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- Grupo de Estudos GETERGE – em Trabalho, Ergologia e
Gestão do PPGAdm/Ufes
- Coordenadora: prof. Mônica de Fatima Bianco
- Para se pensar o trabalho, é necessário saber do
ele se trata.
Atividade de Trabalho - Tudo o que fazemos
fisicamente, intelectualmente, socialmente,
coletivamente, etc. para realizar uma tarefa e/ou
uma dada função.
TRABALHO E GESTÃO DA ATIVIDADE
(alguns slides são de Pierre Trinquet)
O que possibilitou se perceber a importância da
atividade de trabalho enquanto atividade
exclusivamente humana?
A constatação:
Existe sempre uma diferença entre o trabalho da
forma de como ele é prescrito antes da sua realização e,
uma vez que é finalmente realizado.
O QUE É ATIVIDADE DE TRABALHO?
Na França em 1970, inicia-se um estudo sobre o trabalho de
operárias em uma linha de produção numa fábrica de televisão.
Dois estagiários são contratados para a pesquisa, sob a
supervisão dos professores Laville e Wisner: C. Teiger e J.
Duraffourg.
Por que dois estagiários? Novos espíritos, sem concepções pré-
concebidas do ambiente de trabalho.
A DESCOBERTA DA LACUNA ENTRE O
PRESCRITO E O REAL
O TRABALHO TAL COMO É PRESCRITO
PELOS MÉTODOS E TRABALHOS TEÓRICOS
O TRABALHO PRESCRITO E O TRABALHO REAL
Na época isso parecia impossível, Por que?
- Crime de «lesa-taylorismo»: Estreita separação entre o trabalho de
concepção e o trabalho de execução;
- Operários = domesticados segundo Taylor;
- Questionamento profundo e geral da própria concepção do trabalho,
nos domínios conceituais e organizacionais;
A batalha do trabalho real.
- Mudanças repercutidas em todas as ciências do trabalho.
- Diretrizes Européias transcritas em direito francês pela lei de
31/12/1991: Obrigação de considerar o trabalho real além do
trabalho prescrito, para avaliar os riscos do trabalho.
- Nessa perspectiva, qual é a contribuição da Ergologia
CONCLUSÕES IMPORTANTES
O que é Ergologia?
- Trata-se de uma abordagem analítica para compreensão
da atividade humana de trabalho.
- Ela não é uma disciplina científica. É pluridisciplinar –
isto é, envolve diferentes áreas de saberes
disciplinares.
13
TRABALHO E ERGOLOGIA
A atividade é considerada no sentido do que
acontece na cabeça e no corpo da pessoa que
trabalha, no diálogo com seu meio e os outros
(a subjetividade).
É invisível mas é porque existe esse dialogo que
definitivamente, o trabalho pode se realizar e o é.
Em geral, as pessoas se interessam pelo trabalho e
não pela atividade. E portanto não é a mesma coisa.
E porque é diferente?
MAS O QUE É ATIVIDADE DE TRABALHO?
15
Todos os saberes acadêmicos são necessários,
mas nenhum é suficiente para englobar toda a
complexidade da atividade humana.
É preciso a síntese de todos os saberes
convocados, inclusive os saberes investidos dos
trabalhadores.
TRABALHO E ERGOLOGIA
16
Trabalho:
Uma tarefa a realizar seguindo as prescrições;
Um saber constituído.
Atividade de trabalho:
O trabalho prescrito + a gestão das diferenças
(entre o prescrito e o realizado);
Um saber constituído + um saber investido;
Prática de sua própria personalidade no aqui e
agora.
O trabalho é sempre igual.
TRABALHO E ATIVIDADE DE TRABALHO
17
Atividade:
Sempre um encontro singular entre:
- Um trabalho particular a realizar;
- Um ser humano e/ou um coletivo, sempre singular e
nunca estabilizado no tempo e no espaço;
- Um meio, um ambiente, sempre infiel.
A atividade de trabalho é sempre singular
e historicamente datada e situada.
MAS O QUE É ATIVIDADE DE TRABALHO?
A atividade de trabalho engloba e restitui toda a
complexidade humana.
Por isso afirmamos: O trabalho é complicado!
Mas a enorme maioria das pessoas – inclusive os próprios
protagonistas, está convencida de que o trabalho é algo
simples, mecânico.
Desta simplificação infundada resulta a maioria das nossas
dificuldades à compreender, à conhecer, à organizar, formar e
gerenciar a atividade laboriosa.
Essa simplificação é proveniente da confusão entre:
O trabalho e a atividade de trabalho.
TRABALHO E ATIVIDADE DE TRABALHO
Por que trabalhamos?
Quais são as repercussões humanas
do trabalho?
As duas funções dialéticas do
trabalho:
 A função econômico-social;
 A função ontológica e antropológica
O que isto quer dizer?
AS FUNÇÕES DO TRABALHO HUMANO
A ontologia se refere ao estudo do ser humano
enquanto indivíduo.
É o estudo das propriedades gerais que fazem com que
existamos enquanto seres humanos, às vezes particulares -
somos todos diferentes - e gerais enquanto humanos.
A antropologia se interessa pela espécie humana e
sua evolução em relação às outras espécies
animais.
Como e porque, nossos ancestrais se separaram do reino
animal para chegar ao que somos hoje? A hominização.
AS FUNÇÕES DO TRABALHO HUMANO
Eu trabalho unicamente pela minha remuneração, salário?
(A função econômico-social)
Se não trabalho apenas pelo meu salário, então, trabalho por que?
(A função ontológica e antropológica)
Segundo Bergson : “O humano é menos Homo sapiens (Homem
sábio) que Homo faber, pois é menos o saber ou a sabedoria que
o caracteriza, que esta capacidade constante de sempre inventar
novas técnicas.”
Ele acrescenta: “o aparecimento de ferramentas corresponde ao
aparecimento da inteligência.”
(A função antropológica)
AS FUNÇÕES DO TRABALHO HUMANO
Portanto, é o trabalho que faz o Homem e
reciprocamente, é o Homem que fez o trabalho.
Existe uma dialética constante entre:
- A hominização, o trabalho, a consciência, a
linguagem e a escrita.
O homem não pode existir verdadeiramente, sem
uma atividade de trabalho! Ela é dialeticamente
complementar para ele e desde o aparecimento do
homo. E isto é sempre verdadeiro.
O Homem tem necessidade do trabalho
como de beber ou de comer!
AS FUNÇÕES DO TRABALHO HUMANO
É verdadeiro ainda hoje?
Todas as grandes transformações sociais que vivemos
ou nos submetemos, nos últimos tempos, não estão
estreitamente relacionadas às evoluções industriais,
tecnológicas, organizacionais, em todos os domínios,
tanto das ciências naturais quanto das ciências
humanas?
AS FUNÇÕES DO TRABALHO HUMANO
24
Por quem e como é gerido a lacuna entre o trabalho
prescrito e o real?
Saber constituído = Saber acadêmico
- saber formalizado nos livros, cursos, normas, etc.
- saber convocado para estabelecer o prescrito.
Saber investido = Saber da experiência
- saber investido no corpo-si, construído ao longo de
todas as suas atividades e de sua educação.
- saber convocado para preencher e gerir as
diferenças entre o trabalho prescrito e o trabalho real.
TRABALHO, ERGOLOGIA E GESTÃO
É uma concepção ergológica e metodológica, não se
restringindo a discussões.
Por que três pólos?
1º pólo do saber constituído;
2º pólo do saber investido;
3º pólo da partilha de recursos materiais e
conceituais necessários.
Confluem em processos de duplo sentido.
25
O DISPOSITIVO DINÂMICO DE 3 PÓLOS
(DD3P)
Pólo de exigências
ergológicas:
ética, conceitos e
meios
Pólo dos saberes
investidos e das
forças de
convocação e
reconvocação
Pólo dos saberes
constituídos,
em convocação e
enriquecimento
mútuo
Lugar dos processos
com duplo sentido,
resultando em:
conhecimentos e
soluções
26
O trabalho e, especialmente, a atividade do trabalho humano:
É complicado! E, se torna cada vez mais complicado!
- Podemos continuar a gerir, organizar, decidir, sem considerar
toda essa complexidade ?
- A ciência não pode decidir no lugar dos gestores e de todos os
que concebem o trabalho!
- Como considerar as duas funções inseparáveis: a função
econômico-social e a função ontológica-antropológica?
- Para isso, torna-se cada vez mais necessário desenvolver a
relação entre o mundo da pesquisa e do trabalho.
- Conceitos emergentes de gestão estão se movendo nessa direção.
- Talvez vocês saibam tudo isso por experiência e vocês praticam.
Mas, na clandestinidade.
- A real modernização das empresas e serviços depende disso.
CONCLUSÕES INICIAIS
No Setor do Mármore e Granito:
RESULTADOS DE PESQUISAS NO
ESTADO ES
COMPETÊNCIAS EM FOCO: A GESTÃO COM PESSOAS SOB A ÓTICA
DOS TRABALHADORES DO SETOR DE MÁRMORE E GRANITO (1)
De Simone de Bruim Babisk Mezadre
O POLIMENTO DOS SABERES: UM ESTUDO DE SITUAÇÕES DE
TRABALHO EM UMA EMPRESA BENEFICIADORA DE MÁRMORE E
GRANITO (2)
De Gabriela de Brito Martins Santos
Conhecer e analisar as estratégias utilizadas pelos
trabalhadores para acionar e desenvolver as
competências na atividade de beneficiamento do
mármore e granito, visando a transformação e a gestão
coletiva do trabalho. (1)
Entender as competências na ação no caso dos
trabalhadores em empresas do setor de Rochas no sul
do Estado. (2)
RESULTADOS DE PESQUISAS NO
ESTADO ES
O caminho das pedras: Aspectos Metodológicos
Construção do Estudo (1):
a) 6 encontros de Grupos focais, profissionais de diversas empresas;
b) Observações diretas em 2 empresas;
c) 6 Entrevistas individuais.
Estudo de Caso (2):
- Uma empresa de mineração – BA responsável pela extração em uma
jazida e duas empresas de beneficiamento – BA e ES;
- Empresa familiar de pequeno porte no sul do ES;
- Atividades: serragem, resinamento e polimento;
- 20 funcionários (área de beneficiamento).
- Análise de Documentos, Observação direta e Entrevistas individuais
e um Grupo focal com os participantes.
RESULTADOS DE PESQUISAS NO
ESTADO ES
Perfil dos Participantes (1):
a) 11 homens e 4 mulheres;
b) Encarregados, assessores e gerentes;
c) Ensino fundamental a pós-graduados.
Atuam no setor operacional da empresa (2):
- Total de 9 participantes, todos homens;
- Corte, polimento, resinagem e carregamento;
- Critério de escolha participantes: escala de trabalho;
- Ensino fundamental incompleto a médio incompleto.
RESULTADOS DE PESQUISAS NO
ESTADO ES
“Eu cresci vendo meu pai falar em pedra. Sempre conheci pedra como
bloco e não como chapa de pedra. Levando almoço e janta pro meu pai,
conheci o que era o mármore e granito”. (ANA, Encarregada de
Produção)
“Penso que o setor tinha a demanda de profissionais mais qualificados
para assumirem equipamentos que custavam milhões. Eu percebi
que havia muitas oportunidades de trabalho e então resolvi que o
caminho que eu deveria seguir era esse, é o setor que mais emprega
na nossa região”. (MARCIO, Encarregado de Produção)
“As pedras são lindas mesmo, mas só nós sabemos como fazemos
para que elas fiquem assim. Tem umas que chegam aqui cheias de
defeitos, aí passa mais resina, retoca aqui e ali e ainda tem cliente que
chega aqui na produção e passa a unha em pedra por pedra pra ver se
está bem feita” (RALF, Encarregado de Produção)
RESULTADOS DE PESQUISAS NO
ESTADO ES
“Eu posso dizer que trabalho com autonomia. O que tenho que fazer,
faço, o que tenho que pedir, peço. Se der certo, ótimo. Se não der,
assumo a responsabilidade e levo bronca (rs). A gente tenta fazer
tudo do melhor jeito, [...] e, na verdade, você só é cobrado
daquilo que você não faz. O que você faz, nem sempre é
lembrado”. (JOSÉ, Encarregado de Produção)
“Cada um chega com um pedido URGENTE e eu num sei o que faço
primeiro. E os vendedores às vezes me pedem coisas
impossíveis, por exemplo, tem pedido que só consigo fazer em no
mínimo 20 dias e eles prometem pro cliente que vão entregar em
uma semana! Nem se virarmos a noite trabalhando
conseguiríamos isso”. (JOSÉ, Encarregado de Produção)
RESULTADOS DE PESQUISAS NO
ESTADO ES
“O que ajuda a resolver os problemas é trabalhar em equipe, é conversar,
é negociar prazos, trocar idéias com o pessoal sempre. Isso acontece o
tempo todo. A experiência ajuda, se o problema já aconteceu outras
vezes, mas nem sempre a solução é a mesma.” (MARCIO,
Encarregado de Produção)
“Ali é igual a um jogo de futebol, tudo que você sinalizar pra pessoa ou só
de olhar pra pessoa, a pessoa já entende, a gente já tem uma
linguagem.” (AÉLCIO, Serrador).
O encarregado passa grande parte do dia no setor de serragem,
conferindo os processos: “a tranquilidade da minha semana e meu
estado de humor depende deste perfil de alumínio.” (STÉFANO,
Encarregado).
RESULTADOS DE PESQUISAS NO
ESTADO ES
“Eu vinha trazer o almoço aqui por meu irmão [...] eu achava o ramo
de pedra muito complicado, morre muita gente durante o ano, mas
aí quando eu entrei aqui eu fui sentindo o gosto..., comecei a
gostar [...].” (MÁRCIO, Resinador)
“Eu adoro trabalhar de resinador [...] eu fico alegre quando a gente
resina um material, o polidor pule e fica luxo..., então eu adoro,
tenho amor pela área da resina.” (MÁRCIO, Resinador).
Há transformação de um sentimento de falta de opção num
engajamento provocado pela satisfação na realização com o
trabalho.
RESULTADOS DE PESQUISAS NO
ESTADO ES
Essa é uma tentativa de olhar o trabalho no setor de Rochas sob a ótica
dos trabalhadores também;
Trazer a possibilidade da troca e da produção de reflexões sobre os
cotidianos de trabalho em diferentes contextos;
As competências dos trabalhadores emergem no momento da ação.
A autonomia no trabalho é a ferramenta principal para a realização de
renormalizações, num contexto local permeado pela
multifuncionalidade;
Como avançar?
Fica a sugestão de Formação de Comunidade Ampliada de Pesquisa
no setor de rochas: envolvendo instituições ensino superior,
trabalhadores/ profissionais das empresas e representantes sindicais.
Uma convocação para o diálogo envolvendo os 3
Pólos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
OBRIGADO!
Contatos: mofbianco@gmail.com
www.ppgadm.ufes.br
Buscar GETERGE no facebook, temos um Evento
com inscrições abertas.
Tema: Trabalho e Gestão
Dias 22 e 23-10 na Ufes
Referências:
Trinquet, P. O método ergológico. Revista HISTEDBR, août 2010.
Schwartz, Y & Durrive, L. Trabalho e Ergologia: conversas sobre a
atividade humana. Rio de Janeiro: EDUFF, 2007.
http://www.ergologie.com
http://www.rencontresdutravail.com/
http://www.ergologia.org
A formacão profissional e continua (fpc) na França: um olhar cruzado;
Trabalho e Educação: revista do NETE. Belo Horizonte: UFMG, v.17,
n.1, 2008.
Entrevista: Pierre Trinquet e o ponto de vista da atividade em formação
profissional e segurança no trabalho; Cadernos de Psicologia Social
do Trabalho, v. 13, n. 1, pp. 149-157, 2010.
Dentre outras.

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O Trabalho e a Atividade de Trabalho na Perspectiva Ergológica

  • 1. - Grupo de Estudos GETERGE – em Trabalho, Ergologia e Gestão do PPGAdm/Ufes - Coordenadora: prof. Mônica de Fatima Bianco - Para se pensar o trabalho, é necessário saber do ele se trata. Atividade de Trabalho - Tudo o que fazemos fisicamente, intelectualmente, socialmente, coletivamente, etc. para realizar uma tarefa e/ou uma dada função. TRABALHO E GESTÃO DA ATIVIDADE (alguns slides são de Pierre Trinquet)
  • 2. O que possibilitou se perceber a importância da atividade de trabalho enquanto atividade exclusivamente humana? A constatação: Existe sempre uma diferença entre o trabalho da forma de como ele é prescrito antes da sua realização e, uma vez que é finalmente realizado. O QUE É ATIVIDADE DE TRABALHO?
  • 3. Na França em 1970, inicia-se um estudo sobre o trabalho de operárias em uma linha de produção numa fábrica de televisão. Dois estagiários são contratados para a pesquisa, sob a supervisão dos professores Laville e Wisner: C. Teiger e J. Duraffourg. Por que dois estagiários? Novos espíritos, sem concepções pré- concebidas do ambiente de trabalho. A DESCOBERTA DA LACUNA ENTRE O PRESCRITO E O REAL
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  • 10. O TRABALHO TAL COMO É PRESCRITO PELOS MÉTODOS E TRABALHOS TEÓRICOS
  • 11. O TRABALHO PRESCRITO E O TRABALHO REAL
  • 12. Na época isso parecia impossível, Por que? - Crime de «lesa-taylorismo»: Estreita separação entre o trabalho de concepção e o trabalho de execução; - Operários = domesticados segundo Taylor; - Questionamento profundo e geral da própria concepção do trabalho, nos domínios conceituais e organizacionais; A batalha do trabalho real. - Mudanças repercutidas em todas as ciências do trabalho. - Diretrizes Européias transcritas em direito francês pela lei de 31/12/1991: Obrigação de considerar o trabalho real além do trabalho prescrito, para avaliar os riscos do trabalho. - Nessa perspectiva, qual é a contribuição da Ergologia CONCLUSÕES IMPORTANTES
  • 13. O que é Ergologia? - Trata-se de uma abordagem analítica para compreensão da atividade humana de trabalho. - Ela não é uma disciplina científica. É pluridisciplinar – isto é, envolve diferentes áreas de saberes disciplinares. 13 TRABALHO E ERGOLOGIA
  • 14. A atividade é considerada no sentido do que acontece na cabeça e no corpo da pessoa que trabalha, no diálogo com seu meio e os outros (a subjetividade). É invisível mas é porque existe esse dialogo que definitivamente, o trabalho pode se realizar e o é. Em geral, as pessoas se interessam pelo trabalho e não pela atividade. E portanto não é a mesma coisa. E porque é diferente? MAS O QUE É ATIVIDADE DE TRABALHO?
  • 15. 15 Todos os saberes acadêmicos são necessários, mas nenhum é suficiente para englobar toda a complexidade da atividade humana. É preciso a síntese de todos os saberes convocados, inclusive os saberes investidos dos trabalhadores. TRABALHO E ERGOLOGIA
  • 16. 16 Trabalho: Uma tarefa a realizar seguindo as prescrições; Um saber constituído. Atividade de trabalho: O trabalho prescrito + a gestão das diferenças (entre o prescrito e o realizado); Um saber constituído + um saber investido; Prática de sua própria personalidade no aqui e agora. O trabalho é sempre igual. TRABALHO E ATIVIDADE DE TRABALHO
  • 17. 17 Atividade: Sempre um encontro singular entre: - Um trabalho particular a realizar; - Um ser humano e/ou um coletivo, sempre singular e nunca estabilizado no tempo e no espaço; - Um meio, um ambiente, sempre infiel. A atividade de trabalho é sempre singular e historicamente datada e situada. MAS O QUE É ATIVIDADE DE TRABALHO?
  • 18. A atividade de trabalho engloba e restitui toda a complexidade humana. Por isso afirmamos: O trabalho é complicado! Mas a enorme maioria das pessoas – inclusive os próprios protagonistas, está convencida de que o trabalho é algo simples, mecânico. Desta simplificação infundada resulta a maioria das nossas dificuldades à compreender, à conhecer, à organizar, formar e gerenciar a atividade laboriosa. Essa simplificação é proveniente da confusão entre: O trabalho e a atividade de trabalho. TRABALHO E ATIVIDADE DE TRABALHO
  • 19. Por que trabalhamos? Quais são as repercussões humanas do trabalho? As duas funções dialéticas do trabalho:  A função econômico-social;  A função ontológica e antropológica O que isto quer dizer? AS FUNÇÕES DO TRABALHO HUMANO
  • 20. A ontologia se refere ao estudo do ser humano enquanto indivíduo. É o estudo das propriedades gerais que fazem com que existamos enquanto seres humanos, às vezes particulares - somos todos diferentes - e gerais enquanto humanos. A antropologia se interessa pela espécie humana e sua evolução em relação às outras espécies animais. Como e porque, nossos ancestrais se separaram do reino animal para chegar ao que somos hoje? A hominização. AS FUNÇÕES DO TRABALHO HUMANO
  • 21. Eu trabalho unicamente pela minha remuneração, salário? (A função econômico-social) Se não trabalho apenas pelo meu salário, então, trabalho por que? (A função ontológica e antropológica) Segundo Bergson : “O humano é menos Homo sapiens (Homem sábio) que Homo faber, pois é menos o saber ou a sabedoria que o caracteriza, que esta capacidade constante de sempre inventar novas técnicas.” Ele acrescenta: “o aparecimento de ferramentas corresponde ao aparecimento da inteligência.” (A função antropológica) AS FUNÇÕES DO TRABALHO HUMANO
  • 22. Portanto, é o trabalho que faz o Homem e reciprocamente, é o Homem que fez o trabalho. Existe uma dialética constante entre: - A hominização, o trabalho, a consciência, a linguagem e a escrita. O homem não pode existir verdadeiramente, sem uma atividade de trabalho! Ela é dialeticamente complementar para ele e desde o aparecimento do homo. E isto é sempre verdadeiro. O Homem tem necessidade do trabalho como de beber ou de comer! AS FUNÇÕES DO TRABALHO HUMANO
  • 23. É verdadeiro ainda hoje? Todas as grandes transformações sociais que vivemos ou nos submetemos, nos últimos tempos, não estão estreitamente relacionadas às evoluções industriais, tecnológicas, organizacionais, em todos os domínios, tanto das ciências naturais quanto das ciências humanas? AS FUNÇÕES DO TRABALHO HUMANO
  • 24. 24 Por quem e como é gerido a lacuna entre o trabalho prescrito e o real? Saber constituído = Saber acadêmico - saber formalizado nos livros, cursos, normas, etc. - saber convocado para estabelecer o prescrito. Saber investido = Saber da experiência - saber investido no corpo-si, construído ao longo de todas as suas atividades e de sua educação. - saber convocado para preencher e gerir as diferenças entre o trabalho prescrito e o trabalho real. TRABALHO, ERGOLOGIA E GESTÃO
  • 25. É uma concepção ergológica e metodológica, não se restringindo a discussões. Por que três pólos? 1º pólo do saber constituído; 2º pólo do saber investido; 3º pólo da partilha de recursos materiais e conceituais necessários. Confluem em processos de duplo sentido. 25 O DISPOSITIVO DINÂMICO DE 3 PÓLOS (DD3P)
  • 26. Pólo de exigências ergológicas: ética, conceitos e meios Pólo dos saberes investidos e das forças de convocação e reconvocação Pólo dos saberes constituídos, em convocação e enriquecimento mútuo Lugar dos processos com duplo sentido, resultando em: conhecimentos e soluções 26
  • 27. O trabalho e, especialmente, a atividade do trabalho humano: É complicado! E, se torna cada vez mais complicado! - Podemos continuar a gerir, organizar, decidir, sem considerar toda essa complexidade ? - A ciência não pode decidir no lugar dos gestores e de todos os que concebem o trabalho! - Como considerar as duas funções inseparáveis: a função econômico-social e a função ontológica-antropológica? - Para isso, torna-se cada vez mais necessário desenvolver a relação entre o mundo da pesquisa e do trabalho. - Conceitos emergentes de gestão estão se movendo nessa direção. - Talvez vocês saibam tudo isso por experiência e vocês praticam. Mas, na clandestinidade. - A real modernização das empresas e serviços depende disso. CONCLUSÕES INICIAIS
  • 28. No Setor do Mármore e Granito: RESULTADOS DE PESQUISAS NO ESTADO ES COMPETÊNCIAS EM FOCO: A GESTÃO COM PESSOAS SOB A ÓTICA DOS TRABALHADORES DO SETOR DE MÁRMORE E GRANITO (1) De Simone de Bruim Babisk Mezadre O POLIMENTO DOS SABERES: UM ESTUDO DE SITUAÇÕES DE TRABALHO EM UMA EMPRESA BENEFICIADORA DE MÁRMORE E GRANITO (2) De Gabriela de Brito Martins Santos
  • 29. Conhecer e analisar as estratégias utilizadas pelos trabalhadores para acionar e desenvolver as competências na atividade de beneficiamento do mármore e granito, visando a transformação e a gestão coletiva do trabalho. (1) Entender as competências na ação no caso dos trabalhadores em empresas do setor de Rochas no sul do Estado. (2) RESULTADOS DE PESQUISAS NO ESTADO ES
  • 30. O caminho das pedras: Aspectos Metodológicos Construção do Estudo (1): a) 6 encontros de Grupos focais, profissionais de diversas empresas; b) Observações diretas em 2 empresas; c) 6 Entrevistas individuais. Estudo de Caso (2): - Uma empresa de mineração – BA responsável pela extração em uma jazida e duas empresas de beneficiamento – BA e ES; - Empresa familiar de pequeno porte no sul do ES; - Atividades: serragem, resinamento e polimento; - 20 funcionários (área de beneficiamento). - Análise de Documentos, Observação direta e Entrevistas individuais e um Grupo focal com os participantes. RESULTADOS DE PESQUISAS NO ESTADO ES
  • 31. Perfil dos Participantes (1): a) 11 homens e 4 mulheres; b) Encarregados, assessores e gerentes; c) Ensino fundamental a pós-graduados. Atuam no setor operacional da empresa (2): - Total de 9 participantes, todos homens; - Corte, polimento, resinagem e carregamento; - Critério de escolha participantes: escala de trabalho; - Ensino fundamental incompleto a médio incompleto. RESULTADOS DE PESQUISAS NO ESTADO ES
  • 32. “Eu cresci vendo meu pai falar em pedra. Sempre conheci pedra como bloco e não como chapa de pedra. Levando almoço e janta pro meu pai, conheci o que era o mármore e granito”. (ANA, Encarregada de Produção) “Penso que o setor tinha a demanda de profissionais mais qualificados para assumirem equipamentos que custavam milhões. Eu percebi que havia muitas oportunidades de trabalho e então resolvi que o caminho que eu deveria seguir era esse, é o setor que mais emprega na nossa região”. (MARCIO, Encarregado de Produção) “As pedras são lindas mesmo, mas só nós sabemos como fazemos para que elas fiquem assim. Tem umas que chegam aqui cheias de defeitos, aí passa mais resina, retoca aqui e ali e ainda tem cliente que chega aqui na produção e passa a unha em pedra por pedra pra ver se está bem feita” (RALF, Encarregado de Produção) RESULTADOS DE PESQUISAS NO ESTADO ES
  • 33. “Eu posso dizer que trabalho com autonomia. O que tenho que fazer, faço, o que tenho que pedir, peço. Se der certo, ótimo. Se não der, assumo a responsabilidade e levo bronca (rs). A gente tenta fazer tudo do melhor jeito, [...] e, na verdade, você só é cobrado daquilo que você não faz. O que você faz, nem sempre é lembrado”. (JOSÉ, Encarregado de Produção) “Cada um chega com um pedido URGENTE e eu num sei o que faço primeiro. E os vendedores às vezes me pedem coisas impossíveis, por exemplo, tem pedido que só consigo fazer em no mínimo 20 dias e eles prometem pro cliente que vão entregar em uma semana! Nem se virarmos a noite trabalhando conseguiríamos isso”. (JOSÉ, Encarregado de Produção) RESULTADOS DE PESQUISAS NO ESTADO ES
  • 34. “O que ajuda a resolver os problemas é trabalhar em equipe, é conversar, é negociar prazos, trocar idéias com o pessoal sempre. Isso acontece o tempo todo. A experiência ajuda, se o problema já aconteceu outras vezes, mas nem sempre a solução é a mesma.” (MARCIO, Encarregado de Produção) “Ali é igual a um jogo de futebol, tudo que você sinalizar pra pessoa ou só de olhar pra pessoa, a pessoa já entende, a gente já tem uma linguagem.” (AÉLCIO, Serrador). O encarregado passa grande parte do dia no setor de serragem, conferindo os processos: “a tranquilidade da minha semana e meu estado de humor depende deste perfil de alumínio.” (STÉFANO, Encarregado). RESULTADOS DE PESQUISAS NO ESTADO ES
  • 35. “Eu vinha trazer o almoço aqui por meu irmão [...] eu achava o ramo de pedra muito complicado, morre muita gente durante o ano, mas aí quando eu entrei aqui eu fui sentindo o gosto..., comecei a gostar [...].” (MÁRCIO, Resinador) “Eu adoro trabalhar de resinador [...] eu fico alegre quando a gente resina um material, o polidor pule e fica luxo..., então eu adoro, tenho amor pela área da resina.” (MÁRCIO, Resinador). Há transformação de um sentimento de falta de opção num engajamento provocado pela satisfação na realização com o trabalho. RESULTADOS DE PESQUISAS NO ESTADO ES
  • 36. Essa é uma tentativa de olhar o trabalho no setor de Rochas sob a ótica dos trabalhadores também; Trazer a possibilidade da troca e da produção de reflexões sobre os cotidianos de trabalho em diferentes contextos; As competências dos trabalhadores emergem no momento da ação. A autonomia no trabalho é a ferramenta principal para a realização de renormalizações, num contexto local permeado pela multifuncionalidade; Como avançar? Fica a sugestão de Formação de Comunidade Ampliada de Pesquisa no setor de rochas: envolvendo instituições ensino superior, trabalhadores/ profissionais das empresas e representantes sindicais. Uma convocação para o diálogo envolvendo os 3 Pólos. CONSIDERAÇÕES FINAIS
  • 37. OBRIGADO! Contatos: mofbianco@gmail.com www.ppgadm.ufes.br Buscar GETERGE no facebook, temos um Evento com inscrições abertas. Tema: Trabalho e Gestão Dias 22 e 23-10 na Ufes
  • 38. Referências: Trinquet, P. O método ergológico. Revista HISTEDBR, août 2010. Schwartz, Y & Durrive, L. Trabalho e Ergologia: conversas sobre a atividade humana. Rio de Janeiro: EDUFF, 2007. http://www.ergologie.com http://www.rencontresdutravail.com/ http://www.ergologia.org A formacão profissional e continua (fpc) na França: um olhar cruzado; Trabalho e Educação: revista do NETE. Belo Horizonte: UFMG, v.17, n.1, 2008. Entrevista: Pierre Trinquet e o ponto de vista da atividade em formação profissional e segurança no trabalho; Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, v. 13, n. 1, pp. 149-157, 2010. Dentre outras.