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Etnometodologia parte II - COULON

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Etnometodologia parte II - COULON

  1. 1. COULON, A. Etnomedologia Parte II Raquel Salcedo Gomes Linguagem e Interação - PPGLA 06/06/2012
  2. 2. Capítulo V Questão de Método Relembrando: a etnometodologia é a ciência dos etnométodos, isto é, o estudo de como as pessoas constroem os sentidos de suas ações, daquilo que garfinkel denomina “raciocínio sociológico prático”.
  3. 3. 1. A postura de “indiferença etnometodológica” “Os estudos etnometodológicos sobre as estruturas formais se destinam ao estudo de fenômenos como, por exemplo, suas descrições pelos membros, quaisquer que sejam, abstendo- se de todo juízo sobre a sua pertinência, seu valor, sua importância, sua necessidade, sua “praticalidade”, seu sucesso ou consequência. Damos a esse modo de proceder o nome de “indiferença metodológica”. (...) A nossa indiferença se refere sobretudo ao conjunto do raciocínio sociológico prático, e esse raciocínio implica inevitavelmente para nós, sejam quais forem as suas formas, o domínio da linguagem natural.(...)” (Garfinkel e SAcks Apud Coulon, p. 82)
  4. 4. 2. A provocação experimental (p. 82,83) Trust (Confiança) - necessidade de uma ordem moral como garantia para o bom êxito das interações; Breaching (desarrumação) - rupturas experimentais em jogos de sociedade para mostrar o pano-de-fundo moral das atividades comuns; Crítica aos métodos da sociologia tradicional, especialmente os quantitativos
  5. 5. 3. A contribuição metodológica de Cicourel 1964, Method and Measurement in Sociology: (p. 83,84,85) O sociólogo deve esclarecer, primeiramente, a linguagem que utiliza; A pesquisa exige uma teoria da instrumentação e uma teoria dos dados, de modo a distingui-los; Os fatos da ação social devem ser clarificados antes de impor-lhes postulados de medida inadequados; A imposição de procedimentos numéricos exteriores tanto ao mundo social observável descrito como às conceitualizações baseadas nessas descrições é equivocada; Os sociólogos não atribuem suficiente importância ao estudo das variáveis subjetivas que contribuem para o caráter contingente da vida cotidiana;
  6. 6. 4. Etnometodologia, etnografia constitutiva e sociologia qualitativa Como não produziram uma tecnologia original, os etnometodólogos usam instrumentos de pesquisa que tomam emprestados da etnografia. A) A etnografia constitutiva (Hugh Mehan); B) O tracking (Don Zimmerman);
  7. 7. A) etnografia constitutiva Hipótese interacionista - as estruturas sociais são construções sociais; Estudo das atividades estruturantes que constroem os fatos sociais objetivos; Disponibilidade dos dados consultáveis; Exaustividade do tratamento dos dados; convergência entre pesquisadores e participantes sobre a visão dos acontecimentos; Análise interacional; Reconhecimento do caráter contextual de todo fato social; Abandono das “hipóteses-de-antes-da-ida-ao-campo”; Descrição - descrever o que os membros fazem, mostrando os meios que utilizam para organizar sua vida social em comum;
  8. 8. b) tracking (espreita) “seguir a pista de alguém, caminhar seguindo os vestígios de alguém.”(Zimmerman apud Coulon, p. 89) Para se situar como um indivíduo da coletividade, o pesquisador precisa considerar suas próprias implicações na estratégia de pesquisa; Deve compartilhar com os membros uma linguagem comum, para evitar erros de interpretação; Situar as descrições dos membros em seu contexto e considerar seus relatos como instruções de pesquisa; Deve ter uma estratégia de ingresso e aplicar um dispositivo de observação e pesquisa, descrevendo os acontecimentos repetitivos e as atividades que constituem as rotinas dos grupos estudados;
  9. 9. A etnometodologia é uma doutrina construtivista que defende que o segredo da aglutinação social não reside nas estatísticas produzidas por peritos, mas que se desvela, ao contrário, pela análise dos etnométodos, isto é, dos procedimentos que os membros de uma forma social usam para produzir e reconhecer seu mundo, para torná-lo familiar, aglutinando-o. (p. 92)
  10. 10. Capítulo VI O trabalho de campo “Todas as teses defendidas na corrente etnometodológica têm como objeto um problema social e como demarche a abordagem qualitativa de campo, segundo procedimentos geralmente tomados de empréstimo à etnografia. (...) para cada domínio estudado, os etnometodólogos põem ênfase nas atividades interacionais que constituem os fatos sociais. Os fatos sociais não são coisas, mas realizações práticas (...)” (p. 93) educação, sistema judiciário, práticas médicas, processos organizacionais, pesquisa científica
  11. 11. 1. A educação A) As interações na sala de aula - a aula é uma organização social, decorrente de uma ordem instituída. É o trabalho de interação entre professores e alunos que produz esta organização. Um aluno competente será aquele capaz de sintetizar entre o conteúdo acadêmico e as formas interacionais necessárias para realizar uma tarefa. B) Os testes e os exames - A interpretação das questões de um teste varia entre os aplicadores e os respondentes. Tratar os resultados de testes como objetivos dissimula o modo como o aluno elabora suas respostas, o que é fundamental para compreender seu raciocínio. A discrepância na interpretação mascara o conhecimento do aluno.
  12. 12. 1. A educação C) Os orientadores escolares - Cicourel e Kitsuse mostraram como decisões arbitrárias, com base no racismo e em preconceitos sócio-econômicos ligados às suas representações, podiam ser tomadas pelos orientadores a propósito da passagem para o ensino superior (seleção social). D) A profissão de estudante - Para tornar-se membro, um estudante faz uso de práticas de filiação a fim de se agregar ao novo grupo, mostrando-se competente quando consegue categorizar o mundo da mesma forma que a comunidade universitária.
  13. 13. 2. A delinquência Juvenil A delinquência juvenil, enquanto fenômeno social, constitui o objeto de uma construção social. As ações dos jovens são documentadas por policiais, juízes e até pesquisadores e usadas como evidência para caracterizar atividades ou comportamentos como ilegais, perigosos ou suspeitos. Os futuros comportamentos desses jovens serão interpretados em função desse rótulo, confirmando o diagnóstico inicial.
  14. 14. 3. A vida de laboratório A abordagem etnometodológica renova a problemática da sociologia da ciência. As descobertas científicas são feitas no decorrer de uma ordem série de observações historicizadas, feitas em tempo real e em uma ordem precisa. O trabalho científico é objeto de uma construção localizada; A ciência é uma ação prática. Essas práticas são “naturalizadas” no discurso científico.
  15. 15. 4. A burocracia Teoria moderna da burocracia - Max Weber: a Administração Pública estabelece sua função em cima de provas objetivas; Mas o que confere a uma folha de papel validade oficial? Há uma constante negociação para julgar a validade dos despachos, um efeito recíproco entre as rotinas e os obstáculos. O caráter “evidente” de um documento depende da representação de mundo feita entre o funcionário e o cliente.
  16. 16. Capítulo VI Críticas e convergências O caráter radical da etnometodologia não poderia deixar de lhe atrair a hostilidade da sociologia estabelecida. Guerra! - 1968, J.S. Coleman: American Sociological Review aos Studies. Ápice - 1975, Lewis Coser, Associação Americana de Sociologia.
  17. 17. 1. Um ataque violento Coser, Congresso de 1975 da AAS: “duas tendências põem em perigo a Sociologia americana: a análise quantitativa e a etnometodologia.” (p. 116) acusações: a etnometodologia é linguística demais, psicológica demais, descreve demais a partir dos sujeitos pesquisados, não é objetiva, encerra os sujeitos em seu universo de significações privado, é sectária e ocupa-se de problemas por demais triviais, “que excluem os domínios que a sociologia costuma explorar desde Augusto Comte.” (p.119)
  18. 18. 2. Um contra-senso Réplica de Zimmerman no ano seguinte: Coser não apresenta nenhuma razão séria para fazer crer que a sociologia americana esteja em crise; É leviano ao afirmar que os objetos da etnometodologia são trivialidades: “Não cabe a uma autoridade incerta legislar sobre aquilo que convém estudar no mundo social.” (p. 121) Coser não compreendeu a etnometodologia - redução etnometodológica - “insinua-se que a etnometodologia aborda essas descrições como se constituíssem a própria realidade social, isto é um contra-senso, (...) são traços constitutivos dos quadros em que são produzidas”.
  19. 19. 3. Uma seita? “A etnometodologia é um movimento intelectual que, como os outros, nasce na obscuridade e acaba sendo conhecido por um público mais amplo.”(p. 122) “A despeito do pretendo esoterismo de sua linguagem, ela produziu, no decorrer destes últimos anos, diversas compilações que lhe asseguraram a difusão dos trabalhos.” (p. 122) “Nas ciências sociais, a verdade não é revelada, mas argumentada.” (p. 123) Ignorar o “mundo real”? (p. 123) “A etnometodologia, através da análise das atividades humanas, procura estudar os fenômenos sociais incorporados em nossos discursos e em nossas ações.” (p. 124) Desnudar as práticas que estruturam a vida cotidiana - pela revelação dessas estruturas sociais, os atores podem decidir mudá-las. (p. 124)
  20. 20. 4. Tentativa de síntese Pierre Bourdieu, 1986, conferência na UC San Diego - “A ciência social oscila entre duas posições aparentemente inconciliáveis, o objetivismo e o subjetivismo” (constructivist structuralism, structuralist constructivism). “(...) de um lado, as estruturas objetivas que o sociólogo constrói no momento objetivista, descartando as representações subjetivas dos agentes, são o fundamento das representações subjetivas e elas constituem as leis estruturais que pesam sobre as interações; mas, de outro lado, essas representações devem também ser levadas em conta, caso se queira compreender em particular as lutas cotidianas, individuais ou coletivas, que visam transformar ou conservar essas estruturas.” (Bourdieu apud coulon, p. 126)
  21. 21. 5. Marxismo e etnometodologia Tentativas de aproximação (Mehan e Wood, Zimmerman, Chua, Castoriadis) etnometodologia - prática de desmistificação e desobjetivação das categorias reificadas da “atitude natural” Marx e Garfinkel - construção permanente da sociedade por si mesma; esquecimento dessa construção Crítica de Sartre ao “Fetichismo da totalidade” de Kurt Lewin Castoriadis - sociedade instituinte X sociedade instituída Queré - “trabalho de instituição”
  22. 22. Conclusão “A realidade objetiva dos fatos sociais, enquanto toda a sociedade é produzida localmente, naturalmente organizada e reflexivamente descritível, é uma realização contínua e prática, enquanto esta realidade objetiva é em toda parte, sempre, apenas, exata e inteiramente o trabalho dos membros, constitui o fenômeno fundamental da sociologia”. (Garfinkel apud coulon, p. 130) “... a realidade objetiva dos fatos sociais é o princípio fundamental da sociologia.” durkheim apud coulon, p. 129

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