2. Dados da pesquisa
O estilo barroco nasceu em decorrência da crise do
Renascimento, ocasionada, principalmente, pelas fortes
divergências religiosas e imposições do catolicismo e pelas
dificuldades econômicas decorrentes do declínio do comércio
com o Oriente.
O homem se vê colocado entre o céu e a terra, consciente
de sua grandeza mas atormentado pela ideia de pecado e,
nesse dilema, busca a salvação de forma angustiada.
3. Contexto histórico
Reforma Protestante Luterana - 1517
Contra Reforma Católica - Concilio de Trento- 1545
Tribunal do Santo Ofício
Index Librorium Proibitorium
Companhia de Jesus
4. Características
A arte da contrarreforma
Conflito entre corpo e alma
O tema da passagem do tempo
Forma tumultuosa
Cultismo e conceptismo
Figuras de Linguagem no Barroco
“A Ascensão”.
Tintoretto (1515-1549) - Itália
5. Cultismo e conceptismo
Cultismo (Gongorismo) - Uso de linguagem, culta, extravagante,
repleta de jogos de palavras e do emprego abusivo de figuras de
estilo, como a metáfora e a hipérbole. Veja um exemplo de poesia
cultista em "Ao Braço do Mesmo Menino Jesus Quando Appareceo",
de Gregório de Matos.
O todo sem a parte não é todo,
A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo o todo.
6. Conceptismo (Quevedismo) - É marcado pelo jogo de ideias, de
conceitos, seguindo um raciocínio lógico, nacionalista, que utiliza uma
retórica aprimorada. A organização da frase obedece a uma ordem
rigorosa, com o intuito de convencer e ensinar. Por isso, o
conceptismo encontra-se muito presente na oratória sacra (Padre
Antônio Vieira, Padre Manuel Bernardes) e na poesia religiosa
(Gregório de Matos). Veja um exemplo de prosa conceptista de Pe.
Antônio Vieira:
¹mister: necessidade de,
Análise: Para esta vista são necessários olhos, é necessária luz e é necessário
espelho. O pregador concorre com o espelho, que é a doutrina; Deus concorre
com a luz, que é a graça; o homem concorre com os olhos, que é
o conhecimento.
Para um homem se ver a si mesmo são
necessárias três coisas: olhos, espelho e luz. Se
tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de
olhos; se tem espelhos e olhos, e é de noite, não se
pode ver por falta de luz. Logo, há mister¹ luz, há
mister espelho e há mister olhos.
7. Figuras de Linguagem no Barroco
Metáfora: é uma comparação implícita. Tem-se como exemplo o
trecho a seguir, escrito por Gregório de Matos:
Prosopopeia: Personificação de seres inanimados para dinamizar a
realidade. Observe um trecho escrito pelo Padre Antônio Vieira:
Hipérbole: Traduz ideia de grandiosidade, pompa. Veja mais um
exemplo de Gregório de Matos:
Se és fogo, como passas brandamente?
Se és neve, como queimas com porfia?
No diamante agradou-me o forte, no cedro o incorruptível, na
águia o sublime, no Leão o generoso, no Sol o excesso de Luz.
É a vaidade, Fábio, nesta vida,
Rosa, que da manhã lisonjeada,
Púrpuras mil, com ambição dourada,
Airosa rompe, arrasta presumida.
8. Antítese: reflete a contradição do homem barroco, seu dualismo.
Revela o contraste que o escritor vê em quase tudo. Observe a seguir o
trecho de Manuel Botelho de Oliveira, no qual é descrita uma ilha,
salientando-se seus elementos contrastantes:
Paradoxo: corresponde à união de duas ideias contrárias num só
pensamento. Opõe-se ao racionalismo da arte renascentista. Veja a
estrofe a seguir, de Gregório de Matos:
Vista por fora é pouco apetecida,
Porque aos olhos por feia é parecida;
Porém, dentro habitada
É muito bela, muito desejada,
É como a concha tosca e deslustrosa,
Que dentro cria a pérola formosa.
Ardor em firme Coração nascido;
pranto por belos olhos derramado;
incêndio em mares de água disfarçado;
rio de neve em fogo convertido.
9. O Barroco no Brasil
Era colonial
Ausência de curso superior
Principais autores
Bento Teixeira;
Gregório de Matos Guerra;
Padre Antônio Vieira.
10. Prosopopeia
I
Cantem Poetas o Poder Romano,
Sobmetendo Nações ao jugo duro;
O Mantuano pinte o Rei Troiano,
Descendo à confusão do Reino escuro;
Que eu canto um Albuquerque soberano,
Da Fé, da cara Pátria firme muro,
Cujo valor e ser, que o Ceo lhe inspira,
Pode estancar a Lácia e Grega lira.
Bento Teixeira
Autores Barrocos
11. Gregório de Matos (1636-1696)
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Porque quanto mais tenho delinquido
Vos tem a perdoar mais empenhado.
Se basta a voz irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na sacra história.
Eu sou, Senhor a ovelha desgarrada,
Recobrai-a; e não queirais, pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
Poesia Religiosa - No soneto a
seguir, o poeta ajoelha-se diante de
Deus, com um forte sentimento de
culpa por haver pecado, e promete
redimir-se. Observe o “Soneto ao
nosso Senhor”:
12. Poesia satírica- Gregório de Matos é amplamente conhecido por
suas críticas. Essa atitude de subversão por meio das palavras
rendeu-lhe o apelido de "Boca do Inferno", por satirizar seus desafetos
Triste Bahia
Triste Bahia!
ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi abundante.
A ti tricou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando e, tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.
13. Poesia lírico- amorosa - Em sua produção lírica, Gregório de Matos se
mostra um poeta angustiado em face à vida, à religião e ao amor.
À mesma d. Ângela
Anjo no nome, Angélica na cara!
Isso é ser flor, e Anjo juntamente:
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
Em quem, senão em vós, se uniformara:
Quem vira uma tal flor, que a não cortara,
De verde pé, da rama fluorescente;
E quem um Anjo vira tão luzente,
Que por seu Deus o não idolatrara?
Se pois como Anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu Custódio, e a minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo, que por bela, e por galharda,
Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
14. PADRE ANTÔNIO VIEIRA (1608- 1697)
Responsável pelo desenvolvimento da prosa no período do barroco.
Os sermões
Escreveu cerca de duzentos sermões em estilo conceptista, isto é, que
privilegia a retórica e o encadeamento lógico de ideias e conceitos.
Estão formalmente divididos em três partes:
Intróito ou Exórdio: a apresentação, introdução do assunto.
Desenvolvimento ou argumento: defesa de uma ideia com base na
argumentação.
Peroração: parte final, conclusão.
15. SERMÃO DA SEXÁGÉSIMA (1655):
Ecce exiit qui seminat, seminare. Diz Cristo que "saiu o pregador
evangélico a semear" a palavra divina. Bem parece este texto dos livros
de Deus não só faz menção do semear, mas também faz caso do
sair: Exiit, porque no dia da messe hão-nos de medir a semeadura e hão-
nos de contar os passos. (...) Entre os semeadores do Evangelho há uns
que saem a semear, há outros que semeiam sem sair. Os que saem a
semear são os que vão pregar à Índia, à China, ao Japão; os que
semeiam sem sair, são os que se contentam com pregar na Pátria. Todos
terão sua razão, mas tudo tem sua conta. Aos que têm a seara em casa,
pagar-lhes-ão a semeadura; aos que vão buscar a seara tão longe, hão-
lhes de medir a semeadura e hão-lhes de contar os passos. Ah Dia do
Juízo! Ah pregadores! Os de cá, achar-vos-eis com mais paço; os de lá,
com mais passos: Exiit seminare. (...) Ora, suposto que a conversão das
almas por meio da pregação depende destes três concursos: de Deus,
do pregador e do ouvinte, por qual deles devemos entender a falta? Por
parte do ouvinte, ou por parte do pregador, ou por parte de Deus? (...)
16. Assim, ora ajoelha-se diante de Deus, ora celebra as delícias da vida.
ATÉ A PRÓXIMA AULA!