O documento discute os principais aspectos de mestrado e doutorado, incluindo: (1) o mestrado envolve pesquisa original e dissertação, ao contrário de graduação; (2) o doutorado exige maior maturidade científica e abrangência de conhecimento; (3) a integração à comunidade acadêmica, participação em eventos e publicações são importantes para o desenvolvimento da maturidade científica necessária.
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O Quê Você Deveria Saber sobre o seu Mestrado e Doutorado
1. O Quê Você Deveria Saber
sobre o seu Mestrado e Doutorado
Manoel Mendonça
Professor do DCC-IM-UFBA
2. Disclainmer
Esta apresentação contém conselhos que considero
úteis para o bom desenvolvimento de um curso de
pós-graduação stricto sensu.
A maioria dos conselhos aqui expressos são opiniões
minhas e podem não ser as mesmas do seu
orientador.
Meu foco é em ciência da computação.
Cada área conhecimento tem as suas peculiaridades
Manoel Mendonça
3. O Mestrado
É um programa de pós-graduação stricto sensu;
Desenvolvido sob a orientação de um doutor na área
escolhida;
Dura usualmente de dois a dois anos e meio
No mestrado o aluno revisita e se aprofunda em
disciplinas já cursadas na graduação e se especializa em
algumas outras;
O aluno deve também (e principalmente) realizar
pesquisas que deverão resultar em uma dissertação
sobre um assunto relevante, com metodologia adequada
ao desenvolvimento deste trabalho.
4. O Mestrado
O mestrado é ente diferente de uma graduação ou
especialização, pois seu foco principal é no
desenvolvimento do trabalho de pesquisa e não no
cumprimento de disciplinas;
Um trabalho de pesquisa e desenvolvimento deve ser
desenvolvido de forma completa.
Levantamento bibliográfico, escolha da metodologia,
desenvolvimento e validação do trabalho.
O mestrado exigido no Brasil é mais completo e
complexo do que se exige atualmente na Europa e EUA
(inclusive do ponto de vista de reconhecimento de
diplomas)
5. O Doutorado
Doutorado é ente diferente do mestrado, requer mais
disciplina e persistência, e envolve muito mais
incerteza;
Um doutor deve ter abrangência de conhecimento;
Você deve procurar ter uma formação abrangente
Você estudou teoria, algoritmos, linguagens, e sistemas?
Ser um Doutor é mais um estado de maturidade
científica do que um estado de saber.
Em ciência você tem de estar continuamente reciclando
conhecimento
Esta apresentação procura discutir
alguns destes pontos em detalhes
6. Para ser um Doutor
Para ter um título de doutor você deve:
Ter cumprido todas as exigências acadêmicas do um
programa de doutorado reconhecido pela CAPES;
Ter feito um trabalho de pesquisa com uma contribuição
inovadora para sua área de conhecimento;
Ter atingido a maturidade científica necessária.
Você pode ter feito uma pesquisa muito interessante, ter
bastante conhecimento sobre um assunto e, ainda assim,
não ter maturidade para ser um doutor.
8. Sua Maturidade Científica
Revela-se pela capacidade de desenvolver, adquirir e
difundir conhecimento;
Você deve saber como atacar novos problemas na sua
grande área (i.e., computação)
Revela-se pela capacidade de orientar trabalhos
científicos, coordenar projetos de pesquisa e revisar de
forma crítica trabalhos científicos;
Revela-se na inserção nacional e internacional na
comunidade científica da sua área de atuação.
9. Sua Área de Conhecimento
Você sabe quais são os conceitos fundamentais da
sua área de conhecimento
Você tem noção dos grandes problemas em aberto
na sua área de conhecimento
Você sabe quais são os principais congressos e
periódicos da sua área de conhecimento
Você como fazer pesquisa bibliográfica na sua área
Você tem senso crítico quando lê algo da sua área
de conhecimento
10. A sua Comunidade Científica
Você sabe mais do que o seu orientador sobre o
conteúdo da sua tese
Você sabe quem são os principais pesquisadores da
sua área de conhecimento
Você conhece as principais sociedades científicas da
sua área
Você já conversou com alguns dos principais
pesquisadores nacionais da sua área de
conhecimento (mestrado)
Você já conversou com alguns dos principais
pesquisadores internacionais da sua área de
conhecimento (doutorado)
11. Eventos e Fóruns
Você foi ao menos uma vez ao principal congresso
(simpósio ou workshop) nacional da sua área de
conhecimento (mestrado)
Você foi a alguns congressos (simpósios ou
workshops) internacionais da sua área de
conhecimento (doutorado)
Você foi ao menos uma vez ao principal congresso
(simpósio ou workshop) internacional da sua área de
conhecimento (desejável doutorado)
12. Eventos e Fóruns
Já publicou em um dos principais workshops ou
congressos nacionais na sua área de conhecimento
(desejável para o mestrado)
Já publicou em um dos principais workshops ou
congressos internacionais na sua área de
conhecimento (doutorado)
Já publicou em um dos principais periódicos
internacionais na sua área de conhecimento
(desejável para o doutorado)
Aqui cabe observar que a computação é uma das poucas áreas
de conhecimento aonde o índice de impacto de artigos de
congressos é similar ao de periódicos.
14. O Ambiente Acadêmico
O ambiente acadêmico é aberto, um lugar
aonde as pessoas compartilham
conhecimento
Esta é uma benção, use-a sabiamente!
Participe ativamente e contribua com este ambiente
Experiências vividas neste ambiente vão criar uma
rede social para toda a sua vida.
15. Seu Grupo de Pesquisa
O desenvolvimento de seu trabalho é muito facilitado
se você está integrado a um grupo de pesquisa, isto é
uma necessidade se o seu trabalho é de doutorado;
Seu orientador certamente tem o grupo de pesquisa
dele, você deve se integrar a este grupo.
Seus colegas de grupo podem lhe ajudar com revisões,
sugestões, idéias, indicação de recursos e ferramental,
configuração de ferramentas, entre outras coisas;
Você deve fazer o mesmo pelos seus colegas.
16. Convivendo no Ambiente Acadêmico
Respeite seus colegas! (de verdade)
Assuma que eles são tão inteligentes quanto você, e que
O tempo deles é tão precioso quanto o seu.
Procure participar em projetos de pesquisa do seu
grupo;
Estes projetos serão sua principal fonte de suporte
financeiro para bolsas, viagens e aquisição de livros,
software e equipamentos;
O primeiro passo para mostrar excelência científica
para a comunidade em geral, é mostrar excelência
científica junto ao seu grupo de pesquisa.
17. Sua Comunidade Científica
Procure participar de eventos da sua área, conheça
outros estudantes e os papas da sua área;
Saiba diferenciar o joio do trigo!
Indicadores de qualidade são importantes
Aprenda quais são eles e como utilizá-los
Junte-se às pessoas e às comunidades certas
Não discrimine pessoas ou instituições!
Como regra assuma que tem gente boa em todo lugar. Não
pré-julgue ninguém pela instituição ou país de origem.
18. Sua Comunidade Científica
Você deve se integrar a uma comunidade científica;
Certamente há pessoas trabalhando em problemas similares aos
seus
Ache sua turma e se integre;
Seu orientador deve lhe dar uma mão aqui.
19. Participando de sua Comunidade Científica
Sua maturidade científica é demonstrada pela
participação em eventos científicos, publicações e
reconhecimento do seu trabalho pela comunidade
acadêmica e científica;
20. Participando de sua Comunidade Científica
Uma coisa é ir a eventos e outra é participar deles
(fazer perguntas, conversar com pesquisadores);
Se exponha, procure publicar, procure participar de
workshops de teses e dissertações, e procure ajudar em
trabalhos de revisão de artigos e organização de eventos
sempre que possível;
Quando tiver alguma aspiração quanto a publicação e
participação em eventos, converse com seu
orientador, ele certamente pode lhe aconselhar e
ajudar quando necessário.
21. Você e Sua Comunidade Científica
É normal ter projetos
indeferidos e artigos
recusados;
Ninguém está te
perseguindo só porque
recusaram o seu artigo ou
projeto;
Tente entender porque isto
aconteceu;
Seja aberto a críticas e não
desista jamais.
25. Seu Orientador
Uma Raposa, um Lobo ou um Leão?
Mais tempo para você
bravo Sábio Orientador
estudante
Mais recursos, mais inserção e
mais experiência para você
26. Escolha com Calma
Como regra geral, orientadores mais novos têm mais
tempo para trabalhar com você, menos experiência
de orientação, menos inserção científica e menos
dinheiro.
Além disto mantenha em mente que existem vários
perfis de orientadores:
Os mais flexíveis e os mais controladores.
Os mais calmos e os mais estourados.
Os mais sonhadores e os mais pragmáticos
Escolha cuidadosamente o seu.
É um casamento de pelo menos 4 anos!
27. Relacionamento
Se você não se dá bem com um orientador, troque
imediatamente.
Se você não se dá bem com vários orientadores,
troque de atitude.
O problema é muito provavelmente você!
Algumas vezes você não vai gostar quando seu
orientador lhe cobrar ou corrigir, mas lembre-se que
ele sabe melhor do que você o quê é uma boa
publicação e o quê é um trabalho de pós-graduação.
28. Você, seu Orientador e a sua Tese
Sua tese é sua cria e não de seu orientador;
O seu orientador só vai lhe dar retorno quando você
pedir;
Ele não vai ficar atrás de você para você trabalhar;
No melhor dos casos seu orientador vai continuamente
desafiar você a produzir mais;
Você vai ditar o ritmo do trabalho.
29. Você, seu Orientador e a Pesquisa Conjunta
Orientação não é prestação de serviço, é um
trabalho conjunto para produção de conhecimento;
Apesar de ser um trabalho conjunto, muito
provavelmente, é você quem vai por a mão na
massa;
Orientadores não têm tempo de sentar e desenvolver a tese
para você.
Como o trabalho é conjunto, tudo o quê você publicar
fruto do seu trabalho de pós-graduação deve conter o
nome de seu orientador, e vice-versa.
30. Você e seu Orientador (o todo poderoso!)
O tempo do seu orientador é mais precioso que o seu;
Isto é pré-estabelecido e não está sob discussão;
Seu orientador sabe o que é uma tese e você , muito
provavelmente, não;
Não suma e retorne com um algo “pronto”.
Este comportamento é uma receita para perda de tempo,
desperdício de esforço e aborrecimento;
Obtenha continuamente o feedback de seu orientador
durante o desenvolvimento de seu trabalho.
31. O Mundo do Ponto de Vista do seu Orientador
Seu orientador já tem todas as titulações que ele precisa;
Ele quer que você termine porque precisa produzir
conhecimento, resultados científicos e publicações;
Procure mostrar contínuo avanço no seu trabalho (o
começo é sempre a pior fase);
Produza artigos em congressos e periódicos
quali(s)ficados.
Esta é a melhor forma de mostrar ao seu orientador que você está
produzindo conhecimento, e convencê-lo que você é maduro o
suficiente para obter um mestrado ou doutorado.
32. Trabalhando Juntos (1)
O trabalho de tese (ou dissertação) tem de
interessar a vocês dois;
É uma péssima ideia fazer algo que só interessa a
um de vocês.
33. Trabalhando Juntos (2)
Tente fazer uma reunião por semana com seu
orientador e faça pelo menos uma por mês;
Mantenha o registro de cada reunião;
Procure sempre ter claro:
o quê você quer fazer;
o quê você está fazendo;
o quê você já fez;
e o quê você ainda falta fazer;
34. Trabalhando Juntos 3
Por causa da inovação, há muita incerteza em um
doutorado
É comum mudar-se ou adaptar-se o quê você quer
fazer;
Tente progredir continuamente estabelecendo e
cumprindo submetas.
Estabeleça junto com seu orientador metas semanais
ou mensais para seu trabalho
Sempre que necessário discuta com o orientador seu
avanço ou dificuldades frente a estas metas
36. Uma Tese é Difícil de Desenvolver
Persistência e foco são fundamentais para um
trabalho de pós-graduação stricto sensu;
Só quem já fez um mestrado sabe o trabalho que
dá fazer um mestrado;
Só quem já fez um doutorado sabe o trabalho que
dá fazer um doutorado.
37. Sua Dissertação (Thesis)
Desenvolver uma dissertação de mestrado é muito mais
difícil que desenvolver um trabalho de final de curso;
O desenvolvimento da dissertação envolve mais esforço e
dedicação que a conclusão das disciplinas do programa.
38. Sua Dissertação (Thesis)
A dissertação de mestrado deve conter um trabalho de
pesquisa bem embasado e bem executado em termos
metodológicos;
Trabalhos relacionados e a fronteira de conhecimento devem ser
identificados;
A metodologia deve ser bem estabelecida;
O trabalho deve ser desenvolvido seguindo os preceitos da
metodologia científica (incluindo sua avaliação e/ou validação).
39. Sua Tese (Dissertation)
Fazer uma tese de doutorado é muito mais difícil que
uma dissertação de mestrado;
A tese de doutorado tem de envolver inovação;
Sugiro que você comece pequeno para terminar
grande;
Pense sempre nos grandes problemas, mesmo
quando estiver trabalhando em uma pequena parte
dele.
40. Sua Tese (Dissertation)
Sua tese tem de ter uma contribuição inovadora, mas
não tem de mudar o mundo;
Sua tese tem que demonstrar que você sabe o que
está acontecendo no estado da arte do seu tema de
trabalho;
Seu trabalho tem que ser cientificamente avaliado
e/ou matematicamente validado.
Sua tese tem que ter:
Uma boa fundamentação;
um bom projeto de pesquisa;
desenvolvimento e avaliação rigorosos,
uma boa argumentação,
ser bem escrita.
41. Um Guia Ilustrado para seu Doutorado
Apresentação de Matt Might:
“The illustrated guide to a Ph.D.”
Distribuída através da licença
Creative Commons Attribution-NonCommercial 2.5 License
(http://creativecommons.org/licenses/by-nc/2.5/)
Você pode distribuir, copiar, modificar e reproduzir desde que mantenha o novo
trabalho sob as mesmas condições de licença e referencie o autor original.
Você não pode vender ou lucrar com este documento ou qualquer outro derivado
do mesmo.
42. Imagine que este círculo
contém todo o
conhecimento da
humanidade
54. Alguns Requisitos para uma Boa Tese
Deve ser interessante;
Deve valer a pena;
Ter a estrutura correta;
Deve ter o método correto;
Deve ter inovação.
55. Desenvolvendo uma Tese
Professor Carlos Lucena (http://www-di.inf.puc-
rio.br/~lucena/) recomenda que sejam observados os
seguintes itens:
1) Descrição do problema. Questões que a tese aborda.
2) Limitação do que a pesquisa resolve.
3) Quão significante é o problema?
4) Que conhecimento novo ou método a tese irá gerar?
5) Que experimentos, protótipos, estudo de caso serão
realizados para atingir o objetivo?
6) Como será demonstrado que o objetivo foi atingido?
7) Como as contribuições serão medidas?
56. Escrevendo a Minha Dissertação/Tese
Estabeleça o problema — real e não solucionado
Contexto
Escopo
Objetivos Testáveis
Discuta trabalhos relacionados de forma abrangente e afunile
para o universo do seu problema
Descreva a abordagem utilizada (metodologia)
Deixe clara a sua contribuição (solução e implementação)
Mostre evidência que o problema foi solucionado e/ou uma
contribuição foi dada ao estado da arte
Conclua reforçando quê foi atingido, quais as limitações do
trabalho e o quê pode ser feito a partir de agora.
Mantenha a retórica afiada
Siga os padrões de escrita!
57. Ordem de Escrita
Primeiro:
Parte 3 – Minha Contribuição
Segundo:
Parte 4 – Avaliação do Trabalho
Terceiro (ou em paralelo com a Parte 3 e 4):
Parte 2 - Trabalhos Relacionados
Quarto:
Parte 5 - Conclusões
Quinto:
Parte 1 – Introdução
Sexto:
Resumo
Sétimo:
Título
58. O Quê Você Deveria Saber
sobre o seu Mestrado e Doutorado
Obrigado !
Manoel Mendonça
Professor do DCC-IM-UFBA