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Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.4, p.86-96, Abril, 2004

Casos históricos de aplicação de geossintéticos em sistemas de
disposição de resíduos sólidos
Eleusis Bruder Di Creddo1 & Florent Mailly2
1

2

Engenheiro de aterros – SUEZ AMBIENTAL
Gerente Técnico de Destinação Final e Meio Ambiente – SUEZ AMBIENTAL

RESUMO: Neste trabalho é feita descrição de algumas obras implementadas pela SUEZ
AMBIENTAL em alguns aterros brasileiros e que se distinguem pelo uso de geossintéticos. É dada
ênfase ao uso de geotêxteis como material de reforço de pavimentos nos aterros de Salvador (BA) e
no CTR Joinville (SC), geocomposto bentonítico para impermeabilização de taludes no CTR
Joinville (SC) e geocomposto de drenagem, utilizado nos taludes das cavas do aterro para resíduos
classe II do CTR Caieiras (SP). Além desses usos , o trabalho apresenta algumas pesquisas que
estão sendo desenvolvidas pelas empresas do grupo e que visam aprimorar o conhecimento prático
do comportamento mecânico de alguns geossintéticos, otimizando assim a sua utilização nas obras
do grupo SUEZ em todo o Brasil.
1.
APRESENTAÇÃO
AMBIENTAL

DA

SUEZ

O grupo SUEZ é uma multinacional que
atua mundialmente nas áreas de energia
(Tractebel) e água/resíduos (Suez Ambiental).
No pólo “resíduos” a SUEZ Ambiental atua em
29 países, possui cerca de 50.000 empregados,
atende cerca de 66 milhões de domicílios e
350.000 clientes industriais e comerciais.
É empresa líder no setor de resíduos/água na
Europa, no Brasil, Argentina e em Hong Kong.
No Brasil, atua através da holding Suez
Ambiental- Brasil, que controla diversas
companhias, entre as quais a VEGA
AMBIENTAL
S.A.,
VEGA
BAHIA,
CATARINENSE, ESSENCIS e outras.
A política ambiental da Suez Ambiental
preconiza o respeito ao meio ambiente e o
desenvolvimento sustentável,
cumprindo
rigorosamente o que determina a legislação
ambiental e indo, muitas vezes, além desta.
Nesse sentido, a SUEZ AMBIENTAL tem
priorizado o uso de geossintéticos em suas
obras de aterramento de resíduos, tendo
acumulado
e
aprimorado
precioso
conhecimento técnico e prático à respeito
desses elementos.

2. CASOS PRÁTICOS DE UTILIZAÇÃO
DE GEOSINTÉTICOS EM OBRAS DE
DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS
Neste artigo são descritas algumas
experiências inovadoras e bem sucedidas,
implementadas em aterros sanitários e
industriais operados pelas empresas da Suez
Ambiental no Brasil, notadamente pelas
empresas VEGA BAHIA em Salvador (BA),
CATARINENSE em Joinville (SC) e a
ESSENCIS em Caieiras (SP).
2.1. Aplicação de geotêxtil como reforço de
acessos viários sobre resíduos no AMC –
Salvador (VEGA BAHIA)
O aterro Metropolitano Centro (AMC) situase em Salvador (BA) , recebendo cerca de
2800t/dia de resíduos domiciliares classe II,
provenientes dos municípios de Salvador
(2650t/dia), Lauro de Freitas (100t/dia) e
Simões Filho (50t/dia). Situa-se em área de 246
hectares, com capacidade total prevista de
18.000.000m3, sendo implantado, operado e
monitorado pela empresa VEGA BAHIA,
através de contrato de concessão por 20 anos
com a LIMPURB/ Salvador.
Constitui-se em maciço único (de
aproximadamente 1200m de comprimento e
300m de largura), delimitado por diques
87

Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.4, p.86-96, Abril, 2004

periféricos. A altura máxima do depósito é de
55m , sendo que a base do aterro encontra-se ,
em média, a 10m abaixo da cota do topo do
dique periférico.
O descarregamento das carretas e dos
caminhões compactadores é feita através de
cais, situados em cota superior à área de
trabalho, sendo os resíduos compactados em
camadas horizontais através de rolo
compactador especialmente projetado para esse
fim.
Tal sistemática de operação exige que as
carretas, com cerca de 60t, e os caminhões
compactadores tenham adequadas condições de
trafegabilidade desde a cota da base do aterro
até o cais de descarregamento (hoje situado
num desnível de cerca de 30m em relação à
cota da base do aterro), obrigando, inclusive ,
que tais veículos vençam rampas de inclinação
média de 5%, sob quaisquer condições
climáticas.
Logo no início da operação do aterro, o
pavimento dessas rampas e vias de acesso ao
cais de descarregamento era executado
inteiramente com material granular, colocado
diretamente sobre a fina camada de cobertura
argilosa temporária (20 cm) do lixo depositado.
Tal sistemática de execução mostrou-se
antieconômica, uma vez que exigia grande
consumo de material rochoso, pois o tráfego de
veículos pesados forçava a penetração do
material granular nos resíduos, exigindo
constante manutenção das pistas com
colocação quase que diária de volume adicional
de pedra para manutenção das cotas previstas.
Além disso, as pistas
apresentavam a
formação de trilhas que provocavam desgaste
dos pneus, aumento do consumo de
combustível e restringiam a dirigibilidade dos
veículos.
Visando diminuir os custos de implantação e
manutenção desses acessos e rampas, optou-se
pela implantação de pavimento reforçado com
geotêxtil tecido, com resistência à tração de
35kN/m. Tal geotêxtil foi usado visando um
uso combinado de suas características
(separação, filtração e reforço).
A Figura 1 detalha a configuração típica do
pavimento implantado nas vias de acesso e
rampas em aclive do aterro sanitário.

Figura 1: Configuração típica do pavimento da
pista de serviço implantado.
2.1.1. Metodologia de execução das pistas em
aclive
Preliminarmente foi feita uma inspeção no
sub-leito (camada argilosa utilizada para
cobertura temporária dos resíduos), sendo feita
a substituição de solo nos locais de ocorrência
de solos saturados e não consolidados. A seguir
foi realizado espalhamento de camada de
material granular de pequena espessura (5cm),
devidamente compactada. Sobre tal camada
granular foi espalhada camada de areia de
15cm de espessura, que serviu de base para
assentamento do geotêxtil tecido (Figura 2).
Foi feita a adequada sobreposição das mantas,
sendo feita a costura manual entre elas. Sobre o
geotêxtil foi espalhada camada de 15cm de
espessura de solo brita, devidamente
compactada (Figura 3).

Figura 2: Vista da camada de suporte do
geotêxtil tecido (areia sobre camada granular
fina).
Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.4, p.86-96, Abril, 2004

Figura 3: Vista da camada final de rolamento,
em solo brita.
2.1.2. Metodologia de execução das pistas em
declive
Considerou-se que a camada superior de
rolamento nas pistas em declive não exigiria a
implantação de camada de rolamento
constituída por solo brita, uma vez que as
carretas e caminhões estariam descarregados.
Assim sendo, nos trechos em declive, foi
executada pista de serviço com a mesma
concepção já detalhada anteriormente, sendo
que , sobre o geotêxtil de reforço, a camada de
solo brita foi substituída por camada de 15cm
de espessura de “arenoso”, devidamente
compactada.
2.1.3. Resultados obtidos
Após a execução dos acessos, verificou-se
que a introdução do geotêxtil promoveu
significativas melhorias no pavimento , a saber:
• significativa redução na quantidade de
material granular necessária para
manutenção do pavimento nas cotas
ideais e nas condições adequadas de
trafegabilidade;
• menores recalques no conjunto como um
todo;
• adequada separação das camadas do
pavimento com relação aos resíduos,
evitando a contaminação do pavimento e
penetração do material granular nos
resíduos.
A Figura 4 evidencia as operações de
descarregamento de carreta de resíduos e as
boas condições de tráfego obtidas , mesmo sob
condições climáticas inclementes.

88

Foto 4: Vista da praça de descarregamento sob
chuva.
2.1.4. Dimensionamento
Apenas visando aquilatar o ganho
econômico auferido, promoveu-se a um prédimensionamento expedito do pavimento
reforçado através do método do Giroud/
Noiray. Tal método considera a introdução de
um geossintético que se deforma sob a
aplicação da carga da roda, sendo submetido a
esforços de tração e minorando a formação de
trilhas.
O pré-dimensionamento foi feito utilizandose os seguintes dados :
• Peso por eixo - 118kN (carretas de 60t
de peso total);
• Pressão dos pneus - 960kPa;
• Vão entre rodas - 1,90m;
• N= 102 passagens de eixo;
• Profundidade
máxima
da
trilha
admissível - 5cm;
• CBR do sub-leito = 1 (admitido
conservadoramente);
• Geotêxtil de reforço de 35 kN/m de
resistência à tração;
• Peso especifico do material usado no
aterro - 20 kN/m3
Utilizando-se os dados de entrada listados,
foi possível determinar, numa primeira
aproximação, que a redução na espessura do
aterro propiciada pela introdução do geotêxtil
foi de 22cm.
89

Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.4, p.86-96, Abril, 2004

2.2. Aplicação de geotêxtil como reforço de
pavimento em estradas de acesso definitivas
no CTR- Joinville (Catarinense)
O
CTR
–
Joinville
destina-se,
fundamentalmente, ao pré-tratamento de
resíduos Classe I e à disposição de resíduos
industriais de Classe I, II e III. O aterro
industrial para resíduos Classe I caracteriza-se
como uma célula única, com volume total
disponibilizado de 450.000m3 Já o aterro para
resíduos industriais Classe II foi projetado com
volume útil de 4.000.000m3 e o aterro Classe
III com 1.600.000 m3.

A seguir foi realizada a compactação do subleito (90% do Proctor Normal) e feita a
colocação do geotêxtil tecido (Figura 5). Foi
feita a adequada sobreposição das mantas,
sendo feita a costura manual entre elas. Sobre o
geotêxtil foi espalhada camada de 30cm de
espessura de seixo rolado, devidamente
compactada (Figura 6) e, sobre esta última,
executada a camada de rolamento em asfalto.

2.2.1. Estradas e platôs definitivos
O
descarregamento
dos
caminhões
compactadores é feito utilizando-se cais de
descarregamento, situados em cota superior à
área de trabalho, sendo os resíduos
compactados em camadas horizontais. Tal
sistemática de operação, de modo similar ao
AMC (Salvador), exige que os caminhões
compactadores tenham adequadas condições de
trafegabilidade. Logo no início da operação do
aterro, o pavimento dessas vias e dos platôs de
acesso ao cais de descarregamento era
executado inteiramente com material granular
(seixo rolado), colocado diretamente sobre o
sub-leito (solo local), numa espessura média de
60 cm. Tal sistemática de execução mostrou-se
antieconômica, uma vez que exigia grande
consumo de pedras, pois o tráfego de veículos
forçava a penetração do material granular no
sub-leito, exigindo constante manutenção das
pistas com colocação quase que diária de
volume adicional de material granular para a
manutenção das cotas previstas.
Visando diminuir os custos de implantação e
manutenção desses acessos, optou-se pela
implantação de pavimento reforçado com
geotêxtil tecido, com resistência à tração de
22kN/m.
2.2.2. Metodologia de execução das pistas e
platôs definitivos
Preliminarmente foi feita uma inspeção no
sub-leito da pista a ser construída, sendo feita a
substituição de solo nos locais de ocorrência de
solos saturados e não consolidados.

Figura 5: Vista das obras de compactação do
sub-leito e colocação do geotêxtil tecido.

Figura 6: Vista da colocação da camada de
seixo rolado sobre o geotêxtil tecido.
2.2.3. Resultados obtidos
Após a execução dos acessos, verificou-se
que a introdução do geotêxtil promoveu
significativas melhorias no pavimento, a saber:
• significativa redução na espessura de
seixo rolado (50%);
• sensível diminuição no custo total do
pavimento (cerca de 40%);
• agilidade na execução;
Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.4, p.86-96, Abril, 2004
•
•
•

menores recalques no conjunto como um
todo;
maior durabilidade;
adequada separação das camadas.

2.3. Aplicação de Geocomposto bentonítico
em taludes no CTR- Joinville (Catarinense)
O
projeto
original
preconizava
a
impermeabilização dos taludes dos depósitos
através da colocação de geomembranas
sintéticas sobre camada de liner mineral
argiloso com 1m de espessura. Na fase de
projeto verificou-se a existência de jazida
argilosa no interior da área, com espessura
média de 2m, subjacente à camada de solo
orgânico. Em análises de permeabilidade em
laboratório verificou-se que o solo local exibia
K = 5,49 x10-7cm/s em amostra moldada na
umidade ótima (Proctor Normal). Tendo em
vista tais características e considerando
também que a jazida não possuía volume
suficiente para a execução das barreiras
minerais de todo o empreendimento, procurouse viabilizar a utilização de outro material
impermeabilizante, notadamente nos taludes
naturais das células escavadas, numa área total
de 5.000 m2.
Após análise das opções possíveis , optou-se
pela utilização de geocomposto bentonítico
(GCL).
2.3.1.
Caracterização
bentonítico utilizado

do

geocomposto

Foi utilizado geocomposto bentonítico (GCL)
importado (espessura total de 1cm), formado
por camada de bentonita sódica (5 Kg/m2)
posicionada entre dois geotêxteis solidarizados
mecanicamente por costura, aplicada a cada
5cm no sentido longitudinal. Tal GCL exibiu
condutividade hidráulica de 5x10-11m/s para a
tensão confinante de 30kPa em ensaios de
laboratório.
2.3.2. Vantagens e desvantagens da utilização
do geocomposto bentonítico
As principais vantagens da utilização do
geocomposto bentonítico, determinantes na sua
escolha foram:

90

a) Disponibilidade de mantas de GCL de
acordo com a medida dos taludes
No caso, o fabricante do geocomposto
disponibilizou mantas de acordo com medidas
devidamente especificadas em projeto,
eliminando a necessidade de cortes na obra e
reduzindo perdas.
b) Baixos custos de instalação
Os custos da instalação do Geocomposto
bentonítico foram relativamente baixos uma
vez que a manta foi entregue de acordo com as
medidas especificadas, e foi ancorada na
mesma vala de ancoragem utilizada para a
geomembrana. Além disso, as ações de
soldagem das diversas mantas foi realizada de
modo simples e rápido, por sobreposição e com
aplicação de pó de bentonita.
c) Agilidade na instalação
A adoção do GCL permitiu agilização na
cronograma da obra um vez que a execução de
um liner mineral de 1m de largura nos taludes
(como projetado originalmente), exigiria a
execução de aterro compactado ao longo do
talude , com largura de 3 metros (visando
possibilitar o tráfego dos equipamentos de
terraplenagem) e o posterior corte mecânico
desse aterro numa largura de 2m. Deve-se
considerar que tal operação, além de custosa,
seria extremamente difícil, tendo em vista as
intensas precipitações pluviométricas na região.
d) Melhor suporte para a geomembrana
Além de sua propriedade impermeabilizante,
a colocação do GCL resultou em uma base
bastante regular e lisa para a geomembrana,
inclusive
protegendo-a
de
materiais
pontiagudos que poderiam vir a perfurá-la.
Durante a instalação do GCL, foram
detectadas algumas dificuldades operacionais, a
saber :
a) Peso
Mesmo utilizando-se equipamento mecânico
especialmente adaptado para facilitar o
91

Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.4, p.86-96, Abril, 2004

desenrolamento e colocação da manta
(extremamente pesada), verificou-se, em
muitas ocasiões, que era difícil evitar que ela se
desenrolasse por completo ao longo do talude.
b) Geração de particulados
Uma vez que a instalação só foi executada em
dias secos e que o GCL dispõe de grande
quantidade de material particulado (bentonita)
entre os geotêxteis, verificou-se grande geração
de pó na atmosfera durante a colocação das
mantas. Por tal motivo, foi necessário suprir os
instaladores
com
todos
os
EPI’s
necessários(máscaras para particulado, luvas e
uniformes com mangas compridas).

Foto 7: Vista da colocação do GCL nos
taludes.

c) Cuidados contra expansão prematura da
bentonita
A opção do uso do GCL exigiu que fossem
tomadas medidas de precaução, visando
impedir que a manta fosse molhada sem o
devido confinamento. Desta forma, o uso do
GCL obrigou que a instalação das mantas fosse
realizada somente em dias quentes e sob solos
não úmidos. Além disso., imediatamente após a
instalação, foi realizada a proteção das mantas
através da colocação da geomembrana e de
proteção de pneus sobre esse geossintético.
2.3.3. Metodologia de execução
Os rolos de GCL foram fornecidos na
largura de 5,1m e desenrolados ao longo dos
taludes. A ancoragem foi feita na crista dos
taludes,
em
trincheiras
especialmente
projetadas (Figura 7).
A sobreposição e selagem das juntas das
mantas foi realizada numa faixa longitudinal de
25 cm de largura, usando-se bentonita em pó
como agente selador.
A Figura 8 apresenta detalha da soldagem de
painéis de geocomposto bentonítico através de
pó de bentonita.

Foto 8 - Soldagem de painéis de geocomposto
bentonítico
2.4. Aplicação de geocomposto drenante no
CTR Caieiras (Essencis )
O
CTR
–
Caieiras
destina-se,
fundamentalmente, ao pré-tratamento de
resíduos Classe I e à disposição de resíduos
Classe I e II (industriais e domiciliares).
Localiza-se em área de 300 hectares,
caracterizando-se pela existência de aterro
industrial Classe I com capacidade de
207.000m3 e de aterro classe II concebido
visando a co-disposição de resíduos domésticos
e resíduos industriais e lodos de estações de
tratamento de esgoto doméstico, com
capacidade de 21.589.915m3. O aterro codisposto foi projetado para ser executado em
seis fases, sendo que se encontra implantada a
Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.4, p.86-96, Abril, 2004
Fase 1, com capacidade total de 1.000.000m3,
com uma área total de cerca de 250.000m2,
tendo a conformação de um anfiteatro natural
com cota de fundo de vale.
2.4.1. O sistema de coleta de percolado no
aterro co-disposto – Fase I
O sistema de coleta e remoção de percolado
do aterro co-disposto, na sua Fase I, foi
dimensionado para coletar e conduzir o líquido
percolado, que atravessa a massa de resíduos,
para a bacia de armazenamento de percolado e
manter uma lâmina máxima de 30cm de líquido
percolado
sobre
o
sistema
de
impermeabilização inferior.
A Figura 9 detalha a concepção dos sistemas
de impermeabilização e de drenagem de
percolado na fase I do aterro .

92

A camada drenante de base foi executada em
toda a extensão do eixo do aterro, sendo
constituído de uma camada superior de areia
grossa como elemento filtrante , sobreposta a
camada de brita 1, lavada, de 0,30m de
espessura com largura variável, envolvido por
geotêxtil não tecido (335g/m2).
Esta última camada foi, por sua vez,
sobreposta a camada inferior de brita 3, lavada,
envolvida por geotêxtil não tecido (335g/m2).
No interior da camada de brita 3, visando a
coleta do percolado, foi instalada tubulação de
PEAD 160mm. O percolado foi encaminhado
por gravidade para uma caixa de inspeção e
retro-lavagem, sendo direcionado para o tanque
de percolado.
2.4.2. Concepção
drenagem

do

geocomposto

de

Figura 9: Concepção do sistema de
impermeabilização inferior e drenagem de
percolado da Fase I

O geocomposto de drenagem é constituído
por um geoespaçador ligado termicamente, nos
seus dois lados ,a geotêxteis não tecidos. Tal
ligação térmica foi concebida de modo a não
comprometer os geotêxteis e o geoespaçador. O
geoespaçador é o elemento responsável pelo
escoamento dos fluidos. Já o geotêxtil atua
como elemento filtrante e separador, mantendo
os resíduos e o solo longe do elemento
drenante, evitando assim que o geocomposto
perca eficiência nas funções para que foi
projetado.
A Figura 10 detalha o início da colocação do
geocomposto drenante na cava da Fase I do
aterro Classe II.

Sobre a geomembrana de PEAD foi
instalado geocomposto, material geossintético
composto por geogrelha entre dois geotêxteis,
para drenagem do percolado do aterro. O
geocomposto tem a função de encaminhar o
percolado coletado nos taludes para a camada
drenante de fundo, bem como também atuar
como proteção física da geomembrana.
O aterro selecionado, executado sobre o
geocomposto nos taludes, tem a função de
proteger o geocomposto de drenagem, bem
como auxiliar na captação do percolado,
encaminhando-o para a camada drenante de
base. A camada de aterro selecionado
executada foi 0,30m, com solo de
permeabilidade maior ou igual à 1x 10 -3cm/s.

Figura 10: Início da instalação do geocomposto
drenante.
93

Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.4, p.86-96, Abril, 2004

As Figuras 11 e 12 evidenciam o
geocomposto utilizado nos taludes da cava da
fase I do aterro Classe II.

Figura 11: Geocomposto de drenagem utilizado
no aterro.

Tais costuras foram feitas a cada 0,60m, ao
longo da linha de maior inclinação dos taludes.
Já nas trincheiras de ancoragem, a amarração
foi feita a cada 15cm.
Em cantos e áreas difíceis, onde a
sobreposição entre tiras de geocompostos
perpendiculares foi exigida, foi colocada
camada extra de geocomposto ao longo do
declive, em cima da geogrelha previamente
instalada, de cima para baixo. A costura das
camadas inferiores de geotêxtil foi feita através
de sobreposição numa faixa de 15cm. Já a
costura das camadas superiores de geotêxtil foi
feita através de solidarização térmica.
Eventuais rasgos na geogrelha foram reparados
colocando-se um remendo com extensão de
60cm além dos limites extremos do buraco ou
rasgo.
O remendo foi preso ao geocomposto a cada
15cm, com fios, sendo colocada camada
adicional de geotêxtil sobre o geotêxtil do
geocomposto que necessitou de reparos.
Considerou-se que tal procedimento poderia
ser usado até rasgos cuja extensão fosse menor
que 50% da largura do rolo. Para rasgos
maiores, definiu-se que a área danificada
deveria ser cortada e as duas partes do
geocomposto unidas através de costura.
3. PESQUISAS COM GEOSINTÉTICOS
EM DESENVOLVIMENTO

Figura 12: Geocomposto de drenagem
instalado sobre a geomembrana
2.4.3. Metodologia de execução
Não foram permitidas costuras horizontais
nos taludes. Permitiu-se, a priori, a costura
horizontal dos elementos nos trechos
horizontais das bermas. Cada componente
(geotêxtil e geoespaçador) foi devidamente
atado ou costurado a um componente similar
do painel adjacente.
A costura do geoespaçador foi feita com
sobreposição de 15cm, sendo que, nessa faixa,
os geotêxteis foram separados para facilitar a
operação de costura. A costura foi feita com
fios plásticos de cor branca ou amarela para
facilitar a inspeção, não sendo permitida a
costura com materiais metálicos.

Além das experiências bem sucedidas
relatadas no capítulo anterior, a Suez
Ambiental
vêm
executando
pesquisas
relacionadas
com
geossintéticos.
Tais
pesquisas estão se desenvolvendo nos vários
aterros operados por empresas do grupo e
visam fornecer subsídios para otimizações de
projeto e diminuições de custos de implantação
de obras. As principais linhas de pesquisa, ora
em desenvolvimento ou em estágio inicial de
implementação, estão relacionadas a seguir.
3.1. Estabilidade mecânica de diversos
sistemas de cobertura de depósitos de
resíduos no Aterro Metropolitano Centro–
Salvador (BA) – VEGA Bahia.
Espera-se que, num breve espaço de tempo, a
cobertura final em áreas já encerradas do AMC
Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.4, p.86-96, Abril, 2004
deva ser implantada. Em vista desse fato,
imaginou-se um procedimentos simples e
expedito, com o intuito de avaliar o
comportamento mecânico de diversos arranjos
possíveis de geossintéticos na cobertura final.
Serão avaliadas 6 (seis) estruturas de cobertura
(arranjos 1 a 6), sendo que a estrutura básica
desses arranjos está detalhada na Figura 13,
apresentada a seguir.

94

Nota: (1) com geotêxtil em uma só face; (2) com
geotêxtil em uma só face (3); com geotêxteis nas duas
faces.

No caso dos arranjos 5 e 6, o uso de
gravilhão (areia com grãos maiores que o da
areia grossa) como elemento drenante exigirá a
introdução de geotêxteis sob (GTX1 de
600g/m2) e sobre (GTX 2 de 150g/m2) tal
camada de gravilhão.
A Figura 14 detalha a forma geral de
montagem dos seis arranjos de testes.

Figura 14: Forma geral da montagem dos seis
arranjos.
Figura 13: Forma básica das estruturas a serem
ensaiadas.
A diferenciação entre os seis arranjos se dará
pela variação do tipo de geomembrana a ser
testada (PVC ou PE) na CAMADA 3 e pelo
tipo de drenagem a ser implantado sobre a
camada impermeabilizante geossintética (areia
ou diversos tipos de geocomposto de
drenagem) na CAMADA 4.
O Quadro 1 apresenta a composição dos seis
arranjos a serem testados, explicitando os
materiais a serem usados nas Camadas 3 e 4.
Quadro 1: Arranjos de cobertura a serem
testados.
Arranjo No.

Camada 3

Camada 4

1

PE 1mm text

GCD tipo 1(1)

2

PE 1mm text

GCD tipo 2(2)

3

PVC 1mm

GCD tipo 1(1)

4

PVC 1mm

GCD tipo 2(2)

5

PE 1mm text

Gravilhão(3)

6

PVC 1mm

Gravilhão(3)

Concebeu-se a montagem de seis arranjos
em talude do aterro (a serem construídos
conforme especificação da Tabela 1),
colocados espaçados entre si de 0,5m. Cada
arranjo deverá ter 4m de largura e terá trecho
de ancoragem de 4m no platô superior do
aterro e/ou berma.
Os arranjos deverão desenvolver-se por toda
a extensão do talude e devem terminar a 1 m do
pé do talude. Uma vez concluídas as obras de
implantação dos seis arranjos e estando os
mesmos topograficamente amarrados através
de estaqueamento de referência, deve-se dar
início ao período de observação e
monitoramento das arranjos construídos.
Este monitoramento diário deverá ser
executado, no mínimo, por quatro semanas
após a conclusão das obras de implantação dos
arranjos, de acordo com as quatro etapas a
seguir detalhadas.
Numa primeira etapa, deve-se observar os
seis arranjos por uma semana, após a conclusão
das obras de implantação.
A segunda etapa de monitoramento deverá se
iniciar com a retirada (na faixa de 30m onde
foram construídos os seis arranjos) de solo do
pé do talude da CAMADA 5, numa espessura
95

Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.4, p.86-96, Abril, 2004

de 1m. Após tal retirada deve-se observar o
comportamento dos seis arranjos por uma
semana.
A terceira etapa de monitoramento deverá se
iniciar com a execução de corte em trincheira
na crista do talude (nesta faixa de 30m onde
foram construídos os seis arranjos), até se
atingir a CAMADA 4 (geocompostos de
drenagem), que deverão ser, então, secionados
no interior da trincheira. Após tal corte dos
geocompostos
deve-se
observar
o
comportamento dos seis arranjos por uma
semana.
A quarta etapa de monitoramento deverá se
iniciar com o corte da CAMADA 3 –
geomembrana, na mesma trincheira executada
na crista do talude (nesta faixa de 30m onde
foram construídos os seis arranjos). Após tal
corte das geomembranas deve-se observar o
comportamento dos seis arranjos por uma
semana.

Figura 15: Esquema de execução do ensaio de
puncionamento em geomembranas.

3.2. Ensaios de puncionamento em geotêxteis
no CTR Joinville- Catarinense
Um dos perigos a que pode estar submetida a
geomembrana instalada da base de um aterro é
seu puncionamento pelo material granular
colocado sobre ela (camada drenante de base).
Visando evitar tal puncionamento, costuma-se
criar uma interface de proteção entre o material
granular e a geomembrana, geralmente
constituída por um geotêxtil não tecido.
Visando avaliar o puncionamento de
geomembranas de PEAD nessas situações,
desenvolveu-se simulação dessas condições em
laboratório, através de ensaio de compressão
axial num conjunto de elementos montados em
câmara cilíndrica de aço de diâmetro interno
25,5cm, altura de 25cm e com paredes de
espessura de 10mm, conforme Figura 15.
Basicamente foram ensaiados três tipos de
geomembrana, a saber: lisa de 2mm de
espessura, lisa de 2,5mm e texturizada com
2mm de espessura. A Figura 16 detalha a
execução dos ensaios.
Após a aplicação da carga, os conjuntos
ensaiados foram desmontados, sendo possível
avaliar que não houve nenhum dano às
geomembranas , nas condições de ensaio. A
Figura 17 apresenta os elementos após
desmontagem de conjunto ensaiado.

Figura 16: Execução do ensaio de
puncionamento.

Figura 17: Aspecto da geomembrana após o
ensaio de puncionamento.
3.3. Deterioração de Geotêxteis sob ação de
raios ultravioleta no CTR Joinville–
Catarinense
Um lote de geotêxteis de proteção da
geomembrana foi entregue sem a adequada
Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.4, p.86-96, Abril, 2004
proteção contra raios ultravioleta. Tal área de
geotêxteis foi instalada em fevereiro de 2002,
ao lado de área onde haviam sido instalados
geotêxteis com proteção UV.
Já em janeiro de 2003, era visível a
deterioração dos geossintéticos que não
dispunham de proteção UV (Figura 18), ao
passo que os geotêxteis com proteção UV não
se deterioraram.

Figura 18: Dano no geotêxtil após 1 ano de
instalação.
A empresa está estudando a possibilidade da
compra de geotêxteis de proteção dotados de
película filme protetora na sua face exposta.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem aos engos. Carlos
Alberto Júnior (Vega), Fabiano Zago
(Essencis-Catarinense), Aluísio Peres (Essencis
- Caieiras) e João Fortuna (Vega Bahia) por
todas as informações e subsídios fornecidos.
BIBLIOGRAFIA
1. AMBITERRA – Projeto executivo do aterro
co-disposto Classe II - Fase I Caieiras

96

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Art8 n4

  • 1. Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.4, p.86-96, Abril, 2004 Casos históricos de aplicação de geossintéticos em sistemas de disposição de resíduos sólidos Eleusis Bruder Di Creddo1 & Florent Mailly2 1 2 Engenheiro de aterros – SUEZ AMBIENTAL Gerente Técnico de Destinação Final e Meio Ambiente – SUEZ AMBIENTAL RESUMO: Neste trabalho é feita descrição de algumas obras implementadas pela SUEZ AMBIENTAL em alguns aterros brasileiros e que se distinguem pelo uso de geossintéticos. É dada ênfase ao uso de geotêxteis como material de reforço de pavimentos nos aterros de Salvador (BA) e no CTR Joinville (SC), geocomposto bentonítico para impermeabilização de taludes no CTR Joinville (SC) e geocomposto de drenagem, utilizado nos taludes das cavas do aterro para resíduos classe II do CTR Caieiras (SP). Além desses usos , o trabalho apresenta algumas pesquisas que estão sendo desenvolvidas pelas empresas do grupo e que visam aprimorar o conhecimento prático do comportamento mecânico de alguns geossintéticos, otimizando assim a sua utilização nas obras do grupo SUEZ em todo o Brasil. 1. APRESENTAÇÃO AMBIENTAL DA SUEZ O grupo SUEZ é uma multinacional que atua mundialmente nas áreas de energia (Tractebel) e água/resíduos (Suez Ambiental). No pólo “resíduos” a SUEZ Ambiental atua em 29 países, possui cerca de 50.000 empregados, atende cerca de 66 milhões de domicílios e 350.000 clientes industriais e comerciais. É empresa líder no setor de resíduos/água na Europa, no Brasil, Argentina e em Hong Kong. No Brasil, atua através da holding Suez Ambiental- Brasil, que controla diversas companhias, entre as quais a VEGA AMBIENTAL S.A., VEGA BAHIA, CATARINENSE, ESSENCIS e outras. A política ambiental da Suez Ambiental preconiza o respeito ao meio ambiente e o desenvolvimento sustentável, cumprindo rigorosamente o que determina a legislação ambiental e indo, muitas vezes, além desta. Nesse sentido, a SUEZ AMBIENTAL tem priorizado o uso de geossintéticos em suas obras de aterramento de resíduos, tendo acumulado e aprimorado precioso conhecimento técnico e prático à respeito desses elementos. 2. CASOS PRÁTICOS DE UTILIZAÇÃO DE GEOSINTÉTICOS EM OBRAS DE DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS Neste artigo são descritas algumas experiências inovadoras e bem sucedidas, implementadas em aterros sanitários e industriais operados pelas empresas da Suez Ambiental no Brasil, notadamente pelas empresas VEGA BAHIA em Salvador (BA), CATARINENSE em Joinville (SC) e a ESSENCIS em Caieiras (SP). 2.1. Aplicação de geotêxtil como reforço de acessos viários sobre resíduos no AMC – Salvador (VEGA BAHIA) O aterro Metropolitano Centro (AMC) situase em Salvador (BA) , recebendo cerca de 2800t/dia de resíduos domiciliares classe II, provenientes dos municípios de Salvador (2650t/dia), Lauro de Freitas (100t/dia) e Simões Filho (50t/dia). Situa-se em área de 246 hectares, com capacidade total prevista de 18.000.000m3, sendo implantado, operado e monitorado pela empresa VEGA BAHIA, através de contrato de concessão por 20 anos com a LIMPURB/ Salvador. Constitui-se em maciço único (de aproximadamente 1200m de comprimento e 300m de largura), delimitado por diques
  • 2. 87 Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.4, p.86-96, Abril, 2004 periféricos. A altura máxima do depósito é de 55m , sendo que a base do aterro encontra-se , em média, a 10m abaixo da cota do topo do dique periférico. O descarregamento das carretas e dos caminhões compactadores é feita através de cais, situados em cota superior à área de trabalho, sendo os resíduos compactados em camadas horizontais através de rolo compactador especialmente projetado para esse fim. Tal sistemática de operação exige que as carretas, com cerca de 60t, e os caminhões compactadores tenham adequadas condições de trafegabilidade desde a cota da base do aterro até o cais de descarregamento (hoje situado num desnível de cerca de 30m em relação à cota da base do aterro), obrigando, inclusive , que tais veículos vençam rampas de inclinação média de 5%, sob quaisquer condições climáticas. Logo no início da operação do aterro, o pavimento dessas rampas e vias de acesso ao cais de descarregamento era executado inteiramente com material granular, colocado diretamente sobre a fina camada de cobertura argilosa temporária (20 cm) do lixo depositado. Tal sistemática de execução mostrou-se antieconômica, uma vez que exigia grande consumo de material rochoso, pois o tráfego de veículos pesados forçava a penetração do material granular nos resíduos, exigindo constante manutenção das pistas com colocação quase que diária de volume adicional de pedra para manutenção das cotas previstas. Além disso, as pistas apresentavam a formação de trilhas que provocavam desgaste dos pneus, aumento do consumo de combustível e restringiam a dirigibilidade dos veículos. Visando diminuir os custos de implantação e manutenção desses acessos e rampas, optou-se pela implantação de pavimento reforçado com geotêxtil tecido, com resistência à tração de 35kN/m. Tal geotêxtil foi usado visando um uso combinado de suas características (separação, filtração e reforço). A Figura 1 detalha a configuração típica do pavimento implantado nas vias de acesso e rampas em aclive do aterro sanitário. Figura 1: Configuração típica do pavimento da pista de serviço implantado. 2.1.1. Metodologia de execução das pistas em aclive Preliminarmente foi feita uma inspeção no sub-leito (camada argilosa utilizada para cobertura temporária dos resíduos), sendo feita a substituição de solo nos locais de ocorrência de solos saturados e não consolidados. A seguir foi realizado espalhamento de camada de material granular de pequena espessura (5cm), devidamente compactada. Sobre tal camada granular foi espalhada camada de areia de 15cm de espessura, que serviu de base para assentamento do geotêxtil tecido (Figura 2). Foi feita a adequada sobreposição das mantas, sendo feita a costura manual entre elas. Sobre o geotêxtil foi espalhada camada de 15cm de espessura de solo brita, devidamente compactada (Figura 3). Figura 2: Vista da camada de suporte do geotêxtil tecido (areia sobre camada granular fina).
  • 3. Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.4, p.86-96, Abril, 2004 Figura 3: Vista da camada final de rolamento, em solo brita. 2.1.2. Metodologia de execução das pistas em declive Considerou-se que a camada superior de rolamento nas pistas em declive não exigiria a implantação de camada de rolamento constituída por solo brita, uma vez que as carretas e caminhões estariam descarregados. Assim sendo, nos trechos em declive, foi executada pista de serviço com a mesma concepção já detalhada anteriormente, sendo que , sobre o geotêxtil de reforço, a camada de solo brita foi substituída por camada de 15cm de espessura de “arenoso”, devidamente compactada. 2.1.3. Resultados obtidos Após a execução dos acessos, verificou-se que a introdução do geotêxtil promoveu significativas melhorias no pavimento , a saber: • significativa redução na quantidade de material granular necessária para manutenção do pavimento nas cotas ideais e nas condições adequadas de trafegabilidade; • menores recalques no conjunto como um todo; • adequada separação das camadas do pavimento com relação aos resíduos, evitando a contaminação do pavimento e penetração do material granular nos resíduos. A Figura 4 evidencia as operações de descarregamento de carreta de resíduos e as boas condições de tráfego obtidas , mesmo sob condições climáticas inclementes. 88 Foto 4: Vista da praça de descarregamento sob chuva. 2.1.4. Dimensionamento Apenas visando aquilatar o ganho econômico auferido, promoveu-se a um prédimensionamento expedito do pavimento reforçado através do método do Giroud/ Noiray. Tal método considera a introdução de um geossintético que se deforma sob a aplicação da carga da roda, sendo submetido a esforços de tração e minorando a formação de trilhas. O pré-dimensionamento foi feito utilizandose os seguintes dados : • Peso por eixo - 118kN (carretas de 60t de peso total); • Pressão dos pneus - 960kPa; • Vão entre rodas - 1,90m; • N= 102 passagens de eixo; • Profundidade máxima da trilha admissível - 5cm; • CBR do sub-leito = 1 (admitido conservadoramente); • Geotêxtil de reforço de 35 kN/m de resistência à tração; • Peso especifico do material usado no aterro - 20 kN/m3 Utilizando-se os dados de entrada listados, foi possível determinar, numa primeira aproximação, que a redução na espessura do aterro propiciada pela introdução do geotêxtil foi de 22cm.
  • 4. 89 Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.4, p.86-96, Abril, 2004 2.2. Aplicação de geotêxtil como reforço de pavimento em estradas de acesso definitivas no CTR- Joinville (Catarinense) O CTR – Joinville destina-se, fundamentalmente, ao pré-tratamento de resíduos Classe I e à disposição de resíduos industriais de Classe I, II e III. O aterro industrial para resíduos Classe I caracteriza-se como uma célula única, com volume total disponibilizado de 450.000m3 Já o aterro para resíduos industriais Classe II foi projetado com volume útil de 4.000.000m3 e o aterro Classe III com 1.600.000 m3. A seguir foi realizada a compactação do subleito (90% do Proctor Normal) e feita a colocação do geotêxtil tecido (Figura 5). Foi feita a adequada sobreposição das mantas, sendo feita a costura manual entre elas. Sobre o geotêxtil foi espalhada camada de 30cm de espessura de seixo rolado, devidamente compactada (Figura 6) e, sobre esta última, executada a camada de rolamento em asfalto. 2.2.1. Estradas e platôs definitivos O descarregamento dos caminhões compactadores é feito utilizando-se cais de descarregamento, situados em cota superior à área de trabalho, sendo os resíduos compactados em camadas horizontais. Tal sistemática de operação, de modo similar ao AMC (Salvador), exige que os caminhões compactadores tenham adequadas condições de trafegabilidade. Logo no início da operação do aterro, o pavimento dessas vias e dos platôs de acesso ao cais de descarregamento era executado inteiramente com material granular (seixo rolado), colocado diretamente sobre o sub-leito (solo local), numa espessura média de 60 cm. Tal sistemática de execução mostrou-se antieconômica, uma vez que exigia grande consumo de pedras, pois o tráfego de veículos forçava a penetração do material granular no sub-leito, exigindo constante manutenção das pistas com colocação quase que diária de volume adicional de material granular para a manutenção das cotas previstas. Visando diminuir os custos de implantação e manutenção desses acessos, optou-se pela implantação de pavimento reforçado com geotêxtil tecido, com resistência à tração de 22kN/m. 2.2.2. Metodologia de execução das pistas e platôs definitivos Preliminarmente foi feita uma inspeção no sub-leito da pista a ser construída, sendo feita a substituição de solo nos locais de ocorrência de solos saturados e não consolidados. Figura 5: Vista das obras de compactação do sub-leito e colocação do geotêxtil tecido. Figura 6: Vista da colocação da camada de seixo rolado sobre o geotêxtil tecido. 2.2.3. Resultados obtidos Após a execução dos acessos, verificou-se que a introdução do geotêxtil promoveu significativas melhorias no pavimento, a saber: • significativa redução na espessura de seixo rolado (50%); • sensível diminuição no custo total do pavimento (cerca de 40%); • agilidade na execução;
  • 5. Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.4, p.86-96, Abril, 2004 • • • menores recalques no conjunto como um todo; maior durabilidade; adequada separação das camadas. 2.3. Aplicação de Geocomposto bentonítico em taludes no CTR- Joinville (Catarinense) O projeto original preconizava a impermeabilização dos taludes dos depósitos através da colocação de geomembranas sintéticas sobre camada de liner mineral argiloso com 1m de espessura. Na fase de projeto verificou-se a existência de jazida argilosa no interior da área, com espessura média de 2m, subjacente à camada de solo orgânico. Em análises de permeabilidade em laboratório verificou-se que o solo local exibia K = 5,49 x10-7cm/s em amostra moldada na umidade ótima (Proctor Normal). Tendo em vista tais características e considerando também que a jazida não possuía volume suficiente para a execução das barreiras minerais de todo o empreendimento, procurouse viabilizar a utilização de outro material impermeabilizante, notadamente nos taludes naturais das células escavadas, numa área total de 5.000 m2. Após análise das opções possíveis , optou-se pela utilização de geocomposto bentonítico (GCL). 2.3.1. Caracterização bentonítico utilizado do geocomposto Foi utilizado geocomposto bentonítico (GCL) importado (espessura total de 1cm), formado por camada de bentonita sódica (5 Kg/m2) posicionada entre dois geotêxteis solidarizados mecanicamente por costura, aplicada a cada 5cm no sentido longitudinal. Tal GCL exibiu condutividade hidráulica de 5x10-11m/s para a tensão confinante de 30kPa em ensaios de laboratório. 2.3.2. Vantagens e desvantagens da utilização do geocomposto bentonítico As principais vantagens da utilização do geocomposto bentonítico, determinantes na sua escolha foram: 90 a) Disponibilidade de mantas de GCL de acordo com a medida dos taludes No caso, o fabricante do geocomposto disponibilizou mantas de acordo com medidas devidamente especificadas em projeto, eliminando a necessidade de cortes na obra e reduzindo perdas. b) Baixos custos de instalação Os custos da instalação do Geocomposto bentonítico foram relativamente baixos uma vez que a manta foi entregue de acordo com as medidas especificadas, e foi ancorada na mesma vala de ancoragem utilizada para a geomembrana. Além disso, as ações de soldagem das diversas mantas foi realizada de modo simples e rápido, por sobreposição e com aplicação de pó de bentonita. c) Agilidade na instalação A adoção do GCL permitiu agilização na cronograma da obra um vez que a execução de um liner mineral de 1m de largura nos taludes (como projetado originalmente), exigiria a execução de aterro compactado ao longo do talude , com largura de 3 metros (visando possibilitar o tráfego dos equipamentos de terraplenagem) e o posterior corte mecânico desse aterro numa largura de 2m. Deve-se considerar que tal operação, além de custosa, seria extremamente difícil, tendo em vista as intensas precipitações pluviométricas na região. d) Melhor suporte para a geomembrana Além de sua propriedade impermeabilizante, a colocação do GCL resultou em uma base bastante regular e lisa para a geomembrana, inclusive protegendo-a de materiais pontiagudos que poderiam vir a perfurá-la. Durante a instalação do GCL, foram detectadas algumas dificuldades operacionais, a saber : a) Peso Mesmo utilizando-se equipamento mecânico especialmente adaptado para facilitar o
  • 6. 91 Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.4, p.86-96, Abril, 2004 desenrolamento e colocação da manta (extremamente pesada), verificou-se, em muitas ocasiões, que era difícil evitar que ela se desenrolasse por completo ao longo do talude. b) Geração de particulados Uma vez que a instalação só foi executada em dias secos e que o GCL dispõe de grande quantidade de material particulado (bentonita) entre os geotêxteis, verificou-se grande geração de pó na atmosfera durante a colocação das mantas. Por tal motivo, foi necessário suprir os instaladores com todos os EPI’s necessários(máscaras para particulado, luvas e uniformes com mangas compridas). Foto 7: Vista da colocação do GCL nos taludes. c) Cuidados contra expansão prematura da bentonita A opção do uso do GCL exigiu que fossem tomadas medidas de precaução, visando impedir que a manta fosse molhada sem o devido confinamento. Desta forma, o uso do GCL obrigou que a instalação das mantas fosse realizada somente em dias quentes e sob solos não úmidos. Além disso., imediatamente após a instalação, foi realizada a proteção das mantas através da colocação da geomembrana e de proteção de pneus sobre esse geossintético. 2.3.3. Metodologia de execução Os rolos de GCL foram fornecidos na largura de 5,1m e desenrolados ao longo dos taludes. A ancoragem foi feita na crista dos taludes, em trincheiras especialmente projetadas (Figura 7). A sobreposição e selagem das juntas das mantas foi realizada numa faixa longitudinal de 25 cm de largura, usando-se bentonita em pó como agente selador. A Figura 8 apresenta detalha da soldagem de painéis de geocomposto bentonítico através de pó de bentonita. Foto 8 - Soldagem de painéis de geocomposto bentonítico 2.4. Aplicação de geocomposto drenante no CTR Caieiras (Essencis ) O CTR – Caieiras destina-se, fundamentalmente, ao pré-tratamento de resíduos Classe I e à disposição de resíduos Classe I e II (industriais e domiciliares). Localiza-se em área de 300 hectares, caracterizando-se pela existência de aterro industrial Classe I com capacidade de 207.000m3 e de aterro classe II concebido visando a co-disposição de resíduos domésticos e resíduos industriais e lodos de estações de tratamento de esgoto doméstico, com capacidade de 21.589.915m3. O aterro codisposto foi projetado para ser executado em seis fases, sendo que se encontra implantada a
  • 7. Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.4, p.86-96, Abril, 2004 Fase 1, com capacidade total de 1.000.000m3, com uma área total de cerca de 250.000m2, tendo a conformação de um anfiteatro natural com cota de fundo de vale. 2.4.1. O sistema de coleta de percolado no aterro co-disposto – Fase I O sistema de coleta e remoção de percolado do aterro co-disposto, na sua Fase I, foi dimensionado para coletar e conduzir o líquido percolado, que atravessa a massa de resíduos, para a bacia de armazenamento de percolado e manter uma lâmina máxima de 30cm de líquido percolado sobre o sistema de impermeabilização inferior. A Figura 9 detalha a concepção dos sistemas de impermeabilização e de drenagem de percolado na fase I do aterro . 92 A camada drenante de base foi executada em toda a extensão do eixo do aterro, sendo constituído de uma camada superior de areia grossa como elemento filtrante , sobreposta a camada de brita 1, lavada, de 0,30m de espessura com largura variável, envolvido por geotêxtil não tecido (335g/m2). Esta última camada foi, por sua vez, sobreposta a camada inferior de brita 3, lavada, envolvida por geotêxtil não tecido (335g/m2). No interior da camada de brita 3, visando a coleta do percolado, foi instalada tubulação de PEAD 160mm. O percolado foi encaminhado por gravidade para uma caixa de inspeção e retro-lavagem, sendo direcionado para o tanque de percolado. 2.4.2. Concepção drenagem do geocomposto de Figura 9: Concepção do sistema de impermeabilização inferior e drenagem de percolado da Fase I O geocomposto de drenagem é constituído por um geoespaçador ligado termicamente, nos seus dois lados ,a geotêxteis não tecidos. Tal ligação térmica foi concebida de modo a não comprometer os geotêxteis e o geoespaçador. O geoespaçador é o elemento responsável pelo escoamento dos fluidos. Já o geotêxtil atua como elemento filtrante e separador, mantendo os resíduos e o solo longe do elemento drenante, evitando assim que o geocomposto perca eficiência nas funções para que foi projetado. A Figura 10 detalha o início da colocação do geocomposto drenante na cava da Fase I do aterro Classe II. Sobre a geomembrana de PEAD foi instalado geocomposto, material geossintético composto por geogrelha entre dois geotêxteis, para drenagem do percolado do aterro. O geocomposto tem a função de encaminhar o percolado coletado nos taludes para a camada drenante de fundo, bem como também atuar como proteção física da geomembrana. O aterro selecionado, executado sobre o geocomposto nos taludes, tem a função de proteger o geocomposto de drenagem, bem como auxiliar na captação do percolado, encaminhando-o para a camada drenante de base. A camada de aterro selecionado executada foi 0,30m, com solo de permeabilidade maior ou igual à 1x 10 -3cm/s. Figura 10: Início da instalação do geocomposto drenante.
  • 8. 93 Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.4, p.86-96, Abril, 2004 As Figuras 11 e 12 evidenciam o geocomposto utilizado nos taludes da cava da fase I do aterro Classe II. Figura 11: Geocomposto de drenagem utilizado no aterro. Tais costuras foram feitas a cada 0,60m, ao longo da linha de maior inclinação dos taludes. Já nas trincheiras de ancoragem, a amarração foi feita a cada 15cm. Em cantos e áreas difíceis, onde a sobreposição entre tiras de geocompostos perpendiculares foi exigida, foi colocada camada extra de geocomposto ao longo do declive, em cima da geogrelha previamente instalada, de cima para baixo. A costura das camadas inferiores de geotêxtil foi feita através de sobreposição numa faixa de 15cm. Já a costura das camadas superiores de geotêxtil foi feita através de solidarização térmica. Eventuais rasgos na geogrelha foram reparados colocando-se um remendo com extensão de 60cm além dos limites extremos do buraco ou rasgo. O remendo foi preso ao geocomposto a cada 15cm, com fios, sendo colocada camada adicional de geotêxtil sobre o geotêxtil do geocomposto que necessitou de reparos. Considerou-se que tal procedimento poderia ser usado até rasgos cuja extensão fosse menor que 50% da largura do rolo. Para rasgos maiores, definiu-se que a área danificada deveria ser cortada e as duas partes do geocomposto unidas através de costura. 3. PESQUISAS COM GEOSINTÉTICOS EM DESENVOLVIMENTO Figura 12: Geocomposto de drenagem instalado sobre a geomembrana 2.4.3. Metodologia de execução Não foram permitidas costuras horizontais nos taludes. Permitiu-se, a priori, a costura horizontal dos elementos nos trechos horizontais das bermas. Cada componente (geotêxtil e geoespaçador) foi devidamente atado ou costurado a um componente similar do painel adjacente. A costura do geoespaçador foi feita com sobreposição de 15cm, sendo que, nessa faixa, os geotêxteis foram separados para facilitar a operação de costura. A costura foi feita com fios plásticos de cor branca ou amarela para facilitar a inspeção, não sendo permitida a costura com materiais metálicos. Além das experiências bem sucedidas relatadas no capítulo anterior, a Suez Ambiental vêm executando pesquisas relacionadas com geossintéticos. Tais pesquisas estão se desenvolvendo nos vários aterros operados por empresas do grupo e visam fornecer subsídios para otimizações de projeto e diminuições de custos de implantação de obras. As principais linhas de pesquisa, ora em desenvolvimento ou em estágio inicial de implementação, estão relacionadas a seguir. 3.1. Estabilidade mecânica de diversos sistemas de cobertura de depósitos de resíduos no Aterro Metropolitano Centro– Salvador (BA) – VEGA Bahia. Espera-se que, num breve espaço de tempo, a cobertura final em áreas já encerradas do AMC
  • 9. Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.4, p.86-96, Abril, 2004 deva ser implantada. Em vista desse fato, imaginou-se um procedimentos simples e expedito, com o intuito de avaliar o comportamento mecânico de diversos arranjos possíveis de geossintéticos na cobertura final. Serão avaliadas 6 (seis) estruturas de cobertura (arranjos 1 a 6), sendo que a estrutura básica desses arranjos está detalhada na Figura 13, apresentada a seguir. 94 Nota: (1) com geotêxtil em uma só face; (2) com geotêxtil em uma só face (3); com geotêxteis nas duas faces. No caso dos arranjos 5 e 6, o uso de gravilhão (areia com grãos maiores que o da areia grossa) como elemento drenante exigirá a introdução de geotêxteis sob (GTX1 de 600g/m2) e sobre (GTX 2 de 150g/m2) tal camada de gravilhão. A Figura 14 detalha a forma geral de montagem dos seis arranjos de testes. Figura 14: Forma geral da montagem dos seis arranjos. Figura 13: Forma básica das estruturas a serem ensaiadas. A diferenciação entre os seis arranjos se dará pela variação do tipo de geomembrana a ser testada (PVC ou PE) na CAMADA 3 e pelo tipo de drenagem a ser implantado sobre a camada impermeabilizante geossintética (areia ou diversos tipos de geocomposto de drenagem) na CAMADA 4. O Quadro 1 apresenta a composição dos seis arranjos a serem testados, explicitando os materiais a serem usados nas Camadas 3 e 4. Quadro 1: Arranjos de cobertura a serem testados. Arranjo No. Camada 3 Camada 4 1 PE 1mm text GCD tipo 1(1) 2 PE 1mm text GCD tipo 2(2) 3 PVC 1mm GCD tipo 1(1) 4 PVC 1mm GCD tipo 2(2) 5 PE 1mm text Gravilhão(3) 6 PVC 1mm Gravilhão(3) Concebeu-se a montagem de seis arranjos em talude do aterro (a serem construídos conforme especificação da Tabela 1), colocados espaçados entre si de 0,5m. Cada arranjo deverá ter 4m de largura e terá trecho de ancoragem de 4m no platô superior do aterro e/ou berma. Os arranjos deverão desenvolver-se por toda a extensão do talude e devem terminar a 1 m do pé do talude. Uma vez concluídas as obras de implantação dos seis arranjos e estando os mesmos topograficamente amarrados através de estaqueamento de referência, deve-se dar início ao período de observação e monitoramento das arranjos construídos. Este monitoramento diário deverá ser executado, no mínimo, por quatro semanas após a conclusão das obras de implantação dos arranjos, de acordo com as quatro etapas a seguir detalhadas. Numa primeira etapa, deve-se observar os seis arranjos por uma semana, após a conclusão das obras de implantação. A segunda etapa de monitoramento deverá se iniciar com a retirada (na faixa de 30m onde foram construídos os seis arranjos) de solo do pé do talude da CAMADA 5, numa espessura
  • 10. 95 Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.4, p.86-96, Abril, 2004 de 1m. Após tal retirada deve-se observar o comportamento dos seis arranjos por uma semana. A terceira etapa de monitoramento deverá se iniciar com a execução de corte em trincheira na crista do talude (nesta faixa de 30m onde foram construídos os seis arranjos), até se atingir a CAMADA 4 (geocompostos de drenagem), que deverão ser, então, secionados no interior da trincheira. Após tal corte dos geocompostos deve-se observar o comportamento dos seis arranjos por uma semana. A quarta etapa de monitoramento deverá se iniciar com o corte da CAMADA 3 – geomembrana, na mesma trincheira executada na crista do talude (nesta faixa de 30m onde foram construídos os seis arranjos). Após tal corte das geomembranas deve-se observar o comportamento dos seis arranjos por uma semana. Figura 15: Esquema de execução do ensaio de puncionamento em geomembranas. 3.2. Ensaios de puncionamento em geotêxteis no CTR Joinville- Catarinense Um dos perigos a que pode estar submetida a geomembrana instalada da base de um aterro é seu puncionamento pelo material granular colocado sobre ela (camada drenante de base). Visando evitar tal puncionamento, costuma-se criar uma interface de proteção entre o material granular e a geomembrana, geralmente constituída por um geotêxtil não tecido. Visando avaliar o puncionamento de geomembranas de PEAD nessas situações, desenvolveu-se simulação dessas condições em laboratório, através de ensaio de compressão axial num conjunto de elementos montados em câmara cilíndrica de aço de diâmetro interno 25,5cm, altura de 25cm e com paredes de espessura de 10mm, conforme Figura 15. Basicamente foram ensaiados três tipos de geomembrana, a saber: lisa de 2mm de espessura, lisa de 2,5mm e texturizada com 2mm de espessura. A Figura 16 detalha a execução dos ensaios. Após a aplicação da carga, os conjuntos ensaiados foram desmontados, sendo possível avaliar que não houve nenhum dano às geomembranas , nas condições de ensaio. A Figura 17 apresenta os elementos após desmontagem de conjunto ensaiado. Figura 16: Execução do ensaio de puncionamento. Figura 17: Aspecto da geomembrana após o ensaio de puncionamento. 3.3. Deterioração de Geotêxteis sob ação de raios ultravioleta no CTR Joinville– Catarinense Um lote de geotêxteis de proteção da geomembrana foi entregue sem a adequada
  • 11. Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.4, p.86-96, Abril, 2004 proteção contra raios ultravioleta. Tal área de geotêxteis foi instalada em fevereiro de 2002, ao lado de área onde haviam sido instalados geotêxteis com proteção UV. Já em janeiro de 2003, era visível a deterioração dos geossintéticos que não dispunham de proteção UV (Figura 18), ao passo que os geotêxteis com proteção UV não se deterioraram. Figura 18: Dano no geotêxtil após 1 ano de instalação. A empresa está estudando a possibilidade da compra de geotêxteis de proteção dotados de película filme protetora na sua face exposta. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem aos engos. Carlos Alberto Júnior (Vega), Fabiano Zago (Essencis-Catarinense), Aluísio Peres (Essencis - Caieiras) e João Fortuna (Vega Bahia) por todas as informações e subsídios fornecidos. BIBLIOGRAFIA 1. AMBITERRA – Projeto executivo do aterro co-disposto Classe II - Fase I Caieiras 96