O jornal relata que a Prefeitura de Curitiba pretende desapropriar um imóvel que abrigava o histórico Clube do Golfinho para construir um centro comunitário no local. O objetivo é atender a população do bairro do Pilarzinho e região. Além disso, o jornal anuncia a programação da festa de Nossa Senhora do Pilar, que busca resgatar a participação popular da tradicional celebração religiosa e beneficiar obras sociais da Igreja São Marcos. Por fim, há uma
1. Marco André Lima
PREFEITURA ENTRA NA BRIGA
PARA RESGATAR O GOLFINHO
O sonho de resgatar o que sobrou do histórico Clube do Golfinho para atender à
comunidade do Pilarzinho e região está próximo de ser concretizado. O imóvel
foi arrematado por uma imobiliária, mas o Município anunciou que pretende
desapropriá-lo para construir no local um centro de atendimento à população.
:: Página 16
Do Quintal
R$ 1,50 Curitiba, julho de 2011 - Ano I - Número 5
Um jornal a serviço dos moradores da região do Pilarzinho, Mercês, Vista Alegre, Abranches, São Lourenço e Bom Retiro.
DSF
» Do Quintal
registra Cruz
do Pilarzinho
O Jornal Do Quintal
deu entrada junto à
Prefeitura ao processo
de registro da Cruz do
Pilarzinho como um
monumento oficial
da cidade. Esse é o
primeiro passo para o
seu reconhecimento
como um patrimônio
histórico. :: Pág. 6
Desrespeito aos rios
» Assaltantes
apavoram
comerciantes
:: Pág. 7
Um dos pontos mais polêmicos do novo Código tinuam funcionando em terrenos que a Lei aponta
Florestal, em debate no Senado, é a anistia ao des- como áreas de preservação permanentes. E, ape-
» São Marcos
matamento que pode fazer com que pelo menos sar da determinação do Código de 1989, empresas une ecologia
29 milhões de hectares de mata nativa deixem de como a Da Ilha Comércio de Álcool, instalada na e fraternidade
ser recuperados. Enquanto isso, em Curitiba, várias Rodovia dos Minérios (foto), continua construin- :: Pág. 3
empresas que se instalaram na beira dos rios con- do à beira do rio. :: Páginas 4 e 5
NO PASSADO, UMA Até os anos 1950, onde é hoje o Jardim Schaffer e parte do Bom Retiro, uma Chácara
atraia visitantes de todo o País, por sua organização e tecnologia na criação de gado leiteiro.
CHÁCARA DO FUTURO
A Chácara Schaffer foi durante décadas o “laboratório” de Francisco, um inovador que sempre
esteve à frente de seu tempo. :: Págs. 8 e 9.
Reproduções: álbum da família
João de Noronha
Francisco, nos anos 40, com bezerros gêmeos. À esquerda, a última casa em que morou, entre as ruas Santa Cecília e Hugo Simas. À direita, como ela está hoje.
2. Curitiba, julho de 2011
»2 Do Quintal
CARTA AO LEITOR
Desde a primeira edição do jornal Do
Uma festa a ser resgatada
Quintal temos procurado materializar
discussões e desejos locais, ou Celebração de Nossa Senhora do Pilar
seja, registrar fatos que correm nos
bastidores do bairro, nas suas ruas e
já foi uma das principais datas da região
que nem sempre encontram o devido
O
espaço em jornais de abrangência Procissão
dia de Nossa Senhora do nos anos 50:
maior.
Pilar, 15 de agosto, era Após a
Por conta disso, o exercício da escrita e antigamente um dia es- celebração
da narrativa desses fatos inerentes pecial no Pilarzinho, um religiosa,
começava
à prática jornalismo, desdobrou-se feriado em que as famílias da região e
a festança.
em ações inerentes à condição de de várias partes da cidade se reuniam
moradores e cidadãos. Foi assim ao redor da capela em homenagem à
com a participação na Rede de Santa, na Rua São Salvador, e durante
Desenvolvimento Local, organizada pelo todo o dia participavam das celebra-
Sistema FIEP-Sesi, quando o Do Quintal ções e festejos.
participou ativamente das discussões Moradores antigos lembram que as
em torno das necessidades da região; famílias se preparavam com antecedên-
com a campanha pela recuperação cia e, no dia 15, desde cedo, se dirigiam
do Clube Golfinho, cuja história faz
Reprodução Álbum de família.
á Capela, que então tinha uma ampla
parte da memória local e com a Cruz área ao redor, que incluía a atual Praça
do Pilarzinho, monumento histórico
Angelina Basso, para abrigar os festejos.
sob salvaguarda dos moradores que,
E após à missa e procissáo, era um dia
hoje, tentamos oficializar como um
inteiro de churrasco, jogos, como os
patrimônio junto à prefeitura municipal.
da argola, tiro ao alvo, toca do coelho,
Nesta edição, o Do Quintal fala sobre leilões de leitões, de costelas de bois, de
um tema difícil de abordar, dada sua prendas oferecidas pelos moradores da
importância e os desafios que acarreta: região. Havia ainda o serviço de alto-
a preservação de nossos recursos -falante, pelo qual os jovens enamora- Programação
naturais. Estamos em tempos de dos ofereciam mensagens e músicas às
discussão do novo Código Florestal (aos) pretendentes.
DIA 6 - Início das Novenas da Festa, na Capela Nossa Senhora do
brasileiro e ao longo da matéria Com o tempo e a urbanização da re- Pilar, às 19h com Terço e Missa. Logo após, jantar dançante no salão
percebemos que a maior esquizofrenia gião, a participação popular diminuiu. da Igreja São Marcos, convites à venda no valor de R$15,00
em se falar em Meio Ambiente é que A festa foi transferida para o salão da
ainda nos colocamos fora dele. O código Igreja São Marcos. Segundo o Pároco Dias 7, 8, 9 e 10 - Novenas as 19h na Capela do Pilar com Terço
fala da extinção de nossas florestas e Missa
local, padre Carlos Marson, a intenção
e, consequentemente, aborda nossas é reavivar a participação popular nesta Dia 11 - Procissão luminosa, às 19h saindo da Capela até a Matriz
águas e nossa fauna, ou seja, a nós festa em celebração à Nossa Senhora do São Marcos. Logo após Noite do Pastel, Mini Pizza e cachorro quente.
mesmos, como animais que somos. Pilar. Por isso, ele chama todos os mo-
radores a participar. Agora, em vez de Dia 12 - Novena de Nossa Senhora do Pilar na Matriz São Marcos,
O jornal Do Quintal abrange uma das
às 19h. Logo após Noite do Pastel, Mini- Pizza e Cachorro quente.
regiões mais altas da cidade, conhecida um dia, a festividade começa no dia 6 e
pela sua área verde, com rios, matas e prossegue até o dia 14, um domingo. Os Dia 13 - Novena de Nossa Senhora do Pilar na Matriz São Marcos,
inúmeros quintais que terminam em recursos arrecadados serão utilizados às 19h. Logo após Noite do Pastel, Mini - Pizza e Cachorro quente.
fundos de vale. A pergunta que nos nas obras sociais da Igreja. Então, além
fizermos é como o código atual tem sido da confraternização entre a comunida- Dia 14 - 8h - Solene Santa Missa seguida da Procissão
10h - Solene Santa Missa da Crisma, presidida pelo arcebispo
aplicado e qual o nosso papel, individual, de e a celebração de Nossa Senhora, os D. Moacyr José Vitti
diante da questão. participantes estarão contribuindo na 12h - Tradicional Almoço, com churrasco, risoto, maionese e saladas.
ajuda aos mais ncessitados. (DSF) 14h - Show de Prêmios, no salão paroquial.
Existe um provérbio chinês que diz que
se todos varressem suas calçadas, no
final do dia, toda a rua estaria varrida.
De nada vale um novo código federal
se o atual ainda não foi devidamente
aplicado. Talvez, mais que um novo O Código Florestal e o Pilarzinho
código de leis para o Meio Ambiente,
precisemos de um novo código de Rafael Milani Medeiros râmetro? Cabe pontuar aqui que o Brasil, para ser a
conduta, implementado através de um
quinta economia do mundo em 2016 não precisou al-
sistema educacional verdadeiro, capaz Muitas pessoas que vierem a ler este texto nunca terar o Código, logo preservação não é contrária a de-
de revelar que se preservarmos o quintal ouviam falar do Código Florestal antes do recente pro- senvolvimento. Este país abençoado por Deus tem re-
de nossa casa, estaremos contribuindo jeto de lei que está em análise no Congresso Nacional. cursos para, além de produzir tudo o que produz hoje,
para a qualidade de vida no mundo. É difícil discutir o Código Florestal, discutir como pre- desenvolver biotecnologias. Se este setor da economia
servar o meio ambiente natural em tempos de busca depende de tecnologias oriundas de vida e se há mais
por sustentabilidade, não é fácil. Encontrar uma fór- vida dentro de um país, sou um país mais competitivo.
mula social que atenda a aspectos econômicos, sociais Faremos mais dinheiro com as florestas em pé do que
e ambientais, para as presentes e futuras gerações, é sem elas.
coisa de gente grande. Uma lei é uma espécie de fór- Bom, você deve estar se perguntando como isso se
EXPEDIENTE Do Quintal mula social, onde parâmetros comuns do que é certo e
errado são estabelecidos. Dizem que as elites, em espe-
aplica no Pilarzinho e bairros do norte de Curitiba? É
só pensar na quantidade de córregos, nascentes e coli-
cial as econômicas, ditam as regras. É meia verdade. O nas que temos para este lado. Mesmo essa paisagem já
Propriedade da Editora ETC e Tãao – CNPJ: 12.339.920/0001-18 Código Florestal, por exemplo, foi literalmente ditado bastante modificada do seu natural, teve alguma coisa
Jornalista Responsável: Ângela Ribeiro DRT 1574 em 1965. Um ano após o golpe militar. Era uma elite preservada pelo Código Florestal. Aqui, nos fundos do
da força. Digamos que potencialmente as elites intelec- meu quintal tenho uma legítima Área de Preservação
Diretor de Redação: Douglas de Souza Fernandes
tuais do país participaram pouco da elaboração deste Permanente resguardada pela força da lei e boa vonta-
Projeto gráfico e diagramação: Eduardo Picanço Aguida texto inicial e que a ferro e fogo o país manteve 20% da de de seu proprietário (eu). Eu acho isto ótimo, pois
e Paulo Augusto Krüger de Almeida.
mata de araucárias, 80% da Amazônia, 30% do cerrado, vejo que essa paisagem verde do Pilar, além de absur-
Endereço: Rua Professor Ignácio Alves de Souza Filho, 343, alguma coisa da caatinga e 30 metros em cada margem, damente agradável, é difícil de ser vista em meio urba-
Pilarzinho, CEP 82110-450.
de cada rio brasileiro. no. Percebam que nossos deputados estão agora dis-
Telefones: 3527-0501 e 9892-4606. Bom seria se uma lei fosse o suficiente para preser- cutindo e votando uma lei que se aplica a toda exten-
E-mails: jornalismo@doquintal.com.br, contato@doquintal.com.br, var. De lá para cá, o que sobrou dos biomas acima é são deste país imenso, a todo patrimônio natural que
comercial@doquintal.com.br.
bem menos do que pede a lei e bem mais do que os preservamos e ainda somos obrigados a ver manchetes
Impressão: Editora O Estado do Paraná EUA, Europa e Ásia preservaram de sua natureza. Mas (de primeira página) de casamentos do outro lado do
Tiragem: 10.000 exemplares quem disse que precisamos ter estes países como pa- mundo.
3. Curitiba, julho de 2011
Do Quintal »3
Uma ação ecológica e fraterna
Paróquia São Marcos cria campanha que une ajuda aos necessitados e ao meio ambiente
É
possível com uma ação da campanha), o participante esta- que tem a parceria da Associação levá=lo a um posto próximo de re-
simples contribuir com rá dando uma destinação adequada dos Servos dos Pobres, da Associa- colhimento. Se não houver, entre
a preservação ambien- ao óleo de cozinha, pois se jogado ção Social São Marcos e do Bocado em contato com o Disk –coleta,
tal, resolver um proble- no ralo ou na terra, esse produto do Pobre, será usado para as obras pelo número 3338-4450, que uma
ma doméstico e ao mesmo tempo irá comprometer os lençóis freáti- sociais da Paróquia, como a manu- equipe irá ao local para recolher as
ajudar pessoas carentes ¿ O pároco cos, e, consequentemente os rios tenção da Creche Vovó Alfonsa, garrafas. Empresários que também
da Paróquia São Marcos, no Pilar- e a água que consumimos (O óleo auxílio às comunidades carentes, quiserem manter um ponto de co-
zinho, padre Carlos Donizete Mar- na água, cria uma película parecida construção do centro catequético leta em seu estabelecimento tam-
son está provando que sim. Ele é o com nata, que impede a oxigeniza- paroquial e formação dos semina- bém entre em contato por esse nú-
autor e idealizador do projeto Eco- ção dela). E, ao mesmo tempo, es- ristas. mero. Outras informações no site
-Solidariedade, que está recolhen- tará contribuindo com a assistência Para participar, basta recolher do projeto: WWW.ecosolidariedade.
do o óleo de fritura usado em resi- aos mais carentes. o óleo utilizado em garrafas pets e org.br. (DSF)
dências, bares e restaurantes, para
encaminhar a indústrias que produ- » Campanha
zem o biodísel, um combustível re- O projeto implantado tem como
novável e biodegradável. Os recur- base o lema da Campanha da Fra-
sos arrecadados serão utilizados nas ternidade deste ano, “Fraternidade
obras sociais da paróquia. e a vida no Planeta”, mas a inten-
Ou seja, ao juntar o óleo utiliza- ção é manter a ação pelos próximos
Padre Carlos: três ações do e levar nos postos de coleta (os anos.
em uma. locais são sinalizados com banners O valor arrecadado no projeto,
O trabalho social depende de ajuda
João de Noronha
São várias ações sociais que a Paróquia São Marcos construir a Creche. Em 19 de março de 1985, aconte-
desenvolve para atender aos mais necessitados. Uma ceu a primeira reunião para abertura da creche, da qual
delas é a obra Bocado do Pobre, pela qual cerca de 70 participaram os voluntários da região.
famílias recebem uma cesta básica todo mês. Ação tem Faltam recursos
parceria com o Cras (Centro de Referência da Assis- No início, a assistência das crianças era feita somen-
tência Social) . Com a parceria, junto com os alimen- te com recursos da comunidade. Com o tempo, foi feita
tos recolhidos junto à própria comunidade, é possível parceria com o FAS e posteriormente com a Secreta-
fornecer ás famílias carentes, cobertores, agasalhos, en- ria de Educação de Curitiba. Hoje, para manter as 106
caminhamento a empregos e outras formas de assistên- crianças na creche, a instituição recebe uma ajuda per-
cia. Pela proximidade, a ação acaba atendendo famílias -capita de R$ 235,00, para todos os gastos. Cada família
também do Bracatinga, Vila Nori e até de Almirante com criança atendida paga uma taxa de R$ 100 reais.
Tamandaré. Mesmo assim, os voluntários que doam seu tempo para
Alem disso, há o Clube das Mães Ana Mongolin, ajudar, têm que fazer malabarismos para poder manter Creche Vovó Alfonsa: carinho e atenção
que atende a mães carentes, principalmente idosas. Há a estrutura funcionando e as contas em dia. não faltam às crianças, faltam recursos.
também o Centro-Dia de atendimentos de Idosos das Bernardo Polak, empresário que doa parte de seu
Irmãs de Nossa Senhora de Nagasaki, o trabalho con- tempo trabalhando como presidente da Creche, diz
junto com as pastorais da Criança e dos Idosos, Cen- que são 15 funcionárias contratadas para atender às
tro de Educação Infantil Padre Thomaz e Creche Vovó crianças, e que a diretoria da creche tem dificuldades
Alfonsa. todo o ano para conseguir pagar corretamente os salá-
Algumas ações desenvolvidas pela igreja só é possí- rios e encargos trabalhistas das funcionárias.
vel devido a ajuda de voluntários e de parcerias com o Há cerca de duas décadas atuando como voluntário
poder público. O caso da Creche Vovó Alfonsa, na Rua para ajudar a manter a creche, ele defende que a Prefei-
Roberto Gava, 414, é exemplar. Tudo começou nos ini- tura deveria investir mais nas creches que já estão fun-
cío dos anos 80, quando o pároco da São Marcos era o cionando – como no caso da Vovó Alfonsa que já tem
padre Giovanne ou João, como ficou conhecido. Preo- 26 anos de serviços prestados à comunidade-, em vez
cupado com a necessidade de atender às crianças ca- de priorizar somente a criação de novas unidades. Isso
rentes da região, pensou em criar uma creche. Para isso, daria um maior ânimo a quem já está fazendo o seu tra-
usou os recursos herdados da mãe, Dona Alfonsa, para balho em prol das crianças. (DSF)
4. Curitiba, julho de 2011
»4 Do Quintal
Lei do bom senso substitui
Código Florestal em Curitiba
Douglas Fernandes
Indústrias drográficas de Curitiba? Expulsare-
mos todos os moradores que estão As áreas de
funcionam morando em fundos de vales e nos preservação
entornos de rios e recuperaremos os
em áreas de leitos? Isso é inviável. A questão não permanente
preservação é puramente ambiental, ela é sócio- protegem
-ambiental” – alerta.
as margens
permanente
» MP tem poucos dos rios e
em Curitiba técnicos ambientais encostas
A maior dificuldade da 1ª Pro-
As instalações
da AmBev motoria de Justiça de Proteção Am-
dos morros
Curitiba estão biental, de acordo com o promotor,
Ângela Ribeiro
A
às margens é a quantidade de profissionais dis-
do Barigui.
lém de avançar nas polí-
ticas de preservação do
poníveis no Ministério Público do Como é:
Paraná. “O Ministério conta com
Meio Ambiente, o desa- licenças legais e tem, inclusive, um irregularidade nas instalações e su- três a quatro técnicos para atender Margem dos rios:
fio do novo Código Flo- programa de educação ambiental geriu a necessidade de “bom senso” aos 399 municípios do estado e uma Proíbem a extração de
restal será garantir a efetiva punição no qual atua em parceria com a Se- no que se refere à aplicação do códi- autuação ambiental exige parecer vegetação- nativa ou
aos crimes ambientais. Em Curitiba, cretaria de Educação do município go quanto aos limites da mata ciliar: técnico assinado por um engenhei- não- em redor de qual-
várias indústrias funcionam em áre- de Almirante Tamandaré. “Tecnicamente as APPs podem va- ro. Segundo Peters, quando uma quer curso d’água, den-
as definidas pelo Código como áreas De acordo com o Instituto Am- riar a partir de alguns fatores como empresa é autuada, ela tem um tem- tro de uma área mínima
de preservação permanente, ou seja, biental do Paraná – IAP, essas in- o tipo de solo, de vegetação. No caso po para se readequar à lei ambiental de proteção que varia
na beira das principais bacias hidro- dústrias foram instaladas ao longo de um solo arenoso precisa de uma e o Ministério Público tenta resolver de acordo com a largura
gráficas do município, como os rios dos rios de Curitiba antes de 1989, área superior a 30 metros, num solo o problema através de uma negocia- dos rios. Naqueles com
Barigui e Belém. A preservação de quando o quando a área de preser- argiloso não precisa tanto”. Isso, por- ção, caso contrário, o caso é ajuizado menos de 10 metros de
30 metros de área na beira dos rios, vação era de cinco metros, como que, segundo Bueno, os 30 metros e vai parar no Tribunal: “Um caso largura, a área de pro-
por exemplo, já prevista no antigo definia o Código de 1965 para rios de preservação permanentes deter- pode levar de quatro a cinco anos teção é de 30 metros,
código, continua sem efetiva aplica- com menos de 10 metros de largu- minados pela lei são para evitar que para ter uma resolução e o meio e nos rios com mais de
ção graças ao entendimento legal de ra. Vinte e dois anos depois da revi- aconteça um processo de erosão na ambiente não espera” – explica. Por 600 metros de largura,
que tais empresas foram instaladas são da lei em 1989, essas indústrias área do rio. Quando questionado, isso é que o promotor defende a a área de preservação é
antes do Código de 1989 que alte- continuam instaladas nos mesmos no entanto, por que uma parte da ideia de que o Código Florestal deve de 500 metros.
rou a então área de proteção perma- locais, atuando sob licença do IAP empresa Da Ilha já está praticamen- ser tratado de forma diferenciada na
nente de cinco para 30 metros. que atua em parceria com a Secre- te dentro do rio Barigui, ele afirmou zona urbana. Como fica:
Quem caminha pela Rodovia taria Municipal do Meio Ambiente que era exatamente devido ao alar- A exemplo do IAP do procedi-
dos Minérios, por exemplo, nos li- (SMMA). Isso, graças a um entendi- gamento das margens do rio. Fina- mento do IAP, a diretora afirmou O novo código man-
mites entre Curitiba e Almirante mento legal que garante a essas em- lizou explicando que o critério tem que a política tem sido a do “bom tém os 30 metros, mas
Tamandaré, depara-se diariamen- presas o direito a permanecerem no sido a autuação e transferência de senso”, punindo ou exigindo a mu- os proprietários que
te com um dos retratos do descaso local, desde que não representem empresas que efetivamente apre- dança apenas de indústrias que re- não tiverem a área mí-
com a qual uma das principais ba- um risco ao rio. sentam uma ameaça de poluição às presentem um potencial risco de nima de preservação
cias hidrográficas de Curitiba é tra- águas. poluição dos rios. “Nós não vamos terão de recompor a
tada. Ali, uma fábrica da AmBev e a » Política do bom senso pedir que essas indústrias saiam mata ciliar em até 15
empresa Da Ilha Comércio de Álco- Segundo Reginato Bueno, chefe » Salto alto porque foram instaladas antes da metros, além de legali-
ol Ltda, funcionam às margens do regional do IAP, as empresas tive- Edson Luiz Peters, promotor de lei e porque o novo código também zar suas propriedades
rio Barigui, onde não existe nenhum ram, inclusive, seu licenciamento re- Justiça de Proteção Ambiental do está prevendo uma redução dessa em órgãos ambientais
resquício de mata ciliar preservada. novado recentemente, uma vez que Ministério Público de Curitiba, ex- área para 15 metros, dependendo de suas regiões, ou seja
As instalações das empresas são tão a auditoria realizada no local revelou plicou que Curitiba não está fora do da largura do rio”. na prefeituras de todo
próximas ao rio que parte do muro que as empresas fazem o tratamen- triste contexto ambiental que marca Uma das imposições do novo o país.
da empresa de álcool está desaban- to das afluentes e a devida limpeza as grandes cidades brasileiras, ape- Código aprovado pela Câmara Le-
do dentro das águas. da água para o descarte. Embora sar de muitas autoridades do poder gislativa e sob análise no Senado,
Procuradas para falar sobre o as- admita que tanto a distribuidora público permanecerem no que cha- no entanto, é a não flexibilização
Encostas
sunto, a empresa Da Ilha Comércio Ambev, quanto a empresa Da Ilha mou de “salto alto” e com a imagem das áreas de preservação das ma-
de álcool preferiu não se pronunciar Comércio de Álcool Ltda estejam de uma cidade ecológica que ficou tas ciliares, o que significa a manu-
e assessoria da AmBev informou instaladas em área de preservação no passado. Para ele, o rio Barigui, tenção dos 30 metros para rios até
Como é:
que está funcionando com todas as permanente, o IAP não constatou por exemplo, é mais um retrato da 10 metros de largura. E, ao contrá- Estabelece como
precariedade do sistema de sanea- rio da afirmação da assessoria do áreas de proteção os
mento básico no país. “O Barigui é IAP de que o órgão segue orien- topos de montanhas,
um rio sacrificado porque tem inú- tação técnica do Sistema Nacional morros e serras,e áreas
meras indústrias instaladas às suas do Meio Ambiente que atribui ao com altitude superior
margens, sem contar os trechos que município anuência na legislação 1.800 metros de altura.
já estão poluídos por invasões e mo- no que tange o licenciamento de Também proíbe a der-
radias em situação de risco”. indústrias, o Código Florestal, em rubada de florestas em
O promotor também defendeu o seu Artigo 1º, determina que as áreas de inclinação en-
“bom senso” como principal critério Áreas de Preservação Permanen-
tre 25 e 45 graus.
para a aplicação do Código ambien- tes devem seguir os limites previs-
tal no meio urbano. Para a autuação tos no Plano Diretor do município,
de indústrias instaladas nas beiras respeitados os limites dessa lei. Isso
Como fica:
de rios, como no caso do Barigui na quer dizer que os 30 metros de ter- Permite o cultivo
Rodovia dos Minérios, é necessária reno previstos como área de pre- de algumas culturas e
a realização de uma perícia técni- servação permanente desde 1989 o pastoreio ( pecuária)
ca no local para a constatação legal vale, inclusive, na zona urbana. Isso no topo dos morros ele-
do crime: “O que faremos, punire- torna qualquer construção à mar- vados (1.800 metros)
mos todas as indústrias que estão gem de um rio urbano um crime
instaladas às margens das bacias hi- ambiental.
5. Curitiba, julho de 2011
»5
Do Quintal
Crimes ambientais
Empresas
ameaçam
rios no Pilarzinho
DSF Moradores do Pilarzinho têm
Ângela Ribeiro procurado os órgãos ambientais
P
para denunciar o funcionamento
ara o advogado ambientalista e
de duas empresas que estariam po-
ex-secretário do Meio Ambien-
luindo um córrego da região. Essas
te do Paraná, Vitório Sorotiuk,
empresas têm sido alvo de denún-
no entanto, se existe o entendi-
cias desde 2008 junto à Prefeitu-
mento legal de que as empresas construí-
ra Municipal, à Sanepar e ao IAP.
das antes da lei de 1989 não precisam sair
Segundo informações da Regional
das margens dos rios, o que os órgãos não
Boa Vista da Secretaria do Meio
podem permitir é que continuem cons-
Ambiente, as empresas já foram
truindo nessas áreas de preservação per-
autuadas pela SMMA por funcio-
manente: “Como é que eles permitem que
narem sem licenciamento ambien-
a indústria de álcool, por exemplo, imper-
tal. Essa autuação aconteceu em
meabilize mais uma parte do terreno para a
agosto de 2010 e tanto o lava-car,
construção de uma nova dependência? Isso
quanto a oficina mecânica que
é proibido, trata-se de um crime ambiental”.
funcionam à Rua Jornalista Alípio
Sorotiuk denunciou a impermeabilização As instalações da indústria de álcool estão praticamente dentro das águas do Barigui.
Miranda, numa área de manancial,
de uma área do outro lado do rio Barigui,
próximo a uma nascente do Rio
para utilizar como estacionamento.
Barigui, continuam funcionando
Vitório Sorotiuk foi advogado da ação
sem sequer terem o alvará da Pre-
cível pública impetrada pela Associação
feitura. “Elas estão funcionando
de Defesa do Meio Ambiente de Araucá-
sem o alvará porque não têm o li-
ria- AMAR, contra o Supermercado Cole-
cenciamento específico para em-
tão. A AMAR acusava o supermercado de
presas dessa natureza que ofere-
desmatar a mata ciliar nas margens do Rio
cem riscos para o meio ambiente,
Belém, no bairro do São Lourenço, para
uma vez que lidam com produtos
construir um estacionamento, onde hoje
químicos” - informou um funcio-
funciona o Mercadorama. A Justiça deu ga-
nário da Regional do Boa Vista
nho de causa à Associação, determinando
que não quis se identificar.
que a empresa recomponha 15 metros de
Embora a Secretaria afirme que
mata ciliar, indenize o município, em valor
não contém provas de que as em-
de mercado, o metro quadrado que ocupa
presas estejam poluindo o rio que
da área permanente. A questão é que a ação
fica a menos de 30 metros de dis-
foi impetrada em 1997, ou seja, são qua-
tância, moradores da região têm
torze anos de espera para que a população
Latas de tintas e óleo poluem as águas de uma nascente do rio Barigui, no Pilarzinho. procurado o órgão para denunciar
seja ressarcida por esse crime ambiental. É
o problema. Somente no 156 da
que a área ainda está em situação de perícia
com autorização do IAP e da SMMA na » Código só passou a valer Prefeitura Municipal foram aber-
para levantamento dos valores da indeni-
Rodovia dos Minérios. A Tuiuti teria ha- em 2000 em Curitiba tos quatro protocolos de denún-
zação. Procurada para falar sobre o caso, a
bite-se da prefeitura desde 1978, quando O Código Florestal de 1989, em seu Ar- cias sem que o caso tenha uma so-
assessoria do Wall Mart, atual proprietária
o código previa uma Área de Preservação tigo 1º, determina que as Áreas de Preser- lução final. (AR)
do Mercadorama, não quis se pronunciar,
afirmando apenas que o prédio, com a área Permanente de cinco metros. “A univer- vação Permanentes devem seguir os limites
do estacionamento é alugado. sidade chegou a oferecer a transferência previstos no Plano Diretor do município,
do local para a Prefeitura, caso ela apre- respeitados os limites dessa lei. E uma das
» Curitiba sem política
de ação
sentasse algum projeto, o problema é que
não existe uma política de ação ambiental
imposições do novo Código aprovado pela
Câmara Legislativa e sob análise no Senado Assine o
Vitório Sorotiuk também é advogado, quanto às Áreas de Preservação Perma- é a não flexibilização das áreas de preserva-
dessa vez de defesa, da Universidade Tuiu- nente em Curitiba. Não existe nenhum
critério de ação para o caso dos crimes co-
ção das matas ciliares, inclusive para o meio
urbano.
Do Quintal
ti do Paraná que está respondendo a uma
metidos antes da Lei de 1989”. Erica Nielke, diretora de pesquisa e mo-
ação civil pública impetrada pelo Minis-
Sorotiuk lembra que a cidade só co- nitoramento da Secretaria Municipal do
Você que já rece-
tério Público do Paraná no ano de 2010.
A Promotoria de Proteção ao Meio Am- meçou a atentar aos crimes dessa nature- Meio Ambiente explicou que somente a beu gratuitamente o
za depois de 2000 devido ao número de partir de 2000 é que esses limites impostos
biente alega que o estacionamento da ins-
processos impetrados por crimes contra pelo Código começaram a ser obedecidos
Do Quintal em sua
tituição de ensino foi construído em uma
área de preservação permanente, ou seja, o Meio Ambiente na cidade. “O próprio no Paraná: “Até então, não havia uma políti- casa e quer garantir
prédio do Instituto Ambiental do Paraná ca de preservação de áreas permanentes em
muito próximo ao Rio Barigui. Segundo
fica em cima de uma Área de Preservação Curitiba, razão pela qual muitas indústrias
o seu recebimento
o MP-PR, o estacionamento, no campus
do bairro Mossunguê, em Curitiba, teria Permanente, além da sede da Associação estão instaladas nas margens das bacias hi- mensal, envie –e-
do Ministério Público. O município pode drográficas”. Frente ao impasse, a diretora
sido construído sem o licenciamento da
determinar uma política de ação contra também apontou o “bom senso” como o
-mail para contato@
Secretaria Municipal do Meio Ambiente
(SMMA). esses casos de infração anterior à lei, mas principal critério de ação da Prefeitura de doquintal.com.br,
isso não existe em Curitiba” – finalizou. Curitiba.
Na ação, o MP-PR pede que a Justi- fazendo sua solicita-
ça conceda uma liminar proibindo que a
universidade faça qualquer construção ção. Por apenas
no local e, ainda, e as que já foram feitas R$ 10,00, você o re-
sejam demolidas. E, segundo informa-
ções da Promotoria de Proteção ao Meio ceberá em casa por
Ambiente, a Universidade Tuiuti estaria 6 meses. Entre em
respondendo ainda a uma outra ação do
Ministério Público pela construção tam- contato conosco,
bém irregular de seus prédios no bairro do e garanta a leitura
Mossunguê. Ambos os casos ainda estão
em trâmite, em primeira instância. mensal do Do Quin-
João de Noronha
Vitório Sorotiuk afirmou que o Minis- tal, o jornal que veste
tério usa de rigor em alguns casos e em
outros não. Segundo ele, a situação da ins- a camisa do seu
tituição de ensino denunciada pelo Minis- bairro.
tério é a mesma da empresa AmBev e da A Universidade Tuiuti é uma das empresas acionadas
Cristal empresa de Álcool que funcionam pelo MP por construir em área de preservação.
6. Curitiba, julho de 2011
»6
Do Quintal
UMA RUA, UMA HISTÓRIA
Do Quintal abre processo Nosso maior jurista
para tornar Cruz do Pilarzinho Hugo Simas (foto), que nomeia
a rua que começa na confluência
patrimônio histórico de Curitiba com a Albino Silva, no Bom Retiro,
e desemboca no início das ruas Ra-
poso Tavares e Amauri Lange Silvé-
João de Noronha
rio, no Pilarzinho, é considerado o
Apesar de sua importância maior jurista paranaense. Mas foi
histórica, ela ainda não é bem mais que isso. Segundo a Fun-
dação que leva seu nome, criada em
cadastrada na Prefeitura 1993 em parceria com a UFPR, “o
Dr. Hugo Simas foi um cidadão bri-
lhante em todas as atividades que desenvolveu, como farmacêuti-
Angela Ribeiro co, advogado, promotor de justiça, deputado estadual, redator de
O
jornais, bibliotecário, procurador geral do Estado do Paraná, autor
Jornal Do Quintal deu entrada, no dia de obras jurídicas e professor”.
cinco de julho, junto à Prefeitura Muni- Hugo Gutierrez Simas nasceu em Paranaguá, em 23 de outu-
cipal de Curitiba, ao processo de registro bro de 1863. Filho de farmacêutico, seu primeiro curso superior
da Cruz do Pilarzinho como um monu- foi Farmácia, feito no Rio de Janeiro. Após ajudar o pai por 5 anos
mento histórico oficial da cidade. Com data de cons- em seu negócio, formou-se em direito no Rio de Janeiro. Advoga-
trução estimada na segunda metade do século XIX, o do brilhante na área de Direito Marítimo, voltou ao Paraná, onde
cruzeiro ainda não conta com um registro e permanece foi promotor de Antonina e posteriormente Procurador-Geral do
sob a salvaguarda exclusiva dos moradores da região. Estado e desembargador do então Superior Tribunal de Justiça.
Isso quer dizer que, apesar de sua importância como Entre outras funções, foi professor de Lógica, no Ginásio Parana-
Na última edição, o Do Quintal contou a história
referencial histórico, a Cruz não existe sequer no mapa ense, e de Portuguës e Pedagogia, na Escola Normal de Curitiba.
da “Cruz quase invisível”.
de monumentos a serem preservados pelo poder mu- Ao mesmo tempo passou a militar na imprensa diária, chegando à
nicipal e até mesmo sua limpeza acontece em caráter sa Senhora do Pilar, cuja placa marca o ano de 1782. A direção do “Diário da Tarde” e do “Correio do Paraná”.
oficioso. Fundação Cultural chama atenção para o fato de que o Foi um dos fundadores da Universidade Federal do Paraná
A questão é que a Cruz foi levantada pela população processo migratório de polacos na região teve início a (1912), onde lecionou Economia Política e depois Direito Consti-
no meio de duas ruas que se tornariam duas avenidas partir de 1800. tucional, emprestando também sua colaboração como bibliotecá-
centrais do bairro do Pilarzinho, a Raposo Tavares e Na última edição, o jornal Do Quintal contou a his- rio da nova instituição.
Hugo Simas. Com o crescimento da região, a cruz teve tória da Cruz do Pilarzinho a partir do depoimento de Deixou várias obras jurídicas que o consagraram nacionalmen-
de ser afastada e fixada numa calçada onde hoje funcio- alguns dos moradores antigos do bairro, responsáveis te entre eles, o “Compëndio de Direito Marítimo” (1938), o “Có-
na um centro comercial que, com suas fachadas, prati- pela manutenção e preservação do cruzeiro, como o se- digo Brasileiro do Ar” (1939), e os seu “Processos Acessórios”.
camente, tornou invisível o monumento. nhor Edwino José Polak, morto em maio último. Um mês antes de morrer, em dezembro de 1941, Hugo Simas fez
Segundo funcionários da Secretaria Municipal do Diante de sua invisibilidade e dos riscos de futuras entrega ao governo do seu anteprojeto do Código de Transportes,
Meio Ambiente, órgão responsável pela manutenção intervenções no monumento que, ao longo dos anos, missão que lhe fora confiada pelo ministro Francisco Campos.
de parque, pr aças e monumentos, o serviço de manu- já sofreu inúmeras alterações, o Do Quintal resolveu Mas, também enveredou por outras áreas do mundo literário, dei-
tenção vem sendo feita como uma iniciativa do órgão entrar com solicitação para que a Prefeitura oficialize xando grande quantidade de conferências e obras variadas, como
que não conta com nenhum registro que, ao menos, dê o lote onde está a Cruz do Pilarzinho, denominando o “Agricultura na escola primária” e “O Romance de Amor do Poeta”.
conta de sua existência. Mesmo depois de um levanta- monumento. Esse é o primeiro passo para o seu reco- Em 1946, foi homenageado pelos estudantes de direito da UFPR
mento histórico realizado pela Fundação Cultural de nhecimento como um patrimônio histórico. Caso a po- que deram o seu nome ao Diretório Acadëmico.
Curitiba que levantou a possibilidade da Cruz do Pilar- pulação queira acompanhar ou mesmo cobrar o anda- Em agosto de 1948, projeto de lei de autoria do vereador An-
zinho ser um monumento construído antes mesmo do mento do processo, basta ligar para a Prefeitura Muni- tenor dos Santos, autorizou o Executivo a dar o nome de Desem-
processo de colonização da região. É que ela pode ter cipal, através do número 3350-8749 e solicitar informa- bargador Hugo Simas à via até então denominada Avenida Pilar-
sido levantada no período de construção da Igreja Nos- ções sobre a petição sob o protocolo 50-000101/2011. zinho. (DSF)
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*segundo pesquisa realizada pela Associação Brasileira dos Estudantes de Educação a Distância (ABE-EAD).
7. Curitiba, julho de 2011
Do Quintal »7
Sensação
de medo e Assaltantes apavoram
impotência
Um levantamento feito pela
comerciantes do Pilarzinho
N
Secretaria de Segurança do Es- Douglas Fernandes DSF
tado revela que no período de Celso: Mais violência que
ão é preciso ler jor-
janeiro a junho de 2011, houve em Almirante Tamandaré. nal, ouvir rádio, ver
um aumento no número de as- internet ou TV para
saltos à mão armada, durante o lado dessa região, mas de todos saber que o Pilarzinho
dia, nos bairros do Pilarzinho, os bairros de Curitiba: “A PM se tornou um dos alvos preferidos
Abranches, Ahú, Vista Alegre não consegue ser onipresente dos assaltantes, nos últimos tem-
e Mercês. Segundo o delegado porque a carência de pessoal pos. Basta conversar com qualquer
Guilherme Rangel, da Delega- ainda é muito grande. Foram comerciante do bairro que ele dirá
cia de Furtos e Roubos, geral- anos sem investimento em se- que, se ele próprio não foi, sabe de
mente, esses assaltos são feitos gurança pública, somente agora pelo menos uma dúzia de casos de
por jovens entre 18 e 30 anos houve um concurso para poli- colegas que foram vítimas de assalto
de idade, com várias passagens ciais que ainda estão passando nos últimos meses.
pela polícia. Ele explicou que por capacitação para depois Esse número de casos tem ge-
não se trata de um quadro iso- irem para as ruas”. (AR) rado um clima de insegurança na
região. Foi o que a reportagem do
Do Quintal constatou ao fazer um O comércio ao redor da Cruz já virou “freguês dos assaltantantes”.
pequeno roteiro a partir de um dos
últimos casos. No último dia 20, no E a filial da Nissei chegou a ser » Violência
meio da tarde, a Lotérica JCS, no assaltada oito vezes nos últimos Também na Rua São Salvador,
mini-centro comercial da Cruz do dois anos. A atendente Francielle um dos alvos constantes é o Posto
Pilarzinho, na rua Amauri Lange, foi da Silva explica que a forma de ação, São Salvador, que registrou dois
alvo de dois homens que entraram geralmente, é igual. O assaltante se assaltos em 2 meses. Um pouco
armados dando voz de assalto. Os passa por um freguês, escolhe um mais além, na divisa com o Abran-
assaltantes tentaram quebrar o vidro produto e quando chega ao caixa, ches, A Banca, Restaurante e Lan-
Felipe e a mãe:
que separa o público das atendentes. anuncia o assalto. chonete também foi assaltada duas
Hélio, do Tissi: após a violência, medo e Como não conseguiram, assaltaram Somente no mês de julho foram vezes recentemente. O último as-
Dois assaltos recentes. sensação de impotência. os clientes que estavam na fila, e fu- assaltadas a Pizzaria do Hamilton, salto aconteceu no dia 12 de ju-
giram em uma moto. Na fuga, bate- na Hugo Simas, e o Supermercado lho, quando os assaltantes levaram
Clima de insegurança ram o veículo e um deles foi preso. Tissi, na Avenida Raposo Tavares. um aparelho de TV, um exposi-
Não se trata de um caso isola- Segundo o gerente do supermer-
tor de cigarros e um computador.
Para quem já foi vítima de tão propondo a remunerar esses do no minicentro comercial do Pi- cado, Hélio de Paula, os assaltantes
larzinho que parece ter se tornado Mas o caso mais grave conforme
um assalto, além do prejuízo seguranças na tentativa de obte- chegaram às 7h30 da noite e rende-
um chamariz para assaltantes. As conta Felipe Gonzatto, filho dos
material, o que fica é a sensa- rem maior segurança. Gonzatto ram ele e as caixas. Em seguida, te-
farmácias Morifarma e Nissei, que donos do estabelecimento, foi há
ção de medo e impotência. Fe- é um deles: “Acho que a maioria riam levado uma caixa registradora
também funcionam no local, são dois meses quando três margi-
lipe Gonzatto, do A Banca, por dos comerciantes não se impor- e cerca de R$ 300,00. Foi o segundo
exemplo, diz que depois do taria em contribuir com uma campeãs em casos de assaltos. Celso nais chegaram num final da tarde,
assalto do ano, o primeiro em janei-
ocorrido tem medo de chegar quantia mensal para a sua segu- Alves, atendente da Morifarma há ro, quando levaram cerca de R$ 2 rendendo a ele e os funcionários
à noite em casa. Também não rança”. três anos, conta que já presenciou mil. Seguindo pela Amauri Lange, já na cozinha. Um dos assaltantes fi-
consegue dormir direito, uma Celso Alves, da Morifarma, três assaltos. O último foi num do- próximo da Rua São Salvador, o co- cou vigiando, enquanto os outros
vez que permanece a sensação é outro que defende um policia- mingo de maio, quando os bandi- mércio de doces Cardoso também invadiram a casa da família, que
de que tanto ele quanto sua fa- mento alternativo. “Por que não dos o renderam no momento em já virou “freguês” dos assaltantes. A fica aos fundos do estabelecimen-
mília estão seguros. contratar policiais aposentados que a farmácia era aberta, às 7h30. proprietária, Inês Cardoso, diz que to. Na casa estava apenas sua mãe,
E essa sensação de desam- para nos dar segurança?”- per- Em seguida, teriam rendido os fun- foram dois nos últimos dois meses. que, mesmo sem qualquer reação,
paro diante dos criminosos é guntou ele, depois de comentar cionários no banheiro, levando o Nos últimos dois anos, ela já perdeu chegou a ser espancada. Na saída,
comum entre as vítimas de as- que o bairro precisaria de um que havia no caixa, além de vários a conta, mas se lembra que chegou a o trio percebeu a presença de um
salto. O grau de desespero é tão módulo policial, nos mesmos produtos. Morador de Almiran- ser assaltada três vezes seguias pelos vigia e fugiu, quando um deles foi
grande que a ideia de organizar moldes do último que foi inau- te Tamandaré, ele diz que se sente mesmos bandidos, quando fechou atropelado, morrendo antes da po-
equipes de guardiões particula- gurado na região do Bom Reti- hoje mais seguro onde mora do que o estabelecimento por alguns dias lícia chegar. Já a dona do restauran-
res, como forma de reduzir os ro, nas proximidades da Jardim onde trabalha. Sua colega Renata para não ter mais prejuízos.A cerca te, quase perdeu a visão do olho
riscos diante da impossibilidade Schaffer, uma área que já conta- Machado, que mora em Colombo, de duzentos metros dali, a floricul- esquerdo e teve o maxilar seria-
do poder público, já surgiu no ria com ampla segurança parti- também vítima de três assaltos, tem tura Ópera Garden também foi as- mente atingido, tendo que passar
bairro. Muitos comerciantes es- cular. (DSF) a mesma opinião. saltada no último mês. por várias cirurgias.
Sem registros policiais, casos
não chegam às autoridades Motivos para anunciar no
Do Quintal
O aumento no número de assaltos na região é um problema sentido
no dia-a-dia. Porém, muitas vítimas não registram queixa. Em julho do
ano passado, levantamento feito por um grupo de moradores com 93 co-
merciantes do bairro constatou que 50 haviam sido assaltados de janeiro
de 2009 a junho de 2010, vários deles mais de uma vez. Mas, 23 deles não
haviam registrado queixa.
A falta de registro dificulta a própria ação policial. Os boletins de
ocorrência, quando realizados, são registrados tanto na Delegacia de Fur- • É um jornal com conteúdo, sempre trazendo assuntos de interesse
tos e Roubos quanto na Polícia Militar, o que dificulta uma visão geral do dos moradores, tratados com seriedade e qualidade jornalística.
número de casos em determinado bairro. • São 10 mil exemplares distribuídos criteriosamente entre o comércio,
A própria Secretaria de Segurança alerta para a importância de que condomínios, áreas residenciais, instituições públicas e privadas. Ou seja, quem
as vítimas procurem a delegacia mais próxima para fazer o boletim de anuncia no Do Quintal tem a sua mensagem chegando mensalmente a 10 mil
ocorrência. A Secretaria é responsável pelo geoprocessamento que reúne residências, ou cerca de 30 mil leitores.
dados de cada região da cidade . A falta de registro é um agravante para a
falta de segurança, uma vez que os dados oficiais acabam não refletindo • Compare com os concorrentes – veja o custo-benefício de seu investimento- e
na realidade local, o que impede uma ação mais ostensiva na região. seja mais um anunciante do Do Quintal, o jornal que veste a camisa do seu bairro.
Sérgio Nascimento, do 3º Distrito, geralmente, os meliantes migram
para determinados bairros, na tentativa de fugir de regiões que contam Contatos : Tel: 3527-0501 – 9892-4606
com um policiamento mais ostensivo. (AR) E-mail: contato@comercial.com.br
8. Curitiba, jul
»8 Do Qu
O laboratório de Francis
Pelas inovações e pioneirismo em várias áreas, Chácara atraiu durante décadas visitantes
Fotos: João de Noronha
Douglas de Souza Fernandes
Casa principal
O
bairro Bom Retiro e o Jardim
Schaffer, no Vista Alegre, hoje
são uma das regiões mais valo-
foi tombada
rizadas e com melhor infra-es-
trutura de Curitiba. Há 150 anos, porém, era Após a morte de Francisco Schaffer,
uma área rural praticamente desabitada. Foi em janeiro de 1955, aos 89 anos, a
nessa época, em 1863, que chegou ao local, os propriedade foi dividida entre os
primeiros Schaffer. Anton e um de seus oito fi- seus sete filhos, dois homens e cinco
lhos, Emmanuel, vieram de Romerstadt, uma mulheres, cabendo a maior parte aos
pequena cidade da Moravia, no antigo império dois filhos, Chico e Bruno. Chico fi-
Austro-Húngaro. Chegaram aqui para iniciar cou a parte a leste da Avenida Hugo
uma nova vida, longe da crise que assolava a Simas, menor mas que incluía todas
Europa então. Aqui compraram uma Chácara, as instalações agropecuárias. E Bru-
que anos depois se tornaria exemplo de ma- no com a parte a oeste. Chico loteou
nejo agrícola e pecuário, e que em décadas se- sua propriedade em 1957. A de Bru-
guintes atrairia levas de visitantes do país e do no foi loteada em 1970.
exterior. No Jardim Schaffer, além a rua
Isso porque, dentre os descendentes de com o nome de Francisco, num dos
Anton, estava Francisco, seu neto, o primeiro bosques da propriedade foi criado,
Schaffer a nascer em Curitiba, um autodidata há 15 anos, o Bosque Alemão, em-
que quando assumiu a área, colocou em prá- bora a Família Schaffer seja de ori-
tica tudo que aprendera por conta própria so- gem austríaca. A principal casa da
bre a agricultura e pecuária. Com uma mente Chácara e a última em que Francis-
irrequieta e antenado com as inovações tecno- co morou foram preservadas. Esta,
lógicas de então, ele fez da Chácara um verda- na confluência das Ruas Santa Cecí-
deiro laboratório de zootecnia e pecuária. E lia e Hugo Simas, abriga hoje o Bar e
tudo que aprendia, ensinava a quem quisesse Restaurante Schimmel.
aprender, atendendo pacientemente todos que Já a antiga sede, no número de
o procuravam. De autodidata se tornou um Na casa grande, desapropriada e restaurada nos anos 70, funcionou 1800 da Hugo Simas, foi desapro-
professor. E com a Chácara Schaffer, deixou por 37 anos a Escola Internacional. Hoje ela pertence ao grupo Destro. priada em 1974, na gestão do pre-
um legado de informação às novas gerações. feito Jaime Lerner, que a restaurou e
a alugou para a Escola Internacional
de Curitiba, que funcionou no local
À frente de seu tempo
até outubro do ano passado. Nos
últimos nove anos, somente a edu-
cação infantil funcionava no local,
quando também foi transferida para
a nova sede da instituição na Aveni-
Francisco Schaffer sempre esteve à frente de co tempo, além de se tornar o principal produtor da Doutor Eugênio Bertolli, 3900,
seu tempo. Durante toda a sua vida, dedicou- de leite da cidade, Francisco passou a fornecer em Santa Felicidade.
-se ao estudo da tecnologia voltada à agricultu- matrizes para produtores de todo o país. Em 2009, o imóvel foi leiloado
ra e criação de animais. Entre outras coisas, foi Perfeccionista, foi um dos primeiros criadores pela Prefeitura, e arrematado pelo
um dos primeiros do país a utilizar o trator. O a registrar os animais em livro próprio para es- empresário João Destro, dono do
primeiro ele adquiriu em 1918, um ano depois tabelecer a genealogia do seu gado. A higiene e a grupo Destro Macroatacado. Atual-
de ter sido lançado nos EUA por Henry Ford. organização do plantel também eram exemplares, mente uma empresa de segurança
Construiu na Chácara o primeiro silo do Brasil como atestam depoimentos de quem o visitava. cuida da área. João ainda não anun-
para armazenagem de forragem verde para ali- » Um professor ciou o que pretende instalar no lo-
mentar o gado. Foi o introdutor da raça holande- E tudo que aprendera por conta própria, cal.
sa no país, revolucionou o comércio de leite no Francisco não tinha receio de ensinar a outros Da casa, que teve somente a parte
Paraná, sendo um dos primeiros a pasteurizar o produtores. Para aprender com ele, vinham fi- externa tombada, ainda restam parte
produto e o pioneiro na venda de leite em gar- lhos de fazendeiros, estudantes e professores de da estrutura montada por Francisco.
rafas em Curitiba, ganhou vários prêmios nacio- agronomia e zootécnica de várias universidades Como os silos, um dos exemplos de
nais de produtividade agrícola. Tudo isso usan- brasileiras. E Francisco atendida a todos, expli- suas ações inovadoras na época, e
do como laboratório a Chácara Schaffer. cando pacientemente como manejar o rebanho, que hoje ficam como um testemu-
Antes de optar pela produção leiteira, Fran- evitar e combater doenças, a alimentação ade- A Chácara foi pioneira no uso nho de sua importância na área a
cisco experimentou o plantio de videiras para a quada etc. de máquinas na lavoura. que dedicou toda sua vida. (DSF)
produção de vinho, mas desistiu por não con- Para divulgar a qualidade de seus produtos,
seguir produzir um vinho de boa qualidade. Já Francisco abriu, em 1918, na Rua XV de Novem-
em relação â produção de mel e cereais, o su- bro, a Leiteria Schaffer, que logo se tornou um
cesso pode ser medido pelas medalhas de ouro ponto tradicional da cidade. Alguns anos depois,
que ele conquistou nos concursos agrícolas que vendeu-a para a família Esser, que manteve o
participou. nome, depois alterado para Confeitaria Schaffer
Mas, o seu principal sonho era dedicar-se a e que continuaria funcionando até os anos 90.
produção leiteira. E para isso mergulhou nos Durante décadas, Francisco lutou para criar
estudos a partir de livros importados da Austria a primeira cooperativa de laticínios de Curitiba.
e Alemanha. Depois viajou à Argentina para co- Foi uma luta inglória. Ele não pöde ver o seu so-
nhecer o gado local, que considerou melhor para nho de estabelecer um padrão de qualidade para
a produção de carne do que de leite. Foi então todo o leite comercializado na cidade. Somente
à Europa, em 1912, onde conheceu a raça da re- em 1959, os produtores de leite da cidade, prin-
gião Frísia Oriental, na Alemanha, semelhante à cipalmente dos bairros Boqueirão e Xaxim, cria-
Holandesa, só que mais rústica e mais facilmente riam a Cooperativa de Laticínos Curitiba (Clac),
aclimatada a Curitiba. nos mesmos moldes daquela que Francisco
Trouxe então as primeiras matrizes. Em pou- Schaffer havia defendido quase trinta anos antes.