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1
2
Produção de Leite
Agroecológico
Manejos e práticas sustentáveis para a produção de leite
Organizadores
Ludmila Couto Gomes
Maximiliane Alavarse Zambom
Marcel Moreira de Brito
Rodrigo Cesar dos Reis Tinini
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Marechal Candido Rondon
Novembro 2014
3
Os organizadores:
Ludmila Couto Gomes é bolsista de pós-doutorado na UNIOESTE - Marechal Cândido
Rondon, doutora em Produção Animal pela UEM.
Marcel Moreira de Brito é professor na UNIOESTE - Marechal Cândido Rondon, mestre
em Produção Animal pela UEM.
Maximiliane Alavarse Zambom é professora Adjunto na UNIOESTE - Marechal Cândido
Rondon, doutora em Produção Animal pela UEM.
Rodrigo Cesar dos Reis Tinini é aluno de mestrado do Programa de Pós-graduação em
Zootecnia na UNIOESTE - Marechal Cândido Rondon.
4
Lista de Autores
UNIOESTE - Marechal Cândido Rondon
Ana Ruth Estrela Almeida
André Sanches de Avila
Andressa Faccenda
Angela Fernanda Storti
Caroline Hoscheid
Cibele Regina Schneider
Fábio Corbari
Fernando André Anschau
Gabriele Larissa Hoelscher
Graciela Caroline Gregolin
Hâmara Milaneze de Souza
Jaqueline Regina Bergmann
Jéssica Gabi Dessbessel
Jéssica Garcias
Josias Fornari
Ludmila Couto Gomes
Maichel Lange
Marcel Moreira de Brito
Marcela Abbado Neres
Magali Soares do Santos Pozza
Maria Luiza Fischer
Maximiliane Alavarse Zambom
Ricardo Dri
Rodrigo Cesar dos Reis Tinini
Vanice Marli Fulber
Wilson João Zonin
Realização
5
6
Apresentação
O projeto Geração e difusão de tecnologias para produção de leite agroecológico (PLA)
coordenado pela professora Maximiliane Alavarse Zambom (UNIOESTE - Marechal
Cândido Rondon) teve por objetivo atingir os produtores de leite do assentamento Ander
Rodolfo Henrique, para que obtenha-se um aumento na qualidade do produto oferecido,
assim como diminuição nos custos de produção e aumento na qualidade de vida dos
assentados, através de cursos de capacitação, distribuição de cartilhas informativas e
visitas técnicas realizadas nas propriedades, onde foram coletados dados zootécnicos e da
produção, amostras de leite, alimento e solo, para verificação da qualidade do leite,
adequação das dietas fornecidas aos animais, correção do solo e planejamento forrageiro;
assim como capacitar os recém-formados e acadêmicos para o trabalho extensionista. Para
orientar os assentados a incrementar e valorizar a produção elaboramos esta apostila
“Produção de leite agroecológico: manejo e práticas sustentáveis para a produção de
leite”.
7
SUMÁRIO
1.Introdução e Diagnóstico.....................................................................................................8
2. Manejo ambiental .............................................................................................................12
3.Manejo Reprodutivo e Índices Zootécnicos.......................................................................15
4.Manejo Sanitário................................................................................................................19
5.Boas práticas de manejo de ordenha................................................................................24
6.Manejo ecológico do solo..................................................................................................29
7.Manejo agroecológico das pastagens ...............................................................................34
8.Sistema de piqueteamento e sombreamento para vacas na produção agroecológica......40
9.Manejo nutricional em rebanhos de base agroecológica................................................... 42
10.Literatura citada...............................................................................................................48
1. Introdução e Diagnóstico
Graciela Caroline Gregolin
Marcel Moreira de Brito
Rodrigo Cesar dos Reis Tinini
1. Histórico da Agroecologia
A agricultura é das atividades realizadas pelo homem, uma das mais antigas, sendo
praticada possivelmente há mais de 10 mil anos. Grandes transformações ocorreram,
porém a agricultura do início foi praticada de forma muito semelhante à que os índios
praticam hoje. Este modelo é chamado de MODELO TRADICIONAL de produção, o qual
trabalhava, principalmente, a integração com a natureza (CAPORA e COSTABEBER,
2000).
Por volta de 1950 o modelo tradicional começou a sofrer alterações, visando aumento
da produção de dependência de insumos agrícolas. Este modelo, que ficou conhecido
como MODELO CONVENCIONAL, é mais utilizado no Brasil, e foi massificado
principalmente durante o crescimento da abertura de linhas de crédito para compra de
tratores, implementos agrícolas, adubos químicos, sementes, animais geneticamente
superiores, entre outros.
Tal mudança trouxe uma série de vantagens e os muitos prejuízos ao ambiente. Na
tentativa de diminuir os problemas causados, surgem máquinas mais eficientes, novos
cultivares, venenos que são menos tóxicos ao agricultor, etc. Mas mesmo assim, o
produtor continua dependente das grandes empresas para o fornecimento destes
produtos. Nesta fase, o novo modelo é definido como “ALTERNATIVO CONSERVADOR”.
Diante de tanta despreocupação com o produtor e o ambiente, foi preciso buscar uma
alternativa, mas que seja desenvolvida pelos principais agentes envolvidos neste
processo, e não por pessoas que tenham interesses antagônicos aos dos produtores
rurais e da natureza.
Este modelo existe, porém ainda não está pronto. Na constituição neste novo modelo,
chamado “MODELO AGROECOLÓGICO”, estão envolvidos agricultores, pesquisadores,
MODELOS DA AGROPECUÁRIA
técnicos e outros agentes idôneos. Trazendo assim, uma nova visão da propriedade rural,
a visão sistêmica, que permite entender a propriedade como um todo e de forma
dinâmica, onde estão envolvidos fatores químicos, físicos e biológicos.
2. Conceitos de Agroecologia
Um passo importante foi dado para a definição de conceitos sobre agroecologia e
agricultura sustentável em 1992 na cidade do Rio de Janeiro, quando ocorreu a
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida
como ECO-92, que deu origem ao conceito de desenvolvimento sustentável e de
agroecologia considerados como parte de um modelo tecnológico abrangente, que fosse
socialmente justo, economicamente viável e ecologicamente sustentável.
2.1 O que é Ecossistema?
É um sistema funcional, dinâmico e sinérgico entre os organismos vivos e seu
ambiente. Um ecossistema é formado por fatores bióticos, como animais e plantas, e
fatores abióticos, como a água, sol, solo, umidade e temperatura. Portanto, podemos
definir como sendo um conjunto de comunidades que interagem entre si, e que agem e
sofrem a ação dos fatores abióticos.
2.2 O que é Agroecossistema?
Segundo Pimentel e Pimentel (1996), agroecossistemas são sistemas ecológicos
alterados, manejados de forma a aumentar a produtividade de um grupo seleto de
produtores e de consumidores. Hart (1980) diz que agroecossistemas são compostos
pelas interações físicas e biológicas de seus componentes, e que será capaz de processar
inputs (insumos) ambientais e produzir outputs (produtos).
Para fins práticos, o agroecossistema é um sistema agrário de produção agropecuária,
o qual se ocupa a analisar a cultura e criação animal presentes na produção. Se ocupa
também a analisar as técnicas elaboradas e utilizadas, levando em consideração a
importância dos impactos ambientais e sociais.
2.3 Qual a diferença entre Agropecuária Sustentável e Convencional?
Como vimos, hoje prevalece no sistema de produção brasileiro o modelo convencional,
o qual ainda considera o desenvolvimento científico-tecnológico como a única via capaz
de resolver os problemas derivados da escassez de alimentos e do esgotamento dos
recursos naturais (HESPANHOL, 2008).
Mas, o novo conceito de agricultura, denominado sustentável surgiu com muita força e
se desenvolve cada vez mais. O Quadro 1 apresenta as principais diferenças entre os
modelos.
Quadro 1. Principais diferenças entre Agricultura Sustentável e Convencional
Agropecuária Sustentável Agropecuária Convencional
Aspectos
Tecnológicos
1. Adapta-se às diversas condições
regionais, aproveitando os recursos
locais.
2. Atua considerando o agrossistema
como um todo. O manejo de solo
visa sua movimentação mínima,
conservando a fauna e a flora.
3. As práticas adotadas visam estimular
a atividade biológica do solo.
1. Desconsideram-se as condições
locais, impondo pacotes
tecnológicos.
2. Atua diretamente sobre os
indivíduos produtivos, visando
somente ao aumento da produção.
3. O manejo do solo, com intensa
movimentação, desconsidera sua
atividade orgânica e biológica.
Impactos
Ecológicos
1. Grande diversificação. Policultura
e/ou rotação.
2. Integra, sustenta e intensifica as
interações biológicas.
3. Agrossistemas formados por
indivíduos de potencial produtivo alto
ou médio e com relativa resistência
às variações das condições
ambientais.
1. Pouca diversificação.
Predominância de monoculturas.
2. Reduz e simplifica as interações
biológicas.
3. Sistemas poucos estáveis, com
grande problema de desequilíbrio.
4. Formado por indivíduos com alto
potencial produtivo, necessitam de
condições especiais para produzir
e são altamente sensíveis às
variações ambientais.
Aspectos
Socioeconômicos
1. Retorno econômico em médio e
longo prazo, com elevado objetivo
social.
2. Relação capital/homem baixa.
3. Alta eficiência energética. Grande
parte da energia introduzida é
produzida e reciclada.
4. Alimentos de alto valor biológico e
sem resíduos químicos.
1. Rápido retorno econômico, com
objetivo social de classe.
2. Maior relação capital/homem.
3. Baixa eficiência energética. A
maior parte da energia gasta no
processo produtivo é introduzida
e, é, em grande parte, dissipada.
4. Alimentos de menor valor
biológico e com resíduos.
Fonte: Adaptado de HESPANHOL (2005)
4. Normas para produção de leite agroecológico
Para a produção de leite ser considerada agroecológica, é indispensável o
cumprimento de alguns requisitos básicos. Para verificar a conformidade da produção e
identificar quais os aspectos que necessitam de adequações, pode-se utilizar o seguinte
quadro.
Quadro 2. Normas para produção de leite agroecológico
Da produção animal
Qual a origem da alimentação dos
animais?
Deve-se evitar o uso de alimentos produzidos fora da
propriedade e de forma convencional (não agroecológica).
Existe diversidade de culturas? Apesar da busca pela produção de leite agroecológica, a
diversificação da propriedade é fundamental.
O sistema de produção proporciona
aos animais (vacas, bezerros, touro,
etc...) bem estar?
Os animais devem ser criados com acesso livre à pastagem,
em abundância e com qualidade, assim como o acesso à
agua e sombra.
Qual a condição das instalações? As instalações, como sala de ordenha e estábulo, devem
sempre estar limpas, devem ser ventiladas e adaptadas
para melhor atender as necessidades do ordenhador. Os
equipamentos, como resfriador e latões, devem estar limpos
e devidamente higienizados.
Utiliza sistemas de integração entre a
produção animal e vegetal?
Utilizar o sistema de rotação de piquetes, rotação de
espécies (com ovinos, por exemplo), integração lavoura-
pecuária e sistema silvopastoril.
Do depósito de insumos e ferramentas
Os insumos utilizados na produção de
leite agroecológica estão separados
dos da produção convencional?
Caso haja insumos da produção convencional na
propriedade, devem ser armazenados separadamente.
Os equipamentos utilizados são de
uso exclusivo da produção
agroecológica? (Pulverizador, etc...)
Não devemos compartilhar equipamentos e utensílios da
produção agroecológica com a convencional.
Da legislação ambiental
Cumpre as exigências descritas no
Código Florestal Brasileiro?
Deve-se proteger as nascentes e cursos d’agua, e manter
parte da propriedade com mata nativa. Devemos verificar as
exigências para a região da propriedade.
Da família
A família consegue garantir sua
própria alimentação?
A alimentação de toda a família deve ser de qualidade e
quantidade suficiente. A propriedade deve fornecer a maior
parte do alimento, se tornando menos dependente do meio
externo.
Todos da família são envolvidos nos
afazeres e nas tomadas de decisão?
É importante que cada integrante da família tenha seu papel
na propriedade, assim como nas decisões. Com isso, a
responsabilidade é compartilhada.
A família se preocupa com o
consumidor de seus alimentos?
Produzir um alimento de qualidade e seguro é benéfico para
os consumidores do leite e para a própria família.
Do manejo do lixo
Qual o tratamento/destino do lixo
seco produzido na propriedade?
Os resíduos orgânicos devem ser destinados à
compostagem e poderem ser utilizados como insumo. O
restante do lixo deve ser separado para reciclagem.
Qual o tratamento/destino dos
efluentes líquidos?
A agua resultante da lavagem das instalações e
equipamento que contenha dejetos, resíduos de detergentes
ou outro produto químico deve ser canalizada e destinada
ao tratamento, para evitar a contaminação do solo. Assim
como os efluentes da casa (como esgoto da cozinha e
banheiro).
2. Manejo ambiental
Maichel Lange
Marcel Moreira de Brito
1. O que é meio ambiente?
Meio ambiente envolve tudo aquilo que é vivo e materiais inorgânicos que ocorrem no
planeta Terra, ou em alguma região dela, que afetam os ecossistemas e a vida dos seres
humanos.
Meio ambiente é um aglomerado de unidades ecológicas que funcionam como um
sistema natural, e incluem toda a vegetação, animais, micro-organismos, solo, rochas,
atmosfera e fenômenos naturais que podem ocorrer em seus limites. Também
compreende recursos e fenômenos físicos como ar, água e clima, assim como energia,
radiação, descarga elétrica, e magnetismo.
Até pouco tempo quando se falava em meio ambiente, lembrávamos da água, da terra,
do ar das arvores, mas de forma isolada. Atualmente pensamos em tudo isso, mas na sua
relação com os homens e com a nossa produção. Portanto, os humanos são apenas uma
parte integrante do meio ambiente, que depende totalmente do seu equilíbrio para
sobreviver.
2. A Legislação Ambiental
A produção agroecológica tem como princípio manter o equilíbrio biológico nos
agroecossistemas, para tal, a legislação ambiental brasileira busca a conservação dos
cursos d’agua, matas ciliares e fauna e flora nativa, por exemplo.
Portanto, estar em conformidade com a legislação ambiental é muito importante,
principalmente com relação às áreas de preservação permanente e de reserva legal.
As Áreas de Preservação Permanente (APP) são locais em torno de rios, nascentes,
lagos, lagoas artificiais e morros. De acordo com a lei, o tamanho da área vai depender
do tamanho da propriedade.
 Propriedades com até 1 módulo fiscal: é necessário isolar um espaço de 5 metros
do curso d’gua;
 Propriedades de 1 a 2 módulos fiscais: é necessário isolar um espaço de 8
metros do curso d’agua;
 Propriedade de 2 a 4 módulos fiscais: é necessário isolar um espaço de 15
metros do curso d’agua;
 Propriedades com mais de 4 módulos fiscais: é necessário isolar um espaço de
30 metros para cursos d’agua de até 60 metros de largura, maiores que isso deve-se
deixar um espaço de pelo menos a metade da largura do curso, desde que seja no
máximo 100 de mata.
Figura 1. Exemplo de isolamento de cursos de água conforme o módulo fiscal de cada
propriedade.
Fonte: Cartilha do Código Florestal Brasileiro
Para nascentes, é necessário deixar 15 metros isolados em volta de toda ela,
independentemente do tamanho da propriedade.
Figura 2. Exemplo de isolamento de nascente.
Fonte: Cartilha do Código Florestal Brasileiro
As Áreas de Reserva Legal (ARL) são destinadas à preservação das espécies nativas
de plantas da região e também das espécies animais. No Paraná, toda propriedade deve
mantes 20% da área total para ARL. No caso de propriedade menores de 4 módulos
fiscais, que antes dos de 22 de julho de 2008 não tinha esse tipo de área, não necessita
recompor a área, mas se as áreas foram ocupadas após essa data, o proprietário tem que
refazer a ARL.
4. Agricultura e Meio Ambiente
Os insumos químicos foram introduzidos pela agricultura capitalista, colocando
os agricultores numa situação de dependência. No futuro a agricultura não pode continuar
dependendo desse tipo de insumos, porque esses recursos se esgotam. Por outro lado,
através da interação de animais e plantas ou da interação vegetal com a vida animal é
possível evitar determinados problemas técnicos quem foram causados exatamente pelo
uso desses produtos químicos na agricultura.
Pelas experiências já existentes com as tecnologias socialmente e ecologicamente
apropriadas é possível reduzir o tempo de trabalho necessário do agricultor no processo
produtivo, sem diminuir o seu valor gerado, tendo em vista que, para isso, o agricultor
precisa introduzir mais conhecimento.
Ao agregar mais valor à produção, industrializando-a e colocando-a no mercado de
uma forma diferenciada torna-se necessário articular a relação com o consumidor. Dessa
forma, é possível produzir alimentos mais saudáveis, para o mercado local. Numa primeira
instância os agricultores familiares seriam favorecidos, em função da melhoria
de sua própria qualidade de vida. Numa segunda instância, aumentaria a produção de
alimentos para além das necessidades dos agricultores, contribuindo para a melhoria da
qualidade de vida de toda uma região, tendo o trabalho familiar como base de uma nova
relação com a natureza e o capital.
3. Manejo Reprodutivo e Índices Zootécnicos
Angela Fernanda Storti
Caroline Hoscheid
Maria LuizaFischer
Rodrigo Cesar dos Reis Tinini
O manejo reprodutivo é fundamental para elevar os índices produtivos do rebanho,
conhecidos também como índices zootécnicos. No caso das fêmeas envolve vários
eventos na vida do animal: desmama, puberdade, parto, período de serviço, idade à
primeira cria, intervalo de partos e manejo pré-parto.
O manejo adequado depende da eficiência reprodutiva (ER) tanto do animal como de
todo o rebanho. Onde esse manejo se torna ineficiente, poderá ocorrer o aumento no
descarte involuntário, redução na produção de leite, o aumento do intervalo entre
lactações, entre outros fatores.
A vida útil produtiva de uma fêmea envolve fases importantes que dependem de
decisões fundamentais a serem tomadas, visando maior produtividade e lucratividade.
Para tanto, os principais tópicos para uma produção eficiente serão abordados a seguir.
Raças destinadas à produção de leite
As principais raças hoje encontradas são:
 Raças européias especializadas, como a Holandesa, a Parda-Suíça e a Jersey;
Figura 1. Raças européias
 Raças zebuínas leiteiras, como a Gir e a Guzerá;
Figura 2.Touros de raça zebuínas
 Vacas mestiças, resultantes do cruzamento de raças européias com raças
zebuínas.
Figura 3. Animais resultantes de cruzamento
1. Desmama
A desmama é uma fase que envolve a separação do bezerro da vaca e também de
mudança na alimentação do bezerro, que antes tinha como base exclusivamente o leite
passando para uma dieta contendo apenas alimentos sólidos. A idade de desmama do
bezerro irá depender, basicamente, de dois fatores principais: o custo do alimento e o
estado físico geral do animal. O custo do alimento é certamente a principal causa do
desaleitamento precoce; quanto mais cedo for desaleitado o bezerro, maior quantidade de
leite poderá ser comercializada (SCHALCH, 2001).
Se por um lado o desmame precoce favorece a vaca, deve-se ter o cuidado para não
prejudicar o futuro desenvolvimento do bezerro. De acordo com Restle e Vaz (1998), o
objetivo do desmame precoce não é promover ganhos de peso superiores aos obtidos ao
pé da vaca, e sim promover um desenvolvimento que não prejudique o desempenho
futuro do animal.
Figura 4. Animais desmamados
2. Idade ao Primeiro Parto (IEP)
A idade ao primeiro parto varia conforme a alimentação fornecida na propriedade,
porém, não se deve entourar e/ou inseminar fêmeas com um peso menor que 300 kg, não
comprometendo a vida reprodutiva do animal em uma gestação em estado corporal não
condizente. O ideal é que o parto ocorra aos 24 meses, e idades acima dos 27 a 30
meses devem ser consideradas altas, indicando problemas com o manejo pós-desmama e
a puberdade.
Para as novilhas com sangue europeu, o peso ideal é por volta dos 300 á 320 kg/vivo,
a partir dos 12 a 18 meses. As novilhas Holandesas e Suíças devem ser criadas que entre
16 a 18 meses de idade deverão estar pesando aproximadamente 350 Kg, possuindo
condições de receberem a primeira inseminação. Já as novilhas Jersey, entre os 14 e 16
meses de idade e peso aproximado de 220 Kg, já se encontram em condições de
receberem a primeira inseminação.
Sendo assim, as novilhas deverão estar parindo e iniciando a primeira lactação com
idade entre 24 e 27 meses, e terminando a mesma ao completarem 3 anos de idade.
3. Parto
O dia do parto ocorre ao nascimento do bezerro, onde deve ser efetivada uma das
mais significativas práticas de manejo, da qual dependerá a saúde do bezerro: a ingestão
do colostro e a cura do umbigo, tendo consequências muito benéficas nos recém-
nascidos.
O colostro é o leite disponível no parto e de consumo exclusivo da cria. Do segundo ao
quinto dia ordenha após o parto o leite é chamado de leite de transição, sendo estes
conhecidos pelos produtores como “leite sujo”, por não poder ser comercializado. O
colostro deve ser utilizado na alimentação do bezerro que acaba de nascer, pois é a única
forma de protegê-lo contra possíveis doenças que podem surgir nos primeiros meses de
vida e garantir o bom desempenho das futuras matrizes do rebanho.
Após o nascimento é importante fazer a cura do umbigo, pois o bezerro ao nascer
apresenta uma abertura na região umbilical que serve de porta de entrada para bactéria
que irão causar infecções em diferentes locais do organismo. A melhor forma de fazer a
cura desta região é fazendo a imersão do umbigo em solução de iodo, na concentração de
10% em álcool, causando a desidratação do umbigo e evitando o aparecimento de
bicheiras. Demais informações podem ser obtidas no capítulo: Manejo Sanitário em
Bovinos Leiteiros, no tópico: Colostragem e Cura de umbigo.
4. Período de Serviço (PS) e Intervalos Entre Partos (IEP)
O período de serviço compreende as datas do parto à fecundação, onde a vaca passa
de vazia à prenhe. Um problema ocorrido durante o parto ou mesmo nutricional pode
prejudicar fortemente essa fase da criação. O ideal é de que seja no máximo 85 dias,
obtendo então um bezerro ao ano.
O intervalo entre partos é o período compreendido entre o parto anterior e o seguinte,
Quanto maior o PS, maior será o intervalo entre partos.
Somado o período de gestação e o período de serviço, o valor ideal é de 12 meses,
mas períodos de 13 e 14 meses também são considerados bons e caso esses valores
encontram-se acima dos indicados é necessário corrigir os problemas reprodutivos da
propriedade.
6. Período Seco / Pré-parto (PSe)
O seco é importante para as fêmeas se preparem para o parto seguinte, juntamente
com o período pré-parto. Neste ponto as fêmeas devem ser secas, o que significa que se
deve parar de ordenhá-las. Uma das maneiras de realizar esta prática é separar o mesmo
dos animais em lactação, diminuir a disponibilidade de alimento e parar de ordenha-la, o
ideal é por volta de 60 dias antes do parto, permitindo a recuperação e preparação da
glândula mamária para a lactação seguinte.
8. Porcentagem de Vacas em Lactação
É o número de vacas em lactação dividido pelo número de vacas total do rebanho. O
ideal é que este valor fique em torno dos 80-85%, indicando uma boa proporção de vacas
lactentes para vacas secas. Valores acima destes indicam que há maior quantidade de
vacas secas, demonstrando inadequado desempenho reprodutivo do rebanho.
4. Manejo Sanitário
Caroline Hoscheid
Hâmara Milaneze de Souza
Vanice Marli Fulber
O manejo sanitário é um conjunto de atividades que tem por objetivo a manutenção da
saúde do rebanho. Envolve alimentação adequada, exercícios regulares e acesso a
pastagem que promovem a melhoria da capacidade imunológica dos animais. Além das
medidas preventivas, adequação da higiene nos ambientes, nas instalações e com os
animais, vacinações e controle parasitário (por ex. vermes, moscas, carrapatos, etc.)
tornam os organismos mais resistentes contra as doenças.
A manutenção da saúde das vacas leiteiras está diretamente relacionada ao manejo
no período pré-parto e parto da vaca, colostragem e cura do umbigo das bezerras,
vacinações e controles parasitários, que serão abordados a seguir.
1. Pré-parto
Inicialmente, é importante relembrar que a lactação de uma vaca deve ser encerrada
nos dois últimos meses de gestação, para proporcionar descanso à glândula mamária e
formação de colostro para a posterior lactação.
Além da secagem, faz-se necessário oferecer um ambiente que promova o bem estar
desses animais, com sombreamento, pastagem e água de boa qualidade, proporcionando
condições favoráveis ao parto, conforme a Figura 1.
O fornecimento de uma dieta equilibrada neste período é essencial, com atenção
especial ao fornecimento de sal mineral (sal aniônico), proporcionando uma menor
incidência de enfermidades após o parto, como por exemplo, a hipocalcemia (febre do
leite), retenção de placenta, metrites, mastites, cetoses e deslocamento de abomaso.
Figura 1. Piquete sombreado para vacas.
2. Parto
Por ser um momento de muito estresse para o animal, a interferência durante o parto
deve ser mínima, sendo indicada apenas quando há problemas no parto (distocias) que
atrapalhem o processo normal de nascimento do bezerro. É importante lembrar que em
interferências arriscadas, faz-se necessário o apoio de um profissional habilitado, evitando
maiores problemas e complicações durante e após o parto, diminuindo o risco de morte do
animal e/ou bezerro.
Devem ser observadas na primeira ordenha a saúde da glândula mamária (úbere e
tetos) e a possível presença de retenção de placenta (Figura 2), que é caracterizada pela
permanência dos restos placentários no útero da vaca por mais de 12 horas após o parto.
A observação de qualquer anormalidade no animal é fundamental para intervir de forma
eficiente antes de agravar o problema.
Figura 2. Vaca com retenção de placenta.
3. Colostragem e Cura de Umbigo
O colostro deve ser fornecido logo após o nascimento do bezerro, sendo que a
ingestão deve ser de 6 litros nas primeiras 12 horas de vida e 2 litros após 12 horas de
vida, totalizando 8 litros de colostro no primeiro dia.
A cura de umbigo deve ser realizada juntamente com a colostragem, pois o
procedimento previne à ocorrência de infecções umbilicais (onfalites) que podem gerar
inúmeros problemas, como hérnias umbilicais (Figura 3) e até mesmo a morte do animal.
O produto ideal a ser utilizado é a solução de iodo a 5% que pode ser preparado da
seguinte forma: misturar álcool 70% e tintura de iodo a 10%, na proporção 1:1 (1L de
álcool + 1L de iodo 10%).
A cura de umbigo pode ser observada na Figura 4 a seguir. A solução deve ser
armazenada em um recipiente escuro (para evitar a inatividade do iodo ao entrar em
contato com a luz solar) e com boca larga, facilitando a aplicação em todo umbigo. A
solução deve ser descartada sempre que estiver suja e o curativo deve ser realizado duas
vezes ao dia, por um período de três a quatro dias.
Figura 4. Cura do Umbigo.
A) Corte de umbigo de 4 dedos de tamanho; B) Tamanho do umbigo após limpeza e corte; C)
Preparação da solução iodada para submergir o umbigo em recipiente de boca larga; D e E)
Completa imersão de umbigo; F) Umbigo com imersão completa pela solução iodada.
4. Tratamento de Doenças
Várias doenças acometem o rebanho leiteiro, possuindo causas e origens diferentes.
Para tanto, faz-se necessário tratá-las da forma correta, proporcionando maior agilidade
na recuperação do animal, redução de custos e aumento da produtividade. Para evitar
insucessos de tratamento e perdas econômicas com medicamentos e diminuição da
produção, faz-se necessário o suporte de um técnico habilitado.
Outra forma de tratamento de doenças é a medicina homeopática. Eficiente no
tratamento de animais em doenças que afetam parte ou o conjunto do rebanho é uma
ferramenta para prevenir e curar doenças sem risco de contaminações residuais de
tratamentos convencionais com fármaco-químicos.
O uso da homeopatia no tratamento de animais tem resultado em médio prazo e
eficientes sobre patologias graves, reduz custos, melhora a rentabilidade das atividades
produtivas e fácil administração para todas as categorias (PIRES, 2005).
5. Vacinações
No sistema agroecológico, assim como na criação convencional, todas as vacinas e
exames determinados pela legislação de sanidade animal são obrigatórios. No Paraná,
são obrigatórias as vacinas de brucelose e febre aftosa.
Vacina Categoria/idade Observação
Brucelose Fêmeas / 3 a 8 meses Deve ser realizada por técnicos
cadastrados na Adapar
Febre Aftosa 0 a 24 meses (maio)
Todo o rebanho (novembro)
Necessita ser comprovada junto a
Adapar
Carbúnculo Todos/acimas de 3 meses Repetir a cada 6 meses até os 2
anos de idade
Vacinações raiva, leptospirose, rinotraqueite infecciosa dos bovinos (IBR), diarréia viral
bovina (BVD) e demais, também são amplamente realizadas nos rebanhos, ficando a
critério do produtor quanto indicada sua necessidade.
Figura 5. Novilha vacinada para Brucelose; marcação do lado esquerdo com V4.
6. Controle de Endo e Ectoparasitas
A endoparasitose nada mais é que a verminose dos animais manifestada a partir dos
3 meses de idade nos bovinos. Os maiores prejuízos ocorrem em animais mais jovens, de
até 2 anos de idade, prejudicando seu desenvolvimento, como observado na Figura 6.
Para combatê-las, o sistema de pastejo deve ser preferencialmente rotativo para melhor
controle de parasitoses.
As principais formas de controle da verminose em sistemas agroecológicos são:
 Higienização das instalações;
 Boa nutrição;
 Não deixar os animais em contato com fezes;
 Usar produtos fitoterápicos e homeopáticos;
 Promover a rotação de pastagem.
Figura 6. Bezerros acometidos por verminose.
Já os ectoparasitas são os carrapatos, bernes e moscas. Causadores de diversas
enfermidades provocam a redução da produção e desempenho dos animais, além de
interferir em seu bem-estar. Existem diversas receitas e/ou procedimentos para o
tratamento de animais que se adequam ao sistema agroecológico, alguma delas são:
 Repelentes contra moscas e piolhos: Cravo-de-difunto (Tagetessp.), macerar
100g de folhas e flores secas, e colocar em uma garrafa com 1litro de álcool e vedar bem.
A garrafa deve ser guardada deitada em lugar seco e escuro por 8 a 15 dias. A tintura,
depois de pronta, deve ser coada e diluída em 20 litros de água. Esta diluição pode ser
usada pulverizando sobre os animais e sobre os locais de infestação.
 Bicheiras e bernes: Alho (Alliumsativum), tritura-se 20g de alho e mistura-se a
pasta/suco do alho com 500g de gordura (banha de porco ou manteiga), em seguida, leva-
se essa mistura ao fogo até derreter. Guardar em recipiente limpo. A Parta pode ser usada
sobre as feridas até a cicatrização.
5. Boas práticas de manejo de ordenha
Cibele Regina Schneider
Jéssica Gabi Dessbessel
Magali Soares dos Santos Pozza
1. Introdução
Ao tratar de manejo de ordenha, deve-se sempre utilizar boas práticas que visam
buscar a saúde do animal e a qualidade do leite. O ordenhador deve estar sempre atento
a certos sinais apresentados pelas vacas, como por exemplo: olhos fundos, pelos
arrepiados, diminuição na ingestão de alimentos, parada da ruminação, queda na
produção de leite e alterações na urina ou nas fezes (muito mole, ou muito seca, ou com
sangue) que podem ser indicativos de problemas de saúde.Conforme a Instrução
Normativa nº 62, de 29 de dezembro de 2011, que veio a substituir a IN nº 51 de 2002,
publicada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), onde
regulamenta a produção, identidade, qualidade, coleta e transporte do leite tipo A, leite cru
refrigerado e leite pasteurizado, o objetivo é melhorar a qualidade do leite, diminuindo a
quantidade de Contagem de Células Somáticas (CCS) e de Contagem Bacteriana Total
(CBT), (BRASIL, 2011).
2. Passos para um bom manejo de ordenha
 Cheque se o local de ordenha está preparado para receber as vacas, o local
deve estar limpo, seco, arejado e bem iluminado, longe de esterqueiras, chiqueiros e
fossas.
Figura 1: Local de ordenha.
 Conduza as vacas para o local de ordenha com calma, sem bater nos animais,
nem correr e nem gritar. Não faça movimentos bruscos, não use instrumentos de
agressão (pau, corda, chicote, ferrão e bastão elétrico).
 Respeite a formação da linha de ordenha. Ordenhe primeiro as vacas em boas
condições de saúde e deixe para o final as vacas com problemas. O ideal é seguir a
seguinte sequência: vacas de primeira cria; vacas saudáveis; e por último as vacas que
tiverem problemas de mastite.
 Lave as mãos e antebraços antes de iniciar o manejo, para evitar contaminações.
 Lave os tetos com água corrente somente quando estiverem sujos, não molhe o
úbere. Limpar bem os tetos com toalha úmida (água e desinfetante – pré-dipping) realize a
secagem dos tetos com papel toalha, mas, na falta deste, pode-se utilizar “pano” para
secagem, o qual deve ser desinfetado entre uma vaca e outra, e se possível, ter um pano
para cada vaca.
Figura 6: Tetos higienizados.
 O pré-dipping é recomendado a imersão dos tetos em solução clorada para
reduzir a contaminação. Faça o pré-dipping em todos os tetos e deixe a solução agir por
aproximadamente 30 segundos antes de secar com a toalha de papel.
 Faça o teste da caneca de fundo preto para o diagnóstico de mastite clínica,
cheque teto por teto. Se o teste der negativo continue a ordenha. No caso do resultado do
Figura 3: Vacas sendo ordenhadas, de acordo com a linha de ordenha.
teste ser positivo,ou seja, apresentar grumos, transfira a vaca para a última bateria da
linha de ordenha, onde o leite desta será descartado.
Figura 7: Teste da caneca de fundo preto.
 No máximo a cada 15 dias realizar teste de CMT (Califórnia Mastits Test), para
diagnosticar mastite subclinica. De acordo com a quantidade de células somáticas do leite,
forma-se um gel, de espessura variada. Se a quantidade de células somáticas for baixa,
não irá formar gel e o resultado será negativo.
Figura 8: Solução e raquete para teste de CMT.
 No caso de ordenha com bezerro ao pé, libere o bezerro e deixe que ele mame
um pouco em todos os tetos para estimular a descida do leite, afastando-o do úbere logo
em seguida. Não puxe o bezerro pela cauda ou orelhas.
 Colocar o conjunto de teteiras (máximo 1 a 2 minutos após a limpeza dos tetos),
prestar atenção para retirá-lo logo que o leite parar de sair.
 Enxaguar e desinfetar sempre as teteiras após o uso em cada vaca (água e
desinfetante).
Figura 11: Maneira incorreta e correta para limpeza das teteiras.
 Logo após a ordenha fazer a imersão dos tetos em solução pós-dipping, cuja
principal função é proteger o esfíncter contra a entrada de microrganismos.
Figura 12: Solução pós-dipping.
 Encaminhar as vacas para a alimentação logo após o termino da ordenha, e não
durante a ordenha. Isto fará com que tenha tempo suficiente para fechar o canal do
esfíncter, evitando assim, possíveis contaminações que poderão causar mastite.
Figura 13: Vacas em alimentação pós-ordenha.
 Realizar a limpeza dos equipamentos e do local logo após o término da ordenha,
com produtos adequados (produto alcalino ou ácido, desinfetantes).Depois de lavados,
coloque-os virados para baixo em local limpo, para secarem naturalmente. Após cada
ordenha deixe as instalações e todos os equipamentos, materiais e utensílios preparados
para o início da próxima.
Figura 14: Forma correta e incorreta respectivamente.
 Armazenar o leite em local adequado, com temperatura ideal (+/- 4ºC), o mais
rápido possível, mantendo esta temperatura até a hora do transporte deste. E trocar a
água do freezer a cada 15 dias quando os tarros forem imersão.
Figura 15: Forma correta e forma errada respectivamente.
6. Manejo ecológico do solo
Fábio Corbari
Gabriele Larissa Hoelscher
Wilson João Zonin
1. Introdução
O solo é um dos fatores mais importantes para qualquer produção agrícola, seja ela
uma lavoura de cereais, grãos, frutas, ou até mesmo a produção animal. É do solo que
extraímos os nutrientes necessários, em forma de alimento, que irão nos nutrir e nutrir os
rebanhos que produzimos, sendo assim, de suma importância á manutenção das
condições ideais do solo, para que possamos produzir da melhor forma possível.
A relação do solo pastoril com a produção leiteira é triangular. A planta não é somente
o produto do solo, mas também da influência do gado. O animal de pastejo tem influência
sobre a vegetação e esta sobre o solo, sendo formada pela pastagem que recebe. A
produção animal depende do solo, uma vez que em solos pobres a vegetação será pobre
e os animais que nele viverem serão fracos, deficientes, pesteados e com
desenvolvimento de fertilidade reduzida (PRIMAVESI, 1999 e 2002).
Figura 1. Inter-relação triangular do solo-pasto-gado. Os três fatores estão
relacionados, se um estiver desalinhado, ocorre o processo de degradação e uma baixa
produção.
2. Manutenção de um solo vivo
O solo é um componente vivo e está em constante transformação, que se não for
manejado de maneira correta, pode ser degradado e diminuir sua função produtiva. O solo
não pode ser visto apenas como um suporte para a planta, pois todas suas relações
complexas são essenciais para uma produção sustentável, que é o que buscamos.
De acordo com Primavesi (2008), o manejo agroecológico dos solos se baseia em
cinco pontos fundamentais:
A manutenção desse material orgânico esta relacionada com os processos de manejo
e revolvimento do solo. Portanto, a matéria mineral e orgânica como os estercos animais,
restos vegetais, compostagem e os biofertilizantes devem ser incorporados nas camadas
superficiais do solo, visando essa estruturação, pois essa camada tem a função de ser a
“pele” do solo, dando proteção contra erosão, perda dos seus nutrientes, compactação
pela gota da chuva e exposição do solo a microrganismos prejudiciais as plantas.
3. Adubação
A adubação adequada não é aquela que corrige alguma deficiência mostrada na
análise de solo ou que se faz porque talvez melhore a produção de forragem. A
fertilização correta é realizada para suprir a necessidade demonstrada pela forrageira
(PRIMAVESI, 2002). A falta dos nutrientes provoca nas forrageiras os sintomas de
deficiência. No animal, tais deficiências causam, por sua vez, anormalidades diversas
(MALAVOLTA et al., 1986), conforme apresenta a Tabela 1.
Tabela 1. Relação entre deficiências nutricionais nas forrageiras e anormalidades no
animal
Elemento
Planta
Animal
N
Menor crescimento e perfilhamento
(gramíneas, clorose nas folhas velhas.
Menor crescimento
P
Redução no crescimento, envelhecimento
precoce. Verde mais escuro nas folhas.
Menor fixação de N (leguminosas).
Diminuição no crescimento e
fertilidade. Má formação de
dentes e ossos.
K
Menor crescimento, espigas mal
granadas, vagens cochas. Clorose, necrose e
secamento de ponta e margens das folhas.
Diminuição na fixação de N2 (leguminosas).
Menor crescimento, fraqueza
e paralisia. Degeneração dos
órgãos. Desordens nervosas.
Ca
Redução no crescimento radicular.
Clorose nas folhas novas. Morte de gemas.
Menor fixação de N2.
Desequilíbrio no balanço. Má
formação de ossos e dentes.
Mg
Crescimento reduzido. Clorose das folhas
velhas. Redução na fixação de N.
Tetania dos pastos.
S
Redução no crescimento e na fixação no
N. Clorose nas folhas novas.
Menor crescimento.
Desordem na pelagem.
Cu
Redução no crescimento. Folhas mais
escuras, manchadas e deformadas.
Menor desenvolvimento dos
ossos. Anemia. Má coordenação
motora.
Fe
Redução no crescimento. Clorose nas
folhas novas, menor fixação do N2.
Anemia.
Mo
Redução no crescimento e na fixação do
N. Clorose nas folhas velhas e
estrangulamento ou escurecimento do limbo.
Tremor muscular. Falta de
coordenação motora.
Mn
Menor crescimento. Clorose nas folhas
novas.
Deformação dos ossos.
Infertilidade.
FONTE: Malavolta et. al (1986)
Desta forma, é muito importante o agricultor conhecer o seu solo, realizando análises
periódicas, para compreender o que ele necessita, facilitando o manejo correto, sempre
lembrando que se manejo for irregular e um dos vértices do triangulo solo-planta-gado
estiver desalinhado, ocorre o processo de degradação do seu sistema produtivo.
As principais fontes de adubação dos solos orgânicos são provenientes de dejetos
animais, restos vegetais e adubação verde, sempre buscando o complemento do mesmo
com adubação mineral orgânica.
A adubação verde para sistemas agroecológicos se constitui como um importante
método sustentável de agregar qualidade aos solos. Os adubos verdes tem a capacidade
de fornecer ao solo:
 Nutrientes; Produção de biomassa; Húmus; Aumentar a fixação do nitrogênio;
Controle de plantas e doenças invasoras; Barreira vegetal; Como banco de proteínas, ou
seja, podem servir de alimentação animal, exemplo: leucena, aveia e guandu e
Capacidade de descompactar o solo.
Figura 5. Adubação verde em plantação de milho.
Fonte:Monã - Centro de estudos ambientais.
Tabela 2. Época para o plantio ideal de espécies utilizadas da adubação verde.
Espécie Época de semeadura
Aveia preta Março a maio
Catopogônio Outubro a março
Crotalária juncea Setembro a março
Crotalária spectabilis Setembro a março
Feijão-de-porco Setembro a março
Labe-labe Setembro a março
Leucena Setembro a dezembro
Mucuna-anã Setembro a março
Mucuna-preta Setembro a março
Nabo-forrageiro Março a junho
Tremoço Março a junho
Trevo-branco Março a junho
FONTE: Penteado (2007).
IMPORTANTE LEMBRAR
- O manejo correto do pastejo, com uma lotação animal e divisão de piquetes
adequada, melhora a qualidade e a produtividade do pasto, promove pasto com
regularidade durante todo o ano, melhora a fertilidade do solo e diminui os custos de
produção.
- Diversificar a pastagem com várias espécies, tanto gramíneas como leguminosas,
ajuda na manutenção da fertilidade do solo sendo benéfico a nutrição do animal.
- Matéria Orgânica é essencial para o solo. Deste modo, não é indicado realizar
queimadas e utilizar produtos químicos no pasto, pois podem prejudicar microrganismos e
pequenos animais, de grande importância para levar os nutrientes até as plantas e manter
o solo vivo e fértil.
- O uso da adubação verde (como o Amendoim forrageiro, Stylosanthes, Mucuna,
entre outras) serve de rica alimentação para os animais (altos teores de proteínas),
incorpora matéria orgânica e nutrientes no solo, e colabora para a recuperação de pastos
degradados.
Abaixo os nutrientes que esses adubos podem oferecer (em média):
100 kg de Esterco Bovino oferece: 100 kg de Compostagem oferece:
57 Kg de Matéria Orgânica 31 kg de Matéria Orgânica
1 kg de Fósforo (P2O5) 1,5 kg de Fósforo (P2O5)
...Entre outros elementos benéficos ao solo.
- Pergunte e tire suas dúvidas com os técnicos extensionistas que visitam sua
propriedade e estão disponíveis no assentamento. Eles podem trazer informações
importantes e auxiliar você na solução de problemas e promover mudanças que
aumentarão sua produtividade e bem estar no trabalho.
7. Manejo agroecológico das pastagens
Jaqueline Regina Bergmann
Ludmila Couto Gomes
Marcela Abbado Neres
1. Manejo ecológico da pastagem
Para ter um manejo ecológico de pastagem é preciso respeitar as relações existentes
entre planta, animal, solo e clima, pensando sempre no bem estar animal. A pastagem
deve ser uma cultura perene e após implantada não tem necessidade de ser replantada.
Uma das melhores formas de aplicar o manejo ecológico da pastagem é utilizar o pastejo
rotacionado Voisin onde deve ser seguido os seguintes requisitos:
 A busca por uma diversidade de forrageiras (gramíneas e leguminosas)
 Possuir uma arborização adequada; de preferência com espécies nativas.
 Não deve ser usado adubações químicas altamente solúveis, herbicidas,
roçadas sistemáticas e o fogo.
1.1. Pastejo rotacionado Voisin (PRV)
O pastejo rotacionado Voisin consiste em elevar a concentração de esterco, urina e
fezes dos animais no local em que estão pastejando, elevando a matéria orgânica do solo.
Para garantir o sucesso do pastejo rotacionado Voisin deve ser seguido as quatro leis
chamadas de leis universais do pastoreio racional
1. Lei do repouso: varia de acordo com a pastagem e a época do ano, é uma das
principais leis. A forrageira deve ficar sem pastejo até se recuperar, geralmente é feito
pela altura da planta ou dias de descanso.
2. Lei da ocupação: não deixar os animais mais que 3 dias em um piquete, quanto
mais curto o período de ocupação melhor para a pastagem rebrotar.
3. Lei do rendimento máximo: nesta lei o produtor deve ajudar os animais que
necessitam de maior exigência nutricional como as vacas em lactação, para que estas
entrem primeiro no piquete (formando um lote de animais) e após estas pastejarem as
folhas mais novas, os animais de menor exigência nutricional, as novilhas, vacas prenhas,
o restante do rebanho, (formando outro lote).
4. Lei do rendimento regular: nessa lei não se deve manter os animais mais que
três dias de pastejo somente em um piquete, pois quando a superlotação (número grande
de animais por piquete) e muitos dias de pastejo em somente um piquete, os animais não
tem o mesmo rendimento que no primeiro dia de pastejo, onde há maior aproveitamento
da pastagem.
Para obter um bom manejo do PRV é preciso que o produtor olhe qual é o melhor
piquete para manejar os animais, que não esteja ralo e muito baixo, não é sempre que os
animais vão seguir uma ordem de piquetes, pois as condições climáticas e a fertilidade do
solo influenciam no desenvolvimento da forragem, o sistema PRV melhora a fertilidade do
solo e promove menor ocorrência de erosões.
No sistema PRV é importante ofertar água de qualidade, sombreamento e sal. A agua
e o sal, devem ficar distantes dentro do piquete para que a vaca faça um percurso maior e
defeque e urine durante o seu percurso ajudando na fertilização da pastagem.
1.2. Fertilização orgânica e Biofertilizantes
Os biofertilizantes ou fertilização orgânica são essências para manter as plantas bem
cultivadas. São adubos orgânicos como estercos (suíno, bovino, aves, equinos, caprinos
entre outros), restos vegetais (folhas em decomposição, restos de horta, entre outros), a
palha de milho, o bagaço da cana, bagaço de uva, serragem de madeira entre outros
também podem ser utilizados como adubos orgânicos e podem ser misturados com
estercos para serem incrementados na lavoura. Estes adubos possuem vantagens como:
 Incremento de matéria orgânica
 Fornecem nutrientes para a planta (macronutrientes e micronutrientes)
 Controla a toxidez causada por alguns elementos como o Alumínio tóxico.
 Solo mais macio, baixa compactação do solo.
 Solo com maior capacidade de reter água e melhora a infiltração da água no solo.
O manejo inadequado das pastagens e pouca matéria orgânica no solo podem
ocasionar em grandes problemas como:
 Erosão
 Plantas com deficiência em nutrientes.
 Degradação das pastagens, no que implica em menor aproveitamento da
pastagem pelo animal.
1.3. Adubação verde e Consorciação
A adubação verde é uma prática muito utilizada na agricultura para a fertilização do
solo que consiste no cultivo de leguminosas, gramíneas, crucífera e outras, com a
finalidade de melhorar o solo.
Benefícios da adubação verde:
 Auxiliam na desintoxicação do solo causada por herbicida ou outros produtos
químicos
 Fornece nitrogênio e facilita sua fixação no solo diretamente da atmosfera
 Protege o solo contra os agentes da erosão e radiação solar
 Reduz a infestação de ervas daninhas, incidência de pragas e patógenos nas
culturas
 Aumenta a capacidade de armazenamento de água no solo
 Descompacta, estrutura e areja o solo
 Recupera os solos degradados
 Supre o solo com material orgânico
 Contribui para o sequestro de carbono
 Reduz os teores de alumínio trocável e libera fósforo não disponível para planta
Uma pastagem de qualidade deve contemplar a consorciação do capim com
leguminosas forrageiras. Esta consorciação poderá resultar, a curto prazo, em aumentos
expressivos na produtividade da produção leiteira.
Alguns adubos verdes utilizados na pecuária leiteira ecológica: feijão guandu, leucena,
calopogônio, estilosantes mineirão, estilosantes campo grande, puerária, soja-perene,
centrosema, siratro, cratília.
Quadro 2. Recomendação para plantio de algumas espécies de adubação verde
Fonte: Instituto Giramundo Mutuando, 2005.
2. Reforma ecológica da pastagem
Gramíneas
São boas fontes de
carbono e produtoras de
biomassa, sendo palatável
para os animais
Leguminosas
São importantes fontes de
nitrogênio e facilitam sua
fixação no solo
A reforma de uma área de pastagem pode ser realizada pelo restabelecimento
imediato de uma nova pastagem ou pela reforma por meio de ciclos produtivos de culturas
anuais.
Objetivos da recuperação de pastagens
- Obter um sistema com pastagem de boa qualidade e produtividade
- Ter estabilidade na estação seca e controle de espécies invasoras;
- Aumentar a número de espécies forrageiras (entre gramíneas e leguminosas) para
enriquecer a pastagem.
As principais causas de degradação das pastagens no Brasil são decorrentes da
praticas equivocadas de manejo dos animais e das plantas forrageiras, tais como:
 O uso contínuo do fogo;
 O pastejo contínuo numa mesma área, sem divisão dos pastos;
 A utilização de monoculturas de pastos (um só tipo de gramínea).
Essas práticas causam o esgotamento da fertilidade dos solos e o aparecimento de
pragas e doenças e de plantas invasoras.
A avaliação do grau de degradação ajuda a definir a estratégica mais adequada para a
recuperação
A recuperação das pastagens deve ser por meio de práticas agroecológicas de
manejo, entre elas:
 O uso prolongado da adubação orgânica animal
 O uso da adubação verde
 O uso do pastejo racionado (troca de piquetes)
 O uso de técnicas de conservação de solo (curva de nível)
 A arborização dos pastos
 A análise de solo ajuda a planejar a reposição de macro e micro nutrientes e a
avaliar a recuperação da fertilidade de uma pastagem.
Em estágios mais avançados de degradação é necessário adotar práticas como:
 Sobressemeadura consorciada de gramíneas e leguminosas
 Uso de calcários em área parcial ou total,
 Preparo mecanizado do solo,
 Reforma de curvas de nível com arborização.
Na pecuária leiteira ecológica, a reforma de pastagens degradadas deve ser
empreendida aos poucos, de acordo com as reais possibilidades do agricultor.
3. Integração lavoura-pecuária para a produção de silagem
A alternância temporária (rotação) de cultivos para grãos e pastagens de gramíneas ou
leguminosas vem sendo denominada na agricultura convencional de “integração lavoura-
pecuária”. Esta integração, na Agroecologia, é condição necessária para o desenho de um
sistema de produção sustentável e se dá por meio do planejamento da produção agrícola
e pecuária a médio e longo prazo, de forma que haja uma potencialização de ambas as
culturas: as lavouras e os animais.
Os benefícios da Integração lavoura-pecuária:
 Gera renda complementar para a família agricultora;
 Recupera, de forma eficiente, a fertilidade do solo, por meio da melhoria nas
propriedades físicas, químicas e biológicas do solo;
 Diminui o custo da reimplantação da pastagem, o que facilita a renovação da
mesma;
 Controla pragas, doenças e invasoras;
 Recicla os nutrientes do solo;
 Aproveita o adubo residual do cultivo anual;
 Aumenta a produção de grãos e resíduos para os animais;
 Facilita as práticas de conservação de solo;
 Diversifica o sistema produtivo;
 Aumento da produtividade e lucratividade do sistema.
Na rotação de cultivos anuais de grãos com pastagens perenes, as forrageiras
normalmente produzem grande quantidade de matéria seca, o que mantém o solo coberto
e diminui a incidência de pragas e doenças nas culturas subsequentes.
A utilização de plantas forrageiras anuais na alimentação animal nas áreas de lavoura,
como é o caso do Feijão-Guandú, pode contribuir na suplementação alimentar para o
gado no período de inverno, após a retirada dos grãos da lavoura. Isso aumenta a oferta
de leite durante este período crítico para a pecuária leiteira, garantindo maior renda para
os agricultores.
Por outro lado, devemos incentivar áreas de produção de forrageiras como sorgo,
milheto, aveias e outras no período denominado “safrinha”. Esta prática, aliada à
conservação do excedente forrageiro produzido nas águas (em piquetes destinados a
fenação e/ou silagem), são essenciais para complementar, ou até substituir, as capineiras
em determinadas épocas. Esta prática aumentará a lucratividade da pecuária leiteira.
3.1 Sistema Barreirão de consorciação do milho com forrageiras
O milho quando consorciado com o capim reduz os custos de recuperação e reforma
das pastagens além da produção de alimentos para a alimentação animal durante o
período de escassez de alimento na forma de grãos, de rolão ou silagem, para a
alimentação humana ou na geração de receita mediante a comercialização da produção
excedente.
No sistema Barreirão, os procedimentos de plantio do milho são os tradicionais. No
entanto, o plantio da forrageira podem ser de duas formas:
1. Simultâneo ao plantio do milho: No plantio simultâneo, dependendo da espécie
da forrageira, as sementes desta são misturadas ou não ao adubo do milho. É importante
cuidar para que a mistura seja feita no dia do plantio e regular a profundidade de
deposição do adubo + sementes para maior profundidade, o que varia com a espécie.
Geralmente, sementes de braquiária podem ser depositadas até 8 cm e de panicum até 3
cm; e as sementes do milho geralmente são depositadas a 3 cm de profundidade no solo.
2. Após o plantio do milho: ou seja, é o plantio defasado da forrageira em 15 a 30
dias depois da emergência do milho: planta-se o milho solteiro e faz-se o semeio da
forrageira juntamente com a adubação de cobertura.
Quadro 3. Produção de grãos de milho (ton/ha) e forragem (MS ton/ha) em sistema
milho-pastagem, com semeadura simultânea.
Consorciação
Capim-
Pojuca
Stylosantes
guinensis
cv Minerão
Arachis
pintoi Milho
Milho solteiro - - - 6,36
Milho + leguminosa - 1,81 0,56 6,40
Milho + leguminosa + gramínea 4,70 0,14 0,22 6,50
Fonte: http://www.beefpoint.com.br
Quadro 4. Produção de grãos de milho, sorgo, soja e arroz (ton/ha) em consórcio ou
não com Brachiaria brizanta
Consorciação Solteiro Consorciado
Milho 6,88 6,79
Sorgo 3,67 3,58
Soja 3,06 2,41
Arroz 2,00 1,50
Fonte: http://www.beefpoint.com.br
8. Sistema de piqueteamento e sombreamento para vacas na
produção agroecológica
Ana Ruth Estrela Almeida
Fernando André Anschau
Josias Luis Fornari
1. Sistema de Piqueteamento
Os piquetes são usados como divisões da área de pastoreio permitindo o
direcionamento do gado para as áreas que apresentam o pasto no seu tempo de repouso
adequado. Em sistemas de criação de animais agroecológicos deve - se oportunizar ao
animal um bom manejo e um bem-estar, onde os mesmos estão submetidos à diversas
condições extra-ambientais as quais podem influenciar diretamente na produção e
consequentemente afetando a renda econômica e sobrevivência das famílias.
Uma vez realizando- se corretamente o piqueteamento, possibilita aos demais
piquetes que o pasto recupere suas reservas para crescer novamente. Esses períodos
variam de acordo com as espécies do pasto, estação do ano e as características
climáticas da região e fertilidade do solo.
1.1 Numero de piquetes
O numero de piquetes é calculado em função do período de descanso que a espécie
forrageira necessita e o período de ocupação dos animais no mesmo piquete. O Quadro
traz o período de descanso das principais espécies utilizadas.
Forrageira
Período de
descanso
Capim-Brachiarão (Brach. Brizantha cv. Marandú) 28 a 35 dias
Capim-braquiária (Brachiaria decumbens) 28 a 32 dias
Capim-coastcross (Cynodon dactylon) 21 a 28 dias
Capim-colonião (panicum maximum) 28 a 35 dias
Capim-elefante (Pennisetum purpureum) 35 a 45 dias
Capim-mombaça (Panicum maximum cv. Mombaça) 28 a 30 dias
Capim-tanzânia (Panicum maximum cv. Tanzânia) 28 a 32 dias
Capim-tifton (Cynodon sp.) 21 a 28 dias
Grama-estrela (Cynodon plectostachyus e nlemfuensis) 21 a 28 dias
Fonte: EMBRAPA (2006)
O período de ocupação ideal para gado de leite no mesmo piquete é de um dia, mas
em caso de grande disponibilidade de forragem, pode ser utilizado 2 dias de ocupação.
Com isso, temos que o cálculo do número de piquetes é:
1.2 Materiais utilizados para a construção de piquetes
É aconselhável que o material escolhido seja resistente, de baixo custo e que
contenha os animais no piquete. Para isso podemos optar para usar bambu, barra de
ferro, palanques de madeira, estacas de eucalipto e galhos de arvore. Deve ser usado
para contenção dos animais arame farpado ou fio de choque.
2. Sombreamento na produção agroecológica
O conforto dos animais é indispensável na produção agroecológica, o estresse térmico
acarreta efeitos negativos tanto na produção quanto na reprodução de vacas leiteiras
(Schütz et al., 2009).
2.1 Métodos para controlar o estresse térmico
 Sombreamento e Refrescando-se na água
Em dias muito quentes as vacas pastejam mais no início da manhã, final da tarde e à
noite. Nos horários mais quentes do dia procuram abrigar-se à sombra ou entram na água
para se refrescar. A melhor sombra é a provida por árvores, isoladas ou em grupos, e que
devem estar presentes nos pastos e piquetes, para proteger as vacas da alta incidência
de radiação solar, principalmente no verão (BARBOSA & DAMASCENO, 2002).
 Sombreamento com o uso de sombrites
Sombrites também são usados para evitar a intensa radiação solar instalações
permanentes ou móveis. Sombrites móveis podem ser colocados nas pastagens e serem
manejados de modo a não criar áreas de constante permanência dos animais, evitando a
degradação do local (DHIMAN & ZAMAN, 2001).
O uso do sombrite é recomendado que fosse com tela de proteção que forneça no
mínimo 80% de sombra que permitirá que o piso se mantenha sempre seco em função da
movimentação dos animais, com altura mínima de 3 metros e largura de 4 metros (PIRES
& CAMPOS, 2004).
9. Manejo nutricional em rebanhos de base agroecológica
André Sanches de Avila
Andressa Faccenda
Jéssica Garcias
Ricardo Dri
Maximiliane Alavarse Zambom
A alimentação animal é um dos principais pontos a serem considerados em um
sistema de produção. Uma dieta adequada é aquela que contém quantidades de proteínas
(PB) e nutrientes digestíveis totais (NDT) capaz de atender as exigências dos animais. A
proteína é um nutriente que faz parte dos músculos e órgãos sendo muito importante para
o crescimento dos animais e produção de leite. Os nutrientes digestíveis totais são os
nutrientes que são aproveitados e fornecerão energia para o animal. Na produção
agroecológica um fato importante a considerar é a qualidade e a origem dos alimentos que
serão ofertados aos animais, visto que nesse sistema a utilização de alguns alimentos e
substâncias são proibidas.
A instrução normativa nº 46, de 6 de outubro de 2011 do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, descreve sobre as listas de substâncias permitidas para uso nos sistemas orgânicos
de produção animal e vegetal da nutrição dos bovinos:
1. Os sistemas orgânicos de produção animal deverão utilizar alimentação da própria unidade
de produção ou de outra sob manejo orgânico, em casos de escassez será permitida a utilização de
alimentos não-orgânicos na proporção da ingestão diária, com base na matéria seca, em até 15%
para animais ruminantes.
2. Para os herbívoros, deverá ser utilizado ao máximo o sistema de pastagem, sendo que as
forragens frescas, secas ou ensiladas deverão constituir pelo menos 60% da matéria seca que
compõe sua dieta, permitindo-se redução dessa percentagem para 50% aos animais em produção
leiteira, durante um período máximo de três meses.
3. Os aditivos e os auxiliares tecnológicos utilizados devem ser provenientes de fontes
naturais e não poderão ser transgênicos ou proteína resultante de modificação genética em seu
produto final.
4. Não poderão ser utilizados compostos nitrogenados não-proteicos e nitrogênio sintético,
como a ureia, na alimentação de animais em sistemas orgânicos de produção.
5. É permitido o uso de suplementos minerais e vitamínicos, desde que os seus componentes
não contenham resíduos contaminantes acima dos limites permitidos e que atendam à legislação
específica.
6. Os mamíferos jovens deverão ser amamentados pela mãe ou por fêmea substituta, na
impossibilidade do aleitamento natural, será permitido o uso de alimentação artificial com leite da
mesma espécie animal no mínimo 90 (noventa) dias para bovinos.
1. Alimentação
1.1 Bezerras
Após o nascimento as bezerras deverão receber o colostro diretamente da mãe. Em
sistema agroecológico é aconselhável que o animal seja amamentado por sua mãe até 90
dias de idade, período então que pode ser desmamado. Antes mesmo do desmame é
interessante que as bezerras tenham acesso a pastagem de boa qualidade, feno e
suplementação concentrada com aproximadamente 18% de PB. Para os bezerros novos o
fornecimento de silagem preferencialmente só deve ser feito a partir do 4 mês de idade.
1.2 Novilhas
A dieta nessa fase deve conter em torno de 14% de PB e 65% de NDT. Na época de
abundância de pastagens, o uso de pastejo rotativo ajuda a controlar a qualidade do pasto
ofertado aos animais. A composição do concentrado a ser fornecido vai depender da
qualidade, disponibilidade e tipo do volumoso utilizado. quanto mais pobre em PB e NDT
for a pastagem, maior é a concentração de PB e NDT que deve ter no concentrado.
1.3 Vacas em lactação
Em um sistema de alimentação para vacas em lactação é necessário que os animais
tenham acesso a pastagens de qualidade e com grande disponibilidade de alimento A
quantidade de concentrado a ser fornecida para uma vaca em lactação depende da
produção de leite deste animal. Vacas em início de lactação devem consumir mais
concentrado, de modo que atinjam o pico de produção de leite e expressem todo o seu
potencial produtivo. Por sua vez, vacas em final de lactação não respondem
produtivamente à oferta de concentrado, de modo que essa pratica encarece os custos
com alimentação sem gerar retorno econômico. No Quadro 1 se encontra a descrição da
quantidade de concentrado a ser fornecido para uma vaca em função do seu estágio de
lactação
Quadro 1. Suplementação concentrada para vacas leiteiras em função da fase de
lactação
Terço inicial da lactação – parto ao 100 dias
Concentrado com 18% a 22% de PB e acima de 70% de NDT
Deve ser fornecido na base de 1 kg para cada 2,5 kg de leite produzido
Terço médio de lactação – 101 aos 200 dias
Concentrado com 18% a 20% de PB
Época de alta disponibilidade de pasto - fornecer 1 kg de concentrado para cada 3 kg
de leite produzidos acima de 5 kg de leite
Época de baixa disponibilidade de pasto - fornecer 1 kg de concentrado para cada 3
kg de leite produzidos acima de 3 kg de leite
Terço final de lactação – 201 aos 305 dias
Nessa fase a quantidade do concentrado é reduzida gradativamente até a sua
completa retirada e consequente secagem da vaca.
Fonte: Adaptado de Carvalho et al. (2002)
1.4 Vacas secas
O período seco tem duração de 60 dias e termina com a nova parição. Uma boa
alimentação nesse período com pastagens de boa qualidade é fundamental para que haja
transferência de nutrientes da vaca para o desenvolvimento do bezerro. Nas duas
semanas que antecedem o parto, deve-se iniciar o fornecimento de pequenas quantidades
do concentrado formulado para as vacas em lactação, para adaptar essas vacas secas à
dieta que receberão após o parto. As quantidades a serem fornecidas variam entre 2,5 a 5
kg de concentrado por dia, dependendo da qualidade do volumoso fornecido e do
potencial produtivo dos animais.
2. Fornecimento de volumosos
O gado leiteiro deve ser manejado em pastagens de excelente qualidade e em
quantidade suficiente para permitir o máximo consumo do animal. Para isto, o manejo dos
pastos em sistema de pastejo rotativo é o mais recomendado. Uma das observações
importantes a serem feitas, é com relação a idade da planta, visto que planta muito velhas
possuem um valor nutricional inferior, o que acarretará em menor desempenho animal.
Durante o período de menor crescimento dessas pastagens, há a necessidade de
alimentar esses animais com outros volumosos como: capim-elefante verde picado, cana
picada, silagem ou feno.
3. Fornecimento de concentrados
Para a suplementação com concentrado pode-se utilizar uma mistura simples à base
de milho moído, subprodutos da agroindústria, farelo de soja ou de algodão, calcário e sal
mineral, sendo que preferencialmente estes ingredientes devem provir de sistemas
agroecológicos. Caso isso não seja possível, é permitido a compra de concentrados
comerciais ou ingredientes que não provenham do sistema agroecológico, desde que
estes não ultrapassem 15% da dieta total.
4. Fornecimento de minerais
O fornecimento de minerais é importante para todas as categorias animais. Para
animais mantidos em pastejo, a suplementação mineral deve estar disponível à vontade,
preferencialmente em cocho coberto no piquete. Para animais alimentados no cocho é
mais seguro e garantido incluir a mistura mineral no concentrado ou na dieta completa que
é ofertada ao animal.
5. Fornecimento de água
O fornecimento de água limpa e de boa qualidade é fundamental para todas as
categorias animais. Ela deve estar à disposição dos animais à vontade, próxima dos
cochos e nos locais de pastejo.
6. Alimentos utilizados
6.1 Alimentos volumosos
 Gramíneas tropicais
Normalmente correspondem em torno de 70% da MS da dieta, promovendo menor
custo ao produtor. O capim pode ser fornecido na forma de pasto como normalmente é
realizado, mas também pode ser conservado na forma de silagem ou feno para épocas de
escassez de alimento.
No sistema de pastejo indica-se o pastejo rotacionado, respeitando sempre a altura de
entrada e saída dos animais, bem como o período de descanso da pastagem. A forrageira
a ser utilizada depende da adaptação desta as condições de solo e clima de cada local.
 Leguminosas
Para a produção leiteira é interessante que além de gramíneas, o produtor possua
uma área com produção de leguminosas que assim possa ter a disposição um banco
proteína e com isso haja redução nos custos com concentrado. Para produção de leite é
ideal que a área de pastagem de leguminosas seja cultivada em 20 a 30% em relação à
área total da pastagem com gramínea. A área da pastagem do banco de proteínas deve
ser dividida em piquetes e o pastejo com os animais tem duração média de 2 horas/dia. 
a. Alimentos conservados
 Silagem
Silagem é a forragem verde armazenada na ausência de ar, sendo conservada
mediante fermentação. Esse volumoso constitui uma importante forma de conservar
grandes volumes de forragem para épocas de escassez de alimento, sendo que ela exige
cuidados com relação ao ponto ideal de corte, compactação e vedação do silo. Dentre as
opções existentes para a ensilagem destacam se o milho, cujo ponte de corte é quando o
grão encontra-se ¾ farináceo e ¼ leitoso. Além do milho outras culturas como o sorgo,
girassol, milheto, aveia e gramíneas como Tifton e a Estrela podem ser utilizados. A
quantidade de silagem a ser ofertada é em torno de 6 a 9 kg para novilhas, 9 a 15 kg para
vacas secas e 14 a 20 kg vacas em lactação. No período de escassez de pasto a
quantidade de silagem a ser fornecida para vacas em lactação pode ser aumentada para
30 a 35 kg/dia, dependendo do tipo de silagem e produção de leite.
 Feno
A fenação é um método de conservação de volumosos que consiste na desidratação
da planta. Para isso, a forragem é cortada e seca ao sol para posterior enfardamento.
Normalmente o feno é produzido quando há excedente na produção de forragens
podendo ser armazenado em períodos de escassez de alimento. Dentre as forrageiras
mais utilizadas destacam-se o Tifton, a grama Estrela e a alfafa.
 Cana-de-açúcar verde
A cana de açúcar é um alimento rico em energia. Recomenda-se fornecer até 40 kg
por vaca por dia, na forma picada. Maiores quantidades podem ocasionar problemas
ruminais, como acidose. Preferencialmente a cana também deve ser fornecida juntamente
com outros alimentos mais fibrosos, tal como o feno.
b. Alimentos energéticos
 Milho
É considerado um alimento concentrado energético. O milho em grão pode ser
fornecido para bovinos em até 70% do concentrado. O milho também pode ser utilizado
também na forma de rolão de milho que consiste na planta inteira moída, incluindo a
espiga após a colheita.
 Casca de soja
A casca de soja é o envoltório do grão da soja e é um alimento rico em energia. Possui
alta palatabilidade e é muito aproveitada pelo animal.
 Farelo de trigo
É rico em fósforo e moderada proteína. Pode substituir o milho da dieta, aumentando o
teor proteico desta.
c. Alimentos proteicos
 Farelo de soja
Pode ter de 44% a 48% de proteína e considerado o melhor alimento proteico, por ter
altos níveis de proteína de boa qualidade, energia e palatabilidade. Pode ser usado para
todas as categorias animais, mas devido ao seu elevado custo recomenda-se usar o
suficiente para atender a exigência de proteína.
d. Alimentos alternativos
A mandioca pode ser utilizada para alimentar o gado, sendo que dela pode-se
aproveitar a raízes, as ramas e as folhas. No entanto, a utilização dessa planta requer
cuidados, pois existem dois tipos de mandioca: a mansa e a brava. A mansa pode ser
fornecida in natura sem problemas, enquanto que a brava possui uma substância tóxica
chamada de ácido cianídrico. Para eliminar essa substância deve- se picá-la e deixá-la
espalhada ao ar livre por 24-72 horas, e no caso do terço superior da rama, esta pode ser
armazenada por 30 dias na forma de silagem. Tomados esses cuidados, as raízes podem
ser usadas como fontes de energia, substituindo até mesmo o milho, as folhas como fonte
de proteína e a rama como fibra podem ser ofertadas no lugar do pasto.
A abóbora pode ser usada para alimentação das vacas leiteiras e devido ao seu sabor
adocicado e por sua suculência é muito apreciada pelos animais. Deve ser distribuída no
cocho picada e de preferência junto com outros alimentos mais grosseiros como silagens,
feno e capim elefante picado. A abóbora é altamente digestível, rica em água e energia.
A rama da batata-doce pode ser fornecida sem restrições aos bovinos. A raiz da
batata doce também pode ser utilizada, recomenda-se fornecer até 10 kg por vaca por dia.
As raízes são colhidas podendo ser retiradas em pequenas quantidades para o
fornecimento imediato aos animais. Outra opção é a colheita total, nesse caso as raízes
ficam secando ao sol de trinta minutos a três horas e em seguida podem ser armazenadas
em local com temperatura entre 13 a 16° C e com boa ventilação de ar. A parte aérea
pode ser pastejada, desidratada parcialmente ou ensilada. Quando fresca, a parte aérea
da beterraba contém uma substância chamada de ácido oxálico, que pode ser tóxica aos
animais. Para evitar essas intoxicações pode-se adicionar 100 a 120g de calcário para
cada 100 kg de folhas frescas. A quantidade máxima a ser fornecida é de 13 kg por vaca
por dia. A raiz da beterraba é um alimento rico em amido e por isso é uma fonte
interessante de energia para o animal. Recomenda-se fornecer, picado, até 30 kg por
vaca por dia. Maiores quantidades podem problemas como acidose ruminal.
Também podem ser fornecidos outros restos de horta aos animais, não havendo
restrições.
10. Literatura citada
BARBOSA, O. R.; DAMASCENO, J. C. Bioclimatologia e bem estar animal aplicados à
bovinocultura de leite. Universidade Estadual de Maringá, Maringá, PR, Jun 2002.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. [2011]. Instrução Normativa n. 62,
de dezembro de 2011. Brasília, 2011.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 46, de 06
de outubro de 2011. Aprova o Regulamento Técnico para os Sistemas Orgânicos de Produção Animal
e Vegetal. Disponível em: <http://extranet.agricultura.gov.br/sislegisLegislacaoFederal>. Acesso em:
23 de Novembro de 2014. Brasília: MAPA/OAC, 2011. Seção I, 19p.
CAPORAL, F. R.; COSTABEBER, J. A. Agroecologia e desenvolvimento rural sustentável:
perspectivas para uma nova Extensão Rural. Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável, v.1,
n.1, p.16-37, jan./mar. 2000.
CARVALHO, L.A. et al. Sistema de alimentação. EMBRAPA Gado de Leite, 2002. Disponível
em:<http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Leite/LeiteCerrado/alimentacao/13.ht
ml> Acesso em: 23/11/2014.
DHIMAN, T.R.; ZAMAN, M.S. Desafios dos sistemas de produção de leite em confinamento em
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Horizonte. Anais... Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2001.p. 05-20.
EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Gado de Leite. Tecnologia para
produção de leite na Região Sudeste do Brasil. 2010. Disponível em em:
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produção de leite na Região Sudeste do Brasil. 2010. Acesso em: www.cnpgl.embrapa.br.
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Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura familiar – FETRAF.
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<http://www.fetraf.org.br/artigos/artigos/11/agricultura-familiar-a-favor-da-vida-do-meio-ambiente-da-
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HESPANHOL, I.; GONÇALVES , O. Conservação e reúso de água. Manual de Orientações para
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2005.
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Produção de Leite
Agroecológico
Manejos e práticas sustentáveis para a produção de leite
Organizadores
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Maximiliane Alavarse Zambom
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Rodrigo Cesar dos Reis Tinini
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Marechal Candido Rondon
Novembro 2014

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Apostila Produçao de Leite Agroecologico

  • 1. 1
  • 2. 2 Produção de Leite Agroecológico Manejos e práticas sustentáveis para a produção de leite Organizadores Ludmila Couto Gomes Maximiliane Alavarse Zambom Marcel Moreira de Brito Rodrigo Cesar dos Reis Tinini Universidade Estadual do Oeste do Paraná Marechal Candido Rondon Novembro 2014
  • 3. 3 Os organizadores: Ludmila Couto Gomes é bolsista de pós-doutorado na UNIOESTE - Marechal Cândido Rondon, doutora em Produção Animal pela UEM. Marcel Moreira de Brito é professor na UNIOESTE - Marechal Cândido Rondon, mestre em Produção Animal pela UEM. Maximiliane Alavarse Zambom é professora Adjunto na UNIOESTE - Marechal Cândido Rondon, doutora em Produção Animal pela UEM. Rodrigo Cesar dos Reis Tinini é aluno de mestrado do Programa de Pós-graduação em Zootecnia na UNIOESTE - Marechal Cândido Rondon.
  • 4. 4 Lista de Autores UNIOESTE - Marechal Cândido Rondon Ana Ruth Estrela Almeida André Sanches de Avila Andressa Faccenda Angela Fernanda Storti Caroline Hoscheid Cibele Regina Schneider Fábio Corbari Fernando André Anschau Gabriele Larissa Hoelscher Graciela Caroline Gregolin Hâmara Milaneze de Souza Jaqueline Regina Bergmann Jéssica Gabi Dessbessel Jéssica Garcias Josias Fornari Ludmila Couto Gomes Maichel Lange Marcel Moreira de Brito Marcela Abbado Neres Magali Soares do Santos Pozza Maria Luiza Fischer Maximiliane Alavarse Zambom Ricardo Dri Rodrigo Cesar dos Reis Tinini Vanice Marli Fulber Wilson João Zonin Realização
  • 5. 5
  • 6. 6 Apresentação O projeto Geração e difusão de tecnologias para produção de leite agroecológico (PLA) coordenado pela professora Maximiliane Alavarse Zambom (UNIOESTE - Marechal Cândido Rondon) teve por objetivo atingir os produtores de leite do assentamento Ander Rodolfo Henrique, para que obtenha-se um aumento na qualidade do produto oferecido, assim como diminuição nos custos de produção e aumento na qualidade de vida dos assentados, através de cursos de capacitação, distribuição de cartilhas informativas e visitas técnicas realizadas nas propriedades, onde foram coletados dados zootécnicos e da produção, amostras de leite, alimento e solo, para verificação da qualidade do leite, adequação das dietas fornecidas aos animais, correção do solo e planejamento forrageiro; assim como capacitar os recém-formados e acadêmicos para o trabalho extensionista. Para orientar os assentados a incrementar e valorizar a produção elaboramos esta apostila “Produção de leite agroecológico: manejo e práticas sustentáveis para a produção de leite”.
  • 7. 7 SUMÁRIO 1.Introdução e Diagnóstico.....................................................................................................8 2. Manejo ambiental .............................................................................................................12 3.Manejo Reprodutivo e Índices Zootécnicos.......................................................................15 4.Manejo Sanitário................................................................................................................19 5.Boas práticas de manejo de ordenha................................................................................24 6.Manejo ecológico do solo..................................................................................................29 7.Manejo agroecológico das pastagens ...............................................................................34 8.Sistema de piqueteamento e sombreamento para vacas na produção agroecológica......40 9.Manejo nutricional em rebanhos de base agroecológica................................................... 42 10.Literatura citada...............................................................................................................48
  • 8. 1. Introdução e Diagnóstico Graciela Caroline Gregolin Marcel Moreira de Brito Rodrigo Cesar dos Reis Tinini 1. Histórico da Agroecologia A agricultura é das atividades realizadas pelo homem, uma das mais antigas, sendo praticada possivelmente há mais de 10 mil anos. Grandes transformações ocorreram, porém a agricultura do início foi praticada de forma muito semelhante à que os índios praticam hoje. Este modelo é chamado de MODELO TRADICIONAL de produção, o qual trabalhava, principalmente, a integração com a natureza (CAPORA e COSTABEBER, 2000). Por volta de 1950 o modelo tradicional começou a sofrer alterações, visando aumento da produção de dependência de insumos agrícolas. Este modelo, que ficou conhecido como MODELO CONVENCIONAL, é mais utilizado no Brasil, e foi massificado principalmente durante o crescimento da abertura de linhas de crédito para compra de tratores, implementos agrícolas, adubos químicos, sementes, animais geneticamente superiores, entre outros. Tal mudança trouxe uma série de vantagens e os muitos prejuízos ao ambiente. Na tentativa de diminuir os problemas causados, surgem máquinas mais eficientes, novos cultivares, venenos que são menos tóxicos ao agricultor, etc. Mas mesmo assim, o produtor continua dependente das grandes empresas para o fornecimento destes produtos. Nesta fase, o novo modelo é definido como “ALTERNATIVO CONSERVADOR”. Diante de tanta despreocupação com o produtor e o ambiente, foi preciso buscar uma alternativa, mas que seja desenvolvida pelos principais agentes envolvidos neste processo, e não por pessoas que tenham interesses antagônicos aos dos produtores rurais e da natureza. Este modelo existe, porém ainda não está pronto. Na constituição neste novo modelo, chamado “MODELO AGROECOLÓGICO”, estão envolvidos agricultores, pesquisadores, MODELOS DA AGROPECUÁRIA
  • 9. técnicos e outros agentes idôneos. Trazendo assim, uma nova visão da propriedade rural, a visão sistêmica, que permite entender a propriedade como um todo e de forma dinâmica, onde estão envolvidos fatores químicos, físicos e biológicos. 2. Conceitos de Agroecologia Um passo importante foi dado para a definição de conceitos sobre agroecologia e agricultura sustentável em 1992 na cidade do Rio de Janeiro, quando ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como ECO-92, que deu origem ao conceito de desenvolvimento sustentável e de agroecologia considerados como parte de um modelo tecnológico abrangente, que fosse socialmente justo, economicamente viável e ecologicamente sustentável. 2.1 O que é Ecossistema? É um sistema funcional, dinâmico e sinérgico entre os organismos vivos e seu ambiente. Um ecossistema é formado por fatores bióticos, como animais e plantas, e fatores abióticos, como a água, sol, solo, umidade e temperatura. Portanto, podemos definir como sendo um conjunto de comunidades que interagem entre si, e que agem e sofrem a ação dos fatores abióticos. 2.2 O que é Agroecossistema? Segundo Pimentel e Pimentel (1996), agroecossistemas são sistemas ecológicos alterados, manejados de forma a aumentar a produtividade de um grupo seleto de produtores e de consumidores. Hart (1980) diz que agroecossistemas são compostos pelas interações físicas e biológicas de seus componentes, e que será capaz de processar inputs (insumos) ambientais e produzir outputs (produtos). Para fins práticos, o agroecossistema é um sistema agrário de produção agropecuária, o qual se ocupa a analisar a cultura e criação animal presentes na produção. Se ocupa também a analisar as técnicas elaboradas e utilizadas, levando em consideração a importância dos impactos ambientais e sociais. 2.3 Qual a diferença entre Agropecuária Sustentável e Convencional? Como vimos, hoje prevalece no sistema de produção brasileiro o modelo convencional, o qual ainda considera o desenvolvimento científico-tecnológico como a única via capaz de resolver os problemas derivados da escassez de alimentos e do esgotamento dos recursos naturais (HESPANHOL, 2008).
  • 10. Mas, o novo conceito de agricultura, denominado sustentável surgiu com muita força e se desenvolve cada vez mais. O Quadro 1 apresenta as principais diferenças entre os modelos. Quadro 1. Principais diferenças entre Agricultura Sustentável e Convencional Agropecuária Sustentável Agropecuária Convencional Aspectos Tecnológicos 1. Adapta-se às diversas condições regionais, aproveitando os recursos locais. 2. Atua considerando o agrossistema como um todo. O manejo de solo visa sua movimentação mínima, conservando a fauna e a flora. 3. As práticas adotadas visam estimular a atividade biológica do solo. 1. Desconsideram-se as condições locais, impondo pacotes tecnológicos. 2. Atua diretamente sobre os indivíduos produtivos, visando somente ao aumento da produção. 3. O manejo do solo, com intensa movimentação, desconsidera sua atividade orgânica e biológica. Impactos Ecológicos 1. Grande diversificação. Policultura e/ou rotação. 2. Integra, sustenta e intensifica as interações biológicas. 3. Agrossistemas formados por indivíduos de potencial produtivo alto ou médio e com relativa resistência às variações das condições ambientais. 1. Pouca diversificação. Predominância de monoculturas. 2. Reduz e simplifica as interações biológicas. 3. Sistemas poucos estáveis, com grande problema de desequilíbrio. 4. Formado por indivíduos com alto potencial produtivo, necessitam de condições especiais para produzir e são altamente sensíveis às variações ambientais. Aspectos Socioeconômicos 1. Retorno econômico em médio e longo prazo, com elevado objetivo social. 2. Relação capital/homem baixa. 3. Alta eficiência energética. Grande parte da energia introduzida é produzida e reciclada. 4. Alimentos de alto valor biológico e sem resíduos químicos. 1. Rápido retorno econômico, com objetivo social de classe. 2. Maior relação capital/homem. 3. Baixa eficiência energética. A maior parte da energia gasta no processo produtivo é introduzida e, é, em grande parte, dissipada. 4. Alimentos de menor valor biológico e com resíduos. Fonte: Adaptado de HESPANHOL (2005) 4. Normas para produção de leite agroecológico Para a produção de leite ser considerada agroecológica, é indispensável o cumprimento de alguns requisitos básicos. Para verificar a conformidade da produção e identificar quais os aspectos que necessitam de adequações, pode-se utilizar o seguinte quadro. Quadro 2. Normas para produção de leite agroecológico
  • 11. Da produção animal Qual a origem da alimentação dos animais? Deve-se evitar o uso de alimentos produzidos fora da propriedade e de forma convencional (não agroecológica). Existe diversidade de culturas? Apesar da busca pela produção de leite agroecológica, a diversificação da propriedade é fundamental. O sistema de produção proporciona aos animais (vacas, bezerros, touro, etc...) bem estar? Os animais devem ser criados com acesso livre à pastagem, em abundância e com qualidade, assim como o acesso à agua e sombra. Qual a condição das instalações? As instalações, como sala de ordenha e estábulo, devem sempre estar limpas, devem ser ventiladas e adaptadas para melhor atender as necessidades do ordenhador. Os equipamentos, como resfriador e latões, devem estar limpos e devidamente higienizados. Utiliza sistemas de integração entre a produção animal e vegetal? Utilizar o sistema de rotação de piquetes, rotação de espécies (com ovinos, por exemplo), integração lavoura- pecuária e sistema silvopastoril. Do depósito de insumos e ferramentas Os insumos utilizados na produção de leite agroecológica estão separados dos da produção convencional? Caso haja insumos da produção convencional na propriedade, devem ser armazenados separadamente. Os equipamentos utilizados são de uso exclusivo da produção agroecológica? (Pulverizador, etc...) Não devemos compartilhar equipamentos e utensílios da produção agroecológica com a convencional. Da legislação ambiental Cumpre as exigências descritas no Código Florestal Brasileiro? Deve-se proteger as nascentes e cursos d’agua, e manter parte da propriedade com mata nativa. Devemos verificar as exigências para a região da propriedade. Da família A família consegue garantir sua própria alimentação? A alimentação de toda a família deve ser de qualidade e quantidade suficiente. A propriedade deve fornecer a maior parte do alimento, se tornando menos dependente do meio externo. Todos da família são envolvidos nos afazeres e nas tomadas de decisão? É importante que cada integrante da família tenha seu papel na propriedade, assim como nas decisões. Com isso, a responsabilidade é compartilhada. A família se preocupa com o consumidor de seus alimentos? Produzir um alimento de qualidade e seguro é benéfico para os consumidores do leite e para a própria família. Do manejo do lixo Qual o tratamento/destino do lixo seco produzido na propriedade? Os resíduos orgânicos devem ser destinados à compostagem e poderem ser utilizados como insumo. O restante do lixo deve ser separado para reciclagem. Qual o tratamento/destino dos efluentes líquidos? A agua resultante da lavagem das instalações e equipamento que contenha dejetos, resíduos de detergentes ou outro produto químico deve ser canalizada e destinada ao tratamento, para evitar a contaminação do solo. Assim como os efluentes da casa (como esgoto da cozinha e banheiro).
  • 12. 2. Manejo ambiental Maichel Lange Marcel Moreira de Brito 1. O que é meio ambiente? Meio ambiente envolve tudo aquilo que é vivo e materiais inorgânicos que ocorrem no planeta Terra, ou em alguma região dela, que afetam os ecossistemas e a vida dos seres humanos. Meio ambiente é um aglomerado de unidades ecológicas que funcionam como um sistema natural, e incluem toda a vegetação, animais, micro-organismos, solo, rochas, atmosfera e fenômenos naturais que podem ocorrer em seus limites. Também compreende recursos e fenômenos físicos como ar, água e clima, assim como energia, radiação, descarga elétrica, e magnetismo. Até pouco tempo quando se falava em meio ambiente, lembrávamos da água, da terra, do ar das arvores, mas de forma isolada. Atualmente pensamos em tudo isso, mas na sua relação com os homens e com a nossa produção. Portanto, os humanos são apenas uma parte integrante do meio ambiente, que depende totalmente do seu equilíbrio para sobreviver. 2. A Legislação Ambiental A produção agroecológica tem como princípio manter o equilíbrio biológico nos agroecossistemas, para tal, a legislação ambiental brasileira busca a conservação dos cursos d’agua, matas ciliares e fauna e flora nativa, por exemplo. Portanto, estar em conformidade com a legislação ambiental é muito importante, principalmente com relação às áreas de preservação permanente e de reserva legal. As Áreas de Preservação Permanente (APP) são locais em torno de rios, nascentes, lagos, lagoas artificiais e morros. De acordo com a lei, o tamanho da área vai depender do tamanho da propriedade.  Propriedades com até 1 módulo fiscal: é necessário isolar um espaço de 5 metros do curso d’gua;  Propriedades de 1 a 2 módulos fiscais: é necessário isolar um espaço de 8 metros do curso d’agua;  Propriedade de 2 a 4 módulos fiscais: é necessário isolar um espaço de 15 metros do curso d’agua;  Propriedades com mais de 4 módulos fiscais: é necessário isolar um espaço de 30 metros para cursos d’agua de até 60 metros de largura, maiores que isso deve-se
  • 13. deixar um espaço de pelo menos a metade da largura do curso, desde que seja no máximo 100 de mata. Figura 1. Exemplo de isolamento de cursos de água conforme o módulo fiscal de cada propriedade. Fonte: Cartilha do Código Florestal Brasileiro Para nascentes, é necessário deixar 15 metros isolados em volta de toda ela, independentemente do tamanho da propriedade. Figura 2. Exemplo de isolamento de nascente. Fonte: Cartilha do Código Florestal Brasileiro As Áreas de Reserva Legal (ARL) são destinadas à preservação das espécies nativas de plantas da região e também das espécies animais. No Paraná, toda propriedade deve mantes 20% da área total para ARL. No caso de propriedade menores de 4 módulos fiscais, que antes dos de 22 de julho de 2008 não tinha esse tipo de área, não necessita recompor a área, mas se as áreas foram ocupadas após essa data, o proprietário tem que refazer a ARL.
  • 14. 4. Agricultura e Meio Ambiente Os insumos químicos foram introduzidos pela agricultura capitalista, colocando os agricultores numa situação de dependência. No futuro a agricultura não pode continuar dependendo desse tipo de insumos, porque esses recursos se esgotam. Por outro lado, através da interação de animais e plantas ou da interação vegetal com a vida animal é possível evitar determinados problemas técnicos quem foram causados exatamente pelo uso desses produtos químicos na agricultura. Pelas experiências já existentes com as tecnologias socialmente e ecologicamente apropriadas é possível reduzir o tempo de trabalho necessário do agricultor no processo produtivo, sem diminuir o seu valor gerado, tendo em vista que, para isso, o agricultor precisa introduzir mais conhecimento. Ao agregar mais valor à produção, industrializando-a e colocando-a no mercado de uma forma diferenciada torna-se necessário articular a relação com o consumidor. Dessa forma, é possível produzir alimentos mais saudáveis, para o mercado local. Numa primeira instância os agricultores familiares seriam favorecidos, em função da melhoria de sua própria qualidade de vida. Numa segunda instância, aumentaria a produção de alimentos para além das necessidades dos agricultores, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida de toda uma região, tendo o trabalho familiar como base de uma nova relação com a natureza e o capital.
  • 15. 3. Manejo Reprodutivo e Índices Zootécnicos Angela Fernanda Storti Caroline Hoscheid Maria LuizaFischer Rodrigo Cesar dos Reis Tinini O manejo reprodutivo é fundamental para elevar os índices produtivos do rebanho, conhecidos também como índices zootécnicos. No caso das fêmeas envolve vários eventos na vida do animal: desmama, puberdade, parto, período de serviço, idade à primeira cria, intervalo de partos e manejo pré-parto. O manejo adequado depende da eficiência reprodutiva (ER) tanto do animal como de todo o rebanho. Onde esse manejo se torna ineficiente, poderá ocorrer o aumento no descarte involuntário, redução na produção de leite, o aumento do intervalo entre lactações, entre outros fatores. A vida útil produtiva de uma fêmea envolve fases importantes que dependem de decisões fundamentais a serem tomadas, visando maior produtividade e lucratividade. Para tanto, os principais tópicos para uma produção eficiente serão abordados a seguir. Raças destinadas à produção de leite As principais raças hoje encontradas são:  Raças européias especializadas, como a Holandesa, a Parda-Suíça e a Jersey; Figura 1. Raças européias  Raças zebuínas leiteiras, como a Gir e a Guzerá;
  • 16. Figura 2.Touros de raça zebuínas  Vacas mestiças, resultantes do cruzamento de raças européias com raças zebuínas. Figura 3. Animais resultantes de cruzamento 1. Desmama A desmama é uma fase que envolve a separação do bezerro da vaca e também de mudança na alimentação do bezerro, que antes tinha como base exclusivamente o leite passando para uma dieta contendo apenas alimentos sólidos. A idade de desmama do bezerro irá depender, basicamente, de dois fatores principais: o custo do alimento e o estado físico geral do animal. O custo do alimento é certamente a principal causa do desaleitamento precoce; quanto mais cedo for desaleitado o bezerro, maior quantidade de leite poderá ser comercializada (SCHALCH, 2001). Se por um lado o desmame precoce favorece a vaca, deve-se ter o cuidado para não prejudicar o futuro desenvolvimento do bezerro. De acordo com Restle e Vaz (1998), o objetivo do desmame precoce não é promover ganhos de peso superiores aos obtidos ao pé da vaca, e sim promover um desenvolvimento que não prejudique o desempenho futuro do animal.
  • 17. Figura 4. Animais desmamados 2. Idade ao Primeiro Parto (IEP) A idade ao primeiro parto varia conforme a alimentação fornecida na propriedade, porém, não se deve entourar e/ou inseminar fêmeas com um peso menor que 300 kg, não comprometendo a vida reprodutiva do animal em uma gestação em estado corporal não condizente. O ideal é que o parto ocorra aos 24 meses, e idades acima dos 27 a 30 meses devem ser consideradas altas, indicando problemas com o manejo pós-desmama e a puberdade. Para as novilhas com sangue europeu, o peso ideal é por volta dos 300 á 320 kg/vivo, a partir dos 12 a 18 meses. As novilhas Holandesas e Suíças devem ser criadas que entre 16 a 18 meses de idade deverão estar pesando aproximadamente 350 Kg, possuindo condições de receberem a primeira inseminação. Já as novilhas Jersey, entre os 14 e 16 meses de idade e peso aproximado de 220 Kg, já se encontram em condições de receberem a primeira inseminação. Sendo assim, as novilhas deverão estar parindo e iniciando a primeira lactação com idade entre 24 e 27 meses, e terminando a mesma ao completarem 3 anos de idade. 3. Parto O dia do parto ocorre ao nascimento do bezerro, onde deve ser efetivada uma das mais significativas práticas de manejo, da qual dependerá a saúde do bezerro: a ingestão do colostro e a cura do umbigo, tendo consequências muito benéficas nos recém- nascidos. O colostro é o leite disponível no parto e de consumo exclusivo da cria. Do segundo ao quinto dia ordenha após o parto o leite é chamado de leite de transição, sendo estes conhecidos pelos produtores como “leite sujo”, por não poder ser comercializado. O colostro deve ser utilizado na alimentação do bezerro que acaba de nascer, pois é a única
  • 18. forma de protegê-lo contra possíveis doenças que podem surgir nos primeiros meses de vida e garantir o bom desempenho das futuras matrizes do rebanho. Após o nascimento é importante fazer a cura do umbigo, pois o bezerro ao nascer apresenta uma abertura na região umbilical que serve de porta de entrada para bactéria que irão causar infecções em diferentes locais do organismo. A melhor forma de fazer a cura desta região é fazendo a imersão do umbigo em solução de iodo, na concentração de 10% em álcool, causando a desidratação do umbigo e evitando o aparecimento de bicheiras. Demais informações podem ser obtidas no capítulo: Manejo Sanitário em Bovinos Leiteiros, no tópico: Colostragem e Cura de umbigo. 4. Período de Serviço (PS) e Intervalos Entre Partos (IEP) O período de serviço compreende as datas do parto à fecundação, onde a vaca passa de vazia à prenhe. Um problema ocorrido durante o parto ou mesmo nutricional pode prejudicar fortemente essa fase da criação. O ideal é de que seja no máximo 85 dias, obtendo então um bezerro ao ano. O intervalo entre partos é o período compreendido entre o parto anterior e o seguinte, Quanto maior o PS, maior será o intervalo entre partos. Somado o período de gestação e o período de serviço, o valor ideal é de 12 meses, mas períodos de 13 e 14 meses também são considerados bons e caso esses valores encontram-se acima dos indicados é necessário corrigir os problemas reprodutivos da propriedade. 6. Período Seco / Pré-parto (PSe) O seco é importante para as fêmeas se preparem para o parto seguinte, juntamente com o período pré-parto. Neste ponto as fêmeas devem ser secas, o que significa que se deve parar de ordenhá-las. Uma das maneiras de realizar esta prática é separar o mesmo dos animais em lactação, diminuir a disponibilidade de alimento e parar de ordenha-la, o ideal é por volta de 60 dias antes do parto, permitindo a recuperação e preparação da glândula mamária para a lactação seguinte. 8. Porcentagem de Vacas em Lactação É o número de vacas em lactação dividido pelo número de vacas total do rebanho. O ideal é que este valor fique em torno dos 80-85%, indicando uma boa proporção de vacas lactentes para vacas secas. Valores acima destes indicam que há maior quantidade de vacas secas, demonstrando inadequado desempenho reprodutivo do rebanho.
  • 19. 4. Manejo Sanitário Caroline Hoscheid Hâmara Milaneze de Souza Vanice Marli Fulber O manejo sanitário é um conjunto de atividades que tem por objetivo a manutenção da saúde do rebanho. Envolve alimentação adequada, exercícios regulares e acesso a pastagem que promovem a melhoria da capacidade imunológica dos animais. Além das medidas preventivas, adequação da higiene nos ambientes, nas instalações e com os animais, vacinações e controle parasitário (por ex. vermes, moscas, carrapatos, etc.) tornam os organismos mais resistentes contra as doenças. A manutenção da saúde das vacas leiteiras está diretamente relacionada ao manejo no período pré-parto e parto da vaca, colostragem e cura do umbigo das bezerras, vacinações e controles parasitários, que serão abordados a seguir. 1. Pré-parto Inicialmente, é importante relembrar que a lactação de uma vaca deve ser encerrada nos dois últimos meses de gestação, para proporcionar descanso à glândula mamária e formação de colostro para a posterior lactação. Além da secagem, faz-se necessário oferecer um ambiente que promova o bem estar desses animais, com sombreamento, pastagem e água de boa qualidade, proporcionando condições favoráveis ao parto, conforme a Figura 1. O fornecimento de uma dieta equilibrada neste período é essencial, com atenção especial ao fornecimento de sal mineral (sal aniônico), proporcionando uma menor incidência de enfermidades após o parto, como por exemplo, a hipocalcemia (febre do leite), retenção de placenta, metrites, mastites, cetoses e deslocamento de abomaso. Figura 1. Piquete sombreado para vacas. 2. Parto
  • 20. Por ser um momento de muito estresse para o animal, a interferência durante o parto deve ser mínima, sendo indicada apenas quando há problemas no parto (distocias) que atrapalhem o processo normal de nascimento do bezerro. É importante lembrar que em interferências arriscadas, faz-se necessário o apoio de um profissional habilitado, evitando maiores problemas e complicações durante e após o parto, diminuindo o risco de morte do animal e/ou bezerro. Devem ser observadas na primeira ordenha a saúde da glândula mamária (úbere e tetos) e a possível presença de retenção de placenta (Figura 2), que é caracterizada pela permanência dos restos placentários no útero da vaca por mais de 12 horas após o parto. A observação de qualquer anormalidade no animal é fundamental para intervir de forma eficiente antes de agravar o problema. Figura 2. Vaca com retenção de placenta. 3. Colostragem e Cura de Umbigo O colostro deve ser fornecido logo após o nascimento do bezerro, sendo que a ingestão deve ser de 6 litros nas primeiras 12 horas de vida e 2 litros após 12 horas de vida, totalizando 8 litros de colostro no primeiro dia. A cura de umbigo deve ser realizada juntamente com a colostragem, pois o procedimento previne à ocorrência de infecções umbilicais (onfalites) que podem gerar inúmeros problemas, como hérnias umbilicais (Figura 3) e até mesmo a morte do animal. O produto ideal a ser utilizado é a solução de iodo a 5% que pode ser preparado da seguinte forma: misturar álcool 70% e tintura de iodo a 10%, na proporção 1:1 (1L de álcool + 1L de iodo 10%). A cura de umbigo pode ser observada na Figura 4 a seguir. A solução deve ser armazenada em um recipiente escuro (para evitar a inatividade do iodo ao entrar em contato com a luz solar) e com boca larga, facilitando a aplicação em todo umbigo. A solução deve ser descartada sempre que estiver suja e o curativo deve ser realizado duas vezes ao dia, por um período de três a quatro dias.
  • 21. Figura 4. Cura do Umbigo. A) Corte de umbigo de 4 dedos de tamanho; B) Tamanho do umbigo após limpeza e corte; C) Preparação da solução iodada para submergir o umbigo em recipiente de boca larga; D e E) Completa imersão de umbigo; F) Umbigo com imersão completa pela solução iodada. 4. Tratamento de Doenças Várias doenças acometem o rebanho leiteiro, possuindo causas e origens diferentes. Para tanto, faz-se necessário tratá-las da forma correta, proporcionando maior agilidade na recuperação do animal, redução de custos e aumento da produtividade. Para evitar insucessos de tratamento e perdas econômicas com medicamentos e diminuição da produção, faz-se necessário o suporte de um técnico habilitado. Outra forma de tratamento de doenças é a medicina homeopática. Eficiente no tratamento de animais em doenças que afetam parte ou o conjunto do rebanho é uma ferramenta para prevenir e curar doenças sem risco de contaminações residuais de tratamentos convencionais com fármaco-químicos. O uso da homeopatia no tratamento de animais tem resultado em médio prazo e eficientes sobre patologias graves, reduz custos, melhora a rentabilidade das atividades produtivas e fácil administração para todas as categorias (PIRES, 2005).
  • 22. 5. Vacinações No sistema agroecológico, assim como na criação convencional, todas as vacinas e exames determinados pela legislação de sanidade animal são obrigatórios. No Paraná, são obrigatórias as vacinas de brucelose e febre aftosa. Vacina Categoria/idade Observação Brucelose Fêmeas / 3 a 8 meses Deve ser realizada por técnicos cadastrados na Adapar Febre Aftosa 0 a 24 meses (maio) Todo o rebanho (novembro) Necessita ser comprovada junto a Adapar Carbúnculo Todos/acimas de 3 meses Repetir a cada 6 meses até os 2 anos de idade Vacinações raiva, leptospirose, rinotraqueite infecciosa dos bovinos (IBR), diarréia viral bovina (BVD) e demais, também são amplamente realizadas nos rebanhos, ficando a critério do produtor quanto indicada sua necessidade. Figura 5. Novilha vacinada para Brucelose; marcação do lado esquerdo com V4. 6. Controle de Endo e Ectoparasitas A endoparasitose nada mais é que a verminose dos animais manifestada a partir dos 3 meses de idade nos bovinos. Os maiores prejuízos ocorrem em animais mais jovens, de até 2 anos de idade, prejudicando seu desenvolvimento, como observado na Figura 6. Para combatê-las, o sistema de pastejo deve ser preferencialmente rotativo para melhor controle de parasitoses. As principais formas de controle da verminose em sistemas agroecológicos são:  Higienização das instalações;  Boa nutrição;  Não deixar os animais em contato com fezes;  Usar produtos fitoterápicos e homeopáticos;
  • 23.  Promover a rotação de pastagem. Figura 6. Bezerros acometidos por verminose. Já os ectoparasitas são os carrapatos, bernes e moscas. Causadores de diversas enfermidades provocam a redução da produção e desempenho dos animais, além de interferir em seu bem-estar. Existem diversas receitas e/ou procedimentos para o tratamento de animais que se adequam ao sistema agroecológico, alguma delas são:  Repelentes contra moscas e piolhos: Cravo-de-difunto (Tagetessp.), macerar 100g de folhas e flores secas, e colocar em uma garrafa com 1litro de álcool e vedar bem. A garrafa deve ser guardada deitada em lugar seco e escuro por 8 a 15 dias. A tintura, depois de pronta, deve ser coada e diluída em 20 litros de água. Esta diluição pode ser usada pulverizando sobre os animais e sobre os locais de infestação.  Bicheiras e bernes: Alho (Alliumsativum), tritura-se 20g de alho e mistura-se a pasta/suco do alho com 500g de gordura (banha de porco ou manteiga), em seguida, leva- se essa mistura ao fogo até derreter. Guardar em recipiente limpo. A Parta pode ser usada sobre as feridas até a cicatrização.
  • 24. 5. Boas práticas de manejo de ordenha Cibele Regina Schneider Jéssica Gabi Dessbessel Magali Soares dos Santos Pozza 1. Introdução Ao tratar de manejo de ordenha, deve-se sempre utilizar boas práticas que visam buscar a saúde do animal e a qualidade do leite. O ordenhador deve estar sempre atento a certos sinais apresentados pelas vacas, como por exemplo: olhos fundos, pelos arrepiados, diminuição na ingestão de alimentos, parada da ruminação, queda na produção de leite e alterações na urina ou nas fezes (muito mole, ou muito seca, ou com sangue) que podem ser indicativos de problemas de saúde.Conforme a Instrução Normativa nº 62, de 29 de dezembro de 2011, que veio a substituir a IN nº 51 de 2002, publicada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), onde regulamenta a produção, identidade, qualidade, coleta e transporte do leite tipo A, leite cru refrigerado e leite pasteurizado, o objetivo é melhorar a qualidade do leite, diminuindo a quantidade de Contagem de Células Somáticas (CCS) e de Contagem Bacteriana Total (CBT), (BRASIL, 2011). 2. Passos para um bom manejo de ordenha  Cheque se o local de ordenha está preparado para receber as vacas, o local deve estar limpo, seco, arejado e bem iluminado, longe de esterqueiras, chiqueiros e fossas. Figura 1: Local de ordenha.  Conduza as vacas para o local de ordenha com calma, sem bater nos animais, nem correr e nem gritar. Não faça movimentos bruscos, não use instrumentos de agressão (pau, corda, chicote, ferrão e bastão elétrico).
  • 25.  Respeite a formação da linha de ordenha. Ordenhe primeiro as vacas em boas condições de saúde e deixe para o final as vacas com problemas. O ideal é seguir a seguinte sequência: vacas de primeira cria; vacas saudáveis; e por último as vacas que tiverem problemas de mastite.  Lave as mãos e antebraços antes de iniciar o manejo, para evitar contaminações.  Lave os tetos com água corrente somente quando estiverem sujos, não molhe o úbere. Limpar bem os tetos com toalha úmida (água e desinfetante – pré-dipping) realize a secagem dos tetos com papel toalha, mas, na falta deste, pode-se utilizar “pano” para secagem, o qual deve ser desinfetado entre uma vaca e outra, e se possível, ter um pano para cada vaca. Figura 6: Tetos higienizados.  O pré-dipping é recomendado a imersão dos tetos em solução clorada para reduzir a contaminação. Faça o pré-dipping em todos os tetos e deixe a solução agir por aproximadamente 30 segundos antes de secar com a toalha de papel.  Faça o teste da caneca de fundo preto para o diagnóstico de mastite clínica, cheque teto por teto. Se o teste der negativo continue a ordenha. No caso do resultado do Figura 3: Vacas sendo ordenhadas, de acordo com a linha de ordenha.
  • 26. teste ser positivo,ou seja, apresentar grumos, transfira a vaca para a última bateria da linha de ordenha, onde o leite desta será descartado. Figura 7: Teste da caneca de fundo preto.  No máximo a cada 15 dias realizar teste de CMT (Califórnia Mastits Test), para diagnosticar mastite subclinica. De acordo com a quantidade de células somáticas do leite, forma-se um gel, de espessura variada. Se a quantidade de células somáticas for baixa, não irá formar gel e o resultado será negativo. Figura 8: Solução e raquete para teste de CMT.  No caso de ordenha com bezerro ao pé, libere o bezerro e deixe que ele mame um pouco em todos os tetos para estimular a descida do leite, afastando-o do úbere logo em seguida. Não puxe o bezerro pela cauda ou orelhas.  Colocar o conjunto de teteiras (máximo 1 a 2 minutos após a limpeza dos tetos), prestar atenção para retirá-lo logo que o leite parar de sair.  Enxaguar e desinfetar sempre as teteiras após o uso em cada vaca (água e desinfetante).
  • 27. Figura 11: Maneira incorreta e correta para limpeza das teteiras.  Logo após a ordenha fazer a imersão dos tetos em solução pós-dipping, cuja principal função é proteger o esfíncter contra a entrada de microrganismos. Figura 12: Solução pós-dipping.  Encaminhar as vacas para a alimentação logo após o termino da ordenha, e não durante a ordenha. Isto fará com que tenha tempo suficiente para fechar o canal do esfíncter, evitando assim, possíveis contaminações que poderão causar mastite. Figura 13: Vacas em alimentação pós-ordenha.  Realizar a limpeza dos equipamentos e do local logo após o término da ordenha, com produtos adequados (produto alcalino ou ácido, desinfetantes).Depois de lavados, coloque-os virados para baixo em local limpo, para secarem naturalmente. Após cada
  • 28. ordenha deixe as instalações e todos os equipamentos, materiais e utensílios preparados para o início da próxima. Figura 14: Forma correta e incorreta respectivamente.  Armazenar o leite em local adequado, com temperatura ideal (+/- 4ºC), o mais rápido possível, mantendo esta temperatura até a hora do transporte deste. E trocar a água do freezer a cada 15 dias quando os tarros forem imersão. Figura 15: Forma correta e forma errada respectivamente.
  • 29. 6. Manejo ecológico do solo Fábio Corbari Gabriele Larissa Hoelscher Wilson João Zonin 1. Introdução O solo é um dos fatores mais importantes para qualquer produção agrícola, seja ela uma lavoura de cereais, grãos, frutas, ou até mesmo a produção animal. É do solo que extraímos os nutrientes necessários, em forma de alimento, que irão nos nutrir e nutrir os rebanhos que produzimos, sendo assim, de suma importância á manutenção das condições ideais do solo, para que possamos produzir da melhor forma possível. A relação do solo pastoril com a produção leiteira é triangular. A planta não é somente o produto do solo, mas também da influência do gado. O animal de pastejo tem influência sobre a vegetação e esta sobre o solo, sendo formada pela pastagem que recebe. A produção animal depende do solo, uma vez que em solos pobres a vegetação será pobre e os animais que nele viverem serão fracos, deficientes, pesteados e com desenvolvimento de fertilidade reduzida (PRIMAVESI, 1999 e 2002). Figura 1. Inter-relação triangular do solo-pasto-gado. Os três fatores estão relacionados, se um estiver desalinhado, ocorre o processo de degradação e uma baixa produção. 2. Manutenção de um solo vivo O solo é um componente vivo e está em constante transformação, que se não for manejado de maneira correta, pode ser degradado e diminuir sua função produtiva. O solo não pode ser visto apenas como um suporte para a planta, pois todas suas relações complexas são essenciais para uma produção sustentável, que é o que buscamos. De acordo com Primavesi (2008), o manejo agroecológico dos solos se baseia em cinco pontos fundamentais:
  • 30. A manutenção desse material orgânico esta relacionada com os processos de manejo e revolvimento do solo. Portanto, a matéria mineral e orgânica como os estercos animais, restos vegetais, compostagem e os biofertilizantes devem ser incorporados nas camadas superficiais do solo, visando essa estruturação, pois essa camada tem a função de ser a “pele” do solo, dando proteção contra erosão, perda dos seus nutrientes, compactação pela gota da chuva e exposição do solo a microrganismos prejudiciais as plantas. 3. Adubação A adubação adequada não é aquela que corrige alguma deficiência mostrada na análise de solo ou que se faz porque talvez melhore a produção de forragem. A fertilização correta é realizada para suprir a necessidade demonstrada pela forrageira (PRIMAVESI, 2002). A falta dos nutrientes provoca nas forrageiras os sintomas de
  • 31. deficiência. No animal, tais deficiências causam, por sua vez, anormalidades diversas (MALAVOLTA et al., 1986), conforme apresenta a Tabela 1. Tabela 1. Relação entre deficiências nutricionais nas forrageiras e anormalidades no animal Elemento Planta Animal N Menor crescimento e perfilhamento (gramíneas, clorose nas folhas velhas. Menor crescimento P Redução no crescimento, envelhecimento precoce. Verde mais escuro nas folhas. Menor fixação de N (leguminosas). Diminuição no crescimento e fertilidade. Má formação de dentes e ossos. K Menor crescimento, espigas mal granadas, vagens cochas. Clorose, necrose e secamento de ponta e margens das folhas. Diminuição na fixação de N2 (leguminosas). Menor crescimento, fraqueza e paralisia. Degeneração dos órgãos. Desordens nervosas. Ca Redução no crescimento radicular. Clorose nas folhas novas. Morte de gemas. Menor fixação de N2. Desequilíbrio no balanço. Má formação de ossos e dentes. Mg Crescimento reduzido. Clorose das folhas velhas. Redução na fixação de N. Tetania dos pastos. S Redução no crescimento e na fixação no N. Clorose nas folhas novas. Menor crescimento. Desordem na pelagem. Cu Redução no crescimento. Folhas mais escuras, manchadas e deformadas. Menor desenvolvimento dos ossos. Anemia. Má coordenação motora. Fe Redução no crescimento. Clorose nas folhas novas, menor fixação do N2. Anemia. Mo Redução no crescimento e na fixação do N. Clorose nas folhas velhas e estrangulamento ou escurecimento do limbo. Tremor muscular. Falta de coordenação motora. Mn Menor crescimento. Clorose nas folhas novas. Deformação dos ossos. Infertilidade. FONTE: Malavolta et. al (1986) Desta forma, é muito importante o agricultor conhecer o seu solo, realizando análises periódicas, para compreender o que ele necessita, facilitando o manejo correto, sempre lembrando que se manejo for irregular e um dos vértices do triangulo solo-planta-gado estiver desalinhado, ocorre o processo de degradação do seu sistema produtivo. As principais fontes de adubação dos solos orgânicos são provenientes de dejetos animais, restos vegetais e adubação verde, sempre buscando o complemento do mesmo com adubação mineral orgânica. A adubação verde para sistemas agroecológicos se constitui como um importante método sustentável de agregar qualidade aos solos. Os adubos verdes tem a capacidade de fornecer ao solo:
  • 32.  Nutrientes; Produção de biomassa; Húmus; Aumentar a fixação do nitrogênio; Controle de plantas e doenças invasoras; Barreira vegetal; Como banco de proteínas, ou seja, podem servir de alimentação animal, exemplo: leucena, aveia e guandu e Capacidade de descompactar o solo. Figura 5. Adubação verde em plantação de milho. Fonte:Monã - Centro de estudos ambientais. Tabela 2. Época para o plantio ideal de espécies utilizadas da adubação verde. Espécie Época de semeadura Aveia preta Março a maio Catopogônio Outubro a março Crotalária juncea Setembro a março Crotalária spectabilis Setembro a março Feijão-de-porco Setembro a março Labe-labe Setembro a março Leucena Setembro a dezembro Mucuna-anã Setembro a março Mucuna-preta Setembro a março Nabo-forrageiro Março a junho Tremoço Março a junho Trevo-branco Março a junho FONTE: Penteado (2007). IMPORTANTE LEMBRAR - O manejo correto do pastejo, com uma lotação animal e divisão de piquetes adequada, melhora a qualidade e a produtividade do pasto, promove pasto com regularidade durante todo o ano, melhora a fertilidade do solo e diminui os custos de
  • 33. produção. - Diversificar a pastagem com várias espécies, tanto gramíneas como leguminosas, ajuda na manutenção da fertilidade do solo sendo benéfico a nutrição do animal. - Matéria Orgânica é essencial para o solo. Deste modo, não é indicado realizar queimadas e utilizar produtos químicos no pasto, pois podem prejudicar microrganismos e pequenos animais, de grande importância para levar os nutrientes até as plantas e manter o solo vivo e fértil. - O uso da adubação verde (como o Amendoim forrageiro, Stylosanthes, Mucuna, entre outras) serve de rica alimentação para os animais (altos teores de proteínas), incorpora matéria orgânica e nutrientes no solo, e colabora para a recuperação de pastos degradados. Abaixo os nutrientes que esses adubos podem oferecer (em média): 100 kg de Esterco Bovino oferece: 100 kg de Compostagem oferece: 57 Kg de Matéria Orgânica 31 kg de Matéria Orgânica 1 kg de Fósforo (P2O5) 1,5 kg de Fósforo (P2O5) ...Entre outros elementos benéficos ao solo. - Pergunte e tire suas dúvidas com os técnicos extensionistas que visitam sua propriedade e estão disponíveis no assentamento. Eles podem trazer informações importantes e auxiliar você na solução de problemas e promover mudanças que aumentarão sua produtividade e bem estar no trabalho.
  • 34. 7. Manejo agroecológico das pastagens Jaqueline Regina Bergmann Ludmila Couto Gomes Marcela Abbado Neres 1. Manejo ecológico da pastagem Para ter um manejo ecológico de pastagem é preciso respeitar as relações existentes entre planta, animal, solo e clima, pensando sempre no bem estar animal. A pastagem deve ser uma cultura perene e após implantada não tem necessidade de ser replantada. Uma das melhores formas de aplicar o manejo ecológico da pastagem é utilizar o pastejo rotacionado Voisin onde deve ser seguido os seguintes requisitos:  A busca por uma diversidade de forrageiras (gramíneas e leguminosas)  Possuir uma arborização adequada; de preferência com espécies nativas.  Não deve ser usado adubações químicas altamente solúveis, herbicidas, roçadas sistemáticas e o fogo. 1.1. Pastejo rotacionado Voisin (PRV) O pastejo rotacionado Voisin consiste em elevar a concentração de esterco, urina e fezes dos animais no local em que estão pastejando, elevando a matéria orgânica do solo. Para garantir o sucesso do pastejo rotacionado Voisin deve ser seguido as quatro leis chamadas de leis universais do pastoreio racional 1. Lei do repouso: varia de acordo com a pastagem e a época do ano, é uma das principais leis. A forrageira deve ficar sem pastejo até se recuperar, geralmente é feito pela altura da planta ou dias de descanso. 2. Lei da ocupação: não deixar os animais mais que 3 dias em um piquete, quanto mais curto o período de ocupação melhor para a pastagem rebrotar. 3. Lei do rendimento máximo: nesta lei o produtor deve ajudar os animais que necessitam de maior exigência nutricional como as vacas em lactação, para que estas entrem primeiro no piquete (formando um lote de animais) e após estas pastejarem as folhas mais novas, os animais de menor exigência nutricional, as novilhas, vacas prenhas, o restante do rebanho, (formando outro lote). 4. Lei do rendimento regular: nessa lei não se deve manter os animais mais que três dias de pastejo somente em um piquete, pois quando a superlotação (número grande de animais por piquete) e muitos dias de pastejo em somente um piquete, os animais não
  • 35. tem o mesmo rendimento que no primeiro dia de pastejo, onde há maior aproveitamento da pastagem. Para obter um bom manejo do PRV é preciso que o produtor olhe qual é o melhor piquete para manejar os animais, que não esteja ralo e muito baixo, não é sempre que os animais vão seguir uma ordem de piquetes, pois as condições climáticas e a fertilidade do solo influenciam no desenvolvimento da forragem, o sistema PRV melhora a fertilidade do solo e promove menor ocorrência de erosões. No sistema PRV é importante ofertar água de qualidade, sombreamento e sal. A agua e o sal, devem ficar distantes dentro do piquete para que a vaca faça um percurso maior e defeque e urine durante o seu percurso ajudando na fertilização da pastagem. 1.2. Fertilização orgânica e Biofertilizantes Os biofertilizantes ou fertilização orgânica são essências para manter as plantas bem cultivadas. São adubos orgânicos como estercos (suíno, bovino, aves, equinos, caprinos entre outros), restos vegetais (folhas em decomposição, restos de horta, entre outros), a palha de milho, o bagaço da cana, bagaço de uva, serragem de madeira entre outros também podem ser utilizados como adubos orgânicos e podem ser misturados com estercos para serem incrementados na lavoura. Estes adubos possuem vantagens como:  Incremento de matéria orgânica  Fornecem nutrientes para a planta (macronutrientes e micronutrientes)  Controla a toxidez causada por alguns elementos como o Alumínio tóxico.  Solo mais macio, baixa compactação do solo.  Solo com maior capacidade de reter água e melhora a infiltração da água no solo. O manejo inadequado das pastagens e pouca matéria orgânica no solo podem ocasionar em grandes problemas como:  Erosão  Plantas com deficiência em nutrientes.  Degradação das pastagens, no que implica em menor aproveitamento da pastagem pelo animal. 1.3. Adubação verde e Consorciação A adubação verde é uma prática muito utilizada na agricultura para a fertilização do solo que consiste no cultivo de leguminosas, gramíneas, crucífera e outras, com a finalidade de melhorar o solo. Benefícios da adubação verde:
  • 36.  Auxiliam na desintoxicação do solo causada por herbicida ou outros produtos químicos  Fornece nitrogênio e facilita sua fixação no solo diretamente da atmosfera  Protege o solo contra os agentes da erosão e radiação solar  Reduz a infestação de ervas daninhas, incidência de pragas e patógenos nas culturas  Aumenta a capacidade de armazenamento de água no solo  Descompacta, estrutura e areja o solo  Recupera os solos degradados  Supre o solo com material orgânico  Contribui para o sequestro de carbono  Reduz os teores de alumínio trocável e libera fósforo não disponível para planta Uma pastagem de qualidade deve contemplar a consorciação do capim com leguminosas forrageiras. Esta consorciação poderá resultar, a curto prazo, em aumentos expressivos na produtividade da produção leiteira. Alguns adubos verdes utilizados na pecuária leiteira ecológica: feijão guandu, leucena, calopogônio, estilosantes mineirão, estilosantes campo grande, puerária, soja-perene, centrosema, siratro, cratília. Quadro 2. Recomendação para plantio de algumas espécies de adubação verde Fonte: Instituto Giramundo Mutuando, 2005. 2. Reforma ecológica da pastagem Gramíneas São boas fontes de carbono e produtoras de biomassa, sendo palatável para os animais Leguminosas São importantes fontes de nitrogênio e facilitam sua fixação no solo
  • 37. A reforma de uma área de pastagem pode ser realizada pelo restabelecimento imediato de uma nova pastagem ou pela reforma por meio de ciclos produtivos de culturas anuais. Objetivos da recuperação de pastagens - Obter um sistema com pastagem de boa qualidade e produtividade - Ter estabilidade na estação seca e controle de espécies invasoras; - Aumentar a número de espécies forrageiras (entre gramíneas e leguminosas) para enriquecer a pastagem. As principais causas de degradação das pastagens no Brasil são decorrentes da praticas equivocadas de manejo dos animais e das plantas forrageiras, tais como:  O uso contínuo do fogo;  O pastejo contínuo numa mesma área, sem divisão dos pastos;  A utilização de monoculturas de pastos (um só tipo de gramínea). Essas práticas causam o esgotamento da fertilidade dos solos e o aparecimento de pragas e doenças e de plantas invasoras. A avaliação do grau de degradação ajuda a definir a estratégica mais adequada para a recuperação A recuperação das pastagens deve ser por meio de práticas agroecológicas de manejo, entre elas:  O uso prolongado da adubação orgânica animal  O uso da adubação verde  O uso do pastejo racionado (troca de piquetes)  O uso de técnicas de conservação de solo (curva de nível)  A arborização dos pastos  A análise de solo ajuda a planejar a reposição de macro e micro nutrientes e a avaliar a recuperação da fertilidade de uma pastagem. Em estágios mais avançados de degradação é necessário adotar práticas como:  Sobressemeadura consorciada de gramíneas e leguminosas  Uso de calcários em área parcial ou total,  Preparo mecanizado do solo,  Reforma de curvas de nível com arborização. Na pecuária leiteira ecológica, a reforma de pastagens degradadas deve ser empreendida aos poucos, de acordo com as reais possibilidades do agricultor. 3. Integração lavoura-pecuária para a produção de silagem
  • 38. A alternância temporária (rotação) de cultivos para grãos e pastagens de gramíneas ou leguminosas vem sendo denominada na agricultura convencional de “integração lavoura- pecuária”. Esta integração, na Agroecologia, é condição necessária para o desenho de um sistema de produção sustentável e se dá por meio do planejamento da produção agrícola e pecuária a médio e longo prazo, de forma que haja uma potencialização de ambas as culturas: as lavouras e os animais. Os benefícios da Integração lavoura-pecuária:  Gera renda complementar para a família agricultora;  Recupera, de forma eficiente, a fertilidade do solo, por meio da melhoria nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo;  Diminui o custo da reimplantação da pastagem, o que facilita a renovação da mesma;  Controla pragas, doenças e invasoras;  Recicla os nutrientes do solo;  Aproveita o adubo residual do cultivo anual;  Aumenta a produção de grãos e resíduos para os animais;  Facilita as práticas de conservação de solo;  Diversifica o sistema produtivo;  Aumento da produtividade e lucratividade do sistema. Na rotação de cultivos anuais de grãos com pastagens perenes, as forrageiras normalmente produzem grande quantidade de matéria seca, o que mantém o solo coberto e diminui a incidência de pragas e doenças nas culturas subsequentes. A utilização de plantas forrageiras anuais na alimentação animal nas áreas de lavoura, como é o caso do Feijão-Guandú, pode contribuir na suplementação alimentar para o gado no período de inverno, após a retirada dos grãos da lavoura. Isso aumenta a oferta de leite durante este período crítico para a pecuária leiteira, garantindo maior renda para os agricultores. Por outro lado, devemos incentivar áreas de produção de forrageiras como sorgo, milheto, aveias e outras no período denominado “safrinha”. Esta prática, aliada à conservação do excedente forrageiro produzido nas águas (em piquetes destinados a fenação e/ou silagem), são essenciais para complementar, ou até substituir, as capineiras em determinadas épocas. Esta prática aumentará a lucratividade da pecuária leiteira. 3.1 Sistema Barreirão de consorciação do milho com forrageiras O milho quando consorciado com o capim reduz os custos de recuperação e reforma das pastagens além da produção de alimentos para a alimentação animal durante o período de escassez de alimento na forma de grãos, de rolão ou silagem, para a
  • 39. alimentação humana ou na geração de receita mediante a comercialização da produção excedente. No sistema Barreirão, os procedimentos de plantio do milho são os tradicionais. No entanto, o plantio da forrageira podem ser de duas formas: 1. Simultâneo ao plantio do milho: No plantio simultâneo, dependendo da espécie da forrageira, as sementes desta são misturadas ou não ao adubo do milho. É importante cuidar para que a mistura seja feita no dia do plantio e regular a profundidade de deposição do adubo + sementes para maior profundidade, o que varia com a espécie. Geralmente, sementes de braquiária podem ser depositadas até 8 cm e de panicum até 3 cm; e as sementes do milho geralmente são depositadas a 3 cm de profundidade no solo. 2. Após o plantio do milho: ou seja, é o plantio defasado da forrageira em 15 a 30 dias depois da emergência do milho: planta-se o milho solteiro e faz-se o semeio da forrageira juntamente com a adubação de cobertura. Quadro 3. Produção de grãos de milho (ton/ha) e forragem (MS ton/ha) em sistema milho-pastagem, com semeadura simultânea. Consorciação Capim- Pojuca Stylosantes guinensis cv Minerão Arachis pintoi Milho Milho solteiro - - - 6,36 Milho + leguminosa - 1,81 0,56 6,40 Milho + leguminosa + gramínea 4,70 0,14 0,22 6,50 Fonte: http://www.beefpoint.com.br Quadro 4. Produção de grãos de milho, sorgo, soja e arroz (ton/ha) em consórcio ou não com Brachiaria brizanta Consorciação Solteiro Consorciado Milho 6,88 6,79 Sorgo 3,67 3,58 Soja 3,06 2,41 Arroz 2,00 1,50 Fonte: http://www.beefpoint.com.br
  • 40. 8. Sistema de piqueteamento e sombreamento para vacas na produção agroecológica Ana Ruth Estrela Almeida Fernando André Anschau Josias Luis Fornari 1. Sistema de Piqueteamento Os piquetes são usados como divisões da área de pastoreio permitindo o direcionamento do gado para as áreas que apresentam o pasto no seu tempo de repouso adequado. Em sistemas de criação de animais agroecológicos deve - se oportunizar ao animal um bom manejo e um bem-estar, onde os mesmos estão submetidos à diversas condições extra-ambientais as quais podem influenciar diretamente na produção e consequentemente afetando a renda econômica e sobrevivência das famílias. Uma vez realizando- se corretamente o piqueteamento, possibilita aos demais piquetes que o pasto recupere suas reservas para crescer novamente. Esses períodos variam de acordo com as espécies do pasto, estação do ano e as características climáticas da região e fertilidade do solo. 1.1 Numero de piquetes O numero de piquetes é calculado em função do período de descanso que a espécie forrageira necessita e o período de ocupação dos animais no mesmo piquete. O Quadro traz o período de descanso das principais espécies utilizadas. Forrageira Período de descanso Capim-Brachiarão (Brach. Brizantha cv. Marandú) 28 a 35 dias Capim-braquiária (Brachiaria decumbens) 28 a 32 dias Capim-coastcross (Cynodon dactylon) 21 a 28 dias Capim-colonião (panicum maximum) 28 a 35 dias Capim-elefante (Pennisetum purpureum) 35 a 45 dias Capim-mombaça (Panicum maximum cv. Mombaça) 28 a 30 dias Capim-tanzânia (Panicum maximum cv. Tanzânia) 28 a 32 dias Capim-tifton (Cynodon sp.) 21 a 28 dias Grama-estrela (Cynodon plectostachyus e nlemfuensis) 21 a 28 dias Fonte: EMBRAPA (2006) O período de ocupação ideal para gado de leite no mesmo piquete é de um dia, mas em caso de grande disponibilidade de forragem, pode ser utilizado 2 dias de ocupação. Com isso, temos que o cálculo do número de piquetes é:
  • 41. 1.2 Materiais utilizados para a construção de piquetes É aconselhável que o material escolhido seja resistente, de baixo custo e que contenha os animais no piquete. Para isso podemos optar para usar bambu, barra de ferro, palanques de madeira, estacas de eucalipto e galhos de arvore. Deve ser usado para contenção dos animais arame farpado ou fio de choque. 2. Sombreamento na produção agroecológica O conforto dos animais é indispensável na produção agroecológica, o estresse térmico acarreta efeitos negativos tanto na produção quanto na reprodução de vacas leiteiras (Schütz et al., 2009). 2.1 Métodos para controlar o estresse térmico  Sombreamento e Refrescando-se na água Em dias muito quentes as vacas pastejam mais no início da manhã, final da tarde e à noite. Nos horários mais quentes do dia procuram abrigar-se à sombra ou entram na água para se refrescar. A melhor sombra é a provida por árvores, isoladas ou em grupos, e que devem estar presentes nos pastos e piquetes, para proteger as vacas da alta incidência de radiação solar, principalmente no verão (BARBOSA & DAMASCENO, 2002).  Sombreamento com o uso de sombrites Sombrites também são usados para evitar a intensa radiação solar instalações permanentes ou móveis. Sombrites móveis podem ser colocados nas pastagens e serem manejados de modo a não criar áreas de constante permanência dos animais, evitando a degradação do local (DHIMAN & ZAMAN, 2001). O uso do sombrite é recomendado que fosse com tela de proteção que forneça no mínimo 80% de sombra que permitirá que o piso se mantenha sempre seco em função da movimentação dos animais, com altura mínima de 3 metros e largura de 4 metros (PIRES & CAMPOS, 2004).
  • 42. 9. Manejo nutricional em rebanhos de base agroecológica André Sanches de Avila Andressa Faccenda Jéssica Garcias Ricardo Dri Maximiliane Alavarse Zambom A alimentação animal é um dos principais pontos a serem considerados em um sistema de produção. Uma dieta adequada é aquela que contém quantidades de proteínas (PB) e nutrientes digestíveis totais (NDT) capaz de atender as exigências dos animais. A proteína é um nutriente que faz parte dos músculos e órgãos sendo muito importante para o crescimento dos animais e produção de leite. Os nutrientes digestíveis totais são os nutrientes que são aproveitados e fornecerão energia para o animal. Na produção agroecológica um fato importante a considerar é a qualidade e a origem dos alimentos que serão ofertados aos animais, visto que nesse sistema a utilização de alguns alimentos e substâncias são proibidas. A instrução normativa nº 46, de 6 de outubro de 2011 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, descreve sobre as listas de substâncias permitidas para uso nos sistemas orgânicos de produção animal e vegetal da nutrição dos bovinos: 1. Os sistemas orgânicos de produção animal deverão utilizar alimentação da própria unidade de produção ou de outra sob manejo orgânico, em casos de escassez será permitida a utilização de alimentos não-orgânicos na proporção da ingestão diária, com base na matéria seca, em até 15% para animais ruminantes. 2. Para os herbívoros, deverá ser utilizado ao máximo o sistema de pastagem, sendo que as forragens frescas, secas ou ensiladas deverão constituir pelo menos 60% da matéria seca que compõe sua dieta, permitindo-se redução dessa percentagem para 50% aos animais em produção leiteira, durante um período máximo de três meses. 3. Os aditivos e os auxiliares tecnológicos utilizados devem ser provenientes de fontes naturais e não poderão ser transgênicos ou proteína resultante de modificação genética em seu produto final. 4. Não poderão ser utilizados compostos nitrogenados não-proteicos e nitrogênio sintético, como a ureia, na alimentação de animais em sistemas orgânicos de produção. 5. É permitido o uso de suplementos minerais e vitamínicos, desde que os seus componentes não contenham resíduos contaminantes acima dos limites permitidos e que atendam à legislação específica. 6. Os mamíferos jovens deverão ser amamentados pela mãe ou por fêmea substituta, na impossibilidade do aleitamento natural, será permitido o uso de alimentação artificial com leite da mesma espécie animal no mínimo 90 (noventa) dias para bovinos. 1. Alimentação
  • 43. 1.1 Bezerras Após o nascimento as bezerras deverão receber o colostro diretamente da mãe. Em sistema agroecológico é aconselhável que o animal seja amamentado por sua mãe até 90 dias de idade, período então que pode ser desmamado. Antes mesmo do desmame é interessante que as bezerras tenham acesso a pastagem de boa qualidade, feno e suplementação concentrada com aproximadamente 18% de PB. Para os bezerros novos o fornecimento de silagem preferencialmente só deve ser feito a partir do 4 mês de idade. 1.2 Novilhas A dieta nessa fase deve conter em torno de 14% de PB e 65% de NDT. Na época de abundância de pastagens, o uso de pastejo rotativo ajuda a controlar a qualidade do pasto ofertado aos animais. A composição do concentrado a ser fornecido vai depender da qualidade, disponibilidade e tipo do volumoso utilizado. quanto mais pobre em PB e NDT for a pastagem, maior é a concentração de PB e NDT que deve ter no concentrado. 1.3 Vacas em lactação Em um sistema de alimentação para vacas em lactação é necessário que os animais tenham acesso a pastagens de qualidade e com grande disponibilidade de alimento A quantidade de concentrado a ser fornecida para uma vaca em lactação depende da produção de leite deste animal. Vacas em início de lactação devem consumir mais concentrado, de modo que atinjam o pico de produção de leite e expressem todo o seu potencial produtivo. Por sua vez, vacas em final de lactação não respondem produtivamente à oferta de concentrado, de modo que essa pratica encarece os custos com alimentação sem gerar retorno econômico. No Quadro 1 se encontra a descrição da quantidade de concentrado a ser fornecido para uma vaca em função do seu estágio de lactação Quadro 1. Suplementação concentrada para vacas leiteiras em função da fase de lactação Terço inicial da lactação – parto ao 100 dias Concentrado com 18% a 22% de PB e acima de 70% de NDT Deve ser fornecido na base de 1 kg para cada 2,5 kg de leite produzido Terço médio de lactação – 101 aos 200 dias Concentrado com 18% a 20% de PB
  • 44. Época de alta disponibilidade de pasto - fornecer 1 kg de concentrado para cada 3 kg de leite produzidos acima de 5 kg de leite Época de baixa disponibilidade de pasto - fornecer 1 kg de concentrado para cada 3 kg de leite produzidos acima de 3 kg de leite Terço final de lactação – 201 aos 305 dias Nessa fase a quantidade do concentrado é reduzida gradativamente até a sua completa retirada e consequente secagem da vaca. Fonte: Adaptado de Carvalho et al. (2002) 1.4 Vacas secas O período seco tem duração de 60 dias e termina com a nova parição. Uma boa alimentação nesse período com pastagens de boa qualidade é fundamental para que haja transferência de nutrientes da vaca para o desenvolvimento do bezerro. Nas duas semanas que antecedem o parto, deve-se iniciar o fornecimento de pequenas quantidades do concentrado formulado para as vacas em lactação, para adaptar essas vacas secas à dieta que receberão após o parto. As quantidades a serem fornecidas variam entre 2,5 a 5 kg de concentrado por dia, dependendo da qualidade do volumoso fornecido e do potencial produtivo dos animais. 2. Fornecimento de volumosos O gado leiteiro deve ser manejado em pastagens de excelente qualidade e em quantidade suficiente para permitir o máximo consumo do animal. Para isto, o manejo dos pastos em sistema de pastejo rotativo é o mais recomendado. Uma das observações importantes a serem feitas, é com relação a idade da planta, visto que planta muito velhas possuem um valor nutricional inferior, o que acarretará em menor desempenho animal. Durante o período de menor crescimento dessas pastagens, há a necessidade de alimentar esses animais com outros volumosos como: capim-elefante verde picado, cana picada, silagem ou feno. 3. Fornecimento de concentrados Para a suplementação com concentrado pode-se utilizar uma mistura simples à base de milho moído, subprodutos da agroindústria, farelo de soja ou de algodão, calcário e sal mineral, sendo que preferencialmente estes ingredientes devem provir de sistemas agroecológicos. Caso isso não seja possível, é permitido a compra de concentrados comerciais ou ingredientes que não provenham do sistema agroecológico, desde que estes não ultrapassem 15% da dieta total. 4. Fornecimento de minerais
  • 45. O fornecimento de minerais é importante para todas as categorias animais. Para animais mantidos em pastejo, a suplementação mineral deve estar disponível à vontade, preferencialmente em cocho coberto no piquete. Para animais alimentados no cocho é mais seguro e garantido incluir a mistura mineral no concentrado ou na dieta completa que é ofertada ao animal. 5. Fornecimento de água O fornecimento de água limpa e de boa qualidade é fundamental para todas as categorias animais. Ela deve estar à disposição dos animais à vontade, próxima dos cochos e nos locais de pastejo. 6. Alimentos utilizados 6.1 Alimentos volumosos  Gramíneas tropicais Normalmente correspondem em torno de 70% da MS da dieta, promovendo menor custo ao produtor. O capim pode ser fornecido na forma de pasto como normalmente é realizado, mas também pode ser conservado na forma de silagem ou feno para épocas de escassez de alimento. No sistema de pastejo indica-se o pastejo rotacionado, respeitando sempre a altura de entrada e saída dos animais, bem como o período de descanso da pastagem. A forrageira a ser utilizada depende da adaptação desta as condições de solo e clima de cada local.  Leguminosas Para a produção leiteira é interessante que além de gramíneas, o produtor possua uma área com produção de leguminosas que assim possa ter a disposição um banco proteína e com isso haja redução nos custos com concentrado. Para produção de leite é ideal que a área de pastagem de leguminosas seja cultivada em 20 a 30% em relação à área total da pastagem com gramínea. A área da pastagem do banco de proteínas deve ser dividida em piquetes e o pastejo com os animais tem duração média de 2 horas/dia. a. Alimentos conservados  Silagem Silagem é a forragem verde armazenada na ausência de ar, sendo conservada mediante fermentação. Esse volumoso constitui uma importante forma de conservar grandes volumes de forragem para épocas de escassez de alimento, sendo que ela exige cuidados com relação ao ponto ideal de corte, compactação e vedação do silo. Dentre as opções existentes para a ensilagem destacam se o milho, cujo ponte de corte é quando o grão encontra-se ¾ farináceo e ¼ leitoso. Além do milho outras culturas como o sorgo,
  • 46. girassol, milheto, aveia e gramíneas como Tifton e a Estrela podem ser utilizados. A quantidade de silagem a ser ofertada é em torno de 6 a 9 kg para novilhas, 9 a 15 kg para vacas secas e 14 a 20 kg vacas em lactação. No período de escassez de pasto a quantidade de silagem a ser fornecida para vacas em lactação pode ser aumentada para 30 a 35 kg/dia, dependendo do tipo de silagem e produção de leite.  Feno A fenação é um método de conservação de volumosos que consiste na desidratação da planta. Para isso, a forragem é cortada e seca ao sol para posterior enfardamento. Normalmente o feno é produzido quando há excedente na produção de forragens podendo ser armazenado em períodos de escassez de alimento. Dentre as forrageiras mais utilizadas destacam-se o Tifton, a grama Estrela e a alfafa.  Cana-de-açúcar verde A cana de açúcar é um alimento rico em energia. Recomenda-se fornecer até 40 kg por vaca por dia, na forma picada. Maiores quantidades podem ocasionar problemas ruminais, como acidose. Preferencialmente a cana também deve ser fornecida juntamente com outros alimentos mais fibrosos, tal como o feno. b. Alimentos energéticos  Milho É considerado um alimento concentrado energético. O milho em grão pode ser fornecido para bovinos em até 70% do concentrado. O milho também pode ser utilizado também na forma de rolão de milho que consiste na planta inteira moída, incluindo a espiga após a colheita.  Casca de soja A casca de soja é o envoltório do grão da soja e é um alimento rico em energia. Possui alta palatabilidade e é muito aproveitada pelo animal.  Farelo de trigo É rico em fósforo e moderada proteína. Pode substituir o milho da dieta, aumentando o teor proteico desta. c. Alimentos proteicos  Farelo de soja Pode ter de 44% a 48% de proteína e considerado o melhor alimento proteico, por ter altos níveis de proteína de boa qualidade, energia e palatabilidade. Pode ser usado para
  • 47. todas as categorias animais, mas devido ao seu elevado custo recomenda-se usar o suficiente para atender a exigência de proteína. d. Alimentos alternativos A mandioca pode ser utilizada para alimentar o gado, sendo que dela pode-se aproveitar a raízes, as ramas e as folhas. No entanto, a utilização dessa planta requer cuidados, pois existem dois tipos de mandioca: a mansa e a brava. A mansa pode ser fornecida in natura sem problemas, enquanto que a brava possui uma substância tóxica chamada de ácido cianídrico. Para eliminar essa substância deve- se picá-la e deixá-la espalhada ao ar livre por 24-72 horas, e no caso do terço superior da rama, esta pode ser armazenada por 30 dias na forma de silagem. Tomados esses cuidados, as raízes podem ser usadas como fontes de energia, substituindo até mesmo o milho, as folhas como fonte de proteína e a rama como fibra podem ser ofertadas no lugar do pasto. A abóbora pode ser usada para alimentação das vacas leiteiras e devido ao seu sabor adocicado e por sua suculência é muito apreciada pelos animais. Deve ser distribuída no cocho picada e de preferência junto com outros alimentos mais grosseiros como silagens, feno e capim elefante picado. A abóbora é altamente digestível, rica em água e energia. A rama da batata-doce pode ser fornecida sem restrições aos bovinos. A raiz da batata doce também pode ser utilizada, recomenda-se fornecer até 10 kg por vaca por dia. As raízes são colhidas podendo ser retiradas em pequenas quantidades para o fornecimento imediato aos animais. Outra opção é a colheita total, nesse caso as raízes ficam secando ao sol de trinta minutos a três horas e em seguida podem ser armazenadas em local com temperatura entre 13 a 16° C e com boa ventilação de ar. A parte aérea pode ser pastejada, desidratada parcialmente ou ensilada. Quando fresca, a parte aérea da beterraba contém uma substância chamada de ácido oxálico, que pode ser tóxica aos animais. Para evitar essas intoxicações pode-se adicionar 100 a 120g de calcário para cada 100 kg de folhas frescas. A quantidade máxima a ser fornecida é de 13 kg por vaca por dia. A raiz da beterraba é um alimento rico em amido e por isso é uma fonte interessante de energia para o animal. Recomenda-se fornecer, picado, até 30 kg por vaca por dia. Maiores quantidades podem problemas como acidose ruminal. Também podem ser fornecidos outros restos de horta aos animais, não havendo restrições.
  • 48. 10. Literatura citada BARBOSA, O. R.; DAMASCENO, J. C. Bioclimatologia e bem estar animal aplicados à bovinocultura de leite. Universidade Estadual de Maringá, Maringá, PR, Jun 2002. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. [2011]. Instrução Normativa n. 62, de dezembro de 2011. Brasília, 2011. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 46, de 06 de outubro de 2011. Aprova o Regulamento Técnico para os Sistemas Orgânicos de Produção Animal e Vegetal. Disponível em: <http://extranet.agricultura.gov.br/sislegisLegislacaoFederal>. Acesso em: 23 de Novembro de 2014. Brasília: MAPA/OAC, 2011. Seção I, 19p. CAPORAL, F. R.; COSTABEBER, J. A. Agroecologia e desenvolvimento rural sustentável: perspectivas para uma nova Extensão Rural. Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável, v.1, n.1, p.16-37, jan./mar. 2000. CARVALHO, L.A. et al. Sistema de alimentação. EMBRAPA Gado de Leite, 2002. Disponível em:<http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Leite/LeiteCerrado/alimentacao/13.ht ml> Acesso em: 23/11/2014. DHIMAN, T.R.; ZAMAN, M.S. Desafios dos sistemas de produção de leite em confinamento em condições de clima quente. In: Simpósio de Nutrição e Produção de gado de Leite, 2., 2001, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2001.p. 05-20. EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Gado de Leite. Tecnologia para produção de leite na Região Sudeste do Brasil. 2010. Disponível em em: <www.cnpgl.embrapa.br>. EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Gado de Leite. Tecnologia para produção de leite na Região Sudeste do Brasil. 2010. Acesso em: www.cnpgl.embrapa.br. Federação da Agricultura do Estado do Paraná – FAEP. Novo Código Florestal. Disponível em: http://codigoflorestal.sistemafaep.org.br/wp-content/uploads/2012/11/novo-codigo-florestal.pdf. Acesso em: 13 de nov. de 2014. Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura familiar – FETRAF. Agricultura familiar, a favor da vida, do meio ambiente, da sustentabilidade. Disponível em: <http://www.fetraf.org.br/artigos/artigos/11/agricultura-familiar-a-favor-da-vida-do-meio-ambiente-da- sustentabilidade>. Acesso em: 13 de nov. de 2014. Hart, 1980. “Agroecossistemas: Conceitos básicos”. Catie, Turrialba, Costa Rica. HESPANHOL, I. Um novo paradigma para a gestão de recursos hídricos. Estudos Avançados, v.22, n.63, p.131-158, 2008. HESPANHOL, I.; GONÇALVES , O. Conservação e reúso de água. Manual de Orientações para o Setor Industrial. São Paulo: Fiesp, Ciesp, 2005. v.1
  • 49. Instituto Giramundo Mutuando. A cartilha da agroecologia. Botucatu/SP: Editora Criação. 90p. 2005. Instituto Giramundo Mutuando. Programa de Extensão Rural Agroecológica – PROGERA. Pecuária Leiteira Ecológica na Agricultura Familiar. Botucatu/SP: Giramundo. 56p. 2009. MALAVOLTA, E.; LIEM, T. H.; PRIMAVESI, A.C.P.A. Exigências nutricionais das plantas forrageiras. In: SIMPÓSIO SOBRE CALAGEM E ADUBAÇÃO, Nova Odessa, 1985. Anais. Piracicaba: Associação Brasileira para Pesquisa de Potassa e do Fosfato, 1986. p. 31-76. MONÃ – Centro de Estudos Ambientais. Disponível em: <http://www.mona-cea.com.br/> Acesso em: 05 de dez. de 2014 PENTEADO, S. R.; Adubos Verdes e Produção de Biomassa – Melhoria e Recuperação dos Solos. Edição do Autor-Campinas, SP 1º Edição 2007,166 p. PIRES, M. F. A.; CAMPOS, A. T. Modificações ambientais para reduzir o estresse calórico em gado de leite, EMBRAPA, Juiz de Fora, MG, p. 1-6. Dez 2004. (Comunicado técnico, 42) PIRES, M.F.A.; CAMPOS, A.T. Modificações ambientais para reduzir o estresse calórico em gado de leite, Juiz de Fora, Embrapa Gado de Leite, Comunicado Técnico nº 42, 6p. 2004. PRIMAVESI, A. C. P. A. Agroecologia e manejo do solo. Agriculturas, Rio de Janeiro, v. 5, n. 3, 2008. PRIMAVESI, A. C. P. A. Manejo ecológico de pastagens em regiões tropicais e subtropicais. São Paulo: Nobel, 1999. PRIMAVESI, A. C. P. A. Manejo ecológico do solo: agricultura em regiões tropicais. São Paulo: Nobel, 2002. RESTLE, J., VAZ, F.N. Desmame precoce de terneiros. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE PRODUÇÃO INTENSIVA DE GADO DE CORTE, 2, 1998, São Paulo. Anais... São Paulo, 1998. p.3-9 SCHALCH, F.J.; SCHALCH, E.; ZANETTI, M.A. et al. Substituição do milho em grão moído pela polpa cítrica na desmama precoce de bezerros leiteiros. Revista Brasileira de Zootecnia, v.30, n.1, p.280-285, 2001 SCHÜTZ, K. E.; ROGERS, A. R.; COX, N. R. TURCKER, C. B. Dairy cows prefer shade that offers greater protection against solar radiation in summer: shade use, behavior, and body temperature. Rev. Applied Animal Behaviour Science, v. 116, p. 28-34, 2009.
  • 50. Produção de Leite Agroecológico Manejos e práticas sustentáveis para a produção de leite Organizadores Ludmila Couto Gomes Maximiliane Alavarse Zambom Marcel Moreira de Brito Rodrigo Cesar dos Reis Tinini Universidade Estadual do Oeste do Paraná Marechal Candido Rondon Novembro 2014