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Brugnera, Ana Carolina.
Meio ambiente cultural da Amazônia brasileira : dos modos
de vida a moradia do Caboclo Ribeirinho (Dissertação), Universidade
Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2015.
Francisco Gomes da Cruz, Manaus/AM Ficha: 01
Endereço Escadão da Rua beira Rio, nº 77, Colônia
Antõnio Aleixo, Manaus/SM Patrimônio Imaterial
Coordenadas 3° 5'27.35"S / 59°53'11.89"O Técnicas construtivas Artesanato
Contato (92) 91139641  Confecção de utensílios Brincadeiras infantis
Local de nascimento Santa Izabel do Pará Culinária tradicional Mitos e estórias
Atividade/Profissão Pescador Medicina  Manejos da natureza
Festas Outros
Síntese da entrevista:
Seu Francisco, mais conhecido como Seu Birro, nasceu em 1954 no bairro da Colônia do Aleixo do município de Manaus. Morava com sua família num terreno em uma ilha fluvial que fica na
frente de sua atual casa. Este terreno assim como as habitações nesta ilha não existem mais, as famílias foram de lá retiradas em parte devido às cheias.
Contou que para ir à escola, atravessava com os irmãos a lagoa – que separa a ilha do bairro da Colônia – a nado com os livros em sacos para não molhar e subia a pé um acesso até a
comunidade, enquanto isso seu pai realizava a atividade de pescador.
Após ir a Manaus com 18 anos onde trabalhou em algumas funções como motorista, resolveu voltar para a Colônia para morar no lugar onde gostava. Sua atividade principal é a pesca que
aprendeu desde criança. A pesca garante sua subsistência e vende os peixes para atravessadores que não faltam no rio. Os temperos que utiliza para comer o peixe são sal, limão e pimenta
com tucupi. Seu Birro pesca “sem paradeiro”, onde há notícias de peixe vai atrás. Às vezes, sobe o rio cerca de 4 horas de canoa, estica a malha em um local que lhe parece propício e a
prende com bóias e varas, por exemplo em bancões de areia formados pelo rio, deixando lá por um dia ou dois.
O material que utiliza para pesca é comprado: as malhas, as cordas com chumbinho, as canoas, agulha para costurar a malha etc. São materiais baratos que frequentemente são trocados
por serem estragados por botos e piranhas.
Sua casa foi construída por ele e pelos filhos com madeira comprada, fica bem próxima à água, por este motivo ela estava com o assoalho mais elevado em relação ao nível do solo. Segundo
ele, as maiores cheias que presenciou foram em 1978, 1999 e em 2011. Seu birro mora nesta casa há cerca de 15 anos e quando se mudou para lá vivia nesta área com apenas mais um
habitante, segundo ele a população aumentou muito rápido desde então. Segundo o entrevistado, com as atividades industriais e o lixo produzido pelo crescimento populacional o rio está
sendo assoreado e as cheias tem sido maiores.
Antigamente a população ribeirinha tinha algumas roças com cultivo de plantas na beira do rio que foram abandonadas devido à cheia muita rápida, também conhecida como jurumuna, que
pode ser ocasionada tanto pelo agito natural das águas ou por meio de grandes embarcações. Também nos contou que as brincadeiras favoritas das crianças que estavam hospedadas em
sua casa eram o papagaio (pipa) e “bola”. Uma história que era contada por sua mãe era a do jacaré que morava na água e comia tanto barqueiros como suas embarcações. Seu Birro nos
contou que o viu no meio da água, um jacaré inacreditavelmente enorme.
Legenda: Foto da varanda de seu
Francisco
Legenda: Seu Francisco produzindo uma
malhadeira em sua varanda
Legenda: Detalhe do ponto da malhadeira Legenda: Base da tarrafa
Brugnera, Ana Carolina.
Meio ambiente cultural da Amazônia brasileira : dos modos
de vida a moradia do Caboclo Ribeirinho (Dissertação), Universidade
Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2015.
Patrimônio Material
Bem móvel Objetos e utensílios ligados a pesca:
1 - Malhadeira;
2 -Tarrafa;
3 - Agulha para confecção da malha;
4 - Canoa
5 - Remo.
Descrição do Objeto:
1 – Confeccionada a partir de fios de nylon de 0,6mm de espessura. Depois de entralhada fica com pouco mais de
50m de comprimento. O cabo que fica envolta da malhadeira é feito a partir de um fio mais grosso, nele são
entralhados pequenas peças de chumbo que auxiliam no seu afundamento. Utilizada na pesca a malhadeira possui
formato retangular. Ela é utilizada na pesca de pequena escala devido a sua versatilidade e ao baixo custo em
equipamento e trabalho. São adequadas para o uso em sistemas multiespecíficos, típicos de ambientes tropicais.
2 - Aparelho de pesca de arremesso em formato de cone, confeccionado com linhas de nylon e cabo de poliamida
na parte superior. Os chumbos entralhados na parte inferior possibilitam seu rápido afundamento. Seu formato de
cone, que é garantido pela variação do numero de malhas, ajuda na pesca de espécies destintas de peixes.
3 - A agulha é um pequeno objeto que auxilia os pescadores na confecção das malhadeiras e tarrafas. Podendo ser
de PVC ou madeira, uma das suas extremidades é mais fina enquanto a outra é recortada. Possui este formato
para não deixar o fio escorregar.
4 –
5 - Feito a partir de uma peça de madeira. Uma de suas extremidades é mais larga e achatada para ajudar no
deslocamento nas águas do rio.
Uso e função Pesca artesanal
Autor, fabricante Francisco Gomes da Cruz
Material Fios de nylon
Malhadeira Tarrafa Agulha de rede de pesca Canoa de seu Francisco
Brugnera, Ana Carolina.
Meio ambiente cultural da Amazônia brasileira : dos modos
de vida a moradia do Caboclo Ribeirinho (Dissertação), Universidade
Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2015.
Bem Imóvel Residência Francisco Gomes da Cruz
Estilo Palafita
Implantação Urbana, rua asfaltada
Uso Misto: Residencial e Comércio
Dimensões Fachada Frontal: 7 metros / Fachada Inferior: 7 metros / Largura: 5,00 metros /
Comprimento: 17 metros
Entrada/Acessos Acesso principal frontal, acesso ao jardim pelos Fundos
Pavimentos 1 pavimento sobre palafitas
Pé-direito Térreo 3.5 / residência 3.5
Distância da superfície 3.5 metros
Topografias Levemente inclinada
Estruturas anexas Banheiro e forno para queima da cerâmica
Descrição: As palafitas aparecem tanto nas encostas dos rios como em áreas alagáveis da Amazônia e têm sua fundação elaborada com o sistema de pilotis, originalmente em madeira,
matéria prima abundante na região que hoje já está sendo substituída por estruturas de concreto. A edificação sobre palafitas, como mencionado anteriormente, sofre uma interferência
arquitetônica conforme as cheias do rio, sendo comum erguer o assoalho da casa em relação ao nível do solo por meio da construção de uma maromba, um novo piso suspenso sobre o
antigo.
A palafita está diretamente ligada ao dia-dia do pescador. Na face que dá para o rio se estende uma varanda espaçosa que é ventilada pela corrente de ar que se forma junto ao canal.
Desta varanda projeta-se um pequeno píer, que dá acesso à água. Neste píer não pode faltar uma escada, afinal, durante a vazante, é necessário chegar à terra firme, ao espaço que se
forma por debaixo da casa. Durante o “verão” os porcos, as galinhas e os patos são criados soltos ou cercados neste espaço.
A residência de seu Francisco tem sua fundação de concreto, estrutura de madeira, vedação de tabuas, e cobertura de telhas de fibrocimento. É composta por dois cômodos, cozinha,
banheiro e varanda. Encontra-se em bom estado de conservação e integro.
Fachada Frontal Frente da edificação na vazante do rio Detalhe da estrutura Detalhe da estrutura
Brugnera, Ana Carolina.
Meio ambiente cultural da Amazônia brasileira : dos modos
de vida a moradia do Caboclo Ribeirinho (Dissertação), Universidade
Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2015.
Vista da casa de Francisco para seu vizinho Fronte da casa na vazante do rio Fachada lateral A varanda
Equipe:
Este trabalho e levantamento de campo foi Realizado pelo Programa de Gestão do Patrimônio Histórico e Cultural da Fábrica Intercement – Etapa Diagnóstico e Prospecção – Manaus/AM,
sendo coordenado pela L.D. Dra. Erika Robrahn Gonzalez. Teve como equipe de Patrimônio Histórico Cultural:
Ana Carolina Brugnera – Arquiteta e Urbanista – Gestão
Mariana Barcellini – Geografa
Paola Weitbrecht – Graduanda em Arquitetura
Korina Sophia Brugnera – Estagiária – Técnica em Patrimônio Cultural
O material colhido fora trabalhado para então adequação a esta ficha de cadastro que faz parte da pesquisa de mestrado em questão.
Data do Campo: Outubro/2012
Data da ficha: Junho/2014

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Pescador amazônico e suas técnicas de pesca

  • 1. Brugnera, Ana Carolina. Meio ambiente cultural da Amazônia brasileira : dos modos de vida a moradia do Caboclo Ribeirinho (Dissertação), Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2015. Francisco Gomes da Cruz, Manaus/AM Ficha: 01 Endereço Escadão da Rua beira Rio, nº 77, Colônia Antõnio Aleixo, Manaus/SM Patrimônio Imaterial Coordenadas 3° 5'27.35"S / 59°53'11.89"O Técnicas construtivas Artesanato Contato (92) 91139641  Confecção de utensílios Brincadeiras infantis Local de nascimento Santa Izabel do Pará Culinária tradicional Mitos e estórias Atividade/Profissão Pescador Medicina  Manejos da natureza Festas Outros Síntese da entrevista: Seu Francisco, mais conhecido como Seu Birro, nasceu em 1954 no bairro da Colônia do Aleixo do município de Manaus. Morava com sua família num terreno em uma ilha fluvial que fica na frente de sua atual casa. Este terreno assim como as habitações nesta ilha não existem mais, as famílias foram de lá retiradas em parte devido às cheias. Contou que para ir à escola, atravessava com os irmãos a lagoa – que separa a ilha do bairro da Colônia – a nado com os livros em sacos para não molhar e subia a pé um acesso até a comunidade, enquanto isso seu pai realizava a atividade de pescador. Após ir a Manaus com 18 anos onde trabalhou em algumas funções como motorista, resolveu voltar para a Colônia para morar no lugar onde gostava. Sua atividade principal é a pesca que aprendeu desde criança. A pesca garante sua subsistência e vende os peixes para atravessadores que não faltam no rio. Os temperos que utiliza para comer o peixe são sal, limão e pimenta com tucupi. Seu Birro pesca “sem paradeiro”, onde há notícias de peixe vai atrás. Às vezes, sobe o rio cerca de 4 horas de canoa, estica a malha em um local que lhe parece propício e a prende com bóias e varas, por exemplo em bancões de areia formados pelo rio, deixando lá por um dia ou dois. O material que utiliza para pesca é comprado: as malhas, as cordas com chumbinho, as canoas, agulha para costurar a malha etc. São materiais baratos que frequentemente são trocados por serem estragados por botos e piranhas. Sua casa foi construída por ele e pelos filhos com madeira comprada, fica bem próxima à água, por este motivo ela estava com o assoalho mais elevado em relação ao nível do solo. Segundo ele, as maiores cheias que presenciou foram em 1978, 1999 e em 2011. Seu birro mora nesta casa há cerca de 15 anos e quando se mudou para lá vivia nesta área com apenas mais um habitante, segundo ele a população aumentou muito rápido desde então. Segundo o entrevistado, com as atividades industriais e o lixo produzido pelo crescimento populacional o rio está sendo assoreado e as cheias tem sido maiores. Antigamente a população ribeirinha tinha algumas roças com cultivo de plantas na beira do rio que foram abandonadas devido à cheia muita rápida, também conhecida como jurumuna, que pode ser ocasionada tanto pelo agito natural das águas ou por meio de grandes embarcações. Também nos contou que as brincadeiras favoritas das crianças que estavam hospedadas em sua casa eram o papagaio (pipa) e “bola”. Uma história que era contada por sua mãe era a do jacaré que morava na água e comia tanto barqueiros como suas embarcações. Seu Birro nos contou que o viu no meio da água, um jacaré inacreditavelmente enorme. Legenda: Foto da varanda de seu Francisco Legenda: Seu Francisco produzindo uma malhadeira em sua varanda Legenda: Detalhe do ponto da malhadeira Legenda: Base da tarrafa
  • 2. Brugnera, Ana Carolina. Meio ambiente cultural da Amazônia brasileira : dos modos de vida a moradia do Caboclo Ribeirinho (Dissertação), Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2015. Patrimônio Material Bem móvel Objetos e utensílios ligados a pesca: 1 - Malhadeira; 2 -Tarrafa; 3 - Agulha para confecção da malha; 4 - Canoa 5 - Remo. Descrição do Objeto: 1 – Confeccionada a partir de fios de nylon de 0,6mm de espessura. Depois de entralhada fica com pouco mais de 50m de comprimento. O cabo que fica envolta da malhadeira é feito a partir de um fio mais grosso, nele são entralhados pequenas peças de chumbo que auxiliam no seu afundamento. Utilizada na pesca a malhadeira possui formato retangular. Ela é utilizada na pesca de pequena escala devido a sua versatilidade e ao baixo custo em equipamento e trabalho. São adequadas para o uso em sistemas multiespecíficos, típicos de ambientes tropicais. 2 - Aparelho de pesca de arremesso em formato de cone, confeccionado com linhas de nylon e cabo de poliamida na parte superior. Os chumbos entralhados na parte inferior possibilitam seu rápido afundamento. Seu formato de cone, que é garantido pela variação do numero de malhas, ajuda na pesca de espécies destintas de peixes. 3 - A agulha é um pequeno objeto que auxilia os pescadores na confecção das malhadeiras e tarrafas. Podendo ser de PVC ou madeira, uma das suas extremidades é mais fina enquanto a outra é recortada. Possui este formato para não deixar o fio escorregar. 4 – 5 - Feito a partir de uma peça de madeira. Uma de suas extremidades é mais larga e achatada para ajudar no deslocamento nas águas do rio. Uso e função Pesca artesanal Autor, fabricante Francisco Gomes da Cruz Material Fios de nylon Malhadeira Tarrafa Agulha de rede de pesca Canoa de seu Francisco
  • 3. Brugnera, Ana Carolina. Meio ambiente cultural da Amazônia brasileira : dos modos de vida a moradia do Caboclo Ribeirinho (Dissertação), Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2015. Bem Imóvel Residência Francisco Gomes da Cruz Estilo Palafita Implantação Urbana, rua asfaltada Uso Misto: Residencial e Comércio Dimensões Fachada Frontal: 7 metros / Fachada Inferior: 7 metros / Largura: 5,00 metros / Comprimento: 17 metros Entrada/Acessos Acesso principal frontal, acesso ao jardim pelos Fundos Pavimentos 1 pavimento sobre palafitas Pé-direito Térreo 3.5 / residência 3.5 Distância da superfície 3.5 metros Topografias Levemente inclinada Estruturas anexas Banheiro e forno para queima da cerâmica Descrição: As palafitas aparecem tanto nas encostas dos rios como em áreas alagáveis da Amazônia e têm sua fundação elaborada com o sistema de pilotis, originalmente em madeira, matéria prima abundante na região que hoje já está sendo substituída por estruturas de concreto. A edificação sobre palafitas, como mencionado anteriormente, sofre uma interferência arquitetônica conforme as cheias do rio, sendo comum erguer o assoalho da casa em relação ao nível do solo por meio da construção de uma maromba, um novo piso suspenso sobre o antigo. A palafita está diretamente ligada ao dia-dia do pescador. Na face que dá para o rio se estende uma varanda espaçosa que é ventilada pela corrente de ar que se forma junto ao canal. Desta varanda projeta-se um pequeno píer, que dá acesso à água. Neste píer não pode faltar uma escada, afinal, durante a vazante, é necessário chegar à terra firme, ao espaço que se forma por debaixo da casa. Durante o “verão” os porcos, as galinhas e os patos são criados soltos ou cercados neste espaço. A residência de seu Francisco tem sua fundação de concreto, estrutura de madeira, vedação de tabuas, e cobertura de telhas de fibrocimento. É composta por dois cômodos, cozinha, banheiro e varanda. Encontra-se em bom estado de conservação e integro. Fachada Frontal Frente da edificação na vazante do rio Detalhe da estrutura Detalhe da estrutura
  • 4. Brugnera, Ana Carolina. Meio ambiente cultural da Amazônia brasileira : dos modos de vida a moradia do Caboclo Ribeirinho (Dissertação), Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2015. Vista da casa de Francisco para seu vizinho Fronte da casa na vazante do rio Fachada lateral A varanda Equipe: Este trabalho e levantamento de campo foi Realizado pelo Programa de Gestão do Patrimônio Histórico e Cultural da Fábrica Intercement – Etapa Diagnóstico e Prospecção – Manaus/AM, sendo coordenado pela L.D. Dra. Erika Robrahn Gonzalez. Teve como equipe de Patrimônio Histórico Cultural: Ana Carolina Brugnera – Arquiteta e Urbanista – Gestão Mariana Barcellini – Geografa Paola Weitbrecht – Graduanda em Arquitetura Korina Sophia Brugnera – Estagiária – Técnica em Patrimônio Cultural O material colhido fora trabalhado para então adequação a esta ficha de cadastro que faz parte da pesquisa de mestrado em questão. Data do Campo: Outubro/2012 Data da ficha: Junho/2014