O documento descreve as ideias centrais do livro Biophilia de Edward O. Wilson sobre a tendência inata dos seres humanos se conectarem com a natureza. O autor também apresenta os conceitos de cidades biofílicas e estudos de caso como Birmingham no Reino Unido e Portland nos EUA, que promovem a conexão entre as pessoas e a natureza por meio de elementos como parques, árvores e espaços verdes.
3. Introdução
• Edward Osborne Wilson
• Nascido em Birmingham, Alabama, em 1929 (86 anos)
• Biólogo mimercologista (estudioso de formigas) com pesquisas em
países tropicais, incluindo o Brasil
• Pesquisador visionário
• Autor de Biophilia (1984)
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4. Biophilia (1984)
• Wilson aponta respostas animais e vegetais para problemas
cotidianos
• Evolução darwiniana (Seleção Natural) ao longo de milhares de gerações e
milhões de anos
• Lança, sem o saber, as ideias de base do que hoje conhecemos como
Biomimética
• Formigas e abelhas como exemplos de superorganismos
• Quão extensa deveria ser uma área protegida de modo a sustentar
permanentemente a maior parte ou todos os organismos presentes dentro
de suas fronteiras?
• (Traz aqui uma questão que hoje se atrela à Sustentabilidade)
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5. Biophilia (1984)
• No capítulo The Serpent (pág. 85):
• O que é exatamente que nos conecta tão proximamente aos seres vivos?
• Em seguida e timidamente, sugere que essa relação é em certo grau inata,
“merecendo ser chamada de biofilia”
• Biofilia seria então uma tendência inata de o ser humano se associar
a outras formas de vida e especialmente ao ambiente natural
• Sem evidências para tal proposição
• Não eram cientificamente fortes
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6. Breve exercício
• A seguir serão apresentadas imagens de diferentes locais.
• Considerando a Pirâmide de Maslow e tendo total liberdade de
escolha e recursos suficientes, qual local escolheria para viver,
construir sua casa, constituir família?
• Justifique sua escolha.
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15. Biophilia (1984)
No capítulo The Right Place
(pág. 108) :
• Uma questão de interesse é
sobre o habitat preferido
pelos seres humanos
• Primeiros humanos: Homo
habilis, 2 milhões de anos
atrás
• Louis Leakey, desfiladeiro
Olduvai, Tanzânia, parte do
Grande Vale do Rift, na África
oriental
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16. Biophilia (1984)
• Evolução de sua estrutura
cerebral profundamente
associada à biogeografia
das savanas africanas
(pág. 109)
• Bipedalismo: libera braços
para caça, coleta, defesa
• Savana: topografia pouco
acidentada, árvores
esparsas, presença de
água alcance de visão,
proteção, fartura de
alimentos
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17. Evandro Sanguinetto - 2015
Primeiros Humanos
http://www.youtube.com/watch?v=ojAFj4q8ex4
18. Biophilia (1984)
• Três características-chave do ambiente ancestral das savanas
(segundo Gordon Orions, pág. 110):
• (i) a savana em si, com abundância animal e vegetal ao alcance de nossos
ancestrais hominídeos onívoros, com árvores esparsas permitindo distinguir
tribos rivais e potenciais predadores;
• (ii) colinas, penhascos, morros e cristas podendo ser utilizados como pontos
de vigilância, ao permitirem maior amplitude de visão, enquanto saliências,
tocas, grutas e cavernas serviam como abrigos naturais durante a noite;
• (iii) presença de rios e lagos oferecendo peixes, moluscos e novos tipos de
plantas comestíveis, fazendo das linhas costeiras perímetros naturais de
defesa
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19. Biophilia (1984)
• “Dada uma escolha completamente livre, as pessoas estatisticamente
gravitam em direção a ambientes semelhantes a savanas” (pág. 112)
• Novamente Wilson se antecipa ao tempo atual, lançando as bases
conceituais das emergentes Cidades Biofílicas
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21. Beatley e Newman (2013)
• Cidades biofílicas não são apenas cidades verdes, mas aquelas em que
seus cidadãos se envolvem em atividades no ambiente natural, incluindo
sua restauração
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• Promover a admiração e
fascinação de seus habitantes são
ingredientes básicos, um
objetivo-chave para o urbanismo
biofílico
• Elementos estéticos, éticos,
espirituais, cognitivos para
além dos meramente físicos
22. Beatley e Newman (2013)
• Necessidade de um contato
mais próximo com a
natureza, como base para
alcançarmos uma vida mais
produtiva, feliz e plena de
significado
• Luz natural, ar fresco e
vegetação felicidade e
produtividade no ambiente
de trabalho, escolas e saúde
(recuperação e cura)
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23. Beatley e Newman (2013)
• Bairros verdes e ambientes
naturais:
• Reduzem o estresse, a fadiga
mental, a mortalidade, a
incidência de doenças
• Promovem a saúde mental e
física
• Ampliam a positividade, a
performance cognitiva e a
criatividade
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24. Beatley e Newman (2013)
• Cada vez mais cidades vêm desenvolvendo e implementando
programas biofílicos
• Chicago, Portland, Toronto - incentivam e subsidiam a instalação de
elementos como os telhados verdes
• Seattle - Fator Verde: padrões mínimos para incorporação de elementos
verdes e naturais para novos empreendimentos
• Chicago, Baltimore, Montreal - ecologização de becos e espaços cinzas da
cidade
• Nova Iorque, Los Angeles, Houston - plantio de um milhão de árvores,
agricultura urbana
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25. Carrus et. al. (2015)
• Cidades italianas de Bari, Florença, Roma e Pádua
• 569 entrevistados
• Áreas verdes urbanas e peri-urbanas
• Mensurar o impacto da alta e baixa biodiversidade (diversidade ecológica e de
paisagens)
• Efeitos restaurativos - bem-estar psicológico, redução do estresse, renovação
mental, recuperação do foco, melhora emocional
• Resultados
• Papel positivo da biodiversidade na promoção do bem-estar de indivíduos
• A biodiversidade se torna elemento fundamental para a melhoria da
qualidade de vida humana e não-humana no ambiente urbano
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26. Browning; Ryan; Clancy (2014)
• Critérios e argumentos econômicos
• EUA desperdiçam bilhões de dólares ao ano com perda de produtividade
causada por doenças relacionadas ao estresse
• Um design que nos reconecte com a natureza, um design biofílico, é
essencial para que as pessoas vivam e trabalhem em ambientes mais
saudáveis, com menos estresse, maior saúde e bem-estar,
incrementando as funções cognitivas e criatividade e acelerando a
cura
• Proposição de 14 padrões do design biofílico pretendendo articular as
relações entre natureza, ciência e ambiente construído
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27. Browning; Ryan; Clancy (2014)
• Natureza nos Espaços - plantas vivas, animais, água, brisas, sons, aromas e
outros elementos naturais, criando significado e conexão direta pela
diversidade, movimento e interações multissensoriais
• Conexão visual com a Natureza - observação direta de elementos naturais
• Conexão não-visual com a Natureza - estímulos auditivos, táteis, olfativos ou
gustativos
• Estímulo sensorial não-rítmico - conexões aleatórias e efêmeras com a natureza
• Variabilidade térmica e de fluxo de ar - mudanças súbitas mimetizando o ambiente
natural
• Presença de água – aprimora experiência de um lugar
• Luz dinâmica e difusa – variações na intensidade de luz e sombras
• Conexão com sistemas naturais – estações, ciclo lunar, dia e noite, nascimento,
crescimento, morte
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29. Browning; Ryan; Clancy (2014)
• Padrões Naturais Análogos - objetos, materiais, cores, formas,
sequências, padrões naturais, etc., presentes em objetos do cotidiano
(arte, móveis, ornamentos, decoração), remetem indiretamente a
elementos naturais, à natureza: embora reais, são apenas análogos
aos elementos em estado natural
• Padrões e formas biomórficas – referências simbólicas: contornos, formas
• Conexão material com a Natureza – geologia e ecologia locais
• Ordem e complexidade – riqueza de informações sensoriais
Evandro Sanguinetto - 2015
31. Browning; Ryan; Clancy (2014)
• Natureza do espaço – configurações espaciais combinando os
Padrões Naturais Análogos e a Natureza nos Espaços de modo a
sermos capazes de ver além do espaço imediato, atender nossa
fascinação pelo perigo e pelo desconhecido, incorporar os cantos
escuros e momentos reveladores trazidos pela experimentação do
medo quando sabemos que estamos em segurança
• Perspectivas – vista panorâmica para vigilância e planejamento
• Refúgio – local seguro e protegido onde se possa estar longe do cotidiano
• Mistério – informações e dispositivos sensoriais que convidem a viagens mais
profundas no ambiente
• Risco/Perigo – ameaças identificáveis associadas a proteção efetiva
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32. Beatley (2011)
• Incorporam a natureza em seu design, planejamento e gerenciamento
• Reconhecem a necessidade de contato diário do humano com a natureza e os
vários serviços ambientais e econômicos proporcionados pelos sistemas
naturais
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• Cidades biofílicas -
desenho urbano que
facilite uma vivência
direta com a natureza,
aprendendo com ela e
comprometendo-se com
seu cuidado
33. Beatley (2011)
• Sete características de Cidades
Biofílicas:
• Natureza abundante nas proximidades de
cidades populosas
• Afinidade entre flora, fauna e cidadãos
• Vivências ao ar livre e desfrute da
natureza
• Ambientes multissensoriais
• Educação ambiental
• Investimento em infraestrutura social e
verde
• Apoio efetivo da conservação da natureza
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https://thaisfrota.files.wordpress.com/2011/02/4.jpg
https://tijucarj.wordpress.com/category/pracas-e-jardins/
34. Definição
• A definição do termo “Cidade Biofílica” não está consolidada
• Contribuição:
“Cidade Biofílica é aquela que reconhece, resgata e promove a
(re)conexão do Humano com a Natureza.”
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37. Birmingham, UK
• Birmingham, Reino Unido
• Segunda maior e mais importante cidade do Reino Unido
• Centro industrial e de transportes com 1 milhão de habitantes
• Intenção de se tornar a primeira cidade biofílica do Reino Unido
• Cuidados com saúde e mudanças climáticas
• Árvores, Pessoas e Ambiente Construído (TPBE - Trees, People and the Built
Environment)
• Evento colaborativo – profissionais florestais, arboricultura, disciplinas de construção e
ambientais
• Benefícios sociais, econômicos e ambientais trazidos pela vegetação para a população urbana
e o planeta
• http://biophiliccities.org/biophilic-birmingham/
• http://biophiliccities.org/what-are-biophilic-cities/birmingham/
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38. Birmingham, UK
• Esforços para colocar a natureza no coração do planejamento urbano
• Belas praças, como Victoria Square
• Ambientes para pedestres
• Canal restaurado para caminhadas
• Áreas naturais e parques, como o Sutton Park
• Parede verde na Estação de Trem New Street
• Flores em todos os lugares, como na Trilha das Flores
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39. Evandro Sanguinetto - 2015
Victoria Square
http://www.filmbirmingham.co.uk/filming-in-birmingham/
48. Portland
• Noroeste dos EUA, próxima a Vancouver no Canadá
• Uma das 10 cidades mais ecológicas do mundo
• Cidade mais verde dos EUA e a 2ª no mundo
• População de 600 mil habitantes
• Conhecida como “cidade das rosas”
• Uma das maiores áreas per capita de parques, incluindo áreas como Forest Park e
Oaks Botom Wildlife Refuge
• Particularmente conhecida por suas ruas verdes, gestão de águas de chuvas
(bioswales), telhados verdes, reúso de águas cinzas
• http://biophiliccities.org/what-are-biophilic-cities/portland/
• http://www.museumofthecity.org/portland-is-a-biophilic-city/
• http://www.americanforests.org/our-programs/urbanforests/urban-forests-case-
studies/portland-introduction/
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58. Cingapura
• Cidade-Estado, República Parlamentar, Península Malaia, Sudeste
Asiático
• Economia voltada para a indústria e serviços
• 4º maior centro financeiro do mundo
• 3º maior centro de refinação de petróleo
• Um dos 5 portos mais movimentados do mundo
• Segundo o Banco Mundial: melhor lugar do mundo para negócios
• http://biophiliccities.org/blog-singapore/
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59. Cingapura
• De “Cidade-jardim” a “Cidade num jardim”
• Nparks conecta cidadãos a diversos parques na cidade
• Trilhas e caminhos suspensos formando extensa rede com 200 km de
comprimento
• Diversas e inusitadas vistas da cidade
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66. Hospital Khoo Teck Puat
• Khoo Teck Puat Hospital (KTPH) - novo hospital público de Singapura
• Desafio para os arquitetos: ”quando a pessoa entrar, a pressão
sanguínea e os batimentos cardíacos devem cair, não subir”
• 140 árvores frutíferas
• Grande jardim no telhado
• Mensuração do sucesso baseado no número de espécies de pássaros
e borboletas que se possa ver e a quantidade de espécies de peixes
nos lagos
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71. Restauração do Rio Kallang
• 2,7 km de canal de drenagem
concretado, restaurado em 3,2 km de
rio (Kallang) meandrando dentro do
Parque Bishan
• Parte do Programa ABC das Águas –
Ativo, Bonito, Limpo (Active, Beautiful,
Clean)
• Iniciativa de longo prazo visando
transformar os corpos d’água do país,
além de drenagem e suprimento de
água, em novos e vibrantes espaços de
contato e recreação da população
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86. Lilypad city – cidade inspirada na natureza
• Cidade autossuficiente
em formato de vitória-
régia
• Desenhada pelo
arquiteto Vincent
Callebaut
• Flutua na água e pode
abrigar 50 mil pessoas
• Forma e função:
energia, água,
alimento...
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Vincent Callebaut
88. Evandro Sanguinetto - 2015
http://institutoecoacao.blogspot.com.br/2013
/01/edificio-sustentavel-inspira-se-nos.html
Eastgate Center, Harare,
Zimbabwue
Economia de U$ 7 mi em
sistema de ar condicionado
89. Referências Bibliográficas
• BEATLEY, Timothy. Biophilic Cities: integrating Nature into Urban Design and Planning. Washington, DC:
Island Press, 2011.
• BEATLEY, Beatley; NEWMAN, Peter. Biophilic Cities Are Sustainable, Resilient Cities. Sustainability 2013, 5,
3328-3345; doi:10.3390/su5083328. Disponível em <http://www.mdpi.com/2071-1050/5/8/3328>. Acesso
em 04 Fev 2015.
• BENYUS, Janine M. Biomimética, Inovação Inspirada pela Natureza. São Paulo: Cultrix e Amana-Key, 2003.
• BROWNING, W.D., RYAN, C.O., CLANCY, J.O. (2014). 14 Patterns of Biophilic Design. New York: Terrapin Bright
Green, LLC. Disponível em: <http://www.terrapinbrightgreen.com/reports/14-patterns/>. Acesso em 11 mai
2015.
• CARRUS, Giuseppe; SCOPELLITI, Massimiliano; LAFORTEZZA, Raffaele; COLANGELO, Giuseppe; FERRINI,
Francesco; SALBITANO, Fabio; AGRIMI, Mariagrazia; PORTOGHESI, Luigi; SEMENZATO, Paolo; SANESI,
Giovanni. Go greener, feel better? The positive effects of biodiversity on the well-being of individuals visiting
urban and peri-urban green areas. Landscape and Urban Planning, vol. 134, 2015, p. 221-228. Disponível
em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0169204614002552>. Acesso em: 13 mar. 2015.
• WILSON, Edward O.. Biophilia, the human bond with other species. Harvard University Press. Cambridge,
Massachesets, and London, England: 1984.
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91. Seleção Natural
• Pequenas mudanças no código genético acontecem
• Na formação dos gametas, o crossing over é responsável por
variações na carga genética, “misturando” partes dos cromossomos
• Com a fecundação, as variações são incorporadas a um novo
indivíduo
• As variações podem auxiliar numa melhor adaptação do indivíduo em
relação ao ambiente e suas mudanças
• Chegando à idade reprodutiva, esse indivíduo pode passar às
gerações futuras as modificações favoráveis anteriormente
incorporadas
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