2. CONTEXTUALIZAÇÃO EPOCAL:
O que marcou foi a acção dos “estrangeirados”, homens que partiam para o
estrangeiro e lá aprendiam o que, mais tarde, desejavam implantar em
Portugal: as novas ideias que grassavam nos países mais evoluídos da europa.
Atribuíam o atraso do país a falta de cultura dos portugueses e acreditavam
que o progresso e iluminismo eram indissociáveis. Os homens cultos
defendiam a experiência e o método indutivo
O padre Bartolomeu de Gusmão, incentivado por este clima, inventou a
passarola.
3. BARTOLOMEU GUSMÃO
Bartolomeu Lourenço de Gusmão (16851724) foi um sacerdote e inventor brasileiro.
Entre suas experiências estava o primeiro
balão construído no mundo. Na sala dos
diplomatas, no Palácio Real, sua invenção foi
apresentada ao Rei de Portugal, D. João V, a
fidalgos e funcionários da corte, dizendo ser
capaz de guiá-lo e transportar pessoas,
munições e víveres. Ficou conhecido como
"O padre voador".
4. Esta personagem, que assume aliás, na verdadeira acepção da palavra, o mito
proteico, releva o seu pensamento dialético no plano da passarola que
consagra em si o princípio de um barco e o princípio da ave que voa. A busca
incessante do “meio” que fará voar a passarola leva o padre a enveredar pelo
estudo das antigas teorias medievais da física, unindo-as às novas descobertas
cientificas que impregnam a Europa.
5. Humanista, o padre Bartolomeu de Gusmão procura aliar o pensamento
científico à realidade religiosa que conhece e será na Holanda que os seus
princípios escolásticos desaparecerão definitivamente (através da
desmistificação da quinta essência – o éter), para dar lugar ao elemento
espiritual divino, isto é, a vontade humana. Ao aplicar os conhecimentos
mecanicistas da razão e da técnica, Bartolomeu de Gusmão ultrapassa a época
a que pertence e evidencia.
6. DOMENICO SCARLATTI
Artista estrangeiro (nasceu em Itália), é contratado por
D. João V para iniciar a infanta Maria Bárbara na arte
musical.
O poder curativo da sua música liberta Blimunda da
sua estranha doença, permitindo-lhe cumprir a sua
tarefa ("Durante uma semana […] o músico foi tocar
duas, três horas, até que Blimunda teve forças para
levantar-se, sentava-se ao pé do cravo, pálida ainda,
rodeada de música como se mergulhasse num
profundo mar, […] Depois, a saúde voltou depressa“ págs. 192-194). Representa, por isso, a arte que, aliada
ao sonho, permite a cura de Blimunda e possibilita a
conclusão e voo da passarola. Aliás, ele é cúmplice
silencioso do projecto da passarola.
7. É Scarlatti que dá a notícia a Baltasar e Blimunda da morte do padre
Bartolomeu ("Vim-te dizer, e a Baltasar, que o padre Bartolomeu de Gusmão
morreu em Toledo, que é em Espanha, para onde tinha fugido, dizem que
louco…” - pág. 231).
A música do cravo de Scarlatti simboliza o ultrapassar, por parte do
homem, de uma materialidade excessiva, e o atingir da plenitude da vida.
8. Para Maria Alzira Seixo, Bartolomeu de Gusmão, cujo aliado é o músico
Scarlatti, o único que pode de raiz compreender as suas congeminações
aladas, “representa a possibilidade de articulação entre a cultura e o
humano, entre o saber e o sonho, entre o conhecimento e o desejo […]. São
os caminhos da ficção os que mais justificadamente conduzem ao encontro da
verdade”.
9. PASSAROLA – A MÁQUINA
VOADORA
A primeira aeronave conhecida no
mundo a efectuar um voo foi
baptizada de Passarola. A Passarola
era um aeróstato, cujas características
técnicas não são actualmente
conhecidas na totalidade, inventado
por Bartolomeu de Gusmão, padre e
cientista português nascido no Brasil
colónia, tendo voado no ano de 1709.