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TÉCNICAS TEXTUAIS NO
JORNALISMO LITERÁRIO
PROF. EDUARDO ROCHA
DINÂMICA DA OFICINA
 Abertura
 Leitura de Textos
 Apresentação das Técnicas Literárias
 Exercício de observação
 Produção textual
 Sarau literário
 Publicação no Blog
CONCEITO DE JORNALISMO LITERÁRIO
 Modalidade de prática da reportagem de
profundidade e do ensaio jornalístico utilizando
recursos de observação e redação originários da
(ou inspirados pela) literatura.
 Traços básicos: imersão do repórter na realidade,
voz autoral, estilo, precisão de dados e
informações, uso de símbolos (inclusive
metáforas), digressão e humanização.(Edvaldo
Pereira Lima)
CARACTERÍSTICAS DO JORNALISMO
LITERÁRIO
 Emprego de técnicas literárias;
 Profunda observação;
 Profunda pesquisa de campo;
 Criatividade;
 Grande caracterização dos personagens;
 Ambientação do fato narrado;
 Fuga das regras do texto jornalístico; convencional.
E QUAL É A DO JORNALISMO LITERÁRIO?
•Ir além do factual
•Ir além da objetividade
•Ir além dos dados
estatísticos
•Ir além do lead
E QUAL É A DO JORNALISMO LITERÁRIO?
O Jornalismo Literário:
•Humaniza o texto
•Aprofunda a reportagem
•Trabalha a linguagem
•Observa os detalhes
•Vai além do lead
TÉCNICAS LITERÁRIAS
 1. Técnicas de abertura
 2. Construção cena a cena
 3. Reprodução de diálogos
 4. Foco narrativo
 5. Fluxo de consciência
1. TÉCNICAS DE ABERTURA
 1) Citação Direta
 2) Citação Indireta
 3) Pergunta
 4) Frase Nominal
CITAÇÃO DIRETA
 É a abertura com uma frase. Deve ser utilizada em
casos especiais
 Possui um caráter argumentativo muito forte, pois
vem respaldado na frase de um personagem
importante dentro da história
EXEMPLO DE CITAÇÃO DIRETA
 "Os computadores não são máquinas
simpáticas", diz o canadense Sidney Fels,
professor da Universidade da Colúmbia Britâncica.
Em busca de uma melhor interação, o cientista
desenvolveu o Glove Talk, uma espécie de luva
feita por realidade virtual que é capaz de
transformar sons em linguagem de sinais, usada
por sudos-mudos. Fels também é o inventor do
Iamascope, um caleidoscópio que identifica o rosto
do usuário e toca melodias conforme este se
movimenta.
Época 29 de junho
CITAÇÃO INDIRETA
 É a utilização do discurso indireto na abertura do
texto.
 Indicada quando não se lembra literalmente da
uma frase
EXEMPLO DE CITAÇÃO INDIRETA
Ser ou não
 Disse Alexandre Dumas que Shakespeare, depois
de Deus, foi o poeta que mais criou. Aos 37 anos, já
escrevera 21 peças e inventara uma forma de soneto.
Era um rico proprietário de terras e sócio do Globe
Theatre, de Londres. Suas peças eram representadas
regularmente para a rainha Elizabeth I. Na Tragégia de
Hamlet, Prícipe da Dinamarca, publicada em 1603,
Shakespeare superou a si mesmo, tomando uma antiga
história escandinava de fraticídio e vingança e
transformou-a numa tragédia sombria sobre a condição
humana, traduzida quase 1000 vezes e encenada sem
cessar. Sarah Bernhardt, John Gielgud, Laurence
Olivier, John Barrymore e Kenneth Branagh, todos
buscaram entender o melancólico dinamarquês.
Veja - especial do Milênio
PERGUNTA
 Recurso que desperta o interesse do leitor, pois o
leva a refletir sobre a indagação que está sendo
feita
EXEMPLO DE ABERTURA COM PERGUNTA
 Onde estão os melhores programas da TV a cabo?
Que programas merecem que se reserve um bom
tempo para a televisão? Quais as diferenças entre
canais que oferecem programação do mesmo
gênero? Onde encontrar bons documentários,
filmes inéditos, notícias ao vivo, transmissões
esportivas?
A equipe da revista da TV sentou-se na frente da
televisão, de controle remoto em punho, e apresenta
este número especial, concebido como um guia da TV
que os gaúchos assinam. Que ninguém se enrosque
nos cabos, nas antenas ou na informação. Televisão por
assinatura é toda modalidade que se paga pra acessar.
(...)
 Zero Hora, 27 de junho de 1999
FRASE NOMINAL
 Quando utilizamos uma ou duas frases nominais
para explicá-la na sequência do texto
EXEMPLO DE ABERTURA
COM FRASE NOMINAL
 Garra. Determinação. Entusiasmo. Esse é o
espírito que parece estar de volta ao Estádio
Olímpico. Desde os tempos de Felipão como
técnico do tricolor não se via um time com tanto
afinco no gramado do Olímpico.
Zero Hora - 21 de junho de 1999
2 - NARRAÇÃO CENA A CENA
 Construção cena a cena (cena presentificada) –
é o relato detalhado do acontecimento à medida
que ele se desenvolve, desdobrando-o como em
uma projeção cinematográfica. Mas, como a vida
do personagem não transcorre somente no
universo de suas ações diretas, pode-se
estabelecer relações com acontecimentos
paralelos, que, de alguma forma, contribuíram para
o destino do biografado
EXEMPLO DE
NARRAÇÃO CENA A CENA
Chegam à casa ao entardecer. São um pequeno
grupo de policiais. Todos uniformizados.
Passeiam pela sala e olham a biblioteca. Riem
com sarcasmo. Pegam o livro História da
Diplomacia. "Assim que os kosovares
descendentes de albaneses também querem ser
diplomatas?" Mudam o tom da conversa. Gritam.
"Nos dê chaves", exigem. "Pegue uma mala",
ordenam. "Deixa o resto. Tens 10 minutos. Logo
irás para a Albânia e nunca mais voltarás. Nem
sequer poderás voltar a sonhar com Kosovo",
profetizam.
3 - REPRODUÇÃO DE DIÁLOGOS
 Reprodução do diálogo das personagens –
segundo Tom Wolfe, os diálogos são um dos
recursos que mais envolvem o leitores.
REPRODUÇÃO DE DIÁLOGOS - EXEMPLO
Um antigo balcão de metal – desses típicos de escritório – separa os fregueses
da área onde estão Roque Mascarin, 71 anos, e Sebastião Peixe, 74 anos. O
salão forma um “L” e não tem mais que 30 metros quadrados. Nas prateleiras,
ao lado esquerdo e ao fundo, peças de tecidos. No centro, lado a lado, duas
máquinas de costura. E outros dois balcões de madeira. São antigos, de imbuia.
“Tem mais de cem anos”, diria mais tarde seu Mascarin. São usados para riscar
moldes e cortar tecidos. Um velho rádio, da Motorádio, está sintonizado numa
emissora AM que toca Nelson Gonçalves quando eu chego. O aparelho
completa a decoração do ateliê. É como se eu abrisse uma porta para o
passado.
Seu Mascarin deixa a velha máquina PFAFF e vem em minha direção.
- Você deve ser o repórter. “Sim, eu que liguei hoje de manhã.”
- Eu só não sei o que você quer com dois velhos. Nós não temos muito
para falar. Estamos no fim de carreira.
(CONTINUAÇÃO)
A carreira de Roque Mascarin tem mais de 60 anos. Aos 9, recém- chegado
da roça, fez o que faziam os meninos ao concluir o grupo escolar. Era hora
de procurar emprego, um ofício. Bateu na alfaiataria de Geraldo Adabo.
Nessa época, por volta de1950, São Carlos tinha talvez centenas de
alfaiatarias.
- Eram umas 200 – puxa pela memória seu Mascarin.
- 280. A voz fraca de Sebastião Peixe quebra o silêncio pela primeira
vez para corrigir o colega. Foi na alfaiataria do Adabo que os dois se
conheceram. Seu Peixe tinha 10 anos de idade. Os cabelos estão
brancos. É um homem esguio, alto mesmo, quase um metro e noventa
de altura. Mas o corpo arqueado denuncia os efeitos dos anos quando
ele se levanta, para os cumprimentos. É homem frágil.
- Eu que conversei com você no telefone. Eu estou muito doente.
Seu Peixe caminha lentamente e com dificuldade. De volta a maquina de
costura, por várias vezes interrompe o vai e vem dos pés no pedal. Para. O
olhar se fixa e se perde em algum ponto. Parece querer relembrar fatos,
pessoas, lugares e histórias enquanto seu Mascarin ativa na memória os
tempos em que São Carlos era a capital dos alfaiates brasileiros.
4 - FOCO NARRATIVO
 Foco narrativo (ou ponto de vista) – é a
perspectiva pela qual é contada a história. Pode
ser:
 Narrador-observador (3ª. Pessoa) ou narrador-
personagem (1ª. Pessoa).
FOCO NARRATIVO
 Narrador-observador
Exemplo:
“Ali pelas onze horas da manhã o velho Joaquim
Prestes chegou no pesqueiro. Embora fizesse força
em se mostrar amável por causa da visita
convidada para a pescaria, vinha mal-humorado
daquelas cinco léguas cabritando na estrada
péssima. Alias o fazendeiro era de pouco riso
mesmo, já endurecido pelos setenta e cinco anos
que o mumificavam naquele esqueleto agudo e
taciturno.” - O poço, de Mário de Andrade.
FOCO NARRATIVO
 Narrador- personagem – quando o narrador
participa da história
Exemplo
“Vai então, empacou o jumento em que eu vinha
montado; fustiguei-o, ele deu dois corcovos,
depois mais três, enfim mais um, que me sacudiu
fora da sela,…” “mas um almocreve, que ali
estava, acudiu a tempo de lhe pegar na rédea e
detê-lo, não sem esforço nem perigo. Dominado
o bruto, desvencilhei-me do estribo e pus-me de
pé.” -Memórias Póstuma de Brás Cubas,de
Machado de Assis.
FLUXO DE CONSCIÊNCIA
 Fluxo de consciência – Escrever um fluxo de
consciência é como instalar uma câmera na
cabeça da personagem, retratando fielmente sua
imaginação, seus pensamentos. Como o
pensamento, a consciência não é ordenada.
Presente e passado, realidade e desejos, falas e
ações se misturam na narrativa.
FLUXO DE CONSCIÊNCIA
 Exemplo
 Como a humanidade é louca, pensou ela ao atravessar
Victoria Street. Porque só Deus sabe porque amamos
tanto isto, o concebemos assim , elevando-o,
construindo-o à nossa volta, derrubando-o, criando-o
novamente a cada instante, mas até as próprias
megeras, as mendigas mais repelentes sentadas às
portas (a beberem a sua ruína) fazem o mesmo; não se
podia resolver o seu caso, ela tinha a certeza, com leis
parlamentares por esta simples razão: porque amam a
vida.(Mrs. Dalloway, 1925, trad. port. Lisboa, Ulisseia,
1982, pp.5-6)
EXERCÍCIO
A partir da matéria jornalística fornecida, construa um
texto utilizando as técnicas literárias.
BIBLIOGRAFIA
 JATOBÁ, JOÃO FELIPE BRANDÃO. Técnicas Literárias.
Disponível em: http://migre.me/5KNuv . Acesso em 7.set.2011
 LIMA, Edvaldo Pereira. Páginas Ampliadas. São Paulo,
Manole, 2004
 PRIOSTE, Roberto Nogueira. Os alfaiates de São carlos,
Disponível em: http://migre.me/5KNkI . Acesso em 7.set.2011
 SCARTON, Gilberto. Guia de Produção Textual. Disponível
em Fonte: http://www.pucrs.br/gpt/index.php. Acesso em
5.ago.2011

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Oficina de jornalismo literário 2013

  • 1. TÉCNICAS TEXTUAIS NO JORNALISMO LITERÁRIO PROF. EDUARDO ROCHA
  • 2. DINÂMICA DA OFICINA  Abertura  Leitura de Textos  Apresentação das Técnicas Literárias  Exercício de observação  Produção textual  Sarau literário  Publicação no Blog
  • 3. CONCEITO DE JORNALISMO LITERÁRIO  Modalidade de prática da reportagem de profundidade e do ensaio jornalístico utilizando recursos de observação e redação originários da (ou inspirados pela) literatura.  Traços básicos: imersão do repórter na realidade, voz autoral, estilo, precisão de dados e informações, uso de símbolos (inclusive metáforas), digressão e humanização.(Edvaldo Pereira Lima)
  • 4. CARACTERÍSTICAS DO JORNALISMO LITERÁRIO  Emprego de técnicas literárias;  Profunda observação;  Profunda pesquisa de campo;  Criatividade;  Grande caracterização dos personagens;  Ambientação do fato narrado;  Fuga das regras do texto jornalístico; convencional.
  • 5. E QUAL É A DO JORNALISMO LITERÁRIO? •Ir além do factual •Ir além da objetividade •Ir além dos dados estatísticos •Ir além do lead
  • 6. E QUAL É A DO JORNALISMO LITERÁRIO? O Jornalismo Literário: •Humaniza o texto •Aprofunda a reportagem •Trabalha a linguagem •Observa os detalhes •Vai além do lead
  • 7. TÉCNICAS LITERÁRIAS  1. Técnicas de abertura  2. Construção cena a cena  3. Reprodução de diálogos  4. Foco narrativo  5. Fluxo de consciência
  • 8. 1. TÉCNICAS DE ABERTURA  1) Citação Direta  2) Citação Indireta  3) Pergunta  4) Frase Nominal
  • 9. CITAÇÃO DIRETA  É a abertura com uma frase. Deve ser utilizada em casos especiais  Possui um caráter argumentativo muito forte, pois vem respaldado na frase de um personagem importante dentro da história
  • 10. EXEMPLO DE CITAÇÃO DIRETA  "Os computadores não são máquinas simpáticas", diz o canadense Sidney Fels, professor da Universidade da Colúmbia Britâncica. Em busca de uma melhor interação, o cientista desenvolveu o Glove Talk, uma espécie de luva feita por realidade virtual que é capaz de transformar sons em linguagem de sinais, usada por sudos-mudos. Fels também é o inventor do Iamascope, um caleidoscópio que identifica o rosto do usuário e toca melodias conforme este se movimenta. Época 29 de junho
  • 11. CITAÇÃO INDIRETA  É a utilização do discurso indireto na abertura do texto.  Indicada quando não se lembra literalmente da uma frase
  • 12. EXEMPLO DE CITAÇÃO INDIRETA Ser ou não  Disse Alexandre Dumas que Shakespeare, depois de Deus, foi o poeta que mais criou. Aos 37 anos, já escrevera 21 peças e inventara uma forma de soneto. Era um rico proprietário de terras e sócio do Globe Theatre, de Londres. Suas peças eram representadas regularmente para a rainha Elizabeth I. Na Tragégia de Hamlet, Prícipe da Dinamarca, publicada em 1603, Shakespeare superou a si mesmo, tomando uma antiga história escandinava de fraticídio e vingança e transformou-a numa tragédia sombria sobre a condição humana, traduzida quase 1000 vezes e encenada sem cessar. Sarah Bernhardt, John Gielgud, Laurence Olivier, John Barrymore e Kenneth Branagh, todos buscaram entender o melancólico dinamarquês. Veja - especial do Milênio
  • 13. PERGUNTA  Recurso que desperta o interesse do leitor, pois o leva a refletir sobre a indagação que está sendo feita
  • 14. EXEMPLO DE ABERTURA COM PERGUNTA  Onde estão os melhores programas da TV a cabo? Que programas merecem que se reserve um bom tempo para a televisão? Quais as diferenças entre canais que oferecem programação do mesmo gênero? Onde encontrar bons documentários, filmes inéditos, notícias ao vivo, transmissões esportivas? A equipe da revista da TV sentou-se na frente da televisão, de controle remoto em punho, e apresenta este número especial, concebido como um guia da TV que os gaúchos assinam. Que ninguém se enrosque nos cabos, nas antenas ou na informação. Televisão por assinatura é toda modalidade que se paga pra acessar. (...)  Zero Hora, 27 de junho de 1999
  • 15. FRASE NOMINAL  Quando utilizamos uma ou duas frases nominais para explicá-la na sequência do texto
  • 16. EXEMPLO DE ABERTURA COM FRASE NOMINAL  Garra. Determinação. Entusiasmo. Esse é o espírito que parece estar de volta ao Estádio Olímpico. Desde os tempos de Felipão como técnico do tricolor não se via um time com tanto afinco no gramado do Olímpico. Zero Hora - 21 de junho de 1999
  • 17. 2 - NARRAÇÃO CENA A CENA  Construção cena a cena (cena presentificada) – é o relato detalhado do acontecimento à medida que ele se desenvolve, desdobrando-o como em uma projeção cinematográfica. Mas, como a vida do personagem não transcorre somente no universo de suas ações diretas, pode-se estabelecer relações com acontecimentos paralelos, que, de alguma forma, contribuíram para o destino do biografado
  • 18. EXEMPLO DE NARRAÇÃO CENA A CENA Chegam à casa ao entardecer. São um pequeno grupo de policiais. Todos uniformizados. Passeiam pela sala e olham a biblioteca. Riem com sarcasmo. Pegam o livro História da Diplomacia. "Assim que os kosovares descendentes de albaneses também querem ser diplomatas?" Mudam o tom da conversa. Gritam. "Nos dê chaves", exigem. "Pegue uma mala", ordenam. "Deixa o resto. Tens 10 minutos. Logo irás para a Albânia e nunca mais voltarás. Nem sequer poderás voltar a sonhar com Kosovo", profetizam.
  • 19. 3 - REPRODUÇÃO DE DIÁLOGOS  Reprodução do diálogo das personagens – segundo Tom Wolfe, os diálogos são um dos recursos que mais envolvem o leitores.
  • 20. REPRODUÇÃO DE DIÁLOGOS - EXEMPLO Um antigo balcão de metal – desses típicos de escritório – separa os fregueses da área onde estão Roque Mascarin, 71 anos, e Sebastião Peixe, 74 anos. O salão forma um “L” e não tem mais que 30 metros quadrados. Nas prateleiras, ao lado esquerdo e ao fundo, peças de tecidos. No centro, lado a lado, duas máquinas de costura. E outros dois balcões de madeira. São antigos, de imbuia. “Tem mais de cem anos”, diria mais tarde seu Mascarin. São usados para riscar moldes e cortar tecidos. Um velho rádio, da Motorádio, está sintonizado numa emissora AM que toca Nelson Gonçalves quando eu chego. O aparelho completa a decoração do ateliê. É como se eu abrisse uma porta para o passado. Seu Mascarin deixa a velha máquina PFAFF e vem em minha direção. - Você deve ser o repórter. “Sim, eu que liguei hoje de manhã.” - Eu só não sei o que você quer com dois velhos. Nós não temos muito para falar. Estamos no fim de carreira.
  • 21. (CONTINUAÇÃO) A carreira de Roque Mascarin tem mais de 60 anos. Aos 9, recém- chegado da roça, fez o que faziam os meninos ao concluir o grupo escolar. Era hora de procurar emprego, um ofício. Bateu na alfaiataria de Geraldo Adabo. Nessa época, por volta de1950, São Carlos tinha talvez centenas de alfaiatarias. - Eram umas 200 – puxa pela memória seu Mascarin. - 280. A voz fraca de Sebastião Peixe quebra o silêncio pela primeira vez para corrigir o colega. Foi na alfaiataria do Adabo que os dois se conheceram. Seu Peixe tinha 10 anos de idade. Os cabelos estão brancos. É um homem esguio, alto mesmo, quase um metro e noventa de altura. Mas o corpo arqueado denuncia os efeitos dos anos quando ele se levanta, para os cumprimentos. É homem frágil. - Eu que conversei com você no telefone. Eu estou muito doente. Seu Peixe caminha lentamente e com dificuldade. De volta a maquina de costura, por várias vezes interrompe o vai e vem dos pés no pedal. Para. O olhar se fixa e se perde em algum ponto. Parece querer relembrar fatos, pessoas, lugares e histórias enquanto seu Mascarin ativa na memória os tempos em que São Carlos era a capital dos alfaiates brasileiros.
  • 22. 4 - FOCO NARRATIVO  Foco narrativo (ou ponto de vista) – é a perspectiva pela qual é contada a história. Pode ser:  Narrador-observador (3ª. Pessoa) ou narrador- personagem (1ª. Pessoa).
  • 23. FOCO NARRATIVO  Narrador-observador Exemplo: “Ali pelas onze horas da manhã o velho Joaquim Prestes chegou no pesqueiro. Embora fizesse força em se mostrar amável por causa da visita convidada para a pescaria, vinha mal-humorado daquelas cinco léguas cabritando na estrada péssima. Alias o fazendeiro era de pouco riso mesmo, já endurecido pelos setenta e cinco anos que o mumificavam naquele esqueleto agudo e taciturno.” - O poço, de Mário de Andrade.
  • 24. FOCO NARRATIVO  Narrador- personagem – quando o narrador participa da história Exemplo “Vai então, empacou o jumento em que eu vinha montado; fustiguei-o, ele deu dois corcovos, depois mais três, enfim mais um, que me sacudiu fora da sela,…” “mas um almocreve, que ali estava, acudiu a tempo de lhe pegar na rédea e detê-lo, não sem esforço nem perigo. Dominado o bruto, desvencilhei-me do estribo e pus-me de pé.” -Memórias Póstuma de Brás Cubas,de Machado de Assis.
  • 25. FLUXO DE CONSCIÊNCIA  Fluxo de consciência – Escrever um fluxo de consciência é como instalar uma câmera na cabeça da personagem, retratando fielmente sua imaginação, seus pensamentos. Como o pensamento, a consciência não é ordenada. Presente e passado, realidade e desejos, falas e ações se misturam na narrativa.
  • 26. FLUXO DE CONSCIÊNCIA  Exemplo  Como a humanidade é louca, pensou ela ao atravessar Victoria Street. Porque só Deus sabe porque amamos tanto isto, o concebemos assim , elevando-o, construindo-o à nossa volta, derrubando-o, criando-o novamente a cada instante, mas até as próprias megeras, as mendigas mais repelentes sentadas às portas (a beberem a sua ruína) fazem o mesmo; não se podia resolver o seu caso, ela tinha a certeza, com leis parlamentares por esta simples razão: porque amam a vida.(Mrs. Dalloway, 1925, trad. port. Lisboa, Ulisseia, 1982, pp.5-6)
  • 27. EXERCÍCIO A partir da matéria jornalística fornecida, construa um texto utilizando as técnicas literárias.
  • 28. BIBLIOGRAFIA  JATOBÁ, JOÃO FELIPE BRANDÃO. Técnicas Literárias. Disponível em: http://migre.me/5KNuv . Acesso em 7.set.2011  LIMA, Edvaldo Pereira. Páginas Ampliadas. São Paulo, Manole, 2004  PRIOSTE, Roberto Nogueira. Os alfaiates de São carlos, Disponível em: http://migre.me/5KNkI . Acesso em 7.set.2011  SCARTON, Gilberto. Guia de Produção Textual. Disponível em Fonte: http://www.pucrs.br/gpt/index.php. Acesso em 5.ago.2011