior potencial de sobrevivência e de afirmação do que outros, mas não estão
necessariamente coordenados á desertificação. Em todo o caso, o futuro do meio rural
33
dependerá sobretudo dos agentes locais e do entendimento que tiverem do que é o
desenvolvimento territorial.
Esquematicamente, podemos enunciar três maneiras de perspectivar o
desenvolvimento local:
I. A visão clássica, ou assistencialista, que se exprime essencialmente numa atitude
reivindicada dos actores locais junto da Administração Central. Os primeiros
reclamam recursos financeiros para construir infra-estruturas, a segunda procede á
distribuição do dinheiro por forma a mitigar as pressões reivindicativas dos actores
locais.
Elemento emblemático desta visão foi, e continua a sê-lo, a construção de estradas.
Neste particular a imagem do país rural mudou profundamente nos últimos 10anos. As
estradas mudaram, mas o nível de desenvolvimento nem tanto: O que é que falhou? É
que as estradas servem os dois sentidos: para ir mas também para vir. As infra-
estruturas de melhoria da acessibilidade são importantes para assegurar a qualidade de
vida das pessoas e a localização das empresas. Mas, parece ter-se esquecido que a
dinamização do tecido empresarial e a criação de emprego não podem prescindir dos
factores imateriais de desenvolvimento a que antes fazíamos alusão.
Não são as estradas que trazem desenvolvimento. Para as empresas, o principal
efeito das estradas traduzem-se na redução dos custos de transporte – seja no acesso ao
mercado ou na aquisição de matérias primas – porém, estes têm actualmente reduzida
expressão na estrutura de custos da maior parte das empresas. O desafio que se coloca
às empresas não é o de minimizar custos, é o de maximizar margens. Isso consegue-se
pela diferenciação de produtos, não porque se tem boas estradas.
Acresce que as estradas, nomeadamente às auto-estradas, geram um novo
problema: criam um efeito túnel. Aumentam a acessibilidade aos pontos extremos mas
tendem a isolar os aglomerados intermédios. Daí que actualmente para o meio rural seja
da maior importância aumentar as acessibilidades intra-regionais bem como as
acessibilidades intra-concelhias.
Associada com a acessibilidade está a questão dos equipamentos colectivos em meio
rural. Uma coisa é localizar equipamentos em conformidade com uma visão hierárquica
do espaço, o que nos conduz à especialização funcional dos equipamentos, outra coisa é
34
apostarmos na polivalência desses equipamentos e pensarmos na proximidade das
pessoas e na sua acessibilidade.
Ao contrário da lógica de especialização prevalecente, a qualidade de vida dos
espaços rurais de menor densidade reclama uma lógica de concepção dos equipamentos
baseada na polivalência.
Ainda que estas ilustrações não sejam bastantes para demonstrar a ineficácia
desta via assistencialista de prosseguir o desenvolvimento local, não deveremos deixar
de reflectir sobre a capacidade reivindicativa do mundo rural no futuro. Nomeadamente
por referência aos grupos de pressão com inserção urbana - até por uma questão de
expressão eleitoral.
II. À perspectiva anterior do desenvolvimento opõe-se o que, à falta de melhor expressão,
designarei por visão “ecológico”- localista de construção de território alternativos.
Pretendem os seus intérpretes que esta é uma alternativa ao congestionamento urbano e
ao desenraizamento social e cultural, alicerçada numa outra organização social e
económica estabelecida em harmonia com a natureza e autocentrada do ponto de vista
do poder de decisão quanto às opções colectivas.
Trata-se de uma visão apelativa e, aparentemente, ambiciosa. Porém, transporta
para o meio rural assemelha-se a uma estratégia de geltização territorial, social e
política. Nem mesmo o enaltecer dos sentimentos contemplativos e as potencialidades
do teletrabalho parecem susceptíveis de configurar alternativas de desenvolvimento
generalizáveis ao mundo rural.
III. A terceira via de prosseguir o desenvolvimento do meio rural repousa sobre um
entendimento estratégico-processual do desenvolvimento sustentável e tem na
mobilização dos actores locais a sua pedra basilar.
Desenvolvimento sustentável porque deve procurar compatibilizar a salvaguarda
e valorização dos recursos ambientais coma a desígnio de promover a competitividade
da economia local; porque deve articular competitividade com coesão social e, ainda,
porque politicamente deve alicerçar-se na participação e no enriquecimento do conceito
de cidadania.
Deve entender-se como processual porque se trata de partir dos problemas, na
forma como eles são sentidos pelos actores locais, e identificar quais são as soluções
35
que podem ser viabilizadas pela capacidade desses actores, sem prejuízo da definição e
contratualização de parcerias. Por ventura isto significará que, de um modo geral, o
desenvolvimento em meio rural passará por pequenos projectos. Mas atenção: convém
não confundir “fazer pequenos” com “pensar pequeno”. Importa não perder de vista o
pano de fundo que envolve a dinâmica económica dos territórios que queremos
desenvolver.
O esforço de desenvolvimento deve apoiar-se numa visão estratégica por forma
a compreender a lógica global que enquadra a transformação económica e social dos
territórios e retirar daí as devidas ilações quanto às oportunidades e ameaças,
potencialidades e pontos fracos.
Um pequeno exemplo. Aproveitar as potencialidades turísticas do Alentejo, de
que muito se fala, requer que se compreendam as dinâmicas globais dos diversos
segmentos da procura – até para não se cometerem os mesmos erros que se cometeram
noutras regiões do país. Se compreendermos aquelas dinâmicas facilmente chegaremos
à conclusão de que desenvolver o turismo no Alentejo passa, mais do que pela
construção de equipamentos hoteleiros, por criar condições de acolhimento ao visitante,
passa por estarmos atentos a pequenas coisa as como sejam: a sinalização na via
pública, a horário de funcionamento dos estabelecimentos, as “entradas” que se servem
nos restaurantes, ou mesmo os hábitos da venda do pão nas padarias. Ora, estas
pequenas “ coisas” remetem-nos, não para domínios que se resolvam com obras de
construção civil, mas, para um trabalho pedagógico de mudança dos hábitos e atitudes
culturais, o que é menos visível e muito mais difícil de fazer.
Retomando a questão. Se aceitarmos como valido este último entendimento do
desenvolvimento territorial, então promover o desenvolvimento do meio rural português
deverá passar pela adopção de uma politica que:
 Promova a qualidade do meio rural, em todas as suas dimensões.
 Dinamize a base económica local valorizando as respectivas especificidades
competitivas no contexto global, nomeadamente o saber fazer local, e
promovendo a organização em cacho dos seus segmentos de especialização –
estabelecendo para tal as necessárias articulações em rede com o tecido
empresarial regional.
36
 Fomente, apoie e qualifique a iniciativa empresarial, especialmente a micro-
iniciativa, quer no segmento da economia concorrencial, quer no domínio do
mercado social de emprego.
 Promova sinergias relacionais entre o tecido empresarial e as instituições
públicas, nomeadamente no que se refere à partilha da informação, à valorização
de complementaridades regionais com vista a adquirir “massa crítica” nos
mercados (regional, nacional e internacional) e a assegurar o acesso a esses
mercados. Por exemplo, procedendo à grupagem de produtos tradicionais da
região e à promoção conjunta da sua comercialização.
Em síntese, o desenvolvimento do meio rural é fruto das políticas sectoriais –
nacionais (agrícola, florestal, ambiental, urbana, industrial, …), mas depende
fundamentalmente da capacidade, empenhamento e persistência dos agentes locais –
particularmente dos institucionais – para quebrarem o ciclo cumulativo do
empobrecimento, através da criação de factores avançados de competitividade
territorial.
Os desafios associados ao desenvolvimento do meio rural não decorrem tanto do
seu conteúdo como da forma de o fazer. A coordenação e a parceria não são fáceis. Mas
antes de nos precipitarmos a criar novos instrumentos, queimando apressadamente os
existentes, temos de saber delimitar as funções e as formas de articulação entre
entidades tão distintas como: as Associações Empresariais, as Sociedades de
Desenvolvimento Regional, as Agencias de Desenvolvimento, as Associações de
Municípios, os serviços desconcentrados da Administração Central – como sejam as
CCR e as DRA -, etc. Não podemos todos querer fazer tudo, nem devemos pedir a
qualquer entidade que faça o que não está preparada nem vocacionada para fazer.
A este propósito, permita-se-me aqui outro parêntesis. Este Colóquio consagra a
abertura de um pólo do ISCTE em Grândola, o que sem dúvida enriquece o potencial de
desenvolvimento local e configura um dos factores competitivos de que falava. Mas não
se pense que a partir daqui os agentes locais podem cruzar os braços. O sistema de
Conhecimento materializa-se na articulação entre a Universidade e o tecido empresarial
local e na articulação entre este tecido e os serviços de consultoria às empresas. Por
importante que seja serviços o papel da Universidade, o Sistema de Conhecimento não
se confunde com ela. As Universidades são o celeiro do conhecimento, mas, qualquer
alentejano sabe que por muito boa que seja a semente ela não se reproduz se a
37
lançarmos num deserto de areia em vez de o fazer na terra fértil. Isto também se aplica
ao papel da Universidade enquanto factor do Desenvolvimento Local.13
13
Cfr. Revista Instituto de Estudos Superiores do Litoral Alentejanos (2000) “Territórios alternativos:
Actas do Colóquio Territórios alternativos, Ciência e Desenvolvimento, in FCT (Fundação para Ciências e
Tecnologia) pp47 à 54, INESLA
38
8-Desenvolvimento Local, liderança estratégica e Regionalização: considerações a
propósito de um debate na ordem do dia
Decorre das considerações anteriores que a capacidade de liderança estratégica,
a coordenação supra-municipal da decisão e a parceria entre actores - contratualizada ou
não – constituem instrumentos - chave do desenvolvimento local. Com efeito, a visão
estratégica – processual do Desenvolvimento Local pressupõe a existência de suportes
organizacionais de base territorial que promovam o diálogo, a responsabilização e a
parceria entre os agentes locais. Mas para o fazerem com eficácia e eficiência é preciso
que detenham poder de decisão. Adicionalmente, para que possam ser o intérprete do
interesse colectivo é necessário que as suas decisões sejam socialmente legitimadas. Em
democracia esta legitimação decorre da escolha dos titulares dos órgãos de poder por
sufrágio eleitoral.
Os municípios detêm significativa autonomia e legitimidade social – reforçada
aliás pela exemplaridade da obra feita – mas não dispõem de massa crítica, não têm
escala suficiente, para responder com eficácia e eficiência aos desafios do
desenvolvimento local no actual contexto de globalização.
A Regionalização agora em Referendo não é a solução milagrosa para o
desenvolvimento Regional. Este depende sobretudo da natureza da Politica Regional a
prosseguir – o que não está em discussão – mas, seja como for, o desenvolvimento local
e regional não pode prescindir de um suporte organizacional que lhe confira liderança
estratégica. Ora, a Regionalização em debate é uma oportunidade para reforçar a
capacidade de liderança de desenvolvimento local, promover espaços de concertação e
de parceria estratégica entre os actores do desenvolvimento.
Conseguem imaginar o que será hoje á qualidade de vida dos portugueses se em
1976 não tivessem sido criadas as Autarquias Locais? Pois bem, no actual quadro
institucional de suporte à inserção geo-estratégica do país, as Regiões Administrativas
são, nem mais nem menos, os municípios da União Europeia. Os Municípios estão para
o País, como Regiões Administrativas deveriam estar para as instituições da União
Europeia. Afinal, hoje, como em 1976, o que está em causa com a Regionalização é o
direito e a liberdade de tomarmos nas próprias mãos as decisões sobre o nosso destino
colectivo.
39
9- Planeamento e Organização de Projectos
9.1- Elaboração de um projecto turístico
Percurso da serra da Aboboreira
Mapa 4: Percurso da Serra da Aboboreira
Legenda:
1. Centro Hípico
2. Aldeia de Currais
3. Aldeia de Almofrela
4. (4.1/4.2). Dólmens de Outeiro de Gregos 1 e 2
5. (5.1/5.2). Dólmens de Outeiro de Ante 1 e 3
6. Capela N.Srª da Guia
7. Pedra do Sol
8. Dólmen de Meninas de Castro 3
9. Fonte do Mel
10. Dólmen Chã da Parada (Monumento Nacional)
Parque de Merendas
Albergue
Parque Eólico
Alminhas
Estrada Nacional N321
Trajecto do Percurso
40
10- Rota da Serra da Aboboreira
10.1- Caracterização Ambiental e Territorial da Rota da Serra da
Aboboreira
10.1.1- Flora Autóctone
O realce vai para as manchas remanescentes de carvalhais galaico-portugueses,
bosques climatéricos de carvalho-alvarinho (Quercus robur), os últimos do distrito do
Porto e dos melhores conservados do maciço Marão/ Alvão/ Aboboreira, que
sobrevivem em vales abrigados entre os 600 e 750 metros de altitude.
Estes bosques de carvalho-alvarinho da Serra da Aboboreira que, por vezes,
surgem em associação com outras Quercíneas como o Carvalho negral (Quercus
pyrenaica), sobretudo nas áreas de solo mais secos, ou nas encostas mais soalheiras,
enquadram-se, do ponto de vista fitossociológico, na associação Rusco aculeati.
Quercetum roboris e albergam inúmeras espécies de plantas arbustivas e herbáceas da
flora nemoral, como o azevinho (ilex aquifolium), a aveleira (Corylus piraster), a
gilbardeira (Ruscus aculeatus), a saxifraga (saxifraga spathularis) e o Castanheiro
(Castanea sativa).
Imagem 2: Carvalho-alvarinho (Quercus robur)
Imagem 3: Carvalho-negral (Quercus pyrenaica)
41
Imagem 4:Azevinho (Ilex aquifolium)
Imagem 5:Aveleira (corylus piraster)
Imagem 6: Castanheiro (castanea sativa)
Imagem 7:Gilbardeira (Ruscus aculeatus)
42
Imagem 8:Saxifraga (saxifraga spathuslaris)
43
Ervas Aromáticas
Nesta zona é característica a utilização de ervas aromáticas, quer na
gastronomia, quer na medicina tradicional, tais como o rosmaninho, alecrim, o louro, a
hortelã, a salsa, o funcho, a arruda, o travisco, a cidreira, a marcela, a arnica, os agriões
e os poejos.
Imagem 9:Rosmaninho (lavandula pedunculata)
Imagem 10: Trovisco (Daphne ignidiuml)
Imagem 11: Alecrim (Rosmaninus officio nalis)
Imagem 12: Hortelã ( Mentha piperital)
44
Imagem 13: Salsa (Petrose lirum crispum)
Imagem 14: Arrunda (Ruta graveolens L)
Imagem 15: Funcho ( Foeniculum vulgare)
Imagem 16: Louro ( Laurus nobilis)
Imagem 17: Cidreira ( Melissa officinalis)
45
10.1.2- Fauna
Correspondendo à diversidade de biótopos naturais, a Serra da Aboboreira
alberga igualmente um importante e rico património faunístico, sendo de destacar, no
que diz respeito aos invertebrados, várias espécies de Lepidópteros (Borboletas),
algumas das quais raras e ameaçadas a nível Europeu como a Callophrys Avis, a
Melitaea trivia e a loenonym pha iphioides, para além de várias espécies de Coleópteros
(Escaravelhos), entre os quais o lucanos cervus. Contudo, para além invertebrado, a
Aboboreira alberga ainda cerca de 68 espécies de vertebrados terrestres, não incluindo
as aves.
De entre estes, realce para alguns endemismos com elevado interesse
conservacionista, como é o caso da Salamandra. Lusitânia (chioglossa lusitanica), do
Tritão-de-ventre-laranja (Triturus boscai), da Rã-ibérica (Rana ibérica) e do lagarto-de-
água (lacerta schreiberi), no caso da Herpetofauna e da Toupeira-de-água (Galemys
pyrenaicus ). Nos mamíferos destacam-se o javali (Sus scrofa), o Gato-bravo.
Imagem 18: Tritão-de-ventre-laranja (Triturus boscai)
46
Na fauna doméstica, há a salientar o gado ovino e caprino, que pastoreiam na
encosta da serra, permitindo fazer o saboroso queijo fresco, assim como o bovino ainda
utilizado na agricultura tradicional.
Imagem 21:Caprino
Imagem 20:Ovino
Imagem 19: Bovino
47
10.1.3 - As Casas e os Lugares
Estamos na presença de um espaço natural que ao longo dos tempos se
transformou num lugar para habitar, para trabalhar, para brincar, para crescer. Homens,
mulheres, crianças e velhos foram de forma contínua burilando a natureza rude e
selvagem, de forma a torna-la mais doméstica e mais habitável. Um conjunto de lugares,
de sítios, uns muito pequenos, onde só cabe uma família e um casebre, outros maiores
onde se construíram linhagens, casórios, e grandes casas. Desenvolveram e aplicaram as
suas tecnologias, os seus saberes e transformaram uma natureza num património
cultural e ambiental. Foram bosques de soutos, foram campos e sistemas de rega
complexos, domesticação de animais e apuramento genético de raças. Construíram-se
casas e canadas, quelhas e ruelas tortuosas, ligaram-se comunidades e povos. Todo um
mundo social em construção e evolução. A terra e a serra dava tudo, ou quase tudo. O
pão, a carne, a lenha, a água. As divindades foram aparecendo, de forma ingénua no
início e depois, mais elaboradas e substantivas. Capelas, e pequenas ermidas ergueram-
se para se venerarem os seus Santos e Santas. Santa Bárbara nos proteja das trovoadas e
dos raios. O aconchego espiritual e religioso começam a domesticar estes povos mais
devotos do profano e da religiosidade popular. As famílias foram-se organizando,
primeiro em linhagens, depois em grupos domésticos mais individualizados. Aparecem
outras casas, outras famílias, a fragmentação aparece e o sentido comunitário e colectivo
da grande casa e da grande família desaparece e é ocupado pelo individualismo, pela
célula familiar restrita.
Quem sobe a montanha vai encontrando esse sentido antropológico de organizar
o espaço social destes montanheses. As aldeias agrupam casas e grupos domésticos
específicos, aqui são os Lobos; ali são os Oliveiras; do outro lado são os Freixos; temos
também os Souzas; os Pinheiros. Nomes, famílias, grupos domésticos que se cruzam
nas suas histórias de vida. Umas mais alegres, outras mais tristes. O drama e a epopeia
fazem parte da identidade de qualquer povo, e este não foge à regra. Trocam-se homens
e mulheres, celebram-se casamentos e alianças, discute-se o dote na tasca ou na adega,
as filhas magras e altas, de olhos grandes e cabelos claros esperam pela decisão no
48
terreiro da capela. Está na ora de construir nova casa, nova família, nova aliança. A
alegria rebenta com choros baixinhos, é a angústia da partida.
Lá em baixo, Almofrela prepara-se para a Festa da Santa Bárbara, homens de
vara comprida e chapéu preto, com animais presos por argola, corpulentos e majestosos,
falam, gesticulam. Uma espécie de celebração comunitária, de dia de todos os santos.
Os sinos tocam, rapazes correm pelos caminhos descalços a chamarem as mães que
trabalham nos campos, as portas abrem-se, o padre benze as casas, os mordomos lançam
saudações. E prova-se o vinho, comem-se os figos e o salpicão.
O fumo sai de forma preguiçosa das casas baixas, como se estivessem a dormir
profundamente. Uma fumarada invade cozinhas e alcovas, os tectos pretos, já não
deixam conhecer as madeiras que dão abrigo a estas almas. O colmo abriga do frio que
corta os corpos como fio de navalha, as crianças que guardam os gados mijam nos pés
descalços, única forma de os aquecer deste frio centenário. E comem um naco de pão
com uma espécie de unto de porco à mistura.
Aldeias, casas, ruas, lugares. Currais, duas linhas de casas alinhadas de um e do
outro lado do velho caminho. Canastros em lugares de sol e vento. Cortes de gado,
paredes meias com as habitações. Uma espécie de aquecimento central.
Depois, temos lá em cima Vale Abrigoso, um lugar único, belo e em ruína. Onde
outrora moças e moços, brincaram, cresceram e casaram. Com casebres enterrados no
chão, casas finas de granito e telha, onde padres e senhores sonharam e possivelmente
conspiraram contra liberais e republicanos. Gente que lutou contra o invasor francês de
forma aguerrida. Contam-se histórias de meter medo ao diabo (que soltava o agoiro nas
casas abandonadas) sobre as lutas que se travaram na região, onde mulheres e homens
defenderam a serra de forma implacável.
A serra constitui uma espécie de áxis mundi enquanto lugar de referência para
todos aqueles que aí nasceram e partiram para outros mundos. A serra ficou pobre e
abandonada de gentes e povos, os gados diminuíram drasticamente (ainda antes da
PAC) e das normas da Comunidade Europeia. Agora, já não se podem saborear os
queijinhos feitos pela mulher do senhor Pinheiro no lugar de Aboboreira. As leis
sanitárias estão a matar os produtos locais. O gado frísio ocupou o lugar de direito do
gado arouquês, uma espécie autóctone de grande importância ecológica e económica,
49
pela sua diversidade e adaptabilidade às serras e ao seu pasto. Temos um espaço de
montanha em perda de biodiversidade natural e singularidade cultural. Fica-nos, uma
placa fina de representação da vida da serra, uma espécie de folclore comercial, que
tenta animar os espaços sem vida sem alma cultural. Uma espécie de “fantasia lusitana”,
como se nada tivesse mudado, como se nada tivesse acontecido. A serra está um espaço
vazio, sem gentes, sem gado, sem casas, sem ambiente, sem tecnologia. Virou a uma
espécie de parque temático em estalo de ruína – alegoria da representação Serrana14
.
Para João Arriscado Nunes (1994:58-59) a importância da cultura «reside no facto de
ela permitir criar as identificações em situação, através das quais os actores sociais
definem o que os une – e a quem -, e o que os separa - e de quem – em cada
situação»15
. Os naturais de Almofrela, ainda hoje, se encontram anualmente na aldeia
que os viu nascer e crescer, visita esporádica é certo, mas que permite comungar deste
pathos original – serem de aqui -, mas viverem acolá.
14
Cfr. RODRIGUES, Fernando Matos (1994) “O Espaço Doméstico da Morte. Fragmentos de memória
colectiva” in Revista RURALIA (Fernando Matos Rodrigues, Direct.). Arouca, Ed. CEM, pp39-56.
15
Cfr NUNES, João Arriscado (1994) “Os Espaços E Os Tempos Da Cultura e Das Identidades” in Revista
RURALIA (Fernando Matos Rodrigues, Direct.). Arouca, Ed. CEM, pp.57-63.
50
10.2- Identificação e estudo da micro-toponimia
A identificação dos lugares de Almofrela, freguesia de Campelo estão associados à
organização e divisão das propriedades. Por exemplo caminho do Eido de Baixo, Caminho do
Vale de Pedra, caminho da Poça de Salgueiro, Caminho do Vale Abrigoso, entre outros.
O espaço central da aldeia de Almofrela esta identificado com o nome de São Brás,
evocação do santo que da nome a mesma capela implantada no centro do lugar. Estamos na
presença de um hajiotoponio que empresta ao lugar a sua carga simbólica e religiosa de
identificação colectiva.
Temos também como topónimos o nome de salgueiro que são uma espécie de
fitotoponimio consequência das espécies argorias que fazem parte da paisagem local. Os
vestígios arqueológicos (antas ou Dólmens) também fazem parte dos elementos
arquitectónicos identificativos deste território.
Em relação ao topónimo Almofrela, facilmente se deduz que é um antropónimo de
origem muçulmana, registando desta forma simples mas duradoura a presença da cultura
muçulmana na península ibérica.
Rua de Almofrela Caminho do Eido de Baixo
Caminho do Vale de Pedra Caminho da Poça do Salgueiro
Caminho do Vale Abrigoso
51
10.3- Levantamento estatístico das aldeias da Serra da Aboboreira
Sexo:
Feminino - 6
Masculino - 4
Escolaridade:
Sem escolaridade - 4
1º Ciclo - 2
2º Ciclo - 3
3º Ciclo -1
Ensino Secundário -
Ensino Superior -
Anos em que vive na Aldeia:
- 5 - 1
5/10 - 1
11/20 - 4
+ 20 – 4
52
Gosta de viver na Aldeia?
Sim -9 (pessoas)
Não - 1 (pessoa)
Porque?
 Têm poucas pessoas;
Quais as maiores dificuldades encontradas na aldeia?
1. 20% Da população inquirida respondeu que tinha falta de meios de transporte;
2. 20% Da população inquirida respondeu que à uma longa distância dos centros
urbanos;
3. 15% Da população inquirida têm dificuldade em se deslocar a qualquer tipo de
Comércio;
4. 15% Da população inquirida sente a necessidade de um Posto Médico na aldeia ou a
dificuldade de se deslocar a um posto médico mais perto;
5. 10% Da população inquirida não têm Saneamento;
6. 7,5% Da população inquirida não têm Água Canalizada;
7. 7,5% Da população inquirida diz que a aldeia não tem Segurança;
8. 5% Da população inquirida tem falta de Electricidade;
Que actividades são exercidas ao longo do dia pelas pessoas da aldeia?
1. 35% Da população inquirida trabalha no campo;
2. 30% Da população inquirida é reformado;
3. 20% Da população inquirida são donas de casa;
4. 10% Da população inquirida são estudantes;
5. 5% Da população inquirida trabalham no comércio;
Porque?
 Mora a 72 anos na aldeia;
 A casa onde vive é dos pais;
 Aldeia onde nasceu;
 É calmo;
 A esposa é da aldeia;
 Bem pessoas novas passar férias
 Tem o ar puro;
 Gosta da Natureza;
53
Porque é que a aldeia se chama Almofrela?
 Toda a população inquirida não sabe o porque de a aldeia se chamar Almofrela.
O que é que nos pode contar sobre a história da aldeia?
 Toda a população inquirida não sabe histórias da aldeia.
Já ouviu falar em Turismo Ambiental e Rural?
 40% Da população inquirida respondeu que sim.
 60% Da população inquirida respondeu que não.
Se sim, explique porque.
- É uma coisa do ambiente e Rural dos meios (Lavradores);
- Ter cuidado com a Natureza, não criar poluição. E rural é manter as tradições.
O que pensa na iniciativa de recuperar as casas abandonadas para o Turismo?
 70% Da população inquirida concorda totalmente;
 30% Da população inquirida concorda;
 Nenhum dos inquiridos discorda.
Como classifica as potencialidades turísticas como aposta no futuro económico da
aldeia? (De 1 a 10)
 1-
 2-
 3-
 4-
 5- 10%
 6-
 7-
 8-20%
 9- 40%
 10- 30%
54
Do seu ponto de vista qual será o maior desafio que a aldeia irá enfrentar no futuro?
 45% Da população inquirida responde que o maior desafio que a aldeia irá enfrentar
no futuro é o envelhecimento;
 30% Da população inquirida responde que o maior desafio que a aldeia irá enfrentar
no futuro é o envelhecimento;
 15% Da população inquirida responde que o maior desafio que a aldeia irá enfrentar
no futuro é a reconversão como aldeia turística;
 10% Da população inquirida responde que o maior desafio que a aldeia irá enfrentar
no futuro é a sua modernização;
O que é para si uma Rota Turística?
 80% da população inquirida não sabe;
 20% da população inquirida respondeu:
- É um conjunto de rotas onde podemos passar e ver as paisagens;
- Aquela pessoa que vem a andar de um lado para o outro.
Considera que a Aboboreira tem potencialidades para fazer parte de uma Rota
Turística?
 100% da população respondeu que sim.
55
10.4- Identificação e caracterização do Património Arqueológico Arquitectónico da
Serra da Aboboreira
A Serra da Aboboreira, um contraforte granítico implantado no extremo
ocidental do maciço montanhoso Marão/Alvão, está localizada no extremo noroeste do
distrito do Porto, Portugal. Distribui-se pelos concelhos de Amarante, Baião e Marco de
Canaveses.
Não é muito acidentada, estendendo-se por longos planaltos (designados por
«chãs»), e eleva-se até uma altitude de 1 000 metros, sendo de destacar, pela sua
importância, três pontos: o da Abogalheira, com 962 metros; o de Meninas, com 970 e o
da Senhora da Guia com 972 metros.
Os primeiros vestígios de ocupação humana detectados na Serra da Aboboreira
datam de 4500 anos AC Neolítico. A ocupação do planalto superior da Serra estende-se
até à a Idade do Bronze(2 500 a.C.). De todos os túmulos inventariados destaca-se o
dólmen de Chão de Parada 1, Monumento Nacional desde 1910.
56
10.4.1A necrópole megalítica da Aboboreira
Os estudos arqueológicos que têm vindo a ser realizados nas serras da
Aboboreira e do Castelo desde 1978 revelaram já a existência de uma vasta necrópole
megalítica, a única exaustivamente estudada e das maiores que actualmente se
conhecem em território português, com cerca de quatro dezenas de mamoas
identificadas. As mamoas estão normalmente dispostas em grupos (como nos conjuntos
megalíticos de Chã de Parada, Chã de Ante, Chã de Outeiro de Gregos e Meninas do
Crasto), ocupando zonas planas, normalmente planálticas. No seio de uma maioria de
mamoas pequenas, ou médias, cuja datação científica sugere serem as mais antigas
(embora nem todas tenham sido datadas), insere-se uma minoria de dólmens de
relativamente grande porte, um deles com corredor e átrio (dólmen 1 de Chã de Parada).
Na estrada de Baião para Mesão Frio, no lugar de Queimada, pode-se seguir por
um estradão que sobe para o planalto da Aboboreira e o cruza, dando acesso aos
múltiplos monumentos. Embora não exista nenhuma indicação para os visitantes ao
longo do estradão, o que torna difícil encontrar a maioria deles para quem não conheça
o local, é relativamente fácil encontrar os monumentos na Chã de Parada, Chã de Ante,
Chã de Outeiro de Gregos e Meninas do Crasto. Este estradão percorre o mesmo
caminho da antiga «estrada da liteira»16
.
16
http://pt.wikipedia.org/wiki/Serra_da_Aboboreira
57
10.4.2- Vestígios da Idade do Bronze e da Idade Média
Encontram-se também vestígios da Idade do Bronze. É o caso da necrópole do
Tapado da Caldeira onde foram escavadas quatro sepulturas, contendo, cada uma delas,
um vaso. São também desta época os primeiros povoados conhecidos nesta área, com
fossas abertas no saibro, buracos de poste e lareiras, como o da Bouça do Frade. Estes
povoados parecem mostrar que, no final da Idade de Bronze, a região conheceu uma
ocupação mais intensiva das zonas dos vales férteis e uma maior estabilidade do habitat.
No topo da serra do Castelo, fronteira à da Aboboreira, havia na Idade Média o
antigo Castelo de Penalva (no alto que designa hoje por Castelo de Matos), da família
nobre de Baião, que topograficamente dominava a Terra de Baião. Foram encontrados
vestígios de um castelo de madeira dos meados do século XI e, na orla do cume, de uma
muralha em pedra que rodeava um habitat (século XI-XII). Foi lá encontrada uma
espora de um cavaleiro medieval e várias pontas de tiro ao arco17
.
17
http:pt.wikipedia.org/wiki/Serra_da_Aboboreira
58
10.4.3- Anta da Aboboreira
Imagem 22: Anta no campo arqueológico da Serra da Aboboreira, Baião
Figura 1:Planta da Anta da Aboboreira
A Anta da Aboboreira, Anta de Chã de Parada, Casa da Moura de São João de
Ovil, Casa dos Mouros, Cova do Ladrão, Dólmen da Fonte do Mel ou simplesmente
Dólmen de Chã de Parada é o grande dólmen de corredor de Chã de Parada, o mais
59
conhecido da Serra da Aboboreira. Do período Neo-Calcolítico, é considerado um
monumento nacional desde 1910.
Trata-se da câmara dolménica da mamoa 1 de Chã de Parada, na freguesia de
Ovil, Baião, que se pensa ter sido construída perto do início 3º milénio a.C, ou seja, há
uns 5000 anos. É um dos cerca de quarenta monumentos já identificados na necrópole
megalítica da Serra da Aboboreira.
Trata-se de um dólmen de corredor (virado a nascente e com cerca de 4,5 metros
de comprimento) com 9 esteios de granito e uma laje de cobertura. Existiam dantes
restos de pintura a vermelho no esteio da cabeceira, actualmente invisíveis à vista
desarmada. Em três das suas lajes encontram-se esculturas (motivos artísticos gravados)
radiantes ou estiliformes, algumas das quais só podem ser vistas claramente por
decalque. Na parte central superior da laje de cabeceira do dólmen, encontram-se quatro
representações de um motivo em forma de jarra (em falso relevo no motivo superior e
incisa nos restantes) que também ocorre em monumentos megalíticos da Galiza
(Dombate, Casa dos Mouros e Espiñaredo) - chamado «a coisa» - de que se ignora o
significado (Cassen e Lastres pensam que poderá ser uma representação de um
cachalote).
Figura 2:. Os dois círculos e covinha quando iluminados por baixo fazem surgir uma máscara
60
No segundo esteio do lado direito, há uma figura radiada e no terceiro há dois
círculos, lado a lado, e uma pequena covinha entre a base dos dois e mais acima, à
esquerda, uma figura que lembra vagamente um 8.
O dólmen estava outrora coberto por uma colina artificial (a mamoa), que ainda
se percebe e que teria por função escondê-lo, protegendo-o, e, por outro lado, poderá ter
fornecido um plano inclinado para o transporte da grande tampa da câmara até à sua
posição definitiva.
A mamoa, que está parcialmente destruída, tem um formato ovóide (com um
eixo maior de cerca de 24m, no sentido W-E, e um eixo menor de cerca de 20m, no
sentido N-S).
A Anta da Aboboreira esteve durante anos (e até Julho de 2006) parcialmente
coberta por terra para proteger o monumento. Nessa altura, foram feitos trabalhos de
preservação e restauro do monumento e limpeza da vegetação e líquenes que cobriam o
monumento e a sua área envolvente, tendo-se procedido à aplicação de herbicida. Foi
também introduzido um geo-dreno, colocada uma manta geotextil na base do interior da
câmara, corredor e zona frontal do dólmen e construído um sistema interno de
contrafortagem dos esteios e um anel de contenção18
.
18
http://pt.wikipedia.org/Anta_da_Aboboeira
61
10.4.4- Conjunto Megalítico de Outeiro de Gregos
Imagem 23: A câmara da Mamoa 1 é constituída por lajes tombadas, dispostas segundo o seu lado maior
Imagem 24: Mamoa 2 de Outeiro de Gregos
62
Imagem 25: Mamoa 3 de Outeiro de Gregos
O Conjunto Megalitico de Outeiro de Gregos fica numa área de acumulação de
sedimentos transportados por águas de escorrência designada por Chã de Outeiro de
Gregos, na Serra da Aboboreira, Ovil, Baião.
Nesta chã encontram-se monumentos de características diferentes, que se pensa
terem sido construídos em épocas distintas:
Mamoa 1 – cista megalítica (2300-1900 AC)
Mamoas 2 e 3 – dólmenes fechados (4450-3700 AC, datas calibradas)
Mamoa 4 - sepulcro ortostático (3200-2700 AC)
Mamoa 5 - um «cairn» (mamoa feita só com pedras) (depois de 1900 AC)
Mamoa 1
Trata-se de uma cista megalítica cuja área sepulcral é delimitada por um círculo
lítico inserido num «cairn». A câmara é constituída por lajes tombadas, dispostas
segundo o seu lado maior, e contrafortadas por outras lajes do mesmo tipo. Na base da
câmara, foi encontrada uma peça de arame de prata em forma de espiral (característica
63
da primeira fase do Bronze Antigo). Em torno da mamoa propriamente dita, há um
lajeado horizontal com cerca de 2,40 m de extensão, feito de pequenas lajes ou blocos
encostados uns aos outros, constituindo como que um pavimento irregular de pouca
espessura, deixando numerosos pequenos interstícios, preenchidos com terra, entre os
elementos que o constituem.
Este lajeado parece ter tido apenas por função a demarcação simbólica do
espaço sepulcral em relação ao espaço natural envolvente. (Esta mamoa, que não é tão
facilmente visível a partir do estradão como as mamoas 2 e 3, está do lado oposto à
Mamoa 2, em relação ao estradão).
Mamoa 2
É uma mamoa em terra, revestida por uma couraça constituída por um imbricado
compacto de pedras que na periferia se arqueia até à rocha de base, por forma a encerrar
o tumulus num invólucro lítico protector. É genericamente circular, de 15 metros de
diâmetro, e apresenta um dólmen, com toda a probabilidade fechado, de câmara
poligonal, com um espaço interno diminuto, com cinco esteios verticais, que se pensa
terem sido originalmente oito. Sob uma das lajes, encontrou-se um fragmento cerâmico
(conta de colar). Desde 2007, esta mamoa é facilmente visível a partir do estradão.
Mamoa 3
É uma mamoa subcircular, de 12 metros de diâmetro, feita em terras, revestida
por uma couraça, havendo indícios de um possível círculo lítico de contenção. A câmara
é um dólmen simples fechado com 7 esteios, com um espaço interno diminuto, e de
altura máxima 1,9 metros.
64
Mamoa 4
É uma mamoa subcircular pequena e muito baixa, com revestimento pétreo
quase horizontal. É em terras e pedras e tem cerca de 9 metros de diâmetro e 0,2 metros
de altura. A câmara é um sepulcro ortostático (com lajes verticias) e lembra já as cistas
megalíticas. Parece ser de inumação individual e evidenciar um posicionamento mais
discreto no terreno, com a utilização da área periférica das chã, na proximidade de
outros monumentos mais antigos, e reduzida ou nula monumentalidade.
Mamoa 5
É uma mamoa baixa, constituída por uma camada de terras recoberta por uma
aglomeração de pedras, formando um «cairn» baixo (0,6 m), com um diâmetro médio
de 10 m. Não tem uma estrutura central (sem câmara)19
.
19
http://pt.wikipedia.org/Conjunto_Megalitico_de_Outeiro_de_Gregos
65
10.4.5- Conjunto Megalítico de Meninas de Crasto
O Conjunto Megalítico de Meninas do Crasto fica na vizinhança de uma
elevação com esse nome, que tem um marco geodésico, na Serra da Aboboreira, Ovil,
Baião. Foram nele identificadas seis mamoas do período Neo-Calcolítico, três das quais
já foram estudadas:
Mamoa 1 - mamoa em que a área sepulcral é delimitada por um círculo de pedras
fincadas.
Mamoa 2 - Foi «salva» em 1982, face a destruições efectuadas para consertar um
estradão. A análise ao Carbono 14 de carvões no solo sob o monumento indicaram uma
data entre 4229 e 3969 a.C. (fim do V ao início do IV milénio a.C.)
Mamoa 3 - é um tumulus (mamoa) em terra, revestido por um contraforte de lajes
sobrepostas e particularmente bem conservadas e bem imbricadas. Quando foi escavada,
tinha uma pequena câmara poligonal, com quatro esteios ainda no seu sítio e um
tombado. Foram encontrados seis esteios e deverá ter existido um sétimo esteio, já que
foi identificado «um negativo» de uma laje (indícios no solo do sítio onde ela
assentava). A laje de cobertura estava implantada no terreno, a cerca de trinta metros a
norte do monumento. Em 2006, verificou-se que a câmara corresponde a uma câmara
fechada e que a ausência do esteio, entre os esteios nº 1 e esteio nº 6 é decorrente da
amputação a que a área foi sujeita pela abertura do caminho. Procedeu-se então à
colocação de uma manta geotextil no interior da câmara, foi construído um sistema de
contrafortagem no interior da câmara e um sistema de drenagem simples.
Mamoa 4 - Restos de um pequeno tumulus baixo muito violado. É uma mamoa
relativamente isolada, embora a cerca de 200 metros para SSO fique a Mamoa 3.
Apresenta um anel periférico de contenção constituído por grandes blocos e lajes de
granito. Interiormente, há um segundo reforço, também constituído por grandes blocos,
mas em posição mais desordenada. Do espólio recolhido, destaca-se uma espiral em
prata, um fragmento de um vaso de superfícies polidas, com dois pequenos mamilos
achatados no bordo, e um fragmento de colar em matéria negra, com toda a
probabilidade azeviche. A análise ao Carbono 14 de carvões no solo sob o saibro
66
calcado indicaram uma data entre 3300 e 2041 a.C. (fim do IV ao fim do III milénio a.
C.)20
.
20
http://pt.wikipedia.org/Conjunto_Megal%C3%ADtico_de_Meninas_do_Castro
67
10.4.6- Conjunto Megalítico de Outeiro de Ante
Figura 2: Escavações na Mamoa 3 de Outeiro de Ante, em 1978
O Conjunto Megalítico de Outeiro de Ante fica na Serra da Aboboreira, Ovil,
Baião. Foram nele identificadas quatro mamoas, três das quais já foram estudadas.
Foi no Outeiro de Ante, em 1978, que começaram as escavações na Serra da
Aboboreira com a escavação da Mamoa 3, tendo-se investigado pela primeira vez a
totalidade de um tumulus, em vez da até aí habitual limitação da exploração, em
Portugal, à câmara megalítica e ao seu “espólio” funerário.
Mamoa 1 - é o maior monumento megalítico da Serra da Aboboreira. O tumulus possui
uma altura máxima de cerca de 2m e tem uma forma sub-elíptica com cerca de 21m de
eixo maior (na direcção NW-SE) e cerca de 19m de eixo menor (na direcção NE-SW).
O dólmen possuí uma forma poligonal alongada, sub-elíptica, originalmente com sete
esteios, e uma entrada aberta a nascente. Em 2006, durante trabalhos de restauro, foram
identificados os alvéolos de assentamento dos esteios nº 3, 4, 5, 6 e 7 e observada uma
estrutura sob os sedimentos do tumulus. Foi também então colocado um sistema de
drenagem simples e uma manta geotextil na área da mamoa. (Esta mamoa já se encontra
em terrenos que pertencem ao concelho de Amarante).
Mamoa 2 - é um dólmen simples, com um anel circular de contrafortagem. Possui uma
couraça de pedras circular de protecção do tumulus, muito homogénea e com 6m de
diâmetro. Junto à periferia da mamoa, as terras cobertas pela couraça continham uma
68
grande quantidade de carvões cuja análise indicou uma data entre 5200 e 4470 A.C.
(fim do VI a meados do V milénio a. C). A câmara dolménica tem a sua possível
entrada virada para Este e possuía 5 esteios, 3 deslocados, e 2 fragmentos de esteios no
seu sítio. Encontraram-se vestígios de cerâmica e pedras talhadas em sílex.
Mamoa 3 - tem cerca de 11 metros de eixo menor e cerca de 14 metros de eixo maior e
foi escorada com pedras, quer em superfície (formando uma couraça protectora) quer
perifericamente, rodeando-a de uma espécie de suporte de contenção. Tem uma câmara
poligonal simples sem corredor, com dois esteios encontrados no seu sítio. A análise a
carvões na base da mamoa indicou uma data entre 4810 e 2290 A.C. (início do V a fins
do III milénio a. C.) A mamoa estava consolidada por uma única camada de pedras
(com o formato de lajes) na sua parte central superior, em torno da câmara. A base
dessas pedras, e os seus interstícios, estavam preenchidos por pequenos blocos de
quartzito ou quartzo, angulosos, partidos intencionalmente, para reforçar a estrutura.
Mais para o exterior, a camada tornava-se dupla, tripla ou quádrupla, sendo já as lajes
da periferia, situadas a maior profundidade, de grande formato. Passava-se pois,
progressivamente, de um lajeado superior a uma espécie de coroa circular que amparava
as terras que formavam toda a base do monumento. A imbricação das pedras dessa
estrutura era, nas zonas bem conservadas, perfeitíssima, sendo muitas dessas pedras
especialmente afeiçoadas para melhor se inserirem no espaço que iam preencher. Em
2006, durante trabalhos de restauro, não foi possível reconhecer se se tratava de uma
câmara fechada ou aberta. A mamoa foi então coberta com terra e foi colocada uma
manta geotextil no interior da câmara e construído um sistema de contrafortagem da
câmara e um sistema de drenagem simples21
.
21
http://pt.wikipedia.org/Conjunto_Megalitco_de_Outeiro_de_Ante
69
10.5- Identificação do património material das Aldeias (lendas, contos)
Especulação sobre a Santinha da Serra da Aboboreira
Nos anos 30, um pastor de Baião disse ter visto a Virgem Maria neste sítio.
Depois de muitos milagres, testemunhos recolhidos, e sucessivas peregrinações
do povo local, acabou por ser construída uma capela, neste alto da serra.
É a capela de Nossa Senhora da Guia. Aqui se conserva ainda o penedo, onde
ocorreram as aparições.
A Lenda de S.Brás
S.Brás nasceu na capela velha de Corrais e a população de Almofrela trouxeram-
no para a capela dessa mesma aldeia, deixaram-no no altar e no dia seguinte abriram a porta
da capela e o santo não estava lá.
Voltou outra vez para a capela velha de Corrais, onde nasceu.
Cantigas
Vale de Abrigoso caiu
Currais está no chão
E viva Almofrela
Que ainda tem mão.
Em Currais já não há mossas
Que as comeu a geada
Em Almofrela escaparam três
Debaixo de uma ramada.
70
11.Anexos
Fotos de Almofrela
Imagem 26: Vista panorâmica sobre a aldeia de Almofrela
Imagem 27: Largo do S.Brás (Aldeia de Almofrela)
71
Imagem 28: Capela de S.Brás (Aldeia de Almofrela)
Imagem 29: Altar da capela de S.Brás (Aldeia de
Almofrela
Imagem 30: Fontanário no largo de
Almofrela junto a capela (Aldeia de
Almofrela)
72
Imagem 31: Tasquinha (Aldeia de Almofrela)
73
Caminho do Eido de Baixo
Imagem 33: Casa Rural Rua do Eido de
Baixo (Aldeia de Almofrela)
Imagem 34: Canastro no Caminho de Eido
de Baixo (Aldeia de Almofrela)
Imagem 32: Foto panorâmica do caminho do
Eido de Baixo (Aldeia de Almofrela
74
Imagem 36: Portas Rurais de cortes de gado do Caminho
de Eido de Baixo (Aldeia de Almofrela)
Imagem 37: Fontanário na Rua Eido de Baixo
(Aldeia de Almofrela)
Imagem 35: Casas degradadas no caminho do
Eido de Baixo
75
Caminho Vale Abrigoso
Imagem 38: Vista panorâmica sobre o lugar de
Vale Abrigoso (Aldeia de Almofrela)
Imagem 39: Rua de Vale Abrigoso (Aldeia de
Almofrela)
Imagem 40: Casa restaurada em Vale Abrigoso
(Aldeia de Almofrela)
76
Ruínas Vale Abrigoso a 300metros de Almofrela
Imagem 41: Vista panorâmica de Vale Abrigoso
(Aldeia de Almofrela)
Imagem 42: Corte em ruínas inserida nos
penedos (Aldeia de Almofrela)
Imagem 43: Casa em ruínas em Vale
Abrigoso (Aldeia de Almofrela)
77
Imagem 46: Vista panorâmica de Vale Abrigoso
sobre Tapados dos curros (Aldeia de Almofrela)
Imagem 45: Corte em Vale Abrigoso em
ruínas (Aldeia de Almofrela
Imagem 44: Casa por dentro em ruínas (Aldeia
de Almofrela)
78
Lugar de Currais
Imagem 47: Ruínas de currais (Aldeia de
Currais)
Imagem 49: Rua de currais (Aldeia
de Currais)
Imagem 48: Casa e canastro em ruínas
(Aldeia de Currais)
79
Imagem 50: Corte em currais (Aldeia de
Currais)
Imagem 51: Ovelhas a pastar nos campos
de currais (Aldeia de Currais)
80
Agricultura e tradições em Almofrela
Imagem 52: Pessoas a trabalhar no campo no
cultivo de milho
Imagem 53: Cultivo de cebola e batata
Imagem 54: Cultivo de centeio
81
Imagem 54; 55; 56:Tosquia
82
Olhares
Imagem 57: O senhor mais idoso da Serra da Aboboreira
Nome: Queirós
Idade: 90
O senhor Queirós e o senhor mais idoso
da aldeia de Almofrela com 90 anos,
vive com a sua mulher Maria com idade
de 61 anos.
83
Dólmens
Outeiro de gregos 1 e 2
Imagem 58; 59: Outeiro de gregos 1
84
Imagem 60; 61: Outeiro de gregos 2
85
Imagem 62: Outeiro de Ante 1
Imagem 63: Outeiro de Ante 2
Imagem 64: Capela Nossa senhora da guia
86
Imagem 66: Vista panorâmica da nossa
senhora da guia
Imagem 65: Cruz da nossa senhora da guia
Imagem 67: Pedra do Sol
87
Imagem 68: Meninas de Castro 3
Imagem 69: Fonte do mel
88
Dólmen chã da Parada (Monumento Nacional)
Imagem 71: Vista panorâmica sobre o
dólmen chã da parada
Imagem 70; 71: Dólmen Chã da Parada
89

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Turismo de Lazer e Natureza: Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira

  • 1. 1 Escola EB 2,3/S de Baião Curso Profissional de Técnico de Turismo Ambiental Rural Prova de Aptidão Profissional Turismo de Lazer e Natureza Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira Baião / 2010 Fábio Teixeira Flávia Carvalho Marília Soares
  • 2. 2 Escola E, B 2,3/S de Baião Curso de Técnico de Turismo Ambiental e Rural Prova de Aptidão Profissional Turismo de Lazer e Natureza Contributo para a implementação da Rota da Serra da Aboboreira Esta prova de Aptidão foi realizada no âmbito do Curso Profissional de Turismo Ambiental e Rural, orientada pelos professores Fernando Matos Rodrigues e Rui Mendes pelos alunos Fábio Teixeira, Flávia Carvalho e Marília Soares. Baião 2010
  • 3. 3 Índice 1. Introdução 5 2. Enquadramento Territorial 6 3. Contexto espacial e ambiental da rota da Serra da Aboboreira da região – concelho de Baião (Baixo Tâmega) 11 3.1. Contexto Geomorfológico e Geológico 13 3.2. Floresta 14 3.3. Breve nota sobre Turismo no Espaço Rural 15 4. Breve nota sobre turismo Rural 4.1. Rotas turísticas 17 4.2. Percursos pedestres 20 5. Animação turística no Âmbito do Turismo de Natureza 5.1. Modalidades de Animação 22 5.2. O animador turístico 24 5.3. O perfil do animador 25 5.4. A profissão de guia de Turismo 26 6. Globalização, Desenvolvimento em Meio Rural e Regionalização 28 6.1. Lazer e Natureza no Turismo Rural 31 7. Desenvolvimento em Meio Rural: Rupturas conceptuais e novos desafios 32 8. Desenvolvimento Local, liderança estratégica e regionalização: considerações a propósito de um debate na ordem do dia 38 9. Planeamento e Organização de projectos 39 9.1. Elaboração de um projecto turístico (panfleto) 10. Rota da Serra da Aboboreira (estudo de caso) 40 10.1. Caracterização Ambiental e Territorial da Rota da Serra da Aboboreira 10.1.1.Flora autóctone 40 10.1.2.Fauna 45 10.1.3.As Casas e os Lugares 47 10.2. Identificação e estudo da micro-toponimia 50 10.3. Levantamento estatístico das aldeias da Serra da Aboboreira 51
  • 4. 4 10.4. Identificação e caracterização do Património Arqueológico Arquitectónico 55 10.4.1- A Necrópole Megalítica da Aboboreira 56 10.4.2- Vestígios da Idade do Bronze e da Idade média 57 10.4.3- Anta da Aboboreira 58 10.4.4- Conjunto Megalítico de Outeiro de Gregos 61 10.4.5- Conjunto Megalítico de Meninas de Castro 65 10.4.6 Conjunto Megalítico de Outeiro de Ante 67 10.5. Identificação do património material das Aldeias 69 11. Anexos 70
  • 5. 5 1. Introdução Este trabalho foi realizado no âmbito do Curso Profissional de Turismo Ambiental e Rural para a prova de aptidão profissional, sob orientação do professor Fernando Matos Rodrigues, Rui Mendes, e Pedro Paiva. Para a sua elaboração, recolhemos informação ao longo dos anos lectivos 2008/2009 e 2009/2010. A proposta que os professores apresentaram aos alunos foi para se organizarem em grupos, os quais foram escolhidos por nós alunos. Ao nosso grupo coube recolher e tratar informação acerca da Serra da Aboboreira Este trabalho foi desenvolvido tendo em conta o estágio que realizemos. Agradecemos a disponibilidade dos professores que nos ajudaram na pesquisa bibliográfica, a todas as pessoas que se disponibilizaram para responder aos inquéritos das aldeias de Almofrela e Currais. Utilizamos várias técnicas e vários métodos de pesquisa. As técnicas não documentais utilizadas foram a observação não participante através da qual utilizamos o inquérito por questionário, como também se recorreu à pesquisa documental, consultando livros disponibilizados pelo professor Fernando Matos Rodrigues. Por último, gostaríamos de deixar o nosso obrigado ao coordenador do Curso Profissional de Turismo Ambiental e Rural, Fernando Matos Rodrigues nas pessoas dos professores Cristina Carvalho, Gertudes Santos, Pedro Paiva, Daniela Cunha, Rui Mendes, bem como à Direcção da Escola Secundária de Baião pelo apoio prestado ao longo deste ano lectivo.
  • 6. 6 2. Enquadramento Territorial Baião compreende uma área territorial de aproximadamente 176 Km2 , localizando-se na extremidade nascente do distrito do Porto. Está inserido na região Norte de Portugal, concretamente, na sub-região do Tâmega (NUT III). Esta posição geográfica, de interioridade, tem reflexos ao nível dos índices de desenvolvimento local, como confirma o baixo valor de 126,4 hab/Km2 , no que se refere à densidade populacional. Mapa 1: Enquadramento do Concelho de Baião no Distrito do Porto;
  • 7. 7 O concelho de Baião faz fronteira com os concelhos de Amarante, e Marco de Canaveses, ambos do distrito do Porto, de Mesão Frio, Peso da Régua, e Santa Marta de Penaguião, do distrito de Vila Real, e os de Cinfães e Resende, pertencentes ao distrito de Viseu. Situa-se na margem direita do rio Douro, e a norte com o sistema orográfico da serra do Marão, sendo atravessado longitudinalmente pelos subsistemas montanhosos das serras da Aboboreira e do Castelo. Estas cadeias montanhosas circunscrevem os vales do rio Ovil, do rio Teixeira e da ribeira do Zêzere, afluentes do rio Douro. Mapa 2: Mapa dos concelhos que fazem fronteira com o concelho de Baião; As características geomorfológicas de Baião são obstáculo ao aproveitamento do solo, ao crescimento da vila e demais povoações, em virtude da altitude em que se encontram dificultando a pratica da agricultura, meio de subsistência tradicional da população, uma vez que a presença de maciços xistosos e graníticos só permitem a exploração de pequenos campos agrícolas (minifúndios). Assim, com uma vasta floresta com potencial económico e turístico elevado.
  • 8. 8 De ponto de vista climatológico, é influenciado pelo relevo e pelo rio, tendo um clima moderado mas com um regime de chuvas intenso e uma amplitude térmica inferior ao esperado. Mapa 3: Mapa das Freguesias do Concelho de Baião; O concelho está organizado, administrativamente, em vinte freguesias, estando o Município sediado na freguesia de Campelo. As outras freguesias do concelho são: Ancede, São Tomé de Covelas, Ribadouro, Gestaçô, Gove, Grilo, Loivos da Ribeira, Loivos do Monte, Mesquinhata, Ovil, Frende, Santa Cruz do Douro, Santa Leocádia, Santa Marinha do Zêzere, Teixeira, Teixeiró, Tresouras, Valadares e Viariz. O concelho actualmente, é constituído pela existência de três vilas, isto é, a Vila de Baião em Câmpelo, centro e comarca, a vila de Santa Marinha do Zêzere localizada numa das margens do rio Douro e a Vila de Ancede, localizada no antigo couto de Ancede e actualmente freguesia de Ancede. Como facilmente se pode constatar o concelho de Baião sofre de uma clara dispersão e fragmentação, uma espécie de plano
  • 9. 9 inclinado para o rio Douro. Não nos podemos esquecer que aí temos duas das mais importantes linhas de comunicação o rio Douro actualmente navegável e a linha ferroviária do Douro. A pequena vila de Baião, situada numa das colinas sobranceiras ao rio e vale do Ovil, mesmo às portas da serra da Aboboreira, não tem sido crescido de forma qualitativa em equipamentos e serviços. O espaço urbano da vila ainda é muito atrofiado e condicionado pelo antigo cadastro rural. A propriedade concentrada em meia dúzia de famílias locais, também não favorece a expansão harmoniosa da malha urbana da Vila de Baião. O espaço público, praças e jardins, alamedas e ruas é produto dessas condicionantes, o que conduz ao aparecimento de um urbanismo difuso, descontextualizado da centralidade urbana de Campelo. Agravando a imagem urbana da vila e favorecendo a construção em baixa densidade com custos de infra-estruturas insustentáveis para os cofres do poder local. Num concelho pequeno, com uma população envelhecida, a dispersão de equipamentos, a fragmentação de infra- estruturação vai a montante colocar problemas muito sérios na conservação e monitorização destes equipamentos. A vila possui um conjunto de equipamentos de grande valor acrescentado, do qual destacamos as piscinas cobertas, o pavilhão multiusos, a casa de Chavães, o auditório, a nova casa municipal (sede do poder concelhio), mas é necessário investir na concentração e qualificação urbana da Vila de Baião. A falta de equipamentos desportivos, de lazer, de recreio, como por exemplo, a inexistência de um parque municipal na vila; a falta de equipamentos hoteleiros de referência; a falta de equipamentos culturais na área da Museologia (Museu Municipal de Arqueologia); a falta de um parque escolar qualificado com a sua centralidade, a falta de uma biblioteca municipal pública com serviços culturais e educativos; a falta de espaço público de referência; a dispersão de equipamentos; a falta de uma agenda e programação cultural. Falta programação e planeamento na área urbana e de equipamentos culturais e educativos. Não existe, uma relação de complementaridade entre as vilas ribeirinhas de Santa Marinha, Ancede (referencia para o núcleo da Pala1 ) e Baião. A serra continua abandonada em termos de infra-estruturação, de salientar a transformação da Escola 1 O núcleo da Pala é sem duvida uma zona de excelência para o desenvolvimento de projectos turísticos de frente de água. Quer pela sua localização, quer pela sua monumentalidade cénica de antigo povoado. Bem como para o núcleo do Mosteiro de Ancede.
  • 10. 10 Primária de Almofrela em Albergue, mas o projecto é por si, pouco consistente e de pouco valor arquitectónico. É necessária mais programação e mais intervenção, criando espaços de museografia na montanha, valorizando segmentos de valor acrescentado para a prática turística associando património, conhecimento e lazer. Investindo num turismo alternativo, e numa hospedagem também alternativa. Como por exemplo, apostando no turismo de natureza (ecoturismo/turismo de aventura).
  • 11. 11 3. Contexto espacial e ambiental da rota da Serra da Aboboreira da região – concelho de Baião (Baixo Tâmega) “a terra que pisais é sagrada. nestas chãs, nos dias de calor, quando as ervas se erguem imóveis, negras, extasiadas de luz.” Victor Oliveira Jorge (1888) In Poemas Aboboraicas A serra da Aboboreira tem sido alvo de vários e diversificados estudos, ma nunca houve a capacidade de desenvolver um estudo global de forma sistemática e transversal. O único estudo sistemático foi realizado desde 1978 a 1992 pela equipa do arqueólogo e professor universitário Doutor Victor Oliveira Jorge. Este autor considerava em estudo publicado que «esta “Serra” apresenta, nas suas encostas, testemunhos de fenómenos geológicos que poderão ser de algum interesse para o estudo do meio ambiente que rodeou o homem em épocas remotas, quiçá durante a última fase glaciária do Quaternário. Trata-se de depósitos de vertente (incluindo, umas vezes, blocos angulosos, e, outras, cascalheiras compostas por grandes calhaus rolados por arrastamento a longo das encostas) que ainda não foram objecto da atenção que mereciam por parte de especialistas2 ». O autor evidencia a diferenciação arquitectónica as tipologias que se encontram o planalto da serra da Aboboreira. Referindo, inclusive que em termos arquitectónicos deve-se acentuar a diversidade, ou polimorfismo, das construções, tanto ao nível das mamoas como das suas estruturas internas (1988: 6). Estudo este que culminou com grandes contributos para a compreensão e estudo do megalitismo do noroeste peninsular. Este trabalho teve mais tarde continuidade com a arqueóloga Carla Stockler com a dissertação da sua tese de mestrado sobre o mesmo campo arqueológico. Outros estudos se desenvolveram na área do ambiente, da geografia física, do património arquitectónico, do ecologismo, mas nenhum teve esta capacidade e este 2 Cfr, por exemplo, Victor oliveira Jorge (1988) “Campo Arqueológico da Serra da Aboboreira. Arqueologia do Concelho de Baião. Resultados de 10 anos de trabalho” in revista Arqueologia, 17, Porto. Edição Grupo de Estudos Arqueológicos do Porto, pp.5 a 26
  • 12. 12 mérito de ser tão sistemático e produtivo. Produzindo monografias que sem duvida contribuíram para uma melhor compreensão desta serra. Podemos, ainda referenciar que na revista Bayam, Daniel Carvalho considerava, que com a «saída maciça das populações, primeiro para o Brasil e depois para a Europa, os campos foram sendo paulatinamente abandonados, situação que alterou profundamente o “modus vivendi” das populações, ao ponto de hoje ali se viver em crise».
  • 13. 13 3.1- Contexto Geomorfológico e Geológico A morfologia da região em que se insere o concelho de Baião é dominada pela serra do Marão, pelo vale profundo do rio Douro e pelos vales de alguns afluentes e subafluentes deste rio, destacando-se o rio Tâmega. A serra do Marão destaca-se na paisagem pela sua extensão e pelas cristas imponentes, que atingem uma altitude máxima de 1.415 metros. A rocha predominante no Marão, são os xistos-quartzíticos. A SE do alto do Marão encontra-se a fraga da Ermida (1.397 metros) e a SE a crista das seixinhas (1.277 metros), a partir da qual se baixa para o rio Teixeira, se localiza entre Teixeira e Teixeiró. O rio Douro corre na região meridional, num vale apertado e de vertentes acentuadas, percorrendo 26 KM de leito. Na região a ocidente do Marco de Canaveses, o relevo e essencialmente constituído por rocha granítica, destacando-se as paredes arredondadas e os blocos porfiroídes. 3 3 Cfr. Pacto para o desenvolvimento do entre Douro e Tâmega, RURALIDADE, LAZER E CULTURA, Agências de Desenvolvimento Regional do Entre Douro e Tâmega, s.l. 2001.
  • 14. 14 3.2- Floresta Em termos de espaços florestais, Baião apresenta uma área florestal total de 11085 hectares (hectares) (63,52 % da área do Concelho) da qual 6955 hectares são povoamentos (62,7% da área florestal total) e 4130 ha são matos (37,3% da área florestal total), sendo o Município com maior percentagem de área florestal do distrito do Porto. A floresta deste concelho é essencialmente composta por povoamentos puros de Pinheiro bravo (Pinus pinaster) e Eucalipto (Eucalyptus globulus), encontrando-se, ainda, abundantes povoamentos mistos de Pinheiros bravos x Eucaliptos e pequenos povoamentos de Carvalhos dispersos por todo o concelho. No maciço central do concelho, principalmente junto ao vale do Rio Ovil (freguesias de Campelo, Ovil, Loivos do Monte e Gestaçô e Valadares) podem ainda encontrar-se alguns bosquetes de carvalhos (Quercus pyrenaica e Quercus robur, apelidados nesta região de Carvalho e Carvalha respectivamente) não raramente acompanhados, nas zonas mais frescas pela presença do Castanheiro Europeu (Castanea sativa). Já nas encostas do Douro (freguesias de Frende, Santa Marinha do Zêzere, S. Tomé de Covelas, Santa Cruz do Douro, Ancede e Ribadouro) é possível encontrar-se manchas não despiciendas de Quercus suber (Sobreiro) acompanhado de Pinheiro bravo e medronheiro (Arbutus unedo). 4 4 http://pt.wikipedia.org/wiki/Bai%C3%A3o_(Portugal)
  • 15. 15 3.3- Breve nota sobre Turismo no Espaço Rural O turismo como “evento totalmente social” pode levar a mudanças estruturais na sociedade de forma a criar situações de conflitualidade entre os turistas e as populações locais. O Tursimo no Espaço Rural pretende ser uma forma controlada e contida de actividade e de mercado turístico dentre de uma carga que valorize os contextos locais, de pequena e média escala. A elasticidade da comunidade local em aceitar o turismo, esta dependente da forma como o operador turístico olha para a realidade local, isto é, se a prática turística é desenvolvida de forma a valorizar o ambiente, a natureza e o património local. No Turismo de Espaço Rural (TER) existe o reconhecimento de que a população local é parte da herança cultural, e portanto, merece ser valorizada, no respeito pela sua singularidade cultural e social. Evitando desta forma a construção de estereótipos etnográficos e folclóricos, mais ou menos plásticos e efémeros ao serviço de uma imagem publicitária que ilude e desvirtua a natureza antropológica das comunidades locais5 . O Turismo de Espaço Rural ou Turismo Rural é praticado em áreas rurais, possibilitando aos visitantes participar nas actividades quotidianas da vida rural. É intensamente procurado por pessoas que vivem e residem em grandes centros urbanos e que procuram no Turismo de Espaço Rural o descanso físico e mental. Este Turismo rural possibilita ao homem do campo, ou devia proporcionar uma alternativa económica que evite o êxodo rural e a consequente erosão e degradação dos espaços rurais de montanha. Os produtos turísticos devem ser o mais variado e diversificado possível, primeiro para evitar a concorrência do mercado, e segundo para evitar a massificação e a perda de biodiversidade dos territórios locais onde exerce a actividade turística. A 5 Sobre a questão da manipulação da Imagem e da sua autenticidade o antropólogo Fernando Matos Rodrigues, considera por exemplo que «Dominada pela cultura da imagem e por uma obsessão pelas imagens; aqui as massas humanas transformam-se elas próprias em objecto e imagem; no imediato o espaço visual pós-moderno perdeu o sentido da distância/tempo e do espaço/tempo, estamos perante um espaço homogéneo e fragmentado ao mesmo temo» in AS IMAGENS QUE NOS VÊEM (Bernardo Pinto de Almeida, Coord.)Porto, Edição da Associação Para o Desenvolvimento da Cooperação em Arqueologia Penínsular, 2003, pp.82-83.
  • 16. 16 diversidade, aparece-nos como um dos valores da atractividade turística, em função de um património cultural e ambiental singular. Aliás, alguns estudiosos desta área consideram mesmo que «o atractivo turístico possui, via de regra, maior valor quanto mais acentuado for o seu carácter diferencial, pois, o turista procura sempre aquilo que é diferente. Tudo o atractivo único, sem outros semelhantes, possui maior valor para o turista (De Rose, 2002:47). O Turismo no Espaço Rural está regulamentado pelo novo regime jurídico da instalação, exploração e funcionamento dos empreendimentos turísticos, pelo DECRETO-LEI N.º 39/2008 de 7 de Março, no qual estão reunidos as disposições comuns a todos os empreendimentos, de modo a tornar mais fácil o acesso às normas reguladoras da actividade turística (Quintas, 2008:13 e ss.)6 . Assim, na Secção VII – Empreendimentos de Turismo de Habitação, Artigo 17.º, Noção de empreendimentos de turismo de habitação, considera-se no ponto um – são empreendimentos de turismo de habitação os estabelecimentos de natureza familiar instalados em imóveis antigos particulares que, pelo seu valor arquitectónico, histórico ou artístico, sejam representativos de uma determinada época, nomeadamente palácios e solares, podendo localizar-se em espaços rurais ou urbanos. No ponto dois – Nos empreendimentos de turismo de habitação o número máximo de unidades de alojamento destinadas a hóspedes é de 15. 6 Cfr. QUINTAS, Paula (2008) O Novo Regime Jurídico de Instalação, Exploração e Funcionamento dos Empreendimentos Turísticos. Coimbra, Edições Almedina.
  • 17. 17 4. Breve nota sobre Turismo Rural 4.1 Rotas Turísticas Esquema 1: Rotas Turísticas7 7 Fonte: Escola Superior de Tecnologia e Gestão – Instituto Politécnico de Beja - Actividade que integra o sector da animação - Promovidas pelo sector público e privado - Exemplo da natureza compósita do produto (resulta do estabelecimento de redes) - Forma de organizar a oferta em torno de uma temática - Permite e facilita o acesso/consumo dos recursos de um destino - Vários tipos de rotas DinamizaçãoOrganização Acesso Integração
  • 18. 18 Esquema 2: Tipos de Rotas Turísticas8 8 Fonte: Escola Superior de Tecnologia e Gestão – Instituto Politécnico de Beja Tipos de Rotas Turísticas Lógica de Facilitação/Promoção Indicativas/orientadoras Rotas que indicam, orientam o acesso ao recurso em torno de uma temática, através de um conjunto de informação disponibilizada Lógica de Comercialização Orientadoras/comercializá veis Rotas que divulgam, facilitam e são mesmo geradoras de acesso ao recurso em torno de uma temática, através de um conjunto de informação disponibilizada e atribuição de um preço Informação/Divulgação Distribuição/Venda
  • 19. 19 Esquema 3: Processo de Planeamento de Rotas Turísticas9 9 Fonte: Escola Superior de Tecnologia e Gestão – Instituto Politécnico de Beja Rotas Turísticas Construção GestãoProcesso de Planeamento Corresponde ao processo inerente à criação de uma rota: - Concepção do produto/preço - Questões operacionais Corresponde ao processo inerente à implementação, prossecução e avaliação da rota: - Aplicação do marketing - Estrutura/modelo de gestão - Parcerias com agentes do sector
  • 20. 20 4.2- Percursos Pedestres Percursos Pedestres são caminhos, geralmente em meios naturais e rurais, que estão sinalizados com marcas e códigos internacionalmente conhecidos e aceites. Tipos Os Percursos Pedestres podem ser de "Pequena Rota" (PR) quando não excedem os 30 km de extensão ou menos de uma jornada a percorrer, sinalizados a amarelo e vermelho ; ou de "Grande Rota" (GR), com mais de 30 km de extensão ou mais de uma jornada a percorrer, sinalizados a branco e vermelho. Em 2006 foram criados os "Percursos Pedestres Locais" (PL), cuja totalidade, ou mais de metade do trajecto decorrem em percurso urbano, sinalizados a verde e branco. Marcação A marcação dos Percursos obedece a um conjunto de normas, que em Portugal foram elaboradas pela Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal. Com o intuito de regular a implementação de Percursos Pedestres em Portugal foi criado por esta Federação o "Registo Nacional de Percursos Pedestres" que tem por finalidades: - Registar os percursos pedestres de todas as entidades que a ela recorram - Atribuir-lhes numeração - Fazer a sua homologação, de acordo com os pré-requisitos estabelecidos - Fazer a sua divulgação a nível nacional e internacional
  • 21. 21 Marcas Fonte: http://www.omundodacorrida.com/sinais.jpg Imagem 1: Marcas dos tipos de rotas Marcas GR, PR e PL As marcas são semelhantes para os percursos de "Grande Rota", apenas mudando a cor dos sinais para branco e vermelho ou verde e branco.
  • 22. 22 5. Animação turística no Âmbito do Turismo de Natureza 5.1Modalidades de Animação Animação Turística/Ambiental São empresas de Animação Turística as que tenham por objectivo a exploração de actividades lúdicas, culturais, desportivas ou de lazer, de modo a promover a ocupação dos tempos livres dos turistas e dos visitantes, e que contribuam para o desenvolvimento turístico de uma determinada região e não se configurem como empreendimentos turísticos, estabelecimentos de restauração e de bebidas, casas e empreendimentos de turismo no espaço rural, casas de natureza e agências de viagem e turismo ou operadores marítimo-turísticos.10 No entanto, as empresas proprietárias ou exploradoras dos empreendimentos anteriormente referidos, podem exercer actividades de animação turística desde que cumpram os requisitos legais em vigor. A animação Ambiental é uma classificação específica para a Animação Turística desenvolvida no interior de uma Área Protegida. Consideram-se os seguintes tipos de modalidades de animação ambiental:  Animação – conjunto de actividades que se traduzem na ocupação dos tempos livres dos turistas e dos visitantes, permitindo a diversificação da oferta turística através da integração dessas actividades com outros recursos das áreas protegidas. Também contribui para a divulgação da gastronomia, artesanato, dos produtos e tradições da região onde se inserem. Recursos às infra-estruturas e aos serviços existentes no âmbito do turismo da natureza;  Interpretação Ambiental – é toda a actividade que permite ao visitante o conhecimento global do património que caracteriza a área protegida, através da observação no local das formações geológicas, da flora, fauna e respectivos habitats, bem como os aspectos ligados aos usos e costumes das 10 Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas – DGADR Direcção-Geral da Agricultura e Desenvolvimento Rural
  • 23. 23 populações. Recurso às instalações, sistemas e equipamentos do turismo de natureza;  Desportos de Natureza – todas as actividades praticadas em contacto directo com a natureza e que, pelas suas características, possam ser praticadas de forma não nociva para a conservação da natureza.
  • 24. 24 5.2 O Animador Turístico O animador turístico é o profissional que planeia, organiza e promove diversas actividades de animação. Dado que existem várias áreas de animação turística, este profissional habitualmente especializa-se numa delas, podendo desenvolver actividades tão diferentes como a animação desportiva em terra, na água ou no ar; a animação de natureza (observação da fauna, da flora, das configurações geológicas da terra, etc.), entre um imenso leque de possibilidades. Há também a possibilidade de se especializar na animação de grupos divididos por faixas etárias (crianças, jovens, adultos ou seniores), ou no acompanhamento de grupos portadores de incapacidades físicas ou psíquicas. 11 11 Recursos Humanos no Turismo (http://www.rhturismo.net/index.php?option=com_content&task=view&id=384&Itemid=80)
  • 25. 25 5.3 – O Perfil do Animador O animador sociocultural é o profissional qualificado apto a promover o desenvolvimento sociocultural de grupos e comunidades, organizando, coordenando e/ou desenvolvendo actividades de animação de carácter cultural, educativo, lúdico e recreativo. As actividades principais a desempenhar por este técnico são:  Diagnosticar e analisar, em equipas técnicas multidisciplinares, situações de risco e áreas de intervenção sob as quais actuar, relativas ao grupo alvo e ao seu meio envolvente;  Planear e implementar em conjunto com a equipa técnica multidisciplinar, projectos de intervenção sócio-comunitaria;  Planear, organizar, promover e avaliar actividades se carácter educativo, cultural, desportivo, social, lúdico, turístico e recreativo, em contexto institucional na comunidade ao domicilio, tendo em conta o serviço em que esta integrado e as necessidades do grupo e dos indivíduos, com vista a melhorar a sua qualidade de vida e a qualidade da sua inserção e interacção social;  Promover a integração grupal e social,  Fomentar a interacção entre os vários actores sociais da comunidade;  Acompanhar as alterações que se verifiquem na situação dos clientes que afectem o seu bem-estar;  Articular a sua intervenção com os actores institucionais nos quais o grupo se insere;  Elaborar relatórios de actividade;
  • 26. 26 5.4- A Profissão de Guia de Turismo O que é um guia de turismo O guia de turismo é uma das figuras que melhor representa a imagem colectiva sobre o turismo. A imagem do guia saindo com seu grupo de um ônibus de excursão é tão comum no imaginário das pessoas quanto a, do turista de bermuda, camisa florida, chapéu e maquina fotográfica pendurada no pescoço. É comum que estudantes de turismo ouçam logo depois de prestarem vestibular: você vai ser guia? Sortudo! Vai viver viajando! Para muitos, o guia é a própria representação do que é o turismo. E, apesar de a pergunta feita ser recheada de preconceitos, uma vez que essa ocupação está longe de ser a única opção profissional para estudantes de turismo, a profissão de guia é, sim, uma das mais importantes da actividade turística, devido ao alto grau de contacto existente entre o guia e o turista. Embora a importância do guia de turismo seja reconhecida pelo grande público, existem poucos estudos mais profundos sobre o trabalho, a dinâmica e as funções desse profissional. A profissão é pouco estudada no campo teórico, e quase inexistente material ou bibliografia específica disponível a estudantes e professores, a não ser as apostilas elaboradas pelos próprios docentes para suas respectivas aulas. Mas afinal quem é o que é um guia de turismo? Segundo Souza, guia de turismo é o “profissional apto a prestar informações sobre o local visitado e assessorar o turista quando necessário”. Na actividade turística brasileira, a profissão de guia de turismo é a única que possui reconhecimento e regulamentação da Embratur, ou seja, exige formação específica e pode ser praticada apenas por pessoas que tenham realizado cursos direccionados e possuam cadastro no Instituto. De acordo com o órgão, É considerado guia de turismo o profissional que, devidamente cadastro na Embratur – Instituto Brasileiro de Turismo, […] exerça as actividades de acompanhamento, orientação e transmissão de informações a pessoas ou grupos, em visitas, excursões urbanas, municipais, estaduais, interestaduais, internacionais ou especializadas. De forma geral, a figura do guia de turismo estará presente durante toda a estada do turista na localidade visitada, tornando-se ele, então, o profissional que representará o principal elo de ligação entre o turista e os demais fornecedores de serviços turísticos a
  • 27. 27 serem realizados. Isso inclui não apenas a agência (em que o passageiro comprou o produto), mas também as operadoras (emissivas e receptivas), meios de hospedagem (hotéis, pousadas, alojamento, entre outros), empresas transportadoras (aéreas, rodoviárias, ferroviárias, fluviais, lacustres ou marítimas), serviços de restauração (restaurantes, lanchonetes, bares, etc.), atractivos (museus, teatros, casas nocturnas, casa de espectáculos, edifícios históricos, centros culturais, parques, entre outros), alem do comércio de modo geral. A presença desse profissional é muito mais importante e significativa do que se pode imaginar, como afirma Picazo: O guia, na realidade, é muito mais que um mero acompanhante ou orientador. Trata-se de um artista que sabe conferir cor e calor a uma paisagem, de um magico capaz de dar vida a pedras milenares, de um acompanhante que consegue que os maiores deslocamentos pareçam curtos, de um profissional, em definitivo, que torna possível que nos sintamos como em nossa própria casa no interior de um arranha-céu hoteleiro ou de uma cabana africana. O amor que o guia de turismo demonstra pelo local visitado e a evidente satisfação em mostra-lo aos turistas será o principal responsável pelo encantamento que o grupo desenvolvera pelo local. Um guia que não possua envolvimento emocional como local visitado possivelmente não conseguira cativar os turistas, e suas descrições perderão em encanto e profundidade. 12 12 Cfr: Chimenti, Silvia; Tavares, Adriana de Menezes; Guia de turismo: o profissional e a profissão – São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2007 pp.17/19
  • 28. 28 6-Globalização, Desenvolvimento em Meio Rural e Regionalização (Globalização e competitividade: o plano de fundo do desenvolvimento visto a partir do território.) Globalização e competitividade não são apenas temas novos. São dinâmicas que alteram radicalmente o processo de organização e funcionamento económico do território. Para as empresas, globalização tem vindo a significar:  Uma profunda alteração do referencial espacial de mercado: não são a concorrência se intensificou como, progressivamente, vão deixando de haver mercados protegidos – se não vendemos no estrangeiro vem as empresas estrangeiras vender” à nossa porta”.  A alteração do conceito de tempo: encurtou-se o ciclo de vida dos produtos; a logística deixou de ser um problema de minimização de custos de transporte; o período de amortização do investimento passou a ser incerto, incrementado o risco associado ao investimento.  A necessidade de alterar a lógica da gestão empresarial: a gestão operacional orientado para a minimização dos custos tende a ceder lugar à gestão estratégica orientada para a maximização das margens de comercialização.  Como consequência das mudanças anteriores, altera-se o conceito de actores: as restantes empresas já não são apenas concorrentes de mercado, são, simultaneamente, parceiros na procura de sinergias organizacionais e de investigação. Assim o exigem a flexibilidade produtiva e a inovação que comandam a actual lógica competitiva. Em síntese, o cerne da competitividade das empresas reside na sua capacidade de inovação e de diferenciação dos produtos. Já não é a mão-de-obra barata, já não são os recursos naturais, já não é minimização de custos dos transportes que determinam a competitividade das empresas
  • 29. 29 ou mesmo dos territórios. Actualmente os recursos produtivos chave são, sem dúvida, o conhecimento, a informação e a textura organizacional. Neste novo quadro em que se movem as empresas, o epicentro da competitividade empresarial transferiu-se do seu interior para o respectivo contexto envolvente. Ou seja, a capacidade competitiva das empresas depende, em grande medida, quer das condições envolventes da actividade empresarial, quer da forma como cada empresa se insere na respectiva envolvente. Dito de outra forma, o território constitui actualmente um factor de competitividade das empresas, não se limitando a servir-lhes de suporte físico, até porque a inovação – que é a alavanca da competitividade empresarial, recorde-se – resulta essencialmente de um processo interactivo de aprendizagem territorialmente matizado. Poderá mesmo dizer-se que a inovação é socialmente construída. Assim, no actual contexto, o que determina que nuns sítios “apareçam” e “floresçam” muitas empresas e que noutros não, é a qualidade ambiental e social do meio e, particularmente, as infra-estruturas imateriais do desenvolvimento, expressas na densidade e consistência relacional do tecido empresarial local, na riqueza dos fluxos locais de informação estratégicos e no bom relacionamento interinstitucional. Mas, a globalização não alterou apenas a “fórmula” da competitividade empresarial. Também alterou as condições de concorrência territorial. Num mundo a que já alguém chamou de “aldeia global” a concorrência de um território já não se faz com o território geograficamente contíguo. Pode-se fazer com uma outra região ou cidade geograficamente muito distante. Também os territórios passaram a ser simultaneamente concorrentes e parceiros, já que actualmente a questão chave já não é a concorrência com a região do lado, é sobretudo um problema de valorizar complementaridades, de explorar sinergias. Dada a mobilidade espacial do capital e a relativa homogeneização da dotação do território em termos de infra-estruturas de localização, a concorrência interterritorial já não se estabelece com base nas vantagens comparativas reveladas, mas com base na capacidade para valorizar as especificidades locais e para criar factores localizados de competitividade. Com efeito, o potencial competitivo de um território repusa, conjuntamente, sobre:
  • 30. 30  O seu padrão de vantagens comparativas em termos de factores avançados de competitividade, especialmente no que respeita à qualificação dos recursos humanos, à dinâmica de consumo do mercado local e à acessibilidade e articulação com os elementos do “sistema de conhecimento” – Universidade, centros de excelência, empresas e serviços especializados de apoio à actividade empresarial. Evidentemente, tais factores são parcialmente tributários da qualidade residencial, ambiental e cultural local.  A capacidade dos agentes locais para promoverem foi de inserção regional, nacional e internacional do território adequado às tendências macro-económicas globais.  A dinâmica organizacional e relacional do tecido empresarial local. Neste domínio relevam com determinantes da competitividade territorial, nomeadamente, existência de uma base económica estruturada em clusters de especialização flexível e a valorização do “capital relacional” local, tendo em vista gerar sinergias inovadoras e garantir o acesso á informação estratégica e ao mercado.
  • 31. 31 6.1. Lazer e Natureza no Turismo Rural Num movimento histórico e pendular, segmentos significativos da sociedade têm voltado atenção à realização de actividades lúdicas em áreas verdes, montanhas, cavernas, lagos, rios, cachoeiras e outros recursos do meio ambiente natural. O ecoturismo ou turismo ecológico envolve uma série de acções voltadas para o contacto com paisagens, acarretando impactos mínimos à flora e fauna. Com a sistematização das viagens ao cenário natural, com base em princípios de educação ambiental, o ecoturismo acabou por manter relação com inúmeras actividades: desportos de aventura na natureza, turismo rural, observação da fauna e da flora, estudos do meio. Essas interfaces ocorrem de modo a termos um campo de similaridades muito maior que a especificidade de cada tipo de turismo verde. É nítida a proximidade e as relações entre os turismos rural e ecológico. O turismo rural tem sido uma das possibilidades contemporâneas de lazer mais identificadas com visitas À natureza. Existem alguns pontos que explicam essa proximidade. A primeira está nas pessoas esbarrarem na difícil localização de unidades de alojamento próximas às áreas visitadas (reservas, parques, sítios naturais, unidades de conservação).
  • 32. 32 7- Desenvolvimento em Meio Rural: rupturas conceptuais e novos desafios. Antes de mais uma previsão conceptual: é de desenvolvimento em meio rural que devemos falar e não de desenvolvimento rural. Tradicionalmente “rural” é entendido como o espaço remanescente que não é urbano. Daí se parte para uma associação, sem dúvida abusiva, de “rural” com agrícola. Na verdade, o desenvolvimento do meio rural devera passar por um esforço de modernização agrícola, mas não se esgota aqui. Impõe-se ultrapassar a visão dicotómica do rural versus urbano, bem como aquela associação. Teremos de olhar a agricultura, ou melhor, os agricultores, não apenas como produtores de bens alimentares mas como produtores de ambiente. Teremos de olhar para o meio rural como um espaço de pluri- actividade e como um espaço de integração da actividade económica e residencial com o equilíbrio ambiental. Assim sendo, meio rural remete-nos não para aquela dicotomia mas para o desafio de promover a articulação harmoniosa entre o espaço urbano e a paisagem rural. Esclarecida esta questão, outra se impõe: face ao pano do fundo que enunciamos no ponto anterior, que futuro se depara ao Meio Rural em Portugal? Ao longo das últimas décadas o modelo competitivo dos espaços rurais baseou-se:  Na exploração da mão-de-obra barata e desqualificada;  Na exploração de recursos naturais: terra e/ou sol-praia;  Nalguns casos, na valorização da proximidade física ao mercado, posicionando- se o “rural” como fornecedor de produtos alimentares, de mão-de-obra e como espaço residencial alternativo. No futuro não há lugar para territórios competitivos com base num modelo destes. Porque, como vimos, a competitividade já não reside na mão-de-obra barata, nos recursos naturais, ou na minimização de custos de transporte. No futuro, que começou ontem, os recursos produtivos chave são o conhecimento, a informação e a textura organizacional. Assim sendo, estarão os espaços rurais condenados á marginalização e á desertificação, O risco existe, mas não me parece que estejamos perante um fatalismo. Alguns espaços têm maior potencial de sobrevivência e de afirmação do que outros, mas não estão necessariamente coordenados á desertificação. Em todo o caso, o futuro do meio rural
  • 33. 33 dependerá sobretudo dos agentes locais e do entendimento que tiverem do que é o desenvolvimento territorial. Esquematicamente, podemos enunciar três maneiras de perspectivar o desenvolvimento local: I. A visão clássica, ou assistencialista, que se exprime essencialmente numa atitude reivindicada dos actores locais junto da Administração Central. Os primeiros reclamam recursos financeiros para construir infra-estruturas, a segunda procede á distribuição do dinheiro por forma a mitigar as pressões reivindicativas dos actores locais. Elemento emblemático desta visão foi, e continua a sê-lo, a construção de estradas. Neste particular a imagem do país rural mudou profundamente nos últimos 10anos. As estradas mudaram, mas o nível de desenvolvimento nem tanto: O que é que falhou? É que as estradas servem os dois sentidos: para ir mas também para vir. As infra- estruturas de melhoria da acessibilidade são importantes para assegurar a qualidade de vida das pessoas e a localização das empresas. Mas, parece ter-se esquecido que a dinamização do tecido empresarial e a criação de emprego não podem prescindir dos factores imateriais de desenvolvimento a que antes fazíamos alusão. Não são as estradas que trazem desenvolvimento. Para as empresas, o principal efeito das estradas traduzem-se na redução dos custos de transporte – seja no acesso ao mercado ou na aquisição de matérias primas – porém, estes têm actualmente reduzida expressão na estrutura de custos da maior parte das empresas. O desafio que se coloca às empresas não é o de minimizar custos, é o de maximizar margens. Isso consegue-se pela diferenciação de produtos, não porque se tem boas estradas. Acresce que as estradas, nomeadamente às auto-estradas, geram um novo problema: criam um efeito túnel. Aumentam a acessibilidade aos pontos extremos mas tendem a isolar os aglomerados intermédios. Daí que actualmente para o meio rural seja da maior importância aumentar as acessibilidades intra-regionais bem como as acessibilidades intra-concelhias. Associada com a acessibilidade está a questão dos equipamentos colectivos em meio rural. Uma coisa é localizar equipamentos em conformidade com uma visão hierárquica do espaço, o que nos conduz à especialização funcional dos equipamentos, outra coisa é
  • 34. 34 apostarmos na polivalência desses equipamentos e pensarmos na proximidade das pessoas e na sua acessibilidade. Ao contrário da lógica de especialização prevalecente, a qualidade de vida dos espaços rurais de menor densidade reclama uma lógica de concepção dos equipamentos baseada na polivalência. Ainda que estas ilustrações não sejam bastantes para demonstrar a ineficácia desta via assistencialista de prosseguir o desenvolvimento local, não deveremos deixar de reflectir sobre a capacidade reivindicativa do mundo rural no futuro. Nomeadamente por referência aos grupos de pressão com inserção urbana - até por uma questão de expressão eleitoral. II. À perspectiva anterior do desenvolvimento opõe-se o que, à falta de melhor expressão, designarei por visão “ecológico”- localista de construção de território alternativos. Pretendem os seus intérpretes que esta é uma alternativa ao congestionamento urbano e ao desenraizamento social e cultural, alicerçada numa outra organização social e económica estabelecida em harmonia com a natureza e autocentrada do ponto de vista do poder de decisão quanto às opções colectivas. Trata-se de uma visão apelativa e, aparentemente, ambiciosa. Porém, transporta para o meio rural assemelha-se a uma estratégia de geltização territorial, social e política. Nem mesmo o enaltecer dos sentimentos contemplativos e as potencialidades do teletrabalho parecem susceptíveis de configurar alternativas de desenvolvimento generalizáveis ao mundo rural. III. A terceira via de prosseguir o desenvolvimento do meio rural repousa sobre um entendimento estratégico-processual do desenvolvimento sustentável e tem na mobilização dos actores locais a sua pedra basilar. Desenvolvimento sustentável porque deve procurar compatibilizar a salvaguarda e valorização dos recursos ambientais coma a desígnio de promover a competitividade da economia local; porque deve articular competitividade com coesão social e, ainda, porque politicamente deve alicerçar-se na participação e no enriquecimento do conceito de cidadania. Deve entender-se como processual porque se trata de partir dos problemas, na forma como eles são sentidos pelos actores locais, e identificar quais são as soluções
  • 35. 35 que podem ser viabilizadas pela capacidade desses actores, sem prejuízo da definição e contratualização de parcerias. Por ventura isto significará que, de um modo geral, o desenvolvimento em meio rural passará por pequenos projectos. Mas atenção: convém não confundir “fazer pequenos” com “pensar pequeno”. Importa não perder de vista o pano de fundo que envolve a dinâmica económica dos territórios que queremos desenvolver. O esforço de desenvolvimento deve apoiar-se numa visão estratégica por forma a compreender a lógica global que enquadra a transformação económica e social dos territórios e retirar daí as devidas ilações quanto às oportunidades e ameaças, potencialidades e pontos fracos. Um pequeno exemplo. Aproveitar as potencialidades turísticas do Alentejo, de que muito se fala, requer que se compreendam as dinâmicas globais dos diversos segmentos da procura – até para não se cometerem os mesmos erros que se cometeram noutras regiões do país. Se compreendermos aquelas dinâmicas facilmente chegaremos à conclusão de que desenvolver o turismo no Alentejo passa, mais do que pela construção de equipamentos hoteleiros, por criar condições de acolhimento ao visitante, passa por estarmos atentos a pequenas coisa as como sejam: a sinalização na via pública, a horário de funcionamento dos estabelecimentos, as “entradas” que se servem nos restaurantes, ou mesmo os hábitos da venda do pão nas padarias. Ora, estas pequenas “ coisas” remetem-nos, não para domínios que se resolvam com obras de construção civil, mas, para um trabalho pedagógico de mudança dos hábitos e atitudes culturais, o que é menos visível e muito mais difícil de fazer. Retomando a questão. Se aceitarmos como valido este último entendimento do desenvolvimento territorial, então promover o desenvolvimento do meio rural português deverá passar pela adopção de uma politica que:  Promova a qualidade do meio rural, em todas as suas dimensões.  Dinamize a base económica local valorizando as respectivas especificidades competitivas no contexto global, nomeadamente o saber fazer local, e promovendo a organização em cacho dos seus segmentos de especialização – estabelecendo para tal as necessárias articulações em rede com o tecido empresarial regional.
  • 36. 36  Fomente, apoie e qualifique a iniciativa empresarial, especialmente a micro- iniciativa, quer no segmento da economia concorrencial, quer no domínio do mercado social de emprego.  Promova sinergias relacionais entre o tecido empresarial e as instituições públicas, nomeadamente no que se refere à partilha da informação, à valorização de complementaridades regionais com vista a adquirir “massa crítica” nos mercados (regional, nacional e internacional) e a assegurar o acesso a esses mercados. Por exemplo, procedendo à grupagem de produtos tradicionais da região e à promoção conjunta da sua comercialização. Em síntese, o desenvolvimento do meio rural é fruto das políticas sectoriais – nacionais (agrícola, florestal, ambiental, urbana, industrial, …), mas depende fundamentalmente da capacidade, empenhamento e persistência dos agentes locais – particularmente dos institucionais – para quebrarem o ciclo cumulativo do empobrecimento, através da criação de factores avançados de competitividade territorial. Os desafios associados ao desenvolvimento do meio rural não decorrem tanto do seu conteúdo como da forma de o fazer. A coordenação e a parceria não são fáceis. Mas antes de nos precipitarmos a criar novos instrumentos, queimando apressadamente os existentes, temos de saber delimitar as funções e as formas de articulação entre entidades tão distintas como: as Associações Empresariais, as Sociedades de Desenvolvimento Regional, as Agencias de Desenvolvimento, as Associações de Municípios, os serviços desconcentrados da Administração Central – como sejam as CCR e as DRA -, etc. Não podemos todos querer fazer tudo, nem devemos pedir a qualquer entidade que faça o que não está preparada nem vocacionada para fazer. A este propósito, permita-se-me aqui outro parêntesis. Este Colóquio consagra a abertura de um pólo do ISCTE em Grândola, o que sem dúvida enriquece o potencial de desenvolvimento local e configura um dos factores competitivos de que falava. Mas não se pense que a partir daqui os agentes locais podem cruzar os braços. O sistema de Conhecimento materializa-se na articulação entre a Universidade e o tecido empresarial local e na articulação entre este tecido e os serviços de consultoria às empresas. Por importante que seja serviços o papel da Universidade, o Sistema de Conhecimento não se confunde com ela. As Universidades são o celeiro do conhecimento, mas, qualquer alentejano sabe que por muito boa que seja a semente ela não se reproduz se a
  • 37. 37 lançarmos num deserto de areia em vez de o fazer na terra fértil. Isto também se aplica ao papel da Universidade enquanto factor do Desenvolvimento Local.13 13 Cfr. Revista Instituto de Estudos Superiores do Litoral Alentejanos (2000) “Territórios alternativos: Actas do Colóquio Territórios alternativos, Ciência e Desenvolvimento, in FCT (Fundação para Ciências e Tecnologia) pp47 à 54, INESLA
  • 38. 38 8-Desenvolvimento Local, liderança estratégica e Regionalização: considerações a propósito de um debate na ordem do dia Decorre das considerações anteriores que a capacidade de liderança estratégica, a coordenação supra-municipal da decisão e a parceria entre actores - contratualizada ou não – constituem instrumentos - chave do desenvolvimento local. Com efeito, a visão estratégica – processual do Desenvolvimento Local pressupõe a existência de suportes organizacionais de base territorial que promovam o diálogo, a responsabilização e a parceria entre os agentes locais. Mas para o fazerem com eficácia e eficiência é preciso que detenham poder de decisão. Adicionalmente, para que possam ser o intérprete do interesse colectivo é necessário que as suas decisões sejam socialmente legitimadas. Em democracia esta legitimação decorre da escolha dos titulares dos órgãos de poder por sufrágio eleitoral. Os municípios detêm significativa autonomia e legitimidade social – reforçada aliás pela exemplaridade da obra feita – mas não dispõem de massa crítica, não têm escala suficiente, para responder com eficácia e eficiência aos desafios do desenvolvimento local no actual contexto de globalização. A Regionalização agora em Referendo não é a solução milagrosa para o desenvolvimento Regional. Este depende sobretudo da natureza da Politica Regional a prosseguir – o que não está em discussão – mas, seja como for, o desenvolvimento local e regional não pode prescindir de um suporte organizacional que lhe confira liderança estratégica. Ora, a Regionalização em debate é uma oportunidade para reforçar a capacidade de liderança de desenvolvimento local, promover espaços de concertação e de parceria estratégica entre os actores do desenvolvimento. Conseguem imaginar o que será hoje á qualidade de vida dos portugueses se em 1976 não tivessem sido criadas as Autarquias Locais? Pois bem, no actual quadro institucional de suporte à inserção geo-estratégica do país, as Regiões Administrativas são, nem mais nem menos, os municípios da União Europeia. Os Municípios estão para o País, como Regiões Administrativas deveriam estar para as instituições da União Europeia. Afinal, hoje, como em 1976, o que está em causa com a Regionalização é o direito e a liberdade de tomarmos nas próprias mãos as decisões sobre o nosso destino colectivo.
  • 39. 39 9- Planeamento e Organização de Projectos 9.1- Elaboração de um projecto turístico Percurso da serra da Aboboreira Mapa 4: Percurso da Serra da Aboboreira Legenda: 1. Centro Hípico 2. Aldeia de Currais 3. Aldeia de Almofrela 4. (4.1/4.2). Dólmens de Outeiro de Gregos 1 e 2 5. (5.1/5.2). Dólmens de Outeiro de Ante 1 e 3 6. Capela N.Srª da Guia 7. Pedra do Sol 8. Dólmen de Meninas de Castro 3 9. Fonte do Mel 10. Dólmen Chã da Parada (Monumento Nacional) Parque de Merendas Albergue Parque Eólico Alminhas Estrada Nacional N321 Trajecto do Percurso
  • 40. 40 10- Rota da Serra da Aboboreira 10.1- Caracterização Ambiental e Territorial da Rota da Serra da Aboboreira 10.1.1- Flora Autóctone O realce vai para as manchas remanescentes de carvalhais galaico-portugueses, bosques climatéricos de carvalho-alvarinho (Quercus robur), os últimos do distrito do Porto e dos melhores conservados do maciço Marão/ Alvão/ Aboboreira, que sobrevivem em vales abrigados entre os 600 e 750 metros de altitude. Estes bosques de carvalho-alvarinho da Serra da Aboboreira que, por vezes, surgem em associação com outras Quercíneas como o Carvalho negral (Quercus pyrenaica), sobretudo nas áreas de solo mais secos, ou nas encostas mais soalheiras, enquadram-se, do ponto de vista fitossociológico, na associação Rusco aculeati. Quercetum roboris e albergam inúmeras espécies de plantas arbustivas e herbáceas da flora nemoral, como o azevinho (ilex aquifolium), a aveleira (Corylus piraster), a gilbardeira (Ruscus aculeatus), a saxifraga (saxifraga spathularis) e o Castanheiro (Castanea sativa). Imagem 2: Carvalho-alvarinho (Quercus robur) Imagem 3: Carvalho-negral (Quercus pyrenaica)
  • 41. 41 Imagem 4:Azevinho (Ilex aquifolium) Imagem 5:Aveleira (corylus piraster) Imagem 6: Castanheiro (castanea sativa) Imagem 7:Gilbardeira (Ruscus aculeatus)
  • 43. 43 Ervas Aromáticas Nesta zona é característica a utilização de ervas aromáticas, quer na gastronomia, quer na medicina tradicional, tais como o rosmaninho, alecrim, o louro, a hortelã, a salsa, o funcho, a arruda, o travisco, a cidreira, a marcela, a arnica, os agriões e os poejos. Imagem 9:Rosmaninho (lavandula pedunculata) Imagem 10: Trovisco (Daphne ignidiuml) Imagem 11: Alecrim (Rosmaninus officio nalis) Imagem 12: Hortelã ( Mentha piperital)
  • 44. 44 Imagem 13: Salsa (Petrose lirum crispum) Imagem 14: Arrunda (Ruta graveolens L) Imagem 15: Funcho ( Foeniculum vulgare) Imagem 16: Louro ( Laurus nobilis) Imagem 17: Cidreira ( Melissa officinalis)
  • 45. 45 10.1.2- Fauna Correspondendo à diversidade de biótopos naturais, a Serra da Aboboreira alberga igualmente um importante e rico património faunístico, sendo de destacar, no que diz respeito aos invertebrados, várias espécies de Lepidópteros (Borboletas), algumas das quais raras e ameaçadas a nível Europeu como a Callophrys Avis, a Melitaea trivia e a loenonym pha iphioides, para além de várias espécies de Coleópteros (Escaravelhos), entre os quais o lucanos cervus. Contudo, para além invertebrado, a Aboboreira alberga ainda cerca de 68 espécies de vertebrados terrestres, não incluindo as aves. De entre estes, realce para alguns endemismos com elevado interesse conservacionista, como é o caso da Salamandra. Lusitânia (chioglossa lusitanica), do Tritão-de-ventre-laranja (Triturus boscai), da Rã-ibérica (Rana ibérica) e do lagarto-de- água (lacerta schreiberi), no caso da Herpetofauna e da Toupeira-de-água (Galemys pyrenaicus ). Nos mamíferos destacam-se o javali (Sus scrofa), o Gato-bravo. Imagem 18: Tritão-de-ventre-laranja (Triturus boscai)
  • 46. 46 Na fauna doméstica, há a salientar o gado ovino e caprino, que pastoreiam na encosta da serra, permitindo fazer o saboroso queijo fresco, assim como o bovino ainda utilizado na agricultura tradicional. Imagem 21:Caprino Imagem 20:Ovino Imagem 19: Bovino
  • 47. 47 10.1.3 - As Casas e os Lugares Estamos na presença de um espaço natural que ao longo dos tempos se transformou num lugar para habitar, para trabalhar, para brincar, para crescer. Homens, mulheres, crianças e velhos foram de forma contínua burilando a natureza rude e selvagem, de forma a torna-la mais doméstica e mais habitável. Um conjunto de lugares, de sítios, uns muito pequenos, onde só cabe uma família e um casebre, outros maiores onde se construíram linhagens, casórios, e grandes casas. Desenvolveram e aplicaram as suas tecnologias, os seus saberes e transformaram uma natureza num património cultural e ambiental. Foram bosques de soutos, foram campos e sistemas de rega complexos, domesticação de animais e apuramento genético de raças. Construíram-se casas e canadas, quelhas e ruelas tortuosas, ligaram-se comunidades e povos. Todo um mundo social em construção e evolução. A terra e a serra dava tudo, ou quase tudo. O pão, a carne, a lenha, a água. As divindades foram aparecendo, de forma ingénua no início e depois, mais elaboradas e substantivas. Capelas, e pequenas ermidas ergueram- se para se venerarem os seus Santos e Santas. Santa Bárbara nos proteja das trovoadas e dos raios. O aconchego espiritual e religioso começam a domesticar estes povos mais devotos do profano e da religiosidade popular. As famílias foram-se organizando, primeiro em linhagens, depois em grupos domésticos mais individualizados. Aparecem outras casas, outras famílias, a fragmentação aparece e o sentido comunitário e colectivo da grande casa e da grande família desaparece e é ocupado pelo individualismo, pela célula familiar restrita. Quem sobe a montanha vai encontrando esse sentido antropológico de organizar o espaço social destes montanheses. As aldeias agrupam casas e grupos domésticos específicos, aqui são os Lobos; ali são os Oliveiras; do outro lado são os Freixos; temos também os Souzas; os Pinheiros. Nomes, famílias, grupos domésticos que se cruzam nas suas histórias de vida. Umas mais alegres, outras mais tristes. O drama e a epopeia fazem parte da identidade de qualquer povo, e este não foge à regra. Trocam-se homens e mulheres, celebram-se casamentos e alianças, discute-se o dote na tasca ou na adega, as filhas magras e altas, de olhos grandes e cabelos claros esperam pela decisão no
  • 48. 48 terreiro da capela. Está na ora de construir nova casa, nova família, nova aliança. A alegria rebenta com choros baixinhos, é a angústia da partida. Lá em baixo, Almofrela prepara-se para a Festa da Santa Bárbara, homens de vara comprida e chapéu preto, com animais presos por argola, corpulentos e majestosos, falam, gesticulam. Uma espécie de celebração comunitária, de dia de todos os santos. Os sinos tocam, rapazes correm pelos caminhos descalços a chamarem as mães que trabalham nos campos, as portas abrem-se, o padre benze as casas, os mordomos lançam saudações. E prova-se o vinho, comem-se os figos e o salpicão. O fumo sai de forma preguiçosa das casas baixas, como se estivessem a dormir profundamente. Uma fumarada invade cozinhas e alcovas, os tectos pretos, já não deixam conhecer as madeiras que dão abrigo a estas almas. O colmo abriga do frio que corta os corpos como fio de navalha, as crianças que guardam os gados mijam nos pés descalços, única forma de os aquecer deste frio centenário. E comem um naco de pão com uma espécie de unto de porco à mistura. Aldeias, casas, ruas, lugares. Currais, duas linhas de casas alinhadas de um e do outro lado do velho caminho. Canastros em lugares de sol e vento. Cortes de gado, paredes meias com as habitações. Uma espécie de aquecimento central. Depois, temos lá em cima Vale Abrigoso, um lugar único, belo e em ruína. Onde outrora moças e moços, brincaram, cresceram e casaram. Com casebres enterrados no chão, casas finas de granito e telha, onde padres e senhores sonharam e possivelmente conspiraram contra liberais e republicanos. Gente que lutou contra o invasor francês de forma aguerrida. Contam-se histórias de meter medo ao diabo (que soltava o agoiro nas casas abandonadas) sobre as lutas que se travaram na região, onde mulheres e homens defenderam a serra de forma implacável. A serra constitui uma espécie de áxis mundi enquanto lugar de referência para todos aqueles que aí nasceram e partiram para outros mundos. A serra ficou pobre e abandonada de gentes e povos, os gados diminuíram drasticamente (ainda antes da PAC) e das normas da Comunidade Europeia. Agora, já não se podem saborear os queijinhos feitos pela mulher do senhor Pinheiro no lugar de Aboboreira. As leis sanitárias estão a matar os produtos locais. O gado frísio ocupou o lugar de direito do gado arouquês, uma espécie autóctone de grande importância ecológica e económica,
  • 49. 49 pela sua diversidade e adaptabilidade às serras e ao seu pasto. Temos um espaço de montanha em perda de biodiversidade natural e singularidade cultural. Fica-nos, uma placa fina de representação da vida da serra, uma espécie de folclore comercial, que tenta animar os espaços sem vida sem alma cultural. Uma espécie de “fantasia lusitana”, como se nada tivesse mudado, como se nada tivesse acontecido. A serra está um espaço vazio, sem gentes, sem gado, sem casas, sem ambiente, sem tecnologia. Virou a uma espécie de parque temático em estalo de ruína – alegoria da representação Serrana14 . Para João Arriscado Nunes (1994:58-59) a importância da cultura «reside no facto de ela permitir criar as identificações em situação, através das quais os actores sociais definem o que os une – e a quem -, e o que os separa - e de quem – em cada situação»15 . Os naturais de Almofrela, ainda hoje, se encontram anualmente na aldeia que os viu nascer e crescer, visita esporádica é certo, mas que permite comungar deste pathos original – serem de aqui -, mas viverem acolá. 14 Cfr. RODRIGUES, Fernando Matos (1994) “O Espaço Doméstico da Morte. Fragmentos de memória colectiva” in Revista RURALIA (Fernando Matos Rodrigues, Direct.). Arouca, Ed. CEM, pp39-56. 15 Cfr NUNES, João Arriscado (1994) “Os Espaços E Os Tempos Da Cultura e Das Identidades” in Revista RURALIA (Fernando Matos Rodrigues, Direct.). Arouca, Ed. CEM, pp.57-63.
  • 50. 50 10.2- Identificação e estudo da micro-toponimia A identificação dos lugares de Almofrela, freguesia de Campelo estão associados à organização e divisão das propriedades. Por exemplo caminho do Eido de Baixo, Caminho do Vale de Pedra, caminho da Poça de Salgueiro, Caminho do Vale Abrigoso, entre outros. O espaço central da aldeia de Almofrela esta identificado com o nome de São Brás, evocação do santo que da nome a mesma capela implantada no centro do lugar. Estamos na presença de um hajiotoponio que empresta ao lugar a sua carga simbólica e religiosa de identificação colectiva. Temos também como topónimos o nome de salgueiro que são uma espécie de fitotoponimio consequência das espécies argorias que fazem parte da paisagem local. Os vestígios arqueológicos (antas ou Dólmens) também fazem parte dos elementos arquitectónicos identificativos deste território. Em relação ao topónimo Almofrela, facilmente se deduz que é um antropónimo de origem muçulmana, registando desta forma simples mas duradoura a presença da cultura muçulmana na península ibérica. Rua de Almofrela Caminho do Eido de Baixo Caminho do Vale de Pedra Caminho da Poça do Salgueiro Caminho do Vale Abrigoso
  • 51. 51 10.3- Levantamento estatístico das aldeias da Serra da Aboboreira Sexo: Feminino - 6 Masculino - 4 Escolaridade: Sem escolaridade - 4 1º Ciclo - 2 2º Ciclo - 3 3º Ciclo -1 Ensino Secundário - Ensino Superior - Anos em que vive na Aldeia: - 5 - 1 5/10 - 1 11/20 - 4 + 20 – 4
  • 52. 52 Gosta de viver na Aldeia? Sim -9 (pessoas) Não - 1 (pessoa) Porque?  Têm poucas pessoas; Quais as maiores dificuldades encontradas na aldeia? 1. 20% Da população inquirida respondeu que tinha falta de meios de transporte; 2. 20% Da população inquirida respondeu que à uma longa distância dos centros urbanos; 3. 15% Da população inquirida têm dificuldade em se deslocar a qualquer tipo de Comércio; 4. 15% Da população inquirida sente a necessidade de um Posto Médico na aldeia ou a dificuldade de se deslocar a um posto médico mais perto; 5. 10% Da população inquirida não têm Saneamento; 6. 7,5% Da população inquirida não têm Água Canalizada; 7. 7,5% Da população inquirida diz que a aldeia não tem Segurança; 8. 5% Da população inquirida tem falta de Electricidade; Que actividades são exercidas ao longo do dia pelas pessoas da aldeia? 1. 35% Da população inquirida trabalha no campo; 2. 30% Da população inquirida é reformado; 3. 20% Da população inquirida são donas de casa; 4. 10% Da população inquirida são estudantes; 5. 5% Da população inquirida trabalham no comércio; Porque?  Mora a 72 anos na aldeia;  A casa onde vive é dos pais;  Aldeia onde nasceu;  É calmo;  A esposa é da aldeia;  Bem pessoas novas passar férias  Tem o ar puro;  Gosta da Natureza;
  • 53. 53 Porque é que a aldeia se chama Almofrela?  Toda a população inquirida não sabe o porque de a aldeia se chamar Almofrela. O que é que nos pode contar sobre a história da aldeia?  Toda a população inquirida não sabe histórias da aldeia. Já ouviu falar em Turismo Ambiental e Rural?  40% Da população inquirida respondeu que sim.  60% Da população inquirida respondeu que não. Se sim, explique porque. - É uma coisa do ambiente e Rural dos meios (Lavradores); - Ter cuidado com a Natureza, não criar poluição. E rural é manter as tradições. O que pensa na iniciativa de recuperar as casas abandonadas para o Turismo?  70% Da população inquirida concorda totalmente;  30% Da população inquirida concorda;  Nenhum dos inquiridos discorda. Como classifica as potencialidades turísticas como aposta no futuro económico da aldeia? (De 1 a 10)  1-  2-  3-  4-  5- 10%  6-  7-  8-20%  9- 40%  10- 30%
  • 54. 54 Do seu ponto de vista qual será o maior desafio que a aldeia irá enfrentar no futuro?  45% Da população inquirida responde que o maior desafio que a aldeia irá enfrentar no futuro é o envelhecimento;  30% Da população inquirida responde que o maior desafio que a aldeia irá enfrentar no futuro é o envelhecimento;  15% Da população inquirida responde que o maior desafio que a aldeia irá enfrentar no futuro é a reconversão como aldeia turística;  10% Da população inquirida responde que o maior desafio que a aldeia irá enfrentar no futuro é a sua modernização; O que é para si uma Rota Turística?  80% da população inquirida não sabe;  20% da população inquirida respondeu: - É um conjunto de rotas onde podemos passar e ver as paisagens; - Aquela pessoa que vem a andar de um lado para o outro. Considera que a Aboboreira tem potencialidades para fazer parte de uma Rota Turística?  100% da população respondeu que sim.
  • 55. 55 10.4- Identificação e caracterização do Património Arqueológico Arquitectónico da Serra da Aboboreira A Serra da Aboboreira, um contraforte granítico implantado no extremo ocidental do maciço montanhoso Marão/Alvão, está localizada no extremo noroeste do distrito do Porto, Portugal. Distribui-se pelos concelhos de Amarante, Baião e Marco de Canaveses. Não é muito acidentada, estendendo-se por longos planaltos (designados por «chãs»), e eleva-se até uma altitude de 1 000 metros, sendo de destacar, pela sua importância, três pontos: o da Abogalheira, com 962 metros; o de Meninas, com 970 e o da Senhora da Guia com 972 metros. Os primeiros vestígios de ocupação humana detectados na Serra da Aboboreira datam de 4500 anos AC Neolítico. A ocupação do planalto superior da Serra estende-se até à a Idade do Bronze(2 500 a.C.). De todos os túmulos inventariados destaca-se o dólmen de Chão de Parada 1, Monumento Nacional desde 1910.
  • 56. 56 10.4.1A necrópole megalítica da Aboboreira Os estudos arqueológicos que têm vindo a ser realizados nas serras da Aboboreira e do Castelo desde 1978 revelaram já a existência de uma vasta necrópole megalítica, a única exaustivamente estudada e das maiores que actualmente se conhecem em território português, com cerca de quatro dezenas de mamoas identificadas. As mamoas estão normalmente dispostas em grupos (como nos conjuntos megalíticos de Chã de Parada, Chã de Ante, Chã de Outeiro de Gregos e Meninas do Crasto), ocupando zonas planas, normalmente planálticas. No seio de uma maioria de mamoas pequenas, ou médias, cuja datação científica sugere serem as mais antigas (embora nem todas tenham sido datadas), insere-se uma minoria de dólmens de relativamente grande porte, um deles com corredor e átrio (dólmen 1 de Chã de Parada). Na estrada de Baião para Mesão Frio, no lugar de Queimada, pode-se seguir por um estradão que sobe para o planalto da Aboboreira e o cruza, dando acesso aos múltiplos monumentos. Embora não exista nenhuma indicação para os visitantes ao longo do estradão, o que torna difícil encontrar a maioria deles para quem não conheça o local, é relativamente fácil encontrar os monumentos na Chã de Parada, Chã de Ante, Chã de Outeiro de Gregos e Meninas do Crasto. Este estradão percorre o mesmo caminho da antiga «estrada da liteira»16 . 16 http://pt.wikipedia.org/wiki/Serra_da_Aboboreira
  • 57. 57 10.4.2- Vestígios da Idade do Bronze e da Idade Média Encontram-se também vestígios da Idade do Bronze. É o caso da necrópole do Tapado da Caldeira onde foram escavadas quatro sepulturas, contendo, cada uma delas, um vaso. São também desta época os primeiros povoados conhecidos nesta área, com fossas abertas no saibro, buracos de poste e lareiras, como o da Bouça do Frade. Estes povoados parecem mostrar que, no final da Idade de Bronze, a região conheceu uma ocupação mais intensiva das zonas dos vales férteis e uma maior estabilidade do habitat. No topo da serra do Castelo, fronteira à da Aboboreira, havia na Idade Média o antigo Castelo de Penalva (no alto que designa hoje por Castelo de Matos), da família nobre de Baião, que topograficamente dominava a Terra de Baião. Foram encontrados vestígios de um castelo de madeira dos meados do século XI e, na orla do cume, de uma muralha em pedra que rodeava um habitat (século XI-XII). Foi lá encontrada uma espora de um cavaleiro medieval e várias pontas de tiro ao arco17 . 17 http:pt.wikipedia.org/wiki/Serra_da_Aboboreira
  • 58. 58 10.4.3- Anta da Aboboreira Imagem 22: Anta no campo arqueológico da Serra da Aboboreira, Baião Figura 1:Planta da Anta da Aboboreira A Anta da Aboboreira, Anta de Chã de Parada, Casa da Moura de São João de Ovil, Casa dos Mouros, Cova do Ladrão, Dólmen da Fonte do Mel ou simplesmente Dólmen de Chã de Parada é o grande dólmen de corredor de Chã de Parada, o mais
  • 59. 59 conhecido da Serra da Aboboreira. Do período Neo-Calcolítico, é considerado um monumento nacional desde 1910. Trata-se da câmara dolménica da mamoa 1 de Chã de Parada, na freguesia de Ovil, Baião, que se pensa ter sido construída perto do início 3º milénio a.C, ou seja, há uns 5000 anos. É um dos cerca de quarenta monumentos já identificados na necrópole megalítica da Serra da Aboboreira. Trata-se de um dólmen de corredor (virado a nascente e com cerca de 4,5 metros de comprimento) com 9 esteios de granito e uma laje de cobertura. Existiam dantes restos de pintura a vermelho no esteio da cabeceira, actualmente invisíveis à vista desarmada. Em três das suas lajes encontram-se esculturas (motivos artísticos gravados) radiantes ou estiliformes, algumas das quais só podem ser vistas claramente por decalque. Na parte central superior da laje de cabeceira do dólmen, encontram-se quatro representações de um motivo em forma de jarra (em falso relevo no motivo superior e incisa nos restantes) que também ocorre em monumentos megalíticos da Galiza (Dombate, Casa dos Mouros e Espiñaredo) - chamado «a coisa» - de que se ignora o significado (Cassen e Lastres pensam que poderá ser uma representação de um cachalote). Figura 2:. Os dois círculos e covinha quando iluminados por baixo fazem surgir uma máscara
  • 60. 60 No segundo esteio do lado direito, há uma figura radiada e no terceiro há dois círculos, lado a lado, e uma pequena covinha entre a base dos dois e mais acima, à esquerda, uma figura que lembra vagamente um 8. O dólmen estava outrora coberto por uma colina artificial (a mamoa), que ainda se percebe e que teria por função escondê-lo, protegendo-o, e, por outro lado, poderá ter fornecido um plano inclinado para o transporte da grande tampa da câmara até à sua posição definitiva. A mamoa, que está parcialmente destruída, tem um formato ovóide (com um eixo maior de cerca de 24m, no sentido W-E, e um eixo menor de cerca de 20m, no sentido N-S). A Anta da Aboboreira esteve durante anos (e até Julho de 2006) parcialmente coberta por terra para proteger o monumento. Nessa altura, foram feitos trabalhos de preservação e restauro do monumento e limpeza da vegetação e líquenes que cobriam o monumento e a sua área envolvente, tendo-se procedido à aplicação de herbicida. Foi também introduzido um geo-dreno, colocada uma manta geotextil na base do interior da câmara, corredor e zona frontal do dólmen e construído um sistema interno de contrafortagem dos esteios e um anel de contenção18 . 18 http://pt.wikipedia.org/Anta_da_Aboboeira
  • 61. 61 10.4.4- Conjunto Megalítico de Outeiro de Gregos Imagem 23: A câmara da Mamoa 1 é constituída por lajes tombadas, dispostas segundo o seu lado maior Imagem 24: Mamoa 2 de Outeiro de Gregos
  • 62. 62 Imagem 25: Mamoa 3 de Outeiro de Gregos O Conjunto Megalitico de Outeiro de Gregos fica numa área de acumulação de sedimentos transportados por águas de escorrência designada por Chã de Outeiro de Gregos, na Serra da Aboboreira, Ovil, Baião. Nesta chã encontram-se monumentos de características diferentes, que se pensa terem sido construídos em épocas distintas: Mamoa 1 – cista megalítica (2300-1900 AC) Mamoas 2 e 3 – dólmenes fechados (4450-3700 AC, datas calibradas) Mamoa 4 - sepulcro ortostático (3200-2700 AC) Mamoa 5 - um «cairn» (mamoa feita só com pedras) (depois de 1900 AC) Mamoa 1 Trata-se de uma cista megalítica cuja área sepulcral é delimitada por um círculo lítico inserido num «cairn». A câmara é constituída por lajes tombadas, dispostas segundo o seu lado maior, e contrafortadas por outras lajes do mesmo tipo. Na base da câmara, foi encontrada uma peça de arame de prata em forma de espiral (característica
  • 63. 63 da primeira fase do Bronze Antigo). Em torno da mamoa propriamente dita, há um lajeado horizontal com cerca de 2,40 m de extensão, feito de pequenas lajes ou blocos encostados uns aos outros, constituindo como que um pavimento irregular de pouca espessura, deixando numerosos pequenos interstícios, preenchidos com terra, entre os elementos que o constituem. Este lajeado parece ter tido apenas por função a demarcação simbólica do espaço sepulcral em relação ao espaço natural envolvente. (Esta mamoa, que não é tão facilmente visível a partir do estradão como as mamoas 2 e 3, está do lado oposto à Mamoa 2, em relação ao estradão). Mamoa 2 É uma mamoa em terra, revestida por uma couraça constituída por um imbricado compacto de pedras que na periferia se arqueia até à rocha de base, por forma a encerrar o tumulus num invólucro lítico protector. É genericamente circular, de 15 metros de diâmetro, e apresenta um dólmen, com toda a probabilidade fechado, de câmara poligonal, com um espaço interno diminuto, com cinco esteios verticais, que se pensa terem sido originalmente oito. Sob uma das lajes, encontrou-se um fragmento cerâmico (conta de colar). Desde 2007, esta mamoa é facilmente visível a partir do estradão. Mamoa 3 É uma mamoa subcircular, de 12 metros de diâmetro, feita em terras, revestida por uma couraça, havendo indícios de um possível círculo lítico de contenção. A câmara é um dólmen simples fechado com 7 esteios, com um espaço interno diminuto, e de altura máxima 1,9 metros.
  • 64. 64 Mamoa 4 É uma mamoa subcircular pequena e muito baixa, com revestimento pétreo quase horizontal. É em terras e pedras e tem cerca de 9 metros de diâmetro e 0,2 metros de altura. A câmara é um sepulcro ortostático (com lajes verticias) e lembra já as cistas megalíticas. Parece ser de inumação individual e evidenciar um posicionamento mais discreto no terreno, com a utilização da área periférica das chã, na proximidade de outros monumentos mais antigos, e reduzida ou nula monumentalidade. Mamoa 5 É uma mamoa baixa, constituída por uma camada de terras recoberta por uma aglomeração de pedras, formando um «cairn» baixo (0,6 m), com um diâmetro médio de 10 m. Não tem uma estrutura central (sem câmara)19 . 19 http://pt.wikipedia.org/Conjunto_Megalitico_de_Outeiro_de_Gregos
  • 65. 65 10.4.5- Conjunto Megalítico de Meninas de Crasto O Conjunto Megalítico de Meninas do Crasto fica na vizinhança de uma elevação com esse nome, que tem um marco geodésico, na Serra da Aboboreira, Ovil, Baião. Foram nele identificadas seis mamoas do período Neo-Calcolítico, três das quais já foram estudadas: Mamoa 1 - mamoa em que a área sepulcral é delimitada por um círculo de pedras fincadas. Mamoa 2 - Foi «salva» em 1982, face a destruições efectuadas para consertar um estradão. A análise ao Carbono 14 de carvões no solo sob o monumento indicaram uma data entre 4229 e 3969 a.C. (fim do V ao início do IV milénio a.C.) Mamoa 3 - é um tumulus (mamoa) em terra, revestido por um contraforte de lajes sobrepostas e particularmente bem conservadas e bem imbricadas. Quando foi escavada, tinha uma pequena câmara poligonal, com quatro esteios ainda no seu sítio e um tombado. Foram encontrados seis esteios e deverá ter existido um sétimo esteio, já que foi identificado «um negativo» de uma laje (indícios no solo do sítio onde ela assentava). A laje de cobertura estava implantada no terreno, a cerca de trinta metros a norte do monumento. Em 2006, verificou-se que a câmara corresponde a uma câmara fechada e que a ausência do esteio, entre os esteios nº 1 e esteio nº 6 é decorrente da amputação a que a área foi sujeita pela abertura do caminho. Procedeu-se então à colocação de uma manta geotextil no interior da câmara, foi construído um sistema de contrafortagem no interior da câmara e um sistema de drenagem simples. Mamoa 4 - Restos de um pequeno tumulus baixo muito violado. É uma mamoa relativamente isolada, embora a cerca de 200 metros para SSO fique a Mamoa 3. Apresenta um anel periférico de contenção constituído por grandes blocos e lajes de granito. Interiormente, há um segundo reforço, também constituído por grandes blocos, mas em posição mais desordenada. Do espólio recolhido, destaca-se uma espiral em prata, um fragmento de um vaso de superfícies polidas, com dois pequenos mamilos achatados no bordo, e um fragmento de colar em matéria negra, com toda a probabilidade azeviche. A análise ao Carbono 14 de carvões no solo sob o saibro
  • 66. 66 calcado indicaram uma data entre 3300 e 2041 a.C. (fim do IV ao fim do III milénio a. C.)20 . 20 http://pt.wikipedia.org/Conjunto_Megal%C3%ADtico_de_Meninas_do_Castro
  • 67. 67 10.4.6- Conjunto Megalítico de Outeiro de Ante Figura 2: Escavações na Mamoa 3 de Outeiro de Ante, em 1978 O Conjunto Megalítico de Outeiro de Ante fica na Serra da Aboboreira, Ovil, Baião. Foram nele identificadas quatro mamoas, três das quais já foram estudadas. Foi no Outeiro de Ante, em 1978, que começaram as escavações na Serra da Aboboreira com a escavação da Mamoa 3, tendo-se investigado pela primeira vez a totalidade de um tumulus, em vez da até aí habitual limitação da exploração, em Portugal, à câmara megalítica e ao seu “espólio” funerário. Mamoa 1 - é o maior monumento megalítico da Serra da Aboboreira. O tumulus possui uma altura máxima de cerca de 2m e tem uma forma sub-elíptica com cerca de 21m de eixo maior (na direcção NW-SE) e cerca de 19m de eixo menor (na direcção NE-SW). O dólmen possuí uma forma poligonal alongada, sub-elíptica, originalmente com sete esteios, e uma entrada aberta a nascente. Em 2006, durante trabalhos de restauro, foram identificados os alvéolos de assentamento dos esteios nº 3, 4, 5, 6 e 7 e observada uma estrutura sob os sedimentos do tumulus. Foi também então colocado um sistema de drenagem simples e uma manta geotextil na área da mamoa. (Esta mamoa já se encontra em terrenos que pertencem ao concelho de Amarante). Mamoa 2 - é um dólmen simples, com um anel circular de contrafortagem. Possui uma couraça de pedras circular de protecção do tumulus, muito homogénea e com 6m de diâmetro. Junto à periferia da mamoa, as terras cobertas pela couraça continham uma
  • 68. 68 grande quantidade de carvões cuja análise indicou uma data entre 5200 e 4470 A.C. (fim do VI a meados do V milénio a. C). A câmara dolménica tem a sua possível entrada virada para Este e possuía 5 esteios, 3 deslocados, e 2 fragmentos de esteios no seu sítio. Encontraram-se vestígios de cerâmica e pedras talhadas em sílex. Mamoa 3 - tem cerca de 11 metros de eixo menor e cerca de 14 metros de eixo maior e foi escorada com pedras, quer em superfície (formando uma couraça protectora) quer perifericamente, rodeando-a de uma espécie de suporte de contenção. Tem uma câmara poligonal simples sem corredor, com dois esteios encontrados no seu sítio. A análise a carvões na base da mamoa indicou uma data entre 4810 e 2290 A.C. (início do V a fins do III milénio a. C.) A mamoa estava consolidada por uma única camada de pedras (com o formato de lajes) na sua parte central superior, em torno da câmara. A base dessas pedras, e os seus interstícios, estavam preenchidos por pequenos blocos de quartzito ou quartzo, angulosos, partidos intencionalmente, para reforçar a estrutura. Mais para o exterior, a camada tornava-se dupla, tripla ou quádrupla, sendo já as lajes da periferia, situadas a maior profundidade, de grande formato. Passava-se pois, progressivamente, de um lajeado superior a uma espécie de coroa circular que amparava as terras que formavam toda a base do monumento. A imbricação das pedras dessa estrutura era, nas zonas bem conservadas, perfeitíssima, sendo muitas dessas pedras especialmente afeiçoadas para melhor se inserirem no espaço que iam preencher. Em 2006, durante trabalhos de restauro, não foi possível reconhecer se se tratava de uma câmara fechada ou aberta. A mamoa foi então coberta com terra e foi colocada uma manta geotextil no interior da câmara e construído um sistema de contrafortagem da câmara e um sistema de drenagem simples21 . 21 http://pt.wikipedia.org/Conjunto_Megalitco_de_Outeiro_de_Ante
  • 69. 69 10.5- Identificação do património material das Aldeias (lendas, contos) Especulação sobre a Santinha da Serra da Aboboreira Nos anos 30, um pastor de Baião disse ter visto a Virgem Maria neste sítio. Depois de muitos milagres, testemunhos recolhidos, e sucessivas peregrinações do povo local, acabou por ser construída uma capela, neste alto da serra. É a capela de Nossa Senhora da Guia. Aqui se conserva ainda o penedo, onde ocorreram as aparições. A Lenda de S.Brás S.Brás nasceu na capela velha de Corrais e a população de Almofrela trouxeram- no para a capela dessa mesma aldeia, deixaram-no no altar e no dia seguinte abriram a porta da capela e o santo não estava lá. Voltou outra vez para a capela velha de Corrais, onde nasceu. Cantigas Vale de Abrigoso caiu Currais está no chão E viva Almofrela Que ainda tem mão. Em Currais já não há mossas Que as comeu a geada Em Almofrela escaparam três Debaixo de uma ramada.
  • 70. 70 11.Anexos Fotos de Almofrela Imagem 26: Vista panorâmica sobre a aldeia de Almofrela Imagem 27: Largo do S.Brás (Aldeia de Almofrela)
  • 71. 71 Imagem 28: Capela de S.Brás (Aldeia de Almofrela) Imagem 29: Altar da capela de S.Brás (Aldeia de Almofrela Imagem 30: Fontanário no largo de Almofrela junto a capela (Aldeia de Almofrela)
  • 72. 72 Imagem 31: Tasquinha (Aldeia de Almofrela)
  • 73. 73 Caminho do Eido de Baixo Imagem 33: Casa Rural Rua do Eido de Baixo (Aldeia de Almofrela) Imagem 34: Canastro no Caminho de Eido de Baixo (Aldeia de Almofrela) Imagem 32: Foto panorâmica do caminho do Eido de Baixo (Aldeia de Almofrela
  • 74. 74 Imagem 36: Portas Rurais de cortes de gado do Caminho de Eido de Baixo (Aldeia de Almofrela) Imagem 37: Fontanário na Rua Eido de Baixo (Aldeia de Almofrela) Imagem 35: Casas degradadas no caminho do Eido de Baixo
  • 75. 75 Caminho Vale Abrigoso Imagem 38: Vista panorâmica sobre o lugar de Vale Abrigoso (Aldeia de Almofrela) Imagem 39: Rua de Vale Abrigoso (Aldeia de Almofrela) Imagem 40: Casa restaurada em Vale Abrigoso (Aldeia de Almofrela)
  • 76. 76 Ruínas Vale Abrigoso a 300metros de Almofrela Imagem 41: Vista panorâmica de Vale Abrigoso (Aldeia de Almofrela) Imagem 42: Corte em ruínas inserida nos penedos (Aldeia de Almofrela) Imagem 43: Casa em ruínas em Vale Abrigoso (Aldeia de Almofrela)
  • 77. 77 Imagem 46: Vista panorâmica de Vale Abrigoso sobre Tapados dos curros (Aldeia de Almofrela) Imagem 45: Corte em Vale Abrigoso em ruínas (Aldeia de Almofrela Imagem 44: Casa por dentro em ruínas (Aldeia de Almofrela)
  • 78. 78 Lugar de Currais Imagem 47: Ruínas de currais (Aldeia de Currais) Imagem 49: Rua de currais (Aldeia de Currais) Imagem 48: Casa e canastro em ruínas (Aldeia de Currais)
  • 79. 79 Imagem 50: Corte em currais (Aldeia de Currais) Imagem 51: Ovelhas a pastar nos campos de currais (Aldeia de Currais)
  • 80. 80 Agricultura e tradições em Almofrela Imagem 52: Pessoas a trabalhar no campo no cultivo de milho Imagem 53: Cultivo de cebola e batata Imagem 54: Cultivo de centeio
  • 81. 81 Imagem 54; 55; 56:Tosquia
  • 82. 82 Olhares Imagem 57: O senhor mais idoso da Serra da Aboboreira Nome: Queirós Idade: 90 O senhor Queirós e o senhor mais idoso da aldeia de Almofrela com 90 anos, vive com a sua mulher Maria com idade de 61 anos.
  • 83. 83 Dólmens Outeiro de gregos 1 e 2 Imagem 58; 59: Outeiro de gregos 1
  • 84. 84 Imagem 60; 61: Outeiro de gregos 2
  • 85. 85 Imagem 62: Outeiro de Ante 1 Imagem 63: Outeiro de Ante 2 Imagem 64: Capela Nossa senhora da guia
  • 86. 86 Imagem 66: Vista panorâmica da nossa senhora da guia Imagem 65: Cruz da nossa senhora da guia Imagem 67: Pedra do Sol
  • 87. 87 Imagem 68: Meninas de Castro 3 Imagem 69: Fonte do mel
  • 88. 88 Dólmen chã da Parada (Monumento Nacional) Imagem 71: Vista panorâmica sobre o dólmen chã da parada Imagem 70; 71: Dólmen Chã da Parada
  • 89. 89