Este documento discute dor pélvica na Atenção Primária à Saúde, fornecendo casos clínicos e informações sobre causas, avaliação e manejo de dor pélvica aguda e crônica. Apresenta o caso de Cibele, uma adolescente de 15 anos com dor pélvica aguda, e de Sandra, que relata dispareunia. Discute classificação, mecanismos, sinais e sintomas de dor pélvica, enfatizando a abordagem clínica holística necessária
2. +
Caso clínico 1
Cibele, 15 anos, chega à unidade de saúde com
quadro de dor no baixo ventre tipo cólica, há 1
dia, de forte intensidade e incapacitante, e
solicita auxílio da sua médica de família, Dra.
Alena, que prontamente atende Cibele antes do
próximo paciente marcado. A adolescente veio
acompanhada da orientadora educacional da
escola, Miriam, pois não aguentou esperar o final
da aula. Relata sangramento vaginal associado,
náuseas e mal-estar.
4. +
Afinal, o que é dor pélvica?
Dor entre o abdome inferior e
assoalho pélvico
Com ou sem outros sintomas
associados
5. +
Quem tem isso?
Pode atingir ambos os sexos
Maioria: mulheres em idade fértil
No Reino Unido 3,8% das mulheres/ Brasil?
Prevalência semelhante a asma e lombalgia
Geralmente é sintoma
Inúmeras causas!!!
6. +
Objetivos da aula
Entender os mecanismos da dor
Saber investigar e diagnosticar as causas mais frequentes
Saber a hora de encaminhar ao especialista (ambulatório ou
emergência)
7. +Um pouco de anatomia…
Trato genitourinário
Trato gastrointestinal
Trato musculoesquelético
Qualquer órgão pode
doer!!!
8. +
Um pouco de fisiologia…
Dor nociceptiva
Visceral
Somática
Dor neuropática
Dor psicogênica
Estímulo nocivo real
Lesão ou disfunção do SNC
ou SNP
Hiperatividade patológica
das membranas
Associada a trasntornos
mentais
Diagnóstico de exclusão
10. +Algumas noções básicas
Sempre perguntar a DUM!!!
Se abdomen agudo na mulher
Afastar origem ginecológica
História e exame físico minunciosos = diagnósticos diferenciais
Perguntar sobre violência sexual ou trauma
11. +
Algumas pistas da dor…
Dor de início abrupto: perfuração de víscera
oca ou isquemia
Dor grave em cólica: contração muscular ou
obstrução de víscera oca (útero/ intestino)
Dor difusa: pensar em líquido livre em
cavidade
12. +
Características
Início agudo
Aumento abrupto
Evolução curta
Origem somática ou visceral
Sensação de pressão
Profunda
Mal localizada
Duração igual ou maior a 6m
Não cíclica!
Homens e mulheres
Causa incapacidade
Prejuízo cognitivo
Consequências emocionais,
comportamentais e sexuais
Frequentemente ssociada a sintomas
urinários, intestinais, sexuais e
disfunção do assoalho pélvico
Aguda Crônica
13. +
MANEJO CLÍNICO
Independentemente da causa e temporalidade
Foco na queixa principal
Mensuração da dor
Ajuda a decidir a melhor escolha terapêutica sintomática
Leve: 0-3
Moderada: 4-6
Grave: 7-10
Analgésicos, AINE’s, Opióides…
Tratamento adjuvante: antidepressivo, relaxantes
musculares…
19. +
DIP
São sintomas sugestivos de DIP
dor no baixo ventre ou na região lombossacral;
sintomas geniturinários, como, por exemplo, corrimento,
sangramento vaginal, dispareunia e disúria;
febre, dor no hipocôndrio direito e náuseas ou vômitos
podem sugerir peri-hepatite.
No exame físico
febre, dor à palpação e descompressão brusca dolorosa no
baixo ventre, dor à palpação do colo uterino e dos anexos,
palpação de tumor anexial doloroso (abscesso tubovariano),
abaulamento doloroso do fundo de saco vaginal (abscesso
pélvico), canal cervical com corrimento branco/amarelado ou
sangramento induzido.
20. +
Outros diagnósticos- dor aguda
Endometrite puerpério; corrimento vaginal
fétido
Causas de dor aguda:
Urológica
Intestinal
Genital
21. +
Dor pélvica crônica
Manejo é um desafio
Multicausal
Complexa interação entre os sistemas :
gastrintestinal, urinário, ginecológico,
musculoesquelético, neurológico, psicológico
e endócrino
Intimamente relacionada a fatores
socioculturais.
27. +
Caso clínico 2
Sandra solicita consulta médica no posto de saúde próximo da
sua casa em virtude do quadro de dispareunia há 1 semana.
Nega gestação atual, mas não usa nenhum tipo de
contraceptivo hormonal ou de barreira, relatando parceiro fixo
há 1 ano.
28. +
Conclusão
O MFC precisa estar sensível a pacientes com
queixa de dor pélvica, pois este é mais do que
um simples sintoma e pode representar doenças
agudas graves ou crônicas incapacitantes, física
ou psicologicamente. E, diante disto, precisa
saber manejar clinicamente ou encaminhar para
um serviço de especialidade focal de forma
adequada, sem deixar de fazer a devida
coordenação do cuidado, lembrando sempre do
cuidado ampliado de cada caso.