A instabilidade política no Brasil pós-45 foi um ensaio para três grandes crises: a de 1954, ano da morte de Vargas; a de 1955, quando tentaram impedir a posse de Juscelino Kubitschek; e a de 1961, quando fizeram o mesmo com João Goulart. O final desse período turbulento todo mundo sabe (ou deveria saber)

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Os 20 anos que calaram a democracia
A instabilidade política no Brasil pós-45 foi um ensaio para três grandes crises: a de 1954, ano
da morte de Vargas; a de 1955, quando tentaram impedir a posse de Juscelino Kubitschek; e a
de 1961, quando fizeram o mesmo com João Goulart. O final desse período turbulento todo
mundo sabe (ou deveria saber). O golpe de 64, quando as Forças Armadas derrubaram o
presidente João Goulart e assumiram o poder político, truncou a fase democrática pela qual o
país passava. E iniciou um dos mais sombrios regimes militares da nossa história.
Pela primeira vez no Brasil, uma intervenção militar estabeleceu o poder político enquanto
instituição por tanto tempo. Foram as duas mais longas e tenebrosas décadas de privação das
liberdades e dos direitos vividas pelos brasileiros. Os generais monopolizaram o Executivo e
subjugaram o Legislativo e o Judiciário. Cassações, censuras, repressões policiais, prisões,
torturas, assassinatos e “desaparecimentos” de opositores se tornaram métodos comuns. Com
a voz do povo silenciada, a democracia foi varrida para debaixo do tapete.
Na primeira fase da ditadura, de 1964 a 1968, os militares conservaram resquícios de uma
ordem constitucional, com certos limites quanto às ações repressivas. Na segunda, entre 1968
e 1978, com a garantia do AI-5 – decreto que suspendeu os direitos individuais da população –,
a repressão foi levada ao extremo. Já na terceira fase, até 1985, o regime militar recuou, sob
golpes de uma oposição que passou da resistência à contraofensiva.
O período da ditadura fez surgir a consciência democrática entre os brasileiros. Setores
urbanos minoritários transbordaram para as grandes massas e se enraizaram nos movimentos
de trabalhadores, estudantes, intelectuais, artistas, pastorais das igrejas, órgãos de imprensa
etc. A sociedade civil aprendeu a se organizar, criando vínculos inéditos entre os direitos
políticos e os direitos socioeconômicos. Estava formado um novo patamar de cidadania, mais
abrangente e exigente, que culminou com o movimento das Diretas, de 1984, e a queda do
regime militar.
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Em 2015, o fim da ditadura completou 30 anos. Pensando bem, se olharmos a metade cheia
do copo, podemos dizer que a nossa democracia é que chegou aos 30. Salvo os poucos que,
nas últimas manifestações contra a corrupção no país, andam conclamando a volta da
intervenção militar, o povo conquistou a liberdade política tão sonhada. O que fazer com ela,
agora, é você que decide.
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