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Edição I - Maio de 2014 Política Estadual
de Manejo Florestal
Comunitário
I. Dos Conceitos
Para fins desta Política, compreende-se por:
Manejo Florestal Comunitário e Familiar
– A prática de manejo florestal sustentável
gerenciada e realizada por agricultores fami-
liares e povos e comunidades tradicionais em
suas áreas de posse ou domínio, seja para fins
de manejo madeireiro e/ou produtos da so-
ciobiodiversidade, bem como a utilização de
outros bens e serviços proporcionados pelas
florestas.
Comunidade Rural Manejadora – A co-
munidade que gerencia e realiza o Manejo
Florestal Comunitário, organizada em coo-
perativa, associação ou outra organização da
comunidade, cujo estatuto preveja o exercí-
cio do Manejo Florestal Comunitário.
Família Rural Manejadora – A família que
realiza o Manejo Florestal individualmente,
sendo responsável pela gestão e execução do
seu Plano de Manejo Florestal.
Coleta de Resíduos Florestais para Artesana-
to – A prática de coleta de resíduos florestais
em área pública ou privada, urbana ou rural,
Propostas para
Política Estadual do MFCF
mediante a colheita de madeira morta oriun-
da de queda natural, roçados e pastagens, e
outros produtos florestais caídos natural-
mente, como sementes e frutos.
II. Dos Princípios
As ações e atividades voltadas para o alcance
dos objetivos da Política Estadual de MFCF
deverão ocorrer de forma intersetorial, inte-
grada, coordenada, sistemática e observar os
seguintes princípios:
a. O MFCF é uma atividade prioritária, por
suas contribuições na geração de renda, em-
prego e segurança alimentar, na diminuição
do êxodo rural, sustentabilidade de suas ati-
vidades produtivas e seus reflexos no enfren-
tamento ao desmatamento;
b. O ordenamento territorial das terras esta-
duais tem como prioridade o reconhecimento
dos direitos dos povos e comunidades tradi-
cionais e agricultores familiares, com promo-
ção dos meios necessários para efetivá-lo;
c. As educação para o MFCF deve considerar
teoria e prática das realidades das comunida-
des tradicionais e agricultores familiares do
Estado do Pará e da Amazônia em geral, e
deve ser acessível a esses grupos sociais;
d. As ações de execução da Política do
Manejo Florestal Comunitário e Familiar
(MFCF) se orienta a partir das particulari-
dades regionais, visando garantir, de forma
plena às comunidades tradicionais e aos
agricultores familiares, o acesso e uso das
áreas de florestas sob seus direitos, a pro-
moção da melhoria da qualidade de vida
das famílias envolvidas e a sustentabilida-
de do uso de seus recursos;
e. O MFCF se baseia no uso múltiplo da flo-
resta, reconhecendo, valorizando e respei-
tando o conhecimento tradicional;
f. A efetivação do MFCF só se concretiza
com a integração dos diferentes órgãos go-
vernamentais nas ações de regularização
fundiária, ambiental, de assistência técnica,
de fomento e de fiscalização;
g. A descentralização dos órgãos governa-
mentais responsáveis pelo licenciamento,
assessoria e fomento ao Manejo Florestal
Comunitário e Familiar, facilitando o acesso
para as comunidades tradicionais e agricul-
tores familiares através de fluxos de proces-
sos específicos para este fim;
h. Os municípios onde se desenvolve o
MFCF devem ser priorizados na destinação
de recursos para melhorias de infraestrutura
em geral, bem como outras políticas de de-
senvolvimento econômico, social e ambien-
tal, e estar equipadas com máquinas, equipa-
mentos e assistência técnica e jurídica para
o MFCF;
i. As ações de fiscalização e monitoramento
devem ser prioritárias nas áreas onde se de-
senvolve o MFCF.
III. Dos Objetivos
A Política Estadual do MFCF tem como
principal objetivo geral promover de forma
integrada o manejo florestal comunitário e
familiar no Estado do Pará, com ênfase no
reconhecimento, fortalecimento e garantia
dos direitos territoriais, sociais, ambientais,
econômicos e culturais das comunidades
tradicionais e agricultores familiares, com
respeito e valorização de sua identidade, suas
formas de organização e suas instituições.
São objetivos específicos da Política Estadual
do MFCF:
a. Normatizar o uso dos recursos florestais
por comunidades tradicionais e agriculto-
res familiares, levando em consideração os
aspectos regionais, socioeconômicos e cul-
turais;
b. Apoiar as atividades de uso comunitário e
familiar sustentável nas florestas localizadas
no Estado do Pará;
A SEGUIR SÃO APRESENTADAS
as propostas elaboradas e discutidas du-
rante as oficinas, de forma resumida. A
íntegra das propostas se encontram nos
relatórios de cada oficina. Essas propostas
tiveram variações nas regiões e foram sis-
tematizadas por representantes de todas as
oficinas regionais na Oficina de Socialização,
realizada em maio de 2013. Eis os principais
resultados das oficinas:
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Edição I - Maio de 2014Política Estadual
de Manejo Florestal
Comunitário
adotarem o MFCF e se sentirem ameaçadas
pelos criminosos ambientais que agem nas
várias regiões do Estado;
Proposta – Aqueles(as) que denunciam a
extração ilegal de madeira e outros recursos
naturais receberão proteção especial do Esta-
do, de forma ágil e eficiente;
Proposta – O Governo promoverá a criação
e divulgação de canais de denúncia de crimes
ambientais, com ampla divulgação periódica
dos seus resultados.
X. Instrumentos de Execução da Política
do MFCF
A execução da Política precisará de Planos
de Ação anuais associados à previsão de or-
çamento para sua execução. Fontes de orça-
mento serão:
- Fundeflor - Fundo Estadual de Desenvol-
vimento Florestal
- Pará Rural
- FNDF – Fundo Nacional de Desenvolvi-
mento Florestal
- PRONACAMPO
- PMV – Programa Municípios Verdes
XI. Considerações Finais
Proposta para Uso de Produtos Florestais
por Artesãs(ãos) em Área Florestada de
Terceiros – Que o poder público municipal
cadastre as(os) artesãs(ãos) e licencie sua ati-
vidade de coleta de matérias para artesanato
em áreas florestadas de terceiros ou públicas.
Proposta de investimento em sistema de co-
municação nas áreas rurais – Que o Estado
se associe a parceiros para investir em siste-
mas de comunicação, com implantação de
sistemas que envolvam a telefonia e internet,
priorizando as áreas de base florestal.
Proposta – Que as áreas atingidas por pro-
jetos de hidrelétricas, portos, mineração,
tenham seus recursos florestais prioritaria-
mente destinados às comunidades locais que
realizam o MFCF.
c. Promover a educação profissionalizante e
capacitação para o MFCF nos centros de en-
sino do Estado;
d. Promover a assistência técnica florestal
pública para o desenvolvimento do manejo
florestal comunitário e familiar;
e. Promover a assistência jurídica pública
para as comunidades tradicionais e agricul-
tores familiares exercerem o MFCF;
f. Promover os diferentes órgãos para que te-
nham uma ação integrada nas ações de regu-
larização fundiária, ambiental, de assistência
técnica, de fomento e de fiscalização;
g. As famílias e comunidades organizadas
em suas instituições próprias exercem sua
gestão de forma transparente, participativa,
buscando o bem-estar comum, a melhoria
da qualidade de vida de todas as famílias
envolvidas com o manejo florestal, conside-
rando a sustentabilidade do uso dos recursos
florestais.
IV. Relação Comercial com Prestadores de
Serviços
Proposta - As comunidades e famílias po-
derão contratar prestadoras de serviço para
executar atividades do manejo florestal co-
munitário e familiar, específicos e por tempo
determinado, sem descaracterizar o Manejo
Florestal Comunitário e Familiar, desde que
essas comunidades e/ou famílias sejam res-
ponsáveis pela contratação, controle e moni-
toramento das atividades dessas prestadoras.
Proposta - Os contratos de prestação de ser-
viço descritos no item anterior deverão ser
analisados, validados e monitorados por ins-
tituições do governo e sociedade civil a fim
de garantir um contrato justo, a ser regula-
mentado em normativa específica.
Proposta - O governo deverá prestar asses-
soria jurídica sobre contratos entre empresas
e comunidades, produção, conhecimento
tradicional, repartição de benefícios, campa-
nhas de divulgação sobre o que a comunida-
de precisa saber em relação a seus direitos.
V. Regularização Fundiária e Ambiental
Proposta – Órgãos devem organizar um Ca-
dastro Único (mesma base de dados) para via-
bilizar a regularização fundiária, que também
será utilizado na regularização ambiental;
Proposta – Deverá ser prevista a realização
de uma ação de força-tarefa reunindo os mo-
vimentos sociais e instituições do governo
para realizar e concluir os processos de regu-
larização fundiária nas comunidades rurais e
as emissões de DAPs;
Proposta – Implantação de programas de
capacitação de lideranças comunitárias, as-
sociações e cooperativas nos passos e do-
cumentos necessários para a regularização
fundiária e ambiental;
Proposta – O Governo Estadual deve garan-
tir o estabelecimento e/ou funcionamento
dos órgãos de avaliação, de liberação e de
acompanhamento técnico e jurídico para a
desburocratização e viabilização dos Planos
de Manejo Florestais;
Proposta – Os produtores familiares que exe-
cutam atividades de MFCF devem ter isen-
ção das taxas de regularização ambiental.
VI. Crédito, Fomento e Impostos
Proposta - O Estado deve viabilizar para as
comunidades e famílias linhas de créditos
e fomentos especiais para a regularização e
execução de todas as etapas (licenciamento,
elaboração do plano de manejo, execução e
comercialização do MFCF, EPI’s, treinamen-
to, etc);
Proposta – Essas linhas de crédito e fomen-
to devem incluir investimento em seguro de
prejuízo da safra para o MFC (Fundo de Pro-
teção Comunitária);
Proposta – Fortalecer e ampliar a Política de
Preços Mínimos para os produtos madeirei-
ros e da sociobiodiversidade, contemplando
a regionalização do preço;
Proposta - Os produtos florestais oriundos
do MFCF serão isentos de impostos;
Proposta – O Governo, em parceria com socie-
dade civil, promoverá o investimento e incen-
tivo à certificação orgânica, sócio participativa
e certificação em geral dos produtos do MFCF.
VII. Formação, Capacitação, Educação e
Assistência Técnica e Jurídica
Proposta – Os currículos dos cursos técnicos
e profissionalizantes na área florestal devem
capacitar seus formandos no MFCF;
Proposta – Os técnicos devem receber forma-
ção contínua, baseada na realidade da educa-
ção do campo, e modo de vida da agricultura
familiar e povos e comunidades tradicionais.
Proposta – O Estado deverá promover a im-
plantação e qualificação de Centros de Trei-
namento e Formação para o MFCF nas dife-
rentes regiões do Estado;
Proposta – Deve ser promovida a democra-
tização de acesso a informações e formações
de forma didática, em linguagens adequadas;
Proposta – Os escritórios municipais de
assistência técnica devem ser estruturados
para realizar ações de assessoria, fomento e
monitoramento, adequando-se à realidade
local, com técnicos, infraestrutura, logística,
comunicação e orçamento.
VIII. Viabilidade e Execução do MFCF
Proposta - O MFCF só deve ocorrer após
a conclusão dos instrumentos de gestão
das comunidades, como os Planos de Uso,
acordos comunitários, Planos de Desenvol-
vimento Sustentável, Planos de Manejo das
Unidades de Conservação Estaduais, Planos
de Desenvolvimento do Assentamento ou
Planos de Recuperação do Assentamento,
sempre respeitando suas resoluções;
Proposta - O MFCF madeireiro deve exigir
o ciclo de corte, de acordo com a legislação,
com área florestal suficiente para abranger
todo um ciclo de manejo;
IX. Segurança Pública
Proposta – Garantia de segurança pública
por parte do poder público às famílias que

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  • 1. 9 Edição I - Maio de 2014 Política Estadual de Manejo Florestal Comunitário I. Dos Conceitos Para fins desta Política, compreende-se por: Manejo Florestal Comunitário e Familiar – A prática de manejo florestal sustentável gerenciada e realizada por agricultores fami- liares e povos e comunidades tradicionais em suas áreas de posse ou domínio, seja para fins de manejo madeireiro e/ou produtos da so- ciobiodiversidade, bem como a utilização de outros bens e serviços proporcionados pelas florestas. Comunidade Rural Manejadora – A co- munidade que gerencia e realiza o Manejo Florestal Comunitário, organizada em coo- perativa, associação ou outra organização da comunidade, cujo estatuto preveja o exercí- cio do Manejo Florestal Comunitário. Família Rural Manejadora – A família que realiza o Manejo Florestal individualmente, sendo responsável pela gestão e execução do seu Plano de Manejo Florestal. Coleta de Resíduos Florestais para Artesana- to – A prática de coleta de resíduos florestais em área pública ou privada, urbana ou rural, Propostas para Política Estadual do MFCF mediante a colheita de madeira morta oriun- da de queda natural, roçados e pastagens, e outros produtos florestais caídos natural- mente, como sementes e frutos. II. Dos Princípios As ações e atividades voltadas para o alcance dos objetivos da Política Estadual de MFCF deverão ocorrer de forma intersetorial, inte- grada, coordenada, sistemática e observar os seguintes princípios: a. O MFCF é uma atividade prioritária, por suas contribuições na geração de renda, em- prego e segurança alimentar, na diminuição do êxodo rural, sustentabilidade de suas ati- vidades produtivas e seus reflexos no enfren- tamento ao desmatamento; b. O ordenamento territorial das terras esta- duais tem como prioridade o reconhecimento dos direitos dos povos e comunidades tradi- cionais e agricultores familiares, com promo- ção dos meios necessários para efetivá-lo; c. As educação para o MFCF deve considerar teoria e prática das realidades das comunida- des tradicionais e agricultores familiares do Estado do Pará e da Amazônia em geral, e deve ser acessível a esses grupos sociais; d. As ações de execução da Política do Manejo Florestal Comunitário e Familiar (MFCF) se orienta a partir das particulari- dades regionais, visando garantir, de forma plena às comunidades tradicionais e aos agricultores familiares, o acesso e uso das áreas de florestas sob seus direitos, a pro- moção da melhoria da qualidade de vida das famílias envolvidas e a sustentabilida- de do uso de seus recursos; e. O MFCF se baseia no uso múltiplo da flo- resta, reconhecendo, valorizando e respei- tando o conhecimento tradicional; f. A efetivação do MFCF só se concretiza com a integração dos diferentes órgãos go- vernamentais nas ações de regularização fundiária, ambiental, de assistência técnica, de fomento e de fiscalização; g. A descentralização dos órgãos governa- mentais responsáveis pelo licenciamento, assessoria e fomento ao Manejo Florestal Comunitário e Familiar, facilitando o acesso para as comunidades tradicionais e agricul- tores familiares através de fluxos de proces- sos específicos para este fim; h. Os municípios onde se desenvolve o MFCF devem ser priorizados na destinação de recursos para melhorias de infraestrutura em geral, bem como outras políticas de de- senvolvimento econômico, social e ambien- tal, e estar equipadas com máquinas, equipa- mentos e assistência técnica e jurídica para o MFCF; i. As ações de fiscalização e monitoramento devem ser prioritárias nas áreas onde se de- senvolve o MFCF. III. Dos Objetivos A Política Estadual do MFCF tem como principal objetivo geral promover de forma integrada o manejo florestal comunitário e familiar no Estado do Pará, com ênfase no reconhecimento, fortalecimento e garantia dos direitos territoriais, sociais, ambientais, econômicos e culturais das comunidades tradicionais e agricultores familiares, com respeito e valorização de sua identidade, suas formas de organização e suas instituições. São objetivos específicos da Política Estadual do MFCF: a. Normatizar o uso dos recursos florestais por comunidades tradicionais e agriculto- res familiares, levando em consideração os aspectos regionais, socioeconômicos e cul- turais; b. Apoiar as atividades de uso comunitário e familiar sustentável nas florestas localizadas no Estado do Pará; A SEGUIR SÃO APRESENTADAS as propostas elaboradas e discutidas du- rante as oficinas, de forma resumida. A íntegra das propostas se encontram nos relatórios de cada oficina. Essas propostas tiveram variações nas regiões e foram sis- tematizadas por representantes de todas as oficinas regionais na Oficina de Socialização, realizada em maio de 2013. Eis os principais resultados das oficinas:
  • 2. 10 Edição I - Maio de 2014Política Estadual de Manejo Florestal Comunitário adotarem o MFCF e se sentirem ameaçadas pelos criminosos ambientais que agem nas várias regiões do Estado; Proposta – Aqueles(as) que denunciam a extração ilegal de madeira e outros recursos naturais receberão proteção especial do Esta- do, de forma ágil e eficiente; Proposta – O Governo promoverá a criação e divulgação de canais de denúncia de crimes ambientais, com ampla divulgação periódica dos seus resultados. X. Instrumentos de Execução da Política do MFCF A execução da Política precisará de Planos de Ação anuais associados à previsão de or- çamento para sua execução. Fontes de orça- mento serão: - Fundeflor - Fundo Estadual de Desenvol- vimento Florestal - Pará Rural - FNDF – Fundo Nacional de Desenvolvi- mento Florestal - PRONACAMPO - PMV – Programa Municípios Verdes XI. Considerações Finais Proposta para Uso de Produtos Florestais por Artesãs(ãos) em Área Florestada de Terceiros – Que o poder público municipal cadastre as(os) artesãs(ãos) e licencie sua ati- vidade de coleta de matérias para artesanato em áreas florestadas de terceiros ou públicas. Proposta de investimento em sistema de co- municação nas áreas rurais – Que o Estado se associe a parceiros para investir em siste- mas de comunicação, com implantação de sistemas que envolvam a telefonia e internet, priorizando as áreas de base florestal. Proposta – Que as áreas atingidas por pro- jetos de hidrelétricas, portos, mineração, tenham seus recursos florestais prioritaria- mente destinados às comunidades locais que realizam o MFCF. c. Promover a educação profissionalizante e capacitação para o MFCF nos centros de en- sino do Estado; d. Promover a assistência técnica florestal pública para o desenvolvimento do manejo florestal comunitário e familiar; e. Promover a assistência jurídica pública para as comunidades tradicionais e agricul- tores familiares exercerem o MFCF; f. Promover os diferentes órgãos para que te- nham uma ação integrada nas ações de regu- larização fundiária, ambiental, de assistência técnica, de fomento e de fiscalização; g. As famílias e comunidades organizadas em suas instituições próprias exercem sua gestão de forma transparente, participativa, buscando o bem-estar comum, a melhoria da qualidade de vida de todas as famílias envolvidas com o manejo florestal, conside- rando a sustentabilidade do uso dos recursos florestais. IV. Relação Comercial com Prestadores de Serviços Proposta - As comunidades e famílias po- derão contratar prestadoras de serviço para executar atividades do manejo florestal co- munitário e familiar, específicos e por tempo determinado, sem descaracterizar o Manejo Florestal Comunitário e Familiar, desde que essas comunidades e/ou famílias sejam res- ponsáveis pela contratação, controle e moni- toramento das atividades dessas prestadoras. Proposta - Os contratos de prestação de ser- viço descritos no item anterior deverão ser analisados, validados e monitorados por ins- tituições do governo e sociedade civil a fim de garantir um contrato justo, a ser regula- mentado em normativa específica. Proposta - O governo deverá prestar asses- soria jurídica sobre contratos entre empresas e comunidades, produção, conhecimento tradicional, repartição de benefícios, campa- nhas de divulgação sobre o que a comunida- de precisa saber em relação a seus direitos. V. Regularização Fundiária e Ambiental Proposta – Órgãos devem organizar um Ca- dastro Único (mesma base de dados) para via- bilizar a regularização fundiária, que também será utilizado na regularização ambiental; Proposta – Deverá ser prevista a realização de uma ação de força-tarefa reunindo os mo- vimentos sociais e instituições do governo para realizar e concluir os processos de regu- larização fundiária nas comunidades rurais e as emissões de DAPs; Proposta – Implantação de programas de capacitação de lideranças comunitárias, as- sociações e cooperativas nos passos e do- cumentos necessários para a regularização fundiária e ambiental; Proposta – O Governo Estadual deve garan- tir o estabelecimento e/ou funcionamento dos órgãos de avaliação, de liberação e de acompanhamento técnico e jurídico para a desburocratização e viabilização dos Planos de Manejo Florestais; Proposta – Os produtores familiares que exe- cutam atividades de MFCF devem ter isen- ção das taxas de regularização ambiental. VI. Crédito, Fomento e Impostos Proposta - O Estado deve viabilizar para as comunidades e famílias linhas de créditos e fomentos especiais para a regularização e execução de todas as etapas (licenciamento, elaboração do plano de manejo, execução e comercialização do MFCF, EPI’s, treinamen- to, etc); Proposta – Essas linhas de crédito e fomen- to devem incluir investimento em seguro de prejuízo da safra para o MFC (Fundo de Pro- teção Comunitária); Proposta – Fortalecer e ampliar a Política de Preços Mínimos para os produtos madeirei- ros e da sociobiodiversidade, contemplando a regionalização do preço; Proposta - Os produtos florestais oriundos do MFCF serão isentos de impostos; Proposta – O Governo, em parceria com socie- dade civil, promoverá o investimento e incen- tivo à certificação orgânica, sócio participativa e certificação em geral dos produtos do MFCF. VII. Formação, Capacitação, Educação e Assistência Técnica e Jurídica Proposta – Os currículos dos cursos técnicos e profissionalizantes na área florestal devem capacitar seus formandos no MFCF; Proposta – Os técnicos devem receber forma- ção contínua, baseada na realidade da educa- ção do campo, e modo de vida da agricultura familiar e povos e comunidades tradicionais. Proposta – O Estado deverá promover a im- plantação e qualificação de Centros de Trei- namento e Formação para o MFCF nas dife- rentes regiões do Estado; Proposta – Deve ser promovida a democra- tização de acesso a informações e formações de forma didática, em linguagens adequadas; Proposta – Os escritórios municipais de assistência técnica devem ser estruturados para realizar ações de assessoria, fomento e monitoramento, adequando-se à realidade local, com técnicos, infraestrutura, logística, comunicação e orçamento. VIII. Viabilidade e Execução do MFCF Proposta - O MFCF só deve ocorrer após a conclusão dos instrumentos de gestão das comunidades, como os Planos de Uso, acordos comunitários, Planos de Desenvol- vimento Sustentável, Planos de Manejo das Unidades de Conservação Estaduais, Planos de Desenvolvimento do Assentamento ou Planos de Recuperação do Assentamento, sempre respeitando suas resoluções; Proposta - O MFCF madeireiro deve exigir o ciclo de corte, de acordo com a legislação, com área florestal suficiente para abranger todo um ciclo de manejo; IX. Segurança Pública Proposta – Garantia de segurança pública por parte do poder público às famílias que