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As Histórias e as memórias afetivas:
 um imaginário a ser preservado...
     O despertar do contador
Nós adultos, pais, professores, tios, madrinhas, todos os
envolvidos com o desenvolvimento da criança, temos o
compromisso primeiro de incentivo.

O leitor, o escritor, o contador de histórias ele vai sendo
construído no íntimo de cada um, na medida em que se
percorre a estrada dos livros, páginas adentro.
De que forma estamos procurando incentivar as
crianças para adentrarem o universo das
histórias? Com que emoção estamos fazendo
isso?




Convido para que olhemos com cuidado, como
estamos nutrindo nosso imaginário para que
possamos nutrir o imaginário dos alunos.
Criança Interior

   Para que estejamos sempre em
sintonia com o universo das histórias
  e da magia por elas despertadas.
As demandas do tempo
                   absorvem a sutileza da vida,
                   oferecem a supremacia dos
                   ponteiros do relógio que correm
                   e que nos impedem de
                   aproveitar o aqui e agora.



E assim, nosso tempo se esvai, nossa criança interior
permanece adormecida, e vamos contribuindo para
que outras crianças adormeçam em seu brincar
solitário...
Precocemente, o universo adulto,
nos convida a confinar, aprisionar a
criança que um dia existiu em nós.
“Em todo adulto espreita
 uma criança, que assiste
  pela fresta dos olhos o
          tempo passar.”
                (PaTTi Cruz)
Cada vez que contamos uma história
estamos estimulando nosso imaginário,
estamos permitindo nossa Criança Interior
se manifestar. E cada vez que ela se
manifesta compreendemos melhor, as
outras crianças...

É desta forma, que vamos dando voz a
história...

Vamos permitindo que nosso corpo
absorva o corpo da história e seus
personagens...

Vamos nos tornando por inteiro o que
O que está vivo de nossa
criança em nós?

O que preservamos do
imaginário,      um      dia
configurado pelas histórias,
mitos, contos e fábulas?
Durante nosso desenvolvimento, desde bebês, tivemos a
oportunidade de contatar com os contos, histórias,
narrativas, canções, muitos até mesmo antes de
expandirem-se para o mundo, ainda lá no ventre,
puderam estabelecer estes primeiros contatos entre a
voz da mãe e suas reconfortantes palavras.
Quem sabe, por assim dizer,
ao nascermos, fomos
bebendo os primeiros goles
desta arte, do apreço pela
literatura e pelo mundo das
histórias.
Fomos contagiando nosso
pequeno corpo, emitindo as
primeiras sonoridades e
manifestando nosso
interesse em contatar com o
mundo...
Envolvidos pelo mundo maravilhoso das histórias
desenvolvemos sentimentos, emoções e aprendemos a
lidar com as sensações. Nos tornamos amantes da leitura.
É desta forma que podemos também, acordar o gigante
adormecido: o contador de histórias, desejoso de um
espaço no qual possa despertar em outras pessoas, aquilo
que nele foi despertado: a necessidade do encantamento
das palavras.
O contador de histórias se liberta nas páginas dos livros,
se entrega totalmente às palavras vestindo-se delas e
inebriando-se pelas sensações por elas despertadas.




Muito antes de mobilizar aqueles que ouvem, o contador
sente-se tocado pelo conteúdo da escrita, sente-se
envolvido naquele mundo ao qual ele, naquele instante
pertence.
O contador é antes de tudo um amante da leitura, vê na
literatura a possibilidade de atingir o desconhecido
aproximando-o do seu universo. Contar histórias é muito
mais do que compartilhar uma narrativa, é transformar o
momento em algo mágico, capaz de capturar o ouvinte,
seu interesse e atenção.
No momento de contar histórias, o contador é o próprio
conto e o conto sua própria história. Contar histórias é
doar-se àquele momento e doar o momento, na mesma
intensidade ao ouvinte.
Ser contador de histórias não é uma mágica que se faz de
   acordo com a simples vontade, mas é a partir desta
  vontade, do desejo que se tem em transformar-se em
  contador, que somos capazes de despertar em nossa
        essência a relação mais próxima com ele.




  O contador não nasce simplesmente, ele se liberta a
 partir do investimento emocional que fazemos em seu
 substrato mais genuíno. Amar a leitura é fundamental,
 sentir-se envolvido pelas palavras é essencial, mas crer
    que contar histórias é realmente poder tocar as
  pessoas de maneira sensível revela quem somos e o
               que desejamos do mundo.
Cada vez que uma criança
brinca, percorrendo os caminhos
de seu mundo simbólico ela pode
estabelecer uma relação entre o
dentro e o fora. O real e a
fantasia. É capaz de estruturar
sequências de cenas, diálogos,
ações e reações...Cada uma em
seu tempo, no seu ritmo e
condição intelectual.
Cada vez que um adulto brinca, percorrendo os
caminhos de seu mundo simbólico, ele pode estabelecer
uma relação entre o dentro e o fora. É capaz de (re)
estruturar sequências de cenas de sua vida, de (re)
construir caminhos, de encontrar novas possibilidades.
É capaz de (re) encontrar poesia no mundo e estar mais
perto de sua criança, compreendendo as demais.
Há em cada um... um universo!
Nossa história nunca é linear. Ela percorre as curvas do
caminho e se entrelaça a outras histórias. Assim, como nas
histórias lidas, contos de fada, fábulas, as clássicas ou
contemporâneas, nos permitimos mobilizar porque abre-se
um canal de acesso entre nosso universo interno e o
universo simbólico das histórias.
Sei que na minha voz, as histórias ecoam para o mundo
e tornam-se mais vivas, independente, de serem
milenares, como no caso dos clássicos infantis. Sei que
no meu corpo, as sensações se refletem, vindas de cada
personagem que me mobiliza E, assim, me entrego as
histórias, porque elas a mim se integram.
Tal criança que necessita de colo, precisamos ser acolhidos para
que possamos perceber que no mundo há também leveza. Que
não existe apenas, a demanda a ser preenchida ou as tarefas a
serem cumpridas.

Em um lugar não muito distante há um caminho que nos leva de
volta as sensações primárias de prazer, a perceber na sutileza
das coisas, a tal poesia do mundo...
Dentro de nós...

Nossas passagens...

Nossos registros...

Escritos e
circunscritos...

Nossa bagagem...

Nossas memórias...

Nossas histórias...
 
“E agora é de repente domingo!
Há flores nos jardins, os pássaros cantam
E sei, que é de repente domingo.
Vejo os meninos e seus brinquedos, a correria e as
risadas,
E sei que é de repente domingo.
Vejo meu quarto, meus jogos, a claridade do sol
entrando pela vidraça...
Sim, sei que é domingo, eu vi na rua...os meninos,
tudo acontecendo!
Olho minha escrivaninha e vejo os livros...meus
livros!
Contos de Fada, Fábulas e Histórias Encantadas,
cheias de surpresas!
Olho para fora, de novo pela janela e vejo tudo
acontecendo...
E entendo que para alguns é de repente domingo!
Para mim, há sempre dias como os domingos nas
páginas mágicas das minhas leituras”.(PaTTi Cruz)

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A importância de preservar a criança interior através das histórias

  • 1. As Histórias e as memórias afetivas: um imaginário a ser preservado... O despertar do contador
  • 2. Nós adultos, pais, professores, tios, madrinhas, todos os envolvidos com o desenvolvimento da criança, temos o compromisso primeiro de incentivo. O leitor, o escritor, o contador de histórias ele vai sendo construído no íntimo de cada um, na medida em que se percorre a estrada dos livros, páginas adentro.
  • 3. De que forma estamos procurando incentivar as crianças para adentrarem o universo das histórias? Com que emoção estamos fazendo isso? Convido para que olhemos com cuidado, como estamos nutrindo nosso imaginário para que possamos nutrir o imaginário dos alunos.
  • 4. Criança Interior Para que estejamos sempre em sintonia com o universo das histórias e da magia por elas despertadas.
  • 5. As demandas do tempo absorvem a sutileza da vida, oferecem a supremacia dos ponteiros do relógio que correm e que nos impedem de aproveitar o aqui e agora. E assim, nosso tempo se esvai, nossa criança interior permanece adormecida, e vamos contribuindo para que outras crianças adormeçam em seu brincar solitário...
  • 6. Precocemente, o universo adulto, nos convida a confinar, aprisionar a criança que um dia existiu em nós.
  • 7. “Em todo adulto espreita uma criança, que assiste pela fresta dos olhos o tempo passar.” (PaTTi Cruz)
  • 8. Cada vez que contamos uma história estamos estimulando nosso imaginário, estamos permitindo nossa Criança Interior se manifestar. E cada vez que ela se manifesta compreendemos melhor, as outras crianças... É desta forma, que vamos dando voz a história... Vamos permitindo que nosso corpo absorva o corpo da história e seus personagens... Vamos nos tornando por inteiro o que
  • 9. O que está vivo de nossa criança em nós? O que preservamos do imaginário, um dia configurado pelas histórias, mitos, contos e fábulas?
  • 10. Durante nosso desenvolvimento, desde bebês, tivemos a oportunidade de contatar com os contos, histórias, narrativas, canções, muitos até mesmo antes de expandirem-se para o mundo, ainda lá no ventre, puderam estabelecer estes primeiros contatos entre a voz da mãe e suas reconfortantes palavras.
  • 11. Quem sabe, por assim dizer, ao nascermos, fomos bebendo os primeiros goles desta arte, do apreço pela literatura e pelo mundo das histórias. Fomos contagiando nosso pequeno corpo, emitindo as primeiras sonoridades e manifestando nosso interesse em contatar com o mundo...
  • 12. Envolvidos pelo mundo maravilhoso das histórias desenvolvemos sentimentos, emoções e aprendemos a lidar com as sensações. Nos tornamos amantes da leitura. É desta forma que podemos também, acordar o gigante adormecido: o contador de histórias, desejoso de um espaço no qual possa despertar em outras pessoas, aquilo que nele foi despertado: a necessidade do encantamento das palavras.
  • 13.
  • 14. O contador de histórias se liberta nas páginas dos livros, se entrega totalmente às palavras vestindo-se delas e inebriando-se pelas sensações por elas despertadas. Muito antes de mobilizar aqueles que ouvem, o contador sente-se tocado pelo conteúdo da escrita, sente-se envolvido naquele mundo ao qual ele, naquele instante pertence.
  • 15. O contador é antes de tudo um amante da leitura, vê na literatura a possibilidade de atingir o desconhecido aproximando-o do seu universo. Contar histórias é muito mais do que compartilhar uma narrativa, é transformar o momento em algo mágico, capaz de capturar o ouvinte, seu interesse e atenção.
  • 16. No momento de contar histórias, o contador é o próprio conto e o conto sua própria história. Contar histórias é doar-se àquele momento e doar o momento, na mesma intensidade ao ouvinte.
  • 17. Ser contador de histórias não é uma mágica que se faz de acordo com a simples vontade, mas é a partir desta vontade, do desejo que se tem em transformar-se em contador, que somos capazes de despertar em nossa essência a relação mais próxima com ele. O contador não nasce simplesmente, ele se liberta a partir do investimento emocional que fazemos em seu substrato mais genuíno. Amar a leitura é fundamental, sentir-se envolvido pelas palavras é essencial, mas crer que contar histórias é realmente poder tocar as pessoas de maneira sensível revela quem somos e o que desejamos do mundo.
  • 18.
  • 19. Cada vez que uma criança brinca, percorrendo os caminhos de seu mundo simbólico ela pode estabelecer uma relação entre o dentro e o fora. O real e a fantasia. É capaz de estruturar sequências de cenas, diálogos, ações e reações...Cada uma em seu tempo, no seu ritmo e condição intelectual.
  • 20. Cada vez que um adulto brinca, percorrendo os caminhos de seu mundo simbólico, ele pode estabelecer uma relação entre o dentro e o fora. É capaz de (re) estruturar sequências de cenas de sua vida, de (re) construir caminhos, de encontrar novas possibilidades. É capaz de (re) encontrar poesia no mundo e estar mais perto de sua criança, compreendendo as demais.
  • 21. Há em cada um... um universo!
  • 22. Nossa história nunca é linear. Ela percorre as curvas do caminho e se entrelaça a outras histórias. Assim, como nas histórias lidas, contos de fada, fábulas, as clássicas ou contemporâneas, nos permitimos mobilizar porque abre-se um canal de acesso entre nosso universo interno e o universo simbólico das histórias.
  • 23. Sei que na minha voz, as histórias ecoam para o mundo e tornam-se mais vivas, independente, de serem milenares, como no caso dos clássicos infantis. Sei que no meu corpo, as sensações se refletem, vindas de cada personagem que me mobiliza E, assim, me entrego as histórias, porque elas a mim se integram.
  • 24. Tal criança que necessita de colo, precisamos ser acolhidos para que possamos perceber que no mundo há também leveza. Que não existe apenas, a demanda a ser preenchida ou as tarefas a serem cumpridas. Em um lugar não muito distante há um caminho que nos leva de volta as sensações primárias de prazer, a perceber na sutileza das coisas, a tal poesia do mundo...
  • 25. Dentro de nós... Nossas passagens... Nossos registros... Escritos e circunscritos... Nossa bagagem... Nossas memórias... Nossas histórias...
  • 26.   “E agora é de repente domingo! Há flores nos jardins, os pássaros cantam E sei, que é de repente domingo. Vejo os meninos e seus brinquedos, a correria e as risadas, E sei que é de repente domingo. Vejo meu quarto, meus jogos, a claridade do sol entrando pela vidraça... Sim, sei que é domingo, eu vi na rua...os meninos, tudo acontecendo! Olho minha escrivaninha e vejo os livros...meus livros! Contos de Fada, Fábulas e Histórias Encantadas, cheias de surpresas! Olho para fora, de novo pela janela e vejo tudo acontecendo... E entendo que para alguns é de repente domingo! Para mim, há sempre dias como os domingos nas páginas mágicas das minhas leituras”.(PaTTi Cruz)