O documento apresenta as técnicas literárias utilizadas no jornalismo literário, incluindo aberturas com citações, diálogos e fluxo de consciência. A oficina aborda conceitos como imersão do repórter e uso de símbolos para humanizar as reportagens.
2. DINÂMICA DA OFICINA
Abertura
Leitura de Textos
Apresentação das Técnicas Literárias
Exercício de observação
Produção textual
Sarau literário
Publicação no Blog
3. CONCEITO DE JORNALISMO LITERÁRIO
Modalidade de prática da reportagem de
profundidade e do ensaio jornalístico utilizando
recursos de observação e redação originários da
(ou inspirados pela) literatura.
Traços básicos: imersão do repórter na realidade,
voz autoral, estilo, precisão de dados e
informações, uso de símbolos (inclusive
metáforas), digressão e humanização.(Edvaldo
Pereira Lima)
4. CARACTERÍSTICAS DO JORNALISMO
LITERÁRIO
Emprego de técnicas literárias;
Profunda observação;
Profunda pesquisa de campo;
Criatividade;
Grande caracterização dos personagens;
Ambientação do fato narrado;
Fuga das regras do texto jornalístico; convencional.
5. E QUAL É A DO JORNALISMO LITERÁRIO?
•Ir além do factual
•Ir além da objetividade
•Ir além dos dados
estatísticos
•Ir além do lead
6. E QUAL É A DO JORNALISMO LITERÁRIO?
O Jornalismo Literário:
•Humaniza o texto
•Aprofunda a reportagem
•Trabalha a linguagem
•Observa os detalhes
•Vai além do lead
7. TÉCNICAS LITERÁRIAS
1. Técnicas de abertura
2. Construção cena a cena
3. Reprodução de diálogos
4. Foco narrativo
5. Fluxo de consciência
9. CITAÇÃO DIRETA
É a abertura com uma frase. Deve ser utilizada em
casos especiais
Possui um caráter argumentativo muito forte, pois
vem respaldado na frase de um personagem
importante dentro da história
10. EXEMPLO DE CITAÇÃO DIRETA
"Os computadores não são máquinas
simpáticas", diz o canadense Sidney Fels,
professor da Universidade da Colúmbia Britâncica.
Em busca de uma melhor interação, o cientista
desenvolveu o Glove Talk, uma espécie de luva
feita por realidade virtual que é capaz de
transformar sons em linguagem de sinais, usada
por sudos-mudos. Fels também é o inventor do
Iamascope, um caleidoscópio que identifica o rosto
do usuário e toca melodias conforme este se
movimenta.
Época 29 de junho
11. CITAÇÃO INDIRETA
É a utilização do discurso indireto na abertura do
texto.
Indicada quando não se lembra literalmente da
uma frase
12. EXEMPLO DE CITAÇÃO INDIRETA
Ser ou não
Disse Alexandre Dumas que Shakespeare, depois
de Deus, foi o poeta que mais criou. Aos 37 anos, já
escrevera 21 peças e inventara uma forma de soneto.
Era um rico proprietário de terras e sócio do Globe
Theatre, de Londres. Suas peças eram representadas
regularmente para a rainha Elizabeth I. Na Tragégia de
Hamlet, Prícipe da Dinamarca, publicada em 1603,
Shakespeare superou a si mesmo, tomando uma antiga
história escandinava de fraticídio e vingança e
transformou-a numa tragédia sombria sobre a condição
humana, traduzida quase 1000 vezes e encenada sem
cessar. Sarah Bernhardt, John Gielgud, Laurence
Olivier, John Barrymore e Kenneth Branagh, todos
buscaram entender o melancólico dinamarquês.
Veja - especial do Milênio
13. PERGUNTA
Recurso que desperta o interesse do leitor, pois o
leva a refletir sobre a indagação que está sendo
feita
14. EXEMPLO DE ABERTURA COM PERGUNTA
Onde estão os melhores programas da TV a cabo?
Que programas merecem que se reserve um bom
tempo para a televisão? Quais as diferenças entre
canais que oferecem programação do mesmo
gênero? Onde encontrar bons documentários,
filmes inéditos, notícias ao vivo, transmissões
esportivas?
A equipe da revista da TV sentou-se na frente da
televisão, de controle remoto em punho, e apresenta
este número especial, concebido como um guia da TV
que os gaúchos assinam. Que ninguém se enrosque
nos cabos, nas antenas ou na informação. Televisão por
assinatura é toda modalidade que se paga pra acessar.
(...)
Zero Hora, 27 de junho de 1999
15. FRASE NOMINAL
Quando utilizamos uma ou duas frases nominais
para explicá-la na sequência do texto
16. EXEMPLO DE ABERTURA
COM FRASE NOMINAL
Garra. Determinação. Entusiasmo. Esse é o
espírito que parece estar de volta ao Estádio
Olímpico. Desde os tempos de Felipão como
técnico do tricolor não se via um time com tanto
afinco no gramado do Olímpico.
Zero Hora - 21 de junho de 1999
17. 2 - NARRAÇÃO CENA A CENA
Construção cena a cena (cena presentificada) –
é o relato detalhado do acontecimento à medida
que ele se desenvolve, desdobrando-o como em
uma projeção cinematográfica. Mas, como a vida
do personagem não transcorre somente no
universo de suas ações diretas, pode-se
estabelecer relações com acontecimentos
paralelos, que, de alguma forma, contribuíram para
o destino do biografado
18. EXEMPLO DE
NARRAÇÃO CENA A CENA
Chegam à casa ao entardecer. São um pequeno
grupo de policiais. Todos uniformizados.
Passeiam pela sala e olham a biblioteca. Riem
com sarcasmo. Pegam o livro História da
Diplomacia. "Assim que os kosovares
descendentes de albaneses também querem ser
diplomatas?" Mudam o tom da conversa. Gritam.
"Nos dê chaves", exigem. "Pegue uma mala",
ordenam. "Deixa o resto. Tens 10 minutos. Logo
irás para a Albânia e nunca mais voltarás. Nem
sequer poderás voltar a sonhar com Kosovo",
profetizam.
19. 3 - REPRODUÇÃO DE DIÁLOGOS
Reprodução do diálogo das personagens –
segundo Tom Wolfe, os diálogos são um dos
recursos que mais envolvem o leitores.
20. REPRODUÇÃO DE DIÁLOGOS - EXEMPLO
Um antigo balcão de metal – desses típicos de escritório – separa os fregueses
da área onde estão Roque Mascarin, 71 anos, e Sebastião Peixe, 74 anos. O
salão forma um “L” e não tem mais que 30 metros quadrados. Nas prateleiras,
ao lado esquerdo e ao fundo, peças de tecidos. No centro, lado a lado, duas
máquinas de costura. E outros dois balcões de madeira. São antigos, de imbuia.
“Tem mais de cem anos”, diria mais tarde seu Mascarin. São usados para riscar
moldes e cortar tecidos. Um velho rádio, da Motorádio, está sintonizado numa
emissora AM que toca Nelson Gonçalves quando eu chego. O aparelho
completa a decoração do ateliê. É como se eu abrisse uma porta para o
passado.
Seu Mascarin deixa a velha máquina PFAFF e vem em minha direção.
- Você deve ser o repórter. “Sim, eu que liguei hoje de manhã.”
- Eu só não sei o que você quer com dois velhos. Nós não temos muito
para falar. Estamos no fim de carreira.
21. (CONTINUAÇÃO)
A carreira de Roque Mascarin tem mais de 60 anos. Aos 9, recém- chegado
da roça, fez o que faziam os meninos ao concluir o grupo escolar. Era hora
de procurar emprego, um ofício. Bateu na alfaiataria de Geraldo Adabo.
Nessa época, por volta de1950, São Carlos tinha talvez centenas de
alfaiatarias.
- Eram umas 200 – puxa pela memória seu Mascarin.
- 280. A voz fraca de Sebastião Peixe quebra o silêncio pela primeira
vez para corrigir o colega. Foi na alfaiataria do Adabo que os dois se
conheceram. Seu Peixe tinha 10 anos de idade. Os cabelos estão
brancos. É um homem esguio, alto mesmo, quase um metro e noventa
de altura. Mas o corpo arqueado denuncia os efeitos dos anos quando
ele se levanta, para os cumprimentos. É homem frágil.
- Eu que conversei com você no telefone. Eu estou muito doente.
Seu Peixe caminha lentamente e com dificuldade. De volta a maquina de
costura, por várias vezes interrompe o vai e vem dos pés no pedal. Para. O
olhar se fixa e se perde em algum ponto. Parece querer relembrar fatos,
pessoas, lugares e histórias enquanto seu Mascarin ativa na memória os
tempos em que São Carlos era a capital dos alfaiates brasileiros.
22. 4 - FOCO NARRATIVO
Foco narrativo (ou ponto de vista) – é a
perspectiva pela qual é contada a história. Pode
ser:
Narrador-observador (3ª. Pessoa) ou narrador-
personagem (1ª. Pessoa).
23. FOCO NARRATIVO
Narrador-observador
Exemplo:
“Ali pelas onze horas da manhã o velho Joaquim
Prestes chegou no pesqueiro. Embora fizesse força
em se mostrar amável por causa da visita
convidada para a pescaria, vinha mal-humorado
daquelas cinco léguas cabritando na estrada
péssima. Alias o fazendeiro era de pouco riso
mesmo, já endurecido pelos setenta e cinco anos
que o mumificavam naquele esqueleto agudo e
taciturno.” - O poço, de Mário de Andrade.
24. FOCO NARRATIVO
Narrador- personagem – quando o narrador
participa da história
Exemplo
“Vai então, empacou o jumento em que eu vinha
montado; fustiguei-o, ele deu dois corcovos,
depois mais três, enfim mais um, que me sacudiu
fora da sela,…” “mas um almocreve, que ali
estava, acudiu a tempo de lhe pegar na rédea e
detê-lo, não sem esforço nem perigo. Dominado
o bruto, desvencilhei-me do estribo e pus-me de
pé.” -Memórias Póstuma de Brás Cubas,de
Machado de Assis.
25. FLUXO DE CONSCIÊNCIA
Fluxo de consciência – Escrever um fluxo de
consciência é como instalar uma câmera na
cabeça da personagem, retratando fielmente sua
imaginação, seus pensamentos. Como o
pensamento, a consciência não é ordenada.
Presente e passado, realidade e desejos, falas e
ações se misturam na narrativa.
26. FLUXO DE CONSCIÊNCIA
Exemplo
Como a humanidade é louca, pensou ela ao atravessar
Victoria Street. Porque só Deus sabe porque amamos
tanto isto, o concebemos assim , elevando-o,
construindo-o à nossa volta, derrubando-o, criando-o
novamente a cada instante, mas até as próprias
megeras, as mendigas mais repelentes sentadas às
portas (a beberem a sua ruína) fazem o mesmo; não se
podia resolver o seu caso, ela tinha a certeza, com leis
parlamentares por esta simples razão: porque amam a
vida.(Mrs. Dalloway, 1925, trad. port. Lisboa, Ulisseia,
1982, pp.5-6)
27. EXERCÍCIO
A partir da matéria jornalística fornecida, construa um
texto utilizando as técnicas literárias.
28. BIBLIOGRAFIA
JATOBÁ, JOÃO FELIPE BRANDÃO. Técnicas Literárias.
Disponível em: http://migre.me/5KNuv . Acesso em 7.set.2011
LIMA, Edvaldo Pereira. Páginas Ampliadas. São Paulo,
Manole, 2004
PRIOSTE, Roberto Nogueira. Os alfaiates de São carlos,
Disponível em: http://migre.me/5KNkI . Acesso em 7.set.2011
SCARTON, Gilberto. Guia de Produção Textual. Disponível
em Fonte: http://www.pucrs.br/gpt/index.php. Acesso em
5.ago.2011