É possível punir um doente por causa da doença que o doente apresenta? Evidente que não. Pois foi isso que a Procuradoria de Belford Roxo fez, ou melhor, me fez. Me puniu porque em 2007 eu me apresentava doente, com irritação, tristeza, chorando fácil, com impaciência, cefaleias frequentes, insônia, falta de prazer nas atividades e em 2008 a doença continuava com depressão, humor deprimido, ansiedade, medo de ameaça, ideação suicida, hipopragmatismo, medo de agressão, euforia, delírio, sintomas psicóticos. Como uma pessoa doente com esses sintomas tem condições e pode ser penalizada por inquérito administrativo disciplinar por se manifestar alterada em seu estado mental? Pois foi exatamente isso que a Procuradoria de Belford Roxo fez. E ao construir, articular, tramitar e me punir com pena disciplinar no processo 07/611/2007 agravou ainda mais a minha doença mental com a sensação de perseguição que consolidou a incapacidade laborativa. No processo administrativo seguinte, inquérito, da Comissão Permanente de Inquérito Disciplinar da Procuradoria Municipal de Belford Roxo onde me puniram com demissão e exclusão do serviço público não deram oportunidade da minha advogada constituída em procuração assinada verdadeiramente por mim Dra Olga Noemi (da Secretaria de Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro) fazer a minha defesa, avaliar o que se passava comigo, expor fatos sobre a minha realidade da vivência do meu trabalho relacionados a transexualidade no processo. A Dra Olga inclusive já havia se pronunciado dizendo que eu era vítima de preconceito conforme o próprio Parecer da procuradora Eli Carvalho Pereira no processo 07/611/2007 (Fls 75) "discriminação em razão de sua orientação sexual e existência de homofobia". Isso o Procurador Lorival Almeida de Oliveira não queria ouvir e permitir que constasse em processos. Ele me disse na sala dele que todos os demais processos na sala dele continuariam engavetados menos o meu porque ali era eu que primeiro queria usar calsinha e depois quis fazer mudança de sexo. O procurador-geral de Belford Roxo Lorival Almeida de Oliveira mostrava orgulho, firmeza e não se envergonhava de me tratar de forma diferente, consequentemente discriminatória.