O documento discute o plano de negócios da Quest Investimentos e perspectivas para a economia brasileira. A Quest vem ajustando seus produtos ao longo dos anos para acompanhar a evolução econômica. Atualmente, a Quest está criando novos fundos focados em empresas emergentes em setores com potencial de crescimento, como parte de seu plano de negócios para os próximos anos. O documento também analisa desafios para o crescimento brasileiro, como limites ao crédito e endividamento das famílias.
2. O Plano de Negócios da Quest e a economia brasileira
A Quest tem procurado – em seus 11 anos de existencia - ajustar sua carteira de
produtos à evolução da economia brasileira;
Em 2005 nos convencemos que a melhora continuada de nossos termos de troca em
função do crescimento da China provocaria um periodo de crescimento economico
sustentado e passamos a aumentar a participação de um grupo de ações brasileiras em
nossa carteira dos fundos multimercados;
Em 2006 decidimos criar um grupo de fundos voltados somente para o mercado de
ações, trazendo uma equipe nova para serem seus gestores e analistas de empresas
listadas;
Em 2009 em função da volatilidade da captação de recursos via o sistema bancario
decidimos priorizar a gestão de investidores institucionais e criamos um canal de
relacionamento com este segmento do nosso mercado de capitais;
Hoje a participação deste segmento nos neg cios da Quest é majoritaria e parte
importante de nossos recursos humanos estão voltados para atender a necessidade de
nossos clientes institucionais;
3. O Plano de Negócios da Quest e a economia brasileira
– Hoje, olhando para os próximos anos e baseado em nosso leitura da economia
estamos novamente ajustando nosso plano de negócios e criando uma nova area
na estrtura operacional da Quest;
– Nossa visão é a de que o Brasil esta entrando em um periodo de crescimento
menos vigoroso – por questões conjunturais e estruturais – mas sem os riscos de
um descontrole maior de nosso equilibrio macro economico;
– Por outro lado, as mudanças que ocorreram na sociedade principalmente a partir
de 2005 garante o crescimento de areas novas de nosso tecido economico na
medida em que a sociedade ajusta seus habitos de consumo a esta nova realidade;
– Isto já vem acontecendo nos ultimos tres anos e os resultados dos fundos que
buscaram uma diversificação de port foglio como o Quest Small Caps são mostra
disto;
– Nossa previsão é de que este processo de busca de novos vencedores deve
continuar nos próximos anos para assegurar aos investidores uma rentabilidade
acima da media;
4. O Plano de Negócios da Quest e a economia brasileira
Para nos capacitar a responder com sucesso a estes novos desafios a Quest criou
uma nova area de Fundos de investimentos voltado para empresas em inicio de
implantação de novos negocios;
Escolhemos dois setores da economia que nos parecem
5. Rendimento Real
Estimativa do Rendimento Médio Real Nacional*
(A preços de 2012)
1100
FHC 1
1000
FHC 2
Lula 2
Lula 1
Dilma
1976/94: -0.7% aa
(média R$ 540)
Ex-1994: -2.4% aa
900
800
700
Linha pontilhada:
1993-2014: 4.2% aa
1994-2014: 3.0% aa
600
500
FHC
3.5% aa
(média R$ 746)
ex-1995: -0.6% aa
400
Lula
2.8% aa
(média R$ 801)
Dilma
2.0% aa
(R$ 952)
300
1978
1982
1986
1990
1994
1998
(*) Pessoas de 10 anos ou mais. A partir de 2010, projeções Quest Investimentos.
Fonte: Quest Investimentos a partir de números do IBGE.
2002
2006
2010
2014
6. Evolução da Renda Real per capita
Período
1979 a 1993
1993 a 2010
1994 a 2002
1993 a 2002
2003 a 2010
Fonte: IBGE e Quest Investimentos
Crescimento ao ano
-2,2%
4,7%
3,5%
6,3%
4,0%
8. O ambiente de negocios no Brasil 2014 a 2020
Uma sociedade com uma extensiva malha de regulação visando:
–
–
–
–
–
–
Proteção do consumidor
Proteção dos direitos do trabalhador
Extensa e custosa rede de proteção social
Politica ambiental sofisticada e extensiva;
Proteção de setores chamados estrategicos
Um sistema juridico legal que protege de forma intensa os direitos dos cidadãos e empresas;
9. O ambiente de negocios no Brasil 2014 a 2020
E portanto um sistema produtivo caro e complexo:
–
–
–
Custos trabalhistas elevados;
Custos ambientais elevados e com grande dose de riscos de aões legais ex post;
Sistema tributario com alta complexidade e elevados custos operacionais;
10. O ambiente de negocios no Brasil 2014 a 2020
Como decorrencia destes fatores, a busca pela proteção em relação às importações é
uma constante e a tendencia é de fechamento continuo da economia levando a :
–
–
–
–
–
Uma perda de competitividade das empresas que preferem aumentar seus preços a buscar ganhos de
eficiencia e a enfrentar as demandas sociais sobre as empresas;
A rodadas constantes de proteção;
A um processo de ganhadores e perdedores em função da capacidade de lobby de cada setor;
O melhor exemplo disto é o caso da agricultura e seu lobby politico que é a chamada bancada ruralista;
Outro setor ganhador é o de serviços dada a baixa penetração das importações;
11. O ambiente de negocios no Brasil 2014 a 2020
A grande dificuldade de se alterar este quadro dentro de um regime democratico
como o nosso pois,
–
–
–
–
–
A sociedade é sensível ao sistema de proteção em função da distribuição de renda atual;
O sistema politico pulverizado leva ao que se chama de governo de coalizão;
Este sistema de governo é muito fragil para vencer a busca da sociedade por mais proteção do que é
visto como seus direitos naturais;
Outra força que atua sobre o sistema politico e que fragiliza a governança do pais são as burocracias
publicas, seja na area politica seja na area administrativa;
Mais recentemente, com o PT no poder federal os sindicatos aumentaram sua força politica e trouxeram
mais uma força contra a busca de um sistema economico mais eficiente e capaz de competir com outros
paises;
12. A armadilha economica em que estamos
A economia brasileira vive hoje uma armadilha classica criada pelo longo periodo
de crescimento economico que vivemos entre 1993 e 2010;
–
–
A demanda interna fez com que ocupassemos os espaços ociosos que existiam na economia até 2007
e, em função do descuido com o investimento, vivemos hoje com gargalos de oferta muito
importantes;
Esta mesma dinamica ocorreu com a parte extern da economia que passou de um superavit comercial
de cerca de 45 do PIB em 2005 para um deficit de quase 4% do PIB neste ano;
13. Como sair desta armadilha?
Uma nova politica economica que reconheça a armadilha conjuntural atual
e ganhe tempo para que seja articulado:
1.
um programa de investimentos privados nas areas criticas da
2.
um conjunto de reformas que devolva ao setor produtivo condições de superar o estagio
atual de baixa produtividade;
uma redefinição dos instrumentos de defesa dos interesses de grupos que hoje exercem uma
força desproporcional sobre o funcionamento do tecido economico, como por exemplo as
licenças ambientais e certos direitos trabalhistas;
3.
infra estrutura economica;
17. Termos de Troca – Batendo no teto
140
140
Termos de Troca e Média 1992/2012
Base 2006=100 - Ajustado Sazonalmente
130
130
120
120
110
110
Média 1992-2012
100
100
90
90
2013
2012
2011
2010
2009
2008
2007
2006
2005
2004
2003
2002
2001
2000
Fonte: Funcex e Quest Investimentos.
1999
80
80
18. Pressão sobre a conta corrente
6
6
Exportações Líquidas - % do PIB
4
4
2
2
0
0
-2
-2
Mar 13
Mar 12
Mar 11
Mar 10
Mar 09
Mar 08
Mar 07
Mar 06
Mar 05
Mar 04
Mar 03
Mar 02
Mar 01
-4
Mar 00
Fonte: IBGE e Quest Investimentos.
-4
20. Investimentos (% do PIB)
20
20
Investimento - % PIB
19
19
18
18
17
17
16
16
15
15
Mar 13
Mar 12
Mar 11
Mar 10
Mar 09
Mar 08
Mar 07
Mar 06
Mar 05
Mar 04
Mar 03
Mar 02
Mar 01
Fonte: IBGE e Quest Investimentos.
Mar 00
14
14
21. Taxa de Desemprego
10
10
Taxa de Desemprego (%) - Comparação Ano a Ano
t
t-1
t-2
t-3
t-4
9
8
9
8
7
7
6
6
5
5
Dec
Nov
Oct
Sep
Aug
Jul
Jun
May
Apr
Feb
Jan
4
Mar
Fonte: IBGE e Quest Investimentos.
4
23. Comprometimento da Pessoa Física – Batendo no teto
24
Comprometimento da Renda Mensal com Serviço da Dívida
(%, a.s.)
22
24
22
Total
Ex-Crédito Imobiliário
20
20
18
18
16
16
2013
2012
2011
2010
2009
2008
2007
2006
14
2005
Fonte: BCB e Quest Investimentos
14
24. Brasil: Limites ao Crescimento
Alavancas do crescimento no período Lula estão perdendo força e reduzindo o
crescimento econômico:
1. Crédito bancário aos consumidores está chegando a seus limites saudáveis;
2. Os membros da nova classe media, criada nos últimos anos, estão atingindo limites a seu
endividamento e começando a ter dificuldades para honrar seus compromissos;
3. Maiores taxas de desemprego até 2007 criavam alguma folga no mercado de trabalho
permitindo a expansão do emprego sem e forçar os salários;
4. Pequeno déficit em Transações Correntes abria espaço para o crescimento das importações;
5. Fortalecimento do real acima da sua taxa natural de equilíbrio, associado ao aumento de custos
internos de produção, está reduzindo fortemente a competitividade de nossa indústria;
6. Existência de alguma folga na infraestrutura do país (portos, estradas e geração de energia)
chegou ao fim e está pressionado os custos internos;
25. Brasil: Limites ao Crescimento
Baixo nível de desemprego (menor que a NAIRU) e a escassez de mão-de-obra
qualificada elevam os salários acima da produtividade (Curva de Phillips);
O recente ganho real nos salários, tanto do setor público quanto do privado, é reflexo de
um mercado de trabalho apertado e do poder dos sindicatos;
Pontos de estrangulamentos na infraestrutura criando pressões de custos e perda de
eficiência na logística do país. Um dos setores mais críticos é o da geração de energia
elétrica (fontes mais caras);
Os custos de produção das empresas brasileiras, ao crescer em ritmo acima dos ganhos de
produtividade, reduzem a competitividade local e favorecem as importações (mesmo no
setor agrícola como o do etanol e do açúcar).
26. Brasil: Limites ao Crescimento
Perda de qualidade da Política Monetária devido ao novo conjunto de prioridades do
governo e à influência do Ministério da Fazenda;
Mudanças na condução do Sistema de Metas de Inflação;
Menor independência do Banco Central;
Riscos com uma nova política cambial;
Maiores gastos com seguridade social e salários dos servidores públicos ( itens de difícil
alteração por conta das restrições legais) resultam em aumento contínuo das despesas do
governo;
Nova presidente mais inclinada ideologicamente com a participação direta do governo na
economia quando comparada com seu antecessor (Presal, Petrobrás, BNDES, Telebrás).
27. Brasil: Desafios à Frente
Os salários reais em dólares, ajustados pela produtividade no Brasil e nos USA, estão
crescendo continuadamente e já superam o nível verificado em 1996 durante o Plano Real;
O governo e as empresas terão que desenvolver um eficiente programa de treinamento
profissional para suprir a escassez de mão-de-obra qualificada no mercado de trabalho;
O investimento do setor privado, por meio de privatizações ou concessões, será necessário
para atender o setor de infraestrutura (portos, estradas, aeroportos e geração de energia).
Porém, ainda existe uma forte restrição política dentro do PT e dos sindicatos;
A combinação de fatores como a elevação dos custos de produção, valorização da moeda
e aumento da participação dos componentes importados pode acarretar em uma segunda
rodada de desindustrialização;
Necessidade de uma expressiva redução dos gastos do governo se existir uma real
intenção de diminuir a carga tributária do setor privado.
28. Brasil: Limites ao Crescimento
O desafio maior nos próximos 2 anos será convergir a inflação para meta do Banco Central
evitando, dessa forma, perder os benefícios criados por 16 anos de estabilidade da política
econômica;
Entre as principais restrições para atingir tal objetivo será o mercado de trabalho apertado
(Curva de Phillips), a inflação do setor de serviços e um BC mais leniente com a inflação;
Para que este objetivo seja alcançado será preciso:
1. Aceitação pelo governo de que, sem mudanças estruturais, o limite de crescimento é hoje
inferior a 3,0% ao ano;
2. O governo deve acelerar a exploração de serviços públicos pelo setor privado;
3. Será preciso retomar o controle dos gastos públicos e ancorar novamente o superávit
primário, mesmo que em nível inferior ;
4. O governo deve adotar uma política menos agressiva de aumento real do salário mínimo
para os próximos anos;
29. Brasil: Riscos da nova política econômica
Pensamento Econômico da UNICAMP aplicado com radicalismo cria novos riscos:
1.
Manter a inflação em um dígito é um objetivo secundário;
2.
O objetivo central de política econômica é promover o crescimento, mesmo as custas
de
uma
inflação mais alta;
3.
Para atingir este objetivo é essencial proteger a indústria doméstica mesmo diante do
custo de maiores preços internos via canal do cambio desvalorizado e mantido fixo
pela ação do BC;
4.
Gasto do governo , por meio de consumo e transferências, é um instrumento
fundamental para afetar a demanda agregada em uma economia de mercado;
5.
O juro real ex ante pode ficar negativo, trazendo de volta os movimentos por ativos
reais ;
6.
Independência do Banco Central é um conceito liberal que não deve ser aplicado.
30. A economia em 2014
Hipóteses principais:
•
A China consegue manter o crescimento econômico acima de 7% ao ano;
•
A Europa consegue evitar uma ruptura mais grave e vive um longo período de baixo
crescimento econômico;
•
Os USA conseguem manter o equilíbrio atual de política monetária expansionista e
um ajuste fiscal forte, chegando a um déficit abaixo dos 3% do PIB ainda em 2014;
com isto a economia americana cresce a uma taxa media acima de 2% ao ano, com
fortalecimento do dólar e aumento da confiança na economia;
•
Governo Dilma reconhece – e aceita – o limite estrutural de crescimento para os
próximos três anos enquanto novos investimentos maturam;
•
Em função disto, reduz os estímulos ao consumo e a expansão de créditos subsidiados
a certos setores da economia, volta a ter uma política fiscal definida e procura
deslanchar as concessões de serviços públicos para aumentar os investimentos na infra
estrutura;
•
Se isto acontecer a economia brasileira pode retomar - a partir de 2015/2016 - um
crescimento mais acelerado, aproveitando-se também de um novo ciclo de crescimento
internacional;
31. A inflação em 2014
Hipóteses principais:
•
A taxa de câmbio deve subir para algo ao redor de R$ 2,50 por dólar;
•
O BC eleva a taxa SELIC em pelo menos 100 pontos adicionais;;
•
Governo Dilma reconhece – e aceita – o limite estrutural de crescimento para os
próximos três anos enquanto novos investimentos maturam;
•
Em função disto, reduz os estímulos ao consumo e a expansão de créditos subsidiados
a certos setores da economia, volta a ter uma política fiscal definida e procura
deslanchar as concessões de serviços públicos para aumentar os investimentos na infra
estrutura;
•
Se isto acontecer a inflação medida pelo IPCA deve manter-se perto dos 6,0% em 2014