1. DEFINIÇÕES DE LÓGICA
Faz-se uso da expressão é lógico quando acredita-se
que um raciocínio ou uma observação qualquer faz
sentido, corresponde à realidade ou apresenta
coerência.
Segundo Soares, para o senso comum, a lógica seria
um estudo da correspondência entre o discurso e a
realidade. Porém, em sentido mais estrito, a lógica
apresenta-se como uma metodologia de análise e
construção de raciocínios e argumentos no âmbito
formal,ou seja, significa dizer que a lógica se preocupa
exclusivamente com a estrutura do argumento
(empregado para justificar uma conclusão), sem
preocupar-se com o conteúdo dos enunciados que o
compõem.
Em síntese, a lógica analisa formalmente argumentos
ou raciocínios a fim de determinar sua validade e não
sua verdade.
Na antiguidade a lógica (maior-até o século XVII)
também se ocupava da matéria, ou seja, do conteúdo
dos argumentos. Atualmente, a lógica ocupa-se
somente do aspecto formal. A chamada lógica maior
passou a fazer parte das ciências e da filosofia .
Necessariamente, não existe correspondência entre
forma e conteúdo, pode-se ter formas válidas e
2. conteúdos falsos e vice-versa. A perfeição de uma
argumentação está em apresentar a verdade sob uma
forma correta.
EXEMPLO 1:
Se todos os artistas são geniais e se toda pessoa
criativa é um artista, então podemos concluir com
certeza que toda pessoa criativa é genial
1- Todos os artistas são geniais
2- Toda pessoa criativa é um artista
3- Toda pessoa criativa é genial
X= artistas
Y= geniais
K= pessoa criativa
Simbolizando o argumento por meio de variáveis
temos:
1. Todo X é Y.
2. Todo K é X.
3. Todo K é Y.
Segundo Soares, “ao deixarmos de lado o conteúdo
das premissas por meio de variáveis, restou-nos
somente a forma, ou seja, a estrutura do argumento, a
3. qual não pode ser mais denominada de verdadeira ou
falsa, mas somente de válida ou inválida. Um
argumento que apresenta uma forma válida é o
argumento cuja conclusão decorre formalmente
daquilo que foi afirmado ou negado anteriormente nas
premissas”.
EXEMPLO 2:
Se todos os juristas modernos são positivistas e se
todo procurador da República é jurista moderno, então
podemos concluir com certeza que procurador da
República é positivista.
1. todos os juristas modernos são positivistas.
2. todo procurador da República é jurista moderno.
3. procurador da República é positivista.
No argumento apresentado:
1. Todo X é Y.
2. Todo K é X.
3. Todo K é Y.
Exercícios:
1. CONTEÚDO: VERDADEIRO FORMA: INVÁLIDA
Todos os homens são animais.
Ora, todos os mamíferos são animais.
Logo, todos os homens são mamíferos
4. X= homens
Y = animais
K = mamíferos
No argumento apresentado:
1. Todo X é Y.
2. Todo K é Y.
3. Todo X é K.
(pelas premissas não se pode concluir que todos os homens são
mamíferos).
2. CONTEÚDO: FALSO FORMA: VÁLIDA
Todos os animais são mamíferos.
Ora, todos os mamíferos são homens.
Logo, todos os animais são homens
X= animais
Y = mamíferos
K = homens
No argumento apresentado:
1. Todo X é Y.
2. Todo Y é K.
3. Todo X é K.
3. CONTEÚDO: VERDADEIRO FORMA: VÁLIDA
Todos os seres humanos são animais.
Ora, todos os cientistas são seres humanos.
Logo, todos os cientistas são animais.
X= seres humanos
5. Y = animais
K = cientistas
No argumento apresentado:
1. Todo X é Y.
2. Todo K é X.
3. Todo K é Y.
4. CONTEÚDO: FALSO FORMA: INVÁLIDA
Nenhum homem é filósofo.
Ora, alguns filósofos são existencialistas.
Logo, nenhum homem é existencialista
X= homem
Y = filósofo
K = existencialista
No argumento apresentado:
1. nenhum X é Y.
2. alguns Y são K.
3. nenhum X é K.
Adaptado de: SOARES, Edvaldo. Fundamentos de lógica: elementos de lógica formal e
teoria da argumentação. São Paulo : Atlas, 2003
6. OBJETO DA LÓGICA
O OBJETO DA LÓGICA É O ARGUMENTO OU
O RACIOCÍNIO.
• argumentos: série de enunciados
(afirmativos ou negativos; categórico ou
hipotéticos; dedutivo ou indutivo....);
• dos argumentos se infere uma conclusão;
• os antecedentes de uma conclusão em um
argumento são denominados de premissas.
Exemplo:
Toda economia liberal está sujeita às oscilações do
mercado (Premissa)
Alguns países latino-americanos são economias
liberais (Premissa)
Logo, alguns países latino-americanos estão sujeitos
às oscilações do mercado (Conclusão)
O processo pelo qual tiramos uma conclusão
de premissas dadas recebe o nome de
inferência lógica. Uma inferência lógica só
poderá ser válida ou inválida.
7. A correção ou incorreção lógica independe
inteiramente da verdade das premissas. É
sobretudo errôneo classificar um argumento
como falacioso apenas porque tem uma ou
mais premissas falsas.
TIPOS DE ARGUMENTOS:
1. Argumento categóricos – composto por
premissas afirmativas e/ou negativas, diretas e
explícitas – Ex. Os homens são mortais.
homens – Sujeito
são – Cópula
mortais - Predicado
2. Argumento hipotéticos – apresentam
conjecturas (suposições), possibilidades,
contingências para a realização ou não da
conclusão.
- Conjuntivos (e) – Nenhum homem pode ser ao
mesmo tempo médico e paciente. Ora, Pedro,
8. naquele momento, atuava como médico. Portanto,
não era paciente.
- Disjuntivos (ou – no sentido de exclusão) – ex.
Nós vamos trabalhar ou pedimos demissão; ora,
fomos trabalhar; portanto, não pedimos
demissão.
- Condicionais ou hipotéticos (“se....então”) – ex.
Se Pedro for eleito, então trabalhará em prol dos
meus interesses. Ora, Pedro foi eleito. Logo,
trabalhará em prol dos meus interesses.
- Bicondicionais (“se, e somente se .... então”) –
ex. Se e somente se estudarmos, então
desenvolveremos nossas potencialidades. Ora,
estudamos. Portanto, desenvolvemos nossas
potencialidades.
ARGUMENTOS QUANTO AO MÉTODO:
De forma geral, os argumentos são dedutivos ou
indutivos (existem outros, por exemplo: método
hipotético dedutivo; demonstrativo parte de uma
premissa verdadeira, de forma tal que a conclusão
será verdadeira, ou seja, necessária; - não se sabe se
9. as premissas são verdadeiras, de forma tal que não se
pode inferir pela verdade necessária da conclusão).
1. DEDUTIVO
Um argumento dedutivo é aquele no qual a conclusão
decorre de uma ou mais premissas. Em um argumento
dedutivo, a conclusão está implícita nas premissas.
Dessa forma, o objetivo da conclusão em um
argumento dedutivo é explicitar o conteúdo das
premissas, não acrescentando assim algo de novo em
relação ao que já fora exposto nas premissas.
A técnica de argumentação dedutiva consiste em
construir estruturas lógicas, por meio do
relacionamento entre antecedentes e o consequente,
entre hipótese e tese, ou ainda entre premissas e
dedução.
Em síntese, a essência da dedução está na relação
lógica estabelecida entre as proposições e a
conclusão, de tal maneira que, ao se admitir as
premissas, deve-se admitir também a conclusão, de
acordo com a regra lógica que diz que “de premissas
verdadeiras a conclusão deve ser verdadeira”.
Todos os animais são mortais animais
Todos os homens são animais
Logo, todos os homens são mortais.
10. Animais = x
Mortais = y
Homens = k
Forma:
Todo X é Y
Todo K é X
Todo K é Y
2. INDUTIVO
Argumento indutivo é aquele que, partindo de
premissas particulares, conclui por uma geral (não tem
o sentido de universal).
Ao contrário da dedução, o argumento indutivo, pelo
fato de suas premissas serem construídas a partir da
observação empírica (que se guia pela experiência) ,
fornece em sua conclusão elementos que estavam
implícitos nas premissas.
A conclusão em um método indutivo não terá “peso de
verdade”, pois é impossível observar “todos” os
fenômenos possíveis. Assim, uma conclusão tirada de
uma indução será sempre provável, ou seja, será de
certa forma uma hipótese.
Exemplo:
O homem 1 é inteligente.
O homem 2 é inteligente.
O homem 3 é inteligente.
O homem n é inteligente.
Logo, (todo) homem (provavelmente) é inteligente.
11. Princípios da Lógica
1) Contradição: Afirma que uma coisa não pode ser e não
ser ao mesmo tempo . (Exigência de que não haja
contradição entre: o que sabemos de X e a conclusão Y
a que chegamos).
Ex; Se o homem aprendeu a andar com duas pernas é
contraditório pela evolução da espécie que ele volte a
andar de quatro.
2) Identidade: O que é, é e, enquanto é, não pode deixar de
ser. A = A
(Exigência de que para entender Y precisamos saber o
suficiente sobre X para conhecer porque se chegou a y).
Ex: O que leva um aluno ir mal na escola.
3) Terceiro Excluído: Afirma que não há meio termo entre o
ser e o não ser.
“O ser é / e o não ser não é” Parmênides
Ex: No princípio da contradição nos obriga escolher
entre: “a rosa é vermelha ou a rosa é branca”
No terceiro excluído nos mostra que “ a rosa pode ser
vermelha ou não-vermelha”