1. O documento apresenta os resultados da avaliação externa da Iniciativa Novas Oportunidades realizada entre 2009-2010.
2. Os principais resultados incluem elevada satisfação dos participantes com a qualidade do serviço, melhoria das suas competências-chave e impactos positivos na vida pessoal e profissional.
3. No entanto, também foram identificadas algumas áreas de melhoria, como a dificuldade em captar alguns segmentos demográficos.
2. Ficha técnica
Título
Iniciativa Novas Oportunidades: Resultados da Avaliação Externa (2009-2010)
Editor
Agência Nacional para a Qualificação, I.P.
(1.ª Edição, Novembro 2010)
Coordenação
Roberto Carneiro
Autoria
Ana Cláudia Valente
Carlos Liz
Henrique Lopes
Jorge Cerol
Maria Amélia Mendonça / Maria Ana Carneiro
Rodrigo Queiroz e Melo
Instituição responsável pela realização dos Estudos de Avaliação
Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa (CEPCEP) da Universidade Católica Portuguesa
Design Gráfico e Paginação
Luís Santos, ANQ, I.P.
Revisão
ANQ, I.P.
ISBN
978-972-8743-69-7
Agência Nacional para a Qualificação, I.P.
Av. 24 de Julho, 138 1399-026 Lisboa Tel. 213 943 700 www.anq.gov.pt
Ficha técnica
3. Índice
Índice 5
Nota de apresentação 7
Sumário executivo 9
1. Nota de enquadramento 13
2. A emergência de uma marca (pública) 17
2.1. Objectivos e metodologia 17
2.2. Resultados 18
3. Comprovada qualidade de serviço e satisfação 21
3.1. Objectivos e metodologia 21
3.2. Resultados 22
3.2.1. Elevada satisfação e pontos fortes 22
3.2.2. Áreas de melhoria 28
4. A nova oferta desbloqueou a procura potencial de qualificações 39
4.1. As questões da avaliação no âmbito dos estudos de caso de Centros Novas Oportunidades 39
4.2. Resultados 41
5. Impactos da Iniciativa sobre as pessoas inscritas 47
5.1. Objectivos e metodologia 47
5.2. Resultados 48
5.2.1. Quem são as pessoas inscritas na Iniciativa? 49
5.2.2. Os impactos verificados a nível pessoal, social e profissional 51
5.2.3. Detecção de tendências 58
6. A melhoria das competências-chave e o desafio de uma maior ligação ao mundo do trabalho 61
6.1. Referências metodológicas 61
6.2. Resultados e novos desafios 62
7. Auto-avaliação dos Centros Novas Oportunidades 73
7.1. Objectivos e metodologia 73
7.2. Filosofia subjacente e resultados 74
8. Conclusões e recomendações 79
Siglas utilizadas 85
Anexos 87
Índice
4. Nota de apresentação
O presente relatório procede à apresentação dos principais resultados, conclusões e recomendações
referentes à Avaliação Externa do Eixo Adultos da Iniciativa Novas Oportunidades (INO), com base nos
trabalhos de campo que tiveram lugar após a apresentação pública dos primeiros resultados, efectuada em
Julho de 2009, no âmbito de um seminário realizado para o efeito.
Recorda-se que se encontram disponíveis no sítio electrónico na internet, em http://www.anq.gov.pt (Ava-
liação Externa da Iniciativa Novas Oportunidades) a totalidade dos documentos produzidos no âmbito do
primeiro ano da avaliação externa e o registo integral dos vídeos com as intervenções realizadas no mencio-
nado seminário.
No Anexo 1 deste relatório dá-se conta dos membros da equipa de investigação da Universidade Católica
Portuguesa (CEPCEP), a quem foi cometida a responsabilidade pela Avaliação Externa da Iniciativa Novas
Oportunidades – Eixo Adultos e, no Anexo 2, apresenta-se a composição do painel de peritos externos,
internacionais e nacionais, que acompanham, de modo independente e com reputada experiência, este
exercício de avaliação.
Constituindo a Iniciativa Novas Oportunidades uma resposta ao repto de qualificação dos portugueses,
a que urge responder de modo determinado e com forte mobilização social, por um lado,
e sendo alocados à execução da mesma significativos recursos públicos, por outro, o exercício de avaliação
externa procura simultaneamente:
• expor evidências e fundamentos que permitam uma decisão política tempestiva e adequada e uma lide-
rança inspirativa e galvanizadora de parceiros sociais;
• produzir recomendações que proporcionem a melhoria contínua da qualidade e eficiência dos processos
e a consecução de uma mudança efectiva e sustentável.
À semelhança do ano anterior, constitui desejo da equipa de avaliação que a publicação do presente relatório
proporcione mais uma oportunidade útil de reflexão e debate informados, na senda da viabilização de um
futuro de maior coesão e qualidade para as novas gerações de portugueses.
Nota de apresentação
5. Sumário executivo
A Iniciativa Novas Oportunidades surgiu como res- A circunstância de todo o trabalho de avaliação ser
posta à necessidade de Portugal vencer o ciclo cientificamente acompanhado e criticado por um pai-
longo de atraso nacional face aos outros países nel de reputados peritos (Anexo 2), internacionais e
desenvolvidos, investindo conjugadamente na me- nacionais, garante o rigor analítico-metodológico e a
lhoria contínua das condições de escolarização das qualidade interpretativa do conjunto do exercício de
crianças e jovens, por um lado, e na reversão da investigação.
atávica desqualificação da população adulta (que se
viu privada do direito a uma adequada educação- Por outro lado, a transformação do conhecimento em
formação inicial na idade própria). práticas de acção, quer na sequência de recomen-
dações, quer pelo aprofundamento da análise em
Uma política pública da envergadura desta Iniciativa, conferências e seminários (entre outros), traduzem
com o alcance político que lhe foi conferido, mobili- uma filosofia geral de investigação-acção que pode,
zando avultados recursos, teria naturalmente de ser e tem, permitido a melhoria continuada da eficiência
submetida ao escrutínio de uma avaliação externa e eficácia desta política pública.
e independente, de natureza marcadamente acadé-
mica. Recorda-se que os primeiros resultados da Avalia-
ção Externa, levada a cabo em 2008-2009, foram
A abordagem utilizada pela Universidade Católica apresentados publicamente e debatidos com espe-
Portuguesa na Avaliação Externa efectuada sobre cialistas num seminário realizado no dia 10 de Julho
o Eixo Adultos valorizou, por um lado, a recolha de de 2009. Encontra-se disponível no sítio electrónico
dados confiáveis sobre a qualidade e os impactos na internet, em http://www.anq.gov.pt (Avaliação Ex-
da Iniciativa Novas Oportunidades (eixo de ava- terna da Iniciativa Novas Oportunidades) a totalidade
liação sistémica) e, por outro, a capacitação do dos documentos produzidos no âmbito do primeiro
sistema para a sua auto-regulação futura, através ano da Avaliação Externa e o registo integral dos ví-
de instrumentos de monitorização permanente (eixo deos do mencionado seminário.
monitorização e auto-avaliação).
Procede-se, agora, de acordo com os princípios da
No primeiro eixo, o de avaliação sistémica, podemos transparência e da prestação de contas, e bem as-
distinguir várias questões relacionadas com as polí- sim no quadro das metodologias de investigação
ticas públicas concretizadas no programa, com os constantes do Anexo 3, à divulgação resumida dos
mecanismos de implementação e sustentabilidade resultados do segundo ano de Avaliação Externa
(coerência, pertinência e relevância), com a análise (2009-2010).
do funcionamento do sistema de actores (organiza-
ção e desempenho), com a avaliação dos resultados 1.º Percepções: A emergência de uma marca
e impactos. No segundo eixo, foram desenvolvidas
duas frentes: uma primeira de adequação do SIGO A Iniciativa Novas Oportunidades é percebida, por
às necessidades da avaliação; e uma segunda de públicos-alvo e seus agentes, já como uma marca
implantação gradual de um modelo de auto-avalia- pública (de serviço) com valores claros, a saber:
ção que permita sustentar a melhoria sistemática
dos procedimentos. No Anexo 1 dá-se conta dos • acessibilidade (adaptada aos tempos/ritmos
membros da equipa de investigação a quem foi co- próprios, aberta a flexibilidade/mobilidade);
metida a responsabilidade pela Avaliação Externa
da Iniciativa Novas Oportunidades – Eixo Adultos. • inclusão (valorização de cada indivíduo e da
sua história de vida);
Sumário executivo
6. • horizontes (acesso a cenários no futuro, possi- 4.º A nova oferta desbloqueou a procura poten-
bilidade de sonho e de mudança). cial das qualificações
2.º Comprovada qualidade de serviço e satisfa- • há preferência pelo Sistema de Reconhecimen-
ção (inscritos e ex-inscritos) to, Validação e Certificação de Competências
porque tem menos custos de oportunidade para
A avaliação efectuada pelos adultos que estão ou já os indivíduos (menores sacrifícios porque tem
estiveram inscritos na Iniciativa é globalmente posi- maior capacidade de adaptação às condições
tiva, registando-se: pessoais de cada adulto);
• elevada satisfação com a qualidade de serviço • a procura dos cursos Educação-Formação está
sobretudo das equipas, mas também das insta- a ser induzida pelos Centros de Emprego e
lações; regista já grande impacto junto de desempre-
gados, mas também junto dos menores de 40
• aumento da procura do 12.º ano por parte dos anos;
mais recentes aderentes (com destaque para
activos empregados); • os cursos de dupla certificação (escolar e profis-
sional) trazem ganhos mais explícitos do ponto
• avaliação muito boa do primeiro contacto com o de vista profissional, sobretudo para quem com-
Centro Novas Oportunidades; pletou processos de RVCC profissionais.
• a produção do portfólio é sentida como um dos 5.º Impactos da Iniciativa sobre os inscritos
pontos fortes do processo de qualificação;
• a Iniciativa continua a captar forte adesão dos
• é considerada pelos próprios como muito im- adultos mas mantém-se a dificuldade de captar
portante a passagem pela Iniciativa Novas alguns segmentos mais “resilientes”: jovens me-
Oportunidades. nores de 30 anos, mulheres de idade superior a
50 anos e profissionais pouco qualificados;
3.º Para além do aumento dos níveis de educação
dos adultos verifica-se uma melhoria efectiva • a família tem inegáveis impactos na procura da
das suas competências-chave Iniciativa – a assimetria de qualificação entre
cônjuges induz a procura por parte do menos
• os maiores ganhos de competência são em li- qualificado, designadamente quando se trata do
teracia (leitura, escrita e comunicação oral) e marido; por outro lado, quando um membro do
em e.competências (uso de computador e inter- casal inicia o percurso há elevada probabilidade
net); de o outro também vir a aderir;
• há forte reforço da auto-estima e da motivação • em relação a 2009, intensificou-se o acesso
para continuar a aprender - “Aprender a apren- dos indivíduos certificados à sociedade de in-
der”; formação; para usos pessoais e profissionais
a percentagem de utilizadores de internet ele-
• há melhoria generalizada das soft-skills: compe- vou-se de 67% para 83% e os “heavy-users”
tências pessoais e sociais, cívicas e culturais. passaram de 35% para 60%;
10
Sumário executivo
7. • os “ganhos do eu” são muito expressivos: é de- planos de melhoria e acções correctivas, cen-
clarado o aumento de cultura geral, o reforço trando as equipas nas necessidades do que
da vontade de continuar a estudar e aumentam referem ser os “nossos clientes”; o facto de este
também quer o sentimento de segurança quer trabalho ser feito em equipa e de modo sistemá-
a extroversão; tico, assente em informação objectiva, permite o
progresso contínuo e aumenta a satisfação dos
• as pessoas declaram ainda que a Iniciativa profissionais, segundo afirmação dos próprios.
Novas Oportunidades permite concluir ciclos
de estudo que ficaram em aberto ao longo da Sumariamente, podemos concluir que:
vida;
• fundada em necessidade conhecida e estuda-
• 32% das pessoas disseram ter havido pelo me- da, a política pública adoptada gerou adesão e
nos um factor positivo na sua vida profissional tornou-se marca pública, hoje já percepcionada
motivada pela passagem pela Iniciativa Novas generalizadamente por público, profissionais e
Oportunidades; a grande maioria dos que mu- outros actores (designadamente empresas/en-
daram fizeram-no para melhor: tidades empregadoras);
• maior número de pessoas com responsabi- • a avaliação tem produzido informação e gerado
lidades sobre terceiros instrumentos de suporte à reflexão continua-
da e melhoria contínua de procedimentos. O
• maior estabilidade de emprego conhecimento apura-se, encontra suporte na
investigação, e isso constitui móbil de acção
• alargamento de competências pública melhorada com base na evidência;
• grande parte dos que estão (ou estiveram) ins- • a procura massiva, que era necessária para fa-
critos na Iniciativa Novas Oportunidades (acima zer Portugal convergir em qualificações com a
de 85%) diz-se disponível para recomendar a Europa e reforçar a competitividade nos médio-
experiência a outros adultos, tornando-se em- longo prazos, foi desbloqueada pela adequação
baixador da Iniciativa. da nova oferta (mais flexível nos métodos e
proporcionando horários adequados). O “teste-
6.º A auto-avaliação dos Centros Novas Oportu- munho” positivo dos que estão ou já passaram
nidades já está no terreno – 265 centros e mais pela Iniciativa Novas Oportunidades continua a
de 8500 profissionais foram envolvidos “contagiar” novas adesões agora já mais orien-
tadas para o objectivo estratégico de elevação
• os profissionais declaram que a auto-avaliação do patamar de qualificação generalizada dos
contribui de modo relevante para a forma como portugueses para o nível do ensino secundário;
trabalham e que tem impactos relevantes no
funcionamento do Centro; os mesmos afirmam • a Iniciativa Novas Oportunidades representa um
ainda que é útil que o modelo seja comum a processo inovador de organização do sector pú-
todos os Centros e que deverá continuar a ser blico, visando a procura de maior satisfação do
utilizado no futuro. cidadão/cliente e a oferta de um serviço público
de proximidade;
• o processo de reflexão crítica a partir de indica-
dores do SIGO permite o desenvolvimento de
11
Sumário executivo
8. • a generalidade dos certificados pela Iniciativa A adesão das populações visadas pela Iniciativa
regista altos graus de satisfação com o processo é, pela sua expressão quantitativa e temporal, um
e evidencia avanços inequívocos no plano das caso único e destacado no panorama das políticas
competências-chave detidas, destacando-se os públicas de educação-formação de adultos, seja em
progressos no à vontade perante os desafios da Portugal, seja mesmo no contexto europeu.
sociedade da informação; apesar da crescente
adesão das empresas e de 30% dos participan- A Avaliação Externa levada a cabo tem vindo a for-
tes declararem ter já sentido efeitos positivos na necer informação e dados preciosos para a melhoria
carreira profissional, este é um domínio que me- continuada da Iniciativa bem como métricas de aferi-
rece uma atenção especial, por possuir ainda ção da sua qualidade e dos seus impactos.
uma margem larga de progressão;
No plano estratégico, e num horizonte de médio
• o reforço da motivação para continuar a estudar prazo, a Iniciativa Novas Oportunidades encerra
e da auto-confiança nas capacidades pessoais um potencial precioso e de inigualável riqueza con-
para chegar mais longe na conquista de qua- ceptual para inspirar a estruturação de um sistema
lificações avançadas representa um benefício de aprendizagem ao longo da vida susceptível de
muito relevante para os que logram concluir colocar Portugal na dianteira dos demais países Eu-
o processo de certificação da Iniciativa Novas ropeus e da OCDE, que normalmente lhe servem de
Oportunidades; benchmark.
• no entanto, persistem alguns sectores da popu-
lação – jovens menores de 30 anos, mulheres de
idade superior a 50 anos e profissionais pouco
qualificados – que se mostram mais “resilientes”
a uma adesão espontânea à Iniciativa, cons-
tatação que parece indiciar a necessidade de
uma inteligente segmentação da comunicação
e a conveniência de uma maior diferenciação
dos modelos de oferta no terreno.
A Iniciativa Novas Oportunidades nasceu para res-
ponder a um imperativo de justiça e de necessidade:
o de mobilizar o elevado número de adultos por-
tugueses detentores de baixas qualificações – em
percentagem clara e preocupantemente superior ao
dos nossos pares europeus – para um novo mode-
lo de oferta educativa, inovadoramente desenhado
para reconhecer as competências adquiridas por
via não formal e informal e para oferecer os com-
plementos de formação indispensáveis para uma
certificação formal de qualificações básicas ou se-
cundárias e profissionais.
1
Sumário executivo
9. 1. Nota de enquadramento
“Numa altura em que as sociedades são pressionadas a adaptarem-se aos imperativos da generaliza-
ção dos meios de acesso ao conhecimento e à informação tem-se por adquirido que o final de estudos
secundários é o novo limiar crítico para que as pessoas ou nações possam triunfar. O grosso do pelotão
da nossa população activa situa-se muito abaixo. Ainda que o país tenha conseguido regularizar o fluxo
de educação, o problema da composição educacional do stock é deveras preocupante. Acresce a esta
exigência-padrão de nível secundário completo a necessidade de desenvolver novas competências (...)
estamos em face de uma opção estratégica de geração.”(1)
Carneiro, R. (2000)
A Iniciativa Novas Oportunidades, lançada em exemplo as acções “S@ber+” também desde
Dezembro de 2005, surgiu como resposta à neces- 2000).(2)
sidade de Portugal vencer este ciclo longo de atraso Nas dimensões acentuadamente inovadoras, por
nacional face aos outros países desenvolvidos, in- seu turno, destacam-se:
vestindo conjugadamente na melhoria contínua das
condições de escolarização das crianças e jovens, • o forte endosso político e mediático ao mais
por um lado, e na reversão da atávica desqualifi- alto nível;
cação da população adulta (que se viu privada do
direito a uma adequada educação-formação inicial • a eleição do nível secundário de estudos como
na idade própria), por outro, a Iniciativa Novas Opor- desiderato estratégico;
tunidades representa, a um tempo, uma herança
histórica do já tentado e uma ruptura inovadora face • a dupla certificação, educacional e profissional,
aos programas anteriores de educação de adultos como via preferencial;
em Portugal.
• meios institucionais que articulam superiormen-
Do quadro das políticas públicas de educação de te os sistemas tradicionais de educação e de
adultos – património e herança histórica – reco- formação (a Agência Nacional para a Qualifica-
nhecemos, na Iniciativa Novas Oportunidades, os ção, agência central com mandato específico,
seguintes traços: os cerca de 500 Centros Novas Oportunidades
e os mais de 9000 profissionais dedicados);
• o acervo das experiências e boas práticas de
educação extra-escolar de décadas; • uma grande ambição que, traduzindo o senti-
do de urgência (emergência nacional), teve
• os esboços prévios de articulação entre os sis- expressão na formulação de metas “pressio-
temas educativo e formativo, com expressão nantes” e na alocação de recursos financeiros
institucional na primeira agência com dupla com significado (referimo-nos designadamente
tutela dos dois sectores (ANEFA, 2000), bem a 70% do Programa Operacional Potencial Hu-
como em ofertas de dupla certificação (ensino mano - POPH).
profissional, desde 1989; cursos EFA, desde
2000); Em todos os países da OCDE(3) as taxas internas
de rentabilidade privada de um investimento no en-
• a avaliação das experiências de reconhecimen- sino secundário (concluído imediatamente após o
to e certificação de competências de adquiridos ensino obrigatório) são sensivelmente superiores
ao longo da vida (Centros RVCC, desde 2000), a 4,5%. Tomando por orientação os resultados de
bem como de ofertas de formação modular (por diversas investigações(4), e admitindo que Portugal
(1) Carneiro, R. (2000). 20 anos para vencer 20 décadas de atraso educativo. Lisboa: DAPP/ME, p. 12.
(2) Este quadro revela o facto deste conjunto diversificado de experiências e estruturas ter sido resultado de, no período 1989-2005, Portugal ter beneficiado
da alocação de fundos estruturais, por parte da União Europeia, para o desenvolvimento do sistema educativo português.
(3) OECD (2009). Education at a glance. Paris: OECD.
(4) Vide Claudia Goldin Laurence F. Katz (2003). Mass secondary schooling and the state: The Role of state compulsing in the high school movement.
1
NBER Working paper n.º 10075, Nov.; Byron G. Auguste, Byron Hancock Martha Laboissiére (2009). The economic cost of the US education gap. Nota de enquadramento
The Mckinsey Quartely, June (www.mckinseyquartely.com, acedido em 07/07/2010); Philippe Aghion Peter W. Howitt (2009). The economics of growth.
Cambridge: The MIT Press.
10. é uma economia ainda distante da fronteira tecnoló- ção e desempenho), com a avaliação dos resultados
gica, num cálculo muito aproximativo estima-se em e impactos. Neste eixo importa afirmar que o mo-
cerca de 13.750 milhões de euros a perda líquida de delo de avaliação seguiu critérios essencialmente
PIB nos 20 anos que medeiam entre 2000 e 2020. secundários, de natureza predominantemente
qualitativa e inferencial, e centrou-se nas fases usu-
Este seria o resultado da desqualificação de cerca almente designadas (Dror, 1989) por:
de 2/3 da população portuguesa situada abaixo do
limiar do secundário. • “post-policy making stage” - motivação de acto-
res e executores da política, implementação da
O POPH, para o período 2007-2013, e a Iniciativa política e respectiva avaliação dos impactos;
Novas Oportunidades podem ser uma alavanca
inestimável de mudança, sabendo aliar a quantidade • “feedback stage” - canais de comunicação e de
à qualidade, a massificação à busca de excelência, retroinformação aos centros decisores.
a certificação a oportunidades acrescidas de mo-
bilidade social e económica. O ideal de sociedade Ao nível da política pública, o enfoque da avaliação
educativa só se poderá, no entanto, materializar externa centra-se na meso-análise (impactos sociais,
num programa mobilizador da nação que, contando opinião pública qualificada, formação e sustentação
com os parceiros sociais e assente em comunida- da agenda pública, representações simbólicas e
des e necessidades reais, rompa progressivamente questões de fronteira, entre outras) e na análise de
todos os “círculos viciosos” da pobreza e exclusão estratégia de distribuição (parâmetros de navegação
social, gerando, a par do crescimento económico, institucional, tipologias organizacionais, sistemas de
coesão social. implantação no terreno, produção de mudanças, im-
pactos e patamares de desempenho).
Uma política pública desta envergadura teria na-
turalmente de ser submetida ao escrutínio de uma No segundo eixo, foram desenvolvidas duas fren-
avaliação externa e independente, de natureza mar- tes: uma primeira de adequação do Sistema de
cadamente académica. Informação e Gestão da Oferta Educativa e Forma-
tiva (SIGO) às necessidades da avaliação, e uma
A abordagem utilizada pela Universidade Católica segunda de implantação gradual de um modelo de
Portuguesa na Avaliação Externa efectuada sobre auto-avaliação que permita sustentar a melhoria sis-
o Eixo Adultos valorizou, por um lado, a recolha de temática dos procedimentos.
dados confiáveis sobre a qualidade e os impactos
da Iniciativa Novas Oportunidades (eixo de ava- A circunstância de todo o trabalho de avaliação ser
liação sistémica) e, por outro, a capacitação do cientificamente acompanhado e criticado por um pai-
sistema para a sua auto-regulação futura, através nel de reputados peritos, internacionais e nacionais,
de instrumentos de monitorização permanente (eixo garante o rigor analítico-metodológico e a qualidade
monitorização e auto-avaliação). interpretativa do conjunto do exercício de investiga-
ção.
No primeiro eixo, o de avaliação sistémica, podemos
distinguir várias questões relacionadas com as polí- Por outro lado, a transformação do conhecimento em
ticas públicas concretizadas no programa, com os práticas de acção, quer na sequência de recomen-
mecanismos de implementação e sustentabilidade dações, quer pelo aprofundamento da análise em
(coerência, pertinência e relevância), com a análise conferências e seminários (entre outros), traduzem
do funcionamento do sistema de actores (organiza- uma filosofia geral de investigação-acção que pode
1
Nota de enquadramento
11. e tem permitido a melhoria continuada da eficiência
e eficácia desta política pública.
Recorda-se que os primeiros resultados da
Avaliação Externa levada a cabo em 2008-2009
foram apresentados publicamente e debatidos com
especialistas num seminário realizado no dia 10 de
Julho de 2009.
Procede-se agora, de acordo com os princípios da
transparência e da prestação de contas, e bem as-
sim no quadro das metodologias de investigação
constantes do Anexo 3, à divulgação resumida dos
resultados e recomendações apurados no segundo
ano de Avaliação Externa (2009-2010), os quais fo-
ram objecto também de apresentação e comentário
especializado, publicamente, no âmbito do 4.º En-
contro Nacional de Centros Novas Oportunidades,
que teve lugar a 30 de Novembro de 2010, em Gui-
marães.
1
Nota de enquadramento
13. 2. A emergência de uma marca (pública)
2.1. Objectivos e metodologia
A realização de seis focus-groups e treze entrevis-
tas em profundidade (num total de 50 entrevistados),
realizados durante o último quadrimestre do ano de
2009, visou apurar um conjunto de percepções so-
bre a Iniciativa Novas Oportunidades, por parte dos
seguintes segmentos de opinião:
• adultos integrados na Iniciativa em diferentes
fases do processo de qualificação com ensino
secundário;
• adultos jovens (20-30 anos) potencialmente
aderentes mas não inscritos;
• directores e coordenadores de Centros Novas
Oportunidades, entre outros agentes de educa-
ção/formação;
• empregadores (sócios gerentes, directores e
responsáveis de recursos humanos de Peque-
nas e Médias Empresas - PME).
Os objectivos prosseguidos foram no essencial:
• aprofundar o conhecimento sobre as atitudes
e representações dos envolvidos na Iniciativa,
identificando as principais motivações, inibições
e dinâmicas entre actores;
• identificar variáveis de avaliação da Iniciativa
Novas Oportunidades por parte de PME, regis-
tando ideias e sentimentos sobre a mesma.
1
A emergência de uma marca
(pública)
14. 2.2. Resultados
A conclusão central consubstancia-se no facto de as Nas frases utilizadas a expressão Novas Oportuni-
percepções analisadas evidenciarem que a Iniciati- dades ganhou tangibilidade.
va Novas Oportunidades era já, à data, uma marca
pública (de serviço) com valores claros. Os conceitos qualificações e competências come-
çam a ser reconhecidos e distinguidos já por parte
Os principais valores percepcionados são: de alguns dos públicos.
• acessibilidade – iniciativa e ofertas flexíveis e Numa análise detalhada por segmento constatam-
adaptadas aos tempos e ritmos próprios do(s) se, em síntese, que:
público(s)-alvo que visam servir;
1. os adultos procuram as Novas Oportunidades
• inclusão – porque valoriza cada indivíduo e a essencialmente porque reconhecem o 12.º
sua história de vida; ano como o novo “mínimo social” – “nós é que
vamos ser os próximos analfabetos, se não fi-
• horizontes – viabiliza cenários de futuro, abrin- zermos nada por nós próprios” – e a condição
do possibilidades de sonho e de mudança. necessária para ter uma carreira ou progredir
na mesma;
Nos fundamentos invocados para justificar a Ini-
ciativa, generalizadamente reconhece-se o atraso 2. uma vez iniciado o processo (por exemplo,
estrutural português face à União Europeia. adquirido o 9.º ano) prosseguem para o nível
seguinte (12.º ano);
Figura 1
A mudança de perspectiva (horizonte)
12.º Ano 12.º Ano
Lógica de Lógica de
aspiração ambição
Ideia de Experiência de
continuidade linear progressão complexa
9.º Ano 9.º Ano
Normalização Estatuto
de estatuto FASE 1 normalizado FASE 2
Sucesso dependente da predisposição Sucesso dependente da consistência
para mudança pessoal de horizontes, envolvendo o
profissional
1
A emergência de uma marca
(pública)
15. 3. se regista alguma inibição por parte dos jovens liação no estudo de impactos, constituem, por seu
adultos que associam as Novas Oportunidades turno, outras evidências de que esta política pública
a outra idade, a uma imagem à qual não se se converteu já em marca pública.
querem “colar” ou a uma prioridade para a qual
ainda não estão disponíveis. Podendo este facto vir a associar-se à afirmação
de um movimento social em torno da mesma (fenó-
Entre os agentes de educação/formação destaca- meno típico) registam-se como potenciais sintomas
se: dessa ocorrência alguns dos elementos apurados
no citado estudo de impactos, a saber:
• o reconhecimento (e regozijo) face aos indica-
dores de sucesso da Iniciativa; • uma avaliação muito positiva quer de quem se
inscreveu quer de quem ouviu falar na Iniciativa
• a presença de alguma tensão com as estruturas Novas Oportunidades;
tradicionais dos sistemas educativo/formativo
(escolas e centros de formação) e, nomeada-
mente, um sentimento de “insegurança” face à
figura/papel do professor;
Gráfico 1
• a discussão/reflexão/preocupação sobre o mo- Inscrever-me nas Novas Oportunidades
delo de evolução de rede de Centros Novas foi uma boa solução para mim
Oportunidades e a sua sustentabilidade.
Percepcionada a marca Novas Oportunidades pelas
grandes empresas, ao nível das PME, constatou-se,
no entanto:
• o desconforto de alguns empresários face às
suas próprias qualificações;
• o receio de incorrerem em custos de formação
com os empregados sem resultados de negócio
a curto prazo;
• algum alheamento/desinteresse, considerando
que a aquisição de escolaridade é do foro da Gráfico 2
vida privada dos empregados, por um lado, e Tenho ouvido dizer bem das Novas Oportunidades
o receio de assistirem a um “ganho” de poder
reivindicativo por parte dos mesmos, por outro.
Por fim, importa ainda reconhecer que também se
destacou no estudo um elevado nível de qualidade
da relação entre actores-formadores e formandos
– bem como uma forte orientação por objectivos,
e para resultados, sendo ambos os traços sinais
próprios das marcas de serviços. O compromisso
do seu público com uma atitude de aprendizagem
posterior à certificação (evidência de lealdade a esta
marca e aos seus valores), bem como a leitura social 2008-2009
apurada complementarmente no âmbito desta ava- 2009-2010
1
A emergência de uma marca
(pública)
16. • uma presença, com valorização positiva, de dimensões associadas aos valores da marca nos conteúdos
dessa avaliação;
Gráfico 3 Gráfico 4
Principais virtudes da Iniciativa Novas Oportunidades Principais defeitos da Iniciativa Novas Oportunidades
• uma disponibilidade declarada para dar continuidade à Iniciativa Novas Oportunidades, nomeadamente
como embaixador da mesma.
Gráfico 5 Gráfico 6
Ser um divulgador das Novas Oportunidades Criar uma associação Novas Oportunidades
0
A emergência de uma marca
(pública)
17. 3. Comprovada qualidade de serviço e satisfação
3.1. Objectivos e metodologia
Foram objectivos do presente estudo:
1. analisar as evoluções nos resultados ocorridos
entre a elaboração do último relatório – 2009 – e
o presente momento da recolha de dados;
2. identificar o nível de satisfação actual reco-
nhecido pelos beneficiários da Iniciativa Novas
Oportunidades no todo e em cada fase do pro-
grama, numa óptica de cliente;
3. avaliar a actual qualidade de serviço percebida
pelos sujeitos envolvidos, numa óptica de pro-
cesso.
O sistema de recolha de dados utilizado foi o telefó-
nico – CATI – com cobertura territorial de Portugal
Continental. Foram realizadas 1509 entrevistas vá-
lidas. No ano anterior, através do mesmo sistema e
com comparabilidade, haviam sido realizadas 1603
entrevistas.
A amostra foi extraída aleatoriamente de entre
inscritos e ex-inscritos na Iniciativa Novas Oportuni-
dades registados no SIGO, tendo em consideração
a localização geográfica, bem como os grandes
caracterizadores de estado. Estes, respeitando às
situações/fases do ciclo de formação, são cinco:
processo concluído, processo a decorrer, aguarda
início de processo, suspendeu o processo e aban-
donou o processo.
1
Comprovada qualidade de
serviço e satisfação
18. 3.2. Resultados
3.2.1. Elevada satisfação e pontos fortes
A satisfação das pessoas que fizeram todo o percurso das Novas Oportunidades é extremamente elevada
tanto em valores absolutos como por comparação a índices sectoriais de satisfação em Portugal e na União
Europeia.
Gráfico 7 Gráfico 8
Flutuação da satisfação ao longo do processo Avaliação global de satisfação
2009 2009
2010 2010
Os dados evidenciam uma imagem de desempenho muito elevado por parte dos adultos que estão ou já es-
tiveram inscritos na Iniciativa. Destacam-se pelas elevadas cotações de apreciação do serviço (superior a 7
pontos numa escala de 10) os seguintes aspectos:
• o primeiro contacto (com aproximações médias à nota de 9, regista como ponto mínimo de cotação
7,5);
Gráfico 9
Avaliação do contacto com os Centros Novas Oportunidades 2010
Comprovada qualidade de
serviço e satisfação
19. D
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cativo dado que aqueles valores já eram muito elevados;
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Gráfico 10
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Avaliação do apoio para a produção do portfólio
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fa
• a produção do portfólio (que regista um ligeiro aumento face aos valores de 2009), o que é muito signifi-
serviço e satisfação
Comprovada qualidade de
20. • é leitura da larga maioria das pessoas que passaram pelo processo de produção do portfólio que o mes-
mo lhes permitiu evidenciar as suas competências;
Gráfico 11
O portfólio conseguiu evidenciar todos os seus conhecimentos?
Comprovada qualidade de
serviço e satisfação
21. • a existência de um júri externo suscita forte concordância, evidenciando-se um reforço dos valores cap-
tados no ano de 2009. A causa principal afirmada é a de que o recurso a pessoas que não estando
envolvidas nos processos RVCC nem conhecendo os candidatos permite evidenciar à sociedade, de
modo independente, a mais-valia de um processo que se afasta da norma do ensino clássico;
Gráfico 12
Concordância com a existência de júri externo
Comprovada qualidade de
serviço e satisfação
22. • o esclarecimento sobre as ofertas disponíveis na zona, que foi mais positivo este ano do que em 2009
(registando uma grande subida dos valores médios por parte dos que desistiram ou suspenderam o seu
processo de RVCC, passando também estes a dar valores de avaliação de excelência).
Gráfico 13
Esclarecimento sobre a oferta da zona
Comprovada qualidade de
serviço e satisfação
23. A relação pessoal existente entre a equipa técnico-pedagógica dos Centros Novas Oportunidades e os su-
jeitos inscritos parece ser a base desta leitura tão positiva. As avaliações sobre as equipas profissionais
continuam a ser óptimas, generalizadamente acima dos 9 pontos, com excepção apenas registada para o
reconhecimento das expectativas do candidato, aspecto que regista o valor mínimo de 8,91.
Gráfico 14
Avaliação da equipa de RVCC
Comprovada qualidade de
serviço e satisfação
24. 3.2.2. Áreas de melhoria
Não obstante a elevada satisfação e os pontos fortes supra referidos, a presente avaliação constata a persis-
tência de indicadores menos positivos já identificados no ano anterior e que sinalizam áreas de melhoria. Entre
estas destacam-se (admitindo-se uma margem de progressão provável até aos 95%), designadamente:
• a execução dos protocolos definidos para a etapa de acolhimento: no primeiro contacto, é essencial que
o responsável pelo acolhimento do candidato seja capaz de prestar todo um conjunto de informações e
recolher, também ele, o máximo de elementos que permitam um encaminhamento adequado. Não há
possibilidade de ter uma segunda vez o primeiro contacto, por isso o que for feito deve sê-lo bem feito à
primeira;
Gráfico 15
Avaliação global da qualidade de informação prestada na inscrição
Comprovada qualidade de
serviço e satisfação
25. • a calendarização das diferentes fases do percurso de RVCC: a possibilidade de calendarização da pres-
tação de um serviço é essencial para a adesão e facilidade de organização, por parte do candidato,
visando a recepção desse serviço. (Ao contrário do observado na execução dos protocolos de acolhi-
mento, neste item, registaram-se retrocessos em relação ao ano anterior, facto que importa corrigir).
Gráfico 16
Calendarização das fases de percurso
Comprovada qualidade de
serviço e satisfação
26. • as reuniões de encaminhamento: destaca-se que os resultados de 2010 foram piores do que os alcançados
em 2009, ano em que já não eram brilhantes. As reuniões dedicadas ao diagnóstico e encaminhamento
são uma zona de potenciais melhorias de processo, neste caso, com urgência. Destaca-se, à semelhan-
ça do recomendado no relatório de 2009, a necessidade de:
• redução dos tempos de espera;
• maior eficiência e eficácia na marcação de reuniões;
• maior envolvimento dos candidatos nos processos de decisão sobre o seu futuro escolar.
Mau grado o abaixamento de desempenho na marcação das reuniões de encaminhamento houve, em con-
trapartida, uma enorme recuperação nos casos em que, não tendo havido marcação de reunião, esta acabou
por se realizar. Conjugando ambos os resultados, admite-se um resultado globalmente similar ao do ano
anterior, mas qualitativamente pior porque obtido à custa de processos recuperativos.
• os tempos de espera que, tendo revelado progressos de 2009 para 2010, continuam ainda a registar
demasiados casos (mais de um terço do total) em que as pessoas acabam por ter reuniões mais de um
mês após a inscrição. Considera-se que seria um valor óptimo um máximo de 8 dias e o desejável, neste
momento, um valor situado entre os 8 e os 15 dias.
Gráfico 17
Espera média em dias, entre a inscrição e a primeira acção de diagnóstico
0
Comptrovada qualidade de
serviço e satisfação
27. Outra constatação da presente avaliação é a de que, pela primeira vez, se registaram valores elevados (por
comparação ao ano anterior) de pessoas com declaração de desistência ou de suspensão de processo.
As desistências, que no ano anterior eram um elemento de baixa expressão grupal com excepção registada
apenas para os reformados, neste ano, alargaram-se a todos os grupos com valores médios de cerca de
10%.
Gráfico 18
Ocupação 2010
1
Comprovada qualidade de
serviço e satisfação
28. As principais razões apuradas como motivos de desistência foram, entre outras, nomeadamente:
a) de ordem profissional: arranjar novo emprego, passar a ter emprego, horários incompatíveis com a cer-
tificação, emigração temporária, mudança para outra localidade, associada a novo emprego ou ao facto
de a frequência de o processo RVCC ter sido enquadrada numa empresa que desapareceu, entre outras
causas menos frequentes;
b) com causa no Centro Novas Oportunidades (muitos disseram que o arrastar da situação mata o entu-
siasmo inicial): meses de espera (numa situação o inquirido afirmou ter passado mais de dois anos à
espera);
c) de saúde: do próprio e de familiares, com destaque para os filhos;
d) não reconhecimento de qualidade nas propostas que lhe foram apresentadas pelo Centro Novas Opor-
tunidades;
e) assuntos pessoais que entenderam não querer discriminar;
f) obtenção de certificação escolar por outras vias;
g) mudança de formação para o ensino regular ou profissional.
Desde os trabalhos de Dabholkar (1999), considera-se que o comprometimento do cliente no processo de
tomada de decisão em serviços é de alta relevância para a sua vida (como é o caso da Iniciativa Novas Opor-
tunidades). Portanto, é uma ferramenta crítica para o envolvimento futuro do sujeito no processo e sucesso,
aquando da sua avaliação.
Gráfico 19
Envolvimento do candidato no processo de decisão
Comprovada qualidade de
serviço e satisfação
29. No caso, tendo como referência um progresso possível até aos 100% de envolvimento do candidato, cons-
tata-se ainda que os desistentes foram quem menos viu reflectidas as suas expectativas na realidade
observada.
Gráfico 20
O encaminhamento correspondeu às suas motivações?
Comprovada qualidade de
serviço e satisfação
30. A percepção global dos inscritos é a de que as Novas Oportunidades são um sistema válido de reconhecimen-
to de competências, adaptado às necessidades concretas de pessoas que se encontram numa dada fase da
sua vida, bem diferente do que se verifica no sistema de ensino regular.
Gráfico 21
O Centro Novas Oportunidades como solução adaptada ao caso do(a) respondente
Comprovada qualidade de
serviço e satisfação
31. Os dados repetem-se, nos dois anos, em termos de distribuição e de intensidades. Fica, uma vez mais, evi-
denciado que as pessoas que desistiram ou suspenderam a sua frequência do processo de RVCC têm maior
dificuldade de adaptação ao Centro Novas Oportunidades do que as dos restantes grupos, contribuindo esse
facto, seguramente, para a tomada de decisão.
Gráfico 22
Há diferenças do ensino nas Novas Oportunidades relativamente ao ensino regular?
Gráfico 23
Qual o sentido das diferenças?
Comprovada qualidade de
serviço e satisfação
32. Para as pessoas que estão em processo ou o concluíram, este é um percurso melhor do que o do ensino
regular. Entre estes, mais de 80% disseram que, não sendo tão exigente quanto o ensino regular, o proces-
so de RVCC está mais adaptado nos horários e necessidades actuais inerentes à fase de vida em que se
encontram. Para um grupo de cerca de 10% o formato das Novas Oportunidades é melhor porque é mais
exigente do que o ensino regular. Por último, cerca de 6% das pessoas identificam outras razões de natureza
diversa.
Gráfico 24
Razões porque a Iniciativa Novas Oportunidades é melhor do que o ensino regular
Gráfico 25
Razões porque a Iniciativa Novas Oportunidades é pior que o ensino regular
Comprovada qualidade de
serviço e satisfação
33. No grupo dos que referiram ser pior do que o ensino regular, cerca de 6% dos respondentes queixa-se dos
horários perante a sua fase de vida. Razões diversas acomodam um pouco mais de 10% das pessoas. A
grande maioria deste grupo considera, no entanto, que a principal razão reside na qualidade das aprendiza-
gens/ensino (75% entre os que já concluíram o processo e 91% de entre os que desistiram).
Uma outra forma de verificar se as Novas Oportunidades representaram algo de importante na vida das
pessoas que formalizaram o percurso foi solicitar-lhes uma avaliação sobre o grau de importância dessa
experiência. O resultado obtido é o de que a larga maioria das pessoas (quase três quartos) lhe atribuiu nota
máxima.
Um segundo elemento digno de destaque na análise é o de que não há registos nos mínimos da escala.
Gráfico 26
Importância atribuída ao ingresso na Iniciativa Novas Oportunidades
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Nada importante 2 3 4 Muito importante
Comprovada qualidade de
serviço e satisfação
34. 4. A nova oferta desbloqueou a procura potencial de
qualificações
4.1. As questões da avaliação no âmbito dos estudos de
caso de Centros Novas Oportunidades
No âmbito do subprojecto “Estudos de Caso de No modelo de análise utilizado (ver figura 2) foram
Centros Novas Oportunidades”, o objectivo da ava- considerados os três actores e os contextos prin-
liação para este ano deu continuidade, no essencial, cipais de produção e valorização da qualificação
à questão de partida presente desde o início nesta escolar: o indivíduo e sua família, o Centro Novas
dimensão de avaliação: Oportunidades e o empregador.
Para além do aumento dos níveis de educação dos Foram ainda identificadas variáveis dependentes e
adultos (nomeadamente do ensino básico e do en- independentes, visando a identificação de relações
sino secundário), existe, de facto, uma melhoria das significantes e a detecção de novos desafios.
suas competências? Ou seja, ficarão estes adultos
na posse de mais e novas competências que lhes
serão úteis para a vida e para o trabalho?
Mantêm-se também as duas questões, mais especí-
ficas, às quais procuraremos responder:
Estarão as competências-chave pré-definidas re-
almente adquiridas pelo adulto que obtém com
sucesso uma qualificação escolar no âmbito das
Novas Oportunidades? Que relevância têm estas
competências-chave para a vida e para o emprego?
A primeira questão conduz-nos à avaliação da qua-
lidade destes processos de qualificação, enquanto
a segunda procura perceber se essas competên-
cias são realmente visíveis e valiosas, quer para
o desenvolvimento pessoal, quer para reforçar a
empregabilidade do indivíduo, bem como a sua par-
ticipação na sociedade.
Neste ponto do relatório é sobre a dimensão de ava-
liação da qualidade dos processos de qualificação
em presença na Iniciativa Novas Oportunidades que
nos deteremos. A segunda questão será abordada
em detalhe no ponto 6.
A nova oferta desbloqueou
a procura potencial de
qualificações
35. Figura 2
Modelo de análise
Situação face ao emprego
Profissão
Conteúdo de trabalho Protocolos
Conhecimento requerido no âmbito
Interacção da INO Organização
Participação na com oferta do trabalho
Género Indivíduo educação formal, da EF
Idade (e família) não-formal
e informal Dimensão
Empregador Estrutura
Participação na INO Qualificações
(nível e percurso
de certificação) Sector
económico
Interacção
com
Protocolos
empregadores Capacidade
no âmbito
da INO
Centro Novas
Inovação Oportunidades Qualidade
Motivação
Avaliação: Região Experiência em
Processos (NUT II) EFA e RVCC
Tipologia
Resultados
Competências-chave
Avaliação:
Avaliação: Competências-
Processos chave
Resultados
Competências-chave
Qualidade Relevância
0
A nova oferta desbloqueou
a procura potencial de
qualificações
36. 4.2. Resultados
A escala adquirida pela Iniciativa Novas Oportunida- do nível de qualificação a que se candidatam ou até
des, envolvendo mais de um milhão de adultos num da procura de dupla certificação – profissional e es-
período de cerca de quatro anos, é um fenómeno colar – é o “diploma” escolar adicional que almejam.
que importa escrutinar por vários motivos, entre os
quais: Uma segunda conclusão prende-se com o ganho
motivacional obtido na participação/envolvimento
• pelo inédito na história portuguesa; na Iniciativa. A própria experiência de educação,
profundamente enriquecedora de que estes adultos
• para perceber como (e se foram) estas ofertas usufruem neste processo e que muito valorizam,
que permitiram/facilitaram essa atracção e en- constitui um inequívoco ganho motivacional para a
volvimento; aprendizagem ao longo da vida.
• para avaliar da sua adequação e da capacida- Não apenas o que se aprende (que analisaremos
de de qualificar com qualidade uma população no ponto 6.2 deste relatório) mas a forma como se
adulta de baixas qualificações. aprende e o carácter distintivo dos processos de
educação e formação em que consubstanciam as
Quanto à motivação principal e comum dos aderen- Novas Oportunidades, na vertente qualificação de
tes à Iniciativa Novas Oportunidades destaca-se a adultos, tornaram-se factores relevantes para com-
“progressão na escolaridade”. Independentemente preender e explicar quer o fenómeno de adesão à
Iniciativa quer o consequente ganho motivacional.
Gráfico 27
Relevância/Utilidade - Básico
1
A nova oferta desbloqueou
a procura potencial de
qualificações
37. Gráfico 28
Relevância/Utilidade - Secundário
“Porquê agora e não antes?” “O que mudou para que “Aprendi e muito, embora de uma forma dife-
cerca de um milhão de adultos de baixa escolaridade rente e coisas que eu não estava à espera!”.
tenha agora aderido à educação formal quando, até “Os adultos fazem as pazes com a escolarida-
agora, apenas alguns decidiram voltar à escola?” de e com a formação”.
A primeira resposta a estas questões é a de que esta É, sobretudo, a novidade e a diferença do que é
não é, de facto, a escola que grande parte destes um Centro Novas Oportunidades, um processo de
adultos conheceu e da qual se afastou, por várias RVCC ou o papel de técnicos, formadores e profes-
razões. A imagem da escola que dá atenção, que sores na sua relação com o indivíduo, que tem vindo
acompanha, que orienta e que confere oportunidade a moldar, no terreno, esta nova imagem do “mundo
é inédita e, de certa forma, antecipada e confirmada da escola.”
ao longo desta nova experiência por adultos e pro-
fissionais: A segunda resposta tem a ver com a expressão
“agora a sua experiência conta”. Trata-se de uma
A nova oferta desbloqueou
a procura potencial de
qualificações
38. ruptura com a ideia de que “as pessoas só aprendem Quer nos processos de RVCC, com ou sem forma-
na escola” ou “de que só é válido o que se aprende ção complementar, quer nos cursos EFA, é também
na escola”. consensual que os “ganhos” de aprendizagem ad-
vindos da participação são bastante significativos a
“Foi um sonho realizado ver que tudo o que todos os níveis, apesar de se tratar de modalidades
aprendi na vida valeu de alguma coisa, agora de educação e formação diferentes. A vontade de
posso dizer que tenho o 9.º ano!”; aprender e de adquirir mais e novas competências
parece ser comum à grande maioria dos adultos que
“Aqui consegui perceber o que fiz e aprendi se inscreve nas Novas Oportunidades.
na vida”;
Por outro lado, a experiência de frequentar um cur-
“Agora que tenho o 9.º ano, posso tirar o curso so EFA (experiência essa que é normalmente mais
de energias renováveis!”; longa e mais exigente em aprendizagens estrutura-
das do que um processo de RVCC e, na maioria dos
“Percebi que tudo o que aprendi na vida tem casos, menos atractiva para o indivíduo ou determi-
muito valor!” nada pela situação de desemprego e pelo acesso
a um incentivo financeiro) gera igualmente ganhos
A acessibilidade e a atractividade das ofertas são do ponto de vista das aprendizagens realizadas,
também elementos decisivos na concretização da porventura ganhos ainda mais significativos, tendo
aprendizagem ao longo da vida. em conta a fragilidade e a diversidade dos níveis de
partida.
Ao processo de RVCC associam-se características
de “preferência” e “conveniência” dos processos. Mesmo nos cursos EFA – com mais jovens e mais
desempregados, como veremos no ponto 5 deste
À semelhança das conclusões da avaliação do relatório – a novidade dos métodos de trabalho e do
ano anterior, estes processos, embora baseados papel dos formadores e professores parece gerar
fortemente no reconhecimento e na validação de uma mudança significativa na imagem que muitos
competências pré-adquiridas, geram um nível de destes adultos têm (ou tinham) da escola, passan-
consciencialização “do que se sabe” e “do que não do de uma “escola que castiga e impõe” para uma
se sabe” (“o processo permitiu-me perceber não só outra que “colabora e mostra abertura”. Importa, no
o que já sabia, mas também perceber o que não sei entanto, registar que, como a grande maioria dos
e o que quero e preciso de aprender!”) que permi- técnicos referiu, os jovens adultos parecem ter um
te e estimula, na grande maioria dos casos, uma (des)empenho inferior ao dos adultos com mais
progressão significativa nas competências-chave maturidade. Os adultos, mais conscientes das suas
definidas. A metodologia particular dos processos de necessidades e da oportunidade que agora têm,
RVCC, com um forte pendor de auto-reconhecimen- conseguem desempenhos superiores, apesar dos
to e de valorização do que se aprendeu ao longo da maiores sacrifícios.
vida, feita pelo próprio indivíduo, em estreita ligação
com o profissional de Reconhecimento e Validação Por outro lado, o balanço feito por aqueles que
de Competências (RVC) e validada posteriormente terminam com sucesso um curso EFA de dupla cer-
pelo avaliador externo, em júri de certificação, as- tificação é, no entanto, muito positivo: reconhecem
senta sobretudo na autonomia do indivíduo, o que o seu valor e partilham da noção da mais-valia que
contribui, em muito, para este “ganho” pessoal. esses cursos poderão ter nas suas vidas. São vários
A nova oferta desbloqueou
a procura potencial de
qualificações
39. os ganhos apontados pelos intervenientes entrevis- prévia certificação profissional, as crescentes exi-
tados: gências dos clientes (também neste sentido) são
factores que reforçam a necessidade deste tipo de
“visão mais alargada”, oferta, motivando uma maior adesão e interesse por
“mais cultura geral”, parte das empresas à Iniciativa. Ter empregados
“criatividade, desenvolvimento do raciocínio e com um nível de escolaridade mais elevado é sinó-
pensamento critico”, nimo de mais qualidade e flexibilidade da força de
“maior auto-estima e realização pessoal”, trabalho: a melhoria dos níveis de desempenho e de
“maior segurança”, produtividade, a maior mobilidade interna, a entrada
“maior capacidade e gosto para aprender”, em determinados nichos de negócio e a elevação
“postura e comportamentos mais adequa- dos patamares de qualidade ou mesmo o benefício
dos”, da imagem da empresa são claramente objectivos
“sentimento de maior capacidade para en- de alguns dos empregadores entrevistados.
frentar desafios e com mais possibilidades de
sucesso”, Será, pois, necessário no futuro próximo:
“mais competências e conhecimentos”,
“maior motivação para continuar a aprender”, • explorar mais o potencial das certificações par-
“mais autonomia”, ciais e das formações modulares certificadas
“aproximação aos filhos”, presentes no Quadro Nacional de Qualificações
(…) (QNQ);
Os cursos EFA de dupla certificação mostram tam- • reequacionar a real atractividade e acessibilida-
bém um mais explícito ganho do ponto de vista de dos cursos EFA, também e sobretudo para a
profissional. São vários os casos em que desempre- população activa empregada;
gados conseguiram voltar a inserir-se no mercado
de trabalho, após a conclusão de um destes cursos. • ter presente que o processo de RVCC é apenas
uma resposta adequada àqueles que, à partida,
No que respeita aos processos de RVCC profissio- têm condições para o fazer.
nais a expectativa “na abertura de novas portas” no
mundo do trabalho verificou-se constituir uma razão As crescentes necessidades de formação, reportadas
mobilizadora para a maioria dos indivíduos entre- no âmbito das entrevistas realizadas, por parte dos
vistados. A participação num processo de RVCC mais recentes inscritos nos Centros Novas Oportu-
profissional serve também para confrontar a prática nidades, tornam expectável que o recurso exclusivo
com a teoria. Estes indivíduos acedem, de uma forma ao processo de RVCC venha a decrescer e que a
estruturada, apoiada e actualizada, ao conhecimen- necessidade de recorrer a certificações parciais, a
to técnico e científico que alicerça as competências unidades de formação de curta duração (UFCD) e a
funcionais. Isto traduz-se numa significativa consoli- cursos de Educação e Formação de Adultos (cursos
dação do que se sabe fazer, e sobretudo do “porque EFA) venha a aumentar.
é que se faz assim e não de outra forma”, com um A confirmarem-se estas tendências de crescentes
claro reforço do sentido reflexivo e sistémico sobre necessidades de formação dos futuros públicos da
o trabalho. Iniciativa (com muito baixas qualificações), bem
como de maiores níveis de resistência à adesão, im-
As exigências dos empregadores, a regulamentação porta evidenciar os novos desafios que se colocam
de profissões que têm como requisito de acesso a na dimensão institucional.
A nova oferta desbloqueou
a procura potencial de
qualificações
40. O papel reservado aos Centros Novas Oportunida- da entidade reguladora, o uso da Carta de Qualida-
des, na concretização dos objectivos da educação de e o controlo da actividade e dos indicadores de
e formação de adultos em Portugal, pode ser bem qualidade são elementos que garantem um padrão
mais exigente do que tem sido até aqui, em especial de intervenção no seio da diversidade.
no que toca:
Apesar da capacidade de auto-regulação dos Cen-
• à capacidade proactiva exigida no estímulo à tros Novas Oportunidades ser aparentemente muito
procura; significativa, foram muitos os Centros contactados
que referem a necessidade de maior acompanha-
• à necessidade de dirigir a sua actividade, menos mento e controlo in loco e a necessidade de reforçar
para processos integrais de RVCC escolares o número e a qualidade dos avaliadores externos,
e mais para encaminhamentos, certificações cujo papel é fundamental para a credibilidade do acto
parciais, elaboração de planos pessoais de de certificação. Sugerem igualmente a implementa-
qualificação, informação e aconselhamento ção de medidas simples de controlo do sistema e
para respostas formativas alternativas ou acom- destacam a necessidade de dar mais estabilidade a
panhamento dos indivíduos no seu percurso tudo o que envolve a actividade dos Centros Novas
contínuo de formação; Oportunidades, aspecto este que retomaremos no
ponto 7 do presente relatório.
• à maior articulação e complementaridade nas
respostas formativas entre Centros Novas
Oportunidades e entidades formadoras;
• e, finalmente, à necessidade de trabalhar mais
de perto e em parceria com empregadores.
Por seu turno, importa ter em consideração as
grandes escala e diversidade atingidas no actual
momento de adesão (superior a 1,2 milhões de adul-
tos) e a consciência de que apenas:
• 34% destes se encontram na presente data cer-
tificados;
• os aderentes representam ainda um terço dos
activos que importa atrair para que Portugal
seja bem sucedido na sua estratégia de afirma-
ção competitiva.
Tudo isto coloca forte pressão sobre as necessidades
de uniformização e manutenção, em nível elevado,
dos padrões de qualidade de todo o sistema.
Na verdade, a incorporação dos valores e princípios
subjacentes à Iniciativa, a observação das directrizes
A nova oferta desbloqueou
a procura potencial de
qualificações
41. 5. Impactos da Iniciativa sobre as pessoas inscritas
5.1. Objectivos e metodologia
Os objectivos prosseguidos com o estudo de impac-
tos são, no essencial:
• pesquisar possíveis impactes entre os inscritos
na Iniciativa Novas Oportunidades em diversas
vertentes da sua vida.
• procurar diferenças entre os vários percursos
da Iniciativa Novas Oportunidades;
• procurar características próprias do ciclo secun-
dário;
• verificar se há modificações face aos padrões
identificados no estudo anterior.
O sistema de recolha de dados utilizado foi o telefó-
nico – CATI – com cobertura territorial de Portugal
Continental. Foram realizadas 1359 entrevistas vá-
lidas. A amostra foi extraída aleatoriamente da base
de dados SIGO, tendo um grau de fidedignidade cujo
intervalo de confiança é de 2,71% a 95%. No ano
anterior, através do mesmo sistema e com compara-
bilidade, haviam sido realizadas 1500 entrevistas.
Impactos da Iniciativa sobre
as pessoas inscritas
42. 5.2. Resultados
Uma vez constatada a atribuição, por parte das pes-
soas inscritas, da máxima relevância à passagem
pela Iniciativa Novas Oportunidades na sua vida,
importava conhecer, com maior detalhe, quem são
estas pessoas e que impactos efectivos teve esta
frequência e/ou certificação. Por fim, importa ainda
proceder à identificação de tendências de evolução:
da procura e da adesão.
Impactos da Iniciativa sobre
as pessoas inscritas